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SÍMBOLO AO ÍCONE
O trabalho do arquiteto
Fazer poesia não é, apesar de todo esse maravilhoso complexo que é o poema,
privilégio de seres iluminados e escolhidos pelos deuses, Bakhtin nos esclarece
sobre isso: “Não há base científica para expressões como: “Ah, eu tenho idéias
mas não consigo expressá-las”. [...]não é a atividade mental que organiza a
expressão, mas, ao contrário, é a expressão que organiza a atividade mental.”1
Portanto o poeta é um homem e, como tal, é capaz de racionalizar o seu trabalho e
de fazer auto crítica; o poeta, o verdadeiro poeta, é também um lógico. “Se um
poeta nunca fosse algo além de poeta, ele não deixaria atrás de si qualquer traço
poético.”2
O que diferencia o poeta dos homens comuns é apenas sua capacidade de
observação. “Observar é olhar com mais cuidado, é ver como nunca se viu; é o
estranhamento, semelhante à epifania”. (Maria Rosa – em aula). Sobre o
estranhamento, Peirce nos diz que é o estranhamento que leva a mente humana
às descobertas, ao conhecimento. “Como ocorre a ação da experiência? Através
de uma série de surpresas. É através de surpresas que a experiência nos ensina
tudo aquilo que condescende a ensinar-nos.”3
Mas não basta olhar o mundo e vê-lo com olhos de observador ávido de
conhecimento para ser um poeta, o poeta é, além de tudo isso e antes de tudo
isso, um trabalhador, e já de muito longe no tempo vem o conhecimento de tal
verdade. “Vocês, descendentes de Pompílio, retenham o poema que não tenha
sido apurado em longos dias de muita rasura, polido dez vezes até que uma unha
bem aparada não sinta asperezas.”4
Valéry, falando como poeta que é, mostra-nos a realidade do trabalho do poeta.
“Se me interrogam acerca do que eu quis dizer em um tal poema, respondo que eu
não quis dizer, mas quis fazer, e que foi a intenção de fazer que quis o que eu
disse.”5 A professora Maria Rosa comenta a respeito desse assunto: “Valéry
compara o trabalho do poeta ao do homem quando descobre e trabalha as pedras
e metais preciosos escondidas na terra. A palavra do cotidiano, comum e
corriqueira, é a matéria-prima do poeta que a trabalha de tal forma a torná-la em
palavra preciosa. Para isso a inspiração não basta, há que trabalhar, sentimento e
pensamento trabalham unidos. “Quem em mim sente, está pensando” (Fernando
Pessoa).”6 E a professora nos fala um pouco mais sobre isso. “Figurar pelo
trabalho de seleção – combinação das partículas poéticas – é muito diferente de
simplesmente fazer uso de figuras de linguagem, rimas ou divisão das frases em
versos. Figurar é operação intelectual que consiste em traçar diagramas
correlacionais nos quais os termos se vinculam por similaridade, esse é o modo
dominante de raciocínio da função poética. Figurar palavras ou termos é torná-los
“coisas”, organismos vivos, é destacar o lado palpável da mensagem."7
E Maria Rosa arremata ao defender o trabalho com a criação poética como uma
rica opção para o ensino da língua nas escolas. “Imaginar ou simular correlações
hipotéticas entre elementos nunca antes aproximados é o modo como opera a
descoberta, no campo da arte ou da ciência. É assim também que o raciocínio
poético se configura não apenas na poesia mas na linguagem cotidiana, que é por
onde as preparações poéticas deveriam começar.”8
Valéry nos alerta que: “Há uma diferença profunda entre a nossa sensibilidade e o
fazer poético, este é trabalho. No fazer poético há algo mais do que idéias.” E
acrescenta: “O universo poético tem que tomar emprestada a linguagem de uso
comum em que cada palavra é uma montagem instantânea de um som e de um
sentido, sem qualquer relação entre eles.”9
A respeito do modo como o leitor por vezes vê o trabalho do poeta, Valéry tem a
dizer que: “Algumas pessoas, vendo na poesia apenas a perfeição, considerá-las-
ão como resultado de uma espécie de prodígio denominado inspiração. Fazem
assim do poeta uma espécie de médium momentâneo. Se assim fosse não haveria
necessidade de conhecimento e o poeta poderia escrever em qualquer língua que
não conheça.” E acrescenta: “O trabalho do poeta exige uma quantidade de
reflexões, decisões, escolhas e combinações sem as quais todos os dons
possíveis da musa ou do acaso continuariam sendo materiais preciosos em um
canteiro de obras sem arquiteto.”10 E mais ainda nos esclarece: “A duração de
composição de um poema, mesmo bem curto, pode absorver anos, enquanto a
ação do poema no leitor será realizada em alguns minutos.”11 Décio Pignatari
mostra concordar com ele: “Para o poeta, mergulhar na vida e mergulhar na
linguagem é (quase) a mesma coisa. Sabe que a palavra “amor” não é o amor e
não se conforma.”12 E Maiakovski fala-nos um pouco sobre o que se sabe quase
como conhecimento geral e assumido da humanidade: A distração e alheamento
dos poetas. “Uma rima que se está caçando, mas ainda não se conseguiu agarrar
pelo rabo, nos envenena a existência: Você conversa sem compreender, come
sem distinguir, e perde o sono, quase vendo a rima que voa diante de seus
olhos.”13
Do símbolo ao ícone
Sob o ponto de vista da semiótica poesia é signo, por isso é preciso, antes de
qualquer coisa, definir signo. Mas como definir signo? Lúcia Santaella nos alerta de
que, se percorrermos os oito volumes do Collected papars (1931-58), de Charles
Sanders Peirce, poderemos encontrar, no mínimo, entre vinte e trinta formulações
distintas da sua definição de signo. Podemos então, para começarmos nosso
assunto, aceitar uma das menores e mais reproduzidas definições que nos dá
Peirce: “Signo é alguma coisa que representa algo para alguém.” Ou, para aqueles
que não ficarem satisfeitos com tão simples e resumida definição, podemos
apresentar esta outra, mais completa e, portanto, um pouco mais complicada: “Um
signo intenta representar, em parte pelo menos, um objeto que é, portanto, num
certo sentido, a causa ou determinante do signo, mesmo se o signo representar
seu objeto falsamente. Mas dizer que ele representa seu objeto implica que ele
afete uma mente, de tal modo que, de certa maneira, determine naquela mente
algo que é mediatamente devido ao objeto. Essa determinação da qual a causa
imediata ou determinante é o signo, e da qual a causa mediata é o objeto, pode ser
chamada o interpretante.”1
Porém o signo é, por sua própria natureza, um ser incompleto já que intenta
representar um objeto sem nunca conseguir pois não é igual ao objeto, não é o
objeto e não pode prescindir do objeto. “O signo estará, nessa medida, sempre em
falta com o objeto. Daí sua incompletude e conseqüente impotência. Daí sua
tendência a se desenvolver num interpretante onde busca se completar. Contudo,
sendo o interpretante de natureza sígnica, ele se manterá também em dívida para
com o objeto, que será, em razão disso, aquilo que, por resistir na sua alteridade,
determina a causação lógica do desenrolar dos interpretantes.”2
Não apenas a poesia é signo, tudo é ou pode ser signo, inclusive o próprio homem.
Quem pode nos ajudar nessa afirmação é Lúcia Santaella quando diz que “para
conhecer e se conhecer o homem se faz signo e só interpreta esses signos
traduzindo-os em outros signos. O significado de um pensamento ou signo é um
outro pensamento.” E mais adiante afirma: “Eis aí, num mesmo nó, aquilo que
funda a miséria e a grandeza de nossa condição como seres simbólicos. Somos no
mundo, estamos no mundo, mas nosso acesso sensível ao mundo é sempre como
que vedado por uma crosta sígnica que, embora nos forneça os meios de
compreender, transformar, programar o mundo, ao mesmo tempo usurpa de nós
uma existência direta, imediata, palpável, corpo a corpo e sensual com o
sensível."3 E encontramos aí a explicação que nos faz entender nossa própria
imperfeição.
O signo, de acordo com a relação que mantém com o objeto que representa, pode
ser ícone, índice ou símbolo. É ícone quando sua relação com o objeto é uma
relação de semelhança, um desenho ou uma fotografia por exemplo. É índice
quando sua relação com o objeto, embora não seja de semelhança, existe por
alguma indicação desse objeto, a planta de uma casa, uma marca de pés na areia.
E é símbolo quando não existe relação de semelhança mas sim de convenção, de
uma lei que torna algo símbolo de um determinado objeto, as palavras são o
exemplo mais claro de símbolo que podemos citar.
Para que essa definição de ícone, índice e símbolo fique clara e objetiva, vamos
solicitar a ajuda de Peirce, ele nos diz que “O ícone não tem conexão dinâmica
alguma com o objeto que representa, simplesmente acontece que suas qualidades
se assemelham às do objeto e excitam sensações análogas na mente para a qual
é uma semelhança. Mas na verdade não mantém conexão com elas. O índice está
fisicamente conectado com seu objeto; formam ambos, um par orgânico, porém a
mente interpretante nada tem a ver com esta conexão, exceto o fato de registrá-la
depois de ser estabelecida. O símbolo está conectado a seu objeto por força da
idéia da mente-que-usa-o-símbolo sem a qual essa conexão não existiria.” Em
outras palavras, Peirce nos diz mais adiante que “Ícone é um signo que possuiria
o caráter que o torna significante, mesmo que seu objeto não existisse. Índice é um
signo que de repente perderia seu caráter que o torna um signo se seu objeto
fosse removido, mas que não perderia esse caráter se não houvesse interpretante.
Um símbolo é um signo que perderia o caráter que o torna um signo se não
houvesse interpretante."4
E o que é um poeta? É um homem que sabe que não existe na natureza nada em
estado puro, que aquilo que poderíamos chamar de símbolo, pode muitas vezes
ter algo de ícone, e aquilo que poderíamos chamar de ícone, tem algo de símbolo,
e ainda que o que tendemos a chamar de índice pode ter algo dos outros dois. Ele
percebe que não há um signo puramente icônico, puramente indicial ou puramente
simbólico. Portanto, a palavra, que seria o exemplo mais completo de símbolo,
acaba por revelar-se como um signo icônico. A professora Maria Rosa nos dá o
exemplo de Borges, que confirma isso: “Borges, pensando a palavra lua (moon) vê
nela o ritmo pousado que obriga a voz a uma lentidão e a quase circularidade da
palavra, que começa e termina com sons semelhantes que sugerem a própria lua,
e daí conclui que “cada palavra é uma obra poética” mais eficaz do que a própria
metáfora, que é uma obra de segundo grau já que, geralmente, compõe-se de
mais de uma unidade enquanto a palavra talvez revele mais eficazmente o
conceito que representa.”1 Valéry nos faz ver a verdade de tal afirmação ao dizer
que “Uma palavra de uso cotidiano torna-se, ao ser isolada, magicamente
problemática.”2
Daí podemos concluir que o poema, que por ser composto de palavras, seria um
símbolo, torna-se, nas mãos do poeta, um ícone. “Os signos que se organizam por
similaridade, por analogia, são ícones, são figuras. Os signos que se organizam
por contiguidade são símbolos. Logo, o que basicamente caracteriza o fenômeno
poético é a transformação de símbolos em ícones.”3
Mas Décio Pignatari diz que “um conceito jamais poderá substituir uma forma,
portanto, um símbolo jamais poderá substituir um ícone”, e afirma que “esse é o
drama e a fascinação da análise literária.”4 Como fica difícil ler essa afirmação de
Pignatari sem concluir que o que vale para a análise literária vale também para a
produção literária e, consequentemente, para a produção poética, já que Valéry
nos deu essa liberdade ao afirmar que “todos os poetas verdadeiros são
necessariamente críticos de primeira ordem.”5, confirmamos que a angústia do
poeta é a mesma angústia do homem, ser sígnico, porque o poeta é um homem e
o poeta é mais ainda exposto a esse paradoxo porque ele faz-se signo e faz
signos. A incompletude está nele e em sua própria criação.
Porém, a imperfeição leva à busca e a busca é vida. A vida é algo que está sempre
aberto ao novo. Pode-se nunca atingir um ponto desejado, mas a busca desse
ponto é o que faz com que tudo valha a pena. E o poeta sabe disso, por isso é
poeta, por isso faz poesia, essa “caixa de ressonância” no dizer da professora
Maria Rosa – em aula —. Jakobson nos informa que a palavra poesia é de origem
grega e significa “criar”, e afirma que a poesia é “o domínio mais criador da
linguagem.”6 A poesia é, portanto, criação, arte. Paul Valéry define poesia como
“uma arte da linguagem.”7 Como arte, poesia é algo capaz de nos tocar, prende; é
capaz de aproximar-nos de nós mesmos e pode revelar à nossa visão aspectos do
mundo e de nossa própria essência que, de outra forma, não perceberíamos.
Para conseguir todo esse efeito, a poesia usa de recursos que a compõe e fazem
dela o que ela é: a rima, o verso, o ritmo, a métrica, a harmonia. Usa as palavras
arranjando-as da forma mais favorável, para que elas possam nos mostrar sua
capacidade de projetar uma imagem visual sobre nossa mente (fanopéia), sugerir
uma propriedade sonora (melopéia) ou trazer-nos à mente uma idéia (logopéia), “A
dança do intelecto entre as palavras.”8 O poema é uma caixa de ressonância; por
isso, cada vez que se lê um bom poema, lê-se um novo poema. A professora Maria
Rosa – em aula — afirma que “a poesia é um texto saturado de significados. Tem o
lado conceitual, visual, sonoro; é dissertativo, narrativo e descritivo ao mesmo
tempo.” Como leitores, vemos que tudo isso nos aparece em combinações
diferentes, de formas diferentes e com intensidades diferentes cada vez que lemos
o poema. Um bom poema é como um rio que não se atravessa duas vezes: cada
vez é um novo rio e uma nova pessoa, cada vez é um novo poema e um novo
leitor.
Esse mágico efeito é dado pelo poema porque todas as suas partes (rima, ritmo,
verso, conteúdo, forma, etc.) são interdependentes. Décio Pignatari afirma que “um
poema é um todo orgânico — umas partes influenciam nas outras.”9 Paul Valéry
diz que “O valor de um poema reside na indissolubilidade do som e do sentido.”10
É por isso que Décio Pignatari nos recomenda ler o poema em voz alta, ele sabe
que assim teremos o todo agindo igualmente sobre nossos sentidos.
Conseguir esta correlação só pode ser um trabalho racional. Não pode ser apenas
coincidência inspirada. Basta ver o que esse conjunto, forma som e sentido, cria no
poema e podemos perceber que isso não é simples obra do acaso, houve aí um
trabalho, o trabalho do poeta. Da mesma forma, aquela pincelada que “iluminou”
uma tela dificilmente terá sido causada por um acidente que fez derramar um
pouco de tinta sobre o trabalho do artista. O poeta é um homem que vê com os
olhos “desarmados”, é aquele ser capaz de olhar para as coisas mais cotidianas
como se nunca as tivesse visto antes; é capaz de estranhá-las, de procurar nelas
outros sentidos, outras formas, outras utilidades.
POEMINHA SURREALISTA
Gostaria, querida,
De ser inesperado
Como uma madrugada amanhecendo
À noite
E engraçado, também,
Como um pato num trem.
(Millôr Fernandes 1980: 38)
Neste poema Millôr Fernandes fala do inesperado e faz o inesperado; e o
inesperado, algo comum como é um pato colocado em um lugar que não lhe
pertence em nossa visão cotidiana, torna o poema engraçado como ele queria ser.
Talvez por essa capacidade de olhar parando os olhos e a mente sobre as coisas,
o poeta seja aquele que tem algo a dizer. E como sua visão não é comum, o que
ele tem a dizer não pode ser dito de forma comum, só pode ser dito através da
poesia: “Deve-se pegar da pena somente quando não existe outro meio de dizer o
que se quer, a não ser o verso.”11 E o poeta faz, não por inspiração sagrada ou
por uma graça que se lhe derrama sobre a cabeça fazendo com que sua mão
risque o papel produzindo um texto acabado e perfeito, mas com o trabalho de sua
mente, de seu intelecto e de suas mãos que rabiscam, riscam e apagam várias
vezes o texto, na busca da palavra exata. Paul Valéry nos conta isso quando diz
que “O estado poético não basta para fazer um poeta.” E, mais tarde afirma que “A
inspiração é uma atribuição gratuita feita pelo leitor ao seu poeta. O leitor procura
encontrar no poeta a causa admirável de sua admiração.”12 E Maiakovski mostra
em sua afirmação que também pensava assim “A poesia é uma forma de
produção. Dificílima, complexíssima, porém produção.”13 A professora Maria Rosa
completa: “Não é à toa que poeta na sua raiz grega = aquele que faz. Faz
linguagem fazendo poema. Torna a língua eficiente, limpando-a de todas as
palavras que não funcionam e deixando apenas aquelas carregadas de significado.
O que é também, condensação: qualidade fundamental da poesia, segundo
Paund.”14 Décio Pignatari nos alerta que “O poeta não trabalha com o signo,
trabalha o signo verbal.”15
O poeta é, portanto, um homem que, trabalhando o signo, faz, ou tenta fazer de
um símbolo um ícone. Sua poesia, então, mais do que dizer, pretende fazer o que
diz. Um poema não fala de um objeto ou de um sentimento, um poema tenta ser
esse objeto ou esse sentimento. “A poesia sonha com a capacidade, não de dizer,
mas de incorporar um objeto.” (Fernando Segolin – em aula). E por que
transformar símbolo em ícone é o recurso do poeta em sua arte? Lúcia Santaella
nos dá essa resposta quando diz que “por representarem formas e sentimentos os
ícones têm um alto poder de sugestão.”16
Graças a esse poder de sugestão, a poesia é sempre multi-interpretativa, está
sempre aberta a novas descobertas, desde que essas descobertas se apoiem na
própria poesia e não fora dela. “A obra nunca é inteiramente insignificante
(misteriosa ou “inspirada”) nem inteiramente clara; ela é, se quiserem, sentido
suspenso: oferece-se, com efeito, ao leitor como um sistema significante
declarado, mas esquiva-se-lhe como objeto significado.”17
Por essa capacidade de sugestão, exuberância de significado e poder de criação,
a poesia é uma arma poderosa para a renovação e o ensino da língua. A
professora Maria Rosa afirma que a poesia “alarga os limites de combinatórias
possíveis para determinado sistema lingüístico.” Então, segundo ela, “a poesia é a
antena da língua, assim como “os artistas são as antenas da raça”, no dizer de
Paund.”18
Daí podemos concluir que a poesia é uma riqueza que não deve ser desprezada.
Ela pode nos servir como um poderoso material didático, como eficiente forma de
renovação da língua e do pensamento humano, como um grande incentivo à
criatividade e à capacidade de ver o mundo e os outros seres que o habitam, com
suas particularidades e diferenças, e ver a nós mesmos, valorizando nossas
imperfeições, retraçando nossos caminhos e direcionando nossas buscas, tanto
como educadores quanto como seres humanos.