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WJUR0315_v2.0
Jeferson Alexandre Gramasco
PARTE GERAL
1ª edição
Londrina
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2020
2
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Presidente
Rodrigo Galindo
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Henrique Salustiano Silva
Juliana Caramigo Gennarini
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Juliana Caramigo Gennarini
Revisor
Adriano César da Silva Álvares
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Gilvânia Honório dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
ISBN 978-65-87806-66-2
CDD 352.8
____________________________________________________________________________________________
Raquel Torres - CRB: 6/2786
2020
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CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
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PARTE GERAL
SUMÁRIO
Natureza Jurídica da Delegação______________________________________ 05
4
Natureza Jurídica da Delegação
Autoria: Jeferson Alexandre Gramasco
Leitura crítica: Adriano César da Silva Álvares
Objetivos
• Apresentar a Lei nº 8.935, de 18 de novembro de
1994, conhecida como Estatuto dos Notários e
Registradores, sua estrutura e conteúdo.
5
1. Introdução
6
delegação obrigatória, não podendo ser executada diretamente pelo
Estado. Desse modo, qualquer disposição legal anterior à Constituição
Federal de 1988 que seja incompatível com a regra, considera-se não
recepcionada (BRASIL, 1988).
7
Figura 1 – Finalidades dos serviços notariais e registrais
8
de pessoas jurídicas, oficiais de registro civis das pessoas naturais e de
interdições e tutelas, e oficiais de registro de distribuição. Desse modo,
a eles são atribuídas às práticas dos atos mencionados na legislação,
uma vez que só podem registrar os atos expressamente previstos na
lei, em observância ao princípio da taxatividade, regente dos registros
públicos.
9
A regulamentação dessa função, por determinação do art. 37 da Lei
nº 8.935, de 1994, ficou a cargo desses órgãos Estaduais. Logo, essa
função, além da fiscalização, agrega a competência normativa para
realizar a regulação da atividade, à exemplo das normas administrativas
pertinentes a cada especialidade, a implementação destas regras e a
fiscalização do seu cumprimento. Além disso, ela agrega o poder de
impor sanções como punição para as infrações cometidas, por sua vez,
isso se denomina de poder censório-disciplinar da Corregedoria.
2
Art. 4º – A fiscalização dos Serviços Notariais e de Registro será exercida pelo juízo da Direção do Foro da
comarca a que pertencem, de ofício ou mediante representação de qualquer interessado, sem prejuízo das
atribuições do Corregedor-Geral da Justiça (BRASIL, 2020b).
3
Art. 13 – A Corregedoria Permanente das unidades do serviço notarial e de registro caberá aos Juízes das
Varas de Registros Públicos mais antigos na comarca, ou àqueles os quais a Lei de Organização Judiciária do
Estado da Bahia afetar essa atribuição (BRASIL, 2020a).
4
10 - A Corregedoria Permanente dos serviços notariais e de registro caberá aos Juízes a que o Código Judici-
ário do Estado, as Leis de Organização Judiciária e os Provimentos cometerem essa atribuição (BRASIL, 2019).
10
tabelionatos de notas ou oficiais de registro de uma mesma comarca
podem sofrer fiscalização por juízes corregedores locais diversos.
11
A correição (fiscalização) sobre a Serventia (unidade notarial ou
registral) se divide em quatro espécies: (1) a correição ordinária, que
consistente na fiscalização previamente agendada, com data e hora
informadas ao titular; (2) a correição extraordinária, consistente numa
fiscalização excepcional, de inopino, a qualquer dia e hora sem prévio
aviso; (3) a visita correcional ou inspeção, que consistente numa
fiscalização com finalidade de verificar se as irregularidades constatas
em correições anteriores foram sanadas ou para verificar algum fato
determinado; e (4) a correição “on-line” ou virtual (essa denominação
pode variar de acordo com os Estados), que é uma espécie de correição
tecnológica à distância, sem a visita física do corregedor, realizada por
meio eletrônico.
12
A perda da delegação, que é a pena mais grave entre todas as outras,
somente poderá ser aplicada por meio de sentença judicial com trânsito
em julgado, ou mediante decisão exarada em processo disciplinar
administrativo, assegurado o contraditório e ampla defesa, nos termos
do art. 5º, LV, da Constituição Federal5
, por motivo de falta gravíssima, grave violação da legislação pelo
delegatário (BRASIL, 2009b) ou condenação criminal a pena privativa
de liberdade. Por fim, de acordo com El Debs (2018, p.1867-1871), com
exceção da perda da delegação, as outras penas poderão ser cumuladas,
desde que haja referência a fatos diversos.
5
LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o con-
traditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (BRASIL, 1988).
13
gênero “serviços públicos”; (2) as serventias são órgãos públicos, eis que
geridas por agentes públicos (tabelião ou oficial), desprovidas, portanto,
de personalidade jurídica; o detentor dessa personalidade é o seu titular
(notário ou registrador).
14
tem a capacidade de influir sobre o delegatário, inexistindo relação de
hierarquia (LOUREIRO, 2020, p.167).
15
objeto uma atividade material (serviço público, obra ou uso exclusivo
de um bem público); seus delegatários as exploram por sua conta
e risco; possuem prazo determinado; a concessão somente admite
como delegatário uma pessoa jurídica ou consórcio de empresas; já
a permissão admite como delegatária uma pessoa física ou jurídica;
devem ser precedida de procedimento licitatório (OLIVEIRA, 2019, p.
177-179); existe entre o poder delegante (concedente) e o delegatário
(concessionário ou permissionário) uma relação de subordinação deste
àquele; o vínculo entre eles é contratual com incidência de cláusulas
exorbitantes, inexistindo independência do delegatário; objeto da
concessão ou permissão poderá ser executado pelo Estado ou por
particular, sendo essas formas de contratação regidas pela noção
de conveniência do Poder Público, não compulsórias; o contrato de
concessão pode admitir subcontratação.
Por sua vez, as delegações de notas e registro têm como objeto uma
atividade profissional intelectual, e não material, só podendo recair
sobre uma pessoa natural, jamais uma pessoa jurídica. O vínculo que
une delegante e delegatário não é contratual; o art. 28 da Lei nº 8.935,
de 1994, assegura independência no exercício das atividades notariais e
registrais, sem afastar o poder fiscalizatório e normativo do Estado, uma
vez que a independência desses profissionais é equilibrada pelo dever
de obediência às normas de serviços, assegurando imparcialidade no
seu proceder. Logo, a independência se refere à gestão de sua Serventia,
à aplicação e interpretação do direito, inerentes ao seu exercício
profissional intelectual, no entanto, não é absoluta (LOUREIRO, 2020,
p.109-111). A transferência da delegação extrajudicial é compulsória e
não temporária, diversamente da concessão e permissão, extinguindo-
se apenas nas hipóteses legalmente previstas (morte, aposentadoria,
invalidez, renúncia, perda da capacidade civil ou perda da delegação),
as quais a encampação não acomete (a encampação é forma de
extinção da concessão por interesse público). Por fim, segundo Loureiro
(2020, p. 116), a atribuição recebida pelos notários e registradores,
16
por ser outorgada pelo Poder Público, é irrenunciável, não podendo
esse profissional furtar-se de exercer seu mister quando instado, nem
o transferir a qualquer outra pessoa, autoridade ou preposto, não
havendo subcontratação.
4. Extinção da delegação
Na figura a seguir, você pode verificar algumas das hipóteses de
extinção da delegação dispostas na Lei nº 8.935, de 1994. No entanto,
elas não são as únicas, pois outras hipóteses poderão advir de outras
leis e atos normativos
17
Figura 3 – Hipóteses de extinção da delegação na Lei nº 8.935, de
1994
18
delegação. Veja que a parte final do art. 28 da Lei nº 8.935/94 autoriza
a perda da delegação quando o ato de perda estiver fundamentado
em hipótese prevista em alguma outra lei. Inobstante, o art. 31, I, da
mesma lei, também, autoriza a perda em casos de inobservância de
prescrições legais ou normativas (isto é, deixar de observar a lei ou
outra norma de hierarquia inferior a lei). Desse modo, por exemplo, a
ineficiência do serviço poderia conduzir à perda de delegação; o simples
descumprimento de atos normativos também.
5. Conclusão
19
Referências Bibliográficas
BRANDELLI, Leonardo. Teoria geral do direito notarial. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2007.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Presidência da República, [1988]. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 22 jul. 2020.
BRASIL. Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o art. 236 da
Constituição Federal dispondo sobre serviços notariais e de registro. (Lei dos
cartórios). Brasília, DF: Presidência da República, [1994]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8935.htm. Acesso em: 22 jul. 2020.
BRASIL. Provimento nº 03/2020. Dispõe sobre o Código de Normas e Procedimentos
dos Serviços Notariais e de Registro do Estado da Bahia. Diário da Justiça
Eletrônico, Brasília, n. 2.553, 3 fev. 2020a. Disponível em: https://infographya.com/
files/PROV_03_ATUAL.pdf. Acesso em: 22 jul. 2020.
BRASIL. Provimento nº 001/2020. Institui o novo texto da Consolidação Normativa
Notarial e Registral do Estado do Rio Grande do Sul – CNNR. Porto Alegre: CGJ,
2020b. Disponível em: https://www.tjrs.jus.br/export/legislacao/estadual/doc/2020/
Consolidacao_Normativa_Notarial_Registral_Prov_001_2020_v2.pdf. Acesso em: 22
jul. 2020.
BRASIL. Provimento nº 56/2019. Atualiza o Tomo II das Normas de Serviço da
Corregedoria Geral da Justiça – Serviços Extrajudiciais de Notas e de Registro do
Estado de São Paulo. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, 16 dez. 2019.
BRASIL. Resolução Nº 81-CNJ/09. Dispõe sobre os concursos públicos de provas e
títulos, para a outorga das Delegações de Notas e de Registro, e minuta de edital.
Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, 16 jun. 2009a.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Segunda Turma). MS 29060 AgR, Relator: Min.
Teori Zavascki, Ação Rescisória 2.730, Julgado: 28/02/2019. Diário da Justiça
Eletrônico, Brasília, 28 out. 2016.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 842846/SC, Relator: Min.
Luiz Fux. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, 27 fev. 2019.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI 3.643, Relator: Min. Ayres Britto, Requerido:
Governadora do Estado do Rio de Janeiro. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, 8
nov. 2006.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI 2.415, Relator: Min. Ayres Britto, Requerente:
Partido Trabalhista Brasileiro – PTB. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, 10 nov.
2011.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. ADI 1.378, Relator: Min. Celso de Mello,
Requerido: Governador do Estado do Espírito Santo. Diário da Justiça Eletrônico,
Brasília, 30 nov. 1995.
20
BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Segunda Turma). RMS 26536/SP. Relator: Min.
Humberto Martins, Julgado: 5 maio 2009. Diário da Justiça, Brasília, 19 maio 2009b.
BRASIL. Ementário consolidado das decisões da corregedoria geral da justiça do
estado de São Paulo Extrajudicial–BIÊNIO 2006/2007. São Paulo: CNB, 2007.
CENEVIVA, Walter. Lei dos notários e dos registradores comentada. 9. ed. São
Paulo: Saraiva, 2014.
EL DEBS, Martha. Legislação notarial e de registros públicos comentadas. 3. ed.
Bahia: JusPodivm, 2018.
LOUREIRO, Luiz Guilherme. Manual de direito notarial da atividade e dos
documentos notariais. 4. ed. Salvador: Juspodivm, 2020.
MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 21. ed. Belo Horizonte:
Fórum, 2018.
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. ed. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019.
COSTA, José Maria da. Correicional ou Correcional. Migalhas, 23 fev. 2011.
Disponível em: https://www.migalhas.com.br/coluna/gramatigalhas/127349/
correicional-ou-correcional. Acesso em: 22 jul. 2020.
21
Ética e Deontologia do Notário e
do Registrador
Autoria: Nome do autor da disciplina
Leitura crítica: Nome do leitor da disciplina
Objetivos
• Compreender os aspectos filosóficos que envolvem
os conceitos de direito, moral, ética e deontologia,
bem como suas relações.
22
1. Introdução
23
autêntica, isto é, sem a interferência de terceiros e sem estar de alguma
forma forçado a isso, realiza a conduta por ela traçada. O sujeito se
convence de que não está a cumprir uma obrigação, mas um ato que o
fortalece espiritualmente, sendo isso pertencente à moral.
2.2 A Ética
24
que estuda as regras de comportamento, o caráter adquirido pelas
reiteradas condutas que se pratica.
2.3 Deontologia
25
Neste contexto, a deontologia é a ética profissional, consubstanciando-
se no código de conduta destinado às pessoas que praticam certa
profissão, de modo que cada profissão detém um código próprio de
conduta profissional.
26
aptidão: apreender as técnicas para o exercício das atividades da
profissão; (3) integridade: não agir a partir de influências subjetivas,
criando discriminações ou privilégios; (4) espírito de serviço: priorizar
a função social da profissão, sem contudo negar a preocupação
monetária.
Por fim, sobre a deontologia, é preciso esclarecer que ela não é uma
parte da dogmática jurídica, pois o fato de nela existirem temas éticos
não implica reduzir seu objeto àquilo que está prescrito na norma
positiva (DIP, 2008, p. 89).
27
de um litígio a via selada poderia ser aberta diante de um tribunal.
Verifica-se que dos atos selados derivam a noção de sigilo, em conexão
com a noção de prova e autenticidade; em Roma, existiam os tabularii,
fiscais que escrituravam em livro próprio os registros de hipotecas, os
nascimentos e inventários, bem como os tabelliones que assessoravam
as partes e redigiam contratos e testamentos particulares. Os tabelliones
formavam uma corporação colegial que criavam outros tabelliones de
reconhecida probidade e capacidade redacional.
28
geral, regem-se por normas comuns, pois a existência de ambos está
destinada a garantir segurança, eficácia, publicidade e autenticidade
(BRASIL, 1994, art. 1º).
29
Quadro 1 – Deveres dos notários e registradores
Deveres dos Guardar os papéis, livros e documentos em local seguro,
notários e conservando-os bem.
registradores Atender as partes com eficiência, urbanidade e presteza.
30
do Notariado, reunida em San José da Costa da Rica no ano de 2005,
órgão de caráter internacional.
31
Nos tópicos a seguir, veja alguns desses deveres/princípios.
32
Por óbvio, não alcança a publicidade jurídica do conteúdo lançado em
seus livros, bem como dos quais esses profissionais têm o dever legal de
emitir certidão, em virtude do princípio da publicidade.
33
Esse dever não se limita apenas às partes, mas estende-se no
tratamento a outros notários e registradores, bem como às autoridades
com as quais deve existir uma relação respeitosa e de tolerância.
34
3.8. Dever de respeitar os limites de sua atribuição (art.
9º e art. 12 da Lei nº 8.935, de 1994)
A Lei nº 8.935, de 1994, positivou esse dever no art. 27, que estabelece
que os titulares da Serventia não poderão praticar, pessoalmente, atos
de seu interesse, de interesse de seu consorte (cônjuge ou companheiro)
ou de parentes, na linha reta, ou na colateral, consanguíneos ou afins,
até o 3º grau.
35
Desse modo, se houver alguma discriminação ou privilégio que possa
ser aplicado, eles devem decorrer da lei. Quanto aos registradores,
especificamente, significa não alterar o rigor da qualificação de acordo
com o interessado que apresenta o título para registro.
4. Código de ética
36
Além de defender e representar os interesses dos notários e
registradores, elas têm como função estreitar os laços da classe com
a comunidade, buscando atribuir maior qualidade, desburocratização
e modernização do serviço, entre eles, o estabelecimento de normas
deontológicas por meio de um Código de Ética, o qual foi aprovado em
2 de abril de 2014, de âmbito nacional, a regular a conduta de notários e
registradores associados de todo o país.
5. Conclusão
37
sobre a necessidade dessa profissão no meio social. Relativamente aos
notários e registradores, a sua deontologia surgiu dos usos e práticas
do passado, sendo modificada e incrementada a cada momento
histórico. As regras deontológicas comuns aos notários e registradores
estão dispostas tanto na Constituição Federal, de 1988, quanto na
sua lei de regência (Lei nº 8.935, de 1994) e, até mesmo, organismos
internacionais, como a União Internacional do Notariado, além dos
Códigos de Ética instituídos por suas próprias associações.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Código de Ética da ANOREG-BR. Aprovado na Assembleia Geral
Extraordinária de 02 de abril de 2014. Brasília, DF: ANOREG, 2014.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Presidência da República, [1988]. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 22 jul. 2020.
BRASIL. Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o art. 236 da
Constituição Federal dispondo sobre serviços notariais e de registro. (Lei dos
cartórios). Brasília, DF: Presidência da República, [1994]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8935.htm. Acesso em: 22 jul. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de “lavagem”
ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema
financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de
Atividades Financeiras–COAF, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da
República, [1998]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9613.
htm. Acesso em: 22 jul. 2020.
BRASIL. Provimento n.º 88, de 1º de outubro de 2019. Dispõe sobre a política,
os procedimentos e os controles a serem adotados pelos notários e registradores
visando à prevenção dos crimes de lavagem de dinheiro, previstos na Lei n. 9.613,
de 3 de março de 1998, e do financiamento do terrorismo, previsto na Lei n.
13.260, de 16 de março de 2016, e dá outras providências. Brasília, DF: Conselho
Nacional da Justiça, [2019]. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-content/
uploads/2019/10/Provimento-n.-88.pdf. Acesso em: 22 jul. 2020.
BRASIL. Provimento n.º 65, de 17 de dezembro de 2017. Estabelece diretrizes para
o procedimento da usucapião extrajudicial nos serviços notariais e de registro de
imóveis. Brasília, DF: Conselho Nacional da Justiça, [2017]. Disponível em: https://
38
atos.cnj.jus.br/files/provimento/provimento_65_14122017_19032018152531.pdf.
Acesso em: 22 jul. 2020.
CHAVES, Carlos Fernando Brasil; REZENDE, Afonso Celso F. Tabelionato de notas e
o notário perfeito. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
DIP, Ricardo. Da ética geral à ética profissional dos registradores prediais. 4. ed.
[S.l.]: Quinta Editorial, 2008.
KUMPEL, Vitor Frederico; ASSIS, Olvey Queiroz. Noções gerais de direito e
formação humanística. São Paulo: YK Editora, 2015.
LOUREIRO, Luiz Guilherme. Manual de direito notarial da atividade e dos
documentos notariais. 4. ed. Salvador: Juspodivm, 2020.
NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 7. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2009.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
39
Disciplina Constitucional da
Delegação de Notas e Registros
Públicos
Autoria: Jeferson Alexandre Gramasco
Leitura crítica: Adriano César da Silva Álvares
Objetivos
• Complementar o conhecimento a respeito das
delegações de notas e registros, e estudar os
princípios constitucionais da administração pública
aplicáveis a atividade extrajudicial.
40
1. Introdução
Por sua vez, na parte final do §1º do art. 236, a Constituição Federal
transfere ao Poder Judiciário Estadual a competência para outorgar,
através do Presidente do Tribunal de Justiça, as delegações de notas e
registros aos particulares que preencham requisitos legais, bem como
fiscalizar o seu exercício (BRASIL, 1988).
41
Nesse sentido, somente o titular de um poder pode delegá-lo a outrem;
se a própria Constituição possui dispositivo delegante expresso,
forçoso concluir que o titular desse poder é mesmo a União, sendo o
Poder Executivo o mais afeto às questões administrativas, eis que as
delegações notariais e registrais se encontram na seara administrativa.
42
3. Diretrizes constitucionais acerca do ingresso
na atividade
43
4. Diretrizes constitucionais sobre o regime de
direito público das serventias extrajudiciais
44
No entanto, esse preceito apresenta as seguintes nuances: (1) para os
particulares vigora a autonomia da vontade, de modo que a legalidade
para eles implica em autorização para fazer tudo aquilo que a lei não
proíbe; (2) já, para a administração pública, a legalidade tem alcance
bem mais restrito, de forma que ela só está autorizada a fazer o que a lei
determina; o silêncio da lei, a ausência de previsão legal, implica vedação
de atuação.
45
pessoalmente, atos de seu interesse, de interesse de seu consorte ou
de parentes, na linha reta, ou na colateral, consanguíneos ou afins, até o
terceiro grau.
46
4.4 Princípio da publicidade
47
A publicidade mitigada (acobertadas pelo sigilo) vem ganhando relevo,
tendo seu fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana,
que é a peça chave de todos os preceitos constitucionais e, também, o
último refúgio dos direitos individuais.
Por sua vez, sobre o quarto vetor é preciso compreender que a escolha
das consequências jurídicas e extrajurídicas, realizada pelas partes,
48
deve ser implementada da maneira mais econômica possível. Assim, “as
normas jurídicas serão eficientes na medida em que forem formuladas
e aplicadas levando em consideração as respectivas consequências
econômicas” (OLIVEIRA, 2019, p. 45).
Assim, somente pode ser reputado eficiente o ato notarial que cumpra
esses requisitos, pois certamente atenderá o anseio das partes, bem
como surtirá todos os efeitos jurídicos desejados. Logo, a eficácia
municia o ato de segurança jurídica.
49
cujo fundamento pode ser extraído do art. 37, inciso XVI, da CF, c/c item
7.1, inciso III da minuta de edital de concurso constante da Res. 81-CNJ
(BRASIL, 1988; 2009). Esta última, por sua vez, admite o exercício do
magistério superior na área jurídica como critério de pontuação em
títulos no concurso para remoção (ou seja, o candidato que exerce uma
delegação, no concurso para se remover, poderá contar pontos em seus
títulos acaso também exerça o magistério pelo período mínimo de 5
anos).
A exceção fica por conta dos Registros Civis de Pessoas Naturais, que
estão obrigados a prestar serviços em dias não úteis sob a forma de
plantão.
50
Assim, notários e oficiais têm direito ao recebimento de emolumentos
integrais pelos atos que praticarem, os quais são pagos pelos usuários
a título de remuneração, e conforme as tabelas de custas fixadas pelos
Estados (legislação estadual). Esse direito vem consagrado no art. 28
da Lei nº 8.935, de 1994, mas não é absoluto. As legislações federais
e estaduais podem criar hipóteses de isenção dos emolumentos,
a exemplo da gratuidade das certidões de nascimento e óbito no
Registro Civil de Pessoas Naturais, bem como pode ser determinada
judicialmente quando certos atos praticados no cartório sejam
necessários para efetivação de um direito reconhecido judicialmente
(BRASIL, 2015, art. 98, §1º, IX).
É a Lei Federal nº 10.169 de 2000 que regulamenta o §2º do art. 236. Ela
estabelece normas gerais para a cobrança dos emolumentos oriundos
dos serviços prestados. As normas específicas sobre emolumentos
ficam a cargo de cada Unidade da federação, que o fazem por meio de
lei.
Assim, aos Estados cabem fixar o valor dos emolumentos, o qual deve
corresponder ao custo efetivo, à suficiente e adequada remuneração
dos serviços. Adequação e suficiência são os princípios regentes
consagrados pela Lei Federal de normas gerais (BRASIL, 1988, art. 1º).
51
pelas partes, ou o seu valor venal, sendo que o maior deles será usado
como critério de enquadramento; (2) é proibido cobrar valores não
expressamente previstos nas tabelas; (3) também é proibido cobrar
pela prática de ato de retificação, renovado ou refeito, em razão de erro
imputável ao cartório. Esses dois últimos são claras consequências da
adequação e suficiência dos valores.
52
Segundo a corte suprema, a instituição, majoração e exigibilidade das
custas cartorárias sujeitam-se aos princípios constitucionais tributários
da reserva de competência impositiva, da legalidade, da isonomia e
da anterioridade. O fato dos serviços notariais e de registro serem
exercidos em caráter privado, por delegação do poder público, não
descaracteriza a natureza estatal dessa atividade administrativa.
53
1 desembargador do TJ Indicado pelo STF
1 juiz estadual Indicado pelo STF
1 juiz do TRF Indicado pelo STJ
1 juiz federal Indicado pelo STJ
1 juiz do TRT Indicado pelo TST
1 juiz do trabalho Indicado pelo TST
1 membro do MPU Indicado pelo PGR
1 membro do MPE Escolhido pelo PGR
2 advogados Indicados pelo CF/OAB
1 cidadão de notável Indicado pela Câmara dos
conhecimento jurídico e Deputados
reputação ilibada
1 cidadão de notável Indicado pelo Senado Federal
conhecimento jurídico e
reputação ilibada
Fonte: elaborado pelo autor.
Esse órgão, por sua vez, nos interessa, uma vez que a Constituição
Federal a ele atribui a competência para receber e conhecer das
reclamações contra as serventias notariais e de registro, possuindo,
ainda, competência disciplinar e correcional.
54
sindicâncias, quando não couber inspeção ou correição (art. 60 do
mesmo regimento); e por fim (6) avocar processos disciplinares em curso
(art. 79 do Regimento Interno do CNJ).
7. Conclusão
Referências Bibliográficas
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Presidência da República, [1988]. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 22 jul. 2020.
BRASIL. Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o art. 236 da
Constituição Federal dispondo sobre serviços notariais e de registro. (Lei dos
cartórios). Brasília, DF: Presidência da República, [1994]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8935.htm. Acesso em: 22 jul. 2020.
BRASIL. Lei nº 10.169, de 29 de dezembro de 2000. Regula o § 2º do art. 236 da
Constituição Federal, mediante o estabelecimento de normas gerais para a fixação
de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro.
Brasília, DF: Presidência da República, [2000]. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/LEIS/L10169.htm. Acesso em: 22 jul. 2020.
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DF: Presidência da República, [2015]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm. Acesso em: 22 jul. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Regula o processo administrativo
no âmbito da administração pública federal. Brasília, DF: Presidência da República,
[1999]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9784.htm. Acesso
em: 22 jul. 2020.
55
BRASIL. Resolução CNJ nº 67/09. Aprova o Regimento Interno do Conselho Nacional
de Justiça e dá outras providências. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, 6 mar.
2009.
BRASIL. Resolução nº 81-CNJ/09. Dispõe sobre os concursos públicos de provas e
títulos, para a outorga das Delegações de Notas e de Registro, e minuta de edital.
Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, 16 jun. 2009.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI 4.223, Relator: Min. Gilmar Mendes. Diário
da Justiça Eletrônico, Brasília, 2 abr. 2020.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI 3.643, Relator: Min. Ayres Britto, Requerido:
Governadora do Estado do Rio de Janeiro. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, 8
nov. 2006.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Segunda Turma). MS 29060 AgR, Relator: Min.
Teori Zavascki, Ação Rescisória 2.730, Julgado: 28/02/2019. Diário da Justiça
Eletrônico, Brasília, 28 out. 2016.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Segunda Turma). MS 27955 AgR-ED. Diário da
Justiça Eletrônico, Brasília, 27 nov. 2018.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. ADI 1.378, Relator: Min. Celso de Mello,
Requerido: Governador do Estado do Espírito Santo. Diário da Justiça Eletrônico,
Brasília, 30 nov. 1995.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 30. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2017.
DIP, Ricardo. Da ética geral à ética profissional dos registradores prediais. 4. ed.
[S.l.]: Quinta Editorial, 2008.
LOUREIRO, Luiz Guilherme. Manual de direito notarial da atividade e dos
documentos notariais. 4. ed. Salvador: Juspodivm, 2020.
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. ed. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019.
56
Notários e Registradores
Autoria: Jeferson Alexandre Gramasco
Leitura crítica: Adriano César da Silva Álvares
Objetivos
• Estudar as finalidades instituídas pela Lei nº 8.935,
de 1994, fundamento da existência dos serviços
extrajudiciais.
57
1. Introdução
58
Quanto aos notários, a autenticidade recai sobre os atos que o tabelião
declarou ter presenciado; quanto aos registradores, a autenticidade
recai: (1) sobre a exatidão do próprio registro, e não ao negócio
jurídico adjacente, uma vez que, em regra, o registrador não presencia
ato, somente acolhe o título; e (2) sobre os atos de procedimento
administrativo, ou seja, as diligências que promove nas notificações
realizadas pelo Oficial de Títulos e Documentos através de preposto; as
constatações sobre a situação do imóvel em procedimento de retificação
de área e de usucapião extrajudicial, realizadas pelo Oficial de Registro
de Imóveis; e a verificação de nascimento de criança ocorrido fora de
maternidade, realizada pelo Oficial de Registro Civil de Pessoas Naturais
(atos presenciados pelo registrador, acobertados pela autenticidade).
Os atos praticados pelo notário são eficazes uma vez que esse
profissional, ao intervir, cuida para que todos os requisitos materiais
do ato pretendido pelas partes estejam presentes, posteriormente,
escriturando o instrumento necessário. Por sua vez, ele promove o
ato jurídico de conformidade com todos os requisitos materiais e
instrumentais exigidos pela legislação, escoimando-o de vício que possa,
de alguma maneira, torná-lo irregular. Assim, ele dota referido ato de
toda força necessária para a produção de seus efeitos.
59
registros lavrados, por terem sido filtrados, estão aptos a gerar todos os
efeitos desejados.
60
2.4 Noção de segurança
61
notário é participar da elaboração consensual do direito autorizando
a elaboração do instrumento de prova; ele busca no direito a solução
mais adequada, verifica a existência de todos os elementos materiais
necessários ao ato, e aconselha a melhor forma de instrumentalizar
a vontade das partes, sempre com vistas a prevenir litígios futuros,
gerando segurança dinâmica.
4. Fé pública
62
registrador declara. Trata-se de uma presunção juris tantum (relativa)
que milita a favor de todos os documentos e declarações que emanem
desses profissionais, obrigando à parte que os conteste a apresentar
prova cabal de sua falsidade. A legislação privilegia os atos praticados
pelos delegatários, por possuírem presunção de veracidade, mas
lembre-se: não há fé pública em atos eivados de falsidade e comprovada
fraude.
63
extrajudicial, e verificação de nascimento fora de maternidade), elas
também são acobertadas pela fé pública registral.
5. Prepostos
64
6. Direitos dos notários e registradores
65
Direito de opção Uma serventia pode ser desmembrada ou
desdobrada. Ceneviva (2014, p. 235) ensina
que o desmembramento implica na criação de
uma nova unidade em decorrência da divisão
da comarca. Já o desdobro resulta da criação
de uma nova serventia da mesma espécie, na
mesma comarca, ou seja, o cartório é dividido em
duas unidades prestadoras do mesmo serviço.
Em qualquer caso, o titular da serventia afetada
tem o direito de optar entre permanecer na
antiga ou atuar na nova, o que lhe aprouver. O
STJ já decidiu que dispensa consulta ou anuência
do titular atingido, inexistindo direito adquirido
ao não desmembramento (BRASIL, 2013).
66
dia útil do mês seguinte ao mês da prática do ato notarial ou registral.
A regulamentação se dá pela IN RFB nº 1.112, de 2010, que estabelece
regras para preenchimento e apresentação à Receita Federal. Cada
escritura lavrada que envolva aquisição de imóvel, não importa o valor,
obriga ao cartório de notas declarar a DOI, e inserir na escritura a
expressão “emitida a DOI”. Cada ato praticado no registro de imóveis
que envolva aquisição de imóvel, também obriga o oficial a fazer a
declaração, ainda que o cartório de notas já a tenha feito. Para os
oficiais de títulos e documentos cabe uma explicação: a especialidade
competente para registrar transferências imobiliários é o registro de
imóveis; a competência do Oficial de Títulos e Documentos é residual,
e somente ocorrerá na hipótese de aquisição de imóvel consubstanciada
em instrumento particular (de conformidade com o art. 108 do CC) que
tenha sido devolvido pelo Registro de Imóveis por defeito do próprio
instrumento, acusando a impossibilidade do registro no fólio real.
Assim, somente quando presentes ambos requisitos (instrumento
particular acompanhado de nota devolutiva do Registro de Imóveis) o
oficial de TD, residualmente, poderá promover o registro, para fins de
conservação, e deste ato estará obrigado a declarar a DOI, inserindo
também no documento a expressão “emitida a DOI”. Esclareça-se que
desapropriação e usucapião são hipóteses que também obrigam a
declarar a DOI, pois importa em aquisição imobiliária.
67
Unidade de Inteligência Financeira – UIF, através de sistema eletrônico
denominado SISCOAF (Sistema de Controle de Atividades Financeiras).
A caracterização da suspeita não impede que o ato registral ou
notarial seja praticado. A comunicação ao UIF deverá ocorrer no prazo
determinado pelo Prov. nº 88-CNJ. Semestralmente, nos dias 10 de
janeiro e 10 de julho, também deverá ser comunicada à Corregedoria
Geral de Justiça de sua unidade sobre a inexistência de operações
suspeitas ocorridas nos 5 meses anteriores. Os titulares poderão indicar
um preposto como oficial de cumprimento (caso não exista indicação,
o oficial de cumprimento será o próprio titular). O provimento também
estabelece que as serventias deverão manter cadastro dos envolvidos,
podendo se utilizar do Cadastro Único de Beneficiários Finais mantido
por suas entidades associativas. Por fim, elenca hipóteses indicativas de
suspeita específicas para cada serviço extrajudicial, bem como hipóteses
genéricas (art. 20 do Prov. 88-CNJ), como a existência de valores
incompatíveis com os de mercados, operações de expressivo ganho de
capital em período curto de tempo e operações cujo beneficiário final é
impossível de ser identificado.
8. Responsabilidade
68
assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo
ou culpa, sob pena de improbidade administrativa” (BRASIL, 2014). Por
maioria de votos, os ministros do STF reafirmaram jurisprudência no
sentido de que a responsabilidade do Estado é direta e objetiva (não
subsidiária), cabendo ressaltar que o órgão público não poderá manter-
se inerte, ou seja, não poderá deixar de promover a ação regressiva
contra o notário ou registrador causador do dano, uma vez que sua
inércia poderá caracterizar ato de improbidade administrativa. Há, na
verdade, um dever de regresso, indisponível e obrigatório que deve
ser exercido pelo Estado. E isso ocorre porque o Estado indeniza com
dinheiro público, estando obrigado a apurar a culpa, tendo a finalidade
de recompor o erário público a fim de evitar que a sociedade suporte
os prejuízos decorrentes da conduta inadequada de seus agentes
públicos. Da responsabilidade objetiva e direta decorre que a vítima
poderá ser indenizada por aquele que tem maior poder, o Estado,
bastando comprovar o nexo causal existente entre a falta cometida pelo
notário ou registrador no exercício da atividade e o resultado danoso
sofrido, não se discutindo a culpa. A discussão desta só terá cabimento
na ação regressiva, na qual o Estado deverá comprovar que o notário
ou registrador agiu ou se omitiu voluntariamente ou culposamente,
quebrando um dever de cuidado.
69
subjetiva, na qual a vítima ou o Estado (este último em ação regressiva)
deverá comprovar o nexo causal existente entre a falta cometida no
exercício da atividade e o resultado danoso, bem como a quebra,
culposa ou dolosa, de um dever de cuidado. O entendimento foi
corroborado pelo STF, no Recurso Extraordinário nº 842.846, afirmando
tratar-se de responsabilidade subjetiva (BRASIL, 2014).
70
norma especial afasta a norma geral); e (2) também a regra do art. 37
§6º da CF, de 1988, (aplicável apenas às pessoas jurídicas prestadoras
de serviços públicos, e não aos notários e registradores, que respondem
enquanto pessoas naturais). O art. 22 da lei especial, estabelece
que eles respondem por “dolo ou culpa”, caracterizando assim a
responsabilidade subjetiva. O mecanismo é esse: tabeliães e oficiais
titulares respondem subjetivamente pelos atos danosos praticados
por seus prepostos. O fundamento dessa espécie de responsabilização
repousa na omissão do dever de fiscalizar os seus funcionários quanto
à regularidade do serviço, gozando de ação regressiva contra seu
preposto quando este tiver agido com dolo ou culpa, uma vez que os
prepostos agem longa manus do titular e de sua responsabilização.
Essa responsabilidade também decorre do art. 28 da Lei nº 6.015, de
1973, e do art. 38 da Lei nº 9.492, de 1997. Não se aplica, portanto, a
responsabilidade objetiva prevista no CC, uma vez que esta lei geral
cede em face da lei especial. O entendimento foi corroborado pelo
STF, no Recurso Extraordinário nº 842.846, afirmando tratar-se de
responsabilidade subjetiva (BRASIL, 2014).
71
Responsabilidade administrativa (disciplinar): os delegatários estão
sujeitos ao poder censório-disciplinar da Corregedoria, podendo ser
apenados por infrações disciplinares dolosas ou culposas praticadas
no exercício da atividade. Essas infrações são a quebra dos deveres
deontológicos elencados no art. 30 e 31 da Lei nº 8.934, de 1994,
sujeitando-os as penas de multa, repreensão, suspensão por 90 dias
prorrogável por mais 30 e a perda da delegação (por decisão em
processo administrativo disciplinar). Prepostos estão sujeitos ao poder
disciplinar do titular, nos limites traçados na legislação trabalhista.
Portanto, é subjetiva essa responsabilidade.
72
9. Conclusão
Referências Bibliográficas
BRANDELLI, Leonardo. Teoria geral do direito notarial. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2007.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
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cartórios). Brasília, DF: Presidência da República, [1994]. Disponível em: http://www.
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73
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documentos notariais. 4. ed. Salvador: Juspodivm, 2020.
74
Bons estudos!
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