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TRABALHO DE DIREITO TRIBUTÁRIO

1. INTRODUÇÃO
O ideal de promover o bem estar, o desenvolvimento das potencialidades, além da noção
do que seja bem comum constituem a finalidade do Estado.

Entre as atividades que o Estado desenvolve, tutelando necessidades públicas, algumas


são essenciais (segurança pública, prestação jurídica, etc.) outras complementares,
protegendo outros itens (secundários), exercidas através de concessionárias.

O Estado moderno paga os bens e serviços de que necessita, gerando despesa pública,
exercendo uma atividade financeira. Conceitua-se tal atividade como a atuação estatal para
obter, gerir e aplicar recursos financeiros necessários à consecução de suas finalidades,
desdobrando-se em receita, despesa e crédito público.

A finalidade da atividade financeira é a realização dos serviços públicos e o atendimento


das necessidades públicas, ou seja, as necessidades coletivas encampadas pelo poder
político, inseridas no ordenamento jurídico (constituição e leis).

A atividade financeira está jungida a três necessidades públicas básicas: prestação de


serviço, exercício do poder de polícia e intervenção econômica.

O Estado somente que pode explorar a atividade econômica quando por imperativo de
segurança nacional ou relevante interesse coletivo, sujeitando-se ao regime das empresas
privadas. O poder de dirigir a economia agora não é mais privativo da União, que retém
atribuição de regulação geral da matéria. Fala-se em Estado ali, mas entende-se Federação,
incluindo Estado e Município.

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2. HISTÓRICO DA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL
Ao longo do período que vai desde a proclamação da República até a promulgação da
constituição de 1934 a principal receita tributária brasileira advinha do imposto sobre a
importação. A partir dos anos 30, houve um maior direcionamento para os impostos
internos. A principal receita dos estados passou a ser o imposto sobre vendas e consignações
e, dos municípios, os impostos sobre indústrias e profissões e o imposto predial.

Apresentaram-se consideráveis mudanças no sistema tributário com a constituição de


1946. Através da criação de impostos e de um sistema de transferências, elevou-se a receita
dos municípios. Até 1966 observou-se uma participação crescente dos impostos internos,
destacando-se os impostos sobre consumo, vendas e consignações.

A reforma tributária da década de 60 tinha dois grandes objetivos: a elevação da receita


para solucionar o problema do déficit fiscal e a implementação de um sistema tributário que
estimulasse o investimento. Pode-se dizer que o resultado foi extraordinário. Com a reforma,
obtivemos uma melhor alocação dos recursos, a priorização da tributação sobre o valor
agregado, uma redução do número de tributos, dentre outras vantagens. Costuma-se dizer
que, naquela época, o Brasil passou a contar com um dos sistemas tributários mais
modernos do mundo. Veja na tabela a seguir os principais tributos antes e após a reforma de
1965/1967:

Antes da reforma Após a reforma

FEDERAIS

Imposto de Importação Impostos sobre Comércio Exterior (II e IE)


Imposto de Consumo IPI
Impostos Únicos Impostos Únicos
Imposto de Renda Imposto de Renda
Imposto sobre Transferências para exterior IOF
Impostos sobre Negócios

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Impostos Extraordinários Impostos Extraordinários
Impostos Especiais Outros (transporte, comunicações, etc.)

ESTADUAIS ESTADUAIS
Imposto sobre vendas a varejo ICM
Imposto sobre Transmissão (Causa-Mortis) Imposto sobre Transmissão (Causa-Mortis)
Imposto sobre Expedição
Imposto sobre Atos Regulados
Impostos Especiais
MUNICIPAIS MUNICIPAIS
Imposto Territorial Rural
Imposto sobre Transmissão (Inter-vivos)
IPTU IPTU
Imposto de Indústrias e Profissões ISS
Imposto de Licença
Imposto sobre Diversões Públicas
Imposto sobre Atos de Economia

Para compensar as perdas de arrecadação dos estados e dos municípios, criou-se fundos
de participação e as partilhas do imposto único. O Imposto de Renda foi prejudicado pelo
tempo que decorria entre a apuração e o recolhimento em relação à inflação elevada.

A carga tributária brasileira ao longo do período que vai de 1946 até a reforma de 1966
girou em torno de 15% do PIB. Em seguida, passou para 25% e manteve-se nesse patamar
até o período pós-plano Real quando atingiu 30% do PIB.

Diz-se que temos hoje um sistema tributário deformado em relação à década de 60,
devido, principalmente, a maior descentralização e cumulatividade.

3. CONCEITOS DE DIREITO
Direito Financeiro

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É o conjunto de princípios e normas que regulam a atividade financeira do Estado (receita,
gestão e despesa) de acordo com a Lei de diretrizes Orçamentárias (LDO).

Direito Tributário

A receita relativa a arrecadação de tributos (impostos, taxas e contribuições) tornou-se tão


complexa que as normas que regulam suas imposição e arrecadação tiveram que ser
separadas do Direito Financeiro para formar um novo ramo: o Direito Tributário.

O Direito Tributário é o ramo de Direito especificamente criado para reger o sistema de


arrecadação de receita derivada de soberania, e não fazem parte dele as demais formas de
recita do Estado.

Pode-se, portanto, definir Direito Tributário como o conjunto de princípios e normas


jurídicas que regem as relações jurídicas entre Estado e Particular, relativas a instituição e
arrecadação dos tributos.

4. TEORIA DA TRIBUTAÇÃO
Pelo conceito da equidade, cada indivíduo deve contribuir com uma quantia "justa"; pelo
conceito da progressividade, as alíquotas devem aumentar à medida que são maiores os
níveis de renda dos contribuintes; pelo conceito da neutralidade, a tributação não deve
desestimular o consumo, produção e investimento; e, por fim, pelo conceito da simplicidade,
o cálculo, a cobrança e a fiscalização relativa aos tributos devem ser simplificados a fim de
reduzir custos administrativos.

Impostos são tributos cobrados cujo valor arrecadado não tem um fim específico. As
contribuições são tributos cujos recursos devem ser legalmente destinados a finalidades
préestabelecidas.
Taxas são tributos para manutenção do funcionamento de um serviço dirigido a
uma comunidade de indivíduos.

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4.1 Conceito de Obrigação
Obrigação é a relação jurídica que se estabelece entre o sujeito ativo (credor), que pode
exigir de um sujeito passivo (devedor) uma prestação de caráter patrimonial (objeto), em
virtude de uma causa que poder ser a vontade da parte (ex voluntare) ou a vontade da lei (ex
lege).

A obrigação cuja causa de vontade das partes é de direito privado. Já a que surge por
determinação legal é de direito público. A obrigação tributária tem como a causa a lei. A
obrigação tributária nasce com a ocorrência do fato gerador, estabelecendo uma relação
jurídica que vincula o sujeito ativo (Estado), que pode exigir do sujeito passivo (particular)
uma prestação patrimonial (dinheiro), em virtude da vontade da lei que instituiu o tributo.

5. SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO


O Sistema Constitucional Tributário é o conjunto dos tributos que compõem o
ordenamento jurídico, e também as normas tributárias de um determinado país. É um
conceito do Direito Civil.

No Brasil, o sistema tributário é constitucional e, portanto rígido. A Constituição Federal


(CF) não deixa lacunas no Sistema Constitucional Tributário, ou seja, a sua alteração impõe
um procedimento mais solene e complexo do que o exigido na confecção de Leis ordinárias.

5.1 Princípios

O Sistema Constitucional Tributário está sujeito a uma série de Princípios constitucionais:

· Princípio da legalidade -significa que não pode ser exigido ou aumentado tributo sem
que haja estipulação de lei. (Art.5°, II e Art.150, I da CF).
· Princípio da Isonomia -todos os contribuintes são iguais perante o fisco. (Art.5° e
Art.150, I da CF)
· Princípio da anterioridade -proíbe a União, os estados e os municípios de cobrar tributos
no mesmo exercício de sua instituição (ou seja, os impostos só podem ser cobrados no ano
seguinte de sua aprovação em lei). As exceções para esse princípio são o Imposto de
Importação, o Imposto de Exportação, o IPI, o IOF e os impostos extraordinários (em caso de
guerra). (Art.150, III a, da CF).

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· Princípio da Irretroatividade da lei -proíbe a lei de retroagir: ou seja, não podem ser
exigidos tributos sobre fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que
instituiu ou aumentou algum tributo. (Art.150, III a, da CF)
· Princípio da capacidade tributária -os impostos serão graduados conforme a capacidade
econômica do contribuinte. (Art.145, parágrafo I da CF)
· Princípio da uniformidade -os tributos instituídos pela União serão uniformes em todo o
território nacional (Art.151, I da CF)
· Princípio da inconstitucionalidade -a lei tributária será inconstitucional, quando emanar
contra os contribuintes faltosos, prevendo pena de prisão civil. (Art. 5°, LXII da CF)
· Princípio de proteção fiscal -concessão de mandado de segurança para proteger o direito
fiscal líquido e certo do contribuinte. (Art.5°, LXIX, da CF).

6. CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL


O Código Tributário Nacional, lei complementar, visa a disciplina jurídica do Sistema
Tributário Nacional, em seu Livro I e traça as normas gerais de Direito Tributário no Livro II. O
Código Tributário Nacional tem como conteúdo "regras jurídicas sobre tributos e sobre
conflitos de competência entre as entidades estatais, bem como sobre limites constitucionais
do poder tributário". O Código Tributário Nacional não é lei de tributação, mas lei sobre leis
de tributação, e em relação aos conflitos de competência tributária, como lei complementar,
tem a alta missão de afastar dúvidas ou interpretações discordantes. (Cf. Pontes de Miranda,
Comentários à Constituição de 1967, com a emenda n.º 1 de 1969 2ª ed. São Paulo, Revista
dos Tribunais, 1970,

t. 2, p. 383) .
O Código Tributário Nacional tem natureza de lei orgânica, de lei quadro ou como se diz
na terminologia francesa loi cadre ou alemã Rahmengesetz. O Código Tributário Nacional não
é um Código sinônimo de lei ordinária integral ou uma consolidação de legislação ordinária
como entre nós e exemplo a Consolidação das Leis do Trabalho ou os Códigos Civil,
Comercial, Penal, etc. Uma das leis orgânicas sobre leis tributárias daquela natureza e que
serviu de uma das fontes principais do CTN foi precisamente a Ordenação Tributária
(Abgabenordnung, abreviadamente AO) da Alemanha.

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Assim, além da Constituição, temos O Código Tributário Nacional, com suas alterações,
como complementação ou instrumento de explicitação da ordem constitucional tributária e
de garantias do cidadão-contribuinte. Tanto a Constituição como a legislação complementar,
ora por normas gerais, ora especiais e mesmo específicas, traçam a ordenação do Sistema
Tributário Nacional.

Assim, ao definirem o tributo, oferecem o modelo geral para impedir que a título de
tributo o poder público possa requisitar prestações que o não sejam ou que por confusão se
apliquem regras tributárias, por exemplo, aos preços públicos.

7. DEFINIÇÃO DE TRIBUTOS
Tributos são as receitas derivadas que o Estado recolhe do patrimônio dos indivíduos,
baseado no seu poder fiscal (poder de tributar, às vezes consorciado com o poder de
regular), mas disciplinado por normas de direito público que constituem o Direito Tributário.
As outras receitas chamadas originárias e provenientes do próprio patrimônio do Estado,
nada têm que ver com o Direito Tributário, este direito somente disciplina as receitas
derivadas, provenientes da exigência sobre a economia dos particulares e que são os
tributos.

O Código Tributário Nacional -C.T.N. preceitua em seu artigo 3º que “tributo é toda
prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada. ”

7.1 Tributos no Brasil

Os tributos, na nomenclatura constitucional -art. 145 -, são: impostos, taxas, e a


contribuição de melhoria. No entanto, o Supremo Tribunal Federal acresce ao seguinte rol
outras duas subdivisões: o empréstimo compulsório e as contribuições, onde se incluem as
contribuições sociais, as contribuições previdenciárias, as contribuições de intervenção no
domínio econômico, e as contribuições de interesse das categorias profissionais.

Recente emenda à Constituição brasileira de 1988 inseriu a Contribuição de iluminação


pública, porém o Supremo Tribunal Federal ainda não se manifestou sobre sua natureza,
todavia, acreditam os doutrinadores que se trata de contribuição.
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8. IMPOSTOS
De acordo com o CTN, Art. 16. “Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador
uma situação independentemente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte. ”

As duas características fundamentais do imposto estão implícitas nessa definição, quais


sejam, a de cobrança geral e a de não ser contraprestacional.

O imposto que é a viga mestra da arrecadação tributária é um levantamento pecuniário


junto aos particulares, baseado apenas em uma medida geral de capacidade econômica ou
contributiva e em virtude da competência tributária. O contribuinte do imposto é devedor
independente do fato e da medida em que a administração pública lhe tenha aproveitado.

É usual distinguirem-se os impostos em impostos pessoais e impostos reais, conforme sua


incidência se refira a uma pessoa ou coisa.

Essa divisão, entretanto, não se baseia em critério jurídico. O crédito de imposto se funda
sempre numa obrigação pessoal, pois a lei, ao tributar, sempre obriga um determinado
sujeito vinculado ao fato gerador, que se chama contribuinte ou responsável.

A pessoa do contribuinte pode ser designada diretamente (exemplo no imposto de renda),


mas o que é tributado é o rendimento; ou de uma maneira indireta quando a lei tributa a
prática de atos pelas pessoas (exemplo no ICMS), ou ainda se refira ao indivíduo por ele ser o
proprietário ou possuidor de determinados bens (impostos predial e territorial).

Outra distinção usual é a de imposto direto e imposto indireto e esta distinção tem
relevância dentro do sistema tributário.

O imposto direto tem a virtude de poder graduar diretamente a soma devida por um
contribuinte, de conformidade com sua capacidade contributiva. Exemplo típico de imposto
direito é o imposto sobre a renda pessoal. O imposto indireto, diferentemente, liga o ônus
tributário a um evento jurídico ou material e não dispõe de um parâmetro direto para apurar
a capacidade econômica do contribuinte. Somente de modo teórico e genérico poderá
graduar a tributação por meio do sistema ad valorem e em razão de índices de capacidade

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econômica. Já a personalização ou adequação pessoal da carga tributária em cada caso
específico não se pode obter por meio do imposto indireto. Apresentam-se alguns exemplos
para facilitar a compreensão: são impostos indiretos, entre outros, o IPI e o ICMS, o imposto
de importação, etc.

Se um indivíduo comprar uma mercadoria, seja abastado ou pobre, pagará o mesmo


quantum. Todavia, mediante certas categorias da técnica de tributação, o legislador procura
corrigir esses aspectos por meio de não-incidências, isenções, imunidades ou graduação das
alíquotas de incidências, em razão da natureza e destinação dos produtos ou mercadorias.

Portanto, tratando-se de imposto, o Estado não precisa criar nenhum serviço nem dispor

de qualquer atividade especial para oferecer ao contribuinte em troca do que este irá pagar,
pois não há, no imposto, a contrapartida que vamos encontrar na taxa. Basta que a pessoa
jurídica de direito público tenha competência, crie o imposto por lei, naturalmente
escolhendo, em boa técnica, as situações que revelem, direta ou indiretamente, capacidade
contributiva.

Os impostos devem ser arrecadados com um fim destinado, mas os recursos provenientes
deles não podem ser vinculados diretamente a uma causa específica, indo direto para o
Tesouro Nacional.

8.1 Classificação dos impostos no Brasil


A legislação brasileira classifica os impostos nas seguintes categorias:

· pessoais ou reais;
· diretos ou indiretos;
· fixos ou proporcionais;
· progressivos ou regressivos;
· cumulativos ou não-cumulativos;
· ordinários ou extraordinários;
· residuais;
· federais, estaduais, distritais, municipais.
A instituição de impostos está prevista na Constituição Federal de 1988 e a competência
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de instituí-los distribui-se entre os entes políticos nacionais (União, Estados, Distrito Federal
e Municípios): À União cabe a instituição do IR, IPI, II, IE, IOF, ITR, IGF; Aos Estados cabe a
instituição do ICMS, IPVA, ITD; Aos Municípios cabe a instituição do ISS, IPTU, ITBI.

Impostos federais:
II -Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros.
IE -Imposto sobre a exportação de produtos nacionais ou nacionalizados.
IR (IRPJ/ IRPF)-Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza doze.
IPI -Imposto sobre Produtos Industrializados.
IOF -Imposto sobre Operações Financeiras.
ITR -Imposto Territorial Rural.
IGF -Imposto sobre Grandes Fortunas.
Impostos extraordinários -em caso de guerra.

Impostos estaduais:
ICMS -Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços.
IPVA -Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores.
ITCMD -Imposto sobre Transmissões Causa Mortis e Doações de Qualquer Bem ou Direito.
Aire -Adicional do Imposto da União sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza.

Impostos municipais:
IPTU -Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana.
ITBI -Imposto sobre Transmissão Inter Vivos de Bens e Imóveis e de Direitos Reais a Eles
Relativos.
IVVC -Imposto sobre Vendas a Varejo de Combustíveis Líquidos e Gasosos (extinto).
ISS -Impostos sobre Serviços de Qualquer Natureza.

9. TAXAS
Na legislação tributária brasileira, taxa "é a contraprestação de serviços públicos ou de
benefícios feitos, postos à disposição ou custeados pelo Estado, em favor de quem paga ou
por este provocado" (definição de Aliomar Baleeiro, amplamente utilizada nos circuitos
jurídicos).
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Ou seja, é uma quantia em dinheiro paga ao Estado em troca de algum serviço prestado
por ele. Como a "contratação" de tal serviço não é formalmente obrigatória (embora muitas
vezes sejam essenciais), taxas não são formalmente consideradas "obrigatórias" (ao
contrário de impostos).

Outra categoria de taxas é a chamada "taxas de exercício de poder de polícia", que são
taxas de atividades do Estado que (teoricamente) servem para atender o interesse da
comunidade na forma de regulação e fiscalização (que não é necessariamente feita). Se o
exercício do poder de polícia não for regular ou o serviço não for de atribuição da entidade
tributante, a taxa será ilegítima. Por exemplo: taxa para construção, taxa de licença de
publicidade, taxa de localização,etc.

Como se vê, a disciplina para a instituição da taxa, entre nós, é hoje bastante rigorosa e
isto porque, antes da reforma, eram freqüentes as invasões de competência e os conflitos
em razão de indiscriminada criação de verdadeiros impostos, rotulados com a denominação
de taxas e que fraudavam a disciplina dos imposto.

9.1 Taxas legalizadas no Brasil


•Taxa de Autorização do Trabalho Estrangeiro.
•Taxa de Avaliação in loco das Instituições de Educação e Cursos de Graduação -Lei
10.870/2004.
•Taxa de Classificação, Inspeção e Fiscalização de produtos animais e vegetais ou de
consumo nas atividades agropecuárias -Decreto Lei 1.899/1981.
•Taxa de Coleta de Lixo.
•Taxa de Combate a Incêndios.
•Taxa de Conservação e Limpeza Pública.
•Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental -TCFA -Lei 10.165/2000.
•Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos -Lei 10.357/2001, art. 16.
•Taxa de Emissão de Documentos (níveis municipais, estaduais e federais).
•Taxa de Fiscalização CVM (Comissão de Valores Mobiliários) -Lei 7.940/1989.
•Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária Lei 9.782/1999, art. 23.
•Taxa de Fiscalização dos Produtos Controlados pelo Exército Brasileiro -TFPC -Lei
10.834/2003.

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•Taxa de Fiscalização e Controle da Previdência Complementar -TAFIC -art. 12 da MP
233/2004.
•Taxa de Licenciamento Anual de Veículo.
•Taxa de Licenciamento para Funcionamento e Alvará Municipal.
•Taxa de Pesquisa Mineral DNPM -Portaria Ministerial 503/1999.
•Taxa de Serviços Administrativos -TSA -Zona Franca de Manaus -Lei 9960/2000.
•Taxa de Serviços Metrológicos -art. 11 da Lei 9933/1999.
•Taxas ao Conselho Nacional de Petróleo (CNP).
•Taxas de Outorgas (Radiodifusão, Telecomunicações, Transporte Rodoviário e
Ferroviário, etc.).
•Taxas de Saúde Suplementar -ANS -Lei 9.961/2000, art. 18.
•Taxa de Utilização do MERCANTE -Decreto 5.324/2004.
•Taxas do Registro do Comércio (Juntas Comerciais).
•Taxa Processual Conselho Administrativo de Defesa Econômica -CADE -Lei
9.718/1998.
10. CONTRIBUIÇÕES
Na legislação tributária brasileira, contribuição se refere a uma categoria de tributos que
pode assumir algumas formas principais:

Contribuição especial

Na legislação tributária brasileira, contribuição especial é um tributo cuja instituição é


destinada ao financiamento de planos de Previdência Social, de programas que impliquem
intervenção no domínio econômico, ou ao atendimento de interesses de classes profissionais
ou categorias de pessoas, servindo-os de benefícios econômicos ou assistenciais.

Contribuição de melhoria

Na legislação tributária brasileira, contribuição de melhoria são taxas que surgem quando
um determinado imóvel ou propriedade são valorizados por conseqüência de obra pública.
Também incide quando os imóveis que circundam a propriedade se valorizam.

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Ocorre que nem sempre a obra pública provoca benefícios (valorização) aos imóveis por
ela tangenciados. Dependendo da sua natureza, poderá até provocar uma depreciação dos
referidos imóveis. Nestes casos, não terá ocorrido, evidentemente, o fato gerador da
contribuição de melhoria, porque não houve benefício algum aos proprietários.

Teoricamente, só são devidas quando há efetiva melhoria, e devem ser amparadas em lei
complementar.

Empréstimo compulsório

Na doutrina tributária brasileira, empréstimo compulsório é considerado um tributo, e


consiste na tomada compulsória de certa quantidade em dinheiro do contribuinte a título de
"empréstimo", para que este o resgate em certo prazo, conforme as determinações
estabelecidas por lei.

Na prática, o passado está recheado de episódios em que empréstimos compulsórios só


foram devolvidos após muito tempo. Como o Brasil vivia crise de hiperinflação, o dinheiro
devolvido foi reduzido a pó.

O empréstimo compulsório serve para atender a situações excepcionais, e só pode ser


instituído pela União.

10.1 Contribuições legalizadas no Brasil


Contribuições trabalhistas ou sobre folha de pagamento:

· INSS
· FGTS
· PIS/PASEP
Contribuições sobre o faturamento ou sobre o lucro:

· COFINS -Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social


· CSLL -Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
Contribuições sobre movimentações financeiras:

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· CPMF -Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira
Contribuições – “Sistema S”

· Contribuição ao Serviço Brasileiro de Apoio a Pequena Empresa (Sebrae) -Lei


8.029/1990.
· Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Comercial (SENAC) -Lei 8.621/1946.
· Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado dos Transportes (SENAT) -Lei
8.706/1993.
· Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (SENAI) -Lei 4.048/1942.
· Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Rural (SENAR) -Lei 8.315/1991.
· Contribuição ao Serviço Social da Indústria (SESI) -Lei 9.403/1946.

· Contribuição ao Serviço Social do Comércio (SESC) -Lei 9.853/1946.


· Contribuição ao Serviço Social do Cooperativismo (SESCOOP).
· Contribuição ao Serviço Social dos Transportes (SEST) -Lei 8.706/1993.
Outras contribuições:

· Contribuições aos Órgãos de Fiscalização Profissional (OAB, CRC, CREA, CRECI,


CORE, CRQ, etc).
· Contribuição á Direção de Portos e Costas (DPC) -Lei 5.461/1968.
· Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -FNDCT
-Lei 10.168/2000.
· Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), também
chamado "Salário Educação".
· Contribuição ao Funrural.
· Contribuição ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) -Lei
2.613/1955.
· Contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho (SAT).
· Contribuição Confederativa Laboral (dos empregados).
· Contribuição Confederativa Patronal (das empresas).
· Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico – CIDE Combustíveis -Lei
10.336/2001.

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· Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública -Emenda Constitucional
39/2002.
Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional –
CONDECINE -art. 32 da Medida Provisória 2228-1/2001 e Lei 10.454/2002.
· Contribuição Sindical Laboral (não se confunde com a Contribuição Confederativa
Laboral, vide comentários sobre a Contribuição Sindical Patronal).
· Contribuição Sindical Patronal (não se confunde com a Contribuição Confederativa
Patronal, já que a Contribuição Sindical Patronal é obrigatória, pelo artigo 578 da CLT, e a
Confederativa foi instituída pelo art. 8º, inciso IV, da Constituição Federal e é obrigatória em
função da assembléia do Sindicato que a instituir para seus associados, independentemente
da
contribuição prevista na CLT).
· Contribuição Social Adicional para Reposição das Perdas Inflacionárias do FGTS -Lei
Complementar 110/2001.
· Contribuições aos Órgãos de Fiscalização Profissional (OAB, CRC, CREA, CRECI,
CORE, etc.).
· Contribuições de melhoria: asfalto, calçamento, esgoto, rede de água, rede de esgoto, etc.
11. LAUDÊMIO, AFORAMENTO, PEDÁGIO E TARIFAS
Estes não são considerados tributos pela Constituição Federal Brasileira, cada qual pelos
motivos citados a seguir.

Laudêmio é o valor pago pelo proprietário do domínio útil ao proprietário do domínio


direto (ou pleno) sempre que se realizar uma transação onerosa do imóvel. É feito, por
exemplo, na venda de imóveis que originariamente pertencem à União, como todos os que
se localizam na orla marítima. Quem paga o laudêmio é o vendedor (artigo 686 do novo
Código Civil -Lei nº

10.406/2002).

O laudêmio não é um tributo (este sim, cobrável na forma que a lei determinar, em razão
da soberania do ente público), mas uma relação contratual, de direito obrigacional, na qual o
ente público participa na condição de contratante e como tal sujeito aos princípios gerais dos
contratos.

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Assim também não é tributo o Pedágio ou Tarifa Pública, pois originam-se de serviços ou
concessões dos mesmos, e não confundem-se com conceito de tributo.

O Decreto Lei 9.760/1946 estabelece, a partir do artigo 99, as condições de utilização de


bens imóveis da União. O artigo 101 do referido Decreto Lei (na redação determinada pela
Lei), fixa que os terrenos aforados pela União ficam sujeitos ao foro de 0,6% (seis
décimos por cento) do valor do respectivo domínio pleno, que será anualmente atualizado.

O foro, o laudêmio e a taxa de ocupação não são tributos, receitas derivadas, mas sim
receitas originárias, às quais a União tem direito em razão do uso por terceiros de seus bens
imóveis. Não estão sujeitos, portanto, às normas do Código Tributário Nacional.

As tarifas são cobradas pelas empresas associadas concessionárias ou permissionárias de


serviços públicos federais estaduais e municipais, para permitir a justa remuneração do
capital, o melhoramento e a expansão dos serviços e assegurar o equilíbrio econômico e
financeiro do contrato.

Tarifa é receita originária empresarial, ou seja, uma receita proveniente da intervenção do


Estado, através dos seus associados, permissionários ou concessionários, na atividade
econômica.

A taxa é uma receita pública derivada, isto é, retirada de forma coercitiva do patrimônio
dos particulares, vindo a se integrar no patrimônio do Estado. A tarifa visa o lucro, a taxa visa
o ressarcimento.

Na tarifa o serviço é facultativo, sendo, pois, o pagamento voluntário, isto é, paga-se


somente se existir a utilização do serviço. A tarifa é uma contraprestação de serviços de
natureza comercial ou industrial. A taxa é uma contraprestação de serviços de natureza
administrativa ou jurisdicional; é um preço tabelado. Exemplos de Tarifas: a tarifa postal,
telegráfica, de transportes, telefônica, de gás, de fornecimento de água e outras.

O pedágio, em geral, é um preço público cobrado pela utilização de pontes ou rodovias. A


quantia cobrada a título de pedágio é exigida em razão da utilização, pelo fato de circular
numa determinada obra (ponte ou outra) ou via de comunicação (estrada), com o fim de
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amortizar o custo da obra e de atender despesas com a sua manutenção. A receita pública
auferida sob o título de pedágio é originária e facultativa. Regra geral, a formalização da
cobrança do pedágio ocorre através da instalação, em determinado lugar estratégico de uma
via natural de comunicação, de uma guarita de cobrança, havendo a obrigação de pagar
certa contribuição por parte das pessoas que passam pelo referido local, que recebe serviços
de infra-estrutura.

12. CONCLUSÃO
Existem três formas clássicas de tributação: a renda, o patrimônio e o consumo. O resto
são variações ou combinações dessas bases clássicas, com exceção, naturalmente, dos
impostos de natureza regulatória, incidentes sobre o comércio exterior e sobre as operações
financeiras.

Convivemos hoje sob as regulamentações impostas pela Constituição elaborada em 1988


e, no âmbito tributário, isto não se apresenta de forma diferente. Entretanto mudanças na
legislação tributária nos últimos anos colaboraram para aprofundar a crise no federalismo
brasileiro, ou seja, criou um sistema falho no que diz respeito aos repasses de tributos por
intermédio da União, tanto a Municípios quanto a Estados.

No que se diz respeito à eficácia e falhas no sistema tributário, algumas considerações são
feitas atualmente.

O imposto de renda é uma tributação direta muito eficaz. Segundo dados históricos, o
IRPF tem apresentado características de progressividade ao longo do tempo. Infelizmente o
IRPJ não tem alcançado muito sucesso. Além de inibir a produção ele pode causar perda de
competitividade do produto nacional frente ao produto importado, pelo o que se observa.
Os impostos sobre o patrimônio, como o IPTU e o IPVA, são de fácil cobrança e controle e
tendem a penalizar os indivíduos com maior poder aquisitivo. Entretanto, o IPTU, por
exemplo, é falho no momento em que o inquilino de um imóvel paga o imposto ou um
estabelecimento comercial encarece seus produtos, embutindo tal imposto nos preços. O
imposto sobre as vendas, embora muito utilizado, não é o mais indicado por questões de
progressividade. Além disso, um bem com maior número de etapas de produção é mais
penalizado do que os demais.

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Uma crítica constante aos impostos "em cascata" ou "cumulativos" são a conseqüente
inibição à integração vertical da produção e a perda de competitividade em termos
internacionais.
Em face disso, grande importância tem sido dada ao imposto sobre o valor adicionado (IVA)
em diversas economias do planeta. Suas principais vantagens são a neutralidade, a
dificuldade de sonegação por concentrar a tributação no atacado, dentre outras. Todavia, tal
imposto permaneceria infringindo o conceito da progressividade, como faz o atual ICMS.

BIBLIOGRAFIA

OLIVEIRA, Aristeu de. Tributação e arrecadação das contribuições previdenciárias: normas


gerais. São Paulo: Atlas, 2003.

BORGES, Humberto Bonavides. Gerência de impostos: IPI, ICMS e ISS. 3ed. São Paulo: Atlas,
2000.

HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e tributário. 14ed. São Paulo: Atlas, 2005.

FURLAN, Valéria C.P. Apontamentos de direito tributário. São Paulo: Max Liminad, 1999.

Código Tributário Nacional / obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração
de Antônio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos e Lívia Céspedes. 34ed. São
Paulo: Saraiva, 2005.

FABRETTI, Láudio Camargo. FABRETTI, Dilene Ramos. Direito Tributário para cursos de
administração e ciências contábeis. 3ed. São Paulo: Atlas, 2004.

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