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A Segunda Morte (Roberto Valadao Fortes)
A Segunda Morte (Roberto Valadao Fortes)
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qualquer que seja o grau em que se encontre, o Espírito está sempre revestido de um
envoltório, ou perispírito, cuja natureza se eteriza, à medida que ele se depura e eleva na
hierarquia espiritual. (2004, p.87).
Todavia, no capítulo 6 do livro Libertação, de André Luiz (2004), são trazidas noções
sobre o que se denominou “segunda morte” (p. 105). Conforme se infere do seu texto,
há notícias de Espíritos missionários que, galgando planos mais altos, em razão de
elevados títulos na vida superior, perderam o “veículo perispiritual”.
Tais Espíritos, que perdem a forma perispiritual em razão da densidade dos seus
pensamentos infelizes, conforme narrado por André Luiz na obra em comento,
assumem os contornos de “pequenas esferas ovóides, cada uma das quais pouco maior
que um crânio humano”(2004, p. 104).
A obra de André Luiz é clara em afirmar que o Espírito pode perder o seu perispírito em
razão de agigantados méritos na seara do bem. Contudo, não é clara em relação à
possibilidade de perda do perispírito em virtude de um nefasto monoideísmo, pois, ao
tratar dessa situação, fala em perda da forma perispiritual e não na perda do perispírito,
que, consoante se conclui sem maior esforço, revelam circunstâncias distintas.
De fato, a perda da forma perispiritual e a perda de perispírito encerram idéias distintas,
sem qualquer ponto de contato. Na primeira situação, o perispírito existe, no entanto,
sem a forma originária. Na segunda, o Espírito apresenta-se despido do seu perispírito.
Em relação à “segunda morte” dos Espíritos infelizes, tenho a seguinte hipótese: não há
propriamente a perda do perispírito; há, sim, a perda da forma humana em virtude de
séria lesão dos sutis tecidos que integram o psicossoma, causados por pensamentos
dotados de elevada densidade degenerativa.
E, assim, cogito porque, conforme bem ressaltado por Allan Kardec, o Espírito - cuja
constituição não pode ser investigada pelas limitações da ciência terrena – (2004) é um
princípio inteligente, dotado de expansão natural indefinida, cuja ausência de forma
poderia ser compreendida como uma realidade não material (2005a).
Desse modo, sem perispírito, o Espírito em estágio nas zonas de sofrimento não
assumiria a forma de ovóide. Expandiria indefinidamente, assumindo aspecto de uma
estrutura completamente amorfa, quiçá, abstrata, fora da realidade material até agora
conhecida pelas hostes Espíritas.
Com relação à “segunda morte” dos Espíritos purificados, tenho também uma hipótese.
A rigor, não haveria perda do perispírito. Haveria, sim, com o avanço do Espírito na
hierarquia espiritual, uma sublimação tão profunda no psicossoma que acabaria, no final
das contas, equivalendo a uma situação bem próxima da sua própria perda.
As hipóteses ora levantadas, que não possuem amparo direto em qualquer outra obra
que tenha lido, podem, naturalmente, residir no largo campo do equívoco.
Contudo, ouso dizer que me parecem consentâneas com a lógica do razoável porquanto,
como expressamente colocado por Allan Kardec (2005b), por força de sua essência
espiritual, o Espírito é um ser indefinido, abstrato. Logo, precisa do psicossoma para
configurar um ser concreto, definido, apreensível pelo pensamento.
Ademais, sem definição, e, por conseguinte, sem qualquer limitação, o Espírito galgaria
a infinitude, assimilando, por assim dizer, um dos atributos de Deus (2005a). E como
não pode a criatura adquirir um dos atributos de Deus, sob pena de revelar uma
contradição em termos, capaz, inclusive, de negar a própria existência do Criador e, por
conseguinte, a realidade por Ele criada, há de se reconhecer no perispírito a sua
indissociabilidade do Espírito.
Não se deseja com as palavras alhures esposadas diminuir a obra de André Luiz, até
mesmo porque, sem ela, não haveria espaço para tal reflexão e outras até mais
relevantes. Também não se deseja trazer a verdade definitiva sobre um tema delicado e
complexo. Deseja-se, sim, prestar uma diminuta, mas sincera, contribuição à ciência
espírita, que é, inegavelmente, progressista.
Referências:
Kardec, Allan. O livro dos espíritos: princípios da doutrina espírita:espiritismo
experimental. Tradução de Guillon Ribeiro da 49. ed. francesa. Rio de Janeiro:
Federação Espírita Brasileira. 2005. 604p.
____________. O livro dos médiuns, ou, guia dos médiuns e dos evocadores:
espiritismo experimental. Tradução de Guillon Ribeiro da 49. ed. francesa. Rio de
Janeiro: Federação Espírita Brasileira. 2004. 580p.
Luiz, André; [psicografado por] Xavier, Francisco Cândido. Libertação. 27 ed. Rio de
Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2004. 328 p.
Artigos
ANDRÉ LUIZ
Em 19.5.04, distribuí texto pela internet sobre o espírito André Luiz, mostrando-lhe os
olhos e informando que o médium Waldo Vieira identificara para um amigo dele (e
meu) quem era realmente o famoso médico carioca. Naquele texto, voltei a explicar que,
no início da década de 70, após extenuante pesquisa com 286 médicos desencarnados de
1926 a 1936 (68 foram categoricamente de doenças ou cirurgias gastro-intestinais), eu
houvera chegado ao verdadeiro nome, que nada tem a ver com Carlos Chagas, Miguel
Couto, Osvaldo Cruz ou Francisco de Castro, os mais citados. O médium Francisco
Cândido Xavier me confirmara o nome, mas considerou que a identidade deveria ser
mantida em segredo.
Durante minhas pesquisas aconteceu o menos esperado: a família soube dos meus
passos e me procurou. Percebi então que o Chico tinha razão quanto a sermos
cautelosos e disse àqueles familiares - que já sabiam de tudo - que, de minha parte, o
público ainda nada saberia.
Guardei esse segredo até a recente distribuição do texto pela internet, quando divulguei
junto os olhos de André Luiz, receoso de que a revelação do Waldo se espalhasse sem
mais controle. Agora porém tudo mudou e não vejo mais motivo para qualquer reserva.
Pretendo contar tudo e até publicar minha pesquisa em livro, pois não sei quem conheça
mais detalhes dessa história do que eu; não apenas em relação às ponderações do Chico,
mas também relativamente à conversa que tive com a família de André Luiz.
A pessoa a quem o Waldo passou a informação é meu amigo, Osmar Ramos Filho. Ele
é o autor da extraordinária obra O Avesso de um Balzac Contemporâneo, análise de
amplo espectro do livro Cristo Espera por Ti, de Honoré Balzac, psicografado pelo
Waldo Vieira. Um estudo notável de corroboração da mediunidade do Waldo. Acertei
com o Osmar que continuaríamos mantendo segredo, transferindo para meu filho
Luciano dos Anjos Filho o encargo de fazer a identificação pública, quando as
circunstâncias se mostrassem propícias, isto é, ao tempo em que a conduta terrena de
André Luiz, narrada em Nosso Lar, pudesse ser melhor assimilada pelos descendentes.
Por que meu novo posicionamento? Afirmei certa vez que, após a precisão da minha
pesquisa, o Chico havia passado para o Newton Boechat a identificação correta. Eles
eram muito amigos, muito ligados. A atitude do Chico, portanto, nunca me surpreendeu,
especialmente ao constatar que eu já havia chegado ao nome certo. Em qualquer
circunstância acabaria ali o mistério. E - confesso hoje mais claramente - eu sabia que o
Boechat sabia, pois a respeito disso conversamos várias vezes, sempre sem nenhuma
testemunha.
Ocorre que o Newton Boechat achou por bem abrir uma exceção e estendeu a
identificação, também em caráter confidencial, a uma outra pessoa. E esta, por motivos
que ignoro, recentemente repassou a informação para mais alguém, num lamentável e
inconseqüente deslize verbal. Bem, agora já se trata de segredo condominial. Estão
querendo inclusive publicar um livro sobre a vida do verdadeiro André Luiz. Já tem até
editora. A intenção é temerária, porque nem sabem da conversa que tive com os
familiares. O levantamento dos dados está sendo feito às pressas e em sigilo,
naturalmente para parecer que a identificação já era conhecida antes de mim. Como não
sou tão ingênuo como os mais ingênuos supõem, estou agora abortando essa esperteza.
Já relembrei que desde o início da década de 70 divulguei na imprensa, por mais de uma
vez, minha pesquisa, embora sem revelar o resultado final. Não seria, pois, tão
necessária essa minha decisão de agora, pois ninguém no movimento espírita
desconhece meu trabalho. Mas já apareceu até quem dissesse que foi um velho amigo
meu de Franca que me passou o segredo. Lorota de alto vôo e alta envergadura, seja lá
de quem for a versão e diante da qual os que me conhecem preferem acreditar que os
condores têm medo das alturas... Ninguém mais além de mim, do Newton Boechat, do
Chico e do Waldo (estes dois obviamente) sabiam da verdadeira identidade de André
Luiz. Incluo ainda a discreta e amorável Maria Laura Hermida de Salles Gomes
(Mariazinha), que se relacionava com uma sobrinha de André Luiz e a qual teve papel
importante na conexão com o Chico e o Waldo. Pouco depois, mais aquele amigo do
Newton Boechat passou a saber também, em caráter excepcional. Foi ele que,
aperaltando assunto tão sério, acabou contando para quem está agora esboçando o livro.
Minimizar minha pesquisa fazendo dela fruto de mera informação do amigo francano é
denunciar a si mesmo de oportunista, enquanto perambula pelo humorismo barato dos
pobres de espírito, na tentativa de ignorar que uma lorota dessas só é degustável com sal
de fruta.
Ora, nesse ritmo, logo outros, muitos outros, todos saberão e, se eu esperasse o tal livro
aparecer, ninguém mais deixaria de saber, com todos os holofotes em quem tomou o
bonde andando. Eis por que, nesta data, me antecipo e universalizo o segredo.
FAUSTINO ESPOSEL
André Luiz é Faustino Esposel.Faustino Monteiro Esposel nasceu na rua dos Araújos nº
10, bairro do Engenho Velho, cidade do Rio de Janeiro (registro 14º 69), em 10.8.1888.
Desencarnou no Rio de Janeiro, às 17 horas de 16.9.1931, residindo então na rua
Martins Ferreira nº 23, no bairro nobre de Botafogo.
Era filho de João Paiva dos Anjos Esposel e de Maria Joaquina Monteiro (filha
reconhecida, ou seja, não registrada oficialmente).
João Paiva dos Anjos Esposel e Maria Joaquina Monteiro tiveram os seguintes
filhos:
1. Oscar Monteiro Esposel, nascido no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 8º 73).
Casado com Orminda Monteiro Esposel. Moravam na rua Bambina (estou omitindo o
número de propósito). Seu filho, Léo Esposel, em 1974 estava casado com Maria de
Lourdes Ribeiro Esposel. Tinha também três filhas, Lívia Monteiro Esposel, que
morava em 1974 na praia do Flamengo (idem, idem), Ida Esposel Neves e Elza Esposel.
Orminda nasceu em 1884, no Rio de Janeiro, tendo desencarnado em novembro de
1978, quando morava na praia do Flamengo. Oscar e Orminda tinham sete netos (Luiz,
Francisco, Nélida, Consuelo, Maria Cristina, Mônica e Patrícia) e oito bisnetos (Marcos
André, Luiz, Guilherme, Marcelo, Ricardo, Luciana, Márcia e Camila).
2. Noêmia Monteiro Esposel, nascida no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 10º
v.).
3. Mário Monteiro Esposel, nascido no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 11º,
64). Era almirante. Em 1975 morava na rua Prudente de Morais (idem, idem).
5. Carlos Monteiro Esposel, nascido no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 12º
4v). Em 1974 morava na rua São Salvador (idem, idem). Mudou-se depois para a rua
Paissandu (idem, idem). Acabou indo morar em Santa Catarina.
Eram avós paternos de Faustino Esposel: José Maria dos Anjos Esposel e Margarida
Maria; e avós maternos: Isidro Borges Monteiro (desembargador) e Paulina Luísa de
Jesus.
João Paiva dos Anjos Esposel, pai do Faustino, tinha um irmão chamado Joaquim Maria
dos Anjos Esposel (1842-1897), casado com Maria José de Barros Carvalho (filha de
Delfim Carlos de Carvalho, barão da Passagem, herói da primeira guerra do Paraguai, e
de Ana Elisa de Mariz e Barros, filha do visconde de Inhaúma). O casamento foi
celebrado na igreja de São José. Tiveram quatro filhos:
4. Delfina Esposel.
Faustino Esposel tinha muitos sobrinhos, dentre os quais Lívia Monteiro Esposel, Elza,
Ida Esposel Neves, Lúcia e Léo, casado com Maria de Lourdes Ribeiro Esposel (todos
residentes no Rio de Janeiro). E sobrinhos-netos: Élcio (almirante), Carlos, Ronaldo
(morava em 1974 na rua Prudente de Moraes, era comerciante de couro, casacos de
couro, ligado ao Jockey Club Brasileiro). Todos pessoas de bem.
Outros parentes: Laís de Niemeyer Esposel, residente em 1974 na av. Vieira Souto,
desencarnada em fevereiro de 1994; Jayme Carneiro de Campos Esposel, residente em
1974 na estrada do Joá, era capitão de fragata quando comandou o contratorpedeiro
Ajurieda, de 16.10.56 a 29.11.1957; Marcello, residente em 1974 na rua Cândido
Mendes. Nomes de respeitabilidade entre os que os conhecem.
Faustino Esposel casou com Odette Portugal Esposel, conhecida por Detinha. Era filha
do médico José Teixeira Portugal, nascido em 1874 e desencarnado em 1927. Ela
nasceu em 6.6.1900 e desencarnou em 5.2.1978. A missa foi rezada no dia 13 daquele
mês, na igreja de Santa Margarida Maria, na Lagoa.
Irmã da Odette Portugal Esposel: Olga Portugal, viúva de Gumercindo Loretti da Silva
Lima, casada em segundas núpcias com o primo Arthur Machado Castro, que tinha uma
irmã chamada Lygia. Odette e Olga tiveram uma filha: Regina, casada com Jorge C.
Dodsworth. Gumercindo Loretti foi figura muito ligada aos ideais do escotismo e tinha
um irmão, Jarbas Loretti da Silva Lima, diplomata e poeta, nascido em 1868, no Rio de
Janeiro, autor de Vozes Andinas, 1918.
Faustino Monteiro Esposel e Odette Portugal Esposel moravam na rua Martins Ferreira
nº 23, em Botafogo, cidade do Rio de Janeiro. A partir de 1954, a casa passou a ser
propriedade da Associação de Educação Católica do Brasil, subordinada à Conferência
dos Religiosos do Brasil e que permaneceu ali até 1981, quando se transferiu para
Brasília. A casa passou a abrigar, então, a Creche Escola Favinho do Mel, patrocinada
pela Associação e dirigida por três senhoras que ali residem até hoje (2005). O atual
porteiro se chama “coincidentemente” André Luiz...
Faustino Esposel nasceu na capital federal, no dia 10 de agosto de 1888. Era professor
substituto da seção de neurologia e psiquiatria da Faculdade de Medicina e reputado
clínico, catedrático de neurologia na Faculdade Fluminense de Medicina. Foi ainda
chefe do serviço da Policlínica de Botafogo e do Sanatório de Botafogo e médico da
Associação dos Empregados do Comércio. E era também sanitarista, portador por
concurso do título de docente de higiene da Escola Normal do Rio de Janeiro, na qual
foi continuamente encarregado de cursos complementares. Fez os estudos primários na
Escola Alemã, conhecia profundamente o idioma germânico, cursou durante alguns
anos o externato Mosteiro de São Bento. Formou-se em 1910 em farmácia e em
medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde defendeu tese sobre
"Arteriosclerose cerebral", em que recebeu a nota de distinção.
Durante o curso acadêmico, foi adido dos serviços clínicos da 7ª e da 18ª enfermarias da
Santa Casa da Misericórdia, chefiadas respectivamente pelos mestres Miguel Couto e
Paes Leme. Ainda nessa época, exerceu o internato oficial da Clínica Pediátrica dos
professores Barata Ribeiro e Simões Corrêa.
Faustino Esposel era católico. Militou na União Católica Brasileira. Foi congregado
mariano. Comungava com freqüência, o que era hábito da maioria religiosa daquela
época.
Tinha ficha de cadeira cativa do Clube de Regatas do Flamengo, dos anos de 1925 a
1930. Foi presidente do clube no biênio 1920-1922, depois de 1924 a 1927, ano este em
que renunciou, assumindo Alberto Borgerth. Em 1928 voltara à presidência, não tendo
completado o mandato em virtude da doença. Na assembléia de 23 de dezembro de
1920, quando o presidente já era Faustino Esposel, o Flamengo aprovou o seu novo
uniforme, usado até hoje. Em 1926, os Guinle pediram a devolução do imóvel que
estava arrendado ao clube. Fez-se então uma campanha de arrecadação junto ao quadro
social para a aquisição de um local próprio. Desde 25 de março de 1925, Faustino
Esposel havia reunido a diretoria comunicando a disposição do então prefeito da cidade
do Rio de Janeiro, Antônio Prado Jr., de ceder uma área de mais de 34 mil metros
quadrados às margens da lagoa Rodrigo de Freitas. Após negociações que se sucederam
com o prefeito Alaor Prata, o presidente Faustino Esposel obteve a desejada área na
Gávea.
O primeiro jogo ali promovido, ainda sem muro e cercado por madeiras, aconteceu sob
a presidência de Faustino Esposel, no dia 26 de novembro de 1926, entre a Liga de
Amadores de Foot-Ball (São Paulo) e a Association de Amateurs de Argentina. Nesse
período, Oscar Esposel, irmão de Faustino e conselheiro do clube, propôs a inauguração
do estádio da Gávea em 15 de novembro de 1938, quando o Flamengo estaria
completando 43 anos de fundação. Mas a festa acabou acontecendo antes, no dia 4 de
setembro daquele ano com um jogo entre Flamengo e Vasco, vitória vascaína por 2 a 0
que, no entanto, não abafou a alegria rubro-negra, por estar com a nova casa concluída.
Entusiasta dos esportes e da educação física, que sempre cultivou, pertenceu a muitas
associações esportivas em que exerceu cargos técnicos e administrativos e de que foi
presidente por diversas vezes, como a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos e
a Federação Brasileira de Desportes.
Bem, eis o que posso adiantar. Tenho muitas outras informações, mas meu acervo
completo só pode ser aberto realmente em livro, dados os comentários e as explicações
que o tema exige. Aí então farei a necessária análise comparativa com o livro Nosso Lar
e outros da série. Devo salientar, desde logo, que André Luiz fez pequenas modificações
para despistar o leitor, em obediência à preocupação exposta no prefácio de Emmanuel
no sentido de ocultar sua verdadeira identidade, o que ele mesmo reafirma na mensagem
de abertura ("Manifestamo-nos, junto a vós outros, no anonimato que obedece à
caridade fraternal.") Noutras ocasiões deixou pistas insuspeitadas. Mas, num único
ponto a modificação não foi pequena, ou melhor, foi radical: a família deixada na terra.
Na verdade, Faustino Esposel não deixou filhos. Então, quem são aquelas pessoas
referidas no livro? Segundo explicação do Chico, apresentada desde 1975, são todos
membros de uma família de que o Faustino era membro em encarnação anterior. A fim
de ilustrar os ensinamentos ele foi buscar a situação doméstica no seu passado mais
remoto.
- André Luiz informa que foi assistido na colônia Nosso Lar por um médico chamado
Henrique de Luna. Na terra, De Luna (médico, com esse mesmo nome) era
contemporâneo de Faustino Esposel.
- André Luiz narra em Nosso Lar que teve quinze anos de clínica. Formado em 1910,
consta que a partir da segunda metade da década de 20 ele viveu muito mais para o
magistério e trabalhos intelectuais ligados à medicina, além das atividades desportivas.
- Luísa, a irmã que André Luiz conta ter desencarnado cedo, quando ele era
"pequenino", na verdade era um irmão (Adolfo Monteiro Esposel), desencarnado com
apenas quatro meses, em 1886, dois anos portanto antes de ele nascer.
- Quem privou muito da proximidade de Faustino Esposel foi um porteiro que, até
meados da década de 70, embora aposentado, ainda costumava freqüentar o Pinel.
Disse-me conhecer toda a vida do professor Faustino Esposel, que ele atendia muitos
doentes de graça e que era famoso de verdade. A par disso, aludiu a alguns fatos que se
ajustam perfeitamente ao que está confessado nas páginas de Nosso Lar. E confirmou,
inclusive, detalhes de comportamento que o próprio André Luiz também não escondeu
no livro.
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"As velhas árvores do bairro, o mar, o mesmo céu, o mesmo perfume errante." "O
vento, como outrora, sussurrava carícias no arvoredo do pequeno parque.
Desabrochavam azáleas e rosas, saudando a luz primaveril. Em frente ao pórtico,
ostentava-se, garbosa, a palmeira que, com Zélia, eu havia plantado no primeiro
aniversário de casamento."
E agora, vamos a duas explicações que eu gostaria de reservar para o meu livro. São
tantos os e-mails a tal respeito que resolvi abrir mais essa exceção e adiantar as
respostas.
1. Como se chamava o avô do Faustino Esposel, que em No Mundo Maior, no cap. 18,
aparece com o nome Cláudio M... ?
R. Chamava-se exatamente José Maria dos Anjos Esposel. Houve apenas a troca de José
para Cláudio. O segundo nome foi preservado mediante apenas a inicial M. Por que
isso? André Luiz trocou todos os nomes da sua família. Bastaria inventar mais um
sobrenome qualquer. Por que, no caso do seu avô, ele resolveu deixar a pista do M ?
Bem, primeiramente vamos reler os seguintes trechos daquele capítulo:
André Luiz resolveu deixar a pista do M porque representava algo mais além do simples
M de Maria. José Maria dos Anjos Esposel, devido à sua personagem pouco lisonjeira,
fora apelidado, por alguns imigrantes portugueses radicados naquela área, pela alcunha
de José M... Desculpem, mas não devo completar o que André Luiz não completou, e
que todos vocês já podem imaginar e que no livro foi substituído por lama. Não era
exatamente a palavra chula que nós bem conhecemos aqui no Brasil, mas uma outra
dela derivada e completada pelo sufixo oso, sem entretanto se tratar da palavra medroso.
Mas é quase isso. E nossos dicionários nunca registraram o termo. Fui encontrá-lo
somente num velho dicionário editado em Portugal, em 1873, o Grande Diccionario
Portuguez ou Thesouro da Lingua Portugueza, pelo Dr. Fr. Domingos Vieira, Porto,
editores Ernesto Chardron e Bartholomeu H. de Moraes, 5 vols.
Aí está, pois, por que a exceção aberta por André Luiz. Ele quis realmente deixar uma
pista inquestionável, embora o simples M de Maria já fosse mais do que convincente.
Aos dois dias de agosto de mil oitocentos e quarenta e sete nesta Catedral e Capela
Imperial de Nossa Senhora do Monte do Carmo desta Cidade e Corte do Rio de Janeiro
batizei e pus os Santos Óleos solenemente no inocente João filho legitimo de José Maria
dos Anjos Esposel e de Margarida dos Anjos Esposel, recebidos em matrimônio nesta
Capela Imperial, nasceu a vinte e nove de maio do corrente ano; foram padrinhos
Manoel Joaquim de Paiva e senhorinha Silveira Alves de que para constar fiz este
assento.
O Coadjutor Manoel Antônio Cabral.
À época da crise, em 1900, ela já era desencarnada ou estaria com 71 anos. Casou-se em
1848 com o primo José Silveira Alves, nascendo no ano seguinte o filho Francisco
Silveira Alves. É à mulher desse Francisco que André Luiz se refere em Nosso Lar,
chamando-a "a senhora Silveira". Sua filha (neta, portanto, da madrinha do pai do
Faustino), André Luiz a designa por "senhorita Silveira", ou seja, mesma condição da
avó (senhorinha Silveira) quando acontece o batismo de João Paiva dos Anjos Esposel.
(Com o tempo ninguém mais usou o termo senhorinha, daí a atualização de André
Luiz.)
Bem, outros elementos ficam para o meu livro, que as más línguas já dizem que estou
preparando para ganhar dinheiro. Esclareço que de todos os livros que até hoje
publiquei alusivos à doutrina, os meus direitos autorais foram sempre doados a
instituições espíritas, como será o caso de mais esse. Não ganho dinheiro com o
espiritismo. Aprendi isso inclusive com André Luiz.
Houve ainda determinados casos em que encaminhei resposta direta. Tive razões.
Assim, vou apresentar alguns e-mails cujos textos, doravante transcritos, são os de
quem assinou (apliquei apenas as iniciais), mas que contêm as mesmas dúvidas ou
colocações repetidas em muitos e muitos outros. A resposta, portanto, valerá para todos.
E aqueles a quem não escrevi diretamente e nem estiverem incluídos aqui, respondo-
lhes que suas questões serão completamente esclarecidas no meu livro, já que
demandam detalhes bem mais extensos e, por isso mesmo, impossíveis de se conterem
em e-mails.
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1. Pelo que você nos traz ele era um homem religioso. Isto não estará em desacordo com
o que relata logo no primeiro capítulo de Nosso Lar ? (LL)
R. André Luiz não nega, em Nosso Lar, que era religioso, embora sem maiores
convicções diante, por exemplo, dos conceitos de inferno e purgatório. Encarnado,
como Faustino Esposel, ele se diz católico e praticante, mas, regra geral, é o que os
médicos diziam e faziam na primeira metade do século passado. Todos, com as
históricas exceções, se diziam católicos praticantes e cumpriam religiosamente, em
demonstrações exteriores, o seu papel clássico e conservador. Era a época em que os
psiquiatras asseguravam que o espiritismo levava à loucura. Aliás, ainda hoje há muita
gente que cumpre o ritual católico, mas não acredita em nada da sua esgarçada doutrina.
R. Uma hipótese é sempre uma suposição a verificar. Já fiz a verificação, cujos registros
passei, em parte, para o público. Do ponto de vista da pesquisa e cientificamente
falando, não se trata mais de hipótese. Salvo se você mesmo deseja fazer essa
verificação. Não está impedido e tem todo o direito. Chegará, com certeza, às minhas
mesmas conclusões. Asseguro.
3. Não cola. Está aqui bem expresso nestes escritos o reconhecimento por André Luiz, e
outros do seu tempo, o seguinte: 1º De que era um bom católico e empenhado em obras
de beneficência. 2º O reconhecimento de Deus e do seu poder. 3º O reconhecimento de
que algo haveria além do conhecido cientificamente. Se existe confusão nesta altura,
pertence a quem a criou reparar a mesma. (EA) [Os escritos aludidos são os que eu, LA,
distribuí pela internet.]
R. Em trecho algum da série Nosso Lar, André Luiz diz que foi ateu ou materialista,
mas apenas "que detestava as religiões no mundo" (cap. 2). Define-se indiretamente
como católico, embora a seu modo. "De fato, conhecia as letras do Velho Testamento e
muita vez folheara o Evangelho" (cap.1). E interpretava as escrituras "com o sacerdócio
organizado" (idem).
"Conhecia, apenas, a idéia do inferno e do purgatório, através dos sermões ouvidos nas
cerimônias católico-romanas a que assistira, obedecendo a preceitos protocolares" (cap.
12). Já em textos sobre Faustino Esposel, alguns dos quais distribuí pela internet, seus
colegas escreveram que ele era católico e crente de Deus. E era mesmo. Se era um bom
católico, na sua absoluta acepção e sinceridade, não se soube, mas, pela confissão em
Nosso Lar, verificamos que foi um católico formal, sem convicção. Empenhado na
assistência ao semelhante, André Luiz também diz ter sido, pois "nos quinze anos de
sua clínica, também proporcionou receituário gratuito a mais de seis mil necessitados"
(cap. 14). O reconhecimento de Deus e do seu poder não é negado, tanto que, após
muito sofrimento, começou "a recordar que deveria existir um Autor da Vida, fosse
onde fosse", idéia que, explica, o confortou (cap. 2). Considerava-se "igualmente, filho
de Deus, embora não cogitasse de conhecer-lhe a atividade sublime quando engolfado
nas vaidades da experiência humana" (cap. 2). Acho, assim, que não sou bem eu que
estou fazendo a confusão.
R. As idéias atuais de André Luiz a esse respeito estão todas na sua maravilhosa série.
Para isso, pois, não necessitamos de novas comunicações.
R. Será que passou pela cabeça de alguém que o Chico e o Waldo não soubessem quem
é o espírito André Luiz? Claro que sempre souberam e, se nunca falaram que sabiam,
foi exclusivamente para não ensejar indagações e pressões que fatalmente ocorreriam. A
coerência deles estava justamente na certeza de que todos sabiam que eles sabiam.
6. Muito bom saber o verdadeiro nome de André Luiz, porém, mesmo que tenha
cometido muitos erros, o verdadeiro nome que conheço é André Luiz, o mensageiro.
Sobre o livro a respeito de André Luiz, você não acha que sendo Roustanguista, assim
como eu, as pessoas possam duvidar de sua pesquisa? (MM)
R. Não sei bem o que Roustaing possa ter a ver com essa pesquisa, mas de fato tudo é
possível do lado dos fanáticos. Talvez você acabe tendo razão, já que andaram me
enviando algumas críticas baseadas nessa premissa. Mas vamos lá. Penso que somente
alguém completamente cego pode duvidar de uma pesquisa com tantos elementos de
comprovação. Porém, nada devemos estranhar. Tomé que era Tomé também duvidou.
Quanto à outra parte da indagação, é óbvio que erros foram cometidos por ele, mas
resgatados pelo menos com oito anos de Umbral e um desempenho de caridade
maravilhoso na colônia Nosso Lar. Quem dera que todos nós seguíssemos seu exemplo.
Por isso mesmo, André Luiz continuará a ser o André
Luiz que todos aprendemos a admirar.
7. Você começa o texto dizendo que o Faustino Monteiro Esposel nasceu na rua dos
Araújos nº 10, bairro do Engenho Velho, cidade do Rio de Janeiro, em 10.8.1888.
Depois que você fala sobre os muitos sobrinhos de Faustino Esposel, no parágrafo
seguinte, você diz: Faustino Esposel nasceu na capital federal, no dia 24 de outubro de
1888. Fiquei confusa com relação às duas datas de nascimento do dr. Faustino Esposel.
Ficarei muito agradecida se você me tirar essa dúvida. (NMC)
9. Não creio haver acréscimo significativo aos atributos de amor e humildade deste
iluminado espírito que é André Luiz. Era da vontade dele que permanecesse oculto seu
nome da última existência, alguma causa deveria ele ter. Não nos convém julgar esta
causa, também sobre os comentários do nosso querido Chico. Gostaria de te pedir que
fosse consultado o próprio André Luiz para saber de suas intenções, com a finalidade
que não fosse invadida sua vontade e privacidade. (MB)
No mais, tenho quase plena certeza de que André Luiz não está desgostoso com meu
trabalho, pois ele mesmo nunca escondeu o que fez de errado e, se nunca quisesse que
descobrissem quem ele foi, não teria deixado tantas pistas. Principalmente sabendo que
por aqui estava encarnado um jornalista perseverante chamado Luciano dos Anjos.
Você gostaria que eu consultasse o próprio André Luiz sobre as minhas intenções.
Nunca o fiz nem o faria porque de antemão eu sempre soube, como todos nós, que ele
não queria identificar-se ainda. E agora essa medida perdeu a razão de ser, pois o Chico
está desencarnado e o Waldo resolveu, por ele mesmo, como já contei, acabar com o
mistério. Por último: se a identificação nada acrescenta à obra, que é que o silêncio
acrescentou até hoje? Ora, a obra é a obra.
10. O senhor pode me dizer se é uma fonte segura? (TG)
11. Você acredita que com essas revelações haverá alguma mudança no movimento
espírita sobre as obras de André Luiz? O que foi que o motivou a revelar essas
informações, já que o próprio André Luiz omitiu seu verdadeiro nome e o Chico o
alertou para não o divulgar? (ALBC)
12. O Chico Xavier não poderia ter feito com você o que fez com outros, isto é,
confirmado que André Luiz é o Faustino Esposel somente para agradar? (EZV)
R. Comigo ele agiu diferentemente, tal como irei narrar em meu livro. Confirmou e
recomendou que nada fosse revelado. A reação, portanto, foi completamente outra.
Mesmo porque ele já havia feito à família a promessa do silêncio. Conto mais. Tenho
em meus arquivos cartas do Chico sobre assuntos até mais graves e mais importantes
que esse, mas ele colocou no alto, em manuscrito, a recomendação: "confidencial". Não
obstante, nada me impede de exibir essa recomendação (apenas o pequeno trecho
manuscritado da recomendação, é claro) para quem o desejar, e pessoalmente, e em
minha casa. Quero dizer com isso que o Chico não usaria de subterfúgios comigo, pelo
menos em relação a esse assunto, sobre o qual tinha a certeza de
que eu chegara à identificação correta.
13. Por que o Chico disse para tantas pessoas que o André Luiz era o Carlos Chagas?
(ALP)
R. Disse? Ou levaram o Chico a dizer? E como foi que disse, em que tom? Falou na
forma direta ou apenas abriu aquele meigo sorriso, deliciosamente cristão, e respondeu
com alguma confirmação oblíqua? Mas se disse mesmo, de verdade, não seria isso um
desrespeito ao desejo do anonimato expresso em Nosso Lar? Eu pesquisar e descobrir é
uma coisa; outra bastante diferente e estranha seria o próprio Chico romper o segredo.
Então, se disse mesmo, todas as críticas que me estão sendo feitas deverão ser
direcionadas para o Chico. Salvo se extrairmos da sua informação - no caso de haver
realmente dito - que ele disse porque sabia perfeitamente que André Luiz não era o
Carlos Chagas nem nenhum outro dos perguntados. Assim, sua posição junto à família e
principalmente junto ao André Luiz e ao plano espiritual ficou perfeita e eticamente
resguardada.
14. A família do Faustino Esposel foi poupada; e a do Carlos Chagas? (H)
R. Nada tenho com isso. Não fui eu que inventei a identificação do Carlos Chagas. Mas
posso perfeitamente explicar a situação. A família do Faustino precisava ser poupada; a
do Carlos Chagas, talvez não. Mesmo porque, quem na família do Carlos Chagas não
gostou - e houve esse caso concreto - fez a devida comparação e verificou que sua vida
e sua história não tinham nenhum encaixe com a do espírito, preferindo rir e achar que
os espíritas são malucos. Assim, não havendo nenhum encaixe, a propalação do erro
não abalou ninguém, ainda mais que nunca apareceu qualquer texto escrito ou gravado
pelo Chico e pelo Waldo confirmando a hipótese. A propalada identificação acabou
então sendo considerada piada.
Com a família do Faustino a situação foi sempre outra. Os encaixes tinham tudo a ver.
Conhecedores da história íntima dos Esposel, os descendentes sabiam que tudo tinha a
ver. E não desejavam a divulgação. Por outro lado, há que levar em conta que as
reações, diante desses tipos de casos considerados escandalosos, nem sempre são
necessariamente iguais. Há quem não ligue, mesmo sendo verdade; e há quem fique
muito aborrecido, mesmo sendo infundado.
15. Li no site do André Luiz um internauta afirmando que ninguém sabe quem foi
André Luiz, mas que André Luiz era português. Que é que você acha dessa
"descoberta"? (AFS)
R. Se ninguém sabe, como é que ele sabe que André Luiz é português? Essa é de dar
nos cascos...
R. Espero que esteja. Ele hoje é um espírito bastante modificado pela dor, pelo
aprendizado, pelo trabalho. Espírito bom e evoluído, não creio que se sinta infeliz com
uma revelação para a qual ele mesmo contribuiu, deixando várias pistas.
R. Bem, não sei exatamente o que você quer dizer com tipo, mas aqui vão alguns traços
e informes colhidos junto aos seus contemporâneos e familiares.
18. Faustino Esposel, você mesmo disse, não deixou filhos. Como explica-se a história
da esposa Zélia e dos três filhos que André Luiz diz em Nosso Lar? (CDK)
R. É verdade. Faustino Esposel não deixou filhos. Mas esse momento da história está
ligado ao passado reencarnatório. É por sinal uma história muito bonita e muito lógica,
embora muito amarga. Será contada com detalhes em meu livro. Tudo está certo. Tudo
faz sentido.
19. Li o texto escrito a respeito da identidade de André Luiz. Achei que o trabalho de
pesquisa foi bem feito e apresenta muita coerência. Gostaria de uma opinião sobre esta
idéia de que André Luiz foi Carlos Chagas. Agora que um livro psicografado oferece
esta informação (na qual não acredito) parece que isso virou febre. E outro autor
veiculou matéria no Anuário Espírita de 2004 afirmando que o próprio Chico teria dito
a ele que André Luiz foi Carlos Chagas. Isso teria ocorrido durante uma conversa com o
também médico e cientista Carlos Chagas Filho, segundo a referida matéria. Como
entender tal afirmação? Como compreender a informação do livro? Minha pergunta não
tem por intuito colocar à prova a sua informação. Muito pelo contrário. Acho que está
mais bem fundamentado que os demais. Só gostaria de entender como uma mesma
fonte mediúnica (Chico Xavier) poderia emanar informações tão díspares (ou provocar
interpretações tão díspares por parte de alguns indivíduos). (LF)
R. A levarmos a sério esse crítico, todo biógrafo deveria merecer o mesmo epíteto. E
que dizer desse outro, que andou se metendo nas relações privadas daquela carregadora
de água, expondo-lhe a vida íntima para toda a humanidade e por todos os séculos
afora? "Vai, chama o teu marido e volta aqui." "Não tenho marido", respondeu a
mulher. Jesus lhe disse: "Falaste bem: não tenho marido, pois tiveste cinco e o que
agora tens não é teu marido; nisto falaste a verdade." (Jo. 4:16-19.)
Evidentemente o bom senso indica que não se vai sair por aí contando a vida privada de
todo mundo. Mas há os casos excepcionais, como o diálogo de Jesus (quem de nós tem
autoridade para achar que Jesus errou?) e aqueles relativamente a personagens de relevo
na vida pública, cujos deslizes e acertos são sempre ensejo ao exemplo e ao
ensinamento. André Luiz-Faustino Esposel é personagem universal que perdeu o direito
à privacidade, como todos os grandes líderes religiosos, os grandes mártires da
humanidade ou as grandiosas figuras evangélicas. Não há como esconder a vida de um
mito.
21. Por que devo acreditar na confirmação do médium Waldo Vieira, um péssimo
médium que abandonou o espiritismo? (RCVS)
R. Waldo Vieira, ao contrário de péssimo, foi um grande médium, dos melhores que já
encarnaram. Ao psicografar poesia, por exemplo, ele era imbatível, até melhor que
Francisco Cândido Xavier que, por sua vez, era fantástico. A poesia que recebeu foi
sempre primorosa, o que não surpreende, já que ele é a reencarnação de um dos maiores
poetas do mundo. O que aconteceu depois do seu afastamento de Uberaba é outra etapa
da sua vida que não vem ao caso analisar aqui. Por sinal, conheço essa história em
detalhes. As obras que recebeu de André Luiz, em parceria com o Chico, são excelentes.
E, é óbvio, ninguém melhor do que os dois para saber quem é André Luiz. Ambos
afirmaram que se trata de Faustino Esposel, com a devida cautela que a revelação
sempre exigiu.
22. Médium que publicou uma entrevista que fez no mundo espiritual com o Carlos
Chagas, confirmando ser ele o André Luiz. Como é que fica isso tudo? (C)
R. Não fica, meu caro. Ou melhor, fica muito ruim para esse médium. Já respondi aqui a
uma outra indagação semelhante. Estou aproveitando para, em complemento, registrar
que foi esse mesmo médium que escreveu também que a colônia Nosso Lar tem
apresentado quebra de padrão social devido à superpopulação; que Tomás Torquemada
virou cobra; que um elemental reencarnou como homem, não gostou e voltou a ser
duende; que o elemental resolveu mostrar que tinha poder e fez uma demonstração de
chuva. No mais, temos ainda a leitura de algumas grosserias, numa linguagem
inapropriada à literatura espírita. (Na Próxima Dimensão e Do Outro Lado do Espelho).
23. Não ser Carlos Chagas e ser Faustino Esposel que é até certo ponto um ilustre
desconhecido parece que representa uma descida na escala dos graus humanos, não?
(DFF)
24. Nas pesquisas você conseguiu saber outras encarnações de André Luiz? (DBA)
R. Essa informação constará do meu livro. Segundo revelação feita pelo Chico Xavier à
família do Faustino Esposel, com o testemunho da amiga Maria Laura, André Luiz foi,
na encarnação anterior, da fidalguia inglesa, muito ligado a Ana Bolena (1507-1536),
segunda esposa de Henrique VIII, rei da Inglaterra. Aliás, Ana Bolena está reencarnada
aqui no Rio de Janeiro, conforme poderá ser lido em outro livro meu a ser publicado em
breve e intitulado Quem foi Quem.
25. O pai e o avô do Fernando Esposel, pelo que li no que você escreveu, têm no
sobrenome "dos Anjos". O sr. por acaso é da mesma genealogia? (MCAC)
R. Não passa de mera coincidência. Chamou-me de fato a atenção, mas fiz a verificação
e constatei que somos de ramos diferentes. No entanto, não deixa de ser uma
coincidência bastante curiosa: quem desvenda o mistério tem sobrenome igual ao dos
ascendentes do Faustino Esposel. Muito curioso mesmo.
ADENDO À PERGUNTA 23
Toda a escola neurológica brasileira teve origem (direta ou indireta) na antiga Faculdade
Nacional de Medicina (atual faculdade de Medicina da UFRJ), fundada em 1808 por D.
João VI. Essa escola (em seus primórdios) sempre teve como tradição alguns aspectos,
dentre eles:
Dentre os vultos iniciais daquela escola, destacaram-se alguns, tidos por Mestres na
Neurologia:
Antônio Austregésilo Rodrigues Lima (1876-1960)
Faustino Monteiro Esposel (1888-1931)
Deolindo Augusto de Nunes Couto (1902-1992)
À época de Faustino, o catedrático era o professor Antônio Austregésilo, que no entanto
tinha dificuldades para dedicação total de seu tempo à faculdade por suas atividades
também no poder.
“Faustino Esposel foi o professor substituto, seu interino nas vacâncias por conta do
assento do mestre no Congresso Nacional como deputado por Pernambuco.”
“Antônio Austregésilo convocou o Professor Faustino Esposel, seu substituto, e pediu-
lhe que escolhesse, imediatamente, um cirurgião com capacidade para o começo da
Neurocirurgia brasileira.”
Além disso, Esposel descobriu um sinal em Semiologia médica (usado no exame dos
pacientes) que leva seu nome.
Fonte: http://www.grupodosoito.com.br/subpaginas/faustino.htm
Artigos
Por mais que as pesquisas com as células-tronco sejam a esperança de muitas criaturas
sofredoras, como recentemente argumentado por Nunes Filho [8], o Espiritismo não
sustenta a utilização dos embriões congelados nessas pesquisas, conforme a citação dos
Direitos do Embrião [7], e mencionado por outros companheiros espíritas [9].
Temos em Missionários da Luz [10], de André Luiz, um exemplo de descrição (cap. 13)
do processo de reencarnação de Segismundo. Segundo André Luiz, “... o elemento
(espermatozóide) vitorioso prosseguiu a marcha, depois de atravessar a periferia do
óvulo, gastando pouco mais quatro minutos para alcançar o seu núcleo.” Após observar
que o instrutor se manteve em serviço de divisão da cromatina, André Luiz relata que
ele ajustou a forma previamente reduzida de Segismundo sobre o embrião recém
formado observando que “essa vida latente começou a movimentar-se.” A informação
que nos interessa é a afirmativa de André Luiz de que “Havia decorrido precisamente
um quarto de hora, a contar do instante em que o elemento ativo (espermatozóide)
ganhara o núcleo do óvulo passivo.” (Grifos em negrito nossos). Na falta de outras
referências, o valor de 15 minutos pode ser tomado como típico no processo de ligação
do espírito à célula-ovo.
Nas clínicas e hospitais que trabalham com inseminação artificial, os embriões são
congelados quando atingem 2 a 8 dias de idade, quando já se iniciou o processo de
divisão celular [4]. Portanto, não há dúvidas de que um embrião formado in vitro, para o
qual um espírito foi destinado ou atraído, a ligação entre ambos já existe no momento
do congelamento. Sabendo do fato de que uma percentagem significativa de embriões
não sobrevive ao processo de congelamento e posterior descongelamento, questionamos
o uso do método de criopreservação, sugerindo um novo ítem para os Direitos do
Embrião: que ele não seja congelado. Isso implicaria em modificação dos métodos
oferecidos para os casais com problemas de fertilização pois o ideal seria que nenhum
embrião fosse congelado. Isso certamente encarecerá o processo, mas estamos falando
de vidas humanas e de espíritos que por serem nossos irmãos, merecem todo nosso
esforço e respeito. Vale aqui, lembrar que existe uma outra alternativa para a obtenção
de células-tronco de origem embrionária sem a necessidade de destruir o embrião. Foi
ao ar no dia 14 de janeiro de 2005, no programa Globo Reporter, uma reportagem sobre
células-tronco em que uma pesquisadora da Universidade Tufts, em Boston, descobriu
que os fetos em desenvolvimento no útero de sua mãe fornecem células-tronco quando
algum tecido ou órgão materno está lesado [11]. As células-tronco provindas do feto
podem ser extraídas da corrente sanguínea da mãe, reproduzidas em laboratório e
testadas quanto ao seu potencial terapêutico sem prejuízo algum tanto para mãe quanto
para o feto [11]. Essa alternativa evitaria o sacrifício de embriões e as controvérsias em
torno do assunto.
Em resposta à questão 345 de O Livro dos Espíritos [2], os espíritos dizem que “(...)
Mas, como os laços que ao corpo o prendem são ainda muito fracos, facilmente se
rompem e podem romper-se por vontade do Espírito, se este recua diante da prova que
escolheu.” Isso significa que nenhum espírito está, a priori, condenado a permanecer
ligado a um embrião congelado por tempo indeterminado. Se ele desejar, e tiver
condições espirituais, poderá desligar-se do embrião que, então, passará a ser apenas um
amontoado de células. Mas esta atitude, que não o isenta da responsabilidade pela
decisão tomada, não garante que todos os embriões que são congelados por um período
de tempo longo não possuam espíritos ligados. O caso que motivou o título deste artigo
é um fato que demonstra isso.
Referencias
Artigos
Sem preconceitos
Roy e Silo, dois pingüins nativos da Antártida, se encontraram, em 1998, num tanque
do zoológico Central Park, em Nova York. Tão logo se viram, começaram a se exibir
um para o outro. Primeiro se empoleiraram numas pedras, de onde mergulhavam na
água. Depois se aproximaram, enroscaram os pescoços, emitiram grunhidos e
acasalaram. Por fim, construíram um ninho e, juntos, esperaram pelo ovo que nunca
viria: afinal, ambos são machos.
Os pesquisadores estão descobrindo que este tipo de casal, constituído por indivíduos do
mesmo sexo, é surpreendentemente comum no reino animal. Roy e Silo pertencem a
uma das cerca de 1.500 espécies de animais já observadas, em que há evidências de
homossexualidade, seja no ambiente selvagem, seja em cativeiro. Alguns estudos
indicam ainda que essas relações podem acontecer tanto entre machos, como entre
fêmeas, jovens e idosos, espécies de hábitos solitários ou sociais, e em todos os níveis
da escala evolutiva animal: de insetos a mamíferos.
Mas, ao contrário do que fazemos em relação às pessoas, não podemos dizer com
certeza que esses bichos são gays, pois um animal que participa de uma prática
homossexual não necessariamente evita relações heterossexuais. Tudo indica, aliás, que
relações entre indivíduos do mesmo sexo sejam algo esperado na vida em sociedade de
várias espécies, embora não haja sujeitos estritamente gays. Muitos deles poderiam ser
classificados, portanto, como bissexuais. “Para os animais não existe identidade sexual.
Eles só se importam com o sexo”, diz o sociólogo Eric Anderson da Universidade de
Bath, Reino Unido.
FALTA DE OPÇÃO
No livro Bonobo – The forgotten ape, o primatólogo Frans de Waal conta que quando
uma fêmea ataca uma jovem e a mãe desta última vem em sua defesa, o problema pode
ser resolvido por intenso esfregamento de genitais entre as duas adultas. De Waal
observou centenas de casos como esse, sugerindo que relações homossexuais sejam
uma estratégia geral para manter a paz. “Quanto mais comum a prática homossexual,
mais pacífica é a espécie”, afirma o biólogo Petter Bockman, do Museu de História
Natural da Universidade de Oslo, Noruega. “Os bonobos, por exemplo, são muito
pacíficos”, sustenta. Tais atos parecem ser tão essenciais para a socialização dos
bonobos que constituem um rito de passagem das jovens fêmeas para a idade adulta.
Esses animais vivem em grupos de cerca de 60 indivíduos, num sistema matriarcal. As
fêmeas deixam o clã durante a adolescência e são admitidas em outro, onde são
cuidadas por fêmeas com quem têm encontros sexuais. Esses comportamentos criam
laços sociais e dão às novatas benefícios como proteção e comida.
CASOS DE POLIGAMIA
Tais arranjos apontam para a vantagem adaptativa dos relacionamentos sociais estáveis,
qualquer que seja seu tipo. A pesquisadora Joan E. Roughgarden, da Universidade
Stanford, acredita que os biólogos evolutivos costumam aderir com excessivo
entusiasmo à teoria da seleção sexual de Darwin, ignorando a importância de laços e
amizades para as sociedades animais e a sobrevivência de seus filhotes. “Darwin
igualava a reprodução a encontrar um companheiro, em vez de prestar atenção em como
a prole é cuidada”, diz a bióloga.
Proteger os filhotes, criar laços sociais e evitar conflitos, porém, podem não ser os
únicos motivos pelos quais os animais se engajam em relações homossexuais. Talvez
muitos deles façam isso apenas “porque querem”, diz Bockman. “As pessoas vêem os
animais como robôs que se comportam como os genes mandam, mas eles também têm
preferências, e reagem de acordo com elas.”
Um estudo recente indica que o comportamento homossexual pode ser tão comum
porque tem sua raiz no cérebro do animal. Bem, pelo menos no caso das moscas-das-
frutas. Em artigo publicado no início de 2008 na Nature Neuroscience, o neurocientista
David E. Featherstone, da Universidade de Illinois, Chicago, descobriu que podia
manipular a orientação sexual desses insetos por meio do gene responsável por uma
proteína que regula a comunicação entre neurônios que secretam o neurotransmissor
glutamato.
Os machos que carregavam uma determinada variante desse gene eram atraídos de
maneira atípica pelos sinais químicos exalados por outros machos. Como resultado,
esses mutantes cortejaram os machos e tentaram copular com eles. A descoberta sugere
que moscas-de-fruta selvagens podem ter tendências tanto para o comportamento
heterossexual como o homossexual, afirmam os autores. Essa arquitetura cerebral talvez
permita que a atração pelo mesmo sexo venha à tona com mais facilidade, apoiando a
noção de que é capaz de conferir uma vantagem evolutiva em determinadas
circunstâncias.
Phillips acredita que as fêmeas agiam dessa maneira em parte por causa do stress. A
falta de machos provavelmente é um dos principais fatores estressantes, segundo o
veterinário. Quando as fêmeas de coala estão no cio, seus ovários liberam o hormônio
sexual estrogênio, que ativa o comportamento de acasalamento – quer os machos
estejam presentes ou não. Esse ímpeto de copular, mesmo com uma parceira, pode ser
adaptativo. “Esse comportamento preserva a função sexual, permitindo ao animal
manter seu preparo físico reprodutivo e o interesse na atividade sexual”, diz Phillips.
Nos machos, esse benefício é ainda mais óbvio: o comportamento homossexual
estimula a produção contínua de fluido seminal.
COESÃO DA EQUIPE
A cópula homossexual é bem mais rara em rebanhos selvagens, afirma Phillips, baseado
numa pesquisa com gauros (espécie de boi selvagem asiático) na Malásia.
Tanto o stress como a maior disponibilidade também de parceiros do mesmo sexo são
fatores que aumentam as relações homossexuais entre seres humanos quando restritos a
lugares como quartéis, prisões e ambientes esportivos. Um estudo publicado em 2008
no periódico Sex Roles mostrou que de 40% a 49% de ex-jogadores de futebol
americano heterossexuais tiveram ao menos uma relação homossexual, o que pode ter
incluído beijos, sexo oral ou encontros a três (com mais uma mulher). “A
homossexualidade parece aumentar a coesão dessas equipes”, afirma Anderson.
Nas últimas décadas, vários zoológicos do mundo estão tentando minimizar o stress do
cativeiro tornando as áreas cercadas mais parecidas com os habitats naturais das
espécies. Há 50 anos, os animais viviam em jaulas sufocantes, mas desde os anos 70
esses ambientes vêm mudando, as grades vêm sendo evitadas, plantas fazem parte dos
espaços, hoje mais amplos e hospitaleiros pesquisadores esperam que essas melhorias
afetem o comportamento dos animais, tornando-o mais parecido com o que ocorre na
natureza. Um possível sinal das condições menos estressantes pode ser uma taxa de
homossexualidade mais semelhante à dos membros selvagens da mesma espécie.
CONCEITOS-CHAVE
Em algumas espécies, a união homossexual parece ser mais freqüente entre animais em
cativeiro do que nos de vida livre. Pesquisadores acreditam que esse comportamento
seja uma resposta ao stress causado pelos ambientes restritos e pela escassez de
parceiros do sexo oposto.
Para os animais, participar de atos homossexuais pode ser uma forma de obter apoio
do(a) companheiro(a) mais forte e de manter a fecundidade enquanto faltarem parceiros
para relações heterossexuais.
Muitas vezes os profissionais que trabalham em zoológicos não sabem como reagir ao
observar o comportamento homossexual dos animais. Em 2005, funcionários do
Zoológico do Mar, em Bremerhaven, Alemanha, descobriram que três de seus cinco
casais de pingüins Humboldt eram formados por indivíduos do mesmo sexo. Por se
tratar de uma espécie em extinção, apressaram-se em trazer quatro fêmeas da Suécia, o
que causou fúria em grupos de gays e lésbicas de todo mundo. Numa carta para o
prefeito de Bremerhaven, Jorg Schulz, ativistas europeus protestaram contra o que
chamaram de “assédio organizado e forçado por meio de fêmeas sedutoras”.
Os machos, porém, ignoraram a chegada das jovens suecas. “Eles nem sequer olharam
para elas”, disse o diretor do zoológico, Heike Kiick, à revista alemã Der Spiegel. A
solução foi trazer outros machos para fazer companhia às fêmeas solitárias.
http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/sem_preconceitos.html
Artigos
A PEDAGOGIA E A REENCARNAÇÃO
Das ciências ditas gregas da área filosófica, sem dúvida, a Pedagogia – Ciência da
Educação – na preocupação fundamental de instruir a criança (inicialmente) e educá-la
para a vida, nunca se preocupou, através de seus educadores, com o problema
reencarnatório de cada um, tendo em vista que ele, além de ter péssima aceitação,
estaria contrariando as crenças de um modo geral, afinal, este seria um assunto
exclusivo diretamente ligado às religiosidades.
Todavia, muita coisa há que se considerar em relação à forma de educação que se deva
dar a cada um, se levarmos em conta a personalidade e o conceito do processo
reencarnatório, hoje em dia aceito por correntes científicas que se baseiam numa lei
física que nos diz que “todo fenômeno é repetitivo” e que “todo agente capaz de realizar
determinado fenômeno, é capaz de reproduzi-lo tantas vezes quantas necessárias”.
Ora, posto isso, já não mais se trata de crença, mas de fenomenologia do domínio físico
depois que a Ciência estabeleceu que “a energia fundamental cósmica por si só não
pode se alterar” – sem dúvida, uma afirmativa a favor da possível existência do Espírito
ou agente estruturador (como dizem) – algo há que atua nos seres biológicos para dar-
lhes a vida.
Mas só em 1909 é que ela ousou publicar seu primeiro trabalho neste campo, admitindo
que a educação dependia do conhecimento científico do dito educando.
Foi outro médico, porém belga, Ovide Decroly que, em 1921 acabou se tornando o
pioneiro da “Educação Nova”, baseada nos centros de interesse e das necessidades
fundamentais da educação infantil. Foi ele que instituiu os jogos educativos e as
atividades naturais – no caso, trabalhos manuais, etc. – como forma de interesse
educacional de grande importância.
Outro grande destaque da pedagogia foi Rudolf Steiner, nascido na Áustria e educado
na Croácia; inicialmente, preocupado com a Metafísica, dedicou-se ao estudo da
Teosofia elaborando um trabalho – Antroposofia (Teosofia humana) -, acabou por se
instalar na Suíça onde se separou dos teósofos para se dedicar à nova forma de
educação, fundando a Escola Waldort em Studgart, cidade alemã de Baaden. Com a sua
formação teosófica, foi o primeiro a registrar seus estudos pedagógicos voltados à idéia
da formação espiritual de cada um. Juntou sua sociedade antroposófica à formação
educacional da criança na sua nova vida.
Leia-se aí “reencarnação”.
A didática, todavia, registra mas não esclarece o motivo pelo qual cada criança, cada
estudante tem sua própria reação ao ensino, alguns mostrando conhecimento
injustificado pelo que já aprendera nesta vida, outros tendo enorme dificuldades em
conseguir entender o que lhe seja ensinado.
Em conclusão: se o ensino visasse a uma aprendizagem onde fosse ensinado que nossos
atos atuais e nossos conhecimentos nos projetariam a outras vidas futuras, quem o
compreendesse, certamente, sentiria a necessidade de melhor aprender para que seu
processo de evolução através de vidas futuras fosse bem mais rápido.
Quem se conscientiza de que nossos atos atuais irão se refletir na encarnação seguinte,
evidentemente, envidará esforços para aprender e o educador, tendo esta mesma
compreensão, provavelmente, entenderá o porquê do comportamento de seus alunos na
vida presente, procurando pesquisá-lo em decorrência de vidas passadas.
Ou será que tudo isso é pura ilusão?
Portal do Espírito
http://aeradoespirito.sites.uol.com.br/
Niterói
Abril de 2009
Sumário
1. APRESENTAÇÃO
2. O PERISPÍRITO
6. OS CENTROS DE FORÇA
6. A AURA
8. PERISPÍRITO E O MECANISMO DO PASSE
9. REFERÊNCIAS
1. APRESENTAÇÃO
O seu ponto de partida foi a pesquisa realizada sobre o perispírito para o estudo ocorrido
no dia 24 de março de 2007 para os membros da Décima Primeira Reunião Mediúnica
do Grupo Espírita Leôncio de Albuquerque.
Todavia, diante do novo escopo e das imperfeições verificadas no material primitivo,
parágrafos foram acrescentados, outros reescritos, sem contar a modificação promovida
na estrutura do texto original, tudo isso auxiliado pela bibliografia indicada pela
Coordenação responsável pelo ciclo de passe e mediunidade em questão.
A pesquisa continua não primando pelo aprofundamento de diversos temas até mesmo
porque faltaria ao seu autor conhecimento e capacidade para tanto.
2. O PERISPÍRITO.
2.1 – O que é perispírito?
É bom notar que peri é um prefixo grego com significado de em torno de. Com isso,
tem-se: PERI (em torno de) + ESPÍRITO = PERISPÍRITO, isto é, envoltório do
espírito.
A editora Casa dos Espíritos, em nota de rodapé do livro Medicina da Alma (p. 95), de
Joseph Gleber, informou que esse corpo fluídico do Espírito também é chamado de
psicossoma, corpo espiritual e corpo astral. Jacob Melo acrescenta os seguintes nomes:
“Modelo Organizador Biológico ou Campo Bioplasmático”(2004, p. 45).
Qualquer que seja o grau em que se encontre, o Espírito está sempre revestido de um
envoltório, ou perispírito, cuja natureza se eteriza, à medida que ele se depura e eleva
na hierarquia espiritual. (2004, p.87).
Esses Espíritos, que perdem a forma perispiritual em razão da densidade dos seus
pensamentos infelizes, conforme narrado por André Luiz na obra em comento,
assumem os contornos de “pequenas esferas ovóides, cada uma das quais pouco maior
que um crânio humano”(2004, p. 104).
A narrativa de André Luiz na obra em questão é clara em afirmar que o espírito pode
perder o seu perispírito em razão de agigantados méritos na seara do bem. Contudo, não
é clara em relação à possibilidade de perda do perispírito em virtude de um nefasto
monoideísmo, pois, ao tratar dessa situação, fala em perda da forma perispiritual e não
na perda do perispírito
Desse modo, sem perispírito, o Espírito em estágio nas zonas de sofrimento não
assumiria a forma de ovóide. Expandiria indefinidamente, assumindo aspecto de uma
estrutura completamente amorfa, quiçá, abstrata, fora da realidade material até agora
conhecida pelas hostes espíritas.
Com relação à segunda morte dos Espíritos purificados, há também uma hipótese. A
rigor, não haveria perda do perispírito. Haveria, sim, com o avanço do Espírito na
hierarquia espiritual, uma sublimação tão profunda no psicossoma que acabaria, no final
das contas, equivalendo a uma situação bem próxima à da sua própria perda.
Isso porque:
Daí em se falar na perda do perispírito para os Espíritos de escol, que nada mais é do
que um avançado estágio de sublimação desse envoltório.
As hipóteses aqui levantadas são consentâneas com as lições de Allan Kardec (2005b),
que revelam a necessidade do Espírito se revestir do psicossoma para configurar um ser
concreto, definido, apreensível pelo pensamento, porquanto a sua essência espiritual o
faz um ente indefinido e abstrato.
Ademais, sem definição, e, por conseguinte, sem qualquer limitação, o Espírito galgaria
a infinitude, assimilando, por assim dizer, um dos atributos de Deus (2005a). E como
não pode a criatura adquirir um dos atributos do Criador, sob pena de revelar uma
contradição em termos, capaz, inclusive, de negar a própria existência de Deus e, por
conseguinte, a existência de sua criação, há de se reconhecer no Espírito a sua
indissociabilidade com o perispírito.
Não há dúvida, portanto, que a mudança do perispírito está ligado não só ao fluido
cósmico do globo como também à faixa evolutiva do Espírito.
Joanna de Angelis (2002) informa que o perispírito é constituído por trilhões de corpos
unicelulares rarefeitos, muito sensíveis, que imprimem nos genes e nos cromossomos do
corpo físico as características necessárias das futuras reencarnações.
Cabe destacar que os distúrbios nervosos, as distonias morais e as tendências – tudo isso
fruto de quedas e conquistas - acompanham o Espírito nas suas sucessivas
reencarnações porque, fazendo uso das palavras de Léon Denis (2004, p. 45):
Em seu Ensaio Teórico da Sensação nos Espíritos, que consta como Questão 257 do
Livro dos Espíritos (2005a), Allan Kardec esclarece que o perispírito, para o encarnado,
funciona como intermediário entre o Espírito e o corpo, transmitindo as sensações deste
para aquele e a vontade daquele sobre este.
Aprofundando os estudos iniciados por Allan Kardec, Jacob Melo ensina que:
Por todos os seus atributos, pelas ligações célula a célula, conduzindo para a carne os
impulsos internos da alma e para esta as reações nervosas do corpo físico, o perispírito
presta-se como veículo imprescindível para ajudar na exteriorização da mediunidade,
nos parâmetros da Terra. É pela intermediação do perispírito, que os mais variados
fenômenos da mediunidade se mostram, empolgantes uns, intrigantes outros,
importantes todos.
A figura que segue, trazida do material utilizado por Jacob Melo na palestra já citada,
permite visualizar a atuação do Princípio Inteligente sobre o campo vital:
Figura 1 – Campo Vital e Princípio Inteligente
Fonte:http://www.feig.org.br/doutrinario/eventojacob2.htm
esse envoltório do Espírito não encontra barreiras materiais que não possa
ultrapassar, adentrando, assim, ambientes hermeticamente vedados, e pela mesma
razão, é atravessado sem dificuldades quaisquer em sua estrutura, pelos corpos
materiais.
o perispírito não deixa de ser uma espécie de matéria, o que decorre do fato das
aparições tangíveis, a que volveremos. (...)A tangibilidade que revelam, a temperatura,
a impressão, em suma, que causam aos sentidos, porquanto se há verificado que
deixam marcas na pele, que dão pancadas dolorosas, que acariciam delicadamente,
provam que são de uma matéria qualquer. (2004, p. 89)
Fig. 1.b - foto de Nedyr Mendes da Rocha, foi tirada na presença de equipe médica.
Fonte: http://www.ipepe.com.br/materializacao.html
2.5.4. Plasticidade.
Além dessas propriedades, merece menção uma outra, lembrada por Aluney Elferr
Albuquerque Silva em texto disponibilizado na rede mundial de computadores:
plasticidade. Segundo se sabe, “o perispírito se dilata ou contrai, se transforma: presta-
se, numa palavra, a todas as metamorfoses, de acordo com a vontade que sobre ele atua”
(Kardec, 2004, p. 88).
Figura 3 – Zoantropia
Fonte: A Reencarnação nº 425, p. 10
Conforme lembra Cícero Marcos Teixeira, no seu artigo “O que é obsessão?”, publicado
na revista A Reencarnação nº 425, “Casos de zoantropia ou comportamento semelhante
a animais, pode ter origem em processos obsessivos” (p. 10). Nesses casos, “a ação
hipnótica exercida pelo agente obsessor é de tal intensidade e extensão que bloqueia a
vontade do obsidiado, submetendo-o a doloroso processo de auto-condicionamento
mental-afetivo”. (p. 9).
No livro Libertação, André Luiz narra um caso de ação hipnótica com a finalidade de
transformar a vítima em uma criatura bestializada.
Em uma cidade localizada nos domínios das trevas, conta André Luiz (2004) que
testemunhou um estranho cerimonial. Funcionários trajados à moda dos lictores da
Roma antiga, carregando a simbólica machadinha (fasces) ao ombro, avançavam,
ladeados por servidores que sobraçavam grandes tochas a lhes clarearem o caminho.
Atrás vinham sete andores, sustentados por dignatários diversos, trazendo os juízes.
Em seguida, fixando sobre ela as irradiações que lhe emanavam do temível olhar,
asseverou peremptório:
- A sentença foi lavrada por si mesma! não passa de uma loba, de uma loba, de uma
loba...
Essa sentença foi aplicada a uma mulher que, quando encarnada, havia matado quatro
filhos em tenra idade.
No entanto, não se pode asseverar que todos os casos em que o Espírito assume a forma
animalesca estejam necessariamente associados à obsessão. Luiz Gonzaga Pinheiro, no
seu livro Diário de um Doutrinador, narrou o seguinte episódio:
Nota-se que o Espírito também pode assumir uma forma monstruosa com o intuito
único de amendrontar determinada pessoa, encarnada ou mesmo desencarnada.
Confirma esse entendimento a seguinte resposta dada pela espiritualidade à Questão 95
do Livro dos Espíritos (2005a, p. 116):
Tem a forma que o Espírito queira. É assim que este vos aparece algumas vezes, quer
em sonho, quer no estado de vigília, e que pode tomar forma visível, mesmo palpável.
3. O CORDÃO FLUÍDICO
Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço
fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que
o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o
gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vito-material do
gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a
molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio
do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na
terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união;
nasce então o ser para a vida exterior (2005b, p. 273).
Dessa lição apreende-se que o cordão fluídico é responsável pela união, molécula a
molécula, do perispírito com o corpo físico desde o momento da sua concepção. Em
outras palavras: “O cordão fluídico é elo fundamental entre corpo físico e o perispírito.”
(Gurgel, 2005, p. 91)
o cordão é apenas uma ligação energética, uma vibração que opera dentro de uma
faixa de onda especifica que liga o corpo perispiritual a físico e não uma extensão de
um ou de outro. É um campo magnético e não, uma estrutura substancial.” (2004b, p.
219-220)
Com base nesse raciocínio, Hermínio consigna o seu entendimento de que o cordão
fluídico, em verdade, constitui um campo magnético que liga o perispírito ao corpo
(2004b).
a “substância” do cordão precisa realmente ser mais tênue, não só porque tem uma
capacidade quase ilimitada de expansão, ou melhor, de elasticidade, como também
porque constituiria insuperável obstáculo ao deslocamento do perispírito no plano
espiritual, se pudesse ser livremente manipulado como o fio de uma tomada
elétrica.(2004b, p.220)
4. O PRINCÍPIO VITAL
Esclarece o próprio Allan Kardec na Questão 67 do Livro dos Espíritos (2005a, p.103):
O princípio vital é a força motriz dos corpos orgânicos. Ao mesmo tempo que o agente
vital dá impulsão aos órgãos, a ação destes entretém e desenvolve a atividade daquele
agente, quase como sucede com o atrito, que desenvolve o calor.
Segundo Luiz Carlos de M. Gurgel (2005), o fluido vital, também denominado princípio
vital, é o elemento básico da vida, oriundo da modificação do fluido cósmico universal.
O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior porção
pode dá-lo a um que o tenha de menos e em certos casos prolongar a vida prestes a
extinguir-se.
5. O DUPLO ETÉRICO
O duplo etérico é um corpo fluídico que se revela como uma duplicata energértica do
indivíduo, interpenetrando e emergindo, simultaneamente, do seu corpo físico. (Gurgel,
2005).
A Equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda (2006) aduz que o duplo etérico,
também chamado de corpo vital, decorre de uma objetivação do princípio vital e tem
por função assegurar o equilíbrio entre o Espírito e o corpo.
No ser humano, o duplo etérico constitui a parte mais eterizada, ou menos grosseira, do
corpo físico. Em sua constituição íntima encontra-se, além das substâncias físicas
comuns, em vibração ligeiramente diferente, grande quantidade de ectoplasma como
sendo a essência básica dessa contraparte etérica do corpo humano, cuja razão de ser
está na distribuição equilibrada das energias provenientes do grande reservatório
cósmico universal e sua transformação em fluido vital, encarregando-se de irrigar toda
a comunidade orgânica do aparato fisiológico humano.” (2004, p.43)
Luiz Carlos de M. Gurgel (2005) explica que o duplo etérico é a principal fonte de
componente fluídico das criações mentais, que, ao adquirirem uma espécie de “vida
própria”, ficam ao “sabor das forças de atração e repulsão que regem os deslocamentos
dos fluidos” (p.88). É constituído por substâncias eterizadas do mundo terreno, muito
mais grosseiras do que o fluido cósmico universal (Gleber, 2004).
Possui também o duplo etérico a função conferir suporte, quando exteriorizado pelos
respectivos médiuns, à materialização de Espíritos desencarnados. (Gleber, 2004).
O duplo etérico funciona como manto protetor natural do encarnado, impedindo o seu
contato com o mundo astral, protegendo-o das investidas de maior intensidade dos
habitantes menos esclarecidos do mundo espiritual (Gleber, 2004).
Todo ser vivo, por meio do seu duplo etérico, mantém-se em relação direta com os
outros elementos da grande família universal, através dos campos de energia que se
interligam em toda a natureza. Vindas de várias dimensões do universo, as energias do
plano etérico da criação participam da formação e do equilíbrio do homem, ligando-o
etericamente com os animais, vegetais e minerais, na troca incessante de recursos
presentes na criação. (2004, p. 47).
O duplo etérico tem por estrutura uma delicada rede de filamentos ou canais
energéticos, que é responsável pela interação entre os seus diversos chacras. E essa
interação só é possível porque esses filamentos – chamados de nadis pelos indianos -
funcionam como canais, permitindo a circulação de energias etéricas e do fluido
vitalizante que irrigam os órgãos do corpo físico (Gleber, 2004, p. 50-51).
Os nadis são muitas vezes obstruídos ou destruídos pelo uso de elementos tóxicos e
venenosos, o que prejudica diretamente o próprio o duplo etérico. (Gleber, p. 51)
De fato:
Por fim, sobre o duplo etérico, merece ser dito que também recebe o nome de corpo
vital, apresentando-se à visão do médium clarividente com a aparência de dois pólos
energéticos, o negativo e o positivo, o yin e o yang da ciência oriental, e que a sua
constituição de natureza radioativa é responsável pelo efeito eletromagnético observado
nas fotografias Kirlian, ou eletrofotografias. (Gleber, 2004).
6. OS CENTROS DE FORÇA
Figura 6 – Chakras e suas relações
Fonte: http://www.direitosocial.com.br/desenv_humano.htm
Conforme explica Jacob Melo, os “centros vitais têm sido apresentados como em forma
de cones abaulados, com o vórtice apontado para baixo. (2004, p. 52)
A figura abaixo, extraída do multicipado slide utilizado por Jacob Melo, fornece uma
idéia bem próxima do formato de um chacra.
Com base na explicação prestada pelo próprio Jacob Melo, na página 51 do seu Manual
do Passista, conclui-se que a figura, apesar do empregar o nome de campo vital, está
representando um centro vital.
A função dos chacras é a de realizar e manter as transferências das energias vindas dos
diversos reinos da natureza, desde as energias cósmicas até as ambientais,
contribuindo para a integração do espírito com os seus veículos de manifestação: o
perispírito e corpo físico. (Gleber, 2004, p.64)
Jacob Melo (2004) informa que o Espiritismo foca a sua atenção para os sete principais
chacras, malgrado haver inclusive aqueles relacionados a cada célula, molécula etc.
Ocorre que Luiz Carlos de M. Gurgel atribui outra disposição. Segundo esse autor, o
esplênico situa-se entre o cardíaco e o gástrico, conforme esta outra representação:
Há, como tudo indica, uma inconciliável divergência, com séria conseqüência prática,
porquanto se refere à posição de um importante chacra.
Conforme Jacob Melo (2004), o esplênico situa-se em uma região sobre o baço.
Portanto, a descoberta da localização desse órgão constitui a pedra de toque para
solução desse conflito.
Cotejando a informação prestada pelo próprio Jacob Melo sobre a localização do baço
com a figura 10, poder-se-ia chegar à conclusão de que a disposição correta dos chacras
é exatamente a fornecida pela figura 9.
Como se nota, Jacob Melo não só revelou profunda erudição no trato do tema como
também respeito por aqueles que o procuram para sanar dúvidas.
O Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo desenvolveu o interessante
texto “Os Centros de Força e a Glândula Pineal”, que serviu de base para a construção
do seguinte quadro:
Jacob Melo (2004) fala ainda do centro umeral, situado nas costas, na região
compreendida entre a nuca e as omoplatas, que possui importante papel nos fenômenos
de psicofonia, atuando também sobre grande parte do sistema nervoso, quer na parte
motriz, quer na parte sensitiva.
7. A AURA
Explica ainda que por meio de sua textura, cores e formato, representa a ficha de
identificação de cada ser, pois ali estão assinalados o estágio moral, o emocional, a
saúde e a doença, revelando as nossas conquistas e misérias.
Ainda sobre a aura, oportunas são as seguintes palavras James Van Praagh:
Pense na aura como uma casca reluzente de vidro que cerca seu corpo. Desde o
momento da sua concepção até o fim de sua encarnação física, sua aura acumula cada
pensamento, palavra, sentimento e ato de sua vida. Assim como a chuva, a terra e a
poeira revestem uma superfície de vidro, sua aura é coberta por pedaços de anos de
experiência de vida.(2003, p.48).
Com base nisso, Roque Jacintho (2006) afirma que o passe é uma transfusão dirigida de
fluidos, uma permuta de perispírito para perispírito, muito semelhante à do sangue, e
que foi incorporado pelos templos espíritas como recurso fundamental para
rearmonização do perispírito no curso das diversas provas e expiações e para tratamento
das mais variadas enfermidades da alma e do corpo.
Também afirmou que:
Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos fluidos espirituais, ele os
assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Esses fluidos
exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais direta, quanto, por sua expansão e
sua irradiação, o perispírito com eles se confunde. (2005b, p. 364-365)
E mais:
Por atuar diretamente sobre o perispírito, ou seja, sobre a matriz onde se funde o nosso
organismo físico e, por conseguinte, onde se localizam as raízes profundas de nossos
distúrbios somáticos, é o passe o mais importante elemento para promoção do
equilíbrio perdido ou ainda não conquistado, sempre que todo e qualquer desajuste se
instale ou se revele. (Jacintho, 2006, p.14)
Na criatura de fé, no momento em que recebe o passe, a sua mente e o seu coração
funcionam à maneira de poderoso imã, atraindo e aglutinando as forças curativas.
3º pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veículo
para esse derramamento. É o magnetismo misto, semi-espiritual, ou, se o preferirem,
humano-espiritual. Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime
qualidades de que ele carece. Em tais circunstâncias, o concurso dos Espíritos é
amiúde espontâneo, porém, as mais das vezes, provocado por um apelo do
magnetizador. (2005b, p.377)
É de ressaltar que Allan Kardec chama de magnetizador aquele que hoje é chamado de
passista.
Jacob Melo (2004) informa que os passistas espirituais costumam registrar um leve e
agradável rocio no alto da cabeça e percebem uma circulação de sutil vibração e uma
benfazeja sensação invadindo o seu organismo e saindo pelos braços, em direção às
mãos, que se derrama sobre o paciente, não havendo no final do passe qualquer
sensação desgradável de fadiga, irritação ou cansaço.
9. REFERÊNCIAS
__________________A epífese e os centros de energia vital. Disponível em:
<http://www.mkow.com.br/apostilas/unid50.htm>. Acesso em 20 mar. 2004.
Camilo; [psicografado por] José Raul Teixeira. Correnteza de luz. Niterói, RJ: Fráter
Livros Espíritas, 1991.
Denis, Leon. O porquê da vida: solução racional do problema da existência: que somos,
de onde viemos, para onde vamos. 21. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira,
2004.
Equipe do Projeto Manoel P. de Miranda. Terapia pelos passes. 7ª ed. Salvador: Livraria
Espírita Alvorada Editora. 2006.
Gleber, Joseph; [psicografado por] Santos, Robson Pinheiro. Medicina da alma. 1ª ed.
Contagem:Casa dos Espíritos Editora, 1997. 272 p.
Gurgel, Luiz Carlos de Melo. O passe espírita. 4.ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita
Brasileira. 205. 160p.
Jacintho, Roque. Passe e passita. 16. ed. São Paulo: Van Moorsel, Andrade e Cia, 2006.
____________. O livro dos médiuns, ou, guia dos médiuns e dos evocadores:
espiritismo experimental. Tradução de Guillon Ribeiro da 49. ed. francesa. Rio de
Janeiro: Federação Espírita Brasileira. 2004. 580p.
Luiz, André; [psicografado por] Xavier, Francisco Cândido. Libertação. 27 ed. Rio de
Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2004. 328 p.
Van Praagh, James. O despertar da intuição: desenvolvendo seu sexto sentido. Tradução
de Ebréia de Castro Alves. Rio de Janeiro: Sextante. 2003.
Artigos
Todos nós sabemos da necessidade do sono para o refazimento do nosso organismo
físico. No entanto, é preciso que se atente para o fato, de que nem sempre nos é
adequado fazer uso dessa bênção para nos restabelecer o equilíbrio, havendo mesmo
ocasiões em que ele pode até se tornar fatal para nossas vidas.
Há momentos em que não se pode admitir que alguém possa estar dormindo como, por
exemplo, na hora do trabalho remunerado, que pode lhe custar até mesmo a demissão
por justa causa; ou quando estiver com a responsabilidade de cuidar de uma criança; ou
ainda no trânsito ao volante de um veículo nas rodovias brasileiras, imagine um médico
dormindo ou mesmo cochilando, durante uma cirurgia delicada, etc. etc. Assim,
podemos afirmar que, “o sono exercido à hora em que se solicita a vigília, pode tornar-
se inimigo cruel e implacável”.
À hora de dormir
“O sono tem por fim dar repouso ao corpo; o Espírito, porém, não precisa de repousar.
Enquanto os sentidos físicos se acham entorpecidos, a alma se desprende, em parte, da
matéria e entra no gozo das faculdades do Espírito. O sono foi dado ao homem para
reparação das forças orgânicas e também para a das forças morais. Enquanto o corpo
recupera os elementos que perdeu por efeito da atividade da vigília, o Espírito vai
retemperar-se entre os outros Espíritos. Haure, no que vê, no que ouve e nos conselhos
que lhe dão, idéias que, ao despertar, lhe surgem em estado de intuição. É a volta
temporária do exilado à sua verdadeira pátria. É o prisioneiro restituído por momentos à
liberdade.
Mas, como se dá com o presidiário perverso, acontece que nem sempre o Espírito
aproveita dessa hora de liberdade para seu adiantamento. Se conserva instintos maus,
em vez de procurar a companhia de Espíritos bons, busca a de seus iguais e vai visitar
os lugares onde possa dar livre curso aos seus pendores.
Eleve, pois, aquele que se ache compenetrado desta verdade, o seu pensamento a Deus,
quando sinta aproximar-se o sono, e peça o conselho dos bons Espíritos e de todos cuja
memória lhe seja cara, a fim de que venham juntar-se-lhe, nos curtos instantes de
liberdade que lhe são concedidos, e, ao despertar, sentir-se-á mais forte contra o mal,
mais corajoso diante da adversidade.” ¹
Nas reuniões espíritas, sejam nas palestras, nos grupos de estudos, nas reuniões
mediúnicas, ou outra qualquer, não se pode admitir que o trabalhador espírita dê menos
importância aos labores da Seara do Mestre de Nazaré, que nos afazeres normais do seu
dia a dia, visto que, em sendo ele admitido para essas tarefas na seara da mediunidade,
acredita-se que esteja consciente de sua responsabilidade nas referidas atividades da
casa espírita que freqüenta.
Temos visto muitos companheiros, alistados nas tarefas das cassas espíritas, que são
protagonistas de situações realmente desagradáveis, por se entregarem ao sono nas
reuniões doutrinárias, que normalmente já chegam atrasados com a intenção única de
dar passes no final das palestras, para que sejam observados por todos como tarefeiros
passistas de suas instituições. Quando se vêem chamados a dar algumas explicações
sobre o sono que lhes dominam, saem com as maiores e mais absurdas desculpas tais
como:
1- Estou sendo utilizado pelos espíritos para ceder fluidos para ajuda ao orador;
2- Estou trabalhando em parcial desdobramento;
3- Alguns chegam a afirmar, que aprendem muito mais desdobrados que em vigília, etc.
Claro que esse desculpismo infundado e sem lógica doutrinária é natural naqueles que
se julgam mais sabidos que os outros, mas, que na verdade em nada condiz com alguém
que conhece os preceitos de uma doutrina clara e lógica como a nossa. Sabemos, que o
cansaço físico de um dia atribulado no trabalho profissional, aliado à falta de motivação
e a monotonia de determinados oradores, muito pode contribuir para a sonolência de
quem já tem o mau hábito de dormir nas atividades espirituais da casa espírita.
Mas, esses fatores predisponentes aqui citados, não representam a verdadeira causa do
adormecimento nesse tipo de reunião, que na sua grande maioria se processa pela
interferência de mentes viciosas do mundo espiritual inferior, que operam
magneticamente à distância, com a finalidade de não permitirem que o indivíduo
adormecido se beneficie do tema edificante da palestra.
“Sobre o assunto, vejamos o que diz o assistente “Aulus” para André Luiz: “(...) Os
expositores da boa palavra podem ser comparados a técnicos eletricistas, desligando
«tomadas mentais», através dos princípios libertadores que distribuem na esfera do
pensamento.
Irmã Zélia, também confirma a ação perniciosa dos desencarnados infelizes que se
aproveitam da invigilância de certos tarefeiros, que imprevidentes e despreparados para
os misteres da mediunidade se deixam envolver por essas influências negativas
conforme narra a Otila Gonçalves:
Dessa forma, é de suma importância que nos preparemos adequadamente, para exercer
as atividades no labor mediúnico, em nossas casas espíritas, observando alguns ensinos
ministrados pelos amigos espirituais dentre os quais destacamos:
Precisamos atentar para o fato de que, somos os únicos responsáveis pelas escolhas que
fazemos e não podemos ficar acusando este ou aquele indivíduo, ou este ou aquele
motivo para nos desculpar dos nossos insucessos perante as tarefas de cunho espiritual a
nós confiadas pela Espiritualidade Maior. Sobre esse assunto, ouçamos o que nos diz
André Luiz:
“Não acuse os Espíritos desencarnados sofredores, pelos seus fracassos na luta. Repare
o ritmo da própria vida, examine a receita e a despesa, suas ações e reações, seus modos
e atitudes, seus compromissos e determinações, e reconhecerá que você tem a situação
que procura e colhe exatamente o que semeia”. 4
Que Jesus nos guarde em sua paz, e que não sejamos nós os responsáveis pelo fracasso
das atividades de intercâmbio nas tarefas a que nos candidatamos por livre e espontânea
vontade.
Fontes:
Artigos
O médico carioca residente em Porto Alegre Dr. José Lacerda desde os anos 50, espírita
que era então, começou a realizar numa pequena sala do Hospital Espírita de Porto
Alegre chamada A Casa do Jardim, atividades mediúnicas normais. Com o tempo ele
recebeu instruções dos espíritos e realizou investigações pessoais que desaguaram em
um movimento ao qual ele deu o nome de Apometria.
Não irei entrar no mérito nem no estudo da apometria porque eu não sou apômetra, eu
sou espírita o que posso dizer é que a apometria, segundo os apômetras, não é
espiritismo. Porquanto as suas práticas estão em total desacordo com as recomendações
de O Livro dos Médiuns.
Não examinaremos aqui o mérito ou demérito porque eu não pratico a apometria, mas
segundo os livros que tem sido publicados, a apometria, segundo a presunção de alguns,
é um passo avançado do movimento Espírita no qual Allan Kardec estaria ultrapassado.
Allan Kardec foi a proposta para o século XIX e para parte do século XX e a apometria
é o degrau mais evoluído no qual Allan Kardec encontra-se totalmente ultrapassado.
Tese com a qual, na condição de espírita, eu não concordo em absoluto.
Na prática e nos métodos de libertação dos obsessores a violência que ditos métodos
apresenta, a mim, a mim pessoalmente me parecem tão chocantes que fazem recordar-
me da lei de Talião que Moises suavizou com o código legal e que Jesus sublimou
através do amor.
Ou se me mandasse numa cápsula espacial para que fosse expulso da Terra. Com qual
autoridade?
Quando Jesus disse que o seu reino é dos miseráveis.
Na parábola do Festim de Bodas, ele manda buscar os mendigos, aqueles que estão nos
lugares escabrosos já que os eleitos recusaram e mataram os seus embaixadores.
A Casa Espírita não é uma clínica alternativa, não é lugar onde toda experiência nova
vai colocada em execução.
Tenho certeza de que aqueles que adotam esses métodos novos, primeiro, não conhecem
as bases Kardequianas e ao conhecerem-nas nunca vivenciaram para terem certeza, seria
desmentir todo material revelado pelo mundo espiritual nestes 144 anos de codificação,
no Brasil e no mundo, pela mediunidade incomparável de Chico Xavier, as informações
que vieram por esse médium impar, pela notável Yvone do Amaral Pereira, por Zilda
Gama, por tantos médiuns nobres conhecidos e nobres desconhecidos no seu trabalho de
socorro.
Poderia haver alguém mais cruel do que o jovem Saulo de Tarso? Ele havia assassinado
Estevão a pedradas, havia assassinado outros, e foi a Damasco para assassinar Ananias.
Jesus não o colocou numa cápsula espacial e disparou para o infinito. Apareceu a ele!
Conquistou-o pelo amor: "Saulo, Saulo, por que me persegues?"
Pode haver maior ternura nisso?
E ele tomado de espanto perguntou: "Que é isto?" "- Eu sou Jesus, aquele a quem
persegues". E ele então caiu em sí.
Emmanuel usa esta frase: E caindo em si, quer dizer aquela capa do ego cedeu lugar ao
encontro com o ser profundo, caindo em si.
Ele despertou, e graças a ele nós conhecemos Jesus pela sua palavra, pelas suas lutas,
pelo alto preço que pagou, apedrejado várias vezes até ser considerado morto, jogado
por detrás dos muros nos lugares do lixo, dos dejetos ele foi resgatado pelos amigos e
continuou pregando.
Não entrarei no mérito dos métodos, que são bastante chocantes para a nossa
mentalidade espírita, que não admite ritual, gestual, gritaria, nem determinados
comportamentos, porque a única força é aquela que vem de dentro. Para esta classe de
espíritos são necessários jejum e oração.
INTERNET: http://use-tatuape.blogspot.com/2007/11/apometria-no-espiritismo.html
Artigos
Mas tal lacuna não desmerece de todo a obra de Mira Y López. Com
efeito, dela podemos tirar enorme proveito, sobretudo porque ele
também admite que a máxima conhece-te a ti mesmo, gravada no
frontispício do oráculo de Delfos e recomendada por Sócrates, é uma
poderosa arma para enfrentar todos aqueles gigantes do Espírito.
[1] MIRA Y LÓPEZ, Emilio. Quatro gigantes da alma: trad., ver. e pref. Por Cláudio de Araújo Lima.-
16ª ed., Rio, José Olympio, 1994, 224 p.
[2] Idem, pp. 2/3.
[3] KARDEC, Allan. Obras póstumas: trad. Guillon Ribeiro, 22ª ed., Rio, FEB, p. 225-232.
[4] KARDEC, Allan. Revista Espírita: trad. Júlio Abreu Filho, Sobradinho, EDICEL, 1859, p. 36-37,
Artigos
Logo, com as guerras santas islâmicas as Jihád, que no início do século XIX, fornecem
escravos para Salvador, que trazem para o Brasil seu espírito guerreiro, sua capacidade
de liderança e articulação, e a ideologia islâmica dos negros Haussas e Malês, que
vieram junto com os seus adversários na África, os Iôrubas e os Jejes.
Com isso, desenvolve-se uma nova movimentação cultural em Salvador, na organização
de cultos religiosos e sociedades secretas. Sendo assim, fica explicitada na composição
social do negro baiano a idéia como as dos negros islâmicos de que a função do Estado
é servir a lei divina, “implicando a conversão num projeto político de tomada de
governo”.(5)
“repelidos pêlos fulás, os negros haussas caíram sobre o grande e poderoso reino central
de Ioruba e destruíram-lhe a capital Oyó. No reinado de Arogamgam Ioruba perdeu, em
1807, a província Ilorim, cujo governador Afunjá, sobrinho do Rei, serviu-se dos
haussas para torna-se independente. Os maometanos em 1825. Queimaram vivo o
Afunjá e desde de então um rei ou governo muçulmano, Ilorim. Tornou-se pôr este
modo um centro de propaganda do islamismo nos povos Iorubanos ou nagôs”.(6)
Contudo, Haussas e Nagôs, adversários comuns na África, mas reunidos no Brasil sob a
mesma condição escrava, vão organizar uma revolta em 1809. Na expansão deste
movimento, em 1835, aconteceria a união de “oito nações contra o poder colonial”(7). É
a revolta Malê na Bahia.
“se a liderança guerreira era dos Haussas islâmicos, a vida religiosa nas cidades é
redefinida com a chegada das grandes religiões dos Iorubas, seus Orixás conquistando
os terreiros que batiam tarde da noite, disfarçados em meras reuniões festivas, mesmo
nas casas dos Bantos, os Orixás e Iorubas passam a descer junto com as suas entidades,
expressão das identidades e compatibilidades entre mística dos diversos africanos”.(8)
Verifica-se também que o culto Malê no Brasil, desenvolve-se a partir da existência das
sociedades secretas, Nagôs Ogboni, Gueledê e Egungun, importantes segmentos
organizados de mobilização política e cultural.
A partir da fundação do Candomblé do Iyá Omi Axé Airá Ontile, nas imediações da
igreja da Boa Morte, situada no Bairro da Barroquinha - BA, onde ingressam no culto
Iyá Nasô, que mais tarde torna-se Yalorixá, chefe de terreiro que, então, dá nome a uma
nova casa o Ilê Iyá Nasô, de orientação Ioruba-Nagô, situando-se mais tarde no
Engenho Velho, tornando-se assim um dos pilares da religião afro no Brasil e da sua
resistência.
Depois da segunda metade do século XIX, com as sucessões e as cisões após a morte do
chefe do terreiro, prática ancestral, fundar-se-iam outros Candomblés, como no caso do
Ilê Iyá Nasô que vai originar o Iyá Omi Axé Iyá Massê no Rio Vermelho e mais tarde o
Ilê Axé de Opô Afonja “...na sucessão de Mãe Ursolina, que Aninha filha do Bambochê
lidera”.(9)
Logo, no Brasil a identidade dos grupos negros, alicerçada a partir das relações
interétnicas e sociais, construídas no conjunto das representações conseguidas no
cotidiano das irmandades religiosas e de cultos de todas as origens, configuram-se como
elementos de integração e institucionalização desses cultos. Segundo a fonte do
ISER(10):
Logo, como podemos observar no quadro acima, a integração dos cultos e de suas
variações, apesar das diferenças de nação ou mesmo das línguas faladas nos cultos,
revelam sempre um caráter agregador dessas religiões africanas e afro-brasileiras.
Sendo assim, essas formas de núcleo vem reinventar as referências familiares e muitas
vezes o próprio laço familiar, como na própria forma de tratamento Pai, Mãe e Filha de
Santos, funcionando todavia como uma fórmula de vínculo social com uma lógica de
organização do cotidiano na construção de uma vida em comunidade, e na reinvenção
de formas, práticas de existência e resistênci a cultural e social, contra os padrões de
comportamento impostos pelo Estado, nas palavras de Kátia Matoso:
“O negro deve abdicar de certas formas de seu mundo anterior, mas sua vida nova, se
ela se integra bem pode oferecer-lhe outras riquezas e ganhos libertadores por serem
criadores de um modo novo de pensar e, sobretudo novos laços afetivos”.(11)
Com isso, a partir desse redimensionamento das relações pessoais, cria-se no meio
urbano em Salvador, não só novos cultos e novas formas religiosas, mas também um
espaço de participação, memória e cultura, na medida em que esses povos trazem na
bagagem suas crenças, símbolos, ritos e tradições além de sua visão mítica e a sua
própria História. “Sendo, portanto centrais na história subalterna do Brasil”.(12)
Existiam também outros candomblés, como o Alaketo, o Olê Ogunja e outros com
raízes de Angola, já praticados pelos grupos Bantos, chamados Candomblés de
caboclos, que já constituíam-se com um caráter mais sincrético e da anterior
miscigenação que sofrera o culto com a influência católica, sendo assim:
“O fenômeno do sincretismo é gerado pela repressão que se abatia sobre o negro e sua
cultura, no Brasil esse processo se caracteriza pelo fato de que, para superarem a
repressão religiosa, e a opressão catequética os diversos cultos negros foram
introduzindo imagens de santos católicos capazes de fazer passar ao repressor, que era o
culto a santos católicos que ali se processava...” (13)
O cenário urbano carioca dos subúrbios, além dos cortiços e favelas do centro da cidade,
propiciam a instalação desses grupos de uma maneira semelhante a que tinham em
Salvador, como no bairro do Engenho Velho, com todas as suas práticas e vivências
cotidianas como na pequena África aonde os recém chegados na cidade recebiam a
solidariedade dos já instalados.
Através de seus ritos, cultos e festas, que celebram a identidade do povo do santo e suas
particularidades na forma de organização social, podemos destacar que os elementos do
culto em geral, estavam instalados em cortiços e favelas, onde era prática comum
oferecer estadia aos que chegavam. Os problemas com a Inspetoria Geral de Higiene
eram constantes, por causa do problema da insalubridade, e com a polícia pela qual era
exercido no meio urbano o controle social a essas “classes perigosas”, que são na sua
maioria transeuntes e circulantes no meio urbano carioca com suas tradições e
incorporações de novos elementos, a partir do cotidiano das ruas e dos cortiços.
Muitos habitavam a zona portuária, no bairro da Pedra do Sal, Saúde, Gamboa, Santana,
Cidade Nova, onde a maioria estava ligado ao trabalho no porto, na estiva, no trapiche,
e no comércio ambulante. As mulheres, em geral as tias baianas trabalhavam em
atividades domésticas. Eram: lavadeiras, doceiras, costureiras “que transformavam as
habitações coletivas em verdadeiras unidades administrativas (14)’’ e etc. capitalizando
assim, várias dessas atividades, já que os empregos formais, em geral e as
oportunidades eram oferecidos a sociedade branca que já estava estabelecida.
Tinha na Pedra do Sal, lá na Saúde, ali que era uma casa de baianos e africanos, quando
chegavam da África ou da Bahia. Da casa dele se via o navio, aí já tinha o sinal que
vinha chegando gente de lá.(...) Era uma bandeira branca, sinal de Oxalá avisando que
vinha chegando gente. A casa era no morro era de um Africano, ele chamava Tia Dadá e
ele Tio Ossum, eles davam agasalho, davam tudo até a pessoa se aprumar. (...) Tinha a
primeira classe, era gente graúda, a baianada veio de qualquer maneira, a gente veio
com a nossa roupa de pobre, e cada um juntou sua trouxa: “vamos embora para o Rio,
porque lá no Rio agente vai ganhar um dinheiro, lá vai ser um lugar muito bom”.(...) Era
barato a passagem, minha filha, quando não tinha, as irmãs inteiravam para ajudar na
passagem. (15)
(Depoimento de Carmem Teixeira da Conceição, Arquivo Corisco Filmes)
Devido ao grande fluxo da corrente migratória baiana no Rio de Janeiro, no final do séc.
XIX, início do século XX, e a integração desses grupos migratórios às populações
pobres já existentes na cidade, com o seu sistema simbólico de crenças e valores,
mudam a já em mutação paisagem urbana carioca.
Com a sucessão de Mãe Sussu, do Ilê Axé Nasô, em dissidência na casa, funda-se em
São Gonçalo do Retiro (Ba) o candomblé Ilê Axé de Opô Afonja que mais tarde abre
uma casa no Rio de Janeiro, segundo depoimento de Dona Carmem citada pôr Roberto
Moura: ‘‘esse terreiro teria sido visitado diversas vezes pôr João Alabá na Bahia", o que
torna legítimo ser Ciata e sua gente baiana no Rio ligada ao tronco mais tradicional do
candomblé nagô de Salvador”.(17)
Nesse contexto, o que vemos é uma interação étnica e também religiosa dos diversos
grupos das camadas populares, decorrente de uma verdadeira solidarização na miséria,
buscando soluções próprias frente ao mundo de dificuldades, na qual as condições de
vida e de trabalho tornam-se cada dia mais difíceis, pois na construção do novo espaço
urbano e a criação de uma novo padrão estético, acrescido do adensamento habitacional
e do crescimento urbano-industrial amparam um ideal de progresso construído a partir
dos descaso das políticas públicas. Esses fatores são responsáveis por essa
institucionalização das solidariedades na miséria na criação de leis próprias contra esse
falta de enternece do poder público.
Luiz Edmundo nos conta de uma casa de culto na travessa do morro do Castelo.
Segundo ele, a casa de ‘’João Gambá de Loanda’’, diz ser o culto de orientação Jeje-
nago, mas na verdade pela descrição feita, já se trata de um culto miscigenado e
mesclado com elementos católicos, logo pode nos servir de exemplo dessa
transformação:
Já o cronista João do Rio, nos fala do culto malê e da religião dos Alufás, no Rio de
Janeiro no seu livro As religiões do Rio, em uma série de reportagens publicadas em
1904:
‘’Os alufás... são maometanos com o fundo de misticismo. Quase todos dão para estudar
a religião... Logo depois do suma ou batismo e da circuncisão ou Kola, os alufás
habilitam-se à leitura do Alcorão. A sua obrigação é o Kissium, a prece. Rezam ao
tomar banho, lavando a ponta dos dedos, os pés e o nariz, rezam de manhã, rezam ao
pôr do sol. Eu os vi retintos, com a cara reluzente entre as barbas brancas, fazendo
alguma gariba, quando o crescente lunar aparecia no céu. Para essas preces, vestem
abadá, uma túnica branca de mangas perdidas, enterram na cabeça um filá vermelho,
donde pende uma faixa branca, e, à noite, o Kissium continua, sentados eles em pele de
carneiro ou tigre...
Essas criaturas contam a noite o rosário de Teesubá, tem o preceito de não comer carne
de porco, escrevem as orações numas tábuas, as Ato com tinta feita de arroz queimado e
jejum com os Judeus, quarenta dias a fio.... tanto sua administração religiosa como a
Judiciária estão pôr inteiro independentes da terra em que vivem.... Os Alufás não
gostam de gente de Santo, a que chamam Adoxu; a gente do Santo desprezam os bichos
que não comem porco, tratando-os de Malês. Mas acham–se todos relacionados pela
língua, com costumes exteriores mias ou menos idênticos e vivendo de feitiçaria. (20)
Com isso, podemos enfim constatar esse elemento de representação popular no
imaginário dessas populações, que são estereotipadas pela boa sociedade ou de gosto
aburguesado, acrescidos dos problemas do subemprego e dos "desocupados" e vadios,
numa associação à vadiagem àqueles que se identificam com esses grupos e culturas.
“A raça negra no Brasil, pôr maior que tenham sido seus incontestáveis serviços a nossa
nação, pôr mais justificadas que sejam... de que cercou um revoltante abuso da
escravidão... Há de se constituir num dos fatores de nossa inferioridade como
povo”.(21)
‘‘Os decretos promulgados pelo prefeito, sobretudo na fase inicial de seu governo,
quando pode legislar ditatorialmente, atingiram os mais variados domínios da existência
social e cultural da população, práticas do cotidiano popular e costumes profundamente
arraigados foram considerados indignos de figurarem no contexto de cidade saneada e
civilizada. Nessa perspectiva podem ser encaradas perseguição sistemática ao
candomblé e aos cultos religiosos de origem africana.”(22)
‘‘Não era de se esperar, igualmente, que essa sociedade tivesse tolerância para com as
formas de cultura e religiosidade populares. Afinal, a luta contra a “caturrice”, “a
doença”, o “atraso” e a “preguiça” era também uma luta contra as trevas... os
cerceamentos a festa da Glória e o combate policial a todas as formas de religiosidade
popular... as autoridades zelam na perseguição aos Candomblés, enquanto João Luso
nas crônicas dominicais do jornal do Comércio manifesta o seu desassossego com a
popularização crescente desse culto, inclusive dentre as camadas urbanizadas.”(24)
Enfim, esses elementos integrantes dos cultos são constantemente presos pela polícia no
exercício de suas manifestações culturais e religiosas, não só na via pública, como
também nos cortiços, local freqüente dos cultos. Logo, esses elementos são também
enquadrados no código penal, responsabilizados e processados criminalmente, sendo
então encaminhados pela polícia ou mesmo pela guarda municipal para as Pretorias
Criminais e podendo ser levados a cumprir pena na Casa de Detenção ou nas Colônias
Correcionais. Eram participantes de um mesmo conjunto de perseguidos e observados
pelas autoridades segundo as práticas do controle social urbano. Nesse contexto, são
atores de um mesmo processo histórico e político. Sendo assim, o Código Penal nos
traduz as preocupações das autoridades político-jurídicas, e mesmo na sociedade civil
refletia uma mentalidade de permanente vigilância aos setores constitutivos dos
movimentos populares, vide o número de artigos que tratam da questão religiosa, art.
158, curandeirismo; art. 185, cultos religiosos: ultrajar objetos; art. 186: impedimento e
etc. Além de serem freqüentemente enquadrados por algazarra, desordem e também por
vadiagem, já que por definição o “vadio” era todo aquele que ocupasse a via pública,
considerado suspeito pela tipologia policial e que não estivesse desenvolvendo uma
atividade lícita, ou seja, um emprego reconhecido e que também, comprovasse
domicílio certo, o que quase sempre não era de intenção dos policiais comprovarem.
“dessa forma a polícia tem nas mãos instrumentos de disciplinarização do conjunto das
camadas populares que lhe permitem demarcar regras de comportamento no espaço
urbano – ainda que precariamente. Empregando-as “estafadas chapas” de identificação
como gatunos conhecidos, desordeiros ou vagabundos, é possível a polícia punir,
mesmo fora do âmbito processual, aqueles que criam problemas para a vida na
cidade”.(25)
Dessa forma, as manifestações populares serão vistas como um perigo eminente que
habita o espaço urbano e onde a polícia através de uma série de ações rotinizadas
procura exercer um controle social como nas festas populares: no caso a festa da Penha:
“A festa da Penha, talvez a mais importante na época, provocava inquietação e planos
com alguma antecedência”.(26)
Enfim, são nessas festas tomadas pelos costumes negros, que passam a ser no meio
urbano espaços de representação social para camadas populares, e uma construção
simbólica que reverberiza no imaginário carioca, e passa a construir a sua modernidade
e identidade cultural, no âmbito das reinvenções e práticas transculturais na dimensão
da sua ótica de cotidianidade como, no caso dos compositores populares que lançavam
as suas músicas na festa da Penha, antes do advento do rádio. E era o acontecimento.
NOTAS
Artigos
Por Alexandre Cumino
alexandrecumino@uol.com.br
DIVALDO E OS PRETOS-VELHOS
Abaixo vemos algumas linhas do irmão Divaldo Pereira Franco, que é muito respeitado
no meio kardecista, portanto formador de opinião, também nós o respeitamos e
admiramos seu esforço, trabalho e dedicação a obra espírita de Allan Kardec no plano
material.
E lhes explicamos que não é o gostar ou não gostar. Se tivessem lido em O Livro dos
Médiuns, O Laboratório do Mundo Espiritual, saberiam que se a entidade mantém
determinadas características do mundo físico, é porque se trata de um ser atrasado.
Imagine o Espírito que manquejava na Terra, porque teve uma perna amputada, ter de
aparecer somente com a perna amputada. Ele pode aparecer conforme queira, para
fazer-se identificar, não que seja o seu estado espiritual.
Esta postura e ponto de vista de Divaldo Pereira Franco também pode ser observada no
site: http://www.youtube.com/watch?v=jiSlMMCtSlE - Conferido na data de
02/04/2009
onde podemos ouvir a seguinte gravação:
Chico Xavier também foi questionado sobre "Preto-velho" no programa Pinga Fogo,
onde foi entrevistado, em 28 de Julho de 1971 na extinta TV Tupi:
Reali Júnior — O senhor acha que os espíritos que se manifestam nos Terreiros de
Umbanda, dizendo-se guias de cura, pretos velhos, índios, caboclos, são espíritos
evoluídos? Como explica as curas conseguidas por muita gente conhecida, em terreiros?
Será que o mal, pode apresentar-se através do bem, ou então tomando a sua forma?
Chico Xavier — Nós respeitamos a religião de Umbanda, como devemos respeitar todas
as religiões. Vamos recorrer aos casos das leis cármicas. Nos séculos passados, nos três,
quatro séculos passados, nós — vamos dizer coletivamente — não estamos falando do
ponto de vista individual, mas na condição de brasileiros, buscamos no berço onde
nasceram milhões de irmãos nossos reencarnados nas plagas africanas para que eles
servissem nas nossas casas, nas nossas famílias, instituições e organizações, na
condição de alimárias. Eles se incorporaram, depois de desencarnados, às nossas
famílias. Eles renasceram de nosso próprio sangue, nas condições de nossos irmãos para
receberem, de nossa parte, uma compensação que é a compensação chamada do amor,
para que eles sejam devidamente educados, encaminhados, tanto quanto nos
pretendemos educar-nos, e encaminhar-nos para o progresso. Então temos a religião da
Umbanda, que vem como uma organização dos espíritos, recentemente, porque quatro
séculos significam um tempo curto nos caminhos da eternidade. Recentemente trazidos
para o Brasil eles se organizaram agora, seja numa condição ou noutra. Nós, no Brasil,
não conseguimos pensar em termos de cor. Nós todos somos irmãos. De modo que eles
organizaram uma religião sumamente respeitada também. Eles também veneram a
Deus, com outros nomes. Veneram os emissários de Deus, com outros nomes.
Respeitamos todos e acreditamos que em toda parte onde o nome de Deus é
pronunciado, o bem pode se fazer.
Chico Xavier também deu uma entrevista para a revista “Seleções de Umbanda”,
jornalista Alcione Reis, com a presença do querido irmão Umbandista e Sacerdote
Omolubá:
Para uma reflexão mais abrangente, colocamos abaixo o texto encontrado no blog de
nosso irmão umbandista “Mestre Azul”:
Pouca gente sabe, mas numa das reuniões realizadas na Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas, Allan Kardec evocou um Espírito que, segundo as terminologias da cultura
brasileira, poderia ser classificado como um “preto velho”. Esse encontro, narrado pelo
próprio Kardec nas páginas da sua histórica “Revista Espírita” (Revue Spirite), de junho
de 1859, aconteceu na reunião do dia 25 de março daquele mesmo ano. Pai César – este
o nome do Espírito comunicante – havia desencarnado em 8 de fevereiro também de
1859 com 138 anos de idade – segundo davam conta as notícias da época –, fato este
que certamente chamou a atenção do Codificador, que logo se interessou em obter, da
Espiritualidade, mais informações sobre o falecido, que havia encerrado a sua existência
física perto de Covington, nos Estados Unidos.
Pai César havia nascido na África e tinha sido levado para a Louisiana quando tinha
apenas 15 anos.
Antes de iniciar a sessão em que se faria presente Pai César, Allan Kardec indagou ao
Espírito São Luís, que coordenava o trabalho, se haveria algum impedimento em evocar
aquele companheiro recém-chegado ao Plano Espiritual. Ao que respondeu São Luís
que não, prontificando-se, inclusive, a prestar auxílio no intercâmbio. E assim se fez. A
comunicação, contudo, mal iniciada, já conclamou os participantes do grupo a muitas
reflexões. Na sua mensagem, Pai César desabafou, expondo a todos as mágoas
guardadas em seu coração, fruto dos sofrimentos por que passara na Terra em função do
preconceito que naqueles dias graçava em ainda maior escala do que hoje. E tamanhas
eram as feridas que trazia no peito que chegou a dizer a Kardec que não gostaria de
voltar à Terra novamente como negro, estaria assim, no seu entendimento, fugindo da
maldade, fruto da ignorância humana. Quando indagado também sobre sua idade, se
tinha vivido mesmo 138 anos, Pai César disse não ter certeza, fato compreensível, como
esclarece o Codificador, visto que os negros não possuíam naqueles tempos registro
civil de nascimento, sobretudo os oriundos da África, pelo que só poderiam ter uma
noção aproximada da sua idade real.
http://mestreazul.blogspot.com/2008/05/umbanda-preto-velho-kardec.html
Este diálogo pode ser confirmado no livro “Tesouros da Revista Espírita de Allan
Kardec”, Ed. FEESP, 2008, pp.101- 102 e abaixo coloco apenas um fragmento do texto
original:
PRETO-VELHO NA UMBANDA
Salvo estar totalmente enganado, Divaldo e Chico tem posicionamento diferente com
relação ao “preto-velho” e Kardec não encontrou nenhum entrave em estabelecer
comunicação com o espírito de um ex-escravo, “Pai César”.
Não vamos fazer juízo de valor, nem questionar a postura kardecista, mas, enquanto
umbandista, quero esclarecer a condição espiritual daquele que se apresenta como
“preto-velho” na Umbanda, que tem orgulho de sua condição e que não mais é atingido
pelas injúrias da carne.
Para tal invoco os fatos registrados no dia 15 de Novembro de 1908, quando Zélio de
Moraes, participando de uma sessão kardecista presenciou espíritos de ex-escravos,
negros, “pretos-velhos”, serem “convidados a se retirar” de tal sessão. Zélio incorpora
uma entidade que pergunta: “Porque expulsam estes humildes?” em seguida explica que
foi Frei Gabriel de Malagrida, no entanto também havia sido um índio brasileiro e era
como índio que se apresentaria em uma nova religião, a Umbanda, assumindo o nome
de Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Sei que muitos estão cansados de ouvir a história do Caboclo das Sete Encruzilhadas, no
entanto as palavras diretas deste caboclo não deixam duvidas, de que se manifesta como
índio por que quer, vem como caboclo por opção e não por falta de opção.
Contatos: alexandrecumino@uol.com.br
... André Luís N. Soares
Artigos
Comumente define-se livre arbítrio como a faculdade de podermos livremente escolher nossas
decisões. Acredito existir um grande problema com este conceito, ao menos para quem
defende a existência de alguma liberdade de escolha inerente à pessoa, pois, de fato,
sofremos constantemente a influência de vários fatores causais, logo, escolhas livres só
poderiam existir, sob um olhar lógico, quando, independente da direção que aqueles fatores
nos compelem, fossemos antes decidir no mesmo sentido que eles.
Em via de regra, concebendo o livre-arbítrio nos termos acima, vê-se que ele é hostilizado pela
falsa impressão dada à doutrina do determinismo, entendida, por vezes, em implicar que
nossas ações são inteiramente dependentes – quando são apenas influenciadas ou
predispostas – da composição biológica e de fatores ambientais evolucionariamente
vantajosos, a exemplo de padrões culturais que poderiam modular os genes.
Exemplificando o determinismo
O Geneticismo
Determinismo físico-ambiental
Um outro determinismo fisicalista foi o revelado por Alvaro Pascual-Leone, professor de
neurologia na Harvard Medical School. Através de um experimento que consistia em estimular,
por campos magnéticos, os hemisférios cerebrais, o pesquisador descobriu que as escolhas
casuais feitas pelos sujeitos, para mexer uma das mãos, eram diretamente afetadas. Foi
observado que destros, quando submetidos a campos magnéticos no hemisfério cerebral
direito (responsável pelo movimento do lado esquerdo do corpo) passariam a escolher mexer a
mão esquerda o dobro das vezes em comparação a ausência da influência magnética.
Determinismo social
Pode-se ainda citar o determinismo social proveniente da culturação, criação, educação e meio
social a que está submetido o indivíduo. Todos esses fatores são influentes na arquitetura
psicológica da pessoa, mas não absolutamente decisivos para prever o atuar de alguém,
asssim nem sempre alguém emerso em um ambiente favorável ao crime cometerá delitos, nem
um membro de família evangélica será obrigatoriamente teísta, e assim por diante.
Redesenhando os conceitos
O ponto que pretendo chegar é que, em termos práticos, livre-arbítrio não é a liberdade de
todos os fatores causais. Muito pelo contrário. É estar submetido cada vez mais a uma
gama de relações causativas, eis que do choque de fatores determinísticos novas
possibilidades são emersas, logo, novas opções a escolher. Por suposto, não discuto que
muito do que escolhemos e somos provém da influência do corpo sobre a mente, quando,
freqüentemente, não temos quase nenhum poder de decisão. Todavia, isso não implica que o
determinismo seja irrestrito, transformando-nos em seres autômatos, com comportamentos
indistinguíveis de ações maquinais. Então, realmente penso que nossa capacidade de
autodeterminação permanece vigente, embora limitada pelas influências causais sobre nosso
“Eu” e de nossa adaptação a elas; e em virtude de nossa ignorância a respeito dos fatores
influentes. Por conseguinte, sou forçado a concordar que “quanto mais aprendemos, mais
ampla experiência obtemos, mais lógico nos tornamos, mais conhecemos a nós mesmos e a
história, mais a nossa ciência avança, portanto, maior a extensão da verdadeira liberdade
humana” (Carter, Chris. Parapsychology and the Skeptics: A Scientific Argument for the
Existence of ESP, 2007).
A interpretação de John von Neumann exige que a consciência seja a única responsável pelo
colapso de função de onda, pois, segundo o célebre matemático, todo o mundo físico está
estabelecido dentro das leis da mecânica quântica (MQ), logo, é necessário algo não-físico,
não submetido às regras da MQ para que a superposição de estados de um sistema quântico
evolua a um estado fundamental (uma realidade perceptível). A consciência do observador
parece ser a única entidade que podemos presumir. Esta posição respalda fortemente o
dualismo, quanto ao problema mente-cérebro; portanto, se algo como a consciência pode
subsistir independente de meios físicos, todos os exemplos de determinismos fisicalistas
podem estar prejudicados quando cessada a interação mente-cérebro. Entretanto, embora a
abordagem de von Neumann coloque a consciência em primeiro plano dentro da ontologia, o
autor não alega que a intenção do observador possa orientar o colapso para um estado
específico, assim, embora a consciência seja necessária para a convergência da superposição
de estados, isso não significa que não haja aleatoriedade, e por sua vez, indeterminismo. O
problema com este detalhe é que somos constrangidos a entender que não há espaço para o
livre arbítrio, vez que do ato de observar poderemos fazer colapsar estados (realidades)
fortuitos, não desejados ou escolhidos por nós. Como resposta a isso, pode-se dizer
confiantemente que existem robustas evidências da Parapsicologia que a consciência, além de
ter poder causal, é também capaz de definir o resultado final de um sistema físico (quântico)
aleatório, como nos experimentos de psicocinese em RNGs, por conseguinte, a intenção passa
a ser um atributo perceptível da consciência, e assim hábil a evidenciar escolhas e decisões
por nós próprios.
Assim, alguns materialistas reivindicam que o livre-arbítrio não passa de uma ilusão. Aduzem
que temos apenas uma sensação retrospectiva de tomada de decisão, quando, na realidade,
toda a ação fora antes iniciada inconscientemente. Meio que na contramão, Libet traz a noção
de livre veto como forma de salvaguardar alguma chance de autodeterminação. O
pesquisador sustenta que o veto é uma atividade de controle e que não existe nenhum
imperativo lógico que requeira uma atividade neural específica que preceda e determine a
função consciente de controle (Do We Have Free Will?. Journal Consciousness Studies, 6,
nº 8-9, p. 47-57, 1999). Desta forma, embora o início da ação ocorra inconscientemente,
podemos vetar a perpetuação do ato, ou até mesmo sua manifestação dentro do estreito 1/5 de
segundo que medeia entre a conscientização do movimento e o agir. Ou melhor, menos de
1/5 de segundo, eis que os 50 milisegundos finais estão ocupados pela ativação do neurônio
motor espinhal através do córtex motor primário.
Até aqui se poderia pensar (a) que o livre-arbítrio é logicamente inviável, pois todo o conceito
de volição está adstrito a escolhas conscientes, (b) e que remanesce à consciência apenas a
decisão de vetar.
Não obstante, existem relevantes objeções. A primeira é que para tomarmos uma decisão
devemos sopesar diferentes argumentos, baseando-nos em nosso conhecimento e
experiências anteriores os quais são relacionados com memórias episódicas. O experimento
de Libet, requerendo apenas o movimento de dedos, envolve somente memória de
procedimento, portanto, ato que não necessita de nenhuma decisão moralizada [ver Wikipedia].
A segunda é que a espera para pressionar um botão, no momento escolhido, é um processo
bem aleatório e indeterminado, uma decisão de baixo-nível de complexidade, ao contrário de
importantes decisões em que devemos colher informações e refletir, antecipadamente, sobre
as variadas possibilidades e implicações das opções envolvidas [Carter, idem]. Realmente tais
contra-argumentações são sedutoras e, independente do argumento sobre a liberdade de
vetar, penso que os experimentos deste falecido pesquisador não afetam a gama de
decisões superiores que requerem informação, experiência pessoal e raciocínio
antecipatório.
Estados Alterados de Consciência, Percepção Extra-Sensorial e Livre Arbítrio
Durante estados alterados de consciência (EAC) passamos por experiências que parecem
ocorrer à revelia de nossas intenções. Nos sonhos, por exemplo, temos pouquíssima influência
sobre a direção que o drama se desenlaça. O mesmo se pode dizer para experiências com
psicodélicos, estados hipnóticos, sonambúlicos e as visões que vêm em nosso imaginário
durante sessões ganzfeld. Em EACs nossa consciência de vigília fica turvada, experimentamos
vivências criadas pela nossa mente e, talvez (como penso ser), compartilhamos
ocasionalmente tais experiências com outras mentes, a rigor pelo que se convencionou chamar
de telepatia.
Quanto ao tema PES, tem ele relevância direta sobre o problema do livre-arbítrio, uma vez que
estabelece mais uma forma de determinismo dentro da ontologia. Tanto é assim, que uma das
resistências psicológicas a habilidades psíquicas é a possibilidade de existir algo como
impressão telepática, quer dizer, a hipótese de alguém ser capaz de influenciar mentalmente
as decisões alheias lança um terrorismo psíquico digno de ser temido por toda a sociedade
ocidental a qual culturalmente valoriza o controle. Em menor grau, mas igualmente terrificador,
estão algumas formas de automatismo capazes de lançar as premissas de um “único Eu no
comando” para longe, a espelho dos diversos casos de distúrbios dissociativos de identidade e
de possessão. Mesmo a hipnose já foi tema constante do chocante Expressionismo, tanto é
assim que o filme alemão (1920), “O Gabinete do Dr. Caligari”, retrata um diabólico doutor que
hipnotizava um rapaz (César) e o mandava executar diversos assassinatos.
Conclusão
1. “livre” arbítrio não deve significar escolhas imunes a quaisquer fatores causais, mas antes a
possibilidade de contra-atuar perante influências inatas ou externas, ou escolher, no concurso
de causas determinísticas, para qual delas seguir.
3. por se exigir experiências pessoais, o livre arbítrio está vinculado a memórias episódicas,
logo, os experimentos de Libet não devem ser imaginados afetar decisões de alto-nível.
Fonte: http://parapsi.blogspot.com/2009/01/algumas-consideraes-sobre-o-livre.html
Artigos
Rivail - e depois Allan Kardec- foi professor, pedagogo, escritor, fundador e diretor de
escolas, pesquisador nato; codificador do Espiritismo, fundou e presidiu a primeira
Revista Espírita intitulada Jornal de Estudos Psicológicos e a primeira Sociedade de
Estudos Espíritas do mundo (Sociedade Parisiense de Estudos Espíritos).
A mesma preparação exercida por João Batista referente ao posterior Mandato Divino
de Jesus ecoa no século XX com relação a Bezerra de Menezes e a vinda posterior de
Chico Xavier.
João Batista afirmará, resoluto (Mateus, 3:11 e 12): \"Preparai o caminho do Senhor,
aplainai as suas veredas...Aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De
fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhe as sandálias. Ele vos batizará com o
Espírito Santo e com fogo. A pá está na sua mão: vai limpar a sua eira e recolher seu
trigo o celeiro: mas, quanto à palha, vai queimá-la num fogo inextinguível.\"
Com o falecimento de sua primeira esposa em 1863, Bezerra de Menezes casou-se com
Cândida Augusta de Lacerda Machado em 1865 e com a qual teve sete filhos.
O trabalho cultural iniciante de Batuíra iniciou-se em 1899 quando se tornou até 1900 e
na cidade de São Paulo o exclusivo agente da revista Reformador, órgão de difusão do
Espiritismo da Federação Espírita Brasileira.
Porque era um rico proprietário de terras e de imóveis, Batuíra construiu uma Tipografia
Espírita, inaugurada em 20 de maio de 1890 com a publicação do jornal Verdade e Luz:
este jornal, iniciado com dois mil exemplares chegou à expressiva tiragem de 15 mil
exemplares distribuídos em todo o território brasileiro.
3) Cairbar Schutel foi prático de farmácia, político, fundador de centro espírita, criador
e fundador de uma Revista Internacional de Espiritismo, escritor profícuo de obras
espíritas, dono de editora espírita.
4) Anália Franco foi professora e sua imensa obra social e educativa teve por base
político-pedagógica enfrentar a marginalização da criança negra, o abandono da mulher
e da criança pobre, a discriminação religiosa e sexual, a marginalização da mulher
prostituída: para esse enfrentamento criou e supervisionou Escolas Maternais, Creches,
Cursos Profissionalizantes e de Formação de Professoras, Casas de Recuperação ou de
Regeneração, Asilos e Colônias, Revistas.
Eurípedes torna-se espírita entre os anos de 1903 e 1905: em 1905 funda, com o apoio
de sua família, o Grupo Espírita Esperança e Caridade.
Quanto à vida política, Eurípedes foi vereador em Sacramento, de 1904 até o seu pedido
de afastamento em 23 de setembro de 1910.
Sem o trabalho mediúnico sistemático de Chico Xavier, a Cultura Espírita no Brasil não
teria se consolidado após os esforços pioneiros de Bezerra de Menezes e de Eurípedes
Barsanulpho em particular: sua obra psicografada ainda constitui desafio para leigos e
estudiosos espíritas, sem falar em seu trabalho permanente centrado nos lemas de Allan
Kardec \"Fora da Caridade Não Há Salvação\" e \"Trabalho, Tolerância e
Solidariedade\".
Fonte: http://filosofia.portaldoespiritismo.com.br/col_62.php
Artigos
Ambulantes, pedintes e moradores de rua não esperam só por dinheiro dos motoristas
parados no sinal vermelho. Sem pagar pra ver, eu vi
"Dinheiro eu não tenho, mas estou aqui com uma caixa cheia de livros. Quer um?"
Repeti essa oferta a pedintes, artistas circenses e vendedores ambulantes, pessoas de
todas as idades que fazem dos congestionamentos da cidade de São Paulo o cenário de
seu ganha-pão. A ideia surgiu de uma combinação com os colegas de NOVA ESCOLA:
em vez de dinheiro, eu ofereceria um livro a quem me abordasse - e conferiria as
reações.
CAMINHO LIVRE - A cada livro oferecido em vez de esmola, um leitor descoberto.
Foto: Rogério Albuquerque
- Tem aí algum do Sidney Sheldon? Era o que eu mais curtia quando estava na cadeia.
Foi lá que aprendi a ler.
Aos poucos, fui percebendo que o público mais crítico era formado por jovens, como
Micaela*, 15 anos. Ela é parte do contingente de 2 mil ambulantes que batem ponto nos
semáforos da cidade, de acordo com números da prefeitura de São Paulo. Num
domingo, enfrentava com paçocas a 1 real uma concorrência que apinhava todos os
cruzamentos da avenida Tiradentes, no centro. Fiz a pergunta de sempre. E ela
respondeu:
- Hum, depende do livro. Tem algum de literatura?, provocou, antes de se decidir por
Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
As crianças faziam festa (um dado vergonhoso: segundo a Prefeitura, ainda existem 1,8
mil delas nas ruas de São Paulo). Por estarem sempre acompanhadas, minha coleção
diminuía a cada um desses encontros do acaso. Érico*, 9 anos, chegou com ar
desconfiado pelo lado do passageiro:
- Não..., disse ele, enquanto olhava a caixa. Mas, já prevendo o que poderia ganhar,
reformulou a resposta:
- Na 4ª B. Tio, você pode dar um para mim e outros para meus amigos?, indagou,
apontando para um menino e uma menina, que já se aproximavam.
Mas o problema, como canta Paulinho da Viola, é que o sinal ia abrir. O motorista do
carro da frente, indiferente à corrida desenfreada do trio, arrancou pela avenida Brasil,
levando embora a mercadoria pendurada no retrovisor.
Artigos
Ano passado me foi pedido por um dos professores da Faculdade Claretiano um texto
sobre Maria na Umbanda, coloco aqui para apreciação de todos.
1. Introdução
Maria, mãe de Jesus, vai muito além do Catolicismo e do Cristianismo, vemos sua
presença em grandes religiões como o Islã, onde ela assume o papel de mãe do profeta
Jesus, no entanto é possível encontrar Maria nos cultos ou religiões sincréticas das
Américas. O colonizador europeu trouxe o africano como escravo e ambos se instalaram
nesta terra do índio. Logo as culturas do branco, do negro e do vermelho se encontraram
de forma particularizada em diferentes regiões deste continente. E assim chegou Maria
ao Brasil, onde foi acolhida também pela religiosidade popular, associada e comparada
com divindades e entidades do mundo mítico afro-indígena. Neste contexto está,
também, a Umbanda, nascida da miscigenação tão brasileira, no seu jeito de ser, fruto
de mitos, ritos e símbolos os mais variados.
2. Objetivo
Hoje a umbanda passa por uma mudança de paradigma, no que diz respeito a sua
literatura, escrita de “umbandista para umbandista”, surge uma literatura psicografada
de umbanda e novas abordagens sobre a relação de Maria na Umbanda. Sendo uma
religião muito aberta e inclusiva acolhe diferentes e novas formas de entender a
presença de Maria. Vamos aqui apenas esboçar alguns aspectos, conscientes da
complexidade da Umbanda e dos diferentes ângulos que as Ciências da Religião nos
oferecem para aprofundar a questão.
O primeiro templo de Umbanda de que se tem noticia traz o nome de “Tenda Espírita
Nossa Senhora da Piedade”, quem nos conta a história de sua fundação é o Sacerdote de
Umbanda, Ronaldo Linares, Presidente da Federação Umbandista do Grande ABC
(FUGABC), criador do primeiro curso de formação de sacerdotes de Umbanda.[1][1]
Zélio vinha de uma família de origem católica e no seio deste lar tiveram início as
sessões mediúnicas de Umbanda, onde já havia um pequeno altar católico. Com o
tempo, o espírito de um “preto velho”, escravo de origem africana, “Pai Antônio”, traria
o conhecimento dos orixás africanos associados aos santos católicos. Nascia o
sincretismo de Umbanda, Maria já estava presente e enraizada nos valores religiosos e
espirituais dessa família.
Cândido Procópio Ferreira de Camargo, no final da década de 50, dedicou parte de seu
tempo ao estudo das “Religiões Mediúnicas” e registrou no livro “Kardecismo e
Umbanda: uma interpretação sociológica”, o resultado de sua pesquisa de campo, onde
descreve um Terreiro de Umbanda:
“No ‘terreiro’ propriamente dito, barracão com cerca de 50m², há um altar, semelhante
aos católicos . O ‘Orixá’ guia do ‘terreiro’ assume lugar de destaque , sob a figura do
Santo Católico correspondente. São Jorge, Nossa Senhora, São Cosme e São Damião
são os Santos mais comuns que integram o altar, além do Cristo abençoando, de braços
abertos.”[5][5]
Procópio Ferreira dedica especial atenção ao sentimento de pertença daquele que busca
as “religiões mediúnicas”, observando que boa parte dos freqüentadores consideram-se
Católicos.
Embora já tenha decorrido meio século e a umbanda venha mudando de perfil, na busca
de identidade, ainda nos dias de hoje observamos este fato em menor grau. Para evitar
preconceito da sociedade ou desinformação, alguns dos adeptos, da Umbanda,
identificam-se de pertença espírita, não fazendo distinção entre sua prática e a criada por
Allan Kardec.
Ao adentrar um terreiro de Umbanda pela primeira vez muitos o fazem com certo receio
do desconhecido, mas se deparando com um altar católico sentem-se confortados e
tranqüilos. Jesus de braços abertos e Maria a seu lado, junto com todos os outros santos,
continuariam a guiar sua fé, agora ao lado da tão popular Yemanjá.
6. Festa de Yemanjá
Na década de 50 foi criada uma imagem brasileira para Yemanjá, de pele branca,
cabelos negros, vestida de azul, pairando sobre o mar, seu vestido se funde às ondas e
derrama pérolas pelas mãos. Esta é uma imagem umbandista e embora todos aceitem
Maria como Yemanjá e Oxum, quase não se usa uma imagem católica para Yemanjá,
pois ela tem o privilégio de ter imagem própria.
9. Conclusão
Podemos ainda lembrar que Maria ocupa o posto que antes pertencia às “Deusas Pagãs”.
O Catolicismo fez sincretismo de culturas e valores, durante sua expansão por territórios
desconhecidos ao cristianismo. Podemos dizer que a Deusa também está no
inconsciente coletivo que busca elementos conhecidos para concretizar-se em uma
realidade palpável.
Por fim, podemos dizer que onde houver duas ou mais culturas haverá sempre o
sincretismo, que marca o encontro entre elas. Maria faz parte de uma cultura que
dominou todo o Ocidente e boa parte do Oriente. No mundo pós-moderno e
globalizado, cada vez mais encontraremos sincretismos e associações a Maria.
Independente de como possa ser interpretada, concluímos que Maria também faz parte
da Religião de Umbanda e se manifesta de formas diferentes dentro desta mesma
religião.
Notas:
[3][3] O Próprio Zélio de Moraes fundou sete “Tendas de Umbanda” com nomes de
santos católicos (LINARES, 2007. P.77).
Bibliografia:
CUMINO, Alexandre. Deus, Deuses, Divindades e Anjos. São Paulo: Editora Madras,
2008.
SARACENI, Rubens. Orixás: Teogônia de Umbanda. São Paulo: Editora Madras, 2005.
Humanizar é tornar-se humano, adquirir novos hábitos mais apropriados sob o prisma
da ética e da moral distanciando-se da ignorância, estupidez, desamor... É educar-se
sendo mais benévolo, enfim, evoluir o “eu espírito”.
A criança, ser frágil que é agredida não tem como se defender; o idoso dependente que é
rejeitado; o colaborador massacrado e humilhado pelo patrão sem chance para
argumentar; a empresa necessitada e pressionada por outras; o patrão lesado pelo
colaborador; aquele que passa fome e dificuldades e todos fingem não ver ...
Afinal, poderia ficar aqui relatando horas e não haveria fim, pois que, toda relação que
existe entre os seres humanos deve estar atrelada à conscientização dos atos e ações de
cada um.
Tratar bem é ser humano, é humanizar-se, é dar valor à empresa, à família, aos amigos,
aos relacionamentos pessoais, comerciais...
Como querer que uma empresa tenha sucesso se o empregador não atua com
humanização perante os seus colaboradores? A energia de todos ali é que faz a vibração
do ambiente, a egrégora espiritual do grupo, ou seja, é a união das mentes pensantes
voltados para um fim. Se todos estiverem bem e felizes a egrégora do ambiente será
ótima e atrairá acontecimentos bons para o todo. Todavia, se for ruim, atrairá
acontecimentos ruins da mesma forma.
Quem estiver consciente neste entendimento, saberá conduzir-se ao sucesso, se dará
bem na vida e em todos os campos seja pessoal, profissional... Todavia, é necessário e
de suma importância entendermos que devemos respeito a tudo e a todos, e, é nosso
dever interiorizar este entendimento de uma forma mais ampla e espiritualizada. O amor
é e sempre será o que norteia o ser para a humanização, a espiritualização e
irresistivelmente para a felicidade.
Hoje em dia não há mais espaço para quem tem o desejo de enganar. O ser humano não
se deixa mais ludibriar facilmente, estamos aprendendo o que queremos para nós e o
que podemos exigir do outro no âmbito do respeito, da responsabilidade,
comprometimento... E quem não agir assim, será jogado de lado; ficará obsoleto para a
sociedade, tornando-se somente um peso.
Sejamos espertos, pois quem ainda pensa ser o mais inteligente, astuto e que só leva
vantagem em tudo, deve rever seus conceitos e repensar, visto que somente o bem é que
trará pessoas confiáveis, honestas e humanizadas até nós. Este é o futuro
obrigatoriamente, e, atrairemos para nós exatamente o que fizermos ao outro.
Infelizmente muitos ainda pensam que a felicidade está nas conquistas materiais, porém
enganam-se fervorosamente, pois ela está em sentir o prazer de fazer o bem, de ajudar,
somar, e assim contrair parceiros honrados, éticos, moralizados que crescerão juntos.
Ajudar a quem necessita e está passando por dificuldades é que nos dá a melhor e maior
sensação de bem-estar que o ser pode ter, é a tão procurada satisfação interior, e isto é
que atrairá todas as benfeitorias a nós.
www.institutoatlantida.com.br
... Leontina Rita Acorinti Trentin
Artigos
Somos acostumamos a dar conselhos aos outros sempre deixando muito bem claro a
necessidade eminente da paciência, pois, sem ela, a calma se afasta de nós, abrindo
espaço para o desespero.
Conseqüentemente trará dor e revolta agravando ainda mais nossos problemas e, pior
ainda, irá retardá-los. Assim, nos sentimos os verdadeiros heróis da raça humana por
estarmos ajudando necessitados com tanta presteza.
Passamos a ser o mocinho da história para não dizer o coitadinho, porque em se falando
de perfeição pegamos a fila várias vezes.
Engraçado! E infelizmente é a pura realidade.
Passamos recibo para a injúria, para o desaforo, para a rebeldia, para a maldade, por
conta de acontecimentos necessários a nossa evolução...
E não nos atentamos a isso, somos pegos de surpresa.
Se estamos descontrolados é porque nosso interior não estava bem. Ou seja, só faltava
uma faísca para atear fogo e explodir o nosso pavio curto, estávamos no aguardo do
momento oportuno para jogarmos nosso fogo, labaredas e tudo no primeiro que
aparecesse.
Queridos, saibamos buscar o conforto na espiritualidade, nos mentores de luz que nos
acompanham, nas vibrações positivas que devemos buscar para estar em sintonia com
eles, permitindo que a paciência e a resignação esteja em nós. O pensamento é tudo, tem
força e poder, quando damos vazão a estes negativamente atraímos negatividades e toda
sorte de dificuldades que vier. Contudo, o contrário também é verdadeiro. Quanto mais
pensarmos no belo, no amor ... atrairemos a mesma sintonia.
É importante que saibamos mudar nossas sintonias negativas para positivas, com
firmeza e vigor pensando em tudo de bom que temos e somos, no que desejamos, para
que possamos enxergar a realidade dos fatos e acontecimentos que geralmente nos
passam despercebidos no dia-a-dia. E, não somente saibamos dar conselhos. Devemos
sim oferecê-los sempre, mas muito mais, praticá-los.
Indubitavelmente jamais deveremos esquecer que a prece nos aproxima da luz, que por
sua vez nos enche de direcionamentos que trarão a seu tempo muitas felicidades.
E por que suportar tudo sem reclamações? Digo-vos sem reclamações, mas, entendam
não como uma avestruz que enfia a cabeça na terra para não enfrentar os problemas e
sim, como um ser que sofre, mas luta almejando momentos melhores, e, diz para si
mesmo “eu vou vencer”. Já sabemos que tudo o que nos acontece tem um fundo de
necessidade, visto que todos os problemas são de alguma forma pagamentos de uma
divida contraída por nós mesmos em outrora, bem como, um grande aprendizado do
nosso “eu” espiritual, pois não aprendemos sem sermos colocados à prova.
A pergunta acima, ao adepto estudioso, pode parecer dispensável por ser sua resposta
uma obviedade, pois, nas obras fundamentais do Espiritismo, as de Allan Kardec, é que
encontramos a Filosofia Espírita na sua totalidade, e, sem a leitura delas não seremos
capazes de apreender seus postulados, nem tampouco, o seu objetivo essencial.
Como, de modo geral, trazemos atavismos religiosos dos quais não nos libertamos por
desconhecimento de nós mesmos ou preguiça, lidamos com o Espiritismo como se fosse
apenas mais uma religião, ignorando que a convicção espírita se elabora muito mais no
exercício da fé raciocinada do que na simples adesão às instituições humanas.
E, no que tange a questão que dá título a esse artigo, o que corrobora no sentido de
termos consciência da relevância das obras de Allan Kardec consiste no fato de que,
numa perspectiva antropológica do quefazer científico, o emérito professor pode ser
considerado co-autor ou co-fundador dessa ciência, em especial conexão com o Espírito
Verdade e sua equipe, além de notável codificador do Espiritismo – função mais
destacada na primeira edição de O Livro dos Espíritos.
Muito se ouve falar, da parte daqueles que se consideram versados no Espiritismo, que a
pessoa que queira se iniciar no conhecimento espírita precisa ler ou estudar as obras
básicas da Doutrina. Essa afirmação corrente parece óbvia, mas nem tanto, e, no meu
ponto de vista, por dois motivos.
Lendo esse artigo, verificamos que os clássicos são o tipo de livros com os quais todos
deveriam se ocupar, todavia poucos o fazem e raras são as pessoas que admitem, ao
menos publicamente, não terem feito essas leituras e, não por humildade.
Logo é fácil perceber que o essencial para aprender a Filosofia Espírita está nessas obras
consideradas por Kardec como fundamentais, entre livros, brochuras e a Revista que
produziu até a sua desencarnação em 1869.
Estudando Kardec:
“Temos dito que a melhor maneira de uma pessoa adquirir conhecimentos sobre o
Espiritismo é estudar-lhe a teoria. Os fatos virão depois, naturalmente, e serão
compreendidos, qualquer que seja a ordem em que os tragam as circunstâncias. Nossas
publicações têm sido feitas com o propósito de favorecer esse estudo.” (5)
Notas
Artigos
O progresso é uma das leis da vida, cujo atendimento é facilitado pelo intercâmbio de
idéias e experiências.
Afigura-se natural que os homens procurem ser aceitos em seu meio social e familiar.
Parecer diferente é algo assustador, pois pode conduzir à condição de pária social.
Quando a conduta e as crenças de um homem são partilhadas por outros, ele se sente
seguro e confortável.
Para a maioria das pessoas, é desagradável ter de rever sua postura em face da vida.
Como é mais fácil permanecer inerte, o que leva à reflexão muitas vezes é repudiado.
Em um mundo marcado pela corrupção, talvez a conduta desonesta seja tida por normal.
Pôr a saúde em risco, por vícios de toda ordem, também não causa espanto.
Muitos assim o fazem e esse comportamento não destoa do que a sociedade tolera com
tranqüilidade.
Pense se a sua busca por aceitação não o está fazendo trilhar caminhos estranhos.
Ele conviveu com equivocados de toda ordem, mas preservou sua pureza.
As pessoas importantes da época acharam necessário matá-lo, para calar sua voz e fazer
cessar sua influência.
Se você vive com tranqüilidade entre corruptos, talvez a corrupção já o tenha marcado.
Por certo não lhe causa alegria perceber-se afinado com a maldade do mundo.
Mas sem dúvida você será mais feliz e terá paz em seu coração.
www.momento.com.br
... Francisco Rebouças
Artigos
Uma das grandes responsabilidades que o ser humano recebe quando ainda no plano
espiritual se prepara para mais uma etapa reencarnatória, está justamente a de aceitar a
oportunidade de receber quando aqui estiver reencarnado, espíritos desequilibrados e
carentes na qualidade de filhos, justamente para as necessárias orientações e os devidos
carinhos de que se fizerem carentes, ajudando-os para o reajuste espiritual, pois,
geralmente são espíritos com grandes necessidades e enormes dificuldades evolutivas.
A doutrina espírita nos oferece os ensinos ministrados pelos Espíritos Superiores que
nos trouxeram os necessários esclarecimentos sobre o assunto, mostrando-nos a
responsabilidade de todo aquele que recebe de Deus, a sublime tarefa da Paternidade e
da Maternidade, e os benefícios ou malefícios de uma boa ou má criação desses seres
entregues à nossa responsabilidade de pais.
Não escorraceis, pois, a criancinha que repele sua mãe, nem a que vos paga com a
ingratidão; não foi o acaso que a fez assim e que vo-la deu. Imperfeita intuição do
passado se revela, do qual podeis deduzir que um ou outro já odiou muito, ou foi muito
ofendido; que um ou outro veio para perdoar ou para expiar. Mães! abraçai o filho que
vos dá desgostos e dizei convosco mesmas: Um de nós dois é culpado. Fazei-vos
merecedoras dos gozos divinos que Deus conjugou à maternidade, ensinando aos vossos
filhos que eles estão na Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer. Mas oh! muitas
dentre vós, em vez de eliminar por meio da educação os maus princípios inatos de
existências anteriores, entretêm e desenvolvem esses princípios, por uma culposa
fraqueza, ou por descuido, e, mais tarde, o vosso coração, ulcerado pela ingratidão dos
vossos filhos, será para vós, já nesta vida, um começo de expiação.
A tarefa não é tão difícil quanto vos possa parecer. Não exige o saber do mundo. Podem
desempenhá-la assim o ignorante como o sábio, e o Espiritismo lhe facilita o
desempenho, dando a conhecer a causa das imperfeições da alma humana.
Desde pequenina, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua
existência anterior. A estudá-los devem os pais aplicar-se. Todos os males se originam
do egoísmo e do orgulho.
Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite as que podem ser
cumpridas. Se tal não sucede, não é que falte possibilidade: falta a vontade. Com efeito,
quantos há que, em vez de resistirem aos maus pendores, se comprazem neles. A esses
ficam reservados o pranto e os gemidos em existências posteriores. Admirai, no entanto,
a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Vem um dia em que ao
culpado, cansado de sofrer, com o orgulho afinal abatido, Deus abre os braços para
receber o filho pródigo que se lhe lança aos pés.
As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de
um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus. E um
momento supremo, no qual, sobretudo, cumpre ao Espírito não falir murmurando, se
não quiser perder o fruto de tais provas e ter de recomeçar. Em vez de vos queixardes,
agradecei a Deus o ensejo que vos proporciona de vencerdes, a fim de vos deferir o
prêmio da vitória. Então, saindo do turbilhão do mundo terrestre, quando entrardes no
mundo dos
Espíritos, sereis aí aclamados como o soldado que sai triunfante da refrega". ¹
Fonte:
1)E.S.E.- Cap.XIV, item 9.
2) Grifos nossos.
Francisco Rebouças.
Artigos
Do papel para a multiplicação dos escritos foi uma conseqüência natural. Precisavam, os
escritos, de divulgação. Gutemberg, a seu tempo (séc. XV) concebeu a imprensa e, logo,
a difusão do conhecimento tornou-se realidade. Isto tudo para chegarmos ao livro.
Sim, é dele que estamos a falar. Cento e cinqüenta e um anos (nosso título) é a
referência ao surgimento de O Livro dos Espíritos, a obra introdutória e fundamental da
Doutrina Espiritista.
Neste cenário surge o livro. Resultado do esforço do gênio céltico, do sacerdote druida,
do pregador e reformador tcheco, do professor francês... facetas de uma mesma
personalidade espiritual, o bom-senso reencarnado. Na obra, os Princípios Básicos do
Espiritismo: Divindade, Individualidade (da alma) ou Espiritualidade,
Transcomunicabilidade, Evolutividade, Pluralidade (das Existências e dos Mundos
Habitados). Repousa nas Leis Naturais.
E, para termos a exata idéia do objetivo desta obra, Kardec mais tarde haveria de
proclamar como indispensáveis dois elementos para o progresso do Espiritismo: o
estabelecimento teórico da Doutrina e os meios de a popularizar. Ora, é justamente pelo
livro (material ou virtual, como hodiernamente se vê) que se abrem as portas para a
difusão do conhecimento, ou sua popularização - o alcance das massas.
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CONTRACEPTIVO definitivo - Titânio para prevenir aborto criminoso
O titânio (Ti), nono elemento mais abundante da terra, é um metal, de toxicidade nula,
de brilho prateado, mais leve do que o ferro, quase tão forte quanto o aço, e quase tão
resistente à corrosão como a platina. Ele possui diversificado campo de utilização pelas
propriedades de tenacidade, leveza, resistência à corrosão, opacidade, inércia química,
elevado ponto de fusão, brancura, alto índice de refração e alta capacidade de dispersão.
É por isso muito utilizado nas indústrias aeronáuticas e aeroespaciais. Argumento é
raciocínio pelo qual se tira uma conseqüência ou dedução. Crise é manifestação violenta
e repentina de ruptura de equilíbrio. Estado de dúvidas e incertezas. Fase difícil, grave,
na evolução das coisas, dos fatos, das idéias. Tensão, conflito.
No livro (4) “As drogas e suas conseqüências” (crises) há uma pergunta no capítulo
Aids, Tóxicos e Reencarnação: o que fazer quando temos diversos passageiros no trem
da agonia? Qual o argumento para responder?
O deputado Geraldo Tenuta Filho (DEM-SP) – Bispo Ge, presidente da Igreja Renascer
– explica que a CPI "não será contra as mulheres", mas contra estabelecimentos que
promovam a prática. Tenuta avalia que a que a comissão será um "grande momento". "É
uma questão de vida e morte", “a prevenção do aborto é uma questão de saúde pública.”
O deputado Pastor Manoel Ferreira (PTB-RJ), da Assembléia de Deus, diz que "a CPI já
existe” e "é bom isso ser apurado".
Uma médica-ministra disse que os contrários ao aborto são da idade média (7). Agora
que o titânio está sendo utilizado, como técnica do terceiro milênio, será que ela,
representante do governo, vai destinar esforços, e os nossos impostos, no sentido da
nova técnica de laqueadura? Indago porque o perfil das mulheres que praticam aborto,
segundo docentes-pesquisadores da UNB e UERJ já está bem definido.
A maioria dos abortos é feito por mulheres de 20 a 29 anos de idade, que trabalham, têm
pelo menos um filho, usam contraceptivos, são católicas e mantêm relacionamentos
estáveis. Elas têm até oito anos de escolaridade e estão no mercado de trabalho com
renda de até três salários mínimos, exercendo funções como as de doméstica e
cabeleireira. O perfil foi traçado por um estudo que reuniu resultados de mais de 2 mil
pesquisas sobre o aborto no Brasil, elaboradas nos últimos 20 anos, com base
principalmente em informações de mulheres atendidas em serviços públicos de saúde de
grandes cidades depois de induzir o aborto em casa. (6)
Apesar da fase difícil, grave, na evolução das coisas conseguimos vislumbrar uma luz
de prevenção no fundo da crise do aborto, embora não saibamos com precisão ainda
quais serão as conseqüências no domínio espiritual. O ato da laqueadura de trompas
sem indicação ético-moral poderá selecionar aqueles espíritos que serão futuramente
candidatas a fertilização in vitro, correndo o risco de serem como Nadya Suleman? (7).
Certamente será melhor utilizar-se do novo contraceptivo do que recorrer ao homicídio
“in útero”.
REFERÊNCIAS
3. Crises e Argumentos
6. Aborto em debate
Artigos
Sexualidade e Homosexualismo no Programa Pinga Fogo - 1971
Pergunta:
Como se explica o homossexualismo e a perturbação no comportamento sexual à luz da
Doutrina Espírita?
CHICO XAVIER:
Temos tido alguns entendimentos com espíritos amigos, notadamente com Emmanuel a
esse respeito. O homossexualismo, tanto quanto a bissexualidade ou bissexualismo,
como assexualidade, são condições da alma humana. Não devem ser interpretados como
fenômenos espantosos, como fenômenos atacáveis pelo ridículo da humanidade. Tanto
quanto acontece com a maioria que desfruta de uma sexualidade dita normal, aqueles
que são portadores de sentimentos de homossexualidade ou bissexualidade são dignos
do nosso maior respeito e acreditamos que o comportamento sexual da humanidade
sofrerá, no futuro, revisões muito grandes, porque nós vamos catalogar do ponto de
vista da Ciência todos aqueles que podem cooperar na procriação e todos aqueles que
estão numa condição de esterilidade.
De modo que o assunto merecerá muito estudo. Nós temos um problema em matéria de
sexo na humanidade que precisaríamos considerar com bastante segurança e respeito
recíproco.
Artigos
Recentemente veio à mídia o caso do estupro de uma criança de 9 anos pelo padrasto. A
menina engravidou de gêmeos. A equipe médica que acompanhava o caso , por
considerar a gravidez de alto risco para a pequena gestante e amparada pela lei brasileira
que permite o aborto em caso risco de vida da mãe e em caso de estupro, optou pelo
aborto dos fetos.
Não fosse polêmico suficiente o caso em si, ele ganhou novamente a mídia quando o
arcebispo de Olinda e Recife excomungou a criança e a equipe médica, mas apenas
advertiu o padrasto.
Hoje a imprensa noticia um novo caso de estupro de criança de 11 anos pelo pai adotivo
no Rio Grande do Sul. Os casos de violência sexual em família no Brasil infelizmente
acontecem, e têm sido objeto de preocupação das autoridades, que mantém programas
de incentivo à denúncia, tanto de violência sexual quanto de prostituição infantil, mas
em alguns lugares do país a população, que convive com situações cotidianas de
exclusão social, não se preocupa em denunciar a prostituição infantil que às vezes
acontece nas ruas e beiras de estrada.
Este caso, no entanto, ganha um contorno um pouco diferente, uma vez que envolve o
risco de vida da gestante. A opinião dos espíritos, ante o questionamento de Allan
Kardec mostra-se coerente com o argumento da defesa da vida como valor:
"No caso em que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá
crime em sacrificar a criança para salvar a mãe?
- É preferível sacrificar o ser que ainda não existe a sacrificar o que já existe."
(O Livro dos Espíritos, questão 359, tradução de Evandro Noleto Bezerra)
A posição da equipe médica, que também foi posta em questão, parece-nos de acordo
com a ética. Ela cumpriu a lei civil brasileira e tomou a difícil decisão de optar em
conjunto com a responsável pela criança-gestante (no caso, a mãe dela) qual o melhor
procedimento para preservar a vida e a integridade da menina. A criança foi ouvida, mas
sua vontade está sempre atrelada às decisões de sua responsável legal. Precisamos levar
em consideração que uma criança de nove anos é muito influenciável pelo que lhe
dizem os adultos, neste caso, a mãe e os médicos.
Causa espanto que uma criança seja responsabilizada e, de certa forma punida (pela
autoridade eclesiástica), por decisões que foram tomadas e certamente lhe foram
informadas como necessárias para a preservação de sua vida e que uma equipe médica
seja admoestada por dar cumprimento à premissa básica da lei brasileira.
Fonte: http://espiritismocomentado.blogspot.com
Artigos
A Folha de S. Paulo recentemente mostrou sua admiração pela "queda abissal" (sic) da
aprovação pública ao aborto:
"Um dos aspectos que mais atraíram a atenção das pessoas ouvidas pela Folha a respeito
dos resultados das chamadas ´questões morais´ da pesquisa Datafolha foi a queda
abissal no índice de moradores de São Paulo que apóiam a legalização do aborto. Saiu
de 43% em 1994, quando a maioria da população se declarava a favor da
descriminalização, para 21% em 1997, já em segundo nas opções, para apenas 11% na
pesquisa atual..." [2].
Segundo o texto da justificação, "a grande inovação da proposta [...] diz respeito à
consagração da interrupção voluntária da gravidez como um direito inalienável de
toda mulher [grifo nosso], prevista no primeiro artigo da proposição".
E se alguém descumprir essas condições? Por exemplo: se uma gestante de oito meses
decidir esquartejar seu bebê simplesmente porque não quer dar à luz, o que acontecerá?
Nada. Absolutamente nada. Desde que o aborto seja feito com seu consentimento, nem
ela nem o médico responderão criminalmente.
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É de causar perplexidade o que está no artigo 4°: os planos privados de saúde serão
obrigados a cobrir as despesas com aborto. Poderão eles excluir procedimentos
obstétricos, mas não poderão excluir "os necessários à interrupção voluntária da
gravidez realizada nos termos da lei" (sic). Pasmem! Para o governo, o aborto
provocado é mais importante que o nascimento! A morte tem prioridade sobre a vida! A
quem isso interessa?
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Mortes maternas
Uma das fraudes mais utilizadas para defender a legalização do aborto é dizer que
muitas gestantes morrem por causa de "abortos mal feitos". A solução seria legalizar tal
prática, que garantiria às grávidas o acesso ao "aborto seguro". Raciocínio análogo
levaria à conclusão de que seria necessário legalizar o roubo, a fim de evitar que ladrões
inexperientes, atuando à margem da lei, acabassem morrendo em "roubos mal feitos".
Por uma questão de isonomia, todos teriam direito a um "roubo seguro".
Uma outra fraude correlata é a afirmação de que, nos países em que o aborto é legal, a
morte materna é bem menor do que nos outros, onde ele é proibido.
Ora, "mais de 59% das mortes maternas do mundo ocorrem nos países que têm as leis
menos restritivas. Na Índia, por exemplo, onde existe uma legislação que permite o
aborto em quase todos os casos desde 1972, é onde mais mortes maternas ocorrem. A
cada ano, registram-se cerca de 136.000 casos, equivalentes a 25% do total mundial,
que para o ano 2000 se calculou em 529.000" [5].
"Nos países desenvolvidos também se pode ver que não há uma correlação entre a
legalidade do aborto e os índices de mortalidade materna. A Rússia, com uma das
legislações mais amplas, tem uma taxa de mortalidade materna alta (67 por 100.000
nascidos vivos), seis vezes superior à média. Em contraste, a Irlanda, onde o aborto é
ilegal praticamente em todos os casos, possui uma das taxas de mortalidade materna
mais baixas do mundo (5 por 100.000 nascidos vivos), três vezes inferior à do Reino
Unido (13 por 100.000 NV) e à dos Estados Unidos (17 por 100.000 NV), países onde o
aborto é amplamente permitido e os padrões de saúde são altos" [6].
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Para esclarecer o que está por trás de tudo isso, convém que leiamos um documento,
hoje não mais confidencial, de 10 de dezembro de 1974, de autoria do então secretário
de Estado Henry Kissinger, intitulado National Security Study Memorandum 200
(abreviadamente NSSM 200): Implications of Worldwide Population Growth for US
Security and Overseas Interests . Em bom português: Memorando de Estudo de
Segurança Nacional 200: Implicações do Crescimento Populacional Mundial para
a Segurança e os Interesses Ultramarinos dos Estados Unidos. O documento,
conhecido como Relatório Kissinger, foi entregue pelo Conselho Nacional de
Segurança dos Estados Unidos ao presidente americano Gerald Ford. Somente em 1989
a Casa Branca desclassificou o documento, que agora é de domínio público. Nesse
relatório afirma-se que o crescimento da população mundial é uma ameaça para os
Estados Unidos, e que é preciso controlá-la por todos os meios: anticoncepcionais,
esterilização em massa, criação de mentalidade contra a família numerosa, investimento
maciço de milhões de dólares em todo o mundo.
Henry Kissinger percebeu o que há quatro milênios o Faraó do Egito já percebera: a
população é fator de poder. Seu simples crescimento numérico já é assustador:
"Eis que o povo dos filhos de Israel tornou-se mais numeroso e mais poderoso do que
nós. Vinde, tomemos sábias medidas para impedir que ele cresça´. [...]. Então o Faraó
ordenou a todo o seu povo: ´Jogai no Rio [o Nilo] todo menino que nascer. Mas deixai
viver as meninas´" [7].
Para tentar impedir o crescimento demográfico dos países pobres, mantendo-os sob o
domínio econômico e político dos países desenvolvidos, já se realizaram várias
Conferências Mundiais: em Bucareste, Romênia (1974), na cidade do México (1984) e
no Cairo (Egito, a terra do Faraó!) em 1994.
"A assistência para o controle populacional deve ser empregada principalmente nos
países em desenvolvimento de maior e mais rápido crescimento onde os EUA têm
interesses políticos e estratégicos especiais. Estes países são: Índia, Bangladesh,
Paquistão, Nigéria, México, Indonésia, Brasil, Filipinas, Tailândia, Egito, Turquia,
Etiópia e Colômbia" [8].
"Os EUA podem ajudar a diminuir as acusações de motivação imperialista por trás do
seu apoio aos programas populacionais declarando reiteradamente que tal apoio vem da
preocupação que os EUA têm com:
É forçoso reconhecer que a afirmação repetida de tais inverdades acabou penetrando nas
mentes brasileiras, que não enxergam a torpe motivação imperialista das políticas
antinatalistas. A instrumentalização das mulheres também está prevista no Relatório
Kissinger, motivo pelo qual os grupos feministas são sobejamente financiados por
instituições de controle demográfico:
"A condição e a utilização das mulheres nas sociedades dos países subdesenvolvidos
são de extrema importância na redução do tamanho da família. Para as mulheres, o
emprego fora do lar oferece uma alternativa para o casamento e maternidade precoces, e
incentiva a mulher a ter menos filhos após o casamento... As pesquisas mostram que a
redução da fertilidade está relacionada com o trabalho da mulher fora do lar..." [10].
"Certos fatos sobre o aborto precisam ser entendidos: nenhum país já reduziu o
crescimento de sua população sem recorrer ao aborto" [11].
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De lege ferenda
Se as feministas, instruídas por seus financiadores, têm sua "proposta normativa" para a
revisão da lei penal do aborto, eu também tenho a minha. É uma sugestão simples que,
se acolhida, colocará o Brasil na vanguarda da defesa dos direitos humanos:
Os artigos que incriminam o aborto (124 a 128) poderiam todos ser excluídos do
Código Penal sem nenhum prejuízo para a tutela do nascituro, contanto que o caput do
artigo 121 sofresse uma ligeira alteração:
Assim haveria total equiparação entre nascidos e nascituros quanto à violação do direito
à vida, acabando-se, de uma vez por todas, com qualquer forma de preconceito de lugar
(dentro ou fora do organismo materno). Essa nova redação incriminaria também quem
concorresse, por ação ou omissão, para a morte do bebê. A modalidade culposa do
aborto seria também punível, admitindo-se, porém, o perdão judicial (art. 121, §5°, CP).
Obviamente qualquer aborto doloso seria, então, homicídio qualificado, o que
desestimularia os matadores de criancinhas a abrir o lucrativo negócio de uma clínica de
abortos. O que vem ocorrendo, entretanto, é uma extrema eficiência das estratégias dos
aguerridos lutadores pelo "direito" ao aborto, que tão bem dissimulam o verdadeiro
propósito, propagandeando a "nobre intenção de ajudar a mulher".
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Notas
Autora:
Maria José Miranda Pereira
Sobre o texto:
Texto inserido no Jus Navigandi nº 1090 (26.6.2006).
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8562
Elaborado em 05.2006.
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte
forma:
PEREIRA, Maria José Miranda. Aborto: a quem interessa?. Jus Navigandi, Teresina,
ano 10, n. 1090, 26 jun. 2006. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8562>. Acesso em: 15 mar. 2009.
Fui pesquisar a matéria, em várias fontes jurídicas. Também tratei de ver posições de
outras igrejas cristãs em mais de um país. Se o resultado interessar ao leitor, aí vai.
Artigo de Pio Cipriotti na "Enciclopédia Del Diritto" (Giuffrè), tratando do assunto no
direito canônico, encontrou referência ao aborto terapêutico. Neste, o risco para a mãe,
equiparado a verdadeiro estado de necessidade, abranda a punição, mas não a exclui.
Chega conforme as circunstâncias, à dispensa da chamada "sententia lata", da
excomunhão automática, aplicada pelo bispo, para todos os que, diretamente, tiveram
interferência no abortamento. A interpretação radical predominou para o bispo, afastada
a mais branda, viável em circunstâncias como as do estupro e as do sério risco para a
vida da menina-gestante de gêmeos aos nove anos de idade.
No Brasil, a lei é bem clara. No aborto praticado pela gestante ou com seu
conhecimento (Código Penal, art. 124), a pena é de detenção de um a três anos. Nesse
caso, dá-se a interrupção da gravidez, sem considerar o tempo decorrido desde a
concepção ou qualquer risco para a paciente. A lei brasileira distingue a conduta para
aborto praticado sem o consentimento da gestante (reclusão de três a dez anos).
A forma mais agravada é a do parágrafo único do artigo 126, cabível quando a gestante
não é maior de 14 anos ou é débil mental ou, ainda, se seu consentimento para abortar é
obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
O caso da menina estuprada está referido no artigo 128 do Código Penal: não se pune o
aborto praticado por médico, considerado imprescindível para salvar a vida da gestante
ou na gravidez advinda de estupro. O abortamento deve ser precedido pelo
consentimento da gestante ou, sendo ela incapaz, de seu representante legal.
O estupro, em nossa lei penal, é crime contra a liberdade sexual, muito mais grave que o
aborto. Consiste em constranger mulher à conjunção carnal mediante violência (real ou
presumida) ou grave ameaça, sujeitando o autor à pena de reclusão de seis a dez anos,
nos termos da lei nº 8.072 /90, que alterou o artigo 213 do Código Penal.
Interpretando a lei e vendo o direito canônico, ao dizer que o estupro pode ser perdoado,
mas o aborto não, o arcebispo escolheu um modo inoportuno para marcar a posição da
igreja. Esqueceu as alternativas da penitência e do perdão, antes da excomunhão radical.
Artigos
A hierarquia da Igreja, servidora da comunidade dos fiéis não pode em certas questões
separar-se do sentido comum e plural da vivência da fé. Não pode igualmente para
certos assuntos de foro pessoal e mesmo grupal substituir-se à consciência, às decisões e
ao dever das pessoas. Pode emitir sua opinião, mas não impô-la como verdade de fé.
Pode expressar-se, mas não forçar pessoas a assumir suas posições. Nesse sentido, não
pode instaurar uma guerra santa em nome de Deus para salvaguardar coisas que julga
serem vontade e prerrogativa de Deus. A tradição teológica na linha mais profética e
sapiencial nunca permitiu que nenhum fiel mesmo bispo falasse em nome de Deus. E
isto porque o deus do qual falamos fala em nosso nome e tem a nossa imagem e
semelhança. O Sagrado Mistério que atravessa tudo o que existe é inacessível aos
nossos julgamentos e interpretações. O Mistério que em tudo habita não precisa de
representantes dogmáticos para defender seus direitos. Nossa palavra é nada mais e
nada menos do que um balbuciar de aproximações e de idéias mutáveis e frágeis,
inclusive sobre o inefável mistério. É nessa perspectiva que também não se pode obrigar
que a Igreja hierárquica torne, por exemplo, a legalização do aborto sua bandeira, mas
simplesmente que não impeça que uma sociedade pluralista se organize conforme as
necessidades de suas cidadãs e cidadãos e que estes tenham o direito de decidir sobre
suas escolhas.
As comunidades cristãs assim como as pessoas são plurais. Num mundo tão diverso e
complexo como o nosso não podemos admitir que apenas a opinião de um grupo de
bispos, homens celibatários e com uma formação limitada ao registro religioso, seja a
expressão do seguimento da tradição do Movimento de Jesus. A comunidade cristã é
mais do que a igreja hierárquica. E, a comunidade cristã é na realidade múltiplas
comunidades cristãs e estas são igualmente muitas pessoas cada uma com sua história,
suas escolhas e decisões próprias diante da vida.
Creio que nossas entranhas sentem em primeiro lugar as dores imediatas, as injustiças
contra corpos visíveis e é a eles que temos o primeiro dever de assistir. A consternação
e a comoção em relação ao sofrimento da menina de nove anos foram grandes. E isto
porque é a esta vida presente e atuante, a esta vida de menina feita mulher violada e
violentada em nosso meio que devemos o respeito e o cuidado primeiros. Por isso como
membro da comunidade cristã, louvo a atitude do Dr. Rivaldo Mendes de Albuquerque
e da equipe do CISAM de Recife assim como da mãe da menina e de todas as
organizações e pessoas que acudiram a ela neste momento de sofrimento que certamente
deixará marcas indeléveis em sua vida.
Dirão alguns leitores que minha postura não é a postura oficial da Igreja Católica
Romana. Entretanto, o que significa hoje a palavra oficial? O que é mesmo Igreja
oficial? A instituição que se arvora como representante de seu deus e ousa condenar a
vida ameaçada de uma menina? A instituição que se considera talvez a melhor
seguidora do Evangelho de Jesus?
Não identifico a Igreja à hierarquia católica. A hierarquia é apenas uma parte ínfima da
Igreja.
Continuar com excomunhões, inclusões ou exclusões parece cada vez mais incentivar o
crescimento de relações autoritárias desrespeitosas da dignidade humana, sobretudo,
quando surgem de instituições que pretendem ensinar o amor ao próximo como a lei
maior. De quem Dom José Cardoso e alguns bispos se fizeram próximos nesse caso?
Dos fetos inocentes, dirão eles, aqueles que precisam ser protegidos contra o
"Holocausto silencioso" cometido por algumas mulheres e seus aliados. Na realidade,
fizeram-se próximos do princípio que defendem e se distanciaram da menina agredida e
violentada tantas vezes. Condenaram quem levantou a menina caída na estrada da vida e
salvaguardaram a pureza de suas leis e a vontade de seu deus. Acreditam que a
interrupção da gravidez da menina seria uma lesão ao senhorio de Deus. Mas as guerras,
a crescente violência social, a destruição do meio ambiente não seriam igualmente
lesões que mereceriam denúncia e condenação maior? Perdoem-me se, sem querer
acabo julgando pessoas, mas diante da inconsistência de certos argumentos e da
insensibilidade aos problemas vividos pela menina de nove anos uma espécie de ira
solidária me assola as entranhas.
De fato um cisma histórico está se construindo e tem crescido cada vez mais em
diferentes países. A distancia entre os fiéis e uma certa hierarquia católica é marcante. O
incidente em relação à interrupção da gravidez da menina pernambucana é apenas um
entre os tantos atos de autoritarismo e desconhecimento da complexidade da história
atual que a hierarquia tem cometido.
Termino este breve texto lembrando do que está escrito no Evangelho de Jesus de
diferentes maneiras. Estamos aqui para viver a misericórdia entre nós. E todos nós
necessitamos dessa misericórdia, único sentimento que nos permite não ignorar a dor
alheia e nos ajudarmos a carregar os pesados fardos uns dos outros.
Artigos
NA SEMANA passada, no Recife, descobriu-se que uma menina de nove anos estava
grávida de gêmeos. A mãe imaginava que a barriga crescente fosse o efeito de um
parasito. Mas não era um parasito; era o padrasto, que abusava regularmente a menina e
a irmã (de 14 anos, portadora de uma deficiência mental). O abuso começou quando as
crianças tinham, respectivamente, seis e 11 anos.
O padrasto foi preso, e uma equipe médica, autorizada pela mãe, interrompeu a gravidez
da menina, seguindo a lei brasileira, que permite a interrupção de gravidez em caso de
risco de vida para a mãe e também em caso de estupro. Quem conhece alguma menina
de nove anos pode facilmente imaginar o que significaria submeter aquele corpo a uma
gravidez completa e a um parto duplo.
Além disso, qualquer um pode intuir que carregar na barriga, parir e "maternar" o fruto
de um estupro é devastador para a mãe assim como para os eventuais rebentos dessa
catástrofe. Alguém dirá: "Mas a mulher acabará esquecendo o estuprador (que foi
gentil, nem a matou, não é?), e o sentimento materno prevalecerá". Esse conto de fada
(machista) não se aplica no caso da menina de Recife.
Pede-se o quê? Que ela esqueça que, durante três anos, quem devia ser para ela o
equivalente a um pai se serviu de seu corpo de uma maneira que ela não tinha condição
de entender e num quadro em que ela não tinha a quem recorrer, é isso? No meio da
semana, o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, declarou que os
que estivessem envolvidos na interrupção da gravidez da menina (a mãe, os médicos, os
enfermeiros) fossem excomungados. Agora, o padrasto não; pois o crime dele seria
mais leve. Isso, segundo o bispo, é a "lei de Deus". O bispo se confundiu: essa não é a
lei de Deus, é a lei da Igreja Católica.
E faz alguns séculos que essa igreja não tem mais (se é que um dia teve) a autoridade
moral para ela mesma acreditar que seus decretos sejam expressão da vontade divina.
Portanto, sua persistência em tentar convencer os fiéis de que a voz da igreja coincide
com a voz de Deus se parece estranhamente com a conduta do padrasto da história (e de
qualquer pedófilo): trata-se, em ambos os casos, de tirar proveito da "simplicidade" de
crianças e ingênuos. Mas voltemos aos fatos. O presidente Lula, "como cristão e como
católico", achou lamentável a declaração do arcebispo. Dom José não gostou e afirmou
que o presidente Lula é "um católico mais ou menos".
Felicito o presidente Lula, que falou como cristão, ao risco de parecer "católico mais ou
menos". Quanto a dom José, ele falou como católico e se revelou como um "cristão
mais ou menos". O dia em que ele quiser ser cristão, ele nos dirá, com suas palavras, por
que e como, em seu foro íntimo, acha o gesto de quem interrompeu a dupla gravidez de
uma criança de 30 quilos muito mais grave do que a abjeção de um padrasto que, por
três anos, estuprou suas enteadas.
ccalligari@uol.com.br
Artigos
Canuto Abreu escreveu um livro importante, mas pouco conhecido, chamado "Bezerra
de Menezes - Subsídios para a História do Espiritismo no Brasil até o Ano de 1895."
Consegui outras fontes, inclusive documentais, no livro do Eduardo Carvalho Monteiro
que cito ao final do trabalho.
Nasce o Reformador
Abreu defende uma tese curiosa, a FEB é filha do Reformador e de uma pastoral da
Igreja Católica de afirmava "devemos odiar pelo dever de consciência", referindo-se aos
adeptos do movimento espírita e baseando-se no pensamento moisaico.
Esta pastoral foi escrita em junho de 1882. À época, Augusto Elias da Silva era neófito
no movimento espírita, frequentava a Sociedade Acadêmica e convenceu-se das idéias
espíritas a partir dos estudos de "O Livro dos Espíritos".
Incomodado pela pastoral, ele escreveu um texto em resposta aos católicos intolerantes
e não conseguiu publicá-lo em nenhum órgão de imprensa da época. Resolveu então
fundar uma revista de orientação liberal com duas partes: uma seção voltada a "todas as
corporações científicas, filosóficas e literárias" e outra voltada ao Espiritismo.
Após publicar o primeiro número, afirma Abreu que o editor saiu à cata de
colaboradores, e conseguiu envolver neste projeto Pinheiro Guedes (médico
homeopata), Ewerton Quadros (marechal) e Bezerra de Menezes.
Canuto Abreu entende que a idéia de congregar os grupos espíritas em torno de uma
entidade central era uma das tônicas da fundação desta nova organização, mas Quadros
afirma que a finalidade era “fundar uma sociedade para o estudo científico do
Espiritismo” (MONTEIRO, 2006. p. 23). Giumbelli (1997, p. 63) também discute esta
finalidade, e com base no Reformador da época ele encontra a apresentação da FEB
como uma organização que visava a “propaganda ativa do Espiritismo pela imprensa e
por conferências públicas”.
Com uma sede alugada e poucos recursos, Dias da Cruz, médico homeopata, eleito
presidente, teve um papel importante na sobrevivência da mesma. Ele a manteve e
chegou a assinar um contrato de aluguel de valor muito mais alto que o inicial,
enfrentando a crise econômica que sobreveio com a proclamação da república sem
permitir que a sociedade se dissolvesse. (segundo Ewerton Quadros, apud MONTEIRO,
2006)
Giumbelli (1997, p. 63) mostrou muitas evidências de que o papel de órgão federativo,
apesar do nome da sociedade, só foi assumido tempos após a fundação da FEB. Ela
chegou a filiar-se a uma sociedade que foi criada com esta função. Abreu (1981)
entende que havia uma intenção da parte de Bezerra de Menezes em transformar a FEB
em uma organização que coordenasse a propaganda espírita no Brasil, e cita seu
discurso publicado no Reformador de 1895 no qual ele implementa mudanças
importantes na gestão da sociedade que consolidariam, no futuro o papel que esta
organização desempenha hoje.
Fontes Bibliográficas
Sede da FEB na Av. Passos, Rio de Janeiro. Ela foi construída na gestão de Leopoldo
Cirne e inaugurada em 1911.
Fonte: http://espiritismocomentado.blogspot.com/2009/01/como-foi-fundada-federao-
esprita.ht
Artigos
Canuto Abreu escreveu um livro importante, mas pouco conhecido, chamado "Bezerra
de Menezes - Subsídios para a História do Espiritismo no Brasil até o Ano de 1895."
Consegui outras fontes, inclusive documentais, no livro do Eduardo Carvalho Monteiro
que cito ao final do trabalho.
Nasce o Reformador
Abreu defende uma tese curiosa, a FEB é filha do Reformador e de uma pastoral da
Igreja Católica de afirmava "devemos odiar pelo dever de consciência", referindo-se aos
adeptos do movimento espírita e baseando-se no pensamento moisaico.
Esta pastoral foi escrita em junho de 1882. À época, Augusto Elias da Silva era neófito
no movimento espírita, frequentava a Sociedade Acadêmica e convenceu-se das idéias
espíritas a partir dos estudos de "O Livro dos Espíritos".
Incomodado pela pastoral, ele escreveu um texto em resposta aos católicos intolerantes
e não conseguiu publicá-lo em nenhum órgão de imprensa da época. Resolveu então
fundar uma revista de orientação liberal com duas partes: uma seção voltada a "todas as
corporações científicas, filosóficas e literárias" e outra voltada ao Espiritismo.
Após publicar o primeiro número, afirma Abreu que o editor saiu à cata de
colaboradores, e conseguiu envolver neste projeto Pinheiro Guedes (médico
homeopata), Ewerton Quadros (marechal) e Bezerra de Menezes.
Canuto Abreu entende que a idéia de congregar os grupos espíritas em torno de uma
entidade central era uma das tônicas da fundação desta nova organização, mas Quadros
afirma que a finalidade era “fundar uma sociedade para o estudo científico do
Espiritismo” (MONTEIRO, 2006. p. 23). Giumbelli (1997, p. 63) também discute esta
finalidade, e com base no Reformador da época ele encontra a apresentação da FEB
como uma organização que visava a “propaganda ativa do Espiritismo pela imprensa e
por conferências públicas”.
Com uma sede alugada e poucos recursos, Dias da Cruz, médico homeopata, eleito
presidente, teve um papel importante na sobrevivência da mesma. Ele a manteve e
chegou a assinar um contrato de aluguel de valor muito mais alto que o inicial,
enfrentando a crise econômica que sobreveio com a proclamação da república sem
permitir que a sociedade se dissolvesse. (segundo Ewerton Quadros, apud MONTEIRO,
2006)
Giumbelli (1997, p. 63) mostrou muitas evidências de que o papel de órgão federativo,
apesar do nome da sociedade, só foi assumido tempos após a fundação da FEB. Ela
chegou a filiar-se a uma sociedade que foi criada com esta função. Abreu (1981)
entende que havia uma intenção da parte de Bezerra de Menezes em transformar a FEB
em uma organização que coordenasse a propaganda espírita no Brasil, e cita seu
discurso publicado no Reformador de 1895 no qual ele implementa mudanças
importantes na gestão da sociedade que consolidariam, no futuro o papel que esta
organização desempenha hoje.
Fontes Bibliográficas
Sede da FEB na Av. Passos, Rio de Janeiro. Ela foi construída na gestão de Leopoldo
Cirne e inaugurada em 1911.
Fonte: http://espiritismocomentado.blogspot.com/2009/01/como-foi-fundada-federao-
esprita.html
“Encontra satisfações nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer
ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos.
Seu primeiro impulso é para pensar nos outros antes de pensar em si, é para cuidar dos
interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os
proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa.” (KARDEC, 1978a, p. 285)
Uma vez aceito o imperativo ético da prática da caridade, e aceita a distinção entre
caridade moral e material, como o faz Kardec na mesma obra, não é inusitado aceitar
que as instituições espíritas organizem serviços capazes de atender às necessidades
sociais, no limite de suas capacidades. O próprio Kardec propôs a manutenção de
instituições como um dispensário, onde se realizariam consultas médicas gratuitas, uma
caixa de socorros e um asilo, a serem mantidos com recursos da Comissão Central do
Espiritismo, em seu conhecido Projeto de 1868. (KARDEC, 1978b)
O que têm feito os centros espíritas que estão atentos às mudanças no cenário social?
Quando já têm uma estrutura de saúde montada, vão migrando seus serviços para os
espaços mal cobertos pelos órgãos de Estado ou vão aumentando a complexidade de
suas ações. As farmácias ligadas aos centros espíritas trabalham com medicamentos que
não são facilmente encontrados nos postos de saúde. Os serviços de odontologia vão
fazer procedimentos cujo custo torna proibitivos aos postos de saúde. Os voluntários da
área de saúde realizariam trabalhos que não estão disponíveis nos postos de saúde. Esta
é uma forma inteligente de integração à rede de proteção social que o Estado e as
organizações da sociedade formam.
Outra ação conhecida pelo movimento espírita brasileiro foi a constituição de Hospitais
Psiquiátricos Espíritas em diversos lugares do Brasil. Possivelmente, esta iniciativa tem
como motivo a preocupação do movimento espírita na distinção entre doença mental e
mediunidade, mas não se reduz a isto, uma vez que são espaços de prática de uma
especialidade médica e de profissionais da saúde mental. Estes hospitais vieram
incorporando as modificações na Psiquiatria, as ações multidisciplinares e se adaptaram
a muitas das justas exigências do movimento de luta antimanicomial e às disposições
governamentais. Estas instituições espíritas romperam o isolamento e têm realizado
encontros entre seus profissionais, têm promovido eventos e têm trocado experiências.
Este, talvez, seja um dos projetos mais bem sucedidos das Associações Médico-
Espíritas que se fundaram nos últimos anos em nosso país.
Da mesma forma que a saúde, a educação também mudou. A nova lei de Diretrizes e
Bases atribuiu precariamente às prefeituras a obrigação de manter instituições pré-
escolares. O Estado Brasileiro começou a destinar recursos e a pensar políticas para um
segmento até então marginal às agendas públicas. Um movimento semelhante ao da
saúde está acontecendo com a chamada educação infantil.
Os centros espíritas devem, então, manter creches? Penso que sim, desde que
consigam fazê-lo com qualidade e mantidas as suas diretrizes.
Em segundo lugar, da mesma forma que os hospitais espíritas têm envidado esforços
para fornecer um atendimento diferenciado aos seus clientes, as creches espíritas podem
dar uma educação e cuidados superiores aos seus pequenos clientes e às suas famílias.
Ao lado do espaço de atuação voluntária (que deve ser conseqüente e inteligente), a
integridade das instituições espíritas é um diferencial importante, em se tratando de
aporte de recursos públicos ou de parceiros da iniciativa privada.
Os centros espíritas devem ter atenção com o zelo pela humanização do cuidado infantil
e evitar que a profissionalização de muitos dos espaços transformem as creches em uma
espécie de anexo, um lugar no qual não se reconhece a ação de homens de bem, mas
apenas um espaço burocrático de atuação técnica.
Artigos
A ciência tomou corpo quando se descobriu ser mais fácil entender o mundo
classificando o que vai aparecendo pela frente. Aristóteles deu a partida. Muito mais
adiante, Lineu deu ordem à biologia, separando os bichos e plantas: “Esse de seis
perninhas vai com o outro, também com seis. Ou, os que põe ovos vão juntos.” Assim
separados, fica mais fácil estudar e encontrar outros traços comuns. Para E. Junger, a
classificação das espécies da flora é uma metáfora suprema da razão.
Os grotões vivem o círculo vicioso da pobreza. A seu favor, são mundos fechados, onde
cada um é cada um. Mas lá não se reconhecem as vantagens da educação, a tem pouca e
não sentem falta de mais. A depender da sua própria dinâmica, nada vai mudar. Mas
com um bom empurrão de fora, transformações são possíveis.
Finalmente, temos as periferias das grandes capitais. Esse é o enguiço mais sério. Não
faltam recursos, não faltam atenções. Contudo, estão travadas e perdendo espaço para as
cidades menores.
O nó da questão é que são regiões conflagradas. A sociedade local ou teve seu tecido
social dilacerado pelo crescimento rápido demais ou foi invadida por vagas de
imigrantes desenraizados das suas comunidades e que não conseguiram se integrar na
grande confusão das periferias.
Algumas são como praças de guerra, por seus problemas de insegurança, criminalidade,
desemprego, pobreza e desintegração familiar. Nesses casos, faz sentido lembrar a
hierarquia do psicólogo Maslow. Para ele, as pessoas só se fixam em certos objetivos de
vida depois de que outros mais importantes já foram resolvidos. Insegurança física,
desemprego e condições precárias de vida vêm antes de educação. Sem serem
minimamente atendidos, pouquíssimos irão dar atenção ao ensino.
Portanto, a não ser que se pacifiquem essas periferias, estão fadadas ao insucesso as
tentativas heróicas dos secretários de educação de agir nessas regiões. Simplesmente,
são outras as prioridades, tais como sobreviver às guerras de gangues do narcotráfico.
Isso tudo nos leva à necessidade de políticas educativas diferentes para essas regiões. É
preciso cuidar, simultaneamente, de uma boa coleção de problemas no entorno da
escola. A tarefa ultrapassa o alcance das secretarias de educação. Porém, requer uma
ação minimamente coordenada com elas. Polícia, assistência social, saúde e políticas de
emprego têm que entrar em cena e agir de forma articulada.
Há boas experiências no Brasil e devemos aprender com elas. Mas citemos outro caso
com grande visibilidade: Medellín. Chama atenção tanto pela virulência das guerras do
narcotráfico que havia antes quanto pela pacificação conquistada por um bom prefeito.
Esta taxonomia simples nos permite orientações valiosas. Os grotões, quem sabe,
podem esperar. Mas dá para ir lá e consertar. Nas cidades pequenas e medias, é cutucar
os prefeitos lentos e recalcitrantes com respeito à educação. As outras vão quase
sozinhas. Nas praças de guerra das periferias, só educação não resolve. Ou entramos
com programas mais abrangentes, ou nada vai acontecer - além da repetição das
conflagrações costumeiras.
Artigos
TRAJETÓRIA DA SOCIOLOGIA DE UMBANDA
- “no Brasil, o Embanda perdeu muito do seu prestigio... tem apenas função de chefe de
macumba... é também chamado pai de terreiro, ou de santo, e os iniciados, filhos e
filhas de santo”.
- “Ainda ao tempo das reportagens de João do Rio, os cultos de origem africana do Rio
de Janeiro chamavam-se coletivamente, candomblés, como na Bahia... Mais tarde, o
termo genérico passou a ser macumba, substituído, recentemente por Umbanda.”
- “há inúmeros folhetos, muito lidos, que veiculam as mais diversas explicações para os
fenômenos da Umbanda, relacionando-os, ora aos aborígines brasileiros, ora à magia do
Oriente, ora aos druidas de Kardec.”
Renato Ortiz (A Morte Branca do Feiticeiro Negro) por fim e por meio de sua tese
(Paris - 1975) coloca os pingos nos “is” da sociologia da religião de Umbanda com estas
palavras:
alexandrecumino@uol.com.br
... Benedito Inácio Silveira
> A intolerância
Artigos
Deste modo, aparece o etnocentrismo disfarçado, e isso diz respeito à aplicação da força
para provar a necessidade do poder “soberano”.
Assim, como uma reação em cadeia, esse fato gera o sintoma de revolta entre as
pessoas, no qual umas pela busca da supremacia, outras pelo não entendimento do
processo e umas pela omissão, ou seja, como a dicotomia inseparável dos humanos,
como diria Nietzsche, demasiadamente humanos.
Nos estudos realizados por Michel Foucault em 1976 no Collège de France, no qual
procura chegar na origem do que se conhecia como racismo na Alemanha nazista,
levando-o a concluir sobre o biopoder, ou seja, que tudo gira entorno da dissimulação
para demonstrar a necessidade de um líder capaz de manter a ameaça distante.
A eugenia é praticada desde a Antiguidade e estabelece três posições que podem ser
claramente notadas.
Uma daquelas pessoas que se revoltam pelas atrocidades, outras que não a percebem e
daquelas que, mesmo percebendo, não se posicionam e preferem a neutralidade.
Dentro destas três condições humanas, segundo Hannah Arendt, é a última que
demonstra o maior contexto de crueldade.
É claro que esses dois pensadores vivenciaram as atrocidades nazistas dentro do
contexto do “esforço de guerra” e assim puderam analisar os fatos e o gatilho que
detonou o estado de ódio naquele momento.
O que se quer deixar claro que a ação dos líderes israelenses se dá por uma ação política
e não de eminente perigo, mas será que os danos sofridos por este povo, justificam toda
a demonstração de seu poderio militar e, com isso, ceifar centenas de vidas?
Claro que a posição aqui é de total repúdio a esta prática e certamente, não será
relevante. Porém, é necessário se posicionar, mesmo sabendo que será ignorado, ou
ainda, taxado de ignorante nos assuntos do Oriente Médio, entretanto, nada justifica o
uso da força, afinal, para que serve a racionalidade humana? Para fabricar armas de
destruição em massa mais eficazes?
Mas por que alguém distante de tudo o que acontece lá quer se posicionar? Ou melhor,
o que isso tem a ver com seu derredor?
Primeiro que, como humanista, não se pensa em um único homem, num único grupo,
mas em toda humanidade. Segundo é que, desta coisa facilmente percebida no mundo
inteiro, outras tantas coisas acontecem sem o mesmo enfoque.
Recentemente Henrique Afonso (AC) e Luiz Bassuma (BA) tiveram que apresentar, em
novembro último, suas defesas à Comissão de Ética do partido dos trabalhadores, pelo
processo a que respondem por serem contra a legalização da interrupção da gravidez
indesejada.
Isso revela que está faltando determinada informação enquanto outras são amplamente
veiculadas nas mídias.
Outros assuntos, relativos a Bioética, estão por merecer maior difusão, entretanto se
percebe a clara recusa em se querer divulgar esse tema multidisciplinar que surgiu nos
anos de 1970 dado aos grandes “avanços” nas áreas da biologia, mais especificamente,
na engenharia genética.
Fonte: http://educacionista.ning.com/profile/BeneditoInacioSilveira
Artigos
No ano que se inicia, comemora-se o centenário da morte do cientista e médico Cesare
Lombroso, fundador da Antropologia Criminal. Lombroso foi, ao lado de Garófalo e
Ferri, um dos epígonos da Escola Penal Positiva italiana, cujas ideias foram fruto do
desenvolvimento das ciências naturais e da confiança nos métodos empírico-
explicativos.
Lombroso, contudo, mais tarde, sob influência de Ferri deu relevo aos aspectos
ambientais na produção do fato delituoso, além de concluir, no final da vida, em
consequência de sua adesão ao espiritismo, que dentre os criminosos poucos poderiam
ser considerados como natos.
Indagado por um jornalista em 1906 sobre os fenômenos espíritas, Lombroso disse que
por educação científica fora sempre contrário ao espiritismo, mas ao lado de eminentes
observadores, médicos, físicos, químicos, biólogos constatou fatos. Assim, acreditava
na evidência, nada mais, sem medo do ridículo ao afirmar fatos dos quais
experimentalmente adquirira profunda convicção.
Disse, então, possuir um mosaico de provas resistente às mais severas dúvidas. Dentre
tantos fenômenos e experiências que relata, muitos dos quais testemunhou, curiosos são
os casos judiciários, como o da revelação por espírito de jovem falecido em navio de ter
sido envenenado com ingestão de amêndoas com rícino, fato este depois constatado por
perícia.
Escravo dos fatos, Lombroso descobre pela experiência o espiritismo, o que não
contraria sua formação científica, causal-explicativa.
Alan Kardec, no Livro dos Espíritos, reconhece o livre-arbítrio, mas admite que não são
os caracteres físicos que determinam o comportamento, e sim a natureza do espírito
encarnado, que pode ter inclinação para o mal, mas possui o poder de enfrentar com o
seu querer a tendência manifestada. Lombroso reconhece, ao fim, a pouca incidência de
hipóteses do criminoso nato.
Este escorço histórico, quando dos cem anos da desencarnação de Lombroso, recoloca a
angustiosa questão do livre-arbítrio ou do determinismo. A meu sentir, a liberdade não
pode ser indiferente. Cabe situar o homem em suas circunstâncias biológicas e sociais,
pois age no mundo que o circunda. O homem possui uma liberdade, mais que situada,
sitiada, sem deixar de ter, contudo, uma esfera de decisão última pela qual define a
realização da vontade e a do seu próprio modo de ser. Sem liberdade perdem sentido a
dignidade do homem e a imortalidade do espírito.
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por Rodrigo Queiroz – Revista Umbanda Sagrada
Na prática da Umbanda, a oferenda é um dos atos mais sagrados de conexão entre fiel e
Divindade.
Toda religião tem sua prática ofertatória, quer seja uma fruta no Congá ou até uma nota
de R$ 10,00 no envelope. Não importa, este é um ato de oferta, um ato de fé e cada
religião tem a sua leitura própria de como deve ser esta prática.
Nas religiões naturais, de culto a Deus e Divindades na natureza, no geral estas religiões
tem como pratica ofertatória a oferenda daquilo que vem da natureza, ou seja, flores,
frutos, grãos etc.
A Umbanda é uma religião natural, ela entende a natureza física como pontos de força,
santuário natural, sítio sagrado ou mesmo casa dos Orixás. E encontramos variadas
formas de oferendas, tem oferenda para tudo, para energização, para descarrego, para
abertura de caminhos, para prosperidade, para amor e por aí vai. O fato é que oferenda
está presente no dia a dia do Umbandista.
Nunca se falou tanto em meio ambiente, efeito estufa, caos planetário como nestes
últimos anos. Todavia se não fosse algo tão sério não se falaria tanto. Claro que
podemos ajudar muito fazendo cada um a sua parte, como diminuir o tempo do banho,
selecionar o lixo, diminuir o uso do carro, etc.
Este artigo vai ser assim mesmo, um tanto indigesto, é para provocar náuseas e quem
sabe ao final, no seu vômito, você comece a evitar que os Orixás continuem tendo que
tolerar nosso lixo.
O conceito de oferenda é o ato religioso de interação do fiel com seu guia, Orixá e
forças da natureza. Energeticamente o prana das oferendas é usado em beneficio de
quem oferenda ou pra quem se destina, ou seja, quando uma oferenda é feita para
terceiro. Magísticamente é a movimentação de energias e elementais em beneficio
próprio ou de outrem. Isso é a síntese pratica de como funciona a oferenda. A Umbanda
é o culto à natureza e na oferenda colocamos tudo que é natural.
Partindo deste pressuposto fica claro que o conjunto geral da oferenda deve ser um ato
salutar para todos os envolvidos, ou seja, o fiel, a natureza e o Orixá. Pense, os pontos
de força naturais são as casas dos Orixás, como a mata está para Oxossi, o mar está para
Iemanjá, as cachoeiras estão para Oxum, as pedreiras para Xangô, etc.
Se a Umbanda vê a natureza como sagrado, logo deve preservá-la. Todo cidadão precisa
de uma consciência ecológica para o exercício da cidadania, mas com o Umbandista a
coisa vai mais longe, ecologia é preceito religioso, e isso significa muita coisa.
O respeito com a diversidade ritualística que encontramos em nossa religião não pode
ser confundido com tolerância aos abusos. Porem antes de julgar precisamos orientar.
Sei que existem muitos conceitos sobre oferendas e postura dentro dos campos
sagrados. Certa vez me falaram que tudo que entra na mata não pode sair, ou seja,
aquelas dezenas de sacolinhas plásticas que serviram apenas de condutores materiais,
tinham que ficar lá. Os copos plásticos, garrafas e bandejas de isopor também. A
justificativa: não tirar carrego da mata !
Oras, ou aquele lugar é sagrado e como tal é benéfico, ou é profano e prejudicial, temos
que definir isso na mente.
Pelo lado energético ou pergunto: o que vai me atrair negatividades. São as sacolinhas
que por sinal são isolantes ou minha vibração mental e emocional ?
Então vamos descartar esta obrigatoriedade de poluir o espaço sagrado. Até porque esta
pratica é mais atual do que parece.
Além de cuidar do meio ambiente, precisamos zelar pela boa imagem da religião. Pois,
para aqueles que não são adeptos, quando chegam em ambientes com estes “ restos “,
criam uma imagem bastante distorcida do real significado das oferendas.
Questão de Postura
Há algum tempo foi notícia em Porto Alegre – RS uma oferenda na beira do rio Guaíba
contendo 77 cabeças de bode, claro que sabemos que não tem nada de Umbanda nisso,
mas não foi isso que a mídia local divulgou. Também em Curitiba – PR foi pribido a
entrada de Umbandista para pratica de oferendas numa reserva florestal, devido ao
excesso de lixo não orgânico deixado na natureza e nem preciso citar as milhares de
encruzilhadas diariamente forradas por elementos nada agradáveis.
Muitas vezes estes excessos provém da Umbanda, no entanto já foi manchada a nossa
imagem e precisamos de postura real e firme, no dia – a – dia do fiel Umbandista, aliado
a divulgações e mídias como que realmente a Umbanda se porta á natureza.
Em São Paulo capital, dois cemitérios ganharam há seis anos um Santuário de Obaluaiê
/ Omulú para os fiéis promoverem seus cultos e oferendas. No enttanto tivemos notícia
que estes espaços serão desapropriados devido a depreciação do ambiente e a
quantidade diária de animais mortos despejados ali.
Fazendo a Diferença
Foi preocupado com a violência urbana, privacidade e meio ambiente que o Sr. Pai
Ronaldo Linares, presidente da Federação Umbandista do Grande ABC fundou há 30
anos o Santuário Nacional da Umbanda, um espaço que na origem era uma imensa
pedreira e terra seca, hoje todo reflorestado com árvores tópicas, cachoeiras, rio e uma
imensa área verde. O Umbandista tem toda liberdade e privacidade para realização de
seus cultos e oferendas, inclusive em praças específicas para cada Orixá ou linha de
trabalho. Hoje, 263 terreiros estão construídos nesta área e há 40 lotes disponíveis para
aluguel diário aos interessados em fazer trabalhos na natureza. É aberto ao público geral
sem restrições.
Lá sim, você pode fazer uma oferenda com panos, pratos, descartáveis, vidros etc, pois
o Santuário conta com uma equipe de funcionários responsáveis pela limpeza, a coleta é
seletiva, o que é reciclado tem seu destino certo, o que é orgânico vira alimento para o
minhocário que produz o adubo utilizado para o plantio de 300 mudas mensais e faz
parte do reflorestamento da Mata Atlântica que o Santuário mantêm.
Pai Ronaldo informa que o Santuário tem um compromisso muito sério com o meio
ambiente, por isso são feitas três coletas semanais de lixo, totalizando uma média de 8 a
10 toneladas de puro lixo. Não está incluso nesta conta os recicláveis, orgânicos e
alguidares. Em épocas de festa chega coletar quase o dobro disso. Todo esse lixo vem
das 2 a 3 mil pessoas que freqüentam semanalmente o Santuário.
O mais interessante é como se aproveita a maioria dos materiais que seriam lixo. Os
alguidares são limpos e triturados para servirem de cascalho nas estradas internas do
parque. Louças, pratos, copos etc, também são limpos, desinfetados e defumados pela
Mão – de – Santo, Dona Luiza, que separa tudo e encaminha para várias instituições de
caridade.
Próximo a cachoeira uma placa alerta os visitantes: “O lixo traz o rato, o rato traz a
cobra, a cobra traz a morte”. A limpeza das oferendas é feita sempre com o prazo
mínimo de 24 hs após ser arriada. “O Umbandista não precisa de uma catedral como
só o gênio humano é capaz de construir. So precisa de um pouco de natureza, como
Deus foi capaz de criar “ - frisa Pai Ronaldo.
Pai Jamil afirma que, por mês, cerca que 2.000 filiados utilizam este espaço.
Em Bauru – SP, a Federação Umbandista Reino de Oxalá, presidida por Sr. Pai
Rubens Amaro, há oito anos fundou o Vale dos Orixás.
Infelizmente pelo tamanho do nosso corpo religioso são poucas as iniciativas para “
privatizar “ santuários naturais e trazer conforto, segurança e ecologia para nossa
comunidade.
De forma geral os Umbandistas se utilizam da natureza pública, poucos tem acesso aos
recintos privados, como citamos. Portanto, todos nós podemos adotar atitudes simples
que resultam em grande impacto.
Quando chegar no ponto de força da natureza e definir onde irá arriar sua oferenda,
priorize forrar o chão com as folhagens do ambiente. Coloque os elementos e comidas
sobre as folhas. Dispense pratos ou coisas do tipo. Os líquidos coloquem em copos
descartáveis. Acenda as velas e prepare tudo.
Não há resultado em oferendas feitas às pressas, lembre – se que este é um ato sagrado e
com dedicação deve ser ministrado. Então, faça as preces, cantos e pedidos com
tranqüilidade. Normalmente na natureza em 30 a 40 minutos as velas já queimaram,
ótimo. Recolha as borras e coloque no lixo. Antes de sair, jogue o líquido dos copos ao
redor da oferenda, os descartáveis vão pro lixo. Faça o mesmo com garrafas e demais
elementos. Certifique – se que ficará na natureza apenas material não poluente.
Seguindo esse preceito deixaremos de agredir a natureza sem perder o ato sagrado e
ainda alegrar o Orixá. Não apóie velas no tronco das árvores, você pode matá – lãs. E
lembre – se: LIXO NO LIXO !
No livro Rituais Umbandistas de Rubens Saraceni, pela Editora Madras, o autor cita
na página 21 que “ o ato de fazer uma oferenda ritual a um guia espiritual em um ponto
de força abre – lhe a possibilidade de recorrer à própria hierarquia e às forças da
natureza, tanto para auxiliarem seu médium como para socorrerem as pessoas que
atender. “ Ele ainda complementa que “ a oferenda ritual atua como uma chave de
abertura e de religação do médium com o Orixá...”
Observamos dois autores que ao tratar das oferendas convergem no mesmo ponto. A
grandiosidade e sacralidade da oferenda e dos pontos naturais.
Rô de Aruanda
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"Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos
homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados e descaiais da vossa firmeza." -
Pedro. (II PEDRO, 3:17.)
O dedicado aprendiz só se deixará levar por equívocos quando se fizer surdo aos
convites do bem, deixando-se envolver pelas armadilhas das sombras, podendo dessa
forma ser levado a percorrer os tortuosos caminhos, diferentes daqueles sugeridos pelos
Emissários da Paz e do progresso.
Os Bons Espíritos só nos conduzem por estradas largas e retas onde podemos desfrutar
da calmaria natural de quem tem a consciência tranqüila de que está agindo em
conformidade com os princípios Divinos contidos nas Leis de Deus, perfeitas e
imutáveis.
Necessário se faz entender, que o fiel discípulo de Jesus será mais cedo ou mais tarde
bafejado pelas benesses do Céu em seus dias, recebendo os frutos do esclarecimento,
que lhe trarão consolações, luzes e bênçãos, para que se dedique ao trabalho em seu
próprio favor e de seu semelhante cada vez mais e melhor, por saber, de antemão, o
quanto lhe compete realizar em serviço e vigilância para se desvencilhar das ilusões dos
homens abomináveis, agindo com a responsabilidade que lhe compete, fugindo das
aflitivas realidades que aguardam nos planos inferiores os incautos, preguiçosos e
inconseqüentes de hoje.
> Fé Raciocinada
Artigos
FÉ RACIOCINADA
José Passini
Juiz de Fora - MG
O mundo está cheio de exemplos tristes dos frutos do fanatismo religioso. Em nome da
fé, quantas perseguições, quantas mortes e até guerras? Ainda nos dias atuais,
principalmente na semana santa, existem pessoas que vertem seu próprio sangue,
ferindo seus corpos, ou se entregam a privações terríveis no intuito de mostrar sua fé em
Deus. Se raciocinassem, veriam que Deus, como Pai amoroso, bom e misericordioso,
nunca poderia ser homenageado com o derramamento do sangue dos Seus filhos. Essa
concepção de um deus sanguinário, combateu-a o Profeta Elias, séculos antes de Jesus,
quando enfrentou os sacerdotes adoradores do deus Baal. (I Reis, 18: 22 a 40).
A fé espírita não é aquela que se fixa em objetos materiais como cruzes, escapulários,
bentinhos, talismãs, amuletos, medalhas, etc. O espírita tem fé em Deus, em Jesus, nos
bons Espíritos, entidades dotadas de sentimento e de inteligência, seres capazes de
movimentar recursos em seu favor. Essa fé é muito diferente da crença infantil num
pretenso poder mágico de objetos materiais, que não poderiam jamais movimentar, com
inteligência e sentimento, recursos a benefício de alguém.
Entretanto, é lícito se indague sobre a origem da fé raciocinada. Teria ela nascido com o
Espiritismo? Não, a fé raciocinada nos vem de Jesus, dos ensinamentos do seu
Evangelho. O Mestre mudou completamente o próprio conceito de religião,
introduzindo no campo até então puramente emocional da fé, o componente razão,
entendimento. Ninguém, até Jesus, fez tantos apelos ao raciocínio no âmbito religioso.
Kardec, conhecedor profundo da atuação de Jesus, o conhecia, não como um místico,
mas como um educador de almas que, ao tempo em que tocava o sentimento daqueles
que o ouviam, sabia também levá-los ao entendimento das lições.. Por isso, tem a
Doutrina Espírita essa característica de racionalidade. E não podia ser de outra forma,
de vez que ao Espiritismo coube o papel de reviver o Cristianismo na sua pureza,
simplicidade e pujança originais Jesus nunca explorou a emoção de ninguém. Sua fala,
mansa e humilde, precisa e firme, era dirigida ao sentimento e à inteligência. Suas lições
foram sempre pautadas no diálogo, através do qual propunha o exame racional daquilo
que ensinava.
Censurado por haver curado uma mulher paralítica num sábado, bem poderia deixar que
a própria cura falasse por ele, mas não perdeu a oportunidade de, através de uma
pergunta, fazer pensar aqueles que o ouviam: “(...) no sábado não desprende da
manjedoura cada um de vós o seu boi, ou o jumento, e não o leva a beber? E não
convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito
anos Satanás a tinha presa?” (Lc, 13: 15 e 16).
De outra feita, ele próprio perguntou aos doutores da lei, antes de curar um homem: “É
lícito curar no sábado?” (Lc, 14: 3). Como não respondessem, Jesus curou o hidrópico e
o despediu. Depois, ele volta a inquiri-los, a fim de conscientizá-los de que acima da
letra morta há uma interpretação racional, inteligente: “Qual de vós o que, caindo-lhe
num poço, em dia de sábado, o jumento ou o boi, o não tire logo?” (Lc, 14: 5).
“E orando, não useis de vãs repetições...” (Mt, 6: 7). Quer o Mestre dizer que devemos
orar com plena consciência daquilo que falamos, que a nossa oração não seja uma
repetição emocional de uma fórmula decorada, como se fosse algo recitado ou
declamado. Ao contrário, que seja uma mensagem conscientemente elaborada, com um
conteúdo de comunicação dirigida ao Alto, e que não seja uma simples ladainha.
Jesus, ao conversar com a samaritana, à beira do poço de Jacó, demonstra que não
necessitava de inquirir alguém para informar-se de algo. Ali deixa claro para ela que
conhecia-lhe o passado como a palma de sua mão. (Jo, 4: 17). Entretanto,
freqüentemente fazia perguntas para suscitar dúvida no seu interlocutor, a fim de fazê-lo
pensar, raciocinar e não receber passivamente um ensinamento: “Qual é mais fácil?
Dizer: Os teus pecados te são perdoados; ou dizer: Levanta-te e anda?” (Lc, 5: 23).
“E qual de vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E,
pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas
coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que
lhos pedirem?” (Mt, 7: 9 a 11). Também por essa passagem pode-se ver que Jesus não
buscava levar ninguém a uma adoração emotiva, a uma fé cega. Ele poderia ter dito, por
exemplo que se deve ter fé em Deus, criador de tudo o que existe, que é bom, amoroso,
misericordioso, providente etc. Mas não, só isso não bastava. Se ficasse só nessas
afirmações, teria suscitado uma fé passiva. Ele queria fazer as criaturas entenderem,
através de uma comparação, que o Todo Poderoso deveria ser, necessariamente, melhor
que um pai terreno e, portanto, capaz de dar maiores bens aos Seus filhos.
Os apelos que Jesus, nas suas lições, fazia não só ao sentimento, mas também à
inteligência, foi objeto de estudo até mesmo fora do ambiente religioso, por um médico
psiquiatra, Augusto Jorge Cury, quando diz: “... ele não anulava arte de pensar, ao
contrário, era um mestre intrigante nessa arte. Cristo não discorria sobre uma fé sem
inteligência. Para ele, primeiro se deveria exercer a capacidade de pensar e refletir antes
de crer, depois vinha o crer sem duvidar. Se estudarmos os quatro evangelhos e
investigarmos a maneira como Cristo regia e expressava seus pensamentos,
constataremos que pensar com liberdade e consciência era uma obra-prima para ele.”
(4)
Diante do que se acabou de ver, conclui-se que Jesus foi um pedagogo e não um
místico. Sabia atrair seus ouvintes com as doces consolações da fé, mas não alimentava
atitudes de deslumbramento contemplativo, face aos apelos ao raciocínio com que
mesclava suas sublimes lições. Encaminhava-os ao entendimento lógico, racional dos
fatos! Jesus, como Mestre admirável que foi, soube criar um clima de diálogo aberto.
Foi essa liberdade que levou os discípulos a buscarem imediatamente esclarecimento
sobre a aparição de Elias, embora a pergunta formulada por eles contivesse embutido
um grave questionamento, qual seja o da própria condição de Messias do seu Mestre.
Jesus não se sente agastado e, com a segurança daqueles que estão com a Verdade, os
esclarece. Assim, vê-se claramente que Jesus não impunha suas idéias, não violentava
consciências, nem exigia fé cega, sem exame. Não. Sua mensagem sempre foi dirigida
ao intelecto e ao sentimento, bases legítimas da fé raciocinada, que o Espiritismo veio
reviver.
Fonte: http://aeradoespirito.sites.uol.com.br
Artigos
José Passini
Juiz de Fora - MG
A evolução do Espírito fica muito evidente nas palavras de Jesus, quando se declara, ele
também, um Espírito em evolução: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que
crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas (...).”(7) É
verdade que no dia em que chegarmos a fazer o que o Mestre fazia à época em que
pronunciou essas palavras – daqui a alguns milhões de anos –, pensando que nos
igualamos a ele, ele estará ainda à nossa frente, pois ele disse que poderíamos fazer
obras maiores do que as que ele fazia, mas não disse que nós o ultrapassaríamos.
Ultrapassaremos o ponto evolutivo em que ele se encontrava naquele dia, mas ele estará
ainda à nossa frente, de vez que a evolução é infinita. E nós nem sabemos o que é
infinito, a não ser através de uma definição terrivelmente circular: “aquilo que não tem
fim”!
Se o Espírito fosse criado juntamente com o corpo, como ficaria a justiça divina ante a
flagrante diferença que existe entre as oportunidades deferidas ao homem e à mulher, na
família, na sociedade e até mesmo nas religiões? Seria o caso de a mulher perguntar – e
muitas perguntam – por que Deus as criou mulheres, sem as consultar, para sofrerem,
em muitos casos, cerceamento de liberdade por parte dos pais, e depois as exigências e,
não raro, a brutalidade dos maridos, enquanto lhes pesam nos ombros as sérias
responsabilidades no encaminhamento e na manutenção da saúde dos filhos. O
Espiritismo, dentro de uma visão evolucionista, mostra que o Espírito não tem sexo,
podendo encarnar-se como homem ou como mulher, segundo o seu livre-arbítrio.
De acordo com a doutrina da unicidade das existências, a criação de novas almas não
seria decorrente da vontade do Criador, mas estaria sujeita ao arbítrio dos casais, pois
que poderiam usar um contraceptivo, impedindo Deus de usar o Seu poder de criar uma
nova alma. O Espiritismo nos ensina que, ao usar qualquer recurso anticoncepcional,
um casal apenas impede que um Espírito, já criado por Deus, que já encarnou-se outras
vezes, volte à Terra para uma nova etapa de aprendizagem.
Bibliografia
Novo Testamento:
(1) - Lc, 10: 25
(2) - Mt, 11: 14
(3) - Mt, 5: 44
(6) - Mt, 5: 16
(7) - Jo, 14:12
Artigos
Até que idealizaram algo que as pudesse aliviar da tortura do aprisionamento e das
péssimas condições de alimentação e higiene.
Foi em dezembro de 1943 que as prisioneiras principiaram a serem avisadas que suas
colegas promoveriam um concerto.
As participantes foram entrando, uma após a outra, cada qual portando um banquinho e
algumas folhas de papel.
Sua voz soou clara, como um arauto de boas novas: Esta noite vocês ouvirão um coro
de vozes femininas produzindo música, geralmente executada por orquestras.
Pelas mentes cansadas das mulheres que ouviam, as imagens se sucediam como por
encanto. A Pastoral do Messias do compositor Handel evocou o Natal, um prelúdio do
polonês Chopin reavivou lembranças de um amor que um dia existira na fase do namoro
e do casamento de muitas delas.
O som de violinos podia ser ouvido. Em certo momento, o guarda de baioneta no rifle,
furioso, investiu contra o grupo.
No exato momento, o coro atingiu o auge de sua apresentação e ele permaneceu imóvel,
como que hipnotizado pelos acordes vocais.
Por mais três ou quatro vezes, o coro fez concertos. A música lhes renovava as
esperanças e o sentido de dignidade humana.
Além das cercas, dos maus tratos elas andavam nos campos, aspiravam o perfume das
flores, adentravam salões de festa, teatros e participavam do grandioso concerto.
Seu canto as levava para muito além dos muros, da miséria e do desamor.
***
Você tem na garganta uma flauta mágica, disposta por Deus, para a modulação da
canção da paz.
Use-a, todos os dias, para executar a sinfonia da esperança aos ouvidos dos aflitos e
ciciar doces melodias para os corações em desesperança.
Artigos
Amigos,
Esse texto, acima de todos os outros, é fundamental que seja reapresentado, pelas
constantes mensagens que recebemos:
Nós, assim como vários outros blogs de Umbanda pela internet, temos percebido uma
série de questões do tipo "gostaria de saber a história", perguntando sobre Caboclo X,
ou do Exu Y, ou da Cigana W. Isso tem sido um problema, pois é como tentar saber a
história da vida de uma pessoa que você encontra na rua, perguntando para uma outra
pessoa que nunca a viu. E faço essas afirmações com base em algumas pesquisas. Por
exemplo; Alex de Oxossi, no blog Povo de Aruanda, teceu um texto sobre o caso que
diz:
"Eu estou na internet desde de 1998, mas tem aproximadamente 5 anos que venho
tentando falar de Umbanda na internet, mas logo assim que eu comecei procurava feito
um louco, história do cigano que eu trabalho, do Exú e do Caboclo, nada encontrei e um
dia o cigano que trabalho, falou que a história dele estava começando naquele exato
momento e seria aquela que eu teria que aprender, seria aquela que eu teria que
propagar, dentro das Leis da Umbanda.
(…)
Exemplo:
Eu posso trabalhar com Tranca Ruas das Almas e você também, podemos até ter os
mesmos Pais e Mães de cabeça, mas o Tranca Ruas das Almas que você trabalha, não é
e nunca será o mesmo que eu trabalho, mas ambos chegam na mesma vibração, na
mesma energia, são das mesmas Falanges."
Visto isso, podemos concluir algumas coisas básicas, que devem fazer parte da bagagem
cultural de cada um, principalmente de quem está começando na Umbanda:
Primeiramente, cada espírito é um espírito com vida própria e linha evolutiva própria.
Segundo, os nomes que ostentam são, na verdade, identificações das linhas de trabalho
e das forças que carregam, e não seus nomes quando encarnados. É como se o exército
do general Silveira assumisse o nome "Silveira" para diferenciá-los dos soldados de
outros exércitos.
Visto todas essas condições, podemos concluir que, mesmo que uma pessoa encontre na
internet ou em livros a história da vida da Cabocla Jurema, para citar somente um
exemplo, essa história poderá não concordar com a história pessoal da cabocla com a
qual você trabalha. E isso acontece, também, com as formas de incorporação.
A incorporação obedece, primeiramente, ao alinhamento entra as energias vibratórias do
médium e do guia. O primeiro tem que subir (afinar) sua vibração e o segundo tem que
descer (densificar) a sua, para que as duas comunguem em uma mesma faixa e
consigam se corresponder. Esse é o motivo da concentração que o médium necessita
para o ato. E esse é também o motivo para que a incorporação não queira dizer que o
espírito de um dá licença para o outro espírito assumir o corpo.
Portanto, estou bem seguro em afirmar que a história do guia é uma coisa maravilhosa
de se saber, até porque o guia tem uma forma singular de apontar os erros e dar lições,
mas só quem pode saber a história do seu guia é ele mesmo e só quem pode saber a
maneira de incorporá-lo, a maneira como ele age, é você, deixando o pensamento livre
para que ele se manifeste à vontade. Umbanda é amor e não conheço quem não ame
seus guias, por isso mesmo devemos tratá-los como tratamos nossos amigos, nossos
irmãos, como seres únicos e completos e não como seres presos a conceitos únicos,
presos a uma única vida.
Artigos
É de suma importância que todos nós espíritas, que tomamos parte de uma tarefa
qualquer na área da mediunidade em nossas casas espíritas, estejamos devidamente
preparados para esse sublime mister espiritual.
Precisamos atentar para os sérios e nobres objetivos da mediunidade para nós médiuns,
pois, como nos esclarecem os Nobres Emissários da Espiritualidade Superior, a
mediunidade é uma sagrada ferramenta colocada ao nosso dispor pela Soberana
Sabedoria do Universo, para o nosso aprimoramento espiritual e crescimento como Ser
imortal a caminho da pureza e da felicidade que nos está reservada aguardando por
nossa decisão de empreender os necessários esforços por conquistá-la.
Somente através do adequado uso dos talentos mediúnicos de que somos portadores, é
que verdadeiramente poderemos nos tornar úteis aos Arquitetos Divinos para realizar as
atividades da mediunidade de forma perfeita em nosso proveito próprio e do nosso
semelhante, na Seara bendita do nosso Mestre e Guia, Jesus de Nazaré.
Quando termina a lide mediúnica, ali vai encerrada, momentaneamente a tarefa dos
encarnados, a fim de recomeçá-la, logo mais, no instante em que ele penetre a esfera do
sono, para prosseguir sob outro aspecto ajudando os que ficaram de ser atendidos e não
puderam, por uma ou outra razão. Então, convém que, ao terminar a reunião mediúnica
seja mantida a psicosfera agradável em que as conversas sejam edificantes. Pode-se e
deve-se fazer uma análise do trabalho realizado, um estudo, um cotejo no campo das
comunicações e depois uma verificação da produtividade; tudo isto em clima salutar de
fraternidade objetivando dirimir futuras inquietações e problemas Outros”.
Assim sendo, irmão e amigos, estejamos preparados sempre que nos apresentarmos aos
amigos Celestes para juntos participarmos de tarefas tão dignas, de forma a contribuir
com o nosso melhor, na construção da paz e da luz nos nossos caminhos, enquanto
estamos usufruindo da presente oportunidade que Deus por amor e bondade nos
concedeu.
Fonte:
Livro: Diretrizes de Segurança – Questão 31.
Divaldo P. Franco/ José Raul Teixeira.
Francisco Rebouças.
Artigos
A humanidade movimenta-se bastante aturdida na Terra, planeta de provas e expiações,
por causa do seu atual estágio evolutivo, onde seus habitantes ainda bem longe estão da
pureza e da perfeição a que está destinada; residindo momentaneamente neste
abençoado planeta que nos abriga e concede oportunidades para nos redimirmos diante
das perfeitas Leis Naturais, que regem com justiça os destinos dos seus habitantes,
capacitando-lhes a seguir para moradas bem mais interessantes. Na maioria das vezes,
ficamos perplexos diante do que constatamos no dia a dia de nossas vidas, por que nos
falta ainda a devida compreensão desses mecanismos automáticos que nos surpreendem
em cada ação que perpetramos, dando-nos o justo salário pela obra executada,
concedendo na medida certa o doce sabor da paz interior pelas boas obras realizadas ou
o sabor amargo pelas menos felizes que empreendemos diante do próximo ou da vida.
Assim sendo, como desde os distanciados séculos de nossa criação, nos dedicamos em
maior parte nas más construções, estamos em maioria esmagadora diante das aflições
pelas quais passamos na atual existência e que muitas das vezes não encontramos
motivos que justifiquem tais situações afligentes, que nos sucedem no presente, e que
nos deixam desesperados e revoltados a blasfemar contra o Criador, que parece não está
se importando com nossos sofrimentos tão “injustos”.
No entanto, não são os sofrimentos atuais somente o resultado das nossas obras
infrutíferas de ontem, mas, para muitos de nós, são provas que buscamos realizar com
sucesso para galgarmos subir alguns degraus na escala evolutiva do Espírito Imortal,
conforme podemos constatar pelos ensinos dos Espíritos Superiores na matéria que
segue.
“9. Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a
existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo
Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve
sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação. Provas e expiações, todavia,
são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não precisa ser
provado. Pode, pois, um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e, nada
obstante, desejoso de adiantar-se mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar, pela
qual tanto mais recompensado será, se sair vitorioso, quanto mais rude haja sido a luta.
Tais são, especialmente, essas pessoas de instintos naturalmente bons, de alma elevada,
de nobres sentimentos inatos, que parece nada de mau haverem trazido de suas
precedentes existências e que sofrem, com resignação toda cristã, as maiores dores,
somente pedindo a Deus que as possam suportar sem murmurar. Pode-se, ao contrário,
considerar como expiações as aflições que provocam queixas e impelem o homem à
revolta contra Deus.
Sem dúvida, o sofrimento que não provoca queixumes pode ser uma expiação; mas, é
indício de que foi buscada voluntariamente, antes que imposta, e constitui prova de forte
resolução, o que é sinal de progresso.
10. Os Espíritos não podem aspirar à completa felicidade, enquanto não se tenham
tornado puros: qualquer mácula lhes interdita a entrada nos mundos ditosos. São como
os passageiros de um navio onde há pestosos, aos quais se veda o acesso à cidade a que
aportem, até que se hajam expurgado. Mediante as diversas existências corpóreas é que
os Espíritos se vão expungindo, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provações da
vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam as
faltas e purificam. São o remédio que limpa as chagas e cura o doente. Quanto mais
grave é o mal, tanto mais
enérgico deve ser o remédio. Aquele, pois, que muito sofre deve reconhecer que muito
tinha a expiar e deve regozijar-se à idéia da sua próxima cura. Dele depende, pela
resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas
impaciências, visto que, do contrário, terá de recomeçar.” 1
Resta-nos encarar com decisão as nossas atuais dificuldades, pois, não estaremos em
uma situação qualquer sem nada termos contribuído para tal, e estejamos absolutamente
certos de que teremos quantas oportunidades nos forem necessárias, para alcançar o fim
a que todos estamos destinados pela Soberana Inteligência Universal, que é a pureza
espiritual e a perfeição relativa, e não nos cabe fiscalizar as ações do nosso próximo,
pois, segundo nos afirmou o Mestre de Nazaré, a cada um será dado segundo suas
próprias obras.
Foi Jesus quem nos propôs que não julgássemos os nossos semelhantes, pois, se assim
procedermos, poderemos estar cometendo enorme injustiça para com muitos dos irmãos
em sofrimento na Terra, que em verdade não estão em processo expiatório, como
poderíamos achar, mas sim, em prova com finalidades nobres de crescimento e
evolução moral espiritual.
Fonte:
1) E.S.E. Cap. V, itens 9 e 10.
Francisco Rebouças.
... Momento Espírita
Artigos
Tudo ia muito bem até aquele dia. Ela era uma mulher casada. E muito bem casada. Era
feliz. Seu marido, um alto executivo, apesar das constantes viagens que o retinham fora
do lar a períodos regulares, era um homem atencioso.
Nada havia que ela desejasse que ele não viesse a satisfazer. Uma casa confortável,
segurança, carinho.
Até aquele dia, quando a notícia chegara de repente: ele sofrera um infarto. Nem uma
última palavra, um último abraço. Nada.
O enterro foi triste e silencioso. Depois só ficou uma imensa saudade. Tudo era motivo
de recordação.
Então, ela recebeu uma carta. Vinha de um outro Estado e era assinada por uma mulher.
Em poucas linhas, a desconhecida lhe fazia ciente de que o homem pelo qual chorava
tinha sido também o seu amor.
E, como fruto do relacionamento de alguns anos, ela ficara com duas crianças pequenas.
Descrevia seu drama.
As dificuldades profissionais, as despesas que se avolumavam, as necessidades que
cresciam.
Rogava desculpas por atormentá-la, mas pedia auxílio para suas duas meninas.
A primeira reação foi de revolta, de raiva. Sentiu-se traída, magoada. Com o passar dos
dias, aquilo foi arrefecendo e dando lugar a um outro sentimento.
Pensou no amor que seu marido deveria ter pelas filhas. Agora estavam órfãs.
Por muito amá-lo, tomou uma decisão. Respondeu a carta dizendo que ficaria com as
duas crianças. Assumiria a sua educação. Com uma condição: a mãe as deveria entregar
aos seus cuidados em definitivo.
No aeroporto se encontraram. De longe, ela viu a outra: jovem, bonita. Era uma nissei.
Sentiu ciúmes. As crianças eram lindas.
As crianças se achegaram a ela, soluçando. A cena era tocante. Então, a mulher sentiu
uma onda de carinho invadi-la e chamou a jovem mãe.
Vamos ser uma única e grande família. Fique conosco você também. Seremos amigas e
mães das nossas meninas sem pai.
Não do perdão dos lábios, mas o perdão do coração. O verdadeiro. O que coloca um véu
sobre o passado.
O único que é levado em conta, pois Deus não se satisfaz com as aparências. Ele sonda
a intimidade e conhece os mais secretos pensamentos dos homens.
Perdoar é pedir perdão para si próprio. Afinal, quem de nós não necessita dele? Quem
de nós pode dizer, em sã consciência, que não comete equívocos?
Se alguém nos prejudicou, mais um motivo para o exercício do perdão, pois o mérito é
proporcionado à gravidade do mal.
Artigos
Nós escolhemos muito. Ficamos melindrados por pouca coisa. Falamos do ego dos
outros sem observarmos o próprio. Heterocrítica afiada, autocrítica cega.
Intelectualidade elevada, sentimento opaco. Muitas opiniões, poucos valores. De um
lado, grande adequação e senso sociais. No outro extremo, discernimento consciencial
quase nulo.
Fazemos pouco pela humanidade. Pelo pouco que fazemos a ela nos sentimos grandes,
credores de um rosário de favores. Nossas verdades pessoais são "relativas" e "lúcidas".
As verdades alheias, "absolutas" e "primitivas". Julgamo-nos universalistas sem,
contudo, enxergar a pedreira de facciosidade que nos oprime as
costas. Dizemos que compreendemos os outros, mas voltamos para casa em silêncio,
imersos em pensamentos de crítica ferina, muitas vezes gratuita, desnecessariamente
severa. Somos "pretos" falando de "brancos", "brancos" falando de "índios". Cínicos a
exigirem de outrem pureza de sentimentos. "São caboclos querendo ser ingleses", diria
Cazuza.
Cada qual com sua verdade, com sua "salvação", com sua ortodoxia, inarredável e
intransigente, discreta ou escancarada – seja na alimentação, na doutrina, na filosofia, na
ecologia, ostentamos o carvalho inflexível, "cheio de razão". Quebra mas não verga.
Nossos amparadores (guias, mentores, benfeitores espirituais) assistem a
tudo, serenos e compassivos. Somos os karmas negativos deles.
Olham-se nos olhos os amparadores dos dois companheiros que divergem. Imbuídos de
compaixão, ambos os amparadores fitam seus amparados, enquanto estes defendem
seus pontos de vista com paixão, ou seja, passando longe do universalismo, ignorando
pontos de convergência que saltam aos olhos. Tentam intuir o universalismo, a síntese e
a flexibilidade em seus corações – como bola de ping-pong, bate e volta naquelas
cabeças duras e corações frios.
Somente o vôo da alma leve e da consciência sem grilhões enxerga a visão de conjunto
tão difícil às mentes ortodoxas e condicionadas, embora às vezes cultas,
intelectualizadas, bem-articuladas e até
parapsíquicas.
Em suma, nós escolhemos muito. Com o dedo em riste, descortinamos as falhas alheias,
enquanto nossos amparadores nos toleram, observando- nos a disparar dardos retóricos
e bioenergéticos, de quem se sente "cheio de razão".
Você não tem de se curvar a ninguém, mas terá de se curvar às Leis Naturais, pois o
relativo está contido no Absoluto.
Artigos
“Mais forte do que o destino é a cegueira dos que não querem ver!”
Antígona, de Sófocles
Por fim, todos devemos aderir à idéia do engajamento pessoal na promoção e defesa dos
Direitos Humanos, especialmente aqueles que, na condição de operadores jurídicos,
tenham como premissa básica de sua atuação à defesa incondicional dos direitos e
garantias, ocupando-se, primordialmente com a ampliação do acesso ao Direito e à
Justiça.
E que, como espíritas, igualmente nos portemos como seres inconformados com a
injustiça que, próximo ou distante de nós, ainda exista e subsista.
Neste dia e nos vindouros, que nossa reflexão seja subsidiada pela ação efetiva nesse
sentido!
Fonte :
http://aeradoespirito.sites.uol.com.br
> Estariam as crianças que alegam memórias de vidas passadas fantasiando, mentindo
ou confabulando?
Artigos
O Dr. Ian Stevenson tem investigado meticulosamente um grande número desses casos,
que ele se refere como Casos do tipo Reencarnação (CORTs). Suas investigações têm se
centrado na questão da veracidade das afirmações feitas pelas crianças. As repetidas e às
vezes clamorosas afirmações que os sujeitos fazem acerca das alegadas vidas prévias
frequentemente embaraçam-lhes de formas indesejáveis com outros membros de suas
famílias. Por exemplo, algumas crianças negam que seus pais sejam seus pais e exigem
serem levadas aos seus "verdadeiros pais", que, elas podem dizer, amaram-lhes mais.
Um pequeno número de sujeitos realmente tenta deixar o lar para encontrar a família
prévia por si próprio. Algumas crianças podem irritar-se com as circunstâncias humildes
de suas famílias e gabarem-se de ter tido a melhor comida, vestuário, servos, etc. na
vida anterior. Pais em culturas com crença na reencarnação não se surpreendem
frequentemente com as afirmações das crianças, pois acham que ele ou ela está
fantasiando, mas num número substancial de casos, eles ficam aborrecidos com as
crianças em razão do conteúdo dito pela criança e pelo comportamento incomum dela
relacionado.
Nos últimos 6 anos, Haraldosson tem feito uma detalhada investigação de 27 novos
casos que encontrou no Sri Lanka, um dos países onde alguns casos podem ser
encontrados a cada ano. Uma pequena parte dos casos tem mostrado um impacto
semelhante entre as afirmações da criança e fatos da vida de alguma pessoa que foi
identificada e que vivera antes do nascimento da criança, às vezes numa distante
comunidade. Em outros casos - e eles são muito mais freqüentes no Sri-Lanka -
ninguém correspondendo às afirmações da criança foi encontrado em relação à vida
prévia. A questão de se estas alegadas memórias referem-se, de fato, a eventos reais na
vida de pessoas que viveram antes da criança nascer não será discutida agora.
Interpretações postas em esforços para explicar os elementos verídicos dos casos mais
impressionantes têm incluído coincidência entre as afirmações da criança e fatos da vida
de algum falecido, paramnésia, percepção extra-sensorial pela criança de eventos da
vida de algum falecido, e a teoria da Reencarnação, que é a interpretação mais
comumente aceita nos países onde estes casos são encontrados. Não é fácil apresentar
teorias psicológicas adequadas para explicar o surgimento dessas alegadas memórias
das que crianças falam como tendo outra memória. Por outro lado, os seguintes fatores
psicológicos e sócio-psicológicos podem ser esperados para dispor uma criança a alegar
memórias de uma vida anterior: uma fantasiosa vida rica, uma necessidade de
compensar o isolamento social, alta sugestibilidade (em culturas onde a crença na
reencarnação constitui um papel maior), tendências dissociativas, busca por atenção e
relações perturbadas com os pais (causando a criança o clamor de que pertence a
qualquer outro lugar).
A Dra. Antonia Mills tem, juntamente com Patrick Fowler, exposto a teoria de
identidades alternadas (AIs) em crianças. Esta assume que crianças, em todas as
culturas, atravessam um período sensitivo dos 30 aos 90 meses para o desenvolvimento
de identidades alternativas. Durante este período sensitivo, AIs devem ter um lugar
vívido na vida da criança. Em torno do fim desse período e após, AIs declinam da
consciência da criança. Em países onde a crença na reencarnação não é parte da religião
dominante, a AI pode tomar forma de amigos imaginários, ao passo que em países com
uma forte crença na reencarnação, crianças criam imagens e memórias de uma
personalidade prévia. Nos últimos, AIs não são consideradas fantasias, mas memórias.
Identidades alternadas são mais comumente associadas em crianças com características
de personalidade que dispõem a criança desfrutar fantasia. Além disso, a ocorrência de
uma AI pode depender da necessidade de escapar para a fantasia de circunstâncias
abusivas ou assustadoras.
Crianças com memórias ativas do tipo vida anterior têm, na maioria dos casos, de 3 a 5
anos de idade. E poucos testes psicológicos objetivos existem para avaliar os fatores
acima mencionados em crianças jovens. Uma complicação adicional é que estas
crianças são em pequeno número e difíceis de encontrar, sendo que uma comparação
significativa com outras crianças necessita de uma amostragem de tamanho adequado.
No intuito de conseguir uma amostra suficientemente grande para este estudo (o qual
continua relativamente pequena), todos os sujeitos disponíveis acima dos 13 anos
tiveram que ser incluídos. Desde que alguns dos testes não poderiam ser usados em
crianças abaixo dos 7 anos, as crianças de nossa amostragem variaram dos 7 aos 13
anos, Nesta idade, a maioria das crianças tem parado de falar a respeito das memórias
de suas vidas prévias, mas todas haviam falado antes muito consistentemente durante
um período de tempo.
Sujeitos
Os sujeitos foram 23 crianças do Sri Lanka que haviam relatado memórias de uma vida
prévia (8 garotos e 15 garotas variando de 7 anos e um mês até 13 anos e um mês). Um
grupo de comparação consistiu de um número igual de crianças da mesma idade, do
mesmo sexo e da mesma vizinhança, mas que não havia falado de uma vida passada. A
idade média por crianças com memórias foi de 9 anos e 9,5 meses e para o grupo de
controle 9 anos e 8,7 meses. As crianças estavam espalhadas numa grande área do sul e
do centro do Sri Lanka e igualmente moravam em cidades e zonas rurais. Dos 23 casos
envolvendo alegadas memórias de vida prévia, 15 haviam sido investigados
previamente pelo autor e relatos detalhados têm sido publicados sobre 5 deles Oito
casos haviam sido investigados por Stevenson e seus associados, mas nenhum relato
havia ainda sido publicado sobre estes.
Testes Psicológicos
A GSS mede (1) a livre recordação (número de itens lembrados da história); (2)
confabulações (número de itens oferecidos sobre a livre memória que não são achados
na história); (3) sugestibilidade cedida sob pressão (números de itens dados antes do
feedback negativo ser fornecido); (4) mudança de sugestibilidade (uma mudança
distinta na natureza da réplica às 15 sugestíveis e 5 não-sugestíveis questões) e (5)
sugestibilidade total ( a soma dos dados e das mudanças). Há duas formas de GSS; a
história da forma 2 é mais apropriada para crianças. O teste foi traduzido pra o Sinhalês
por Shanez Fernando e adaptado para crianças do Sri Lanka.
Método Estatístico
Procedimento
Resultados
A inspeção dos principais resultados (veja tabela 1) revela que as crianças que alegam
memórias de uma vida prévia parecem, geralmente, mais maduras que as outras
crianças. Seus conhecimentos sobre palavras e o entendimento da linguagem (PPVT) é
muito maior (z = 3.50, p < .001) e elas têm uma memória melhor para eventos recentes
(GSS; z= 2.56, p < . 05). Os resultados das Matrizes Progressivas de Raven não são
significativamente maiores para crianças com alegadas memórias de vida prévia (z =
1.85, NS), um resultado sugestivo de que as diferenças vistas não são devidas as a
diferenças na capacidade de raciocinar por analogia. Crianças alegando vidas prévias
não são mais sugestivas do que outras crianças (z = -1.43, N = 46, NS). Não há
indicações de que CORTs confabulam mais do que seus pares (z= -.67, NS). A
performance escolar das crianças alegando vidas prévias é muito melhor que as do
grupo de controle de acordo com a avaliação de seus pais, como indicado pelo Checklist
de Comportamento Infantil (Wilcoxon z= 3.14, N=44, p< .02, todos os testes foram bi-
caudais). Mais importante, os professores relataram um desempenho escolar muito
maior (graus) para CORTs do que para seus pares (z = 3.02, N= 38, p< .01). De acordo
com seus parentes, CORTs são maiores não escala de Atividade Social do CCBL do que
outras crianças (z = 2.64, N = 38, p< .01); elas aprendem mais, comportam-se melhor na
escola e trabalham mais duro. Análises multivariadas das maiores variáveis, a saber,
memória, confabulações, sugestibilidade total, PPVT, Raven, performance escolar e
escore de problemas do CBCL- Modelo dos Pais - resultam em uma diferença total
significativa entre controles e sujeitos (F7, 10 = 5.60, p< .01) com um tamanho de
efeito, ou correlação canônica, de r*=.89. De acordo com os parentes, CORTs
aparentam consideráveis problemas comportamentais. O CBCL - Modelo dos Pais -
revela um maior escore de problema (z = 3.48, p < .001) para o grupo alvo. É
interessante notar que o número de problemas relatados varia particular e amplamente
entre os CORTs (veja tabela 1). Na visão dos professores que observam as crianças
apenas na escola, os CORTs não tem mais problemas comportamentais do que outras
crianças (z=-.10, NS). Itens individuais da CBCL nos quais os CORTs são
significativamente maiores ou menores que as crianças-controles são listados na tabela
2. De acordo com seus parentes, CORTs são mais argumentativos, gostam mais de estar
a sós, são teimosas, faladoras, tendem a se machucar, são muito preocupadas com
meticulosidades ou limpeza, exibem-se ou são menos "palhaças" e se envolvem menos
com outras crianças. Mais ainda, elas são nervosas, tensas e sentem-se que têm de serem
perfeitas e, às vezes, são confusas. Algumas dessas crianças se excitam, tendem a chorar
mais e têm alguns medos, os quais parecem ser relacionados, em muitos casos, às suas
alegadas memórias de vidas prévias. Os CORTs femininos diferiram significativamente
em três itens que não foram relatados por nenhum CORT masculino. Muitas das garotas
CORT estavam expressando um desejo de ser um membro do sexo oposto e foram
relatadas se comportar como o sexo oposto e guardando coisas desnecessárias. De
acordo com os professores, CORTs diferem significativamente de outras crianças em
sete itens na CBCL: mais significativamente, elas "sentem que têm que ser perfeitas".
Outros itens que os pais indicaram significativamente altos não são significativos no
Modelo do Professor. É interessante notar que os professores relataram que CORTs se
dão melhor com outras crianças, faltam à escola bem menos frequentemente, são menos
desobedientes, são mais altamente motivadas e são menos explosivas e imprevisíveis
em comportamento do que seus pares.
Discussão
Os dados mostram que crianças que alegam memórias de vidas prévias, quando
comparadas com a amostra de controle, têm maiores habilidades verbais, melhor
memória e estão indo muito melhor na escola que seus pares. Elas exigem mais de si, da
mesma forma que sentem que têm de serem perfeitas, um sentimento que também deve
contribuir para sua melhor performance escolar. Elas são mais sérias como indicando
por "brincar" menos do que o grupo de controle. Neste estudo, não há medida
satisfatoriamente completa da inclinação para fantasia, mas o número de itens
adicionados na memória livre à GSS foi usada como um indicador de confabulação.
Crianças alegando memórias de vidas passadas obtiveram menor escore nesta medida,
mas não significativamente menor. Isso não dá suporta a hipótese de que tal inclinação
faz com que as crianças mais comumente aleguem memórias de vidas passadas, embora
crianças com uma rica vida de fantasia não necessariamente acrescentem "fatos" ao
teste de memória verbal. As crianças que alegam memórias de vida passada são
socialmente isoladas? Elas obtêm um maior escore para atividade social e são relatadas
pelos professores como se entrosando bem com as outras crianças, o que deve
argumentar contra qualquer alegação de isolamento. Elas são, entretanto,
argumentativas, são consideradas teimosas e falam demais. Essas características, em
balanço, não indicam isolamento social. Por outro lado, elas também são
frequentemente reservadas e gostam de ficar sozinhas. Na época da primeira
investigação destas crianças, apenas três estavam sem um irmão ou irmã e em média
elas têm de dois a três irmãos. Assim, não há sinal claro de isolamento social nos dados
e não é suportada a hipótese de isolamento social dispondo as crianças a alegarem
memórias de vida prévia. Os resultados da GSS mostram que o grupo alvo não tem
maior sugestibilidade que seus pares. A hipótese de que alta sugestibilidade predispõe
as crianças a memórias de vida prévia em culturas onde a crença na reencarnação
desempenha um papel maior não é suportada. Seus escores modestos a normais de
sugestibilidade, aliados a baixos escores para confabulações, parecem indicar que
memórias de vida prévia podem ser internamente geradas, pelo menos inicialmente, e
não podem ser influenciadas por outras pessoas. Esta é a linha de observação do autor
sobre essas crianças, as quais às vezes veementemente resistem aos esforços de seus
pais em suprimir que falem de suas memórias, como no caso de Dilupa Nanayakkara, a
qual a família Católica Romana tentou suprimir seus discursos sobre uma vida prévia.
Também têm sido observado que estas crianças resistem à considerável pressão de seus
pais para pararem de falar sobre as memórias. Deve, entretanto, ser acrescentado que a
maioria dos casos de alegações dessas crianças aparenta encontrar suporte dos pais,
especialmente se e após alguma pessoa ter sido identificada com a vida, que os pais vêm
a acreditar, encaixar com as afirmações feitas pela sua criança. O alto escore de
problemas do nosso grupo alvo, como demonstrado pelo Checklist de Comportamento
Infantil, traz questionamentos sobre as causas para seus problemas comportamentais,
particularmente desde que elas parecem mais maduras que as outras crianças. Mais que
qualquer coisa, elas são argumentativas, apreciam estar a sós, falam demais, são
teimosas e se ferem com facilidade. Nesses aspectos, então, elas têm algumas
características "oposicionais" claramente definidas. Alguém pode especular se estas
características são causadas por sua persistência na alegação em suas alegadas
memórias e, assim, causando dificuldades a parentes e outros, para os quais tais
clamores são embaraçosos. Também, seus desejos por solidão poderiam inicialmente se
ajustar a um desejo de estarem apenas com suas memórias ou seria porque elas sentem-
se diferentes de outras crianças e pessoas como um resultado de suas alegações
singulares? Tais questões permanecem para serem respondidas em estudos posteriores.
A Cautela deve ser observada na interpretação destas diferenças, porque não está claro
se elas são a causa ou o resultado das alegadas memórias, especialmente visto que a
maioria das crianças foi testada após terem parado de falar de suas vidas prévias. Várias
diferentes abordagens podem ser feitas para a questão da realidade destas alegadas
memórias. São elas confabulações, memórias reais ou subjetivamente genuínas, mas
falsas impressões de fatos da memória ou reconhecimentos? Elas são, talvez,
relacionadas à experiências de déjà vu, que têm sido definidas como "ilusões de
percepção falsa de uma nova cena ou experiência familiar" (Wilkening, 1973, p. 56) e
são relatadas por uma larga parcela da população geral (59% nos EUA, veja Greeley,
1975). Subjetivamente, experiências de déjà vu envolvem memórias e reconhecimentos,
como fazem alegações de memórias de uma vida prévia. O autor não encontrou estudos
da estrutura da personalidade de pessoas que relatam experiências de déjà vu. Tais
dados poderiam servir para uma interessante comparação com os dados obtidos aqui,
embora experiências de déjà vu não sejam específicas para um grupo etário particular,
tal como as memórias de vida prévia são, as quais são predominantemente alegadas por
crianças dos 3 aos 5 anos. Nós não temos um meio objetivo ainda para averiguar o que
realmente se passa nas mentes dessas jovens crianças, mas é a impressão do autor de
que elas estão sinceramente convencidas, pelo menos na maioria dos casos, da realidade
de suas alegadas memórias, tão certamente do que a maioria das pessoas alegando déjà
vu. Esta pesquisa mostrou que CORTs se distinguem claramente de outras crianças em
vários aspectos; seus vocabulários e suas performance escolar são apreciavelmente
maiores. De qualquer forma, as hipóteses apresentadas no início deste artigo não foram
confirmadas, assim como confabulação, isolamento social e sugestibilidade foram
consideradas. O alto escore de problemas no Modelo dos Pais do CBCL poderia indicar
um relacionamento perturbado com os pais. Crianças argumentadoras, faladoras e
perfeccionistas são certamente mais exigentes para seus pais que outras crianças.
Contudo, isso não necessariamente leva a um relacionamento perturbador entre filhos e
pais e alguns dos problemas experimentados pelos CORTs devem emergir devido à suas
alegações de lembrar de uma vida prévia. Estes pontos precisam ser explorados
posteriormente.
É necessário lembrar que, em seu estudo, Haraldsson não levou em conta fatores que
aumentam a força e a solidez dos casos, como a precisão das informações fornecidas
pelas crianças e marcas de nascimento. O autor se limitou apenas à investigação de
aspectos psicológicos, cognitivos e comportamentais das crianças.
Fonte: http://parapsi.blogspot.com/2008/10/estariam-as-crianas-que-alegam-
memrias.html
... Jan Holden, EdD; Jeffrey Long, MD, e Jason MacLurg, MD.
Artigos
por Jan Holden, EdD; Jeffrey Long, MD, e Jason MacLurg, MD.
traduzido por Francisco Mozart Rolim de Souza e Vitor Moura Visoni
Resumo
A Pesquisa
A paciente estava deitada sobre suas costas durante a operação com cérebro exposto
logo acima e atrás de seu ouvido direito. No processo de busca pelo sítio associado com
sua epilepsia, os médicos estimularam uma área específica próxima ao lobo temporal
direito chamada giro angular direito e a paciente relatou sensações intrigantes que os
autores chamaram de “experiências fora-do-corpo”.
Esta área do cérebro não estava relacionada à sua epilepsia. Quando os médicos
estimularam essa área pela primeira vez, a mulher relatou que estava “afundando em sua
cama” ou “caindo de certa altura”. Quando eles aumentaram a eletricidade, ela relatou:
“Vejo a mim mesma deitada na cama, do alto, mas eu posso ver apenas minhas pernas e
a parte inferior do tronco”. Os autores relataram que “duas estimulações posteriores
induziram a mesma sensação, a qual incluiu uma instantânea sensação de “claridade” e
“flutuação” por cerca de 2 metros acima da cama, próximo ao teto”.
Os médicos então pediram para a paciente olhar suas duas pernas durante a estimulação
elétrica.... Desta vez, ela reportou ver suas pernas “encurtarem”. Os médicos
prosseguiram, explicando que se suas pernas estivessem dispostas num ângulo de 90°
antes da estimulação, “ela relatava que suas pernas aparentavam estar se movendo
rápido em direção ao seu rosto e tomaria uma ação evasiva.” Os autores continuaram:
“Quando pedida para observar seus braços esticados durante a estimulação elétrica, a
paciente sentiu que seu braço esquerdo estava mais curto; o braço direito estava
normal. Se ambos os braços estivessem na mesma posição mas dispostos em ângulo de
90° em relação ao cotovelo, ela sentia que seu braço e mão esquerdos estavam se
movendo próximos à sua face. Quando seus olhos foram fechados, ela sentiu que a
parte superior do seu corpo estava se movendo em direção à suas pernas as quais
estavam paradas”.
Os autores afirmaram que “estas observações indicam que OBEs... podem ser
artificialmente induzidas por estimulação elétrica do córtex” e especularam os
mecanismos envolvidos.
Para começar o enfoque na segunda suposição – que a OBE da paciente suíça foi típica
de uma OBE espontânea – considere a descrição de uma OBE espontânea por um
paciente inglês que “havia sofrido um deslocamento do pé, o qual havia sido
reposicionado sob um anestésico” (Green, 1968, p. 123): “...me vi no canto do quarto e
olhando para baixo sobre o leito do hospital. As roupas de cama estavam empilhadas
sobre um berço e minhas pernas estavam expostas do joelhos pra baixo.
“Em volta do tornozelo direito estava um anel de gesso e abaixo do joelho estava um
anel similar. Estes dois anéis estavam juntos por uma tala de gesso [em] cada lado [da]
perna. Fiquei impressionado pela cor-de-rosa de minha pela contra o gesso branco.
"Sendo um dia quente talvez fosse o motivo por que as roupas de cama tinham sido
puxadas para longe das minhas pernas e amontoadas sobre o berço. A maneira particular
com que o gesso tinha sido aplicado foi claramente vista de minha posição no canto da
sala e o contraste entre a pele cor-de-rosa e o gesso branco era impressionante".
Uma comparação entre o relatos das OBE dos pacientes suíço e inglês revelam estas
importantes diferenças:
OBE da Paciente Suíça
* Espôntaneamente relatou ter visto somente parte do corpo (pernas e parte inferor do
tronco)
* Viu áreas do corpo não envolvidas no procedimento médico ou de interesse (pernas e
parte inferior do tronco)
*Reportou distorção de imagem cororal( pernas encurtando, braço mais curto....)
*Relatou ilusã de movimento corporal: braços e pernas movendo-se em direção à face,
parte alta do corpo movendo-se para frente....
Uma segunda importante diferença revelada pela comparação entre as experiências dos
pacientes suíço e inglês é o fator de lucidez, definido pelo Dicionário Webster como
“ter uso completo das faculdades” e passar por uma experiência ”clara ao
entendimento”. Presumivelmente, a paciente suíça teria sido surpreendida ou confusa
quando, logo após tomar a ação evasiva, os médicos descontinuaram a eletro-
estimulação e ela notou que seus membros não estavam todos onde ela havia percebido-
os estar. Em comparação, a descrição do paciente inglês transmitiu continuidade
psicológica – suas percepções na OBE foram seguidas por percepções na cama que
confirmaram uma à outra - indicando que durante sua OBE ele tinha pleno uso de suas
faculdades e notou que a experiência era clara ao seu entendimento. Ele estava lúcido.
Além disso, Long relatou que a maioria dos casos espontâneos de OBE, bem como a
grande maioria das OBEs em NDEs, relatadas em seus Websites, haviam envolvido
lucidez.
“Um dos pacientes de Penfield, quando o eletrodo foi aplicado, ouviu sua mãe
chamando em uma serraria. Um arquivo do passado? Não, não foi. A mulher afirmou
que ela nunca havia estado em sua vida sequer próxima a uma serraria. Outras
“recordações” de pacientes mostraram ser influenciadas grandemente pela
conversação entre o médico e o paciente nos dois minutos precedentes à estimulação
elétrica”. (Ornstein, 1991, p. 189). Este achado ainda sugere que a paciente suíça
descrita no artigo da Nature deve ter experimentado um estado alterado de consciência
ao invés de uma OBE típica.
Nós acreditamos que é inapropriado concluir que “a parte do cérebro que pode induzir a
experiências fora-do-corpo foi encontrada (Blanke et al. P. 269) baseado em uma
simples observação anedótica, especialmente com as referências que nós apresentamos.
Nós não estamos cientes de qualquer outro relato de indução de supostas OBEs por
eletro-estimulação do giro angular direito. Esta observação é especialmente
surpreendente dado o enorme interesse da mídia no artigo de Blanke et al.. É possível
que um simples relato anedótico apresentado por Blanke et al. foi uma ocorrência
anômala e extremamente atípica dos resultados de eletro-estmulação neural. Na
ausência de um número significante de relatos adicionais publicados de fenômeno
similar ao descrito por Blanke et al, seria razoável postular uma correlação entre eletro-
estimulação neural e experiências similares à OBE, mas não é razoável concluir que a
hipótese foi provada.
Conclusão
A questão do mecanismo das OBEs está longe de ser respondida. Relatos como aqueles
do artigo da Nature contribuem com valiosa informação a respeito dessa questão, mas
eles não garantem uma alegação de que OBEs podem agora ser “explicadas”. Para seus
créditos, os autores do artigo encerraram com a negação de que eles “não
compreenderam totalmente o mecanismo neurológico responsável pelas OBEs”.
Infelizmente, aquela declaração continua inferindo que a causa da OBE pode ser
reduzida a mecanismos neurológicos. Mas foram os médicos que concluíram que as
sensações similares à OBE da paciente ocasionaram-se pela eletro-estimulação de uma
pequena área de seu cérebro. Eletro-estimulação é um mecanismo, não uma causa. Em
outras palavras, a experiência da paciente foi “causada” por uma ação intencional do
médico segurando a sonda. No caso de ambas as ações intencionais e experiências
espontâneas – incluindo OBEs espontâneas –, a causa, o gatilho interno ou externo,
ainda tem que ser identificado.
Em suma, os autores da Nature não produziram uma OBE em seu paciente que fosse
típica de OBEs espontâneas. Embora eles reconfirmassem o possível mecanismo neuro-
elétrico envolvido em pelo menos algumas OBEs, eles não explicaram a causa dos
fenômenos espontâneos. Finalmente, embora mostrassem que algumas OBEs podem
envolver percepções ilusórias, eles não resolveram a questão de se pelo algumas OBEs
envolvem percepções acuradas, “reais”. Como o neurocirurgião pioneiro, Wilder
Penfield, concluiu sobre a espinhosa questão do “dualismo mente-corpo”:
“Ao final, eu concluo que não há boa evidência, a despeito dos novos métodos tal como
o emprego de eletrodos estimulantes, de que o cérebro sozinho possa conter o trabalho
que a mente faz. Eu concluo que é mais fácil racionalizar o ser humano com base em
dois elementos (mente e corpo) do que com base em um. Mas eu acredito que alguém
não deveria pretender tirar uma conclusão científica final, no estudo do homem pelo
homem, até que a natureza da energia responsável pela ação da mente seja descoberta,
como, na minha opinião, será”. (1975, p. 114)
Referências
Fonte : http://parapsi.blogspot.com/2008/10/experincia-fora-do-corpo-tdo-no-
crebro.html
Rafael Arrais
Artigos
Até hoje, pouco se desenvolveu esse assunto na literatura científica. Podemos aqui
destacar que Dawkins percebeu o problema, tanto que se preocupou em delinear uma
vaga teoria acerca dos Memes, teoricamente os "genes que transmitiriam as
características não-físicas adiante"... Infelizmente o célebre autor do Gene Egoísta não
conseguiu encontrar essa outra espécie de "genes exóticos" em lugar algum, e nem
tampouco qualquer outro pesquisador. Os memes continuam sendo alternativas místicas
aos genes.
Também podemos citar Jung e seu Inconsciente Coletivo, segundo a Wikipedia ele "é a
camada mais profunda da psique humana. Ele é constituído pelos materiais que foram
herdados da humanidade. É nele que residem os traços funcionais, tais como imagens
virtuais, que seriam comuns a todos os seres humanos." - Seria então, mais ou menos,
como quintilhões de bits de informação que "flutuam no ar" e, de alguma forma
desconhecida, são acessados não somente por homo sapiens conscientes, como também
por todas as outras espécies que obtiveram alguma forma de evolução cultural ou
cognitiva - ou seja, não dependeríamos de genes para passar tais informações adiante,
elas estariam simplesmente "em algum lugar do espaço". E chamaríamos isso de ciência
ou de esoterismo?
Não é à toa que Wallace é tão pouco citado quando se fala na teoria da Evolução -
primeiro, era bem mais jovem que Darwin quando a teoria lhes surgiu a ambos, mas
principalmente, Wallace foi espiritualista, e um cientista espiritualista é algo que nunca
soou muito bem aqueles que escrevem a história da ciência... Segundo a Wikipedia e
suas fontes, Wallace "argumentou que a seleção natural não poderia justificar o gênio
matemático, artístico ou musical, nem contemplações metafísicas, a razão ou o humor, e
que algo no "invisível universo do Espírito" tinha intercedido pelo menos três vezes na
história: 1. A criação da vida a partir da matéria inorgânica; 2. A introdução da
consciência nos animais superiores; 3. A geração das faculdades acima-mencionadas no
espírito humano. - Ora, não é tão fácil desacreditar o pensamento de um
espiritualista, quando este é um dos responsáveis pela teoria mór do materialismo,
não é mesmo?
Mas poderemos pensar: será que ciência e religião estão em lados opostos? Será que
materialismo e espiritualismo nunca se encontraram? Será que a Natureza se explica por
noções radicais, preto no branco, como "tudo é matéria" ou "tudo é espiritual e ilusório",
ou será que Natureza antes opera em gradações de cinza?
O que Wallace defendia é conhecido pela humanidade desde milhares de anos atrás, nos
primórdios das religiões orientais, principalmente do Hinduismo (mesmo Sagan traça
paralelos entre as teorias de criação/destruição do Unirveso e a cosmologia religiosa da
antiga India). Consciência, alma ou espírito, chame-a como achar melhor, o que a teoria
da Reencarnação defende é tão somente que existe uma lógica perfeitamente plausível
por detrás da crença de que a consciência e a memória não dependem de genes para
serem passadas adiante, simplesmente pelo fato de que, ao contrário do corpo dito
"físico", não são exterminadas na morte.
Num Universo não-local, onde 96% da matéria não interage com a luz, e onde pululam
teorias físicas acerca da existência de diversas dimensões, branas, ou mesmo universos
palralelos - e mais, onde sabe-se a tempos pela ciência que toda matéria é invisível e
intangível - será assim tão fantástico e absurdo imaginarmos que a consciência, algo que
sequer detectamos no cérebro humano, e que não sabemos do que é formado, possa
sobreviver ao fim das atividades cerebrais?
Pode ser que no futuro a ciência descubra que realmente a consciência nada mais é do
que um estado exótico do cérebro, fruto de reações químicas que possibilitaram que
poeira de estrelas pudessem adquirir conhecimento do céu noturno, e do Cosmos das
quais são filhas. No entanto, negar de antemão a possibilidade da evolução
"desconhecida" se dar através de caminhos igualmente ocultos, e apostar todas as fichas
no materialismo, me parece algo arriscado... Afinal, todos podemos estar errados, então
não deveríamos apontar raivosos e dizer "você está louco, isso não pode estar certo!" - E
quem disse que a Natureza obedece aquilo que "achamos estar certo"?
Fonte: http://textosparareflexao.blogspot.com/2009/02/evolucao-desconhecida.html
Artigos
"Tenho boa notícia, você foi liberada da quimioterapia."
"Em geral, os médicos dizem aos pacientes que acreditar no tratamento é o primeiro
passo para a cura", diz Edna Bispo, diretora–presidente do Gaapac (Grupo de Auto-
ajuda para Pacientes de Câncer) com sede em Recife. "Mas eles também precisam de
apoio emocional. Com medo da morte o paciente tem muita dificuldade de dizer como
de fato se sente". Segal, 2001.
"Quanto mais informações os pacientes têm, maior seu poder de decisão, quando
dispõem de mais conhecimento, aceitam melhor o tratamento e adquirem confiança
muito maior na recuperação". Segal, 2001.
A cartilha diz ainda que o paciente pode recusar qualquer tratamento que considerar
doloroso, bem como deixar o hospital assim que desejar. A equipe médica deve
esclarecer sobre outros métodos de tratamento existentes, mesmo que eles não sejam
disponíveis no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.
"Mesmo que os prognósticos não sejam bons", diz Silvana, com a tranqüilidade de
quem já passou por isso, "é preciso se manter à frente nas decisões sobre os tipos de
tratamento e como lutar por você mesmo. É o seu corpo, a sua vida." Segal, 2001.
Para monitorar as aplicações dos termos da cartilha, vai ser criada a Comissão dos
Direitos do Paciente. Ela terá, entre outras funções, que assessorar a Ouvidoria do
Hospital Universitário, instalada dois anos atrás. A importância do atendimento pode ser
apreciada em números: 143 pessoas foram recebidas na Ouvidoria apenas em dezembro
do ano passado.
A maior quantidade e melhor qualidade das informações estão ajudando a desfazer os
mitos sobre uma doença cujo nome, há dez anos, quase ninguém pronunciava. "Durante
a quimioterapia, perguntava a mim mesma: "por que eu?", conta Silvana Marcelino.
"Hoje, sei que a recuperação é possível". Segal, 2001.
Segundo o ouvidor Antônio Calabria, "a tendência é que, à medida que os clientes
tomarem conhecimento dos seus direitos, os atendimentos aumentem. Com a adoção da
cartilha, vão chegar mais casos, pois ela irá estimular a consciência dos pacientes".
Em julho de 1999, quando soube que estava com câncer, a moradora de Brasília, Teresa
C. B. Nogueira, comissária de bordo, 39 anos , ficou decepcionada com seu médico, ele
dedicou menos de 20 minutos a uma conversa sobre as opções de tratamento. "Ele
passou pouquíssimo tempo comigo", diz ela. "Para ele, o que importava era o número
de pacientes e não a qualidade do atendimento". Segal, 2001.
Inspirada num modelo criado pelo governo de São Paulo, em 1999, a cartilha do
Hospital Universitário recebeu adaptações ao longo dos últimos anos, de forma a se
adequar às novas leis da área da saúde e à realidade do hospital. "O texto da cartilha
vem sendo moldado há dois anos. Os médicos do hospital participaram dando
sugestões, e ela está sujeita a novas modificações, desde que para melhor", conta Sara.
Diz a voluntária Maria Estela: "percebi que ela se sentia muito sozinha sem a família
que estava longe e tentei ocupar esse espaço, essa é a nossa missão".Segal, 2001.
A direção informou que a institucionalização dos direitos do paciente não era um fim
em si, uma vez que é preciso a existência de um grupo de profissionais desempenhando
o papel de vigilantes do cumprimento desses direitos, razão pela qual nomearia uma
comissão específica para tal.
"Ainda tenho o gorro de lã que me deram para proteger a cabeça do frio, quando estava
fazendo a quimioterapia", conta Consolação. Sua última cirurgia foi em 1995. Depois de
quatro anos de exames periódicos, foi liberada pelo INCA. Hoje, Consolação está
cursando o quinto ano da Faculdade de Teologia, em Barra Mansa. "Sei que não teria
me recuperado tão bem sem a dedicação da voluntária. Ela me deu amor e esperança.
Os voluntários são como um arco-íris depois da chuva". Segal, 2001.
Num país espiritualista como o nosso os profissionais de saúde também deverão estar a
par dos raciocínios que advém da ótica do holísmo espiritualista, no mínimo para
trafegarem melhor na estrada do diálogo, construída por esta visão transdisciplinar. Esta
visão está aberta na medida em que ultrapassa o domínio das ciências exatas por sua
reconciliação não somente com as ciências humanas mas também com a arte, a
literatura, a poesia e a experiência espiritual. . Formiga, LCD, 2000. Tendências do
Trabalho, 313(set.): 10-16.
"As dimensões espirituais e religiosas da cultura estão entre os fatores mais importantes
que estruturam a experiência humana, as crenças, os valores, o comportamento e os
padrões de adoecimento". Para a maioria das pessoas, religião e espiritualidade são mais
fonte de suporte e bem-estar que evidência de psicopatologia.Trabalhos têm relatado
que pessoas que vivenciam experiências místicas pontuam menos em escalas de
psicopatologia e mais em medidas de bem-estar psicológico que controles. "o Brasil
possui uma grande diversidade religiosa e foi fundado no Instituto de Psiquiatria do
HCFMUSP o Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos (Neper)".
Lotufo Neto e cols. Revista de Psiquiatria Clínica (USP)
IV - Ter resguardado o sigilo sobre seus dados pessoais, desde que não acarrete riscos a
terceiros ou à saúde pública.
XVI - Ser acompanhado em casos que, após avaliação da equipe multiprofissional, for
considerada necessária a presença do acompanhante para uma melhor recuperação da
saúde, conforme Portaria Interna nº 53, de 24 de Abril de 2000.
XVII - Ser acompanhado nas consultas, exames e durante a internação se for menor de
idade.
XVIII -Ter asseguradas durante a hospitalização a sua segurança e a dos seus pertences
que forem considerados indispensáveis pela instituição.
XXI - Ter garantia de comunicação com o meio externo como, por exemplo, acesso ao
telefone.
Artigos
(**) “Une-te aos outros, sem exigir que os outros se unam a ti.” Emmanuel.
(**) “A união fraternal é o sonho sublime da alma humana, entretanto, não se realizará
sem que nos respeitemos uns aos outros, cultivando a harmonia, à face do ambiente que
fomos chamados a servir”. Emmanuel
(**) livro Fonte Viva, Chico Xavier, espírito Emmanuel, sobre “União Fraternal”, pág.
113.
Neste novo milênio, mais especificamente na segunda metade de sua primeira década,
nós espíritas podemos auspiciosamente sorrir. Explico: a união entre os espíritas
começa a caminhar. É fato que ainda timidamente, mas o processo iniciou-se em várias
regiões do nosso país.
Dentre várias cidades que caminham nessa bendita direção, tive a feliz oportunidade de
conhecer uma delas que é um caso exemplar de união entre espíritas. Um modelo a ser
seguido. O objetivo principal deste texto é aproveitar a experiência desse grupo de
Casas Espíritas que se uniu, para passar ao leitor os procedimentos que foram adotados
para que tal evento ocorresse. Mas antes de falar sobre esses procedimentos, vejamos
algumas considerações.
Reflitamos:
Para que nós espíritas não nos coloquemos como os únicos artífices do embasamento de
uma futura sociedade justa e mais espiritualizada, transcrevo lúcida opinião do confrade
Cezar Braga Said (Reformador, novembro/2006, FEB, pág. 18). Em seu comentário,
transcrito a seguir, o citado articulista tem como foco nossa mudança interior, que é o
primeiro e fundamental passo para a formação de uma nova sociedade, haja vista que
não há como chegarmos a uma sociedade onde todos convivam em paz, se esta – a paz –
não reinar em nosso interior.
“Admitir o Espiritismo como caminho único para conquista da paz interior é assumir
uma postura nitidamente fundamentalista e contrária à opinião dos Espíritos
Superiores.”
Nosso companheiro Cezar Said expõe em seu artigo a fonte que avaliza seu comentário,
Allan Kardec, conforme afirmação do insigne Codificador na nota à questão 982 d’O
livro dos Espíritos:
O que ainda retarda o avanço desse processo de União – que felizmente começou – são
duas essenciais atitudes ainda vigentes em expressiva parcela de nossas Casas Espíritas:
o personalismo e o dogmatismo.
No ano de 2006, visitando uma das cidades do querido estado de Minas Gerais, deparei-
me com um grupo de espíritas que conseguiu unir acima de 95% das Casas e da
liderança espírita daquela região (100% seria a perfeição!). Interessei-me em estudar o
porquê daquela cidade ter conseguido esse intento tão almejado por todos nós. E
descobri uma feliz “coincidência”. Seus líderes exerceram o desapego e a criatividade,
procedimentos esses citados por Bezerra de Menezes como os instrumentos para abolir
o personalismo e o dogmatismo.
Friso que, na cidade a que me refiro, não só a união entre os espíritas faz-se presente,
mas também o ecumenismo. Sobre o ecumenismo, ocorre até de oradores espíritas
serem convidados por líderes de outras religiões a proferirem palestras em suas
comunidades. Religiosos esses adeptos de religiões que, em muitas outras cidades, seus
líderes são fortes e agressivos combatentes do Espiritismo.
Perdoe-me, caro leitor, em não lhe satisfazer sua natural curiosidade: “que cidade é
esta?”. Creio que mais importante do que citar o nome da cidade é passar as lições a
serem aprendidas por todos nós. Mas para efeito de facilitar a leitura deste texto, irei
batizá-la de cidade visitada.
Aprendamos como a união ocorreu na cidade visitada: seus líderes espíritas observaram
que cada Centro Espírita tinha diversas atividades, no entanto cada um deles destacava-
se principalmente em uma dessas atividades. Explicando melhor, o Centro Espírita “A”
ofertava Evangelização Infantil, Campanha do Quilo, Atendimento aos Idosos etc., mas
a eficácia e os bons resultados estavam mais presentes na Evangelização Infantil; por
outro lado, o Centro Espírita “B” oferecia todas as atividades citadas, mas a eficácia e
os bons resultados estavam mais presentes na Campanha do Quilo. E assim
sucessivamente.
Em face da realidade descrita, que fizeram os líderes espíritas da cidade visitada? Eles
chegaram a um acordo, que relato a seguir. Quando o Centro Espírita “B”, que melhor
trabalha a Campanha do Quilo, fosse angariar alimentos para essa atividade, todos os
demais Centros Espíritas se uniriam para cooperar com o Centro Espírita “B”; quando o
Centro Espírita “A”, que melhor trabalha a Evangelização Infantil, ofertasse essa
atividade, todos os demais Centros Espíritas se uniriam para levar as crianças ao Centro
Espírita “A”.
Caro leitor, pergunto-lhe: que nome melhor define esse procedimento dos Centros
Espíritas? Pense um pouco e chegará a conclusão que a palavra certa é desapego.
Caro leitor, aparentemente saindo do nosso tema, você sabia que o motor de um carro
Ford (por exemplo) tem componentes de mais de 100 fornecedores diferentes? Mas, por
que essa atitude da Ford? Bem, se a Ford quisesse construir um motor com
componentes fabricados por ela mesma, certamente o motor não teria a imprescindível
alta qualidade, pois é impossível ser especialista em tudo.
O que faz então a Ford? Ela adquire o carburador da empresa que melhor o fabrica; as
velas da empresa que melhor as fabricam; os pistões da empresa que melhor os fabricam
etc. E, por meio da união harmônica de diversos especialistas, chega a expressivo
resultado final.
Percebeu, caro leitor, que, em relação à união das Casas Espíritas, o exemplo citado da
Ford (ou de qualquer outra empresa) foi o procedimento que a cidade visitada adotou
em relação à união espírita? Por que não adotarmos essa estratégia? Isto é:
b. Por que não nos reunirmos inicialmente com dois ou três líderes espíritas de nossa
região e propormos a estratégia adotada pela cidade visitada?
Atenção: Não nos iludamos. Não pensemos que num primeiro momento seja possível
adotar essa estratégia entre todos os Centros Espíritas de nossa região. Se conversarmos
fraternalmente com dez Centros Espíritas de nossa região divulgando a proposta, e
apenas três aderirem ao projeto, ótimo. O importante é começar. As adesões de outros
Centros Espíritas tenderão a vir com o tempo.
Ao contrário do que pode parecer, deixo claro que não podemos ser contrários aos
discursos que propagam a importância da união, pois tudo começa no discurso. Tanto é
que nosso amado Bezerra de Menezes tem-nos brindado com belíssimos e diversos
discursos sobre esse tema.
Para: Precisamos praticar duas principais atitudes em relação à nossa convivência com
as outras Casas Espíritas:
Se formos tolerantes no nosso meio espírita e tivermos projetos comuns, a tão almejada
união será simples e natural conseqüência!
Portanto, a receita é:
Atenção: Comentei sobre um modelo de união espírita que deu certo, isso não quer
dizer que esse seja único. Certamente há muitas outras formas de conseguirmos a união
no meio espírita, mas, qualquer que seja o modelo que adotemos, uma qualidade sempre
será necessária: o exercício da tolerância!
O foco de todo o texto acima foi “como conseguirmos a união das Casas Espíritas”, mas
não podemos deixar de comentar como a cidade visitada também conseguiu implantar o
ecumenismo. Isto é, como as diversas religiões daquela cidade passaram a conviver de
forma harmônica.
Mas vejo que um dos pontos altos do evento é uma palestra proferida por um orador
espírita convidado. Essa palestra trata de temas pertinentes com o desenvolvimento
espiritual. No entanto, em respeito aos líderes e aos adeptos de outras religiões presentes
no evento, nada se comenta sobre o Espiritismo. Nessa palestra, os integrantes das
demais religiões sabem que o orador é espírita. Na apresentação do orador é
mencionado o fato de ele ser espírita. Durante o transcorrer da palestra, os ouvintes não-
espíritas percebem que ele profere nomes e termos que também estão presentes em sua
igreja ou instituição religiosa como “Jesus”, “Deus”, “amor”, “afetividade” e outros.
Com essa forma do orador desenvolver o tema da palestra, acaba o estigma de que
Espiritismo é coisa de demônio ou tem que ver com galinha preta na esquina. Vencido
esse preconceito, o ecumenismo tende a passar a ser realidade, que foi o que ocorreu na
cidade visitada.
Com esse evento anual, a cidade visitada conseguiu mostrar à comunidade não-espírita
a singeleza, o espírito fraterno, as bases sólidas e a racionalidade do Espiritismo. E
conforme a explicação de Kardec já citada, a melhor forma de eliminar os críticos do
Espiritismo é por meio de sua divulgação:
“Uma publicidade numa larga escala, feita nos jornais mais divulgados, levaria ao
mundo inteiro, e até aos lugares mais recuados, o conhecimento das idéias espíritas,
faria nascer o desejo de aprofundá-los, e, multiplicando os adeptos, imporia silêncio aos
detratores que logo deveriam ceder diante do ascendente da opinião.” (Obras póstumas,
“Projeto 1868”)
No caso, por meio do seu evento anual, os líderes espíritas da cidade visitada divulgam
o Espiritismo de forma discreta e eficaz, e com isso, ao mesmo tempo em que
estimulam o desaparecimento dos seus detratores, incentivam a pratica do ecumenismo.
Finalizando, um outro fator que facilitou que pessoas de outras religiões aceitassem o
Espiritismo na cidade visitada, foi a forma que muitas dessas pessoas não-espíritas
começaram a raciocinar depois que passaram a conviver com os espíritas. Diziam: “se
fulano é uma pessoa boa, honesta e é espírita… se beltrano é honesto e uma boa pessoa
e é espírita… se sicrano é gente boa e é espírita… esse negócio não pode ser coisa
ruim.” Esse proceder atesta o que Kardec asseverou no livro Obras póstumas, quando
informou-nos que a conduta dos espíritas é que chamaria a atenção das pessoas.
Conclusão: se formos exemplos de conduta, com mais facilidade o ecumenismo passará
a ser realidade.
(*) Texto extraído do livro Aprimoramento Espírita (pág. 201 a 209), de Alkíndar de
Oliveira, Editora Truffa
Artigos
...Kardec recomendou aos centros que deixassem de lado as questões políticas. Mas essa
afirmação significa que não devemos trazer para o centro espírita as campanhas e
militâncias partidárias, pois o lugar para o seu exercício é no seio das agremiações e
locais respectivos.
Prefácio
A TÍTULO DE REFLEXÃO
Deve o espírita esforçar-se para cumprir os seus deveres de cidadão e exercer os seus
direitos políticos? - A Doutrina Espírita conscientiza a criatura humana, levando-a a
tornar-se um "homem de bem" no sentido global? - Que têm feito as Instituições
Espíritas para favorecer o processo de conscientização sócio política dos seus
freqüentadores? - O que você acha de realizarmos um ciclo de estudos e debates sobre o
assunto desta apostila? - Se Você despertou maior interesse sobre o assunto, leia esta
apostila.
"Para nós, a política é a ciência de criar o bem de todos e nesse princípio nos
firmaremos".
Deputado Dr. Adolfo Bezerra de Menezes
Reflexão Preliminar
"Tem Deus preferência pelos que o adoram desta ou daquela maneira? - Deus prefere os
que o adoram do fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal,
aos que julgam honrá-lo com cerimônias que os não tornam melhores para com os seus
semelhantes". (Questão nº 654 de O Livro dos Espíritos). Para se fazer o bem e evitar o
mal é necessário que o homem seja participante da sociedade em que vive, através de
ações que preservem os próprios direitos naturais, como, também, dentro de suas
possibilidades, defenda os direitos naturais do seu semelhante. A adoração a Deus, no
conceito espírita, tem uma ação política dentro da sociedade, ou de forma mais ampla,
no planeta em que se vive: fazer o bem e evitar o mal. Para fazer o bem e evitar o mal é
necessário procurar extinguir o orgulho, a inveja, o egoísmo, a vaidade e a prepotência,
não só de si mesmo, como também das instituições e grupos sociais. Tal conceito de
adoração a Deus leva não só à reforma íntima, ou seja, à auto-educação da pessoa, como
à reforma da sociedade em seus padrões de egoísmo e orgulho, em nome dos quais se
justificam as desigualdades e as injustiças. Conseqüentemente, no conceito de adoração
a Deus expresso pelo Espiritismo, há todo um comprometimento de participação na
sociedade, reiteradamente manifestado pelos espíritos a Allan Kardec. Assim, vemos
claramente tal ligação: Deus, Homem e Sociedade na questão nº 657 de O Livro dos
Espíritos. "Têm, perante Deus, algum mérito os que se consagram à vida contemplativa,
uma vez que nenhum mal fazem e só em Deus pensam? - Não, porquanto, se é certo que
não fazem o mal, também o é que não fazem o bem e são inúteis. Demais, não fazer o
bem já é um mal. Deus quer que o homem pense nele, mas não quer que só nele pense,
pois que lhe impôs deveres a cumprir na terra. Quem passa todo o tempo na meditação e
na contemplação nada faz de meritório aos olhos de Deus, porque vive toda uma vida
pessoal e inútil à humanidade e Deus lhe pedirá contas do bem que não houver feito".
Da mesma forma, a atitude comodista e passiva, expressa pela omissão diante dos
problemas humanos em estruturas sociais injustas e materialistas é por Ele reprovada.
Pois o comodista ainda que não pratique o mal, dele se aproveita. Portanto, o espírita
para não ser omisso e assim indiretamente aproveitar-se do mal, deve se esforçar para
que o conceito espírita de adoração a Deus seja efetivamente aplicado na sociedade
humana, de forma conveniente, oportuna e adequada, em consonância com a própria
Ética ou Moral Espírita.
"Será contrário à lei da Natureza o aperfeiçoamento das raças animais e vegetais pela
Ciência? Seria mais conforme a essa lei deixar que as coisas seguissem seu curso
normal? - Tudo se deve fazer para chegar à perfeição e o próprio homem é um
instrumento de que Deus se serve para atingir seus fins. Sendo a perfeição a meta para
que tende a Natureza, favorecer essa perfeição é corresponder às vistas de Deus".
(Questão nº 692 de O Livro dos Espíritos). O homem em sua participação política, ou
seja, em sua ação na sociedade, deve agir para o equilíbrio da própria espécie, como da
vida que o circunvolve, pois tudo ele deve fazer para chegar à perfeição e ele é um
instrumento do qual Deus também se serve. Em sua participação política na sociedade,
o espírita não poderá perder de vista o aspecto ético ou moral da questão. A reprodução
no ser humano está ligada à tutela do casamento, cujo surgimento representa um dos
primeiros progressos da sociedade humana, pois estabelece a solidariedade fraterna. O
espírita, de forma individual, e o Movimento Espírita, de maneira coletiva, precisam
estar atentos à defesa dos fundamentos morais que preservem a nobre e elevada
instituição do casamento. A ação espírita de preservação dos laços de família não pode
ficar limitada às quatro paredes do Centro Espírita, mas deve ser uma participação na
sociedade. Para isso utilizará os meios e instrumentos lícitos e morais, associando-se a
outras instituições e organizações que tenham o mesmo objetivo. Assim poderá se
contrapor à onda avassalante de sensualidade que varre os órgãos de comunicação,
como a televisão, a revista, o jornal, o cinema, o teatro e que mantêm a mulher apenas
como um objeto sexual, sob a aparência de libertação.
"O uso dos bens da Terra é um direito de todos os homens? - Esse direito é conseqüente
da necessidade de viver. Deus não imporia um dever sem dar ao homem o meio de
cumpri-lo". (Questão nº 711 de O Livro dos Espíritos). No entanto, nas organizações
sociais injustas a maioria dos homens é impedida do uso dos bens da terra por aqueles
que não só usam tais bens como, ainda, os dilapidam no gasto supérfluo. Não respeitam
o limite das necessidades que a Natureza traçou. Todos os seres vivos possuem o
instinto de conservação, qualquer que seja o grau de inteligência, pois a vida é
necessária ao aperfeiçoamento dos seres. Por isso a Terra produz de modo a
proporcionar o necessário aos que a habitam, visto que só o necessário é útil. O
supérfluo nunca o é. (Veja a Questão nº 704 de O Livro dos Espíritos). Esclarece o
Espiritismo que para todos há um lugar ao sol, mas com a condição de que cada um
ocupe o seu lugar e não o dos outros. A Natureza não pode ser responsável pelos
defeitos da organização social, nem pelos efeitos da ambição e do egoísmo. O uso dos
bens da Terra é um direito de todos os homens. O Espiritismo não justifica aqueles que
vivem da exploração do semelhante, que pretendem os benefícios da civilização só para
si. Aponta-lhes a hipocrisia e a falsidade. O Homem não merece censura por desejar o
seu bem-estar. É natural esse desejo. Ele não é condenável, desde que não seja
conseguido com o prejuízo do outro e não prejudique as forças físicas ou morais. Todo
ser humano tem direito ao bem-estar. Logo, está errada e é injusta a sociedade em que
apenas alguns gozam do bem-estar. Também não está certa para o Espiritismo a
sociedade que elege padrões de felicidade em termos de CONSUMIR (feliz é quem tem
dinheiro para comprar) e não de SER (desenvolvendo sua capacidade de conhecer e
amar), pois apela somente para a satisfação dos impulsos ou instintos. O espírita deve,
mesmo com sacrifício, agir conscientemente para que, na sociedade humana, todos
tenham o necessário para o seu progresso. Sabendo que o uso dos bens da Terra é um
direito de todos os homens, conforme os postulados do Espiritismo, o espírita deve
participar pelos meios lícitos que tenha ao seu dispor para que esse direito seja
indistintamente aplicado.
"Se a regeneração dos seres faz necessária a destruição, por que os cerca a Natureza de
meios de preservação e conservação? - A fim de que a destruição não se dê antes do
tempo. Toda destruição antecipada obsta ao desenvolvimento do princípio inteligente.
Por isso foi que Deus fez que cada ser experimentasse a necessidade de viver e se
reproduzir". (Questão nº 729 de O Livro dos Espíritos). Quando a destruição ultrapassa
os limites que a necessidade e a segurança estabelecem, aparece o domínio da
materialidade sobre a natureza espiritual. "Toda destruição que excede os limites da
necessidade é uma violação da lei de Deus". (Questão nº 735 de O Livro dos Espíritos).
Há, pois, necessidade de o homem organizar a sociedade de forma a ser previdente,
somando conhecimentos e experiências, encontrando a solução dos males ao remover as
causas. Para isso concorrem a ciência e a técnica. No entanto, se flagelos como
inundações, epidemias, secas levam a dor e o sofrimento a grande parte das populações,
é porque o egoísmo, traduzido no privilégio de minorias, impede que recursos
avançados da ciência e da técnica sejam aplicados de forma a eliminar ou diminuir seus
danosos e dolorosos efeitos. Para que haja harmonia numa sociedade humana é
imperioso que a justiça se faça junto a cada um de seus componentes. Porém, a
realidade, atualmente ainda não é essa. Nações mais desenvolvidas econômica e
tecnicamente procuram explorar as nações pobres. Agem de maneira a mantê-las em
permanente dependência econômica, política e até mesmo militar. A destruição e a
violência não se manifestam somente de forma física e ostensiva; mais terríveis e
perigosas elas são quando se manifestam de forma sutil e disfarçada provocando o
aniquilamento e a degradação do meio ambiente em que o homem vive. Todas as vezes
que o espírita constatar a destruição da natureza em função do lucro que os sistemas
econômicos exigem, deverá associar-se às vozes que clamam contra tal destruição. Para
isso dará apoio e participação ao partido político, aos movimentos ecológicos, às
organizações estudantis e outras que lutam contra a destruição desregrada. Diz a
Constituição do Brasil no artigo 5º: "LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise anular ato lesivo do patrimônio público (...) ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência".
A Lei de Sociedade e a Política
"A vida social está em a Natureza? - Certamente, Deus fez o homem para viver em
sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à
vida de relação". (Questão nº 766 de O Livro dos Espíritos). A pessoa tem um
compromisso com a sociedade em que vive. Nela deve participar, dando sua
contribuição, de acordo com suas possibilidades intelectuais e sentimentais. O espírita,
pelo conhecimento que tem da Doutrina Social Espírita, consubstanciada nas Leis
Morais de O Livro dos Espíritos, tem o dever de participar ativa e conscientemente na
sociedade em que vive, agindo para que os princípios expressos em tais leis se efetivem
na sociedade humana. Conseqüentemente, a omissão e a ociosidade que venham a
alimentar qualquer tipo de isolamento social, produzirão sempre a inutilidade, o
fanatismo ou o egoísmo rotulado de pureza ou santidade. O homem tem necessidade de
progredir, de desenvolver suas potencialidades e isso ele só pode fazer vivendo em
sociedade e é necessário que a sociedade esteja estruturada a fim de que todos que a
compõem tenham tal possibilidade. O espírita deve estar atento, à vista dos conceitos
espíritas sobre sexo, família, dignidade humana, para denunciar as ações e movimentos
que subvertam os valores espirituais. Conclui-se, assim, que o homem não é um ser
independente. Pelo contrário, ele depende de seus semelhantes ao mesmo tempo que é
impulsionado ao progresso; por isso impõe-se-lhe a necessidade de aprender a amar o
seu próximo e não explorá-lo física, intelectual e sentimentalmente. Esse amor deve ser
traduzido de forma concreta. Não apenas dar esmola ao pobre e pedir-lhe paciência,
acolher o velho desamparado no asilo, agasalhar a criança órfã ou abandonada, mas agir
para que o AMAI-VOS UNS AOS OUTROS se efetive através do direito que todo ser
humano tem de possuir o necessário: alimentação, vestuário, casa, saúde, trabalho, lazer
e desenvolvimento espiritual.
"A força para progredir, haure-a o homem em si mesmo, ou o progresso é apenas fruto
de um ensinamento? - O homem se desenvolve por si mesmo, naturalmente. Mas, nem
todos progridem simultaneamente e do mesmo modo. Dá-se então que os mais
adiantados auxiliam o progresso dos outros, por meio do contato social". (Questão nº
779 de O Livro dos Espíritos). O progresso é da própria condição humana, por isso o
homem não pode opor-se-lhe. A ignorância e a maldade e até mesmo leis injustas,
podem retardar seu desenvolvimento, mas não anulá-lo. Segundo o Espiritismo, as
revoluções morais, como as revoluções sociais infiltram-se nas idéias pouco a pouco.
Elas como que germinam durante longo tempo e subitamente irrompem desmoronando
instituições, leis e costumes do passado. As revoluções morais e sociais são condições
para a realização do progresso. São idéias novas, conceitos novos que se chocam com os
existentes, os quais já não mais satisfazem as necessidades e aspirações. (Veja questão
nº 783 de O Livro dos Espíritos). Encontramos no comentário de Allan Kardec à
Questão nº 789 de O Livro dos Espíritos, esclarecimento de grande valia sociológica:
"A humanidade progride, por meio dos indivíduos que pouco a pouco se melhoram e
instruem. Quando estes preponderam pelo número, tomam a dianteira e arrastam os
outros. De tempos a tempos, surgem no seio dela homens de gênio que lhe dão impulso;
vêm depois, como instrumentos de Deus, os que têm autoridade e, nalguns anos, fazem-
na adiantar-se de muitos séculos". Compreende-se, por tudo isso, a importância da
participação dos espíritas na sociedade, de uma forma esclarecida e consciente. O
espírita precisa conhecer os conceitos e fundamentos da Doutrina Espírita para, com os
meios que lhe sejam possíveis, colocá-los na organização social em que vive. Para o
aprimoramento da sociedade deve-se trabalhar a fim de aumentar o número das pessoas
esclarecidas, justas e amorosas de maneira a que suas ações preponderem sobre a dos
maus. Daí a reforma íntima não ser condição para isolamento ou alienação, mas
compromisso de união com os outros que têm o mesmo ideal de amor e justiça, agindo
deliberada e responsavelmente a benefício de todos. O Espiritismo tem sua contribuição
para dar, pois basta analisar seus princípios filosóficos para ver que ele propõe o que a
humanidade deseja: o reino da justiça, obstando os abusos que impedem o progresso e a
moralização das massas. Como vemos, a proposição espírita da Lei do Progresso é um
intenso e profundo desafio aos espíritas para que trabalhem pelo progresso intelectual e
moral da humanidade. Com tal objetivo devem agir sobre a sociedade humana a fim de
que haja hábitos espiritualizados, desenvolvimento da inteligência, da liberdade,
elaboração de leis justas a benefício de todos, amparo ao fraco para que ele não seja
explorado pelo forte, respeito às crenças e opiniões, direito ao necessário a todos (bem
comum). Como fazer isso? Agindo não só no Movimento Espírita como, também, de
conformidade com a vocação e aptidão de cada um, nas organizações e movimentos
que, baseados em tais valores, procuram estruturar e organizar a sociedade. A Lei de
Igualdade e a Política. "É lei da natureza a desigualdade das condições sociais? - Não; é
obra do homem e não de Deus". (Questão nº 806 de O Livro dos Espíritos).
Conseqüentemente, o espírita não deve compactuar com toda situação que promova a
desigualdade entre os homens: a riqueza e a pobreza, o luxo e a miséria, o elitismo
intelectual e a ignorância. Deve lutar contra o egoísmo e o orgulho, identificando os
múltiplos disfarces com que eles se apresentam. Apoiará os movimentos que objetivem
a igualdade dos direitos humanos, reconhecendo apenas como válida a desigualdade
pelo merecimento decorrente do grau de aprimoramento intelectual e espiritual. O
Espiritismo brada veementemente contra a injustiça social, demonstrando a necessidade
de se agir por um mundo de Amor e Justiça. Para a Doutrina Espírita, a desigualdade
das riquezas pode se originar na desigualdade das faculdades, como também pode ser
fruto da velhacaria e do roubo. Considerando a diversidade das faculdades intelectuais e
os caracteres, não é possível a igualdade absoluta das riquezas, no entanto, isso não é
impedimento à igualdade de bem-estar. Logo, é importante que cada ser humano tenha
as condições mínimas para desenvolver suas potencialidades. Isto não será possível
enquanto grande parte das pessoas estiver submetida à opressão, à exploração, à
injustiça dos que desejam manter ou possuir a riqueza o mais depressa possível. A
riqueza, sob o aspecto ético ou moral, jamais deverá originar, manter ou estimular a
exploração do homem pelo homem. Diz o Espiritismo: "Os homens se entenderão
quando praticarem a lei da justiça". E isso será possível quando os direitos humanos
forem devidamente respeitados pelas sociedades políticas em que o homem vive.
Portanto, a justiça deve exercer sua tutela a fim de que cada um tenha o que é seu de
direito. Não se pode, desta forma, justificar com os conceitos espíritas a miséria como
sendo apenas prova ou expiação de espíritos que foram ricos e poderosos no passado. A
própria evidência sociológica demonstra o absurdo de tal generalização. O orgulho e o
egoísmo de homens e instituições é que têm ditado a miséria e a pobreza sobre a face da
terra. A miséria sempre foi muito maior do que a riqueza, em todos os tempos vividos
pela humanidade, até a presente época. Os ricos têm sido minoria e os pobres maioria,
numa grande desproporção. Isso não permite pensar logicamente numa inversão tão
simplista como querem alguns: "O pobre de hoje é o rico de ontem" . Trata-se de uma
acomodação injusta diante de uma sociedade dirigida, ainda, pelo egoísmo e pelo
orgulho. Acomodação que deturpa o sentido da reencarnação, conforme o conceito que
lhe é dado pelo Espiritismo.
"Em que condições poderia o homem gozar de absoluta liberdade? - Nas do eremita no
deserto. Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que
lhes cumprem respeitar; não mais, portanto, qualquer deles goza de liberdade absoluta".
(Questão nº 826 de O Livro dos Espíritos). Para o Espiritismo, o homem não goza de
absoluta liberdade quando vivendo em sociedade, porque uns precisam dos outros. A
liberdade depende da fraternidade e da igualdade. Onde houver uma convivência
fraterna, exteriorizada em amor e respeito, acatando-se o direito do próximo, haverá a
prática da justiça e conseqüentemente existirá liberdade. O egoísmo que tudo quer para
si, e o orgulho, a expressar o desejo de domínio, são inimigos da liberdade. Allan
Kardec comenta: "A liberdade pressupõe confiança mútua. Ora, não pode haver
confiança entre pessoas dominadas pelo sentimento exclusivista da personalidade. Não
podendo cada uma satisfazer-se a si própria senão à custa de outrem, todas estarão
constantemente em guarda umas com as outras. Sempre receosas de perderem o que
chamam seus direitos, a dominação constitui a condição mesma da existência de todas
pelo que armarão continuamente ciladas à liberdade e a coarctarão quanto puderem". (In
Obras Póstumas, Capítulo Liberdade, Igualdade e Fraternidade). O espírita deve
combater o orgulho e o egoísmo em si mesmo e na sociedade em que vive. A liberdade
não se confunde com a devassidão que solta as rédeas dos instintos. A liberdade de
consciência é uma característica da civilização em seu mais avançado estágio de
progresso. Todavia, é evidente que uma sociedade para manter o equilíbrio, a harmonia
e o bem-estar precisa estabelecer normas, leis e regulamentos portadores de sanções. A
título de respeitar a liberdade de consciência não vai-se admitir a propagação de idéias e
doutrinas prejudiciais à sociedade. Nada se lhes deve opor através da violência e da
força, mas através dos princípios do direito. Para o Espiritismo, os meios fazem parte
dos fins; não se pode pretender o amor, a justiça, a liberdade, agindo por meios
violentos, odiosos, injustos e coativos. Esse conceito de liberdade deve levar o espírita à
ação para implantar o bem na sociedade em que vive para que o mal gradativamente
desapareça. Para isso é preciso atuar conscientemente, com amor e determinação.
"Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons? - Por
fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando
estes o quiserem, preponderarão". (Questão nº 932 de O Livro dos Espíritos). Por todos
os conceitos e princípios contidos em O Livro dos Espíritos, até aqui analisados,
observamos quanto essas idéias regeneradoras tocam a sociedade humana em sua
estrutura, organização e funcionamento. Conceitos que em todas as circunstâncias e
situações concretizam a aplicação da verdade, da justiça e do amor. Há, pois, uma
inequívoca contribuição Política, sob o aspecto filosófico que o Espiritismo oferece à
sociedade humana, a fim de que ela se estruture, organize e funcione em termos de
verdade, justiça e amor. Disseram os Espíritos: "Quando bem compreendido, se houver
identificado com os costumes e as crenças, o Espiritismo transformará os hábitos, os
usos, as relações sociais". (Questão nº 917 de O Livro dos Espíritos). Preocupado com a
possível felicidade humana, Allan Kardec questionou: "A felicidade terrestre é relativa à
posição de cada um. O que basta para a felicidade de um, constitui a desgraça de outro.
Haverá, contudo, alguma soma de felicidade comum a todos os homens? A resposta
dada pelos Espíritos, em sua primorosa síntese, encerra não só lúcido esclarecimento,
como um grande desafio à efetiva participação dos espíritas para promoção da
felicidade, ao afirmarem: "Com relação à vida material é a posse do necessário. Com
relação à vida moral, a consciência tranquila e a fé no futuro". (Questão nº 922 de O
Livro dos Espíritos). Ampliando esclarecimentos na Questão nº 927 da mesma obra,
aditaram: "Verdadeiramente infeliz o homem só o é quando sofre da falta do necessário
à vida e à saúde do corpo". É de se entender, então, que o espírita tem uma ação social,
pois deve estar atento à prática da justiça e do amor a fim de que todos tenham a posse
do necessário e a saúde do corpo, o que necessariamente implica em propugnar para que
todos tenham alimentação adequada, vestuário, habitação, educação, assistência médica,
educação sanitária e até mesmo lazer. Advertiram os Espíritos na Questão nº 930 do
livro em estudo: "Numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo, ninguém deve
morrer de fome". Adita Allan Kardec: "Com uma organização social criteriosa e
previdente, ao homem só por sua culpa pode faltar o necessário. Porém, suas próprias
faltas são freqüentemente resultado do meio onde se acha colocado. Quando praticar a
lei de Deus, terá uma ordem social fundada na justiça e na solidariedade e ele próprio
também será melhor". Portanto, o espírita tem que participar e influenciar na sociedade
em que vive, procurando levar às instituições que a estruturam os valores e normas do
Espiritismo. Isso é uma participação política. Não pode preocupar-se apenas com a
reforma íntima, isolando-se em um "oásis de indiferentismo" pela sociedade em que
vive. É verdade que essa ação política conflitará com os interesses dos egoístas e
orgulhosos, individualmente ou em grupos. O Espírito Lázaro, no Capítulo IX, item 8,
de O Evangelho Segundo o Espiritismo nos alerta que "Cada época é, assim, marcada
pelo cunho da virtude ou do vício que a devem salvar ou perder. A virtude da vossa
geração é a atividade intelectual, seu vício é a indiferença moral". Assim, essa ação
política deve objetivar o bem comum. Aqueles que pretendem o bem não podem se
omitir e essa participação liga-se profundamente com a caridade, pois amar é querer o
bem. Destarte, a expressão política do amor é querer fazer o bem para todos. A
participação do espírita, inclusive do jovem, no processo político, social, cultural e
econômico deve ser consciente e responsável, tendo como diretriz os princípios e
normas contidas em O Livro dos Espíritos. Participação Política do Espírita. "... Sirva
de base às instituições sociais, às relações legais de povo a povo e de homem a homem
o princípio da caridade e da fraternidade e cada um pensará menos na sua pessoa, assim
veja que outros nela pensaram. Todos experimentarão a influência moralizadora do
exemplo e do contato". (Questão nº 917 de O Livro dos Espíritos).
Catar votos para políticos que, às vezes, dão alguma "verbinha" para asilos, creches e
hospitais, mas cuja conduta política não se afina com os princípios éticos ou morais do
Espiritismo;
Participar da política partidária apenas por interesse pessoal, para melhorar a sua vida e
de sua família, divorciado em sua militância político-partidária dos princípios e normas
da Filosofia Espírita.
Participar de organizações e movimentos que propugnem pela Justiça, pelo Amor, pelo
progresso intelectual, moral e físico das pessoas. Exemplos: clubes de serviços,
sindicatos, associações de classes, diretórios acadêmicos, movimentos de respeito e
defesa dos direitos humanos, etc.;
REFLEXÃO FINAL
"E quem governa seja como quem serve". Jesus - (Lucas, 22:26) O advento da Nova Era
passará, inevitavelmente, pela renovação política. Nada muda se os políticos não
mudarem. "A força das coisas possibilita a mudança, mas não construirá uma sociedade
mais justa, mais livre, mais feliz, sem que cada família, cada grupo, cada cidade, cada
nação elabore seu projeto, organize sua ação para chegar a essa sociedade melhor".
(Questões nº 860 e 1019 de O Livro dos Espíritos). Cristo ensinou a paciência e a
tolerância, mas nunca determinou que seus discípulos estabelecessem acordo, tácito ou
explícito, com os erros que infelicitam o mundo. Em face dessa decisão foi à cruz e
legou o último testemunho de não-violência, mas também de não-acomodação com as
trevas em que se compraz a maioria das criaturas. Para o aprimoramento da sociedade
deve-se trabalhar a fim de aumentar o número de pessoas esclarecidas, justas e
amorosas de maneira que suas ações preponderem sobre a dos maus. Como diz J.
Herculano Pires (O Reino. São Paulo: Editora Edicel, p.137) "O chamado de uma nova
ordem social está clamando no coração do mundo. E o mundo não pode deixar de
atendê-lo, porque é um imperativo do progresso terreno, uma lei maior do que as leis
transitórias dos homens, é a expressão da própria vontade de Deus". Não poderemos
esquecer, também, a preocupação de Deolindo Amorim (O Espiritismo e os Problemas
Humanos. São Paulo. Editora USE, 2ª edição, p.34) com o espírita e a sociedade: "Para
os espíritas, finalmente, o Cristianismo não é apático. Se, na realidade, o cristão ficasse
apenas na fé, rezando e contemplando o mundo à grande distância, sem participar do
trabalho de transformação do homem e da sociedade, jamais a palavra do Cristo teria a
influência ponderável. O verdadeiro cristão, o que tem o Evangelho dentro de si, e não
apenas o que repete versículos e sentenças, não pode cruzar os braços dentro de um
mundo arruinado e poluído pelos vícios, pela imoralidade e pelo egoísmo". Alterar essa
estrutura social que fomenta o egoísmo em todos os grupos sociais é providência
urgente. (Questão nº 573 de O Livro dos Espíritos). Precisamos aproveitar a força das
coisas, que está criando possibilidades de mudanças. Isso só pode ser feito, como diz o
Codificador, combatendo todas essas causas, senão ao mesmo tempo, pelo menos por
parte. Notemos a palavra por parte e não uma de cada vez. Ao interferirmos em um
sistema, diz-nos a teoria que não podemos interferir para mudar, sem agir em uma
família de coisas. Atuar em uma coisa de cada vez é inócuo, pois o próprio sistema se
defenderá eliminando o que o ameaça. No entanto, o caminho parece ser colocar novos
princípios em prática nas famílias, instituições, escolas, igrejas, em todos os grupos
sociais, de forma que muitos movimentos sociais comecem a demonstrar a viabilidade
de novas soluções. (Questões nºs 791 a 793 e 797 de O Livro dos Espíritos). A polêmica
idéia de que o Brasil está destinado a cumprir o papel de "Coração do Mundo e Pátria
do Evangelho" sempre foi acompanhada de reflexões muito entusiastas. Se ele
realmente tem uma missão histórica a realizar, então é preciso começar a pensar o Brasil
de um ponto de vista mais realista. Só assim poderemos cumpri-la. O Evangelho
apresenta a mais elevada fórmula de vida político-administrativa aos povos da terra. Os
ideais democráticos do mundo não derivam senão do próprio ensinamento de Jesus,
nesse particular, acima da compreensão vulgar das criaturas. A magna questão é
encontrar o elemento humano disposto à execução do sublime princípio. Quase todos os
homens se atiram à conquista dos postos de autoridade e evidência, mas geralmente se
encontram excessivamente interessados com as suas próprias vantagens no imediatismo
do mundo O grande desafio do espírita consciente é participar ativamente desse
movimento de transformação social, alicerçado no conhecimento das Leis Morais
contidas em O Livro dos Espíritos, buscando:
Preponderar sobre os maus, como já vimos, é apenas uma questão de vontade. Foi a esta
conclusão que chegou Martin Luther King (Os Grandes Líderes – Nova Cultural), ao
afirmar: "Não há nada mais trágico neste mundo do que saber o que é certo e não fazê-
lo. Não posso ficar no meio de todas essas maldades sem tomar uma atitude." Toda a
estrutura da Doutrina Social Espírita está calcada na Codificação e esta deve ser a base
para a construção de Uma Nova Sociedade. Assim, a implantação da Política da
Fraternidade deve ser para todo espírita consciente UM IDEAL A SER ATINGIDO.
***
Pergunta: Será suficiente não se fazer o mal, para ser agradável a Deus e assegurar uma
situação futura?
Resposta dos Espíritos: Não: é preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois
cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de
fazer.
Questão 642 e resposta dos espíritos in O Livro dos Espíritos. Obra codificada por Allan
Kardec .
Artigos
Licença nós já pedíamos para os Orixás no início de cada trabalho, não entendíamos
mais nada.
Luta contra um preconceito e uma ignorância sem tamanho, uma guerra silenciosa que
vence aquele que não desiste, pois nessa guerra sempre alguém acaba perdendo e
geralmente nesse caso somos nós UMBANDISTAS que perdemos, perdemos nosso
direto de expressar nossa religiosidade, nossa individualidade e só não perdemos a
dignidade, porque às vezes é a única coisa que nos resta.
Infelizmente, na nossa religião, a união ainda é um artigo de luxo, pois são poucas
pessoas que pensam em um bem maior para a nossa religião. A maioria só quer o poder
e na hora de ajudar aqueles que precisam, simplesmente os afundam mais.
Sei, irmãos, que essas palavras são duras, mas é a nossa realidade atual.
Nosso caminho não foi fácil, nosso primeiro contato com a prefeitura serviu apenas para
ganhar uma multa.
O fiscal apareceu no primeiro dia nos intimou a ir a Prefeitura Municipal de São Paulo -
PMSP, sem intimação, e nós, como queríamos fazer tudo correto, queríamos legalizar
nossa situação, fomos de boa vontade.
Detalhe: nessa época o terreiro era na minha casa e sendo assim eu não precisava ir a
PMSP, pois não devia nada a ninguém, mas onde estava a alma caridosa para explicar
isso?
Chegamos à prefeitura preenchemos uma ficha que serviu apenas para lavrar a multa,
nossa primeira de muitas...
Foi difícil, mas conseguimos entender e superar essa fase e a PMSP nos esqueceu por
um período, mas a ferida estava aberta, o que mais me doía era o fato de que nós como
muito de vocês pagamos nossos impostos em dia e ninguém da PMSP nos explicava
como deveríamos tirar a bendita licença de funcionamento, não existia uma central de
esclarecimento.
Graças ao preconceito de algumas pessoas, depois da prefeitura foi a vez da delegacia,
mas nós fomos a delegacia para reclamar do preconceito.
Fui aconselhado por “amigos” a procurar a delegacia do bairro, já que nessa época ainda
não existia a delegacia de intolerância religiosa.
Fomos reclamar de preconceito de uma pessoa contra nossa religião e o delegado era da
mesma religião que o meu perseguidor... Oh, azar!!
Bem, depois de muita polêmica, o delegado nos garantiu que não era caso de Boletim de
Ocorrência e que iria chamar a pessoa para esclarecimentos.
Nós fomos ao Disk-Psiu, ao Tribunal de Pequenas Causas, por onde vocês imaginarem,
nós passamos, cada dia era uma nova emoção.
Pelos idos de 1999, o terreiro cresceu e resolvemos sair da nossa casa. Éramos felizes e
não sabíamos.
Alugamos um local maior, pois queríamos receber mais pessoas e ajudar mais irmãos
necessitados; nessa época, já distribuíamos cesta básica a algumas famílias.
Parece brincadeira, inauguramos numa sexta-feira e era só alegria; mais uma conquista,
pois para nós umbandistas tudo é difícil.
Eu não sou pedreiro, nem meus médiuns são, mas nós reformamos e pintamos que é
uma beleza. Na segunda-feira o fiscal da PMSP já estava na minha porta com um
histórico de setenta denuncias anônimas de bagunça, algazarra, etc.
Nesse momento, nós ainda não tínhamos entendido o que os Orixás estavam reservando
para nós: já estava achando que na encarnação passada nós tínhamos sido um bando de
cafajestes, para não dizer outros nomes.
Sentimos que o chão estava se abrindo e nos consumindo aos poucos; mas é nesses
momentos difíceis que somos provados e se mantivermos nossa Fé sempre aparece
alguém para nos ajudar.
Graças a um médium que tinha bons contatos, conseguimos um bom advogado que nos
ajudou a manter a casa aberta, pois não cabe denuncia anônima para nossa situação.
Denuncia anônima deve ser feita para crimes hediondos, não para barulho, algazarra etc.
Bom, mas das multas nós não escapamos, pois a cada visita do fiscal uma multa vinha
de brinde.
Essas situações acabaram nos impulsionado a conhecer a legislação e nos preparar para
o que estava por vir.
Conhecemos a lei dos 250 metros, aprendemos a fazer estatutos a abrir empresas etc.
Mais algum tempo se passou e descobrimos que o estatuto registrado serve para abrir
uma empresa, abrir conta em banco, mas não serve para manter nosso terreiro aberto.
É isso mesmo: somente o estatuto não nos dá o direito de exercer nossa religiosidade,
pois apesar da Constituição garantir nosso direito, nós estamos sujeitos às leis
municipais que nos obrigam a ter a tal licença de funcionamento ou alvará de
funcionamento.
Detalhe: quem tem terreiro em casa, não precisa de nada disso, pois você está na sua
casa, e apenas precisa se preocupar com o barulho.
Gente, se botequim precisa ter licença de funcionamento, por que nós não
precisaríamos? Não é uma coisa lógica?
Todo comércio ou local aberto ao público precisa ter a licença da prefeitura para
funcionar.
Bem, meio que aos trancos e barrancos em janeiro de 2006 demos entrada na papelada
para a tal licença na prefeitura, digo aos trancos e barrancos, pois não existe um
documento ou qualquer esclarecimento por parte da prefeitura de como dar entrada
nessa papelada.
Lá vamos nós de novo, começa todo o processo do zero, tira xerox disso, cópia daquilo,
e nesse jogo de gato e rato, nós perdemos um prazo da entrega de um documento e
quando achávamos que nada podia ficar pior, em 25 de maio de 2007 às 18h00, nosso
terreiro foi fechado e lacrado.
Nunca vimos tanta gente. Vieram 4 fiscais e o subprefeito, até tiraram fotos da lacração.
Nesse dia me senti importante, pois além de ter o terreiro lacrado ainda recebemos 3
pesadas multas.
Esse dia era uma sexta-feira cujos trabalhos seriam as 20h00 e todos os médiuns mais a
assistência ficaram de fora impedidos de entrar em nossa casa para rezar, o duro foi não
chorar nesse momento e manter a calma, pois a situação era muito complicada.
Fomos para casa arrasados, essa era uma situação que nem em nos nossos piores
pesadelos podíamos imaginar.
Depois de entregar todos os documentos o processo não evoluía, cada dia o processo
estava com um fiscal diferente e nunca tínhamos nada conclusivo, ninguém falava se
faltava algo e tampouco liberava a licença.
É importante salientar que nós nunca desistimos, é claro que existem momentos que a
situação é muito difícil e até desanimamos um pouco, pois afinal de contas somos seres
humanos, mas novamente os Orixás intercederam por nós.
Nesse momento, nós já desconfiávamos quais eram as intenções deles para conosco, e
através de duas pessoas maravilhosas que inclusive não são Umbandistas, mas são seres
humanos preocupados com a justiça, conseguimos que a Lei fosse cumprida, pois nós
não estávamos pedindo nada demais:
Entregamos todos os documentos exigidos e apenas queríamos a nossa licença, que era
um direito nosso já que havíamos cumprido com todas as determinações da PMSP.
Podia ter sido diferente e mais fácil, mas infelizmente o ser humano é complicado e se
deixa levar muitas vezes por valores duvidosos.
Então com muita satisfação, nós gostaríamos de comunicar que o Templo da Luz
Dourada, desde o dia 17 de Setembro de 2008 e após 10 anos de muita luta está
devidamente legalizado na PMSP.
Não sei se somos os primeiros, mas sei que são poucos os terreiros legalizados, e
estamos legalizados como organização religiosa e na Licença de Funcionamento está
escrito em letras maiúsculas:
Salão de Culto (Inclusive Terreiro) – TERREIRO DE UMBANDA.
Não vamos citar nomes para não sermos injustos, mas gostaríamos de agradecer a todas
as pessoas que nos ajudaram nesse processo, que não foram poucas, mas com certeza
foram direcionadas pelos nossos queridos e amados Orixás.
Eles reservaram o conhecimento, pois hoje, graças a eles, sabemos o caminho a ser
seguido para a obtenção da legalização do nosso espaço.
Tel.:(11) 2302-4087
monica@luzdourada.org.br
www.luzdourada.org.br
Monica Berezutchi
Ministra os cursos:
Desenvolvimento Mediúnico
Teologia de Umbanda
Artigos
Dia 13 de Novembro de 2008 publiquei o texto UMBANDA: MATRIZ RELIGIOSA
BRASILEIRA, no Jornal de Umbanda Sagrada, e por incrível que pareça até esta
data não encontrei nenhuma publicação umbandista que aborda-se o tema. Também não
recebi, até a data citada, nenhum e-mail que se refere desta forma à Umbanda, ou seja
nenhum documento chegou à minhas mãos que apresenta-se outro irmão umbandista
abordando ou defendendo esta questão impar para a religião de Umbanda.
Afinal o uso do termo Matriz Religiosa Brasileira é novo e faz parte do contexto de
Sociologia da Religião, mais precisamente um termo cunhado pelo sociólogo José
Bittencourt Filho, que aparece como tese no livro Matriz Religiosa Brasileira, Ed.
Vozes, 2003.
Por ter uma raiz afro é que se costuma colocar a Umbanda entre as religiões de Matriz
Afro-Brasileiras, mas a Umbanda não tem também uma raiz indígena e outra européia
(na influencia católica e “kardecista”)? Então também seria de Matriz Indígena e
Européia?
Segundo BITTENCOURT, citando a fonte correta, existe uma Matriz Brasileira no que
diz respeito à cultura brasileira que é, esta sim, formada pelas diversas culturas que aqui
chegaram com a colonização e a Matriz Religiosa Brasileira está inserida dentro da
Matriz Cultural Brasileira.
Esta é uma abordagem nova, digna e muito importante para quem segue uma religião
brasileira, pois é partindo deste ponto que alcançaremos um entendimento maior do que
também é chamado de “caldo cultural brasileiro”.
Graças ao irmão Cássio Ribeiro e Sandra Santos, chegamos à Câmara dos Deputados
em Brasilia, no dia 10 de Novembro, onde fui convidado para apresentar o texto, que foi
lido pelo Deputado Vicentinho.
Por meio da irmã Sandra Santos enviei três textos: Matriz Religiosa Brasileira ; XV de
Novembro ; Cem Anos de Umbanda
Foi escolhido o texto Cem Anos de Umbanda, que junto do texto Matriz Religiosa
Brasileira, fazem parte do livro UMBANDA: TRAGETÓRIA DE UMA RELIGIÃO,
que será lançado em 2009, em parceria com a Editora Madras.
Sempre ouvimos falar que Umbanda é sincretismo e todos nós defendemos esta idéia,
no entanto há agora uma mudança de paradigma (ponto de partida ou ponto de vista),
que também é nova, no entanto foi defendida por Renato Ortiz em 1975 (Tese de
Doutorado em Paris, orientada por Roger Bastide) e publicada no Brasil com o titulo de
A Morte Branca do Feiticeiro Negro (São Paulo: Ed. Brasiliense).
Este novo paradigma, defendido por Renato Ortiz, diz que a Umbanda é muito mais que
sincretismo, Umbanda é a síntese do povo brasileiro, juntando ORITIZ com
BITENCOURTT temos então a faca e o queijo na mão para entender e defender a
Umbanda como Religião Brasileira.
Agora mais surpreso ainda fiquei eu ao saber que o irmão Roger Tausing irá apresentar
o tema “Matriz Religiosa Brasileira: Passado, Presente e Futuro da Umbanda” no dia 9
de Dezembro em um seminário com o tema “Centenário da Umbanda: Matriz Religiosa
Brasileira”, deve ser uma feliz coincidência.
Aproveito esta oportunidade para dar os parabéns aos irmãos que conquistaram esta data
na Câmara dos Deputados, todas as comemorações em homenagem ao centenário
engrandecem a religião de Umbanda, e marcam definitivamente no inconsciente
coletivo e também no consciente desta nação que Umbanda tem história e é uma
religião brasileira.
Ofereço como colaboração o texto que foi publicado dia 13 de Novembro de 2008 no
Jornal de Umbanda Sagrada (Umbanda: Matriz Religiosa Brasileira), já que nenhum
umbandista, que eu saiba, tenha abordado o tema até aqui, creio que toda colaboração é
valida, segue o texto:
(...) a Umbanda representa melhor do que qualquer outra religião, culto ou doutrina os
elementos da “Matriz Religiosa Brasileira”, termo criado pelo sociólogo José
Bittencourt Filho (2003). A Matriz Religiosa é parte da Matriz Cultural Brasileira, fruto
do processo de colonização. No processo de formação da nacionalidade brasileira, o que
em demografia representa a miscigenação , se traduz no campo religioso como
sincretismo.
Estas são conclusões inevitáveis a quem estuda religião de forma séria, mesmo que não
conhecêssemos a história de Zélio de Moraes ainda assim Umbanda seria uma religião
brasileira, pois em lugar nenhum, no tempo e no espaço se reuniu os elementos que são
presentes na Umbanda da forma como a conhecemos. Pois a Umbanda não prescinde de
cada um dos elementos das diversas culturas presentes nesta matriz. A História do Zélio
faz confirmar a nacionalidade de Umbanda.
Hoje sabemos que o que sempre houve na humanidade foi experiência religiosa e não
esta ou aquela religião, não há uma religião superior à outra.
AXÉ a todos que batem cabeça no congá de Oxalá e que o Caboclo das Sete
Encruzilhadas nos inspire palavras e pensamentos que dignifiquem a religião
fundamentada por ele um século atrás.
Alexandre Cumino
> A Casa Espírita e os problemas sociais - A violência que nos bate à porta
Artigos
Sem dúvida nos robotizamos atrás de um “PRAZER” efêmero e sem rumo e que nos
joga em um emaranhado de conflitos e frustrações.
“Nesse campo, eivado dos espinhos da insensibilidade pela dor do próximo, pelo
abandono das multidões esfaimadas e enfermas, pelo desconforto moral que se espraia,
os valores éticos, por sua vez, passam também a ser contestados pelos que se
consideram privilegiados, atribuindo-se o direito de qualquer conduta que o dinheiro
escamoteia e a sociedade aceita”.
A Casa Espírita, em sua missão, nos propicia um dos mais sérios e importantes
processos terapêuticos, em que somos acompanhados por terapeutas fraternos e
pacientes sempre prontos a nos auxiliar e com uma enorme paciência em nos ouvir e
nos estimular a melhora, sem nos impor comportamentos, mas nos convidando sempre à
reflexão.
A ação social é sem dúvida o melhor instrumento para essa terapêutica, possibilitando a
vivência prática de nossas conquistas e a transmissão do conhecimento adquirido aos
nossos irmãos necessitados.
Não podemos e nem devemos estar isolados de todo o movimento social que tenha
como proposta uma sociedade mais justa e que lute pela erradicação da ignorância, pelo
atendimento à saúde, pela requalificação profissional, pelo exercício honesto e
construtivo da cidadania.
:: C O N S C I Ê N C I A E S P Í R I T A 2 0 0 5 ::
Cent. Est. Esp. Paulo Apóstolo de Mirassol - SP - Brasil
Artigos
SEGURANÇA PÚBLICA É MUITO MAIS QUE DIREITO PENAL
Na verdade, entender segurança pública apenas sob a ótica do Direito Penal (e suas
instâncias oficiais de aplicação: Polícias, Ministério Público, Magistratura Criminal,
sistema penitenciário) é reduzi-la à sua última conseqüência. Se num dado caso
concreto tornou-se necessária a atuação de tais instituições e a aplicação das normais
penais, é porque antes fracassaram outras tantas instâncias sociais.
E a Doutrina Espírita nos lembra que os autores da violência são Espíritos imortais, que
trazem a necessidade de difíceis vivências que, corretamente enfrentadas, serão muito
úteis ao seu aprendizado evolutivo; e, dentre eles, não poucos estão gozando das últimas
oportunidades de encarnarem num mundo de expiações e provas, antes que a Terra –
mercê dos esforços de seus habitantes – converta-se num mundo de regeneração.
Há muito mais a se falar sobre o tema e a ele certamente voltaremos em outras ocasiões.
Por ora, consignamos o convite a cada leitor, associado da AJE e profissional do Direito
espírita, para que reflita intimamente acerca do convívio entre suas convicções espíritas
e as exigências por mais e mais prisão. E, depois, que faça de seu exercício profissional
uma natural decorrência de tais reflexões.
Artigos
A profissão que escolhemos, integrantes que somos de uma mesma família forense,
exige ainda maior preocupação com a conduta a ser adotada, na medida em que o Poder
Judiciário, um dos três pilares da democracia, é o último refúgio da pessoa humana
contra leis injustas e decisões arbitrárias.
O Direito é baseado em relações humanas, que devem ser tratadas com o compromisso
consolidado na lei da justiça, amor e caridade, na melhor lição de Allan Kardec. O
exercício de interpretação da lei e dos fatos e a busca da verdade real, pressupostos para
a aplicação da lei humana, são feitos com base na estrutura moral, ética e intelectual dos
operadores do Direito, o que significa dizer que o grau de conscientização desses
profissionais e a forma de suas atuações influenciam diretamente no resultado
alcançado.
Portanto, o COMPROMISSO COM A JUSTIÇA convida a todos nós, operadores do
Direito espíritas, à reflexão e à conscientização da importante atividade que
desempenhamos e que não se limita, por suas conseqüências e influência direta na vida
das pessoas envolvidas, à mera atuação mecanizada do processo, como se tratasse de
simples e descartável amontoado de papéis.
Artigos
A postura como ser humano, já era algo impressionante, costumava, por exemplo,
recolher necessitados e doentes em sua casa até que se restabelecessem. Ouvi de Mãe
Zilméia, filha carnal de Zélio, e li em alguns artigos a história de que Zélio e o Caboclo
das Sete Encruzilhadas teriam ressuscitado uma jovem dada como morta, no entanto
desconhecia os detalhes do fato. Este ano me chegou às mãos, através de Diamantino
Trindade*, o livro No Mundo dos Espíritos, 1925, de autoria de Leal de Souza (primeiro
autor umbandista), onde esta história aparece narrada pelo Sr. J. P. Brigadão:
Há poucos dias, na vizinha cidade de Niterói, uma linda moça na flor da idade, cheia de
sonhos azuis e ilusões douradas, adoeceu de enfermidade misteriosa. Foram chamados
bons médicos e a enferma não melhorou. Antes, piorou. Novos doutores foram
consultados, porém a donzela, agravando-se rapidamente o seu estado foi julgada sem
salvação possível. Em desespero, seu pai, um comerciante abastadíssimo, ouviu os
conselhos de um amigo e solicitou os socorros ao Centro Espírita Nossa Senhora da
Piedade, onde se manifestam espíritos de caboclos, mas, acabara de pedir tais auxílios,
quando recebeu a notícia do desenlace fatal: sua filha falecera às 5 horas da tarde.
Voltou o pai em pranto para o lar abalado. Veio um médico, examinou a moça e lavrou
o atestado de óbito. Lavou-se e vestiu-se o corpo. Foi colocado, sob flores, na mesa
mortuária, entre velas bruxuleantes. Um sacerdote fez a encomendação. Às 8 horas da
noite, ao iniciar a sua sessão, o Centro Espírita Nossa Senhora da Piedade, não tendo
sido avisado do falecimento, fez uma prece pela saúde da moça já morta. Manifestando-
se o espírito do guia e protetor do centro (Caboclo das Sete Encruzilhadas), disse: “Um
grave perigo ameaça a pessoa por quem orais. Continuai vossas preces com fervor e
sem interrupção, até que eu volte, pois vou sair para socorrê-la”. Os espíritas do Centro
Nossa Senhora da Piedade, orando com fervor, esperaram cerca de duas horas, e, ao
termo delas, manifestando-se de novo, o espírito de seu guia e disse-lhes: “Está salva a
moça”. Espíritos maus, convocados por motivo de ordem pessoal, haviam envolvido a
jovem em fluídos venenosos, que a estavam matando. Não se quebraria, porém o fio que
liga o espírito ao corpo.
Uma das especialidades de Zélio e do Caboclo das Sete Encruzilhadas era a cura de
"loucos". Devido ao alto índice de acerto, médicos de sanatórios consultavam Zélio para
saber quais doentes teriam a cura na Umbanda.
A policia quando prendia alguém descontrolado levava ao Zélio para saber se era louco
ou obsediado, conta Mãe Zilméia que não tinha hora, as vezes duas ou três da manhã,
batiam a porta de seu pai, lembra ainda de certa ocasião em que acomodaram três
pessoas desequilibradas em sua casa de uma só vez; “um queria tomar banho o tempo
todo e outro não queria de jeito nenhum”.
No Mundo dos Espíritos, Leal de Souza registra, em reportagem, sua primeira visita aos
trabalhos de Zélio, como jornalista, onde mesmo sem ser anunciado e desconhecido de
todos os presentes, foi reconhecido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, que se dirigiu
a ele, conforme o relato:
Pode dizer que apertou a mão de um espírito. À minha esquerda, está uma irmã que
entrou aqui com tuberculose e à minha direita um irmão vindo do hospício. Curou-os,
aos dois, Nossa Senhora da Piedade. Pode ouvi-los.
Leal de Souza neste dia presenciou a cura de um “louco fugido do hospício”, que
encontrava-se obsediado por duas entidades, após serem encaminhadas restabeleceu-se
a saúde mental do cidadão.
João Severino Ramos, dirigente da Tenda São Jorge, mais uma das tendas fundadas pelo
Caboclo das Sete Encruzilhadas, ao fazer sua primeira visita a Zélio em Cachoeiras de
Macacu, se mostrava cético e incrédulo, pedindo provas para crer.
O Orixá Malet (da vibração de Ogun) pegou uma pedra à beira do rio e acertou bem no
meio da testa de Severino que caiu dentro das águas. A entidade proibiu os amigos de
socorre-lo e pediu que esperassem, minutos depois Severino atravessou as margens do
Rio Macacu já incorporado de Ogun Timbiri, com quem trabalharia à gente da tenda
citada.
José Álvares Pessoa, o Capitão Pessoa, de origem espírita, resolveu visitar a TENSP,
para verificar de perto “as maravilhas” que afirmavam sobre Zélio de Moraes. Assim
que pisou dentro da Tenda, o Caboclo das Sete Encruzilhadas anunciou que já poderiam
fundar a ultima das sete tendas, a Tenda São Jerônimo, pois o seu dirigente acabava de
chegar. Capitão Pessoa se surpreendeu com tal afirmação por não conhecer ninguém no
ambiente, mas ao conversar com o Caboclo entendeu que este o conhecia e muito bem.
O tempo mostrou a importância de José Álvares Pessoa na Umbanda ao lado de Zélio
de Moraes e à frente da Tenda a ele reservada.
Conta ainda Mãe Zilméia que o delegado de Neves, Sr Paula Pinto, vinha fechando as
Tendas de Umbanda e um dia chegou à porta da TENSP, na hora dos trabalhos onde
estava em terra Pai Antônio. Mãe Zilméia foi avisar ao preto-velho, que falou:
“carneirinho (como chamava Zilméia) deixa ele entrar”.
O homem “que era gordo e grande”, deu dois passos e caiu estirado no chão. Mãe
Zilméia diz ter perguntado “O que fazer agora?”, o preto-velho, calmamente, lhe pediu
que esperasse, logo o homem se levantaria.
Passado algum tempo o delegado “acordou”, foi conversar com Pai Antônio, se tornou
amigo de Zélio de Moraes e freqüentador da casa.
Evaldo Pina médium da Tenda Mirim Santo Expedito, fundada no Pará pelo Tenente
Joaquim Bentes, mais tarde pertencente à TULEF, em visita à Zélio ouviu dele a
“descrição da fundação da casa, em todos os pormenores, como se o fato data-se de
semanas, apenas. E através de Zélio recebeu uma mensagem do dirigente, já
desencarnado, citando fatos conhecidos apenas pelos dois”.
E para finalizar faço lembrar os fatos narrados por Pai Ronaldo Linares sobre seu
encontro com Zélio de Moraes.
Pai Ronaldo, que sempre se emociona ao contar esta história, nos diz que ouviu uma
voz no fundo dizer :
“É Ronaldo minha filha, o homem que vai tornar meu trabalho conhecido”.
Ao chegar na casa de Zélio, Pai Ronaldo mais uma vez tomado de forte emoção se
ajoelhou e tomou a benção, Zélio de Moraes já sabia por que ele estava ali e todas as
coisas que ele queria saber.
Pai Ronaldo Linares viria a participar em programas de Rádio e TV, além de Jornais,
divulgando a Umbanda e a história de Zélio de Moraes.
Homenageou Zélio em vida, junto com sua turma de sacerdotes, o que foi registrado por
Jota Alves de Oloveira em sua obra Umbanda Cristã e Brasileira:
Ouvimos, de Zélio e Zilméia, a descrição do que foi a grande concentração promovida
pela Federação Umbandista do Grande ABC, de Santo André, Estado de São Paulo, em
homenagem a Zélio... aquela Federação, presidida por Ronaldo Linares, visa
uniformizar o culto dos templos umbandistas, excluindo gradativamente do ritual os
preceitos já superados, a fim de atingir, na prática, o conceito definido pelo Caboclo:
Umbanda é a manifestação do Espírito para a caridade.
Saudações Umbandistas,
Alexandre Cumino.
Observações:
Pai da Umbanda - Forma Carinhosa como Pai Ronaldo Linares se refere ao Zélio de
Moraes
Artigos
Do G1, em São Paulo
27/04/2007
http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL27781-6174,00.html
http://tecnocientista.info/noticia_detalhe.asp?cod=5345
Ainda assim, o grupo destaca que é apenas o início de um longo trabalho experimental e
não desencoraja a busca por soluções para tornar a computação quântica uma realidade -
- por mais difícil que seja entender como operaria uma máquina baseada nos princípios
malucos e contra-intuitivos dessa parte da física.
Embora as leis quânticas sigam uma lógica própria, não-intuitiva, a ciência conseguiu,
através da matemática, descobrir muito sobre como elas operam. Dentre essas
descobertas está o entrelaçamento quântico, uma coisa tão estranha que até mesmo o
famoso físico Albert Einstein (1879-1955) achava que não passasse de um absurdo
teórico, uma "ação fantasmagórica a distância". Hoje sabemos que o entrelaçamento
existe mesmo, e é graças a ele que muitos cientistas podem sonhar com computadores
quânticos.
Uma das coisas mais estranhas da mecânica quântica é que uma partícula vive numa
sobreposição de estados -- como se ela tivesse várias características contrastantes ao
mesmo tempo. Veja como é absurdo. Na física clássica, cada objeto tem um conjunto de
propriedades definidas. Por exemplo, um automóvel pode ser azul ou vermelho, mas ele
não pode ser azul e vermelho simultaneamente. Já uma partícula pode ter vários estados
ao mesmo tempo -- contanto que ninguém a observe.
Por conta disso, os cientistas da computação estão loucos para usá-las como elementos
para a realização de cálculos: se uma partícula pode carregar várias informações (bits)
simultaneamente, o processamento que ela pode executar acaba sendo muito maior. É
com essas versões "turbinadas" de bits, os quantum bits (ou qubits), que os
computadores quânticos terão de trabalhar.
E o entrelaçamento deve ser parte integrante desse processo. Duas partículas são ditas
entrelaçadas quando ambas estão em sobreposição de estado, mas de alguma maneira a
condição de uma depende da condição de outra. Então, se uma partícula pode ser azul
ou vermelha e, ao ser observada, ela se mostra azul, é certo que seu par entrelaçado se
converte automaticamente em vermelho -- a situação de uma partícula define a da outra.
É aí que entra a pesquisa de Davidovich e seus colegas. Eles mostraram que esse
entrelaçamento é muito difícil de manter, porque, dependendo do ambiente em que
estão as partículas, pode acontecer a chamada "morte súbita do entrelaçamento" -- ou
seja, sem aviso prévio, as partículas perdem essa ligação uma com a outra, e com isso o
processo de computação ficaria comprometido.
O grupo sabe muito bem o tamanho do problema. "O sucesso no mundo real da
comunicação e computação quânticas depende da longevidade do entrelaçamento em
estados quânticos multipartículas", escrevem os pesquisadores, em um artigo publicado
na edição desta sexta-feira (27) da revista científica americana "Science".
"Esse relato não é a palavra final em estudos desse tipo, e, dado o papel central do
entrelaçamento de sistemas pequenos em qualquer rede de informações quânticas, é
provável que outras investigações experimentais sigam a trilha desse trabalho",
diagnosticam Joseph Eberly e Ting Yu, da Universidade de Rochester (EUA), em
comentário publicado na mesma edição da "Science".
O grupo brasileiro reconhece que é só o início de uma longa aventura pelo mundo
quântico em busca de respostas e indica, ao final de seu artigo, que "a configuração
experimental [deles] representa um método simples e confiável para seguir estudando a
dinâmica de sistemas entrelaçados que interagem com ambientes controlados".
Artigos
Uma das incógnitas que ainda perduram, na Umbanda, é a verdadeira natureza dos
Caboclos e Pretos-Velhos.
Várias opiniões formaram-se a respeito dessas entidades que, através de uma linguagem
simples, emitem, por vezes, conceitos que revelam o pensamento erudito de um mestre.
Se o freqüentador assíduo dos terreiros não procurasse o guia apenas para lhe expor as
dificuldades da vida terrena, buscando somente o conselho para a solução mais fácil dos
seus problemas materiais, teria ocasião de receber ensinamentos preciosos sobre a vida
futura, as reencarnações, a necessidade de vencer, com o próprio esforço, a passagem
difícil que se lhe apresenta e que será mais um grau conquistado na escola da vida.
Dizia José Álvares Pessoa que a Umbanda é, talvez, a única religião que se preocupa
com os problemas materiais do homem.
Não por ser um culto materializado. Pelo contrário: percebendo como o ser humano
premido pelas dificuldades que o seu próprio Carma conduz, se afasta do criador,
quando a enfermidade, a falta de recursos financeiros, a desarmonia no lar se tornam
mais poderosos que a sua crença, os dirigentes espirituais do nosso planeta organizaram
um movimento destinado a dar ao homem o conforto, o conselho, a ajuda através dos
quais poderá ser, ainda uma vez, reconduzido aos caminhos da fé.
Logo, não é de crer que haja um plano exclusivo para caboclos e pretos escravos.
Preferimos, portanto, adotar o conceito de muitos espiritualistas, entre os quais o acima
citado J. A. Pessoa:
Uns contam como viveram, há 200 anos ou há pouco mais de meio século, nos
engenhos ou nas aldeias indígenas. Outros abstêm-se de qualquer referência à sua
passagem na vida terrena. Pacientemente, dão atenção às queixas, ao relato dos
pequenos problemas de rotina da nossa vida, aconselhando, animando, esclarecendo,
conforme a necessidade de quem lhes fala.
E através desse trabalho humilde, incompreendido, ainda, por muitos, vão prosseguindo
na missão de reconduzir o homem ao caminho que o levará a Deus.
Se o Caboclo viveu como um cacique de uma tribo ou como iniciado de uma seita
oriental, não interessa no momento.
Se o Velho foi escravo ou jovem médico, ou se foi mestre na magia, também não faz
diferença.
O que vale, agora, é apenas a missão a ser cumprida, em benefício da humanidade, para
que o Brasil, futuro centro de difusão do Evangelho, esteja melhor preparado para o
advento do III Milênio.
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Lilia Ribeiro foi dirigente da TULEF (Tenda de Umbanda Luz Esperança e Caridade) e
editora do jornal informativo Macaia.
A TULEF foi uma das Tendas fundadas por médiuns que vinham da linhagem direta de
Zélio de Moraes e que fazia questão de seguir ao maximo a orientação do Caboclo das
Sete Encruzilhadas. Lilia foi quem registrou o maior numero de entrevistas com Zélio
de Moraes e boa parte do material foi entregue diretamente a Mãe Maria, da Casa
Branca de Oxalá. A palavra de Lilia é forte e carregada de embasamento, tanto quanto
de vivência com a Umbanda de Raiz primeira.
Portanto todos os textos desta médium, sacerdotisa, autora e pesquisadora são de suma
importância para a religião e não podem se perder no tempo.
São poucos os textos doutrinários de Lilia a maioria do que nos chega de sua autoria são
as entrevistas e organização do pensamento e definições dadas por Zélio de Moraes e o
Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Artigos
Com o advento da Doutrina Espírita, a partir de 1857, muita luz se projetou sobre o
enigma do sono e dos sonhos , (1) cujos princípios repousam sobre o axioma de que o
homem é um ser integral, constituído de corpo e alma, independentes entre si, premissa
que tem auxiliado grandemente o entendimento do fenômeno. Observando a
incapacidade humana de compreender os sonhos, os Espíritos exclamaram: “Pobres
homens, que mal conheceis os mais vulgares fenômenos da vida!” (2)
Todos sonhamos, ainda que não nos lembremos! O sonho, a catalepsia, a letargia (3) e o
sonambulismo (4) são todos fenômenos de emancipação ou desdobramento da alma.
O sonho é a lembrança mais ou menos nítida das experiências que o Espírito traz, ao
despertar, de sua excursão pelo Plano Espiritual. Constitui, por isso, uma das
evidências da realidade da alma. Quando o corpo repousa, o Espírito libera um pouco
mais suas faculdades, ao contrário do que acontece quando se encontra acordado,
lembrando-se, muitas vezes, do passado e até penetrando o futuro.
Se não dormíssemos, a encarnação e o nosso progresso espiritual certamente estariam
comprometidos, uma vez que é no mundo espiritual a nossa pátria verdadeira onde
buscamos forças para enfrentar as dificuldades do dia-a-dia, no plano físico. Não sem
razão os Espíritos disseram, na q. 402 da primeira obra básica que o sono é a porta que
Deus abre aos homens, para que possam relacionar-se com os amigos do céu; é o
recreio depois do trabalho.
Conforme anotado pelo Espírito André Luiz, na obra “Os Mensageiros”, “Freud foi
um grande missionário da Ciência; no entanto, manteve-se, como qualquer
Espírito encarnado, sob certas limitações. Fez muito, mas não tudo, na esfera da
(8) indagação psíquica”.
Como lembram os imortais na q. 404 de O Livro dos Espíritos, “os sonhos não são
verdadeiros como o entendem os ledores de buena-dicha [adivinhos], pois fora absurdo
crer-se que sonhar com tal coisa anuncia tal outra. São verdadeiros no sentido de
que apresentam imagens que para o Espírito têm realidade, porém que, freqüentemente,
nenhuma relação guardam com o que se passa na vida corporal”.
O despertamento do sono indica que o Espírito, acompanhado de seu envoltório, o
períspírito, este de natureza semimaterial sutil ou quintessenciada, retornou ao casulo
carnal, trazendo as memórias de suas experiências pelo mundo espiritual, as quais,
entretanto, em virtude do contacto do perispírito com as células, são abafadas pelo
corpo denso, cujos átomos vibram com maior lentidão.
Por causa disso, muitas vezes não lembramos dos sonhos ou apenas nos recordamos de
partes deles, que nada mais são do que trechos de lembranças de nossas experiências
pelo mundo invisível, fazendo com que se apresentem estranhos, sem muito nexo, como
se estivéssemos lendo uma página em que algumas palavras, linhas ou mesmo frases
inteiras estivessem apagadas, truncando ou impedindo a compreensão integral da
mensagem.
Tal fenômeno ocorre porque a apreensão dos fatos, nos sonhos, é feita diretamente pelo
pensamento, não passando pelos órgãos dos sentidos. Pondere-se, ainda, que a
linguagem do pensamento é universal, enquanto a linguagem das palavras articuladas é
revestida de símbolos que nem sempre traduzem, com exatidão, a essência das
experiências vivenciadas pelo Espírito, que não encontram analogia no estreito
vocabulário humano. Isso, de certo modo, explica por que duas pessoas estrangeiras,
mesmo não conhecendo o idioma um do outro, podem se comunicar pela via telepática.
Por isso, os Benfeitores Espirituais recomendam que sempre oremos antes de dormir
(10), para que nos contactemos com Espíritos que estejam em condições morais
superiores à nossa, ocasião em que podemos receber ajuda, além de sermos úteis,
promovendo boas obras e inclusive auxiliando Espíritos necessitados, se for o caso.
Como alerta Carlos Torres Pastorino, em seu opúsculo Minutos de Sabedoria (11) ,
não devemos nos impressionar com os sonhos. Isto poderia levar-nos a
extravagâncias ridículas. Vivamos acordados no bem que os nossos sonhos serão
belos e bons. Se alguma característica de verdade nos for revelada em sonho,
aceitemo-la com simplicidade, mas não nos deixemos levar por interpretações
supersticiosas. Procuremos sempre o lado bom das coisas.
Concluindo, os sonhos encontram explicações nas leis que governam as relações entre o
mundo físico e o mundo espiritual, decorrentes da existência do Espírito, do perispírito
e dos fluidos espirituais, a chave que faltava para a melhor compreensão desses
fenômenos.
Referências Bibliográficas
5. Sobre o laço fluídico, consulte O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, cap. VII, item
118, e o cap. XXV, item 284.
6. Eclesiastes, 12:6.
8. Obra citada. 24a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991. Cap. 38, “Atividade Plena”, p. 202.
9. Sobre a interpretação dos sonhos, na ótica espírita, consulte também O Livro dos
Médiuns, cap. VI, “Das Manifestações Visuais”, item 101: “Ensaios Teóricos Sobre as
Aparições”; e A Gênese, cap. XIV, “Fatos Tidos como Sobrenaturais”, item 28: “Vista
Espiritual ou psíquica. Dupla Vista. Sonambulismo. Sonhos”.
Artigos
“E chamando a si as turbas, lhes disse: Ouvi e entendei. Não é o que entra pela boca o
que faz imundo o homem, mas o que sai da boca, isso é o que faz imundo o homem”.
(Mateus, XV:11). “E respondendo Pedro, lhe disse: Explica-nos essa parábola. E
respondeu Jesus: Também vós outros estais ainda sem inteligência? Não compreendeis
que tudo o que entra pela boca desce ao ventre, e se lança depois num lugar escuso?
Mas as coisas que saem da boca vêm do coração, e estas são as que fazem o homem
imundo; porque do coração é que saem os maus pensamentos, os homicídios, os
adultérios, as fornicações, os furtos, os falsos testemunhos, as blasfêmias. Estas coisas
são as que fazem imundo o homem. O comer, porém, com as mãos por lavar, isso não
faz imundo o homem”. (Mateus, XV: 16-20).
Observemos que Kardec não deixou o tema sem a devida analise e estudo:
As privações voluntárias, com vistas a uma expiação igualmente voluntária, têm algum
mérito aos olhos de Deus?“Fazei o bem aos outros e tereis maior mérito”.
O Livro dos Espíritos, questão nº 720
Os povos que levam ao excesso o escrúpulo no tocante à destruição dos animais têm
mérito especial? “É um excesso, num sentimento que em si mesmo é louvável, mas que
se torna abusivo e cujo mérito acaba neutralizado por abusos de toda espécie. Eles têm
mais temor supersticioso do que verdadeira bondade”.(grifo nosso)
O Livro dos Espíritos, questão nº 736
... Amai, pois, a vossa alma, mas cuidai também do corpo, instrumento da alma;
desconhecer as necessidades que lhe são peculiares por força da própria natureza, é
desconhecer as leis de Deus. Não o castigueis pelas faltas que o vosso livre arbítrio o
fez cometer, e pelas quais ele é tão responsável como o cavalo mal dirigido o é, pelos
acidentes que causa. Sereis por acaso mais perfeitos, se, martirizando o corpo, não vos
tornardes menos egoístas, menos orgulhosos e mais caridosos? Não, a perfeição não
está nisso, mas inteiramente nas reformas a que submeterdes o vosso Espírito. Dobrai-o,
subjugai-o, humilhai-o, mortificai-o: é esse o meio de o tornar mais dócil à vontade de
Deus, e o único que conduz à perfeição.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Item 11
...Como era mais fácil observar a prática dos atos exteriores, do que se reformar
moralmente, de lavar as mãos do que limpar o coração, os homens se iludiam a si
mesmos, acreditando-se quites com a justiça de Deus, porque se habituavam a essas
práticas e continuavam como eram, sem se modificarem.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, CAP. VIII, Item 10
Mas não foi só o codificador que deixou bem claro a visão espírita do tema. Vemos que
outros orientadores encarnados e desencarnados também mantem um posicionamento
coerente. Vejamos o que nos orienta André Luiz:
P: Como deve ser a dieta alimentar dos médiuns nos dias de trabalho mediúnico?
R: -A dieta alimentar dos médiuns deverá constituir-se daquilo que lhes possa atender às
necessidades, sem descambar para os excessos ou tipos de alimentos que, por suas
características, poderão provocar implicações digestivas, perturbando o trabalhador e,
conseguintemente, os labores dos quais participe. Desse modo, torna-se viável uma
alimentação normal, evitando-se os excessivos condimentos e gorduras que,
independente das atividades mediúnicas, prejudicam bastante o funcionamento
orgânico.
Aalimentação não define, por si só, o potencial mediúnico dos médiuns que deverão
dar muito maior validade à sua vida moral do que à comida obviamente.
Algumas pessoas recomendam que não se comam carnes, nos dias de tarefa
mediúnica, enquanto outras recomendam que não se deve tomar café ou chocolate,
alegando problemas das toxinas, da cafeína, etc., esquecendo-se que deveremos manter
uma alimentação mais frugal, a partir do período em que já não tenha tempo o
organismo para uma digestão eficiente.
É mais compreensível, e me parece mais lógico, que a pessoa coma no almoço o seu
bife, se for o caso, ou tome seu cafezinho pela manhã, do que passar todo o dia
atormentada pela vontade desses alimentos, sem conseguir retirar da cabeça o seu uso,
deixando de concentrar-se na tarefa, em razão da ansiedade para chegar em casa, após a
reunião, e comer ou beber aquilo de que tem vontade.
Por outro lado, a resposta dos espíritos à questão 723 de O Livro dos Espíritos é
bastante nítida a esse respeito, deixando o espírita bem à vontade para a necessária
compreensão, até porque a alimentação vegetariana não indica nada sobre o
caráter do vegetariano. Lembremo-nos que o “médium” Hitler era vegetariano e
que o médium Francisco Cândido Xavier se alimenta com carne”.
Artigos
Necessário não esquecer que o Mestre de Nazaré não prometeu facilidades aos
seus seguidores, e ELE mesmo segue trabalhando incessantemente em
benefício de toda a humanidade, conclamando seus discípulos a manterem a
vigilância constante, a mente ocupada à procura da verdade e o coração
tocado de amor e luz, disposto a vencer as barreiras no caminho do progresso
moral espiritual.
Como espíritas que nos dizemos ser, precisamos fazer bom uso de toda luz
que já recebemos das lições contidas no evangelho do Cristo, e buscarmos ser
verdadeiramente bons cristãos servindo ao Mestre, primeiramente junto aos
familiares de nossa atual caminhada evolutiva.
Artigos
Ainda hoje, muitos dos nossos irmãos cristãos de variadas correntes religiosas na Terra,
vivem a discutir as palavras de Jesus quando nos afirmou: “Não vim trazer a paz, mas,
a divisão”.
Não conseguem entender o porquê dessa atitude do Mestre de Nazaré, quando sua
missão, é em todas as épocas, de paz e amor, visto que, não dispõem da bênção das
claras explicações que temos na doutrina espírita que graças a Deus já abraçamos, para
entender a verdadeira fé sob a ótica da razão.
Foi a partir do lançamento de O Livro dos Espíritos em 1857, que as passagens de Jesus
narrada nos evangelhos puderam ter uma assimilação muito mais fácil e de forma bem
mais ampliada, para que finalmente pudéssemos compreender suas sábias intenções em
tudo que nos ensinou e exemplificou enquanto esteve por aqui.
A Doutrina Espírita embora ainda muito combatida e desrespeitada por muitos desses
irmãos ditos “cristãos”, nos assevera que para se alcançar os objetivos da mensagem
consoladora do evangelho na nossa sociedade, precisamos seguir firmes e destemidos,
na certeza de que o discípulo de Jesus encontrará NELE e em seus prepostos a
sustentação necessária para fincar a bandeira da paz, da fé e da caridade nos horizontes
turvos dos dias que vivenciamos na atualidade.
Também ele, portanto, tem de combater; mas, o tempo das lutas e das perseguições
sanguinolentas passou; são todas de ordem moral as que terá de sofrer e próximo lhes
está o termo. As primeiras duraram séculos; estas durarão apenas alguns anos, porque a
luz, em vez de partir de um único foco, irrompe de todos os pontos do Globo e abrirá
mais de pronto os olhos aos cegos”.
“Essas palavras de Jesus devem, pois, entender-se com referência às cóleras que a sua
doutrina provocaria, aos conflitos momentâneos a que ia dar causa, às lutas que teria de
sustentar antes de se firmar, como aconteceu aos hebreus antes de entrarem na Terra
Prometida, e não como decorrentes de um desígnio premeditado de sua parte de semear
a desordem e a confusão. O mal viria dos homens e não dele, que era como o médico
que se apresenta para curar, mas cujos remédios provocam uma crise salutar, atacando
os maus humores do doente”. ¹
Fonte:
1) E.S.E. CAP. XXIII – Estranha Moral, itens 17 e 18
> Segurança
Artigos
Não vale o simples desejo de crescimento sem o devido esforço em conquistá-lo, pois,
as rogativas do indivíduo, sem o suor do trabalho árduo na construção de dias melhores,
em aproveitamento das sublimes oportunidades do testemunho comum a qualquer
mortal, não encontram resposta.
“O dever é o mais belo laurel da razão; descende desta como de sua mãe o filho. O
homem tem de amar o dever, não porque preserve de males a vida, males aos quais a
Humanidade não pode subtrair-se, mas porque confere à alma o vigor necessário ao seu
desenvolvimento.
O dever cresce e irradia sob mais elevada forma, em cada um dos estágios superiores
da Humanidade. Jamais cessa a obrigação moral da criatura para com Deus. Tem esta de
refletir as virtudes do Eterno, que não aceita esboços imperfeitos, porque quer que a
beleza da sua obra resplandeça a seus próprios olhos.
- Lázaro. (Paris, 1863.)” ¹
Bibliografia:
1) Kardec, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo – FEB,106ª edição, Cap. XVII,
item 7
Artigos
(...) Após um planejamento rápido ficara assentado o aluguel de uma sala no antigo
Colégio da Profa. Ana Borges, fechado desde 1885.
Ali, com mobiliário improvidado e sem conforto, Eurípedes prosseguiu no seu esforço
magnífico, em prol da Educação.
Eis que uma força superior toma-lhe o braço e, mecanicamente, transmite pequena
mensagem, mais ou menos nestes termos:"
"Tem início para Sacramento a maior campanha educacional, conhecida até então.
Antigos alunos do Liceu Sacramentano reintegram-se ao novo educandário e mais de
duas centenas de outros estudantes são encaminhados ao Colégio Allan Kardec.
(...) Antigos alunos conservaram, carinhosamente, importantes apostilas fornecidas por
Eurípedes sobre questões de Língua Portuguesa, Astronomia e Fundamentos da
Doutrina Espírita.
Corina nos conta que as aulas se iniciavam com uma prece: "A voz sonora e vi brante de
Eurípedes ergue-se na reprodução do Pai Nosso, de Jesus, na sua opinião, a prece que
tras em cada palavra um potencial magnético capaz de transformar o mundo, porque
proveio dos lábios sublimes do Cristo..."
Corina, em nota de rodapé, nos relata que "essas aulas despertavam tanto interesse que
os alunos do curso superior não perdiam as sessões mediúnicas, no sentido de
enriquecerem suas pesquisas com os conceitos dos Espíritos Benfeitores."
Ao mudar o nome da escola para Colégio Allan Kardec, por sugestão de Maria, a mãe
de Jesus, Eurípedes caracterizou a escola como espírita e, portanto, com uma proposta
pedagógica baseada na Doutrina Espírita.
Ao lado das matérias tradicionais, Eurípedes incluira o ensino da Doutrina Espírita, não
titubeando ao utilizar O Livro dos Espíritos e O Evangelho Segundo o Espiritismo, com
os alunos, além de utilizar a oração e o exercicio de sua mediunidade extraordinária,
onde se comunicavam Espíritos de alta envergadura, trabalhadores de Jesus, como
Paulo, Pedro, Filipe e outros, conforme nos narra Corina. Os alunos maiores, segundo a
biografa, não perdiam as próprias reuniões mediunicas.
Nota-se claramente, nas narrativas de Corina que o ensino primava pela qualidade
elevada, onde o aluno era levado a compreender profunda e racionalmente as lições,
vivenciando o que aprendiam, especialmente no aspecto moral.
O ensino da Doutrina Espírita numa instituição espírita (centro, lar, orfanato, escola)
representa o ensino da Verdade Universal, necessária ao "conhecimento de si mesmo",
chave do progresso individual, como nos ensinam os Espíritos em O Livro dos
Espíritos, item Perfeição Moral.
Se utilizamos o nome Espírita, temos que ser fieis aos Espíritos Superiores que tanto
trabalham para implantar essa verdade Universal em nosso Planeta.
Artigos
O movimento espírita lançou-se na construção e manutenção de instituições pré-
escolares há mais de cinqüenta anos, em uma época na qual a população de baixa renda
necessitava e não tinha acesso a este tipo de serviço.
A lei de diretrizes e bases, nos anos 90, atribuiu ao município a responsabilidade pela
educação infantil. Nesta época, as atenções do legislador criaram uma série de
exigências, muito justas, que transformou o perfil destas instituições e, com estas
mudanças, o volume de recursos necessário para mantê-las.
A antiga monitora, que na verdade trabalhava mais como cuidadora que como
educadora, passou a ser substituída por educadoras com formação em nível de ensino
médio, o que alterou substantivamente os custos da folha de pagamento, principal
despesa deste tipo de organização.
Algumas prefeituras, por sua vez viram nesta parceria uma forma de atender uma
quantidade maior da população, destinar recursos para a área de educação e de reduzir
despesas com pessoal, já que os empregados são contratados das instituições espíritas, e
não são (s.m.j.) computados como servidores públicos (o que facilita o problema do
limite de gastos com pagamento de servidores). Tudo isto, sem contar que em curto e
médio prazos, as prefeituras não necessitam investir em aluguel ou construção de
prédios.
Não bastassem as arbitrariedades, a PBH (falo desta porque não tenho dados de outras),
após a assinatura dos convênios deixa de ser parceira e age como se fosse dona da
instituição: transforma problemas de comunicação em negligências (nas quais as
socidades espíritas pagam a conta), baixa portarias e deliberações, sem negociação clara
com seus parceiros, envia fiscais para verificar o cumprimento de suas decisões e não dá
o devido suporte em áreas de sua responsabilidade, como é o caso da saúde.
A questão que originou esta publicação surgiu quando começamos a observar que a
Prefeitura, ao celebrar convênios com instituições espíritas, passou a exigir que estas
abrissem mão de práticas espíritas oferecidas à comunidade. Em uma das instituições
tentou-se proibir o passe aplicado nas crianças, por entender que se trata de prática
religiosa, e alegando o princípio da laicidade do ensino.
O órgão público tem razão, quando alerta que uma prática religiosa não pode ser
imposta a crianças ou famílias que não a aceitem, em um espaço aberto à população em
geral, contudo, em meu entendimento, não tem poder para proibir a prática de passes
para quem o desejar receber em uma instituição que por força de convênio presta
serviço de cunho social mas continua sendo espírita.
Este relacionamento precisa ser revisto e cabe ao movimento promover uma discussão
com especialistas na área de direito público para orientar as instituições como celebrar
parcerias que não exijam das sociedades espíritas abrirem mão de sua identidade
essencial, identidade esta que motivou os associados a se unirem para tentar colaborar
na solução de uma chaga social que estava aberta em uma época na qual o poder público
não tinha olhos de ver a necessidade do ensino pré-escolar para as populações de baixa
renda.
Artigos
O homem que deseja salvar o mundo se chama Harun Yahya e lembra um ator da época
do cinema mudo. Ele veste um terno de seda branca, abotoaduras douradas e exibe uma
barba bem aparada no queixo. "Em 20 anos", ele diz em tom sério, "a humanidade
entrará em uma era dourada".
Yahya diz que descobriu essa notícia maravilhosa na Bíblia e no Alcorão. Ele
argumenta que é um "fato científico" que Jesus e o Mahdi, o messias muçulmano,
voltarão à humanidade para resolver todos os conflitos globais. Antes, entretanto, ele
diz que esses dois emissários celestiais terão que lidar com outro desafio: eles terão que
erradicar a heresia do naturalista britânico Charles Darwin, que postula que toda a vida
se originou de um processo de seleção natural.
Além de Yahya, que atualmente está sendo processado "por ganho pessoal ilegal", há
outros opositores veementes da evolução na Turquia. Um deles é Kerim Balci, um
jornalista que trabalha para o jornal "Zaman" pró-governo. Sua mensagem: "Deus não é
aquele que está morto; é o darwinismo".
Mas isso poderá mudar em breve. Como colocou recentemente o ministro da Educação
ortodoxo da Turquia, Hüseyin Çelik, o darwinismo não é nada mais do que "uma arma
dos materialistas e dos infiéis". Çelik é um grande admirador da teoria do "design
inteligente" - uma versão moderna da teoria do criacionismo, que alega reconhecer a
mão de uma espécie de projetista por trás de todas as leis naturais do mundo.
- http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel/2008/09/24/ult2682u953.jhtm
Artigos
Não existe casa espírita ou instituição qualquer, que possa dispensar a presença de
pessoas para fazê-la funcionar a contento em atendimento aos seus objetivos
anteriormente traçados, mesmo quando a atividade de determinada instituição seja em
sua grande parte executadas por máquinas, ainda assim, os objetivos são obviamente
planejados por alguém, e pede como conseqüência a vigilância e a manutenção do
homem.
Antes do começo da tarefa a que se destina o grupo, é preciso que se reúnam para que
possam juntos participar da elaboração das propostas e definirem a
responsabilidades de cada membro do grupo.
Após esse acordo definido, é necessário que todos se entreguem ao trabalho com boa
vontade e comprometimento com as metas a alcançar, elaboradas quando do
planejamento, e, cada tarefeiro se esmere na parte da tarefa, que lhe está determinada.
É necessário que todos entendam que não existe o grupo perfeito e que por essa
razão, é importante trabalhar as diferenças existentes entre cada membro da
equipe, que podem ter causas diversas, entre outras as diferenças sociais, culturais etc.,
e que os possíveis conflitos que surgirem devem ser administrados com equilíbrio,
paciência, compreensão e muita conversa, para que sejam evitadas de todas as formas
possíveis, as pequeninas querelas que se não forem bem administradas podem se tornar
sérios obstáculos ao bom desempenho do grupo na conquista do objetivo planejado.
Importante ressaltar que o grupo disposto ao trabalho com Jesus, não prescinde do
espírito de equipe, onde “Deus é por todos e cada criatura pelos seus irmãos”.
Nesse diapasão cada qual possa se transformar em braço do Cristo a serviço da paz e do
bem, em constante progresso em direção à pureza espiritual que estamos destinados.
“A benfeitora Joanna de Ângelis nos esclarece: “Estamos no lugar certo, ao lado das
pessoas corretas, vivendo com aqueles que nos são melhores elementos para a execução
do programa. A pretexto de novas experiências ou fascinados pela utopia de novas
emoções, não perturbemos o culto dos deveres a que nos jugulamos com fidelidade”.
“Tornemo-nos o vaso onde deve arder a flama do bem, oferecendo, também, o óleo dos
nossos esforços reunidos a benefício da intensidade da luz”. ¹
Fonte:
1) Livro Após a Tempestade – Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Angelis,
Cap. 24.
2) Grifos nossos.
... Juliana Rocha Barroso
Artigos
A justiça restaurativa é um tema relativamente novo para nós. Em função disso, antes de
tudo, faz-se necessário conhecer alguns conceitos a ela relacionados para compreender
as iniciativas apresentadas nesta série de reportagens. Para ajudar nesta tarefa, contamos
com o procurador de Justiça aposentado e presidente do Instituto Brasileiro de Justiça
Restaurativa (IBJR), Renato Sócrates Gomes Pinto, que resume os termos gerais.
Ele diz que, para entender melhor a relação entre eles, podemos estabelecer a justiça
restaurativa como um campo. “Nele, transitariam as práticas e os procedimentos, enfim,
o processo restaurativo num novo sistema que seria a matriz para a resolução de
conflitos extra-penais e, no caso de crimes, uma ferramenta complementar. O sistema de
justiça criminal passaria a ser um sistema de multiportas de acesso à justiça, em que a
JR seria uma delas, que funcionaria opcionalmente para determinados tipos de crimes.
A JR é um conjunto de valores, princípios, procedimentos e resultados. Se
institucionalizada, seria um sistema restaurativo”, explica. Confira abaixo as definições
de Renato Sócrates.
Prática restaurativa
É o procedimento restaurativo, ou seja, que, ao invés de punir, se proponha a restaurar
as relações e lesões produzidas por um comportamento que viole as relações do ofensor
com a vítima e a comunidade, de forma colaborativa e responsável, e não contenciosa. E
que veja no conflito uma oportunidade de transformação existencial dos sujeitos
envolvidos, que participam voluntariamente do procedimento, em que terão voz para
expressar seus traumas e suas necessidades oriundas do crime, onde as lesões deverão
ser reparadas. Todo conflito, e não apenas os de fundo criminal, podem ser tratados
restaurativamente.
Justiça restaurativa
Pode ser definida como um procedimento de consenso, em que a vítima e o infrator, e,
quando apropriado, outras pessoas ou membros da comunidade afetados pelo crime,
como sujeitos centrais, participam coletiva e ativamente na construção de soluções para
a cura das feridas, dos traumas e perdas causados pelo crime. Trata-se de um processo
estritamente voluntário, relativamente informal, a ter lugar preferencialmente em
espaços comunitários, sem o peso e o ritual solene da arquitetura do cenário judiciário,
intervindo um ou mais mediadores ou facilitadores, e podendo ser utilizadas técnicas de
mediação, conciliação e transação para se alcançar o resultado restaurativo, ou seja, um
acordo objetivando suprir as necessidades individuais e coletivas das partes e se lograr a
reintegração social da vítima e do infrator. Não se trata de desjudicialização ou
privatização de gestão de conflitos penais, mas de democracia participativa no processo
judicial, a partir de outra perspectiva.
Sistema restaurativo
Não podemos dizer que existe um sistema restaurativo, porque a JR ainda não foi
institucionalizada. Existe um modelo restaurativo, uma constituição de capital social em
torno do modelo, ou seja, um movimento articulando-se para inscrever o modelo
restaurativo no sistema de justiça criminal e para introduzir práticas restaurativas na
gestão de conflitos em geral. Só se fala em sistema quando existe uma organização que
funciona segundo determinados valores e que está estabelecida como um paradigma
vigente. Acho que é indispensável termos um sistema restaurativo porque no caso de
crimes a lei é muito rígida. Você não pode encaminhar casos para este programa sem
uma previsão da lei que autorize isso. O nosso sistema adota o princípio da
obrigatoriedade da ação penal, da indisponibilidade da ação penal, diferentemente dos
Estados Unidos, da Inglaterra, da Nova Zelândia, em que existe o princípio da
oportunidade, ou seja, o promotor tem poder para fazer isso. Ele tem mais liberdade. O
promotor brasileiro, por exemplo, recebe um inquérito da polícia e é obrigado a
denunciar. O americano, o inglês, o australiano não. Ele só vai denunciar se achar que
deve. É outra maneira de resolver o problema, aqui não tem isso, nem na Europa.
Exemplificando um procedimento
A JR é um conceito aberto e tem várias concepções. Ela é vista como um encontro,
como um meio de reparação, também como um veículo de mudança das pessoas, que
fazem do conflito uma oportunidade para a transformação, existencial, inclusive. Esse
que é o lado mais interessante da JR. Vou colocar um exemplo: suponha que você é
agredida, ferida por uma pessoa. Normalmente, neste caso, você vai até à delegacia e lá
eles vão instaurar um procedimento e vão mandar para a Justiça. Esse procedimento
funciona assim: você se apresenta, depõe, registra a ocorrência e eles encaminham você
para o Instituto Médico Legal para fazer um exame, ver as lesões. Aí eles encaminham
tudo isso para o Juizado Especial Criminal. Lá, é designada uma audiência prévia de
conciliação, onde o promotor faz uma proposta. Ali ele vira as costas para você e
pronto. Como seria com a justiça restaurativa? O caso chega e o juiz verifica se ele pode
ser encaminhado para o programa de JR. O promotor e outros profissionais, como o
facilitador, concordam. Primeiro eles vão consultar as partes, preparar, informar o que é.
Depois vai ter um diálogo, ter a oportunidade de dizer: o que aconteceu me traumatizou,
fiquei angustiada, machucada, e preciso é de um pedido de desculpas, de uma
reparação. Por ser uma reunião em que vocês vão dialogar, não vai ter juiz, promotor,
advogados, são as próprias pessoas, com a facilitação feita por um mediador, vocês vão
esperar que a pessoa que a agrediu assuma a responsabilidade pelo que fez e também
que você dialogue com ela. Aí, os dois saem de lá com o problema resolvido na
profundidade que ele tem, diferente do procedimento judicial. É quase como ser
devolvido para você um conflito que te pertence.
Tipos de procedimento
A Resolução 2002/12, do Conselho Econômico e Cultural da ONU, que também define
conceitos ligados à JR, prevê três tipos de procedimento restaurativos: mediação,
círculo familiar e círculo comunitário. Segundo Sócrates, é difícil adaptar ao Brasil os
conceitos construídos nos países anglo-saxões. “Tudo é uma questão de dar nome. O
procedimento restaurativo tem como características ser informal, flexível.”
Ele diz que para entender os tipos de procedimento é preciso estudar a raiz dos termos.
Conta que nos anos 1970 e 1980, nos Estados Unidos, existiam dois tipos de
procedimento, depois chamados de JR: a mediação vítima-ofensor e a mediação e
reconciliação entre vítima e ofensor. Nos anos 1990, na Nova Zelândia, surgiu uma
nova modalidade de JR, denominada Family Group Conference. “Era então uma
reunião do grupo familiar, ou seja, o menor infrator, a vítima, parentes da vítima,
parentes do menor infrator e também pessoas das comunidades, que participavam dessas
reuniões de grupos familiares”, pontua. Do final dos anos 1990 entrando nos anos 2000,
houve um desenvolvimento de práticas restaurativas, que começaram a ser também
aplicadas para adultos. “Essa Conference, reunião, círculo – observe que são todas
palavras sinônimas já que uma reunião se dá círculo, não é linear, unilateral –, para
adultos começou na Nova Zelândia. Uma experiência com os Comunity Group
Conference, reuniões comunitárias. Aí vinham além do infrator, da vítima e de pessoas
que apoiassem ambos, pessoas da comunidade também, porque a comunidade sofre
impactos do delito, que produz traumas que não se limitam apenas aos envolvidos”,
explica.
Serviço
Artigos
Em 1933 uma bem educada garota húngara de 16 anos, Íris Farczády, que tinha se
aventurado extensamente na mediunidade, repentinamente sofreu uma mudança drástica
de personalidade, reivindicando ser Lucia renascida, uma trabalhadora espanhola de 41
anos, dizendo por ela ter morrido naquele ano. Transformada em "Lucia", Íris falou
depois em espanhol fluente, uma linguagem que ela aparentemente nunca tinha
aprendido, nem tido a oportunidade de adquirir e não podia entender qualquer outro
idioma. A Lucia permaneceu em controle desde então e, agora com 86, ela ainda
considera que Íris foi uma pessoa diferente, que deixou de existir em 1933. Os três
autores deste artigo encontraram Lucia em 1998 e uma gravação de entrevistas foi feita,
sob auspícios da SPR. Tentativas foram feitas para localizar a reinvidicada família
espanhola de Lucia, mas estas não foram bem-sucedidas. Enquanto o aspecto da
reencarnação do caso não foi apoiado, aí permanece o quebra-cabeça de como Íris
adquiriu seu conhecimento da linguagem espanhola, costumes e cultura popular, e por
que Íris deve ter permitido ou se submetido a sua "substituição" por Lucia. [3]
As crianças que reivindicam lembrar-se de fragmentos de uma vida passada são achadas
em alguns países. Várias explicações foram propostas quanto ao porque as supostas
memórias se desenvolvem, variando de reencarnação à "recurso terapêutico". Este
estudo põe à prova o papel de algumas características psicológicas e as circunstâncias
em que as crianças vivem, tal como fantasia, sugestionabilidade, isolamento social,
dissociação e procura de atenção. Para trinta crianças no Líbano que persistentemente
tinha falado de memórias de vida passada, e para 30 crianças de comparação, foram
administradas provas relevantes e questionários. O grupo alvo obteve contagens mais
altas para devanear, busca por atenção e dissociação, mas não para isolamento social e
sugestionabilidade. O nível de dissociação era muito abaixo em comparação a casos de
múltipla personalidade, e assim clinicamente não relevante. Havia alguma evidência de
sintomas similares a stress pós-traumáticos. 80% das crianças falaram sobre memórias
de vidas passadas com circunstâncias de uma morte violenta (principalmente acidentes,
baixas de guerra e assassinatos). [5]
As crianças que falam de memórias de uma vida prévia podem explicar marcas de
nascimentos como relacionadas às feridas infligidas sobre elas na vida anterior. Este
artigo informa o caso de uma menina de nove anos no Sri-Lanka que alegou ter sido
fabricante de incenso e morrido num acidente de trânsito. Depois que a situação fora
narrada, um fabricante de incenso foi identificado cuja vida correspondida a muitas das
declarações daquela criança. Ele tinha morrido num acidente de trânsito dois anos antes
do nascimento dela; e o relatório posterior à morte revelou que as feridas que ele sofrera
foram na mesma área das marcas de nascimentos dela. [6]
Examinaram-se crianças no Sri Lanka que reivindicaram memórias de uma vida prévia.
A personalidade e medidas psicológicas foram administradas a 27 pares de crianças
entre 5,4-10,2 anos dentre as que alegaram e as que não reivindicaram memórias de
vidas prévias. Os questionários sobre comportamento, desenvolvimento e ambiente
familiar foram administrados aos pais delas. Os resultados mostram que crianças que
alegam memórias de vida passada se saíam melhor na escola que seus pares e que não
eram mais sugestionáveis que estes. A Child Behavior Checklist revelou que as crianças
com memórias de vida prévia exibiram mais problemas comportamentais, incluindo
características oposicionais, obsessão e características de perfeccionismo. A Child
Dissociation Checklist mostrou que estas crianças têm tendências de dissociação, como
mudanças rápidas na personalidade e freqüentes devaneios. A estrutura do ambiente
familiar delas não diferiu mensuravelmente daquela das crianças que não alegam
memórias de uma vida prévia. A influência da crença na reencarnação e a educação
religiosa é discutida, à medida que crianças falando de uma vida prévia foram achadas
principalmente entre famílias budistas. [7]
Foi realizado um relatório de caso descrevendo um indivíduo burmês com uma marca
de nascimento rara e defeitos de nascimento pensados por pessoas locais serem ligados
a acontecimentos acerca da morte do primeiro marido da mãe dele. A natureza do elo é
explorada, incluindo a suposição de que uma ligação poderia ter levado a
acontecimentos subseqüentes. [8]
Foram documentados três casos clínicos de gêmeos monozigóticos que se lembraram de
uma vida prévia. No Caso 1, Vinod lembrou-se da vida de um pastor, e Pramod
lembrou-se da vida de um pescador; ambos percebidos como sendo amigos. No Caso 2,
ambos os gêmeos Narender e Surender Babu reivindicaram ter vivido numa aldeia
vizinha numa vida prévia, como irmãos. No Caso 3, Indika e Kakshappa não
reivindicaram nenhum relacionamento em vida prévia. Os resultados sugerem que a
teoria da reencarnação ajuda a explica diferenças e semelhanças em gêmeos que não
podem ser explicados por fatores ambientais e genéticos. [9]
No seguinte caso, um rapaz do Sri Lanka que fez várias declarações concernentes a uma
vida prévia, entre elas, onde ele havia vivido e como foi morto quando viajou num
caminhão por uma floresta. O rapaz associou duas marcas de nascimentos com suas
memórias reivindicadas. Suas declarações foram registradas e publicadas, e depois uma
pessoa foi achada na região cujas circunstâncias tinham correspondido às declarações
do rapaz. As marcas de nascimentos corresponderam à situação de feridas da pessoa
mais tarde identificada como a personalidade prévia. [10]
Outros relatos interessantes foram obtidos em três casos clínicos de crianças no Sri
Lanka reivindicando terem sido monges em vidas anteriores. O processo de verificação
das declarações feito por Duminda Bandara Ratnayake (b. 1984), começado aos três
anos de idade e confirmado por membros da família, mostrou grande semelhança aos
dados biográficos de Gunnepana Saranankara (d. 1929), um monge inciciante do
Mosteiro Asgiriya que possuía um carro vermelho. Um 2º caso é de Sandika Tharanga
(b. 1979), uma criança de pais católicos que exibia muitos comportamentos de monges.
Gamage Ruvan Tharanga Perera (b. 1987) cantou estrofes em Pali em tenra idade; suas
memórias suportam semelhanças próximas à vida de Ganihigama Pannasekhara [11]
Existem relatos de casos para três crianças na Índia que reivindicaram se lembrar de
vidas passadas que envolviam mudanças de religião, do Hindu ao Muçulmano ou do
Muçulmano ao Hindu. As crianças eram um indivíduo masculino e um feminino, ambos
Muçulmanos, que se lembraram terem sido Hindus em vidas prévias e um masculino
Hindu que se lembrou ter sido Muçulmano. Várias hipóteses normais e paranormais são
consideradas para explicar os comportamentos das crianças, mas o autor conclui que a
reencarnação parece ser a mais capaz para explicar todas as características. [13]
Referências:
[1] Haraldsson, Erilendur. Popular psychology, belief in life after death and
reincarnation in the Nordic countries, Western and Eastern Europe. Nordic Psychology.
2006, Jul, Vol 58(2), 171-180.
[2] Dwairy, Marwan. The psychosocial function of reincarnation among Druze in Israel.
Culture, Medicine and Psychiatry. 2006, Mar, Vol 30(1), 29-53.
[3] Barrington, Mary Rose; Mulacz, Peter; Rivas, Titus. The Case of Iris Farczády--A
Stolen Life. Journal of the Society for Psychical Research. 2005, Apr, Vol 69(2), 49-77.
[6] Haraldsson, Erlendur. Birthmarks and claims of previous-life memories: I. The case
of Purnima Ekanayake. Journal of the Society for Psychical Research. 2000, Jan, Vol
64(858), 16-25.
[8] Keil, H. H. Jürgen; Tucker, Jim B. An unusual birthmark case thought to be linked
to a person who had previously died. Psychological Reports. 2000, Dec, Vol 87(3, Pt 2),
1067-1074.
[9] Pasricha, Satwant K. Twins who claimed to remember previous lives. NIMHANS
Journal. 2000, Jan-Apr, Vol 18(1-2), 39-51.
[10] Haraldsson, Erlendur. Birthmarks and claims of previous-life memories: II. The
case of Chatura Karunaratne. Journal of the Society for Psychical Research. 2000, Apr,
Vol 64(859), 82-92.
[12] Schouten, Sybo A.; Stevenson, Ian. Does the socio-psychological hypothesis
explain cases of the reincarnation type? Journal of Nervous and Mental Disease. 1998,
Aug, Vol 186(8), 504-506.
[13] Pasricha, Satwant K. Children who claimed to remember previous lives with major
change in religion. NIMHANS Journal. 1998, Apr, Vol 16(2), 93-100.
Artigos
“Um casal de Timóteo (216 km de Belo Horizonte) luta na Justiça pelo direito de
ensinar seus filhos em casa. Adeptos do ‘homeschooling’ (ensino domiciliar),
movimento que reúne 1 milhão de adeptos só nos EUA, eles tiraram os filhos da escola
há dois anos, o que é proibido pela legislação brasileira. Eles atribuem a decisão à má
qualidade do ensino do país.”
É preciso ressaltar que a escola não é apenas um lugar em que se repassam informações,
mas também onde são transmitidos todos os tipos de valores. Recente pesquisa indicou
que a imensa maioria dos professores, de escolas públicas e privadas, considera como
principal missão da escola a veiculação de ideologias (no jargão politicamente correto,
“formar cidadãos”) e não de informações. Esse conjunto de valores é, na maioria das
vezes, bem diverso daqueles professados pelos pais.
“Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
(...)
§ 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-
lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola.”
“Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na
rede regular de ensino”.
“Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir do
sete anos de idade, no ensino fundamental”.
“Art. 246. Deixar, sem justa causa, de prover a instrução primária de filho em idade
escolar.
Pois bem. No caso citado inicialmente, os pais são processados, civil e criminalmente, e
podem perder a guarda dos filhos.
Pergunta-se: eles cometeram atos ilícitos, devendo ser punidos com e perda da guarda
(ou até do poder familiar) e com detenção? A meu ver, a resposta deve ser negativa,
como será demonstrado a seguir.
Em primeiro lugar, a constitucionalidade ou não de qualquer ato deve ser mensurada
levando-se em conta o conjunto da Constituição e não um artigo isolado. Esse é o
princípio da unidade da Constituição, segundo o qual “as normas constitucionais devem
ser vistas não como normas isoladas, mas como preceitos integrados num sistema
unitário de regras e princípios, que é instituído na e para a própria Constituição”.
Intimamente ligado a ele, está o princípio da concordância prática ou da harmonização,
que “consiste, essencialmente, numa recomendação para que o aplicador das normas
constitucionais, em se deparando com situações de concorrência entre bens
constitucionalmente protegidos, adote a solução que otimize a realização de todos eles,
mas ao mesmo tempo não acarrete a negação de nenhum”.
Assim, o art. 208, I e § 3°, da Constituição deve ser interpretado em conjunto com
outros artigos para que seja encontrada a solução hermenêutica mais adequada. Ora, o
art. 5° protege a liberdade de expressão em diversos incisos (IV a IX), posto que “é um
dos mais relevantes e preciosos direitos fundamentais, correspondendo a uma das mais
antigas reivindicações dos homens de todos os tempos”.
O inciso VIII determina que “ninguém será privado de direitos por motivo de crença
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em
lei”. A falta de previsão legal da prestação alternativa não inviabiliza o exercício do
direito, pois todas as normas que prevêem direitos individuais têm aplicabilidade
imediata. Basta a utilização do superprincípio da proporcionalidade.
O citado inciso refere-se a uma das maiores proteções do indivíduo contra os excessos
da democracia (do poder da maioria) em sua vida. Na lição de Gilmar Mendes e outros:
“A opção feita pelo legislador ou o executivo deve ser passível de prova no sentido de
ter sido a melhor e única possibilidade viável para a obtenção de certos fins e de menor
custo ao indivíduo. O atendimento à relação custo-benefício de toda decisão político-
jurídica a fim de preservar o máximo possível do direito que possui o cidadão”;
O primeiro deles é o princípio do pluralismo político (Constituição Federal, art. 1°, V):
Ressalte-se: esses dados referem-se tanto a escolas públicas quanto a escolas privadas.
Há, pelo menos nas ciências humanas, total hegemonia da doutrina esquerdista, apesar
de reiteradas pesquisas demonstrarem que a população brasileira define-se,
majoritariamente, como conservador de direita em diversas questões, como aborto e
drogas. Assim, as crianças e os adolescentes no Brasil vivem uma situação
esquizofrênica: os mesmos valores aprendidos em casa são sistematicamente negados na
escola.
O desrespeito à dignidade humana é evento cotidiano nas escolas brasileiras, seja pela
submissão dos alunos a ensino de péssimo nível, seja pela sua instrumentalização,
segundo a qual deixam de ser fins em si mesmos e tornam-se instrumentos para a
doutrinação ideológica.
A educação dos filhos é uma questão eminentemente privada que, como qualquer
questão privada, somente pode admitir a interferência do Estado quando esta revelar-se
não só benéfica, mas também imprescindível. A atuação estatal em todos os domínios
da sociedade, além de prejudicial ao bem-estar individual, é característica marcante dos
regimes totalitários e não das democracias. Naqueles regimes, todos os interesses
individuais devem estar subordinados ao Estado.
Será que não está na hora de tentar a única idéia que nunca foi tentada, isto é
desregulamentar e desburocratizar a educação brasileira, reservar ao governo um papel
meramente auxiliar na educação, deixar que a própria sociedade tenha o direito de
ensaiar soluções, criar alternativas, aprender com a experiência?
A história adquire contornos mais assombrosos com o fato de que os pais estão sendo
processados criminalmente, pelo Ministério Público, pelo crime de abandono,
exatamente o órgão que tem a missão fundamental de defender os direitos humanos. O
absurdo da medida pode ser constatado por outro fato extremamente significativo: no
caso relatado, os filhos, de 14 e de 15 anos, foram aprovados no vestibular da Faculdade
de Direito de Ipatinga (MG) em 7° e em 13° lugar, respectivamente.
Mesmo que a “educação primária” fosse considerada como a freqüência habitual à rede
formal de ensino, não haveria crime no caso, pois, como colocado na lei, a existência de
“justa causa” torna o fato atípico. Ora, motivos justos e razoáveis para retirar os filhos
da escola, definitivamente, não faltam no Brasil.
“Art. 208, § 3º. O ensino fundamental obrigatório poderá ser ministrado no lar pelos
próprios pais, ou por professores qualificados contratados pelos pais. A lei definirá
apenas a comprovação anual do rendimento escolar, dando liberdade para a escolha ou
elaboração de currículo, sem nenhuma imposição de caráter político ou ideológico” .
Notas :
1 - “Casal luta na Justiça para que os filhos só estudem em casa”. Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u416702.shtml. Acesso em
18.8.2008.
2 - Situações em que os pais, fortemente vinculados a um religião, consideram que o
ambiente escolar é prejudicial à formação da criança.
3 - Cf. Tábula Rasa, a Negação Contemporânea da Natureza Humana, de Steve Pinker.
4 - São todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem
sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando
dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Pesquisas
indicam que o bullying é universal, ou seja, ocorre em qualquer tipo de escola e em
diversos países.
5 - Cf., dos autores, a obra Better Late Than Early (em tradução livre, “Melhor Tarde
que Cedo”).
6 - MENDES, Gilmar at al. Curso de Direito Constitucional, p. 114.
7 - Idem, p. 359.
8 - Idem, p. 414.
9 - Idem, ibidem.
10 - Em rápida pesquisa ao site www.amazon.com, foram encontrados mais de 4.500
livros sobre homeschooling, demonstrando que a objeção, nesse caso, está bastante
fundamentada.
11 - 2006, p. 115-116
12 - Mendes, Coelho e Branco, op. cit., p. 156.
13 - Essa falta de realismo é bem ilustrada pela recente lei que inclui as matérias de
filosofia e de sociologia no 14 - currículo escolar. Seria uma escolha até que bem
defensável se não fosse por um detalhe: não existem bacharéis em filosofia e em
sociologia no número suficiente para ministrar essas matérias.
Publicada na Revista Veja, de 20 de agosto de 2008.
15 - Essa situação não poderia ser diferente pelo simples fato de que quase todos os
bacharéis formados em ciências humanas estejam vinculados ao esquerdismo.
16 - Citado por Binenbojm (2006, p. 72).
17 - Abandono intelectual. Disponível em:
http://www.olavodecarvalho.org/semana/080731dce.html. Acesso em 23.8.2008.
18 - Trata-se de interessante sugestão formulada por Julio Severo no artigo: O Direito
de Escolher: A educação escolar em casa no Brasil. Disponível em
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4427. Acessado em 23.8.2008.
Bibliografia :
Eu sou apenas o que sou. Eu sou um moço-velho, que já viveu muito, que já sofreu tudo
e já morreu cedo. Eu sou um velho-moço, que não viveu cedo, que não sofreu muito e
não morreu tudo. Eu sou alguém livre, não sou escravo e nunca fui senhor. Eu
simplesmente sou um homem que ainda crê no amor. Do CD "Aos Mestres, com
carinho", de Silvio César.
O tema foi motivo em 2007 de edição especial da Revista de Psiquiatria Clinica, USP.
Agora em 2008 retorna, volume 35. Suplemento 1. Nova edição especial - Álcool &
Drogas - tendo como editor convidado o professor doutor Arthur Guerra de Andrade.
(7). No seu editorial "A importância do conhecimento científico no combate ao uso
nocivo de tabaco, álcool e drogas ilícitas ", o editor afirma que "o consumo indevido de
drogas lícitas e ilícitas é um sério problema de saúde pública que atinge de forma
preocupante todos os países do mundo. Estima-se que entre os anos de 2005 e 2006,
aproximadamente 200 milhões de indivíduos tenham consumido drogas ilícitas. Em
relação às substâncias lícitas, a situação não é menos preocupante: o consumo
prejudicial de álcool é responsável por quase 4% de todas as mortes no mundo, sendo a
principal causa de morte e invalidez nos países em desenvolvimento que apresentam
baixa taxa de mortalidade e o terceiro principal fator de risco para a saúde, após o
tabaco e a hipertensão arterial sistêmica, em países em desenvolvimento. No mundo há,
por sua vez, 1,3 bilhão de indivíduos que utilizam tabaco e essa substância responde por
4,1% da carga global de doenças, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)."
A palavra religião pode trazer aos desavisados algum desconforto, uma vez que produz
desconfiança. "religiosos" se tornaram materialistas. No entanto, apesar do discurso dos
que mercadejam a mediunidade para levantar grandes fortunas e apesar também dos
líderes que perseguem cargos, posições e títulos, a religião pode oferecer grande
contribuição à área de saúde, não só mental.
Naquela época em que o adepto podia parar na delegacia, doutor Bezerra foi destemido
diante do preconceito.
No prefácio da Revista de Psiquiatria, escrito pelo professor da Universidade de Duke
(1), podemos verificar números. Uma pesquisa on-line na PsycINFO, uma base de
dados que contém 2,3 milhões de pesquisas e artigos acadêmicos de 49 países em 27
idiomas, usando as palavras-chave "religion", "religiosity", "religious beliefs" e
"spirituality", revela algumas tendências interessantes.
O médico Arthur Conan Doyle, criador da série Sherlock Holmes, escreveu no livro "A
História do Espiritismo" que: "os homens de ciência se dividem em classes, há os que
absolutamente não examinaram o assunto - o que não os impede de pronunciar opiniões
muito violentas." (2)
O Supremo Tribunal Federal está diante dos fetos anencéfalos. Alguns ministros
desconhecem as leis do plano espiritual, o que poderá levar a tomar decisão geradora de
prejuízo aos espíritos que reencarnarem para viver alguns momentos. Alguns nem
desconfiam da finalidade desse tipo de experiência.
Muitos fetos nesta condição podem não possuir alma, mas outros há que nascem e
respiram. Será que minutos na carne podem ser de grande valia perispiritual? Doutores
em ciências jurídicas podem ser hipossuficientes nas espirituais.
Como conseqüência, durante a maior parte do século vinte, o campo dos cuidados à
saúde mental subestimou e freqüentemente desqualificou as crenças e práticas religiosas
dos pacientes. Tais posturas estão refletidas em textos fortemente anti-religiosos escritos
ainda nas décadas de 1980 e 1990."
A Revista de Psiquiatria, no seu suplemento de 2007 (2), com Sanches, Z.M. & Nappo,
S.A., nos informa que a "religiosidade e a espiritualidade vêm sendo claramente
identificadas como fatores protetores ao consumo de drogas em diversos níveis. Eles
nos dizem que, além disso, os dependentes de drogas apresentam melhores índices de
recuperação quando seu tratamento é permeado por uma abordagem espiritual, de
qualquer origem, quando comparados a dependentes que são tratados exclusivamente
por meio médico." Concluem que "devido ao forte papel de assistência social das
religiões no Brasil, a exploração deste tema no contexto brasileiro seria de grande
relevância para a saúde pública."
A doutoranda observou que a crise é o maior motivo de busca de tratamento, nos três
grupos, sendo representada pela perda de família, emprego e sujeição a fortes
humilhações.
Nas suas conclusões afirma que "o tratamento religioso para dependência de drogas
ganha espaço na saúde pública brasileira e compartilha responsabilidade com o serviço
de saúde convencional. Tais intervenções são consideradas eficazes pelos indivíduos
submetidos a elas e despertam a atenção destes pela forma humana e respeitosa pela
qual são tratados."
A doutoranda conclui ainda que "a maior potencialidade destes tratamentos está no
suporte social do grupo que os recebe, no acolhimento imediato e sem julgamentos. O
que mostra que o sucesso destas ações não se esgota num possível aspecto sobrenatural,
como se poderia supor, mas sim, em especial, na dedicação incondicional do ser
humano por seu semelhante."
Chamo a atenção que embora o sucesso destas ações possa não se esgotar num possível
aspecto chamado de "sobrenatural", certamente a intervenção dos benfeitores espirituais
é grandemente facilitada diante da generosidade inerente ao ser humano espiritualizado,
como foi exposto no artigo - Ciência, Filosofia Científica, Espiritismo e NEU (6).
Espíritos fragilizados são prejudicados pela dúvida. Emmanuel, no livro Fonte Viva,
adverte: "Não Duvides". Você que procurou o auxílio do Centro Espírita, não duvide do
tratamento espiritual, do auxílio generoso. "Em teus atos de fé e esperança, não permita
que a dúvida se interponha, como sombra, entre a sua necessidade e o poder do Senhor.
A hesitação no mundo íntimo é o dissolvente de nossas melhores energias. Quem
duvida de si próprio perturba o auxílio em si mesmo. Ninguém pode ajudar aquele que
se desajuda."
Avancemos para a libertação. No livro, mãe e filho se abraçam. Ele diz depois de
tenebroso inverno. "Mãe! Minha mãe! Minha mãe!... Matilde enlaçou-o e exclamou: -
Meu filho! Deus te abençoe! Quero-te mais que nunca!"
"Verifica-se, ali, naquele abraço, espantoso choque entre a luz e a treva, e a treva não
resistiu..."
Notas
(1) http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.8.htm
(2) http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.17.htm
(3)http://www.unicamp.br/unicamp/divulgacao/2008/08/08/publicacao-britanica-
destaca-papel-da-unicamp-na-inovacao
(4) http://www.geocities.com/Athens/Academy/8482/exemet.html
(5) Cruz, M.S. et al. Inform. Psiq., 18 (1): 17-22, 1999.
(6)
http://www.cesevilla.divulgacion.org/modules.php?name=News&file=article&sid=153
(7) http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/
Artigos
Os textos se encontram, sobretudo, no livro “Obras Póstumas”: O negro pode ser belo
para o negro, como um gato é belo para um gato; mas não é belo no sentido absoluto,
porque os seus traços grosseiros, seus lábios espessos acusam a materialidade dos
instintos; podem bem exprimir as paixões violentas, mas não saberiam se prestar às
nuanças delicadas dos sentimentos e às modulações de um espírito fino. E na Revista
Espírita do ano de 1862: Assim, como na organização física, os negros serão sempre os
mesmos; como Espíritos, são inquestionavelmente uma raça inferior, isto é primitiva.
São verdadeiras crianças às quais muito pouco se pode ensinar.
Pena que tal ajustamento tenha demorado mais de 150 anos e que sua aplicação tenha
sido obrigada pela justiça. Logo mais serão os cientistas, ou melhor, qualquer aluno do
curso de ciências do ensino fundamental, que diante dos erros científicos contidos na
codificação espírita poderão fazer o mesmo e requerer outro ajustamento de conduta,
desta feita, em obediência às leis e ao avanço científico atual.
Terá sido falta de aviso? Certamente que não. Os primeiros e maiores deles partiram do
próprio codificador: Para se assegurar da unidade no futuro, uma condição é
indispensável, é que todas as partes do conjunto da Doutrina sejam determinadas com
precisão e clareza, sem nada deixar de vago; para isso fizemos de modo que os nossos
escritos não possam dar lugar a nenhuma interpretação contraditória, e trataremos que
isso seja sempre assim.
O caráter da Doutrina deve ser essencialmente progressivo. Ela não deve ficar
imobilizada sob pena de suicidar-se. Se uma nova lei é descoberta, deve a ela ligar-se;
não deve fechar a porta a nenhum progresso, assimilando todas as idéias justas, de
qualquer ordem que sejam, físicas ou metafísicas, não será jamais ultrapassada, e aí está
uma das principais garantias de sua perpetuidade.
O programa da Doutrina não será, pois, invariável senão sobre os princípios passados ao
estado de verdades constatadas; para os outros, não os admitirá, como sempre fez, senão
a título de hipóteses, até a sua confirmação. Se lhe for demonstrado que está em erro
sobre um ponto, modificar-se-á nesse ponto.
Para Kardec e para qualquer espírita de bom senso, nós, os encarnados, é que devemos
atualizar, aprofundar e aperfeiçoar a codificação, naquilo em que ela necessita de
adendos, uma vez que ainda é uma doutrina em construção. Logicamente devemos
contar com o apoio e a inspiração dos bons Espíritos em nossas pesquisas, mas esperar
deles respostas prontas e conclusivas sem o esforço exaustivo da busca, jamais.
Mas por que alguns espíritas consideram a Doutrina uma obra pétrea, da qual nada se
pode adicionar ou retirar? Por que se esquecem de que Espiritismo é, sobretudo, ciência.
Para quem considera o Espiritismo uma revelação exclusivamente divina, trazida aos
homens através de Espíritos superiores em 1857, nada mais lógico supor que a Doutrina
é um diamante já entregue lapidado, ou seja, jóia pronta e acabada. Se tudo quanto foi
dito saiu diretamente da boca de Deus, este não poderia ter se enganado em nenhum
aspecto. Mas para quem considera que Kardec foi co-autor, que uma boa metade do que
foi escrito é fruto de suas pesquisas, condensadas, remodeladas, aprofundadas e
aperfeiçoadas com seu próprio raciocínio, o enredo muda de cenário.
Para quem tem a lucidez de observar que as mensagens vieram de médiuns e estes
podem se enganar, introduzir idéias suas, a nível consciente ou inconsciente, dando
assim outra interpretação aos fatos, o panorama se altera.
Para quem recorda que àquela época não havia médiuns educados segundo as regras
espiritistas, uma vez que ainda seriam aglutinadas; que a cesta de bico, de escrita lenta e
mal elaborada, dava margem para interpretações equivocadas, a certeza de transmissão
mediúnica sem interferência anímica se esvai.
Para quem admite que a Doutrina foi coordenada sob a ordem de Espíritos superiores,
mas interpreta “superiores” com relação a nós, habitantes terrenos, e não superiores em
último grau, Espíritos puros, a necessidade de atualização parece óbvia.
Para quem se lembra de que Kardec Iniciou seus estudos sobre as mesas girantes em
1855, e em menos de dois anos já lançava a primeira edição de “O Livro dos Espíritos”,
ou seja, admitindo-se que neste período de tempo é impossível a qualquer ser humano
dominar completamente assunto tão complexo como o que ele pesquisava, há uma
pedra no meio do caminho ou um porém no meio do texto.
Vou mais fundo neste tema. Contribuíram para elaboração da idéia espírita não apenas
Espíritos superiores, mas também inferiores, como consta em uma de suas importantes
obras, “O Céu e o Inferno”, pouco lida e pesquisada. Encravada em suas páginas, como
um rubi à cavidade de uma jóia, encontra-se contundente coletânea de testemunhos de
Espíritos em condições medianas, sofredores, suicidas, criminosos arrependidos e
Espíritos endurecidos, todos descrevendo suas condições espirituais, utilizadas como
ensinamentos e advertências para os aprendizes da Doutrina.
Artigos
Como este texto pretendemos abrir caminho para discussões e exposições de fatos
incontestavelmente mediúnicos, seja na exposição de obras da literatura clássica, seja no
processo de sua escrita.
É bem conhecida a importância dos poetas e literatos de todas as épocas sobre a religião
e a cultura. Muitas vezes são indivíduos positivamente inspirados, além de trazerem
grande bagagem de conquistas na área da sensibilidade e da memória, como
freqûentemente ocorre entre artistas. A vantagem da literatura está em que este campo
da Arte situa-se na fronteira entre a pura Arte, de um lado, e as Ciências Humanas e a
Filosofia, de outro. O argumento, portanto, está presente na grande obra literária, a
discursividade, a exposição mais ou menos racional dos temas, enfim, elementos que
pôem a Literatura em condição privilegiada para a transmissão de uma mensagem, mais
do que apenas um sentimento.
Sob o termo literatura também se englobam relatos menos artísticos, ensaios e trabalhos
de caráter mais teórico, de modo que os diálogos de Platão (428/427-348/347 a.C.) ou
os livros da Bíblia estão perfeitamente inseridos sob este termo.
Uma boa mostra da forte presença da mediunidade entre os gregos, e que nos ajuda a
compreender como eles tinham consciência do fenômeno, é a passagem do diálogo
platônico Timeu, onde os ministros do Deus Supremo, os deuses menores ou
"demônios", deveriam seguir a ordem de criar o corpo humano de modo que ele fosse o
mais próximo possível do Deus Supremo. Neste próposito, deram ao homem um órgão
(supostamente o fígado) que percebe a inspiração divina, destacando-se que a inspiração
não acomete aos homens mais sábios, mas aos mais tolos ou que parecem loucos:
Nenhum homem em sua sobriedade atinge o estado de inspiração divina profética, mas
quando ele recebe a palavra profética, ou a sua inteligência é afastada pela dormência,
ou ela se torna equívoca pelo estado de posssessão, e aquele que quiser interpretar as
palavras divinas, seja obtidas em sonho ou acordado, ou determinar racionalmente o
significado das visões de aparições, compreendendo os resultados destes fenômenos
para o bem ou o mal dos homens, no passado, presente ou futuro, deve primeiramente
recuperar sua sobriedade.
Nem sempre um homem se lembra daquilo que disse em estado profético, de modo que
é conveniente haver uma ou mais testemunhas durante a profecia e as visões. Assim,
aqueles que estão em seu estado de perfeita sobriedade, podem interpretar melhor a
narrativa daqueles que estiverem inspirados.
(http://www.classicallibrary.org/plato/dialogues/17_Timaeus.htm)
Observa-se claramente que Platão não está defendendo um argumento, está meramente
descrevendo um fato, tal era a naturalidade com que lidava com fenômenos deste tipo.
E assim Deus arrebata a mente dos poetas, e os utiliza como seus ministros, assim como
também usa adivinhos e os santos profetas, de modo que nós que os escutamos sabemos
que a sua fala não provém deles, e eles não pronunciam palavras vazias neste estado de
inconsciência, mas é o próprio Deus quem fala, e através deles Ele conversa conosco.
(http://www.classicallibrary.org/plato/dialogues/8_Ion.htm)
Platão também dava a entender, nestas e em outras obras, que o estado profético destes
inspirados podia ser utilizado por outros para obter informações sobre a realidade maior,
para além do mundo dos sentidos. Muitos dos conhecimentos platônicos parecem ter
sido obtidos por esta via, conforme ele mesmo admite, embora os historiadores prefiram
imaginar que ele os obteve alhures, da Ásia Menor, da Índia, do Egito.
Lembramos também que era costume entre os gregos consultar as pítias (ou pitonisas),
seja no famoso oráculo de Delfos, seja em lugares e seitas menos famosos. Os relatos de
Heródoto (482-420 a.C) e a literatura grega deixam a entender que as sacerdotisas do
templo profetizavam tanto por "encomenda" quanto espontaneamente.
Também não nos perderemos na imensidão dos relatos mitológicos, que entre uma
fantasia e outra sugerem fenômenos de vista mediúnica, incorporação, previsões, etc.;
nem na evidência direta da inspiração através das "musas". Atentamos tão somente, a
título de exemplo, à obra madura de Homero (c.850 a.C), a Odisséia, onde ele dá
importantes indícios de que as práticas mediúnicas lhe eram comuns.
No Canto XI, quando Odisseu (ou Ulisses) tem de descer ao Hades, ele encontra a
sombra de sua mãe. Após as apresentações e explicações necessárias o herói tenta
abraçá-la três vzes, e não a podia tocar, percebendo que ela se desvanecia como uma
sombra ou como se fora "feita de sonho". Indignado, ele pergunta à mãe o que ocorre, e
ela lhe responde:
(...) Está é a condição de todo homem mortal quando morre, pois os nervos já não unem
mais carne e ossos:
A potente energia do fogo o consome todo quando toda a vida abandona a branca
ossada e o princípio vital se nos torna o mesmo que um sonho.
Mas procura volver o quanto antes à luz, e recorda de tudo isto, de modo que possa
contá-lo à tua esposa.
(Homero, Odisea. Buenos Aires: Planeta, 2007. p. 195)
Por fim, não é menos importante, embora sutil, a recomendação da mãe de Odisseu para
que ele "conte à esposa" o que se passou. É o caráter prático da comunicação, e denota o
interesse caritativo do Espírito em instruir e alertar os encarnados. Em toda a literatura,
seja a mais artística ou mais ensaística, os relatos mediúnicos geralmente recomendam a
divulgação ou a transmissão da informação a outros. Só em raríssimos casos, quando a
informação envolve riscos para alguém, há recomendações para que se mantenha o
segredo.
A obra de Homero tem duas grandes vantagens: a de ser uma obra de formação da
própria cultura helênica, estabelecendo paradigmas da própria religião a partir daí, e a
de expressar um virtuosismo literário até hoje admirável, dando idéia de quão
impressionante deve ter sido para a Grécia num momento em que ela sequer havia
estabelecido a sua civilização.
Por este motivo, a Odisséia tem a prerrogativa de haver despertado as intuições latentes
de inúmeros outros pensadores e artistas, os quais a partir de então estariam sempre
mais próximos de semelhante viagem ao mundo dos mortos.
Artigos
"Controle" é um termo que designa uma entidade espiritual que funciona, "do outro
lado", com um médium e que se encarrega dos procedimentos da sessão enquanto o
médium está em transe. Tal operador pode ser chamado também de "guia". Geralmente
o termo implica uma assistência persistente de uma personalidade distinta e contínua
que usa o corpo do médium enquanto em transe. Alguns controles, como "Fletcher" de
Arthur Ford, ficaram quase tão famosos quanto ao médium. Em algumas passagens, o
controle se assemelha às entidades regulares que falam através de canais e dão um
conjunto de ensinamentos. De fato, controles freqüentemente passam uma breve
mensagem no início das sessões, mas sua função primária é dirigir o contato ordenado
de várias entidades espirituais com as pessoas presentes. O motivo aparente de controles
é fazer bem, para ser útil, e trabalhar sua salvação.
Espiritualistas, que visualizam o médium como uma ponte para um mundo repleto de
entidades espirituais, acreditam que o controle apresenta uma variedade de funções
durante a sessão: fornecendo diretamente mensagens ou repassando-as aos assistentes,
mantendo a ordem entre aqueles que se apressaram para a "luz" (emanada do "outro
lado"), mantendo afastados espíritos pouco desenvolvidos ou perversos, e saindo
ocasionalmente do caminho para permitir uma entidade comunicar-se diretamente com
os outros.
"Eyen," o controle egípcio da Sra. Travers Smith (Hester Dowden), que alegava ter sido
um sacerdote de Ísis no reinado de Ramses II, também amaldiçoou e jurou versos contra
um membro do círculo que o expulsava através de sugestão hipnótica dada ao médium.
"Peter", outro controle de Smith, era semelhante a "Walter," e se vinculava ao círculo
para satisfazer a sua própria curiosidade e conduzir experiência psíquicas do outro lado.
Ele era excelente em inventar testes, mas seu caráter deixava a desejar.
Durante o período que médiuns estavam sob extenso exame, os controles tornavam-se
centrais para os efeitos físicos (um entendimento que deve ser integrado à crença de que
a maioria dos médiuns físicos foi descoberta em alguma forma de fraude).
Conseqüentemente, os controles com freqüência tinham ajudantes (alguns os chamariam
de "confederados"); outro espírito preparava fenômenos físicos difíceis enquanto uma
mensagem estava sendo entregue. Estes ajudantes às vezes auxiliavam também o
controle, aumentando a coerência das mensagens.
Muitos exemplos de erros crassos cometidos por controles foram registrados nos
escritos de Stainton Moses. Uma vez, pesados volumes de fumaça fosforescente foram
produzidas, assustando o médium à medida que ele estava envolto no fogo. Foi
posteriormente explicado que um acidente aconteceu durante a produção das luzes
psíquicas. Outra vez, uma experiência de produção de perfume falhou e o assistente foi
retirado do aposento em razão de um fedor insuportável.
A presença do controle era percebida por vários meios. A voz em fala direta, a
disposição da caligrafia ou a sensação experimentada na escrita automática, o estilo
peculiar de batidas ou o balançar da mesa, ou os maneirismos reveladores da identidade
do controle. Observações fisiológicas podem ser também exibidas. Sir Arthur Conan
Doyle descobriu que a pulsação média de John Tichnor batia a 100 quando controlado
por "Coronel Lee", 118 quando sob o controle de "Black Hawk", e 82 quando normal.
O elemento pitoresco
Imperator era um dos controles espirituais mais antigos, mas ele foi precedido por quase
mil anos pela "Senhora Nona" (a guia de "Rosemary"), que alegava ter vivido no Egito
no tempo dos faraós. "Black Hawk", o controle de Evan Powell, insistia que um livro
tinha sido publicado a respeito dele na América. Em 1932 o livro foi encontrado; foi
impresso em 1834 em Boston.
Controle de um vivo
O francês Allan Kardec e o americano John Edmonds foram os primeiros a declarar que
as comunicações espirituais podem emanar dos vivos. Em seu Spiritual Tracts (24 de
outubro de 1857), Edmonds escreve:
"Num dia, quando estava em West Roxbury, chegou-me por Laura [a filha dele], uma
médium, o espírito de alguém com quem eu fui bastante familiarizado, mas de quem eu
estava separado faz uns quinze anos. Ele tinha um caráter muito peculiar - alguém
diferente de qualquer outro homem que eu já conheci, e então fortemente assinalei que
era difícil me enganar sobre a identidade dele. Eu não o via há vários anos; ele não
estava de nenhuma maneira na minha mente no momento, e ele era desconhecido da
médium. Ainda assim ele identificou-se de modo inequívoco, não apenas por suas
características peculiares, mas referindo-se a assuntos conhecidos apenas por ele e por
mim. Com isto considerei que ele estava morto, e fiquei surpreso depois de saber que
ele não estava. Ele ainda estava vivo... e desde então tenho conhecimento de muitas
manifestações semelhantes, de forma que eu não posso mais duvidar do fato que às
vezes nossas comunicações vêm tanto dos espíritos dos vivo como também dos mortos".
Outros casos interessantes podem ser encontrados em Seen and Unseen (1907) de E. K.
Bate, The Fringe of Immortality (1920), de M. Monteith, Animismus und Spiritismus
(1890) de A. N. Aksakov e There Is No Death (1892) de Florence Marryat.
Num exemplo o espírito de Florence Marryat foi evocado quando ela estava dormindo.
Na experiência da autora, os espíritos dos vivos invariavelmente pedem para voltar ou
serem permitidos a ir, como se eles estivessem acorrentados à vontade do médium.
Entres seus dons mediúnicos, Marryat alegava o poder de evocar os espíritos dos vivos.
Alguns dos primeiros clarividentes sugeriam que a única diferença perceptível entre os
espíritos de vivos daqueles dos mortos era que uma delicada linha de luz aparecia no
processo daqueles, aparentemente unindo-os ao corpo físico distante. Alguns
clarividentes modernos reivindicavam ter descoberto outra distinção. O espírito
encarnado parece inanimado, morto, como uma estátua, enquanto que o desencarnado é
intensamente vivo.
O gerente, ainda cético, disse que imediatamente telefonaria para Moscou a fim de
verificar a mensagem. Algumas horas mais tarde ele retornou, muito pálido e excitado.
Um porta-voz do hotel disse que, delirando e morrendo, seu amigo tinha sido removido
ao hospital de manhã e não se esperava que vivesse à noite.
Hereward Carrington, em seu prefácio para The Projection of the Astral Body (1929) de
Sylvan J. Muldoon, narra sua tentativa pessoal numa projeção para aparecer a uma
determinada jovem senhora, uma perfeita pianista, com uma memória musical
fenomenal: "um dia, eu perguntei a ela, se já ouvira falar de uma velha canção,
'Sparrows Build', famosa há anos atrás, de Jenny Lind, e uma das favoritas de minha
infância. Ela declarou não conhecer. Eu disse que, se conseguisse a cação, enviaria
alguma hora uma cópia, pois pensei que ela gostaria disto. E no momento nada mais foi
dito a respeito e nenhuma importância em particular esteve ligada a isto. Algumas noites
mais tarde eu tentei aparecer a ela, e como sempre, eu despertava de manhã sem saber
se minha experiência teve 'sucesso' ou não. Um pouco mais tarde eu recebi uma
chamada telefônica e a jovem senhora em questão informava-me que eu apareci a ela à
noite anterior - bem mais vivamente que o habitual - e que por causa disso ela teve um
impulso a escrever automaticamente - o resultado sendo um verso de poesia. Naquela
tarde, eu a visitei, fui informado da experiência, foi-me mostrada a poesia e confessei
que fiquei momentaneamente bastante estimulado. A poesia consistia nas linhas iniciais
da canção 'When Sparrows Build', absolutamente precisa, com exceção de uma
palavra".
O caso Gordon Davis registrado por S. G. Soal nas Atas da Society for Psychical
Research (vol. 35) é um dos casos mais famosos em toda a pesquisa psíquica. Numa
série de sessões com Blanche Cooper em 1922, uma voz bem sucedida emergiu, a qual
Soal reconheceu como a de Gordon Davis, um conhecido que aquele acreditava ter
morrido na guerra. Detalhes sobre a casa e a família foram fornecidos de uma maneira
muito convincente. Três anos mais tarde, Soal encontrou Davis, ainda bem vivo. Ele
nada sabia das comunicações que pareciam ter vindo dele. Vários casos semelhantes são
registrados por W. Leslie Curnow num artigo de 1927 na Psychic Science.
Sir Lawrence J. Jones, em seu discurso presidencial a Society for Psychical Research
em 1928, estendeu-se sobre a mediunidade de Kate Wingfield, dizendo, "em quatro
ocasiões diferentes minha menina mais jovem, de nove anos, professou, durante seu
sono, controlá-la, falando com grande animação e muito caracteristicamente. Em
primeiro lugar, ela (a menina) estava em Ripley, umas quinze milhas de Wimbledon,
onde K. Wingfield estava. Mais tarde em Valescure ela estava dormindo ou na mesma
casa ou numa vila vizinha. Na primeira ocasião, foi perguntado a criança, depois de
algum diálogo, "que tal a roupa do marinheiro?" A resposta veio: "nós fomos a uma
loja. mamãe acabou de dizer, 'Você joga aquelas coisas fora. Isto é da altura dela.' E eles
pegaram-nas; nada mais há para ser feito, nada mudou - eles acabaram de mandá-las
para casa. É disso que eu gosto".
Essa foi uma versão correta do que aconteceu naquela tarde. A criança tinha sido levada
por sua mãe a Londres, mas nenhum de nós foi a Wimbledon neste dia, então K. e os
outros membros do círculo apenas sabiam que havia um plano para comprar uma roupa
de marinheiro. Aqui o guia de Herbert comentou, "em muitos casos um espírito em
nosso lado é bastante incapaz de dizer se uma pessoa está morta, ou inconsciente, ou
apenas dormindo, se o espírito está do lado de fora; por algum tempo depois da morte o
cordão suspende-se livremente antes de ser absorvido no corpo espiritual e,
freqüentemente, ao dormir, o relaxamento do cordão apresenta a mesma aparência".
Este exemplo pode ser comparado com o caso "Beard", no Journal of the Society for
Psychical Research (vol. 23), onde o Sr. Beard foi descrito como tendo falecido muito
recentemente numa sessão realizada cerca de oito horas antes de seu falecimento real.
Mercy Phillimore (no Light, 9 de maio de 1931) contou de sua experiência em 1917,
numa sessão com Naomi Bacon, quando um homem foi descrito e a quem ela
reconheceu como um amigo vivo: "no momento minha mente percebeu a presença dele
e uma certa tranqüilidade parecia invadir a sessão e ele tomava o controle direto da
médium. O controle durou de cinco a dez minutos, mas antes de finalizar, o
comunicador solicitou-me nunca se referir à experiência a ele (ao amigo) em seu estado
normal. Os fatos comunicados estavam corretos. Em outra sessão, um ano mais tarde, o
amigo vivo novamente professou estar presente. Suas comunicações foram evidenciais".
Numa sessão de voz direta dada por William Cartheuser a American Society for
Psychical Research em 26 de outubro de 1926, Sra. X, uma conhecida dama de
Malcolm Bird, recebeu o que ela considerou uma comunicação de seu ex-sogro. Ele
disse ter morrido de um problema no pulmão e que tentava a muito custo impressionar a
Sra. X noites atrás. Ele deu uma descrição correta do que ela estava fazendo naquela
época em particular. Depois da sessão, Sra. X descobriu que o comunicador estava vivo
e em grande angústia mental na data da sessão (Psychic Research, 1927).
Existem alguns casos registrados em que uma aparição materializada era descoberta ser
de um vivo. Alfred Vout Peters viu, numa sessão com Cecil Husk, o fantasma de um
amigo que deveria estar em casa dormindo no momento. Outros tiveram experiências
semelhantes com a mesma médium. Stanley de Brath viu, em quatro ocasiões, o rosto
materializado de uma senhora (então na Índia) de quem ele havia perdido a trilha.
Posteriormente ele recebeu uma carta dela. Um clérigo da Igreja Anglicana viu o rosto
materializado de seu irmão que estava morando na África do Sul (Light, 1903).
Referências
Berger, Arthur S., and Joyce Berger. The Encyclopedia of Parapsychology and
Psychical Research. New York: Paragon House, 1991.
Marryat, Florence. There Is No Death. New York: John Lovell, 1891. Reprint, New
York: Causeway Books, 1973.
Owen, Iris M., and Margaret Sparrow. Conjuring Up Philip. New York: Harper & Row,
1976.
Stemmen, Roy. Spirits and Spirit Worlds. Garden City, N.Y.: Doubleday, 1975.
Artigos
Assim, como foi exposto dias atrás, seguiu-se uma discussão no site de relacionamentos
Orkut, entre este autor e um físico. Este último não se disse cético e nem se colocou
contra a Parapsicologia. Na verdade, houve um questionamento de que se as
observações feitas em torno dos fenômenos deveriam ganhar destaque em revistas
mainstream, algo que este autor considera totalmente desnecessário ou mesmo, inútil.
Ver-se-á que o debatedor incorreu em vários erros e contradições, não só em relação à
Parapsicologia, mas na forma correta com que a ciência deve ser conduzida. Vale
ressaltar que o autor cometeu um erro quando se valeu do argumento da autoridade, mas
conforme será verificado adiante, a intenção do mesmo foi completamente distinta. O
debate foi longo e, em partes, repetitivo. Para não ser redundante, resumi os pontos-
chave da argumentação pró e contra e os temas mais polêmicos.
O debatedor usou depois de um preceito de LaPlace que quanto mais forte for a
alegação, mais forte deve ser a prova ou evidência. Além disso, também comentou que
são os que acreditam em algo que devem se esforçar para provar o que sustentam. Com
relação à primeira assertiva, penso tal fundamento ser subjetivo, uma vez que a força de
um caso ou evidência está aos olhos de quem vê, sendo que um indivíduo de mente
aberta (não quer dizer crédulo) possa julgar aquilo que possa ser convincente em
potencial. O fato de quem alega é quem deve provar é um fato, porém pseudocéticos em
muito se esforçam para negar e sempre sem estar a par das evidências. Se por um lado o
que o debatedor falou é correto, por outro é deturpado pela comunidade científica em
geral. Afirmei também que em muitos casos a ciência nasce da dissidência, citando os
exemplos de Horace Wells, dentista inventor da anestesia, que se matou após uma
demonstração fracassada, e Albert Wegener, proponente da Teoria da Deriva
Continental, hoje conhecida como Teoria das Placas Tectônicas. Reforcei ainda que a
Parapsicologia possui suficiente corroboração estatística e casuística para justificar suas
pesquisas, lembrando também que Carl Sagan, célebre cientista e cético, julgou que
alguns atos ditos paranormais mereciam ser investigados.
Durante todo o debate pude observar que o debatedor não é um indivíduo dogmático e
discutiu com distinção. Ele argumentou de forma madura, sem ataques ou ad hominens,
o que é raro em discussões desse tipo. O que ficou claro é que uma grande parcela do
público, mesmo os mais intelectualizados, desconhece os ostensivos dados sobre a
Parapsicologia, seja ela laboratorial ou de campo. Infelizmente nem todos os
debatedores aceitam, com a devida educação, argumentar em um tema tão espinhoso.
Fica registrado um elogio a um crítico que, mesmo falhando em alguns pontos, soube
ser honesto e racional em tão polêmica contenda.
Artigos
Ontem (12/06/2008), para a Society for Psychical Research, palestrou a Doutora Penny
Sartori, uma enfermeira que executou um estudo de cinco anos sobre EQMs na unidade
de tratamento intensivo no hospital de Swansea, entre 1998 e 2003. Sete dos 39
pacientes que sofreram uma parada cardíaca durante este período reportaram uma EQM.
Ela descreveu, antes do estudo começar, a maneira que colocava no topo dos monitores,
acima das camas, símbolos onde que não podiam ser vistos do solo. A idéia era que, se
qualquer paciente visse algum deles durante um episódio fora-do-corpo, ajudaria a
verificar que isso era real, e não imaginado.
Tristemente, nenhum dos pacientes viu as imagens, na maioria dos casos seus relatórios
eram difíceis de verificar. Por outro lado, quando comparados com um grupo de
controle, seus relatórios mostraram uma precisão muito maior, sugerindo a presença de
um processo desconhecido.
Alguma da melhor evidência disso ainda está naqueles casos fornecidos nos estudos dos
anos 80 pelo cardiologista Michael Sabom, que podem ter tido uma vantagem sobre o
estudo de Swansea por envolverem operações cirúrgicas no lugar de situações de
tratamento intensivo. Os pacientes de Sabom fizeram ainda muitos comentários
detalhados sobre as operações, por exemplo, observando a forma curiosa do coração,
como o cirurgião o extraia e trabalhava nele, ou a profundidade da espinha quando um
disco danificado era removido. Os membros de um grupo de controle foram solicitados
a descrever a operação, e foram bem menos específicos e cometeram erros importantes.
O grupo de controle de Sabom foi criticado por usar pacientes que apenas tiveram
backgrounds médicos semelhantes. Sartori melhorou nisso ao recrutar indivíduos que
experimentaram ressuscitação. Mas, conforme foi esclarecido, estas pessoas não foram
mais capazes que o grupo de Sabom para dizer o que poderia ter acontecido durante o
período de inconsciência delas - algumas não sabiam, e outras simplesmente
improvisaram dramas de hospitais de TV.
Sartori apontou para uma distinção clara entre indivíduos que sofrem alucinações, que
são fortuitas e confusas, e os experimentadores de EQMs, cujas experiências são lúcidas
e envolvem as mesmas imagens. French, analogicamente, contestou isso se referindo às
experiências de abdução, onde existe evidência de pessoas que pensam que aquelas são
reais, mas claramente estão alucinando. Pode haver um ponto ai, embora eu não siga
isto completamente, e eu não estou certo o quanto é útil comparar estas duas situações
bastante diferentes.
Esperando a palavra final, French replicou que "um cético provavelmente ainda diria
que tudo poderia ter sido uma coincidência". Interessante é que ali ele naturalmente
disse isso na terceira pessoa. Perguntei-me se ele fez isto porque estaria pessoalmente
envergonhado em se identificar com tal estratégia, neste caso, alguém teria que
perguntar por que ele continua a pensar deste modo. Eu suponho que ele tenha enfeitado
demais. Quando as coisas ficam bem complicadas, está na hora de falar besteiras e
prevaricar. Deve ser difícil, às vezes, ser um cético compromissado.
Isso é levado ao extremo pelos psiquiatras Glen Gabbard e Stuart Twemlow no livro
deles With the Eyes of the Mind (1984). Eles estão perturbados particularmente pelas
reivindicações de Sabom sobre percepção fora-do-corpo em seus pacientes cardíacos.
Eles conseguem prolongar o assunto até as últimas páginas, as quais indicam que eles
parecem entender que, de alguma maneira, têm que impedir isso. Os resultados são
cômicos: eles não têm uma pista. Eles pegam a ajuda de Terence Hines, cujo livro de
desmistificação eles têm à mão, e que realmente tampouco sabe algo, mas que tem
muito a dizer sobre Uri Geller e psíquicos fraudulentos. Tendo lido este material durante
algum tempo, eles concluem que as reivindicações de percepção fora-do-corpo podem
ser derrubadas por fraude, mas sem estruturar claramente se eles pensam que seja o
doutor ou os pacientes que estão mentindo.
Você não pode culpar os céticos por se comportarem deste jeito - suas visões de mundo
completamente se prendem a isso. Mas seria interessante se mais pessoas que
essencialmente compartilham esta visão de mundo compreendessem as mudanças
duvidosas que podem ser requeridas para manter esta visão um comércio.
Artigos
Os fetos anencéfalos possuem uma alma? Onde fica o espírito de uma pessoa viva? Será
no cérebro? Anomalias fetais: devemos abortar? (5). Alguns oferecem opinião com
facilidade, mas decidir nem sempre é fácil. No caso Daniel Dantas a operação
Santiagraha da Policia Federal prendeu o banqueiro. No entanto, por decisão do
presidente do Supremo Tribunal Federal ele foi solto. Esta decisão dividiu opiniões. Um
especialista acha que o ministro tem razão, outro fala em “abuso de direito”, chegando a
dizer que merece “impeachment”.
O aborto de anencéfalos é tema que vai produzir muita divisão, como aconteceu com o
das células-tronco embrionárias. Mas nós, os espíritas, vamos decidir examinando a
obra de Kardec, como fazem os bons juristas ao estudarem a Constituição da República.
Estes a examinam como um todo, não escamoteiam artigos nem esquecem princípios
fundamentais. Kardec era descendente de família que se destacou na magistratura e nas
lides forenses (1).
Renata Mariz (6) escrevendo sobre o aborto de fetos anencéfalos diz que “a pauta
recheada de polêmicas só começou. Depois da agitada — e quase empatada — votação
sobre o uso de embriões humanos em pesquisas científicas (que terminou 6 a 5 pró-
pesquisas sem restrições), novos julgamentos controversos estão prestes a ser travados
no Supremo Tribunal Federal (STF)”. André Luiz comenta no livro Libertação,
psicografia de Francisco Candido Xavier, FEB Editora, que “chega sempre um instante
no mundo em que nos entediamos dos próprios erros”. Na evolução, esse é o momento
em que nasce o homem-ministro novo através da reflexão bioética, que agora consegue
perceber com sua natureza transdisciplinar.
Renata Mariz (6) informa que da lista de controvérsias que dividem a sociedade, a
primeira a sair da gaveta deve ser a ação que pretende descriminalizar o aborto de fetos
sem cérebro, ajuizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde
(CNTS). O ministro Marco Aurélio Mello, relator do processo, que está parado desde
2004 no STF, vai agendar para agosto a segunda audiência pública da história do
tribunal, com o objetivo de discutir a questão. A primeira, e até agora inédita, foi pedida
em abril do ano passado para debater o tema das células-tronco embrionárias”.
Agora, em agosto de 2008 teremos que tomar nova decisão. Após o recesso de julho, o
Supremo Tribunal Federal julgará o aborto de fetos anencéfalos.
Renata Mariz (6) lembra que foi o ministro Marco Aurélio que autorizou, com uma
decisão liminar, em julho de 2004, a retirada de fetos sem cérebros do útero materno e
que três meses depois da liberação, porém, o plenário do Supremo decidiu derrubar a
liminar.
Severina conta que foi o médico quem lhe informou que o parto antecipado estava
proibido no país. Restou-lhe batalhar por uma autorização judicial para o procedimento,
que só veio aos sete meses de gestação. Estimativa do Instituto de Medicina Fetal
mostra que já chegaram à Justiça brasileira cerca de 3 mil pedidos de aborto de
anencéfalos — 97% deles aceitos pelos juízes.
Atingida pela tipicidade a ilicitude inerente a conduta pode ser desprezada se estamos
diante de determinadas circunstâncias previstas no código penal. Essas circunstâncias
são referidas como excludentes de antijuridicidade. Assim, mesmo que a conduta típica
seja praticada a circunstância a justifica e afasta a ilicitude. Um exemplo é o estado de
necessidade, onde, não havendo outro meio, se acaba lesando o interesse de outro. A
legitima defesa (para repelir injusta agressão), o estrito cumprimento do dever legal
(dever imposto mediante lei) e o exercício regular de direito (cirurgião produz lesões
corpóreas) são outros exemplos.
Renata Mariz (6) diz que se no meio judicial há um relativo consenso, o tema é
explosivo na seara religiosa e que o padre Luiz Antonio Bento, membro da Comissão de
Bioética da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) teme que a aprovação
da matéria abra as portas para a legalização irrestrita do aborto e a prática da eugenia.
Diz ele: “A criança que está sendo gerada com anencefalia é como qualquer outro ser
humano, que merece respeito e dignidade. Se matamos o bebê com anencefalia hoje, o
que faremos amanhã com os deficientes físicos?”
Informa a jornalista do Correio que “a CNBB teve negada, pelo ministro Marco
Aurélio, sua candidatura à posição de amicus curiae (espécie de perito especializado
ouvido como parte em processos no STF) no caso dos anencéfalos. Do outro lado, a
favor da liberação, está a Conectas Direitos Humanos, uma organização não-
governamental” que ainda não tinha tido resposta de sua candidatura.
Estado de necessidade nos faz lembrar o artigo de Raquel Donato (3), no nosso Jornal
dos Espíritos. Nele nos entristecemos ao lembrar que a fome ameaça 100 milhões de
criaturas. A fome não tem ética. Raquel nos lembra para agradecermos a Deus o
alimento disponível e nos pede para doarmos de coração uma parte da refeição em favor
dos necessitados. Também parece difícil ser ético durante uma guerra e, no Brasil, na
política.
Vamos lembrar com Lodi da Cruz (2) o ano 70 d.C.. A cidade de Jerusalém foi sitiada
pelo general Tito, em represália a uma rebelião dos judeus. “Os zelotes percorriam as
ruas em busca de alimento. Duma casa saía cheiro de carne assada. Os homens
penetraram imediatamente na habitação e pararam diante de Maria, filha da nobre
família Bet-Ezob, extraordinariamente rica, da Jordânia oriental. Maria tinha ido como
peregrina a Jerusalém para a festa da Páscoa. Os zelotes ameaçaram-na de morte se não
lhes entregasse o assado. Perturbada, a mulher estendeu-lhes o que pediam, e eles
viram, petrificados, que era um recém-nascido meio devorado – o próprio filho de
Maria".
Cruz diz “que se poderia tentar justificar a atitude da mulher faminta, com o seguinte
argumento: se ela não tivesse matado o próprio filho, ambos teriam morrido; ao matá-lo
para saciar sua fome, pelo menos uma das vidas foi poupada”. No entanto, afirma que
nunca é lícito matar diretamente um inocente, nem sequer para salvar outro inocente.
Em seguida nos faz pensar, quando pergunta se diante dos conhecimentos biomédicos
atuais, na prática, o aborto realmente pode servir de meio para salvar a vida da gestante?
Apresenta outro caso para julgamento pelo ministro do supremo tribunal de nossas
consciências: “uma mulher grávida sofre de uma infecção renal. O médico prescreve-lhe
um antibiótico. Há, porém, o perigo remoto de a droga causar danos ao nascituro. No
entanto, não há outro antibiótico que seja menos nocivo ao bebê e nem é possível
esperar o nascimento da criança para iniciar o tratamento”. O que fazer?
O espírita não pode deixar de ler “o principio da causa com duplo efeito” dos médicos
paraguaios, descrito no artigo do católico Cruz (2).
Antes de prolatar a sentença não podemos esquecer que somos arquitetos do próprio
destino. Nossas ações, decisões, produzem reações, diante da Lei. Por isso, herança aqui
é “conquista” pessoal. Não haverá injustiça na hora do inventário. A melhor parte ficará
com aquele que não apenas admirar a ética espírita, mas colocá-la em prática.
A condição passageira de “estar” ministro pode ser uma provação, mas os espíritos
superiores disseram que a paternidade é missão. Até diante da anencefalia? (5)
(2) Cruz, LCL. A Causa com Duplo Efeito. Um principio ético importantíssimo para se
entender certos casos relativos ao aborto.
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11487
Fonte http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.30.htm
Artigos
1. As Cidades Universitárias.
Para nós que estamos professor universitário é um bom tema para reflexões. Pena que
nossos recursos pessoais sejam tão escassos. No entanto, vamos tentar repassar algumas
idéias, mesmo imperfeitas, das dificuldades que encontramos no ensino superior.
Yvonne Pereira afirma que "Allan Kardec é ainda o grande desconhecido, para os
espíritas, dado que a minoria é que o conhece plenamente. Ele tratou de Ciência, de
Filosofia e de Moral e tais matérias, de suma grandeza, não podem ser apenas lidas uma
ou duas vezes, mas estudadas, continuamente, com método analítico, observação
acurada, amor e perseverança, a fim de serem bem compreendidas e praticadas".
Uma outra dúvida, sobre as condições da vida após a morte, apresentada por um
cardiologista nos chamou a atenção. Diversas pessoas já nos fizeram a mesma questão e
outros nos confessaram que iriam deixar para ler o livro "Nosso Lar" depois que melhor
estivessem inteirados dos postulados básicos da Doutrina Espírita.
Algumas pessoas respondem da mesma forma (nunca mais usar vinagre) diante da
realidade do espírito imortal. Admitem a sua existência, mas não querem pensar no
"após a morte".
Se não é como o espírito André Luiz escreve, através do médium Francisco Cândido
Xavier, como será? Diversos médiuns descrevem relatos parecidos e coincidentes.
Como coincidentes e parecidos são os relatos das pessoas que tiveram a experiência
autoscópica. Aparentemente morto o indivíduo chega ao hospital. Algum tempo depois
seu coração recomeça a bater. Depois contam as histórias de suas mortes. É a
experiência de morte iminente, onde há extraordinária percepção de visões, sons e
acontecimentos que a pessoa tem, quando clinicamente morta, próxima ao retorno
impossível.
E as materializações de espíritos?
Para onde foi e de onde veio Katie King (espírito) após despedir-se de Florence Cook
(médium) nas memoráveis experiências de William Crookes?
Já me disseram que não gostariam que fosse como André Luiz relata, porque é muito
palpável, material, muito semelhante ao nosso plano terráqueo. Um pesquisador, Nobel
de Física, afirmou que "o mundo que observamos não é senão uma minúscula película
na superfície da verdadeira realidade". A nossa ansiedade nos faz desafiar uma pessoa,
que passou pela experiência autoscópica, a provar que a morte do corpo não mata a
vida. Por outro lado os que passaram por ela não parecem interessados em fornecer tal
prova a terceiros. Um psiquiatra que teve tal experiência fez uma síntese: "pessoas que
tiveram experiência sabem. Os outros devem esperar" (13).
No livro de Yvonne (31), pudemos perceber como deve ter sido o critério utilizado para
admissão dos novos alunos naquela universidade. Diz o diretor aos calouros: " – Iniciais
neste momento fase nova em vossa existência de Espíritos delituosos, meus caros
amigos! Dentre tantos padecentes que convosco chegaram a esta Colônia, fostes os
únicos a atingir condições indispensáveis às lutas do aprendizado espiritual que vos
conferirá base sólida para aquisição de valores pessoais nos dias porvindouros".
Hoje há entre espíritas um interesse maior pela universidade. Os que são docentes estão
procurando oferecer reflexões, mesmo modestas como essas.
Não é por acaso que, tenho em mãos a tese do doutorando Brasilio Marcondes Machado
(27), apresentada no dia 29 de agosto e defendida no dia 26 de dezembro. Brasilio é
semelhante ao cego de nascença, que curado por Jesus deu o seu testemunho, diante dos
fariseus (16). Na tese, diversos pontos me chamaram a atenção.
"Temia fosse rejeitada sob a allegação do que dispõe o art. 94: - os alumnos que
concluírem o curso médico poderão defender these sobre assumpto à sua escolha dentre
as matérias ensinadas no referido curso".
"Aconteceu, porém que essa allegação não poderia ser feita porque já havia sido
defendida e approvada uma these contra o espiritismo".
"Reprovado".
"Deste resultado julguem os que me lerem, pois não quero ser juiz em causa própria".
"Vou esperar o um dia depois do outro para voltar à defesa desta mesma causa que,
então, será a de todos nós, na sciencia ou fora dela".
Não conhecemos o Dr. Machado, mas parece não haver dúvida de sua condição de
médico e espírita verdadeiro (22).
Esses calouros são espíritos que carregam grandes débitos e, portanto, iniciam a vida
universitária com algumas dificuldades. Teriam eles liberdade total no campus
universitário?
Mello (30) diz que "a igualdade", princípio jurídico-filosófico é base dos direitos
humanos. Mas, não existe igualdade jurídica, quando há uma desigualdade de fato. A
ação afirmativa visa corrigir a distorção. Desenvolvida nos EUA, é ação necessária para
proteger aqueles que iniciam a sua "corrida" na sociedade em condições desvantajosas.
4. Para Sobreviver.
A professora, Fátima Araújo de Carvalho (3), que realizou seus estudos de pós-
graduação estudando um tema "em alta", nos diz que "a resiliência é caracterizada por
um conjunto de atitudes adotadas pelo ser humano para resistir aos embates da vida. O
ser resiliente não foge das opressões e consegue neutralizar seus efeitos, sem que
necessariamente as mesmas sejam afastadas ou diminuídas".
A professora, Fátima, de São José dos Campos, nos remete ao texto de Heloisa Helvécia
- "Resiliência em Alta".
Heloisa, na Folha de São Paulo, destaca o termo deslocado da Física: "este conceito
nomeia a propriedade de alguns materiais de acumular energia, quando exigidos e
estressados, a voltar ao seu estado original sem qualquer deformação".
A articulista da Folha diz que "essa característica vem contando pontos como
competência humana". Seria a mesma "habilidade do elástico, ou da vara do salto em
altura – aquela que enverga no limite máximo sem quebrar, volta com tudo e lança o
atleta para o alto".
Procurando elucidar o tema, Fátima enviou carta para a seção do leitor, com o seguinte
comentário: no texto "Resiliência: um conceito em alta" há falha em fazer a simples
transposição do conceito de resiliência da Física para a psicologia. Na Física, a
resiliência, refere-se à propriedade que os corpos têm de voltar à sua forma original sem
deformação. Aplicada aos seres humanos, é a capacidade do indivíduo de superar
situações de risco e voltar transformado, crescendo com a experiência. Assim, diz-se,
que um indivíduo é resiliente quando consegue superar as adversidades, encontrando
forças para aprender com elas. É preciso tomar cuidado, para que não façamos como
nos EUA, atribuindo a tudo o conceito de resiliência, de meias de seda a comida para
cachorro, só para usar um conceito "da moda".
Pode-se fazer uma ligeira comparação, com os princípios relacionados com os "estados
excitados", amplamente utilizados no estudo dos fenômenos atômicos e moleculares, na
física quântica. No estresse, o organismo se mantém fora do seu "estado fundamental,
estando em níveis mais altos". Mesmo, numa vida sem grandes novidades não é
possível a manutenção constante deste estado fundamental.
O organismo está realmente oscilando o tempo todo em torno desde estado, sendo até
possível que o envelhecimento e o tempo de vida estejam relacionados com a
intensidade dessa oscilação. Isto exige um processo, quase contínuo, de adaptação às
condições oferecidas pelo meio, aquilo que o afasta do seu estado fundamental a todo
instante. Surge o paradoxo: para sobreviver, os seres vivos encurtam o seu tempo de
vida, envelhecendo (13,14).
5. Pires na Mão.
Darwin, hoje, anda sem prestígio no ensino religioso no Rio de Janeiro. A questão do
ensino, em qualquer nível, tradicional ou novo, é como a questão da pesquisa: deve ser
vista como um problema conjuntural (9).
6. Umbigo na Bancada
7. Imaturos e Semiletrados
Vamos começar a diplomar os que são capazes de repetir o que já se sabe, reproduzindo
de forma estéril os mesmos processos ou métodos que outros produziram ou
descreveram. Alguém já lecionou como se fundam e se preservam as universidades.
Precisamos de cérebros, depois de cérebros e depois ainda de cérebros em tempo
integral e dedicação exclusiva (15). Atividades de pesquisa desenvolvidas por
professores não são percebidas por eles apenas como o cumprimento de um preceito de
lei, mas como uma prática que pode ser melhor compreendida como a expressão de um
ethos e de visão de mundo, internalizadas através de símbolos e processos
socializadores, cuja base principal, na grande maioria dos casos, foi a relação tutorial
professor-aluno (28,29).
8. Salto de Qualidade
Essas são condições necessárias que aliadas a outras geralmente são apontadas pela
"Comissão de Notáveis".
O professor Carneiro (1) começa seu artigo com uma frase de Bukharin (1888-1937):
"sustento que nenhuma pessoa que pense e seja culta, pode manter-se alheia à política".
Carneiro afirma que "acirra-se o preconceito e a discriminação contra o nordestino,
agora formalizada contra o médico graduado por universidade do nordeste. A reserva de
cotas de vagas para Residência Médica para nordestinos, nas universidades, da região
leste e sul do Brasil. A proposta foi divulgada pela atual Secretaria Executiva da
Comissão de Residência Médica do Ministério da Educação (MEC)". Carneiro comenta
que "médicos nordestinos não precisam de privilégios, nem de esmolas, mas de
eqüidade e justiça, já que as discriminações subliminares e, às vezes explícitas,
persistem em nossa sociedade do século XXI".
Pelo andar da carruagem, será que chegaremos a discutir um sistema de cotas para os
adeptos da Doutrina Espírita? Enfermidades adquiridas pela universidade foi um breve
esboço, resta discutir as doenças congênitas, aquelas detectáveis no período de
gestação..
Mas e agora que nos deparamos com diversos problemas que uma "cidade universitária"
pode ter aqui na Terra, qual é o papel do espírita quando presente nela? Deve ele se
preocupar com o Espiritismo no seu ambiente universitário, ou serão antagônicas a
universidade e a Doutrina dos Espíritos e, por isso, seja melhor escolher a neutralidade?
O leitor atento poderá perceber que a Introdução de O Livro dos Espíritos narra um
trabalho de classificação feito por Kardec, na tentativa de entender os fatos, que
culminou no surgimento daquilo que chamamos de Doutrina Espírita ou Espiritismo.
Percebe-se que Kardec não falava somente da Doutrina Espírita mas de toda e qualquer
doutrina e, como tal, sua codificação deveria seguir os critérios desenvolvidos e
discutidos ao longo da História da Ciência. O estudo aprofundado das obras escritas
pelo codificador (que contêm todos os seus verdadeiros princípios) mostra que como tal
ela surgiu da observação metódica e criteriosa de fatos, o que a torna de bases
científicas. O levantamento de hipóteses para a explicação destes fatos (movimentos de
objetos e comunicação com supostos “mortos”) foi feito de forma sistemática e lógica, o
que a torna de desenvolvimento filosófico no âmbito das idéias. Esses dois aspectos da
Doutrina já servem de base para justificar que o ambiente universitário é extremamente
propício à difusão das idéias espíritas.
Por fim, e como objetivo maior, as implicações acarretadas da inferência dos postulados
da nova Doutrina exigem (no sentido de ser inegável) uma transformação moral de todo
indivíduo que a aceite como verdade, por isso ela é tida como tendo finalidade religiosa.
Além deste último fato, quem examina a obra de Kardec verifica logicamente que os
ensinamentos de Jesus apresentam total analogia com os da Doutrina. Como a figura do
Cristo foi vinculada ao conceito de religião desde o início dos tempos, fica claro que o
aspecto religioso seja uma das faces do Espiritismo.
Mas como classificar a Doutrina? É ela uma ciência, uma filosofia ou uma religião?
Você, leitor, em qual prateleira colocaria os livros espíritas? Há muita controvérsia
acerca da natureza (ou classificação) que se pode dar da Doutrina, já na época de
Kardec a confusão estava estabelecida e o próprio sentiu a necessidade de manifestar-se
e esclarecer o que é o Espiritismo, na Revista Espírita.
O tríplice aspecto da Doutrina estava claro para o jovem na mocidade espírita (4). Ele
funciona como um tripé. A máxima sustentação do objeto só pode ser alcançada se os
pés tiverem o mesmo tamanho e sejam capazes de sustentar a mesma massa. A simetria
deve ser máxima, o triângulo formado pelos pés no solo deve ser equilátero, ou seja,
lados iguais, ângulos iguais e o centro de massa deve estar perfeitamente direcionado
para o baricentro deste triângulo. Caso contrário, um dos pés pode ceder e o objeto cai
por terra. O Espiritismo necessita das três sustentações, todas com a mesma
importância, se uma delas fracassar ele cai por Terra. Talvez por isso Dr. Bezerra de
Menezes tenha se esforçado tanto na unificação do movimento espírita no Brasil do
início do século XIX.
Os jovens precisam conhecer uma ordem de idéias que leve a um comportamento ético
perante a vida (36). Esse é o objetivo da fé raciocinada, ou seja, quando o indivíduo
compreende o verdadeiro valor da vida passa a ter uma atitude mais séria perante ela,
amadurece. Essa compreensão pode vir através do estudo do Espiritismo e nesse ponto,
a educação espírita tem um papel fundamental.
O Espiritismo na universidade não é idéia nova. O registro mais antigo que temos
conhecimento é que o Primeiro Seminário de Estudos Espíritas da Universidade
Estadual de Londrina, Paraná, Brasil, ocorreu em 23 de maio de 1984. Nestes vinte
anos, o Núcleo Espírita Universitário de Londrina vem desenvolvendo excelentes
atividades (37). A iniciativa paranaense parece ter estimulado grupos de outros locais do
país e em 1992 foi criado o Núcleo Espírita Universitário do Fundão. Levou esta
denominação porque estava situado na Ilha do Fundão, local da maioria dos edifícios da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Esse grupo foi um foco de divulgação da idéia
espírita na universidade. Em pouco tempo, estávamos trabalhando em conjunto com o
NEU Fundão e dessa união percebemos que era necessário criar o Núcleo Espírita
Universitário do Rio de Janeiro (NEU-RJ), onde diversas equipes de universidades do
Estado estariam trabalhando em conjunto. Com o auxílio da Internet, a chama se
espalhou e em dois anos, foram criados Núcleos Espíritas Universitários em outras
universidades, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade
Universitária Augusto Motta (SUAM), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade do Rio de Janeiro
(UNI-RIO). A partir deste trabalho, outro grupo se formou na Universidade Federal de
Viçosa (UFV), em Minas Gerais.
Com certeza, a citação anterior encontra analogia nas palavras de Kardec: “Quando as
crenças espíritas se houverem vulgarizado, quando estiverem aceitas pelas massas
humanas (e, a julgar pela rapidez com que se propagam, esse tempo não vem longe),
com elas se dará o que tem acontecido a todas as idéias novas que hão encontrado
oposição: os sábios se renderão à evidência. Lá chegarão, individualmente, pela força
das coisas” (35).
O Espírito fez destaque: - "Ninguém entrará no reino de Deus se não nascer de novo".
Nascer de novo é tão difícil de explicar, quanto conciliar a bondade de Deus e o
nascimento de crianças cegas (16,25).
Referências Bibliográficas
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sindical, IX(139): 6.
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3. Fatima Araujo de Carvalho. São José dos Campos, SP.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u819.shtml
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Microbiologia, UFRJ. Apresentado no XVII Encontro Nacional dos Estudantes de
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33. Bachelard, G.; A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise
do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.
34. Kardec, A. O Livro dos Espíritos, 70 ed., Rio de Janeiro: F.E.B., 1989. Introdução,
item VIII.
35. Kardec, A. O Livro dos Espíritos, 70 ed., Rio de Janeiro: F.E.B., 1989. Introdução,
item VII.
36. Formiga, L. C. D. "Deixe Claro para seu Filho". Revista FRATERNIDADE,
(Lisboa.Pt), 465: 82-86, março. 2002.
37. http://www.inbrapenet.com.br/neu
38. Nota Explicativa do NEU-RJ incluída no artigo "O Retrato de Bezerra e a
Aristocracia intelecto-Moral (Ética e Terceiro milênio)". Rev. Intern. Espiritismo.,
LXXVI (4): 181-182, 2001.
Nota.
Diversos artigos, das referências bibliográficas, podem ser encontrados nos endereços
eletrônicos:
1. http://www.espirito.org.br/index.asp
2. http://www.ajornada.hpg.ig.com.br/index.htm
3. http://www.cefamiami.com/
4. http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/
5. http://www.ieja.org/portugues/p_index.htm
6. http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/LIHPE/historia01.html
Artigos
Da perpetuidade do Espiritismo
REVISTA ESPÍRITA
Jornal de Estudos Psicológicos
publicada sobre a direção de Allan Kardec
fevereiro de 1865
Num artigo anterior falamos dos incessantes progressos do Espiritismo. Serão esses
progressos duráveis ou efêmeros? É um meteoro que brilha com luz passageira, como
tantas outras coisas? É o que vamos examinar em poucas palavras.
Se o Espiritismo fosse uma simples teoria, uma escola filosófica fundada numa opinião
pessoal, nada garantiria a sua estabilidade, porque poderia agradar hoje e não agradar
amanhã; num dado tempo poderia não estar mais em harmonia com os costumes e o
desenvolvimento intelectual e, então, cairia, como todas as coisas velhas, que ficam para
trás do movimento; enfim poderia ser substituído por algo de melhor. Assim é com
todas as concepções humanas, todas as legislações, todas as doutrinas puramente
especulativas.
Quanta oposição não levantou este último fato! Há quanto tempo faltam aos incrédulos
boas razões aparentes para o contestar. “Como crer, diziam eles, na existência dos
antipodas, marchando de cabeça para baixo? E se a terra gira, como pretendem, como
crer que nós mesmos estejamos, de vinte e quatro em vinte e quatro horas, nessa posição
incômoda sem nos apercebermos? Nesse estado, não mais poderíamos ficar ligados à
terra senão quiséssemos marchar contra o fecto, com os pés no ar, à maneira de moscas.
E depois, que aconteceria aos mares? Será que a água não se derrama quando se inclina
o vaso? A coisa é simplesmente impossível, portanto é absurda, e Galileu é um louco.”
Entretanto, sendo um fato essa coisa absurda, triunfou de todas as razões contrarias e de
todos os anátemas. Que faltava para admitir a sua possibilidade? o conhecimento da lei
natural sobre a qual ela repousa. Se Galileu se tivesse contentado com dizer que a terra
gira, ainda agora não o acreditariam. Mas as denegações caíram ante o conhecimento do
princípio. Será o mesmo com o Espiritismo. Desde que repousa sobre um fato material,
existente em virtude de uma lei explicada e demonstrada, que lhe tira todo caráter
sobrenatural e maravilhoso, é imperecível. Os que negam a possibilidade das
manifestações estão no mesmo caso dos que negaram o movimento da terra. A maioria
nega a causa primeira, isto é, a alma, sua sobrevivência e sua individualidade. Então não
é de surpreender que neguem o efeito. Julgam pelo simples enunciado do fato, e o
declaram absurdo, como outrora declaravam absurda a crença nos antípodas. Mas, que
pode sua opinião contra um fenômeno constatado pela observação e demonstrado por
uma lei da natureza? Sendo o movimento da terra um fato puramente cientifico, sua
demonstração não estava ao alcance do vulgo; foi preciso aceitá-lo sobre a fé nos
cientistas. Mas o Espiritismo tem a mais, por si, poder ser constatado por todo o mundo,
o que explica sua rápida propagação.
Toda descoberta nova de alguma importância tem conseqüências mais ou menos graves.
A do movimento da terra e da lei da gravitação, que rege esse movimento as teve e
incalculáveis. A ciência viu abrir-se à sua frente um novo campo de exploração e não se
poderiam enumerar todas as descobertas, as invenções e as aplicações que foram sua
conseqüência. O progresso da ciência acarretou o da indústria, e o progresso da
indústria mudou a maneira de viver, os hábitos, numa palavra todas as condições de ser
da humanidade. O conhecimento das relações do mundo visível e do mundo invisível
tem conseqüências ainda mais diretas e mais imediatamente práticas, porque está ao
alcance de todas os individualidades e do interesse de todos. Devendo cada homem
necessariamente morrer, ninguém pode ser indiferente ao em que se transformará após a
morte. Pela certeza que o Espiritismo dá do futuro, muda a maneira de ver e influi sobre
a moralidade. Abafando o egoísmo, modificará profundamente as relações sociais de
indivíduo a indivíduo e de povo a povo.
Mas, dirão, ao lado dos fatos tendes uma teoria, uma doutrina; quem vos diz que essa
teoria não sofrerá variações? Que em alguns anos a de hoje será a mesma?
Sem dúvida ela pode sofrer modificações em seus detalhes, à vista de novas
observações; mas, uma vez adquirido o princípio, não pode variar e, menos ainda,
anular-se; é o essencial. Desde Copérnico e Galileu tem-se calculado melhor o
movimento da terra e dos astros, mas o fato do movimento ficou com o princípio.
Dissemos que o Espiritismo é, antes de tudo, uma ciência de observação. É o que faz a
sua força contra os ataques de que é objeto e dá. aos seus adeptos uma fé
inquebrantável. Todos os raciocínios que lhe opõem caem diante dos fatos, e esses
raciocínios têm tanto menos valor aos seus olhos quanto mais os sabem interesseiros.
Em vão se lhe diz que isto não é, ou é outra coisa. Respondem: Não podemos negar a
evidência. Ainda quando se tratasse de um só, poderia julgar-se vítima de uma ilusão;
mas quando milhões de indivíduos vêem a mesma coisa, em todos os países, conclui-se
logicamente que são os negadores que abusam.
O Espiritismo não se afastará da verdade e nada terá a temer das opiniões contraditórias,
enquanto sua teoria cientifica e sua doutrina moral forem uma dedução dos fatos
escrupulosa e conscientemente observados, sem preconceitos nem sistemas
preconcebidos. É diante de uma observação mais completa que todas as teorias
prematuras e aventurosas, surgidas na origem dos fenômenos espíritas modernos,
caíram e vieram fundir-se na imponente unidade que hoje existe, e contra a qual só se
atiram raras individualidades, que diminuem dia a dia. As lacunas que a teoria atual
pode ainda conter encher-se-ão da mesma maneira. O Espiritismo está longe de haver
dito a última palavra, quanto às suas conseqüências, mas é inamolgável em sua base,
porque esta base está assentada nos fatos.
Assim, que os Espíritas nada receiem: o futuro lhes pertence; que deixem os adversários
se debatendo sob o aperto da verdade, que os ofusca, porque toda denegação é
impotente contra a evidência que, inevitavelmente, triunfa pela mesma força das coisas.
É uma questão de tempo, e neste século o tempo marcha a passos de gigante, sob o
impulso do progresso.
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Resumo
Metodologia e epistemologia são duas áreas relacionadas, mas independentes entre si. É
muito comum na pesquisa administrativa brasileira entender-se a pesquisa chamada de
qualitativa a partir de um referencial epistemológico empirista-formal. Realizou-se uma
análise das contribuições teóricas ao tema por autores clássicos e contemporâneos. A
proposta do presente trabalho teórico é distinguir a orientação epistemológica baseada
no empirismo-formal da que se fundamenta na fenomenologia. Aceita esta distinção e o
“status” científico destas duas matrizes de conhecimento, mostra-se que há implicações
metodológicas distintas para a pesquisa qualitativa, seja com relação ao objetivo, seja
com relação à abordagem do objeto, seja com relação à construção de construtos e
indicadores. Desta forma, a pesquisa qualitativa não é uma pesquisa para a qual não se
teve fôlego para estudar um número suficiente de eventos que permitam generalização,
nem está às voltas com um tipo de objeto que permite apenas uma mensuração não
métrica e muito menos é uma abordagem menor da ciência porque não consegue
estabelecer com fundamento leis que estabelecem relações determinantes ou
probabilísticas entre eventos. Trata-se de um tipo de pesquisa própria para a análise em
profundidade de fenômenos onde se pressupõe, ou se busca entender melhor, a
singularidade ou a subjetividade.
Introdução
Sempre que se discute uma pesquisa científica, está se optando por uma certa produção
de conhecimento que atende a determinados parâmetros ou exigências propostos por um
determinado grupo de pesquisadores. Um equívoco que geralmente se comete é
pressupor a existência de uma teoria epistemológica única que fundamentaria a escolha
dos métodos de investigação.
O Que é Ciência?
Francis Bacon (1561-1626), ao redigir sua obra “Novum Organum” lançou algumas
das bases da ciência moderna. Propôs que o estudo se voltasse à análise da natureza,
cujos resultados pudessem permitir uma acumulação sistemática do conhecimento.
Propôs o método indutivo como o caminho para atingir este objetivo, através da
experiência escriturada, que compreendia a observação sistemática e a realização de
experimentos. O filósofo natural deveria observar as condições em que um determinado
fenômeno ocorria (tábua de presença), as condições em que ele não ocorria (tábua de
ausência) e registrar os diferentes graus de variação do fenômeno a fim de descobrir
possíveis correlações entre as variações (tábua das graduações). Feitas as observações o
pesquisador procuraria estabelecer induções amplificadoras (generalizações) extraindo o
que existe de geral em uma coleção de fenômenos e estendendo por analogia aos demais
nas mesmas condições. Em Bacon já temos uma distinção entre ciência (fruto da
experiência humana) e especulação ou metafísica (fruto do raciocínio calcado na
“lógica vulgar” ou mesmo da revelação divina).
Isaac Newton (1642-1727) abriu mão da análise teórica calcada em uma autoridade
(pelo menos formalmente) para analisar as regularidades físicas, tendo por parâmetros
comparativos os modelos da álgebra. Uma frase famosa onde ele expõe sua crítica ao
emprego de hipóteses foi: “hypotheses non fingo”. Ele possibilitou uma certa forma de
se fazer ciência, onde se procura o avanço do conhecimento através da identificação de
regularidades constatadas matematicamente e por indução, ou, simplesmente, “leis
naturais”. Newton, portanto, adiciona as matemáticas ao método de Bacon.
Seu projeto de construção do conhecimento foi muito bem sucedido no mundo das
ocorrências físicas, e marcou uma distinção entre as Físicas e as Metafísicas, que gerou
um certo desprezo nos meios acadêmicos por estas últimas. Ele foi extremamente
influente até o final do século XIX e início do século XX, quando físicos como Albert
Einstein propuseram teorias que invalidavam a aplicação das leis de Newton a
territórios pouco conhecidos da Física, como as partículas subatômicas, o que gerou
uma desconfiança na capacidade de generalização das conclusões obtidas por estes
métodos.
Grosso modo, temos então uma noção de ciência, que seria um método de produção de
conhecimento verificável e acumulável, que estabelece nexos de causalidade entre
fenômenos, a partir da observação sistemática e experimentação de fenômenos naturais
com a finalidade de identificarem-se, por generalização, regularidades (leis) passíveis de
descrição matemática.
Esta definição será quase que totalmente criticada no século XX. Bachelard e Kuhn
criticariam a cumulatividade do conhecimento científico introduzindo conceitos como
corte epistemológico e mudança de paradigma, respectivamente. Carnap abriu mão do
conceito de verificabilidade, substituindo-o pelo de confirmabilidade. Popper estenderia
as críticas à indução e à generalização, questionaria os fundamentos epistemológicos do
probabilismo e proporia a falseabilidade e a falsificação, assim como a transitoriedade
das teorias científicas aceitas. Todos os autores citados tratam das chamadas ciências
naturais. Evitaremos o desenvolvimento destas contribuições porque elas nos fazem
perder a linha mestra do presente trabalho.
Há Diferentes Métodos?
As ciências formais têm “relações entre signos” como seu objeto de pesquisa,
compreendem a matemática e a lógica, são racionais e sistemáticas, são verificáveis,
no sentido da possibilidade do emprego da dedução.
Após quase um século e meio de Psicologia concebida como ciência humana, podemos
acompanhar o desdobramento da aplicação dos métodos das ciências naturais e sugerir
que eles são mais bem sucedidos quando o homem é visto como (ou reduzido a) um ser
orgânico. A pesquisa médica é um exemplo de sucesso do emprego dos métodos
naturais, mas nenhum médico acreditaria, por exemplo, na existência de diferenças
estruturais e funcionais significativas entre dois corações humanos, a menos que
estivéssemos estudando patologias, ou seja, eles trabalham com uma natureza do
organismo humano.
Este problema não é diferente nas ciências administrativas, posto que têm por objeto as
organizações de trabalho constituídas por seres humanos. Se por um lado é possível
estabelecer regularidades que parecem ser universais às relações de troca (lei de oferta e
procura nas ciências econômicas), da mesma forma temos as organizações com suas
singularidades (os transplantes de modelos administrativos, por exemplo), gerando
outputs diferentes daqueles que seriam esperados por um certo modelo administrativo.
Podemos ver por que determinadas metodologias qualitativas são tão difundidas nesta
área do conhecimento, como os estudos de caso, a despeito do desenvolvimento dos
métodos quantitativos e dos aparelhos de auxílio ao processamento de informações.
Quanto mais próximos dos fenômenos culturais humanos, mais singulares se tornam os
fenômenos em Administração e, portanto, mais importante a compreensão das unidades.
Quanto maiores as possibilidades de tomada de decisões e as mudanças no ambiente,
menos preditivos se tornam os modelos administrativos, que parecem ter validade
circunscrita a determinados cenários.
Dilthey (1833/1911) foi um dos filósofos alemães que defendeu a idéia que as ciências
humanas e sociais têm por objeto uma realidade humana, histórica e social, criticando o
emprego isolado dos métodos das ciências naturais nesta área. Ele considera
fundamental a análise da compreensão da experiência pessoal e da expressão do espírito
humano nesta área do conhecimento.
Dentre as escolas de pensamento epistemológico, passo a apresentar uma das mais in
fluntes e prolíficas para com este problema: a Fenomenologia de Edmund Husserl.
O Que é Fenomenologia?
ZILLES (1994) fez uma síntese da evolução dos conceitos de fenômeno em Filosofia,
onde mostra haverem pelo menos dois sentidos marcantes: o primeiro, mais amplo,
significaria “tudo o que aparece, se manifesta ou se revela” e está conectado a tudo o
que existe exteriormente, ou seja, os fenômenos físicos. Kant, entretanto, notabilizou-se
ao distinguir o fenômeno da coisa em si (que denominou “noumenon”). Para eles os
fenômenos seriam os objetos da experiência, e as “coisas em si” seriam “incognoscíveis
e transcendentes à experiência”.
Edmund Husserl (1859-1938) irá construir a Fenomenologia como uma vertente crítica
ao naturalismo vigente à sua época, que insistia em negar a subjetividade para estudar
os fatos naturais como se fossem uma realidade única. Volta-se, portanto, ao mundo
interior dos homens, chamado transcendental¹, onde ser fará a conexão possível entre as
coisas em si e as idéias. Husserl privilegia, portanto, o estudo da consciência que define
como uma instância psíquica que constitui significações, seja ao apreender ou ao
constituir os significados dos acontecimentos naturais ou psíquicos.
Husserl distingue ainda dois níveis de noesis; o nível empírico onde se identificam atos
psicológicos e individuais para conhecer um significado independente deles, e o nível
transcendental onde as noesis são atos do sujeito constituinte que cria os noemas
enquanto idealidades puras ou significações.
Uma vez aceita a premissa husserliana se pergunta como fazer ciência, ou ainda, o que é
ciência para a fenomenologia. O critério de verdade em Husserl (1988, p. 94) é definido
como “a plena concordância entre o visado e o dado como tal”, ou, como interpreta
Chauí, entre “o ato de conhecer e o seu correlato”. Isto não significa que a verdade seja
apenas uma verdade subjetiva, no sentido de ser considerada apenas no recesso do
pensamento de seu criador, mas reflete a ordem das coisas.
A questão a que esta afirmação nos remete é: como pode o agente do conhecimento
distinguir as essências das coisas e não ser iludido pelas aparências da realidade exterior
ou pelos conteúdos pré-existentes da sua consciência?
b) o caráter a priori: que significa desconfiar dos dados empíricos para fundamentar-se
em idealidades (“as coisas mesmas”) da consciência transcendental, a única capaz de
captar as essências. Entende Husserl que a intuição da essência é diferente da percepção
do fato. É fácil ilustrar este tipo de postulado quando se observam ações de pessoas, que
estão revestidas de intencionalidades. A mera observação do resultado da ação ou da
ação em curso não revela a intencionalidade do sujeito. O trabalhador que opera em
ritmo lento pode estar protestando contra a fábrica, estar estressado, despido de
conhecimento necessário para a realização de sua atividade, disperso, preocupado com
problemas de casa, ou por uma infinidade de motivos.
c) evidência apodítica: seriam as bases das construções dos juízos (aos moldes do
pensamento cartesiano). Seriam evidências “com ausência total de dúvida”, cuja
obtenção se dá a partir das reduções fenomenológicas que Zilles descreve da seguinte
forma:
A Fenomenologia, apesar de se situar como uma ciência rigorosa, não se acha descrita
metodologicamente de forma prescritiva, o que levou Martin Heiddegger, discípulo de
Husserl a escrever uma frase que ficou famosa: “compreender a Fenomenologia é
apreender suas possibilidades”. Como a fenomenologia fez escola, alguns dos seus
pesquisadores realizaram esforços de apresentação compreensiva do método. Bruyn, por
exemplo, fez uma releitura do trabalho de Spigelberg, onde se identificam sete “passos”
do método fenomenológico, a saber:
Miles e Huberman (1994) tecem outra consideração metodológica sobre o trabalho dos
fenomenologistas. Eles afirmam que os pesquisadores desta orientação freqüentemente
trabalham com transcrições de entrevistas e que são cuidadosos na condensação deste
material. Evitar-se-ia o uso de codificação, mas trabalhar-se-ia fazendo releituras
continuadas nas fontes primárias com cuidados para com suas próprias pressuposições
para capturar-se a essência (o lebenswelt do informante). Podemos adicionar que os
discípulos da fenomenologia empregam outros métodos que não a leitura de entrevistas
transcritas, utilizando também a observação participante.
Parece-nos que a fenomenologia tem seu lugar nas ciências humanas e sociais e que a
tentativa de empregá-la como método de análise de objetos próprios das ciências
naturais é infrutífero, posto que eles se acham despidos de intencionalidade ou de
consciência de si. Neste campo a aparência estaria mais “próxima” das essências; os
determinismos são mais patentes e, por tal, os métodos empírico-formais são mais
produtivos, já que se focalizam na identificação de regularidades e conseqüente
construção teórica, seja pela via da indução, seja pela do método hipotético-dedutivo.
Um bom número de autores entende a pesquisa qualitativa como sendo uma pesquisa
cujas variáveis não podem ser mensuradas a nível intervalar ou de razão.
PARASURAMAN (1986), por exemplo, define-se nesta linha:
“Pesquisa qualitativa envolve coletar, analisar e interpretar dados que não podem ser
significativamente quantificados, isto é, sumarizados em forma de números. Por esta
razão a pesquisa qualitativa é algumas vezes considerada como uma pesquisa soft.”
(PARASURAMAN, 1986. p. 240)
Kirk e Miller ampliam o conceito de pesquisa qualitativa dizendo que ele pode ser visto
a partir de duas óticas: a ótica da “oposição à quantidade” e a da tradição das ciências
sociais que “fundamentalmente dependem da observação de pessoas em seu próprio
território e interagindo com elas em sua própria linguagem, em seus próprios termos”.
Eles consideram a primeira definição limitada e se posicionam da seguinte forma:
Eles adotam uma posição epistemológica interessante. Se por um lado não crêem que o
mundo externo determina absolutamente a única e correta forma visão que se pode ter
dele (positivismo) pelo outro lado criticam a posição oposta e extrema de que é possível
encontrar explicações alternativas para tudo e com isto desistir de fazer qualquer esforço
de escolha entre elas (relativismo). Recordam-nos de que há um outro lado da
objetividade: a de que o mundo externo existe, apesar de tudo (realismo).
Ely et al. (1996) também definem a pesquisa qualitativa de uma perspectiva diferente,
que não pode ser considerada relativista como a de Cicourel, mas fenomenológica. Estas
autoras consideram pouco compreensivo definir o termo “pesquisa qualitativa”, sendo
melhor analisar características comuns de seus métodos. Elas identificam cinco
características que consideram comuns a todo tipo de pesquisa qualitativa:
3. Os pesquisadores qualitativos querem que aqueles que são estudados falem por si
mesmos, para que forneçam suas perspectivas em palavras e outras ações.
Conseqüentemente, a pesquisa qualitativa é um processo interativo no qual as pessoas
estudadas ensinam ao pesquisador sobre suas vidas.
¹ ZILLES (1994) mostra a distinção que o pensador austríaco faz entre o transcendental
e o transcendente. Enquanto o primeiro é fruto da consciência, o último termo é
empregado referindo-se ao mundo exterior.
² “..to understand experience as unified.”
Não foi difícil mostrar que em meio aos chamados cientistas humanos e sociais,
incluindo-se aí os que laboram no campo da administração, há uma multiplicidade de
concepções de ciência. Selecionamos duas orientações, seguindo a proposta de Zilles,
que designamos como “matrizes”, posto que não se trata de aplicar um método para
uma disciplina (como a física) e outro para outra (como a medicina). Trata-se de
entender que mesmo dentro de uma dada disciplina, especialmente aquelas cujo objeto
se acha em clara interação com o homem e sua cultura, é-se passível de aplicar métodos
de pesquisa qualitativa com bases fenomenológico-hermenêuticas ou com bases
empírico-formais.
Na matriz empírico-formal, tem-se a análise a partir de objetos, mesmo que estes sejam
produções ideológicas de uma pessoa ou grupo social. Isto leva seus críticos a atentarem
para o fenômeno da reificação, que neste sentido seria a transformação em objeto
daquilo que não o é.
Fontes Bibliográficas
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da natureza. São Paulo: Nova Cultural, 1988. [Coleção “Os Pensadores”]
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UNICAMP, 1996.
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Pensadores”]
CICOUREL, A. Method and measurement in sociology. New York: The free press,
1969.
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ELY, Margot et. al. Grounding. In: Doing qualitative research: circles within circles.
London: The Falmer Press, 1996
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HUSSERL, Edmund. Elementos de uma elucidação fenomenológica do conhecimento.
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JUNG, Carl G. A prática da psicoterapia. Petrópolis: VOZES, 1985.
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MILES, M., HUBERMAN, A. Michael. Qualitative data analysis. California: Sage,
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PARASURAMAN, A. Qualitative research. In: Marketing research. Canada: Addison-
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SAMPSON, Peter. Qualitative research and motivation research. In: WORCESTER,
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VALVERDE, José María. História do pensamento. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
ZILLES, Urbano. Teoria do conhecimento. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1994.
Destaques
"...a pesquisa qualitativa não é uma pesquisa para a qual não se teve fôlego para estudar
um número suficiente de eventos que permitam generalização, nem está às voltas com
um tipo de objeto que permite apenas uma mensuração não-métrica e muito menos é
uma abordagem menor da ciência porque não consegue estabelecer com fundamento
leis que estabelecem relações determinantes ou probabilísticas entre eventos. Trata-se
de um tipo de pesquisa própria para a análise em profundidade de fenômenos onde se
pressupõe, ou se busca entender melhor, a singularidade ou a subjetividade."
Grosso modo, temos então uma noção de ciência, que seria um método de produção de
conhecimento verificável e acumulável, que estabelece nexos de causalidade entre
fenômenos, a partir da observação sistemática e experimentação de fenômenos naturais
com a finalidade de identificarem-se, por generalização, regularidades (leis) passíveis de
descrição matemática.
Este problema não é diferente nas ciências administrativas, posto que têm por objeto as
organizações de trabalho constituídas por seres humanos. Se por um lado é possível
estabelecer regularidades que parecem ser universais às relações de troca (lei de oferta e
procura nas ciências econômicas), da mesma forma temos as organizações com suas
singularidades (os transplantes de modelos administrativos, por exemplo), gerando
outputs diferentes daqueles que seriam esperados por um certo modelo administrativo.
Neste cenário, não se buscam regularidades, mas sim a compreensão das opções dos
agentes, daquilo que os levou singularmente a agir como agiram. Só é possível esta
empreitada ouvindo os sujeitos a partir de sua lógica e exposição de razões. Quando
muito, pode-se identificar crenças compartilhadas mais ou menos por grupos sociais, ou
seja, cultura, sem pressupor que ela seja uma categoria estática no tempo e no espaço,
mas uma categoria analítica em permanente transformação.
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Prefácio
"O objetivo desta publicação é dar, num quadro muito sucinto, o histórico do
Espiritismo e uma idéia suficiente da Doutrina dos Espíritos, para que se lhe possa
compreender o objetivo moral e filosófico. Pela clareza e pela simplicidade do estilo,
procuramos pô-lo ao alcance de todas as inteligências. Contamos com o zelo de todos os
verdadeiros Espíritas para ajudar a sua propagação. - Allan Kardec"
Histórico do Espiritismo
Por volta de 1848, chamou-se a atenção, nos Estados Unidos, para diversos fenômenos
estranhos que consistiam em ruídos, batidas e movimento de objetos sem causa
conhecida. Esses fenômenos aconteciam com freqüência, espontaneamente, com uma
intensidade e persistência singulares; mas notou-se também que ocorriam
particularmente sob a influência de certas pessoas, às quais se deu o nome de médiuns,
que podiam de certa forma provocá-los à vontade, o que permitiu repetir as
experiências. Para isso usaram-se sobretudo mesas; não que este objeto seja mais
favorável que um outro, mas somente porque ele é móvel, é mais cômodo, e porque é
mais fácil e natural sentar-se em volta de uma mesa que de qualquer outro móvel.
Obteve-se dessa forma a rotação da mesa, depois movimentos em todos os sentidos,
saltos, reversões, flutuações, golpes dados com violência, etc. O fenômeno foi
designado, a princípio, com o nome de mesas girantes ou dança das mesas.
Até então, o fenômeno podia explicar-se perfeitamente por uma corrente elétrica ou
magnética, ou pela ação de um fluído desconhecido, e esta foi aliás a primeira opinião
formada. Mas não se demorou a reconhecer, nesses fenômenos, efeitos inteligentes;
assim, o movimento obedecia à vontade; a mesa ia para a direita ou para a esquerda, em
direção a uma pessoa designada, ficava sobre um ou dois pés sob comando; batia no
chão o número de vezes pedido, batia regularmente, etc. Ficou então evidente que a
causa não era puramente física e, a partir do axioma: Se todo efeito tem uma causa, todo
efeito inteligente deve ter uma causa inteligente, concluiu-se que a causa desse
fenômeno devia ser uma inteligência.
Qual era a natureza dessa inteligência? Era essa a questão. A primeira idéia foi que
podia ser um reflexo da inteligência do médium ou dos assistentes, mas a experiência
demonstrou logo a impossibilidade disso, porque se obtiveram coisas completamente
fora do pensamento e dos conhecimentos das pessoas presentes, e até em contradição
com suas idéias, vontade e desejo; ela só podia, então, pertencer a um ser invisível. O
meio de certificar-se era bem simples: bastava iniciar uma conversa com essa entidade,
o que foi feito por meio de um número convencional de batidas significando sim ou
não, ou designando as letras do alfabeto; obtiveram-se, dessa forma; respostas para as
diversas questões que se lhe dirigiam. O fenômeno foi designado pelo nome de mesas
falantes. Todos os seres que se comunicaram dessa forma, interrogados sobre sua
natureza, declararam ser Espíritos e pertencer ao mundo invisível. Como se tratava de
efeitos produzidos em um grande número de localidades, pela intervenção de pessoas
diferentes, e observados por homens muito sérios e esclarecidos, não era possível que
fossem um jogo de ilusão.
Da América esse fenômeno passou para a França e o resto da Europa onde, por alguns
anos, as mesas girantes e falantes estiveram na moda e se tornaram o divertimento dos
salões; depois, quando as pessoas se cansaram, deixaram-nas de lado, em busca de outra
distração.
O fenômeno não demorou a apresentar-se sob um novo aspecto que o fez sair do
domínio da simples curiosidade. Os limites deste resumo não nos permitem segui-lo em
todas as suas fases; assim passamos, sem transição, para o que ele oferece de mais
característico, para o que atraiu sobremaneira a atenção das pessoas sérias.
Que são esses Espíritos? Que papel desempenham no Universo? Com que propósito se
comunicam com os mortais? Tais eram as primeiras questões que se impunham
resolver. Soube-se logo, por eles mesmos, que não se trata de seres à parte na criação,
mas das próprias almas daqueles que viveram na Terra ou em outros mundos; que essas
almas, depois de terem despojado de seu envoltório corporal, povoam e percorrem o
espaço. Não houve mais possibilidade de dúvidas quando se reconheceram, entre eles,
parentes e amigos, com quem se pôde conversar; quando estes vieram dar prova de sua
existência, demonstrar que a morte para eles foi só do corpo, que sua alma ou Espírito
continua a viver que estão ali junto de nós, vendo-nos e observando-nos como quando
eram vivos, cercando de solicitude aqueles que amaram, e cuja lembrança é para eles
uma doce satisfação.
Geralmente fazemos dos Espíritos uma idéia completamente falsa; eles não são, como
muitos imaginam, seres abstratos, vagos e indefinidos, nem algo como um clarão ou
uma centelha; são, ao contrário, seres muito reais, com sua individualidade e uma forma
determinada. Podemos ter uma idéia aproximada pela explicação seguinte:
2.o) o corpo, envoltório material, pesado e grosseiro, que coloca o Espírito em relação
com o mundo exterior;
3.o) o perispírito, envoltório fluídico, leve, que serve de laço e intermediário entre o
Espírito e o corpo. Quando o envoltório exterior está gasto e não pode mais funcionar,
ele cai e o Espírito despoja-se dele como o fruto de sua casca, a árvore de sua crosta; em
resumo, como se abandona uma roupa velha que não serve mais; é a isso que chamamos
morte.
As batidas e movimentos são, para os Espíritos, meios de atestar sua presença e chamar
para si a atenção, exatamente como quando uma pessoa bate para avisar que há alguém.
Há os que não se limitam a ruídos moderados, mas que chegam a fazer um alarido como
de louça quebrando, de portas que se abrem e se fecham, ou de móveis derrubados.
Os Espíritos podem ainda manifestar-se de várias maneiras, entre outras pela visão e
pela audição. Certas pessoas, ditas médiuns auditivos, têm a faculdade de ouvi-los e
podem, assim, conversar com eles; outras os vêem - são os médiuns videntes. Os
Espíritos que se manifestam à visão apresentam-se geralmente sob forma análoga à que
tinham quando vivos, porém vaporosa; outras vezes, essa forma tem toda a aparência de
um ser vivo, a ponto de iludir completamente, tanto que algumas vezes foram tomados
por criaturas de carne e osso, com as quais se pôde conversar e trocar apertos de mãos,
sem se suspeitar que se tratava de Espíritos, a não ser em razão de seu desaparecimento
súbito.
A visão permanente e geral dos Espíritos é bem rara, mas as aparições individuais são
bastante freqüentes, sobretudo no momento da morte; o Espírito liberto parece ter pressa
de rever seus parentes e amigos, como para avisá-los que acaba de deixar a terra e dizer-
lhes que continua vivendo.
Que cada um junte suas lembranças, e veremos quantos fatos autênticos desse tipo, de
que não nos apercebíamos, aconteceram não só à noite, durante o sono, mas em pleno
dia e no estado mais completo de vigília. Outrora víamos esses fatos como sobrenaturais
e maravilhosos, e os atribuíamos à magia e à feitiçaria; hoje, os incrédulos os atribuem à
imaginação; mas desde que a ciência espírita nos deu a chave, sabemos como se
produzem e que não saem da ordem dos fenômenos naturais.
Acreditamos ainda que os Espíritos, só pelo fato de serem Espíritos, devem ser donos da
soberana ciência e da soberana sabedoria: é um erro que a experiência não tardou a
demonstrar. Entre as comunicações feitas pelos Espíritos, algumas são sublimes de
profundidade, eloqüência, sabedoria, moral, e só respiram bondade e benevolência; mas,
ao lado dessas, há aquelas muito vulgares, fúteis, triviais, grosseiras até, pelas quais o
Espírito revela os mais perversos instintos. Fica então evidente que elas não podem
emanar da mesma fonte e que, se há bons Espíritos, há, também, maus. Os Espíritos,
não sendo mais que as almas dos homens, naturalmente não podem tornar-se perfeitos
ao abandonar seu corpo; até que tenham progredido, conservam as imperfeições da vida
corpórea; é por isso que os vemos em todos os graus de bondade e maldade, de saber e
ignorância.
As instruções dadas pelos Espíritos de categoria elevada sobre todos os assuntos que
interessam à humanidade, as respostas que eles deram às questões que lhes foram
propostas, foram recolhidas e coordenadas com cuidado, constituindo toda uma ciência,
toda uma doutrina moral e filosófica, sob o nome de Espiritismo. O Espiritismo é, pois,
a doutrina fundada na existência, nas manifestações e no ensinamento dos Espíritos.
Esta doutrina acha-se exposta de modo completo em O Livro dos Espíritos, quanto à sua
parte filosófica; em O Livro dos Médiuns, quanto à parte prática e experimental; e em O
Evangelho segundo o Espiritismo, quanto à parte moral. Podemos avaliar, pela análise
que faremos abaixo dessas obras, a variedade, a extensão e a importância dos assuntos
que a doutrina envolve.
Como vimos, o Espiritismo teve seu ponto de partida no fenômeno vulgar das mesas
girantes; mas como esses fatos falam mais aos olhos que à inteligência, despertam mais
curiosidade que sentimento, satisfeita a curiosidade, fica-se menos interessado, na
medida de nossa falta de compreensão. A situação mudou quando a teoria veio explicar
a causa; sobretudo quando se viu que dessas mesas girantes com as quais as pessoas se
divertiram algum tempo, saia toda uma doutrina moral que fala à alma, dissipando as
angústias da dúvida, satisfazendo a todas as aspirações deixadas no vácuo por um
ensinamento incompleto sobre o futuro da humanidade, as pessoas sérias acolheram a
nova doutrina como um benefício e, a partir de então, longe de declinar, ela cresceu com
incrível rapidez. No espaço de alguns anos conseguiu adesões em todos os países do
mundo, sobretudo entre as pessoas esclarecidas, inúmeros partidários que aumentam
todos os dias em uma proporção extraordinária, de tal forma que hoje pode-se dizer que
o Espiritismo conquistou direito de cidadania. Ele está assentado em bases que desafiam
os esforços de seus adversários mais ou menos interessados em combatê-lo e a prova é
que os ataques e críticas não retardaram sua marcha um só instante - este é um fato
obtido da experiência, cujo motivo os oponentes nunca puderam explicar; os espíritas
dizem simplesmente que, se ele se propaga apesar da crítica, é que o acham bom e que
se prefere seu modo de raciocinar ao de seus contestadores.
Com efeito, o Espiritismo está fundado sobre a existência dos Espíritos, mas os
Espíritos não sendo mais que as almas dos homens, desde que há homens, há Espíritos;
o Espiritismo nem os descobriu, nem os inventou. Se as almas ou Espíritos podem
manifestar-se aos vivos, é que isso é natural e, portanto, eles devem tê-lo feito todo o
tempo; assim, em qualquer época e qualquer lugar encontramos a prova dessas
manifestações abundantes, sobretudo nos relatos bíblicos.
A própria doutrina que os espíritos ensinam hoje não tem nada de novo; é encontrada
em fragmentos na maior parte dos filósofos da Índia, do Egito e da Grécia, e inteira no
ensinamento de Cristo. Então o que vem fazer o Espiritismo? Vem confirmar novos
testemunhos, demonstrar, por fatos, verdades desconhecidas ou mal compreendidas,
restabelecer em seu verdadeiro sentido as que foram mal interpretadas.
O Espiritismo não ensina nada de novo, é verdade; mas não é nada provar de modo
patente, irrecusável, a existência da alma, sua sobrevivência ao corpo, sua
individualidade depois da morte, sua imortalidade, as penas e recompensas futuras?
Quanta gente acredita nessas coisas, mas acredita com um vago pensamento
dissimulado de incerteza, e diz em seu foro íntimo: "E se não fosse assim?" Quantos não
foram levados à incredulidade porque lhes apresentaram o futuro sob um aspecto que
sua razão não podia admitir? Então, não é nada que o crente vacilante possa dizer:
"Agora tenho certeza!", que o cego reveja a luz? Pelos fatos e por sua lógica, o
Espiritismo vem dissipar a ansiedade da dúvida e trazer de volta à fé aquele que dela se
afastou; revelando-nos a existência do mundo invisível que nos rodeia, e no meio do
qual vivemos sem suspeitar, ele nos dá a conhecer, pelo exemplo dos que viveram, as
condições de nossa felicidade ou infelicidade futura; ele nos explica a causa de nossos
sofrimentos aqui na terra e o meio de amenizá-los. Sua propagação terá por efeito
inevitável a destruição das doutrinas materialistas, que não podem resistir à evidência. O
homem, convencido da grandeza e da importância de sua existência futura, que é eterna,
compara-a com a incerteza da vida terrestre, que é tão curta, e eleva-se, pelo
pensamento, acima das mesquinhas considerações humanas; conhecendo a causa e o
propósito de suas misérias, ele as suporta com paciência e resignação, porque sabe que
elas são um meio de chegar a um estado melhor. O exemplo daqueles que vêm do além-
túmulo descrever suas alegrias e dores, provando a realidade da vida futura, prova ao
mesmo tempo que a justiça de Deus não deixa nenhum vício sem punição e nenhuma
virtude sem recompensa. Acrescentemos, finalmente, que as comunicações com os seres
queridos que perdemos acarretam uma doce consolação, provando não só que eles
existem, mas que estamos menos separados deles que se estivessem vivos num país
estrangeiro.
Como crença nos espíritos, também não se afasta de qualquer religião, ou de qualquer
povo, porque em todo lugar onde há homens há almas ou espíritos; que as
manifestações são de todos os tempos, e o relato delas acha-se em todas as religiões,
sem exceção. Pode-se, portanto, ser católico, grego ou romano, protestante, judeu ou
muçulmano, e acreditar nas manifestações dos espíritos, e conseqüentemente ser
Espírita; a prova é que o Espiritismo tem aderentes em todas as seitas.
Como moral, ele é essencialmente cristão, porque a doutrina que ensina é tão-somente o
desenvolvimento e a aplicação da do Cristo, a mais pura de todas, cuja superioridade
não é contestada por ninguém, prova evidente de que é a lei de Deus; ora, a moral está a
serviço de todo mundo.
O Espiritismo, sendo independente de qualquer forma de culto, não prescrevendo
nenhum deles, não se ocupando de dogmas particulares, não é uma religião especial,
pois não tem nem seus padres nem seus templos. Aos que indagam se fazem bem em
seguir esta ou aquela prática, ele responde: Se sua consciência pede para fazê-lo, faça-o;
Deus sempre leva em conta a intenção. Em resumo, ele não se impõe a ninguém; não se
destina àqueles que têm fé ou àqueles a quem essa fé basta, mas à numerosa categoria
dos inseguros e dos incrédulos; ele não os tira da Igreja, visto que eles se separaram dela
moralmente em tudo, ou em parte; ele os faz percorrer os três quartos do caminho para
entrar nela; cabe a ela fazer o resto.
O Espiritismo combate, é verdade, certas crenças como a eternidade das penas, o fogo
material do inferno, a personalidade do diabo, etc.; mas não é certo que essas crenças,
impostas como absolutas, sempre fizeram incrédulos e continuam a fazê-los? Se o
Espiritismo, dando desses dogmas e de alguns outros uma interpretação racional,
devolve à fé aqueles que dela desertaram não está prestando serviço à religião? Assim,
um venerável eclesiástico dizia a esse respeito: "O Espiritismo faz acreditar em alguma
coisa; ora, é melhor acreditar em alguma coisa que não acreditar em absolutamente
nada."
Os Espíritos não sendo senão almas, não se pode negar os Espíritos sem negar a alma.
Sendo admitidas as almas ou Espíritos, a questão reduzida à sua mais simples expressão
é esta: As almas dos que morreram podem comunicar-se com os vivos? O Espiritismo
prova a afirmativa pelos fatos materiais; que prova se pode dar de que isso não é
possível? Se assim é, todas as negações do mundo não impedirão que assim seja, pois
não se trata nem de um sistema, nem de uma teoria, mas de uma lei da natureza; ora,
contra as leis da natureza, a vontade do homem é impotente; é preciso, querendo ou não,
aceitar suas conseqüências, e adequar suas crenças e seus hábitos.
2. Deus criou a matéria que constitui os mundos; também criou seres inteligentes que
chamamos de Espíritos, encarregados de administrar os mundos materiais segundo as
leis imutáveis da criação, e que são perfectíveis por sua natureza. Aperfeiçoando-se,
eles se aproximam da Divindade.
5. A origem e o modo de criação dos Espíritos nos são desconhecidos; só sabemos que
são criados simples e ignorantes, quer dizer, sem ciência e sem conhecimento do bem e
do mal, mas com igual aptidão para tudo, pois Deus, em sua justiça, não podia isentar
uns do trabalho que teria imposto aos outros para chegar à perfeição. No princípio,
ficam em uma espécie de infância, sem vontade própria e sem consciência perfeita de
sua existência.
6. Desenvolvendo-se o livre arbítrio nos Espíritos ao mesmo tempo que as idéias, Deus
lhes diz: "Vocês podem aspirar à felicidade suprema, assim que tiverem adquirido os
conhecimentos que lhes faltam e cumprido a tarefa que lhes imponho. Então trabalhem
para seu engrandecimento; este é o objetivo; irão atingi-lo seguindo as leis que gravei
em sua consciência."
Em conseqüência de seu livre arbítrio, uns tomam o caminho mais curto, que é o do
bem, outros o mais longo, que é o do mal.
7. Deus não criou o mal; estabeleceu leis, e essas leis são sempre boas, porque ele é
soberanamente bom; aquele que as observasse fielmente seria perfeitamente feliz; mas
os Espíritos, tendo seu livre arbítrio, nem sempre as observaram, e o mal veio de sua
desobediência. Pode-se então dizer que o bem é tudo o que é conforme à lei de Deus e o
mal tudo o que é contrário a essa mesma lei.
8. Para cooperar, como agentes do poder divino, com a obra dos mundos materiais, os
Espíritos revestem-se temporariamente de um corpo material. Pelo trabalho de que sua
existência corpórea necessita, eles aperfeiçoam sua inteligência e adquirem, observando
a lei de Deus, os méritos que devem conduzi-los à felicidade eterna.
9. A encarnação não foi imposta ao Espírito, no princípio, como uma punição; ela é
necessária ao seu desenvolvimento e para a realização das obras de Deus, e todos devem
resignar-se a ela, tomem o caminho do bem ou do mal; só que os que seguem o caminho
do bem, avançando mais rapidamente, demoram menos a chegar ao fim e lá chegam em
condições menos penosas.
10. Os Espíritos encarnados constituem a humanidade, que não está circunscrita à Terra,
mas que povoa todos os mundos disseminados pelo espaço.
13. Em cada existência corpórea o Espírito deve cumprir uma missão proporcional a seu
desenvolvimento; quanto mais ela for rude e laboriosa, maior seu mérito em cumpri-la.
Cada existência é, assim, uma prova que o aproxima do alvo. O número de suas
existências é indeterminado. Depende da vontade do Espírito de abreviá-las,
trabalhando ativamente em seu aperfeiçoamento moral; assim como depende da vontade
do operário que tem de realizar um trabalho abreviar o número de dias para sua
execução.
14. Quando uma existência foi mal empregada, não aproveitou o Espírito, que deve
recomeçá-la em condições mais ou menos penosas, em razão de sua negligência e de
sua má vontade; assim é que, na vida, podemos ser obrigados a fazer no dia seguinte o
que não fizemos no anterior, ou a refazer o que fizemos mal.
15. A vida espiritual é a vida normal do Espírito: ela é eterna; a vida corpórea é
transitória e passageira: é apenas um instante na eternidade.
16. No intervalo de suas existências corpóreas, o Espírito é errante. Não por duração
determinada; nesse estado o espírito é feliz ou infeliz de acordo com o bom ou mau
emprego de sua última existência; ele estuda as causas que apressaram ou retardaram
seu desenvolvimento; toma resoluções que tentará pôr em prática na próxima
encarnação e escolhe, ele mesmo, as provas que considera mais adequadas ao seu
progresso; mas algumas vezes ele se engana, ou sucumbe não mantendo como homem
as resoluções que tomou como Espírito.
17. O Espírito culpado é punido pelos sofrimentos morais no mundo dos Espíritos, e
pelas penas físicas na vida corpórea. Suas aflições são conseqüências de suas faltas,
quer dizer, de sua infração à lei de Deus; de modo que constituem simultaneamente uma
expiação do passado e uma prova para o futuro é assim que o orgulhoso pode ter uma
existência de humilhação, o tirano uma vida de servidão; o rico mau uma encarnação de
miséria.
18. Há mundos apropriados aos diferentes graus de avanço dos Espíritos, onde a
existência corpórea acha-se em condições muito diferentes. Quanto menos o Espírito é
adiantado, mais os corpos de que se reveste são pesados e materiais; à medida em que se
purifica, passa para mundos superiores moral e fisicamente. A Terra não é o primeiro
nem o último, mas um dos mundos mais atrasados.
19. Os Espíritos culpados são encarnados em mundos menos adiantados, onde expiam
suas faltas pelas tribulações da vida material. Esses mundos são para eles verdadeiros
purgatórios, dos quais depende deles sair, trabalhando em seu progresso moral. A Terra
é um desses mundos.
20. Deus, sendo soberanamente justo e bom, não condena suas criaturas a castigos
perpétuos pelas faltas temporárias; oferece-lhes em qualquer ocasião meios de progredir
e reparar a mal que elas praticaram. Deus perdoa, mas exige o arrependimento, a
reparação e o retorno ao bem, de modo que a duração do castigo é proporcional à
persistência do Espírito no mal; conseqüentemente, o castigo seria eterno para aquele
que permanecesse eternamente na mau caminho, mas, assim que um sinal de
arrependimento entra no coração do culpado, Deus estende sobre ele sua misericórdia.
A eternidade das penas deve assim ser entendida no sentido relativo, e não no sentido
absoluto.
21. Os Espíritos, encarnando-se, trazem com eles o que adquiriram em suas existências
precedentes; é a razão por que os homens mostram instintivamente aptidões especiais;
inclinações boas ou más que lhes parecem inatas.
As más inclinações naturais são os vestígios das imperfeições do Espírito, dos quais ele
não se despojou inteiramente; são também os indícios das faltas que ele cometeu, e o
verdadeiro pecado original. A cada existência ele deve lavar-se de algumas impurezas.
22. O esquecimento das existências anteriores é uma graça de Deus que, em sua
bondade, quis poupar ao homem lembranças freqüentemente penosas. Em cada nova
existência, o homem é o que ele fez de si mesmo; é para ele um novo ponto de partida -
ele conhece seus defeitos atuais, sabe que esses defeitos são a conseqüência dos que
tinha, tira conclusões do mal que pôde ter cometido, e isso lhe basta para trabalhar,
corrigindo-se. Se tinha outrora defeitos que não tem mais, não tem mais que preocupar-
se com eles; bastam-lhe as imperfeições presentes.
23. Se a alma ainda não existiu, é que foi criada ao mesmo tempo que o corpo; nessa
suposição, ela não pode ter nenhuma relação com as que a precederam. Pergunta-se,
então, como Deus, que é soberanamente justo e bom, pode tê-la feito responsável pelo
erro do pai do gênero humano, maculando-a com um pecado original que ela não
cometeu. Dizendo, ao contrário, que ela traz ao renascer o germe das imperfeições de
suas existências anteriores, que ela sofre na existência atual as conseqüências de suas
faltas passadas, dá-se do pecado original uma explicação lógica que todos podem
compreender e admitir, porque a alma só é responsável por suas próprias obras.
24. A diversidade das aptidões inatas, morais e intelectuais, é a prova de que a alma já
viveu; se tivesse sido criada ao mesmo tempo que o corpo atual, não estaria de acordo
com a bondade de Deus ter feito umas mais avançadas que as outras. Por que selvagens
e homens civilizados, bons e maus; tolos e brilhantes? Dizendo-se que uns viveram
mais que os outros e mais adquiriram, tudo se explica.
25. Se a existência atual fosse única e devesse decidir sozinha sobre o futuro da alma
para a eternidade, qual seria o destino das crianças que morrem em tenra idade? Não
tendo feito nem bem nem mal, elas não merecem nem recompensas nem punições.
Segundo a palavra do Cristo, sendo cada um recompensado segundo suas obras, elas
não têm direito à felicidade perfeita dos anjos, nem merecem ser dela privadas. Diga-se
que poderão, em uma outra existência, realizar o que não puderam naquela que foi
abreviada, e não há mais exceções.
26. Pelo mesmo motivo, qual seria a sorte dos cretinos, idiotas? Não tendo nenhuma
consciência do bem e do mal, não têm nenhuma responsabilidade por seus atos. Deus
seria justo e bom tendo criado almas estúpidas para destiná-las a uma existência
miserável e sem compensações? Admita-se, pelo contrário, que a alma do idiota e do
cretino é um Espírito em punição dentro de um corpo impróprio para exprimir seu
pensamento, onde ele é como um homem fortemente aprisionado por laços, e não se terá
mais nada que não seja conforme com a justiça de Deus.
27. Em suas encarnações sucessivas, o Espírito, sendo pouco a pouco despojado de suas
impurezas e aperfeiçoado pelo trabalho, chega ao termo de suas existências corpóreas;
pertence então à ordem dos Espíritos puros ou dos anjos, e goza simultaneamente da
vida completa de Deus e de uma felicidade imperturbável pela eternidade.
28. Estando os homens em expiação na terra, Deus, como bom pai, não os entregou a si
mesmos sem guias. Eles têm primeiro seus Espíritos protetores ou anjos guardiães, que
velam por eles e se esforçam para conduzi-los ao bom caminho; têm ainda os Espíritos
em missão na terra, Espíritos superiores encarnados de quando em quando entre eles
para lhes iluminar o caminho através de seus trabalhos e fazer a humanidade avançar.
Se bem que Deus tenha gravado sua lei na consciência, ele achou que devia formulá-la
de maneira explícita; mandou primeiro Moisés, mas as leis de Moisés estavam ajustadas
aos homens de seu tempo; ele só lhes falou da vida terrestre, de penas e de recompensas
temporais. O Cristo veio depois completar a lei de Moisés através de um ensinamento
mais elevado: a pluralidade das existências, a vida espiritual, mas as penas e as
recompensas morais. Moisés os conduziu pelo medo, o Cristo pelo amor e pela
caridade.
29. O Espiritismo, mais bem entendido hoje, acrescenta, para os incrédulos a evidência
à teoria; prova o futuro com fatos patentes; diz em termos claros e sem equívoco o que o
Cristo disse em parábolas; explica as verdades desconhecidas ou falsamente
interpretadas; revela a existência do mundo invisível ou dos Espíritos, e inicia o homem
nos mistérios da vida futura; vem combater o materialismo, que é uma revolta contra o
poder de Deus; vem enfim estabelecer entre os homens o reino da caridade e da
solidariedade anunciado pelo Cristo. Moisés lavrou, o Cristo semeou, o Espiritismo vem
colher.
30. O Espiritismo não é uma luz nova, mas uma luz mais brilhante, porque surgiu de
todos os pontos do globo através daqueles que viveram. Tornando evidente o que era
obscuro, põe fim às interpretações errôneas, e deve unir os homens em uma mesma
crença, porque não há senão um Deus, e suas leis são as mesmas para todos; ele marca
enfim a era dos tempos preditos pelo Cristo e pelos profetas.
31. Os males que afligem os homens na terra têm como causa o orgulho, o egoísmo e
todas as más paixões. Pelo contato de seus vícios, os homens tornam-se reciprocamente
infelizes e punem-se uns aos outros. Que a caridade e a humildade substituam o
egoísmo e o orgulho, então eles não quererão mais prejudicar-se; respeitarão os direitos
de cada um e farão reinar entre eles a concórdia e a justiça.
32. Mas como destruir o egoísmo e o orgulho, que parecem inatos no coração do
homem? - O egoísmo e o orgulho estão no coração do homem, porque os homens são
espíritos que seguiram desde o princípio o caminho do mal, e que foram exilados na
terra como punição desses mesmos vícios; é o seu pecado original, de que muitos não se
despojaram. Através do Espiritismo, Deus vem fazer um último apelo para a prática da
lei ensinada pelo Cristo: a lei de amor e de caridade.
33. Tendo a terra chegado ao tempo marcado para tornar-se uma morada de felicidade e
de paz, Deus não quer que os maus Espíritos encarnados continuem a trazer para ela a
perturbação, em prejuízo dos bons; é por isso que eles deverão deixá-la: Irão expiar seu
empedernimento em mundos menos evoluídos; onde trabalharão de novo para seu
aperfeiçoamento em uma série de existências mais infelizes e mais penosas ainda que na
terra.
Eles formarão nesses mundos uma nova raça mais esclarecida, cuja tarefa será levar o
progresso aos seres atrasados que neles habitam, pelos conhecimentos que já
adquiriram. Só sairão para um mundo melhor quando tiverem merecido, e assim por
diante, até que tenham atingido a purificação completa: Se a terra era para eles um
purgatório, esses mundos serão seu inferno, mas um inferno de onde a esperança nunca
está banida.
34. Enquanto a geração proscrita vai desaparecer rapidamente; surge uma nova geração,
cujas crenças serão fundadas no Espiritismo cristão. Nós assistimos à transição que se
opera, prelúdio da renovação moral cuja chegada o Espiritismo marca.
36. O verdadeiro Espírita não é o que crê nas manifestações, mas aquele que faz bom
proveito do ensinamento dado pelos Espíritos. Nada adianta acreditar se a crença não
faz com que se dê um passo adiante no caminho do progresso e que não o faça melhor
para com o próximo.
38. A crença no Espiritismo só é proveitosa para aquele de quem se pode dizer: hoje
está melhor do que ontem.
39. A importância que o homem atribui aos bens temporais está na razão inversa de sua
fé na vida espiritual; é a dúvida sobre o futuro que o leva a procurar suas alegrias neste
mundo, satisfazendo suas paixões, ainda que às custas do próximo.
40. As aflições na terra são os remédios da alma; elas salvam para o futuro, como uma
operação cirúrgica dolorosa salva a vida de um doente e lhe devolve a saúde. É por isso
que o Cristo disse: "Bem-aventurados os aflitos, pois eles serão consolados."
41. Nas suas aflições, olhe abaixo de você e não acima; pense naqueles que sofrem
ainda mais que você.
42. O desespero é natural para aquele que crê que tudo acaba com a vida do corpo; é um
contra-senso para aquele que tem fé no futuro.
43. O homem é muitas vezes o artesão de sua própria infelicidade neste mundo; se ele
voltar à fonte de seus infortúnios, verá que a maior parte deles são o resultado de sua
imprevidência, de seu orgulho e avidez, conseqüentemente, de sua infração às leis de
Deus.
44. A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar Nele; é aproximar-se Dele; é
pôr-se em comunicação com Ele.
45. Aquele que ora com fervor e confiança é mais forte contra as tentações do mal, e
Deus envia-lhe bons Espíritos para assisti-lo. É um auxílio que nunca é recusado,
quando é pedido com sinceridade.
46. O essencial não é orar muito, mas orar bem. Certas pessoas crêem que todo o mérito
está na extensão da prece, enquanto fecham os olhos para seus próprios defeitos. A
prece é para eles uma ocupação, um emprego do tempo, mas não uma análise de si
mesmos.
47. Aquele que pede a Deus o perdão de seus erros não o obtém senão mudando de
conduta. As boas ações são a melhor das preces, pois os atos valem mais que as
palavras.
48. A prece é recomendada por todos os bons Espíritos; é, além disso, pedida por todos
os Espíritas imperfeitos como um meio de tornar mais leves seus sofrimentos.
49. A prece não pode mudar os desígnios da Providência; mas, vendo que há interesse
por eles, os Espíritos sofredores se sentem menos desamparados; tornam-se menos
infelizes; ela exalta sua coragem, estimula neles o desejo de elevar-se pelo
arrependimento e reparação, e pode desviá-los do pensamento do mal. É nesse sentido
que ela pode não só aliviar, mas abreviar seus sofrimentos.
50. Cada um ore segundo suas convicções e o modo que acredita mais conveniente, pois
a forma não é nada, o pensamento é tudo; a sinceridade e a pureza de intenção é o
essencial; um bom pensamento vale mais que numerosas palavras, que se assemelham
ao barulho de um moinho e onde o coração não está.
51. Deus fez homens fortes e poderosos para que fossem sustentáculos dos fracos; o
forte que oprime o fraco é advertido por Deus; em geral ele recebe o castigo nesta vida,
sem prejuízo do futuro.
53. A fortuna é uma prova mais arriscada que a miséria, porque é uma tentação para o
abuso e os excessos, e porque é mais difícil ser moderado que ser resignado.
54. O ambicioso que triunfa e o rico que se sustenta de prazeres materiais são mais de se
lamentar que de se invejar, pois é preciso ter em conta o retorno. O Espiritismo, pelos
terríveis exemplos dos que viveram e que vêm revelar sua sorte, mostra a verdade desta
afirmação do Cristo: "Aquele que se orgulha será humilhado e aquele que se humilha
será elevado."
55. A caridade é a lei suprema do Cristo: "Amem-se uns aos outros como irmãos; - ame
seu próximo como a si mesmo; perdoe seus inimigos; - não faça a outrem o que não
gostaria que lhe fizessem"; tudo isso se resume na palavra caridade.
57. O pobre que divide seu pedaço de pão com um mais pobre que ele é mais caridoso e
tem mais mérito aos olhos de Deus que o que dá o que lhe é superfluo, sem se privar de
nada.
58. Aquele que nutre contra seu próximo sentimentos de animosidade, ódio, ciúme e
rancor, falta à caridade; ele mente, se se diz cristão, e ofende a Deus.
59. Homens de todas as castas, de todas as seitas e de todas as cores, vocês são todos
irmãos, pois Deus os chama a todos para ele; estendam-se pois as mãos, qualquer que
seja sua maneira de adorá-lo, e não atirem o anátema, pois o anátema é a violação da lei
de caridade proclamada pelo Cristo.
60. Com o egoísmo, os homens estão em luta perpétua; com a caridade, estarão em paz.
A caridade, constituindo a base de suas instituições, pode assim, por si só, garantir a
felicidade deles neste mundo; segundo as palavras do Cristo, só ela pode também
garantir sua felicidade futura, pois encerra implicitamente todas as virtudes que podem
levá-los à perfeição. Com a verdadeira caridade, tal como a ensinou e praticou o Cristo,
não mais o egoísmo, o orgulho, o ódio, a inveja, a maledicência; não mais o apego
desordenado aos bens deste mundo. É por isso que o Espiritismo cristão tem como
máxima: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.
Incrédulos! Podeis rir dos Espíritos, zombar daqueles que crêem em suas manifestações;
ride, pois, se ousardes, desta máxima que eles acabaram de professar e que é sua própria
salvaguarda, pois se a caridade desaparecesse da terra, os homens se entredilacerariam,
e talvez vocês fossem as primeiras vítimas. Não está longe o tempo em que esta
máxima, proclamada abertamente em nome dos Espíritos, será uma garantia de
segurança e um título à confiança, naqueles que a trouxerem gravada no coração.
Um Espírito disse: "Zombaram das mesas girantes; não zombarão nunca da filosofia e
da moral que daí decorreram". É que, com efeito, hoje estamos longe, depois de alguns
anos apenas, desses primeiros fenômenos que serviram, por um instante, de distração
para os ociosos e os curiosos. Esta moral, vocês dizem; está caduca: "Os Espíritos
deviam ter espírito bastante para nos dar algo de novo." (Frase espirituosa de mais de
um crítico). Tanto melhor! se ela está caduca; isso prova que ela é de todos os
tempos, e os homens são apenas mais culpados por não tê-la praticado, pois não há
verdadeiras verdades senão as que são eternas. O Espiritismo vem lembrá-la, não por
uma revelação isolada feita a um único homem, mas pela voz dos próprios Espíritos
que, como uma trombeta final, vêm proclamar: "Creiam que aqueles que vocês
chamam de mortos estão mais vivos que vocês, pois eles vêem o que vocês não
vêem, e ouvem o que vocês não ouvem; reconhecei, naqueles que lhes vêm falar, seus
parentes, seus amigos, e todos aqueles que vocês amaram na terra e que acreditavam
perdidos irremediavelmente; infelizes aqueles que crêem que tudo acaba com o corpo,
pois serão cruelmente desenganados, infelizes daqueles a que terá faltado caridade, pois
sofrerão o que tiverem feito os outros sofrer! Escutai a voz daqueles que sofrem e que
lhes vêm dizer: "Nós sofremos por não ter reconhecido o poder de Deus e duvidado de
sua misericórdia infinita; sofremos por nosso orgulho, nosso egoísmo, nossa avareza e
por todas as más paixões que não soubemos reprimir; sofremos por todo o mal que
fizemos ao nosso semelhante, pelo esquecimento da caridade".
Incrédulos! Dizei se uma doutrina que ensina tais coisas é digna de risos, se ela é boa ou
má! Vendo-a tão somente do ponto de vista da ordem social, dizei se os homens que a
praticam seriam felizes ou infelizes; melhores ou piores!
Artigos
Ansel Bourne desapareceu de casa em Providence, R. I., e foi dado como desaparecido
ou vítima de uma morte desconhecida; mas ele de repente acordou para sua condição
normal oito semanas depois em Norristown, Pa., Sem memória de intervalo das oito
semanas. O professor James e o Dr. Richard Hodgson o hipnotizaram e localizaram os
eventos deste período, que ele disse sob hipnose, e encontraram verdade neles.
Charles Brewin desapareceu de sua casa em Burlington, N. J., e entre a Cidade de Nova
Iorque e Plainfield, N. J., ele perdeu quatro anos num estado secundário, que não foi
descoberto por seus amigos, ignorantes da própria identidade dele; mas no fim ele
acorda de seu sono de Rip Van Winkle sem saber nada do que lhe acontecera, e voltou
depois para sua família.
Dr. Morton Prince teve um caso, que ele chama Sally Beauchamp, a qual parecia ter
quatro personalidades diferentes. Uma delas era uma criança perversa que fazia todos os
tipos de truques nas outras personalidades. Ela atraia uma delas para passear no campo
no horário do último trem, e então a acordava. A pobre vítima tinha que caminhar para
casa exausta da viagem. Sally colocava sapos e aranhas numa caixa e a deixava na
cômoda de forma que o "eu" normal entrava em histeria quando abria a caixa. Estes e
semelhantes truques e travessuras requerem um volume para contar e explicá-los. A
divisão da consciência, ou personalidade múltipla, foi a palavra cativada que
supostamente esclarecia o mistério. A teoria supernaturalista de espíritos foi deixada de
lado, e justamente suficiente, por falta de evidência. Não existia nenhuma credencial
nos fenômenos para tal explicação.
Mas há alguns anos atrás soube de um caso que oferecia a oportunidade para a
investigação e experiência adequadas. Era um que caiu nas mãos de um clérigo, também
conhecido por Dr. Walter F. Prince, aos cuidados e tratamento. Depois de visitar o caso,
eu resolvi tentar uma experiência logo que a condição da paciente permitisse. Esta
resolução não pôde ser posta em prática por anos.
Uma criança, a quem devemos chamar Doris, aos três anos e meio de idade, foi erguida
por seu pai bêbedo e lançada violentamente ao chão. O choque atordoou a criança, mas
no momento nenhum efeito mais sério seguiu-se; no dia seguinte ou depois, porém,
descobriu-se o que se sucedeu. A mãe não entendia, entretanto foi informada de uma
contusão na base do cérebro. A partir daquele momento, o caso era de personalidades
alternadas. A principal delas era chamada Margaret, e eventos provaram que existia uma
outra que se manifestava apenas no sono da menina, e foi chamada de Margaret
Adormecida. Mas existia uma que veio depois da morte da mãe. O estado normal e
primário era chamado Doris Real. Tudo o que a mãe conheceu era sobre Doris Real e
Margaret. A morte da mãe, porém, quando a criança fazia 17 anos de idade, causou o
aparecimento de outra personalidade, que foi chamada Doris Doente, porque nesta
condição a personalidade da menina estava sempre mal, entretanto ela pareceria
perfeitamente recuperar uma condição saudável no momento do retorno de Margaret ou
de Doris Real.
Do tempo que seu pai brutalmente a lançou ao solo, ela absorveu um medo mortal dele,
e de modo mais intenso pelo constante tratamento brutal dele para com ela. O pastor da
família acusou a criança de mentirosa, porque ele não entendia as mudanças dela, e o
resultado era que sempre depois ela se recusava a freqüentar a escola dominical. Num
domingo ela entrou casualmente na igreja do Dr. Prince, e a Sra. Prince ficou
interessada nela, sem saber qualquer coisa sobre o estado real das coisas, a não ser que
ela tinha algo de adoentada. Finalmente despertou-se no Dr. Prince o interesse
psicológico no caso, como também sua necessidade de caridade e cuidado. Ele achou
que Doris provavelmente nunca poderia sarar-se, visto que ela ficava com o pai, que
ainda brutalmente abusava dela. Ele então resolveu adotá-la em sua família, e
prosseguiu estudar-lhe e tentar uma cura. Primeiro ele começou a dissolver a
personalidade Doris Doente, e depois deste sucesso, ele eliminou Margaret; mas ele não
conseguia remover Margaret Adormecida, à medida que esta personalidade tinha sido
útil na dissipação das outras personalidades, e alegava ser um "espírito", como fez Sally
no caso Beauchamp.
A personalidade primária, Doris Real, estava aparentemente bem e era uma pessoa
normal, e nunca houve qualquer sinal de lesão ou degeneração física, exceto na
personalidade de Doris Doente, quando náuseas e outros sintomas anormais se
manifestaram nela. Mas Margaret era uma perfeita travessa e a personificação do mal.
Ela pegava cavalos de um estábulo e passeava pela cidade ou pelo campo para
satisfação de seu coração, mas muito para o aborrecimento dos donos, entretanto ela
sempre retornava com os cavalos. Ela descia para o embarcadouro e tentava atravessar o
rio, sentada na extremidade do barco; mas se os homens tentassem adiar, ela empinava
seus saltos e se lançava para trás na água, assustando todo mundo. Mas ela era uma
especialista em natação, e nunca sofreu qualquer perigo real. Ela pegava objetos onde
ela trabalhava, e escondia-os numa gaveta. Quando o "eu" normal era acusado de roubo,
natural e honestamente negava a acusação. Ela escrevia notas para o "eu" normal, como
o único modo de alcançá-lo. Doris Doente, resultada da morte da mãe, era uma
personalidade muito boba. Ela não sabia o que era a morte e não entendia o enterro ou o
luto de amigos, entretanto Doris Real preparou o corpo da mãe para o enterro. Doris
Doente não sabia os nomes dos objetos dela, e não podia falar uma palavra. Margaret
preparou-se para ensinar os nomes das coisas, e como inteligentemente conversava. No
curso disso, Margaret absorveu uma hostilidade amarga para Doris Doente, e costumava
fazer todo tipo de travessura imaginável nela, tão ruim quanto aquela protagonizada por
Sally nas outras personalidades do caso Beauchamp. A morte da mãe transferiu os
trabalhos domésticos a Doris, e isto piorou o assunto, especialmente quando as
crueldades do pai eram acrescentadas. Deixe-me citar uma consideração do Dr. Walter
F. Prince.
Entre as disputas destas duas personalidades, a personalidade normal aparecia por cinco
ou dez minutos, e às vezes mais tempo. Mas Doris Doente e Margaret controlaram a
maior parte da vida da menina por cinco anos diretamente sob a observação do Dr.
Prince, o pai adotivo. O tempo todo Margaret Adormecida ficava ao fundo, e surgia
apenas no repouso da menina, entretanto era sempre consciente do que estava
acontecendo em ambas as personalidades, e era a fonte de muito do que o Dr. Prince
aprendeu sobre as experiências da menina antes dela chegar-lhe. Além disso, ela
orientava o tratamento do caso para sua cura em muitas de suas descrições. A princípio
ela não deixava nenhuma alegação de ser um "espírito," mas finalmente, se devido à
sugestão ou não, isto não foi determinável, ela alegou ser um "espírito", ainda que não
pudesse lembrar de nenhuma vida passada nesta Terra ou em outro lugar. Margaret
aparentemente não conhecia nada sobre esta Margaret Adormecida, enquanto esta sabia
tudo sobre aquela, como também sobre Doris Doente. Doris Doente gradualmente foi
dissipada, e depois Margaret deixou Margaret Adormecida no castelo. Foram requeridos
dois volumes para registrar todos os fatos, inclusive as excitantes experiências das
diferentes personalidades e os incidentes desagradáveis do processo de cura. Mas o
resultado final foi de uma mulher normal e saudável, sem sinais de dissociação. A única
coisa que um observador agudo notaria seria a imaturidade mental da menina, o que é
bastante explicável pelo fato das personalidades anormais ocuparem a parte principal da
vida dela, e as experiências e a educação daquelas não eram transferidas para o "eu"
normal, exceto uma parte daquelas de Doris Doente.
Até agora não existe nada no caso que ou prove ou sugira qualquer coisa além daquilo
já conhecido como dissociação ou personalidades múltiplas. A consciência da menina
seria descrita como "divida", seja o que for o que esta expressão realmente queira dizer.
De fato, pode significar nada mais de que amnésia ocorre entre as várias personalidades.
Mas isto não é totalmente verdade.
Mais ou menos existia uma intercognição entre elas, e às vezes uma co-consciência,
enquanto Margaret Adormecida parece ter memória das experiências de todas elas. Mas,
como disse, existia freqüentemente dissociação ou amnésia habitual entre as várias
personalidades, de forma que isto pode ser o único significado provável do termo
"consciência dividida". Ocasionalmente na personalidade de Margaret aconteciam
alguns incidentes sugestivos de leitura mental, mas não em quantidade ou qualidade
suficientes para proporcionarem prova científica. Mas não havia nenhum rastro de
fenômenos que pudessem passar por comunicação com os mortos, e nada sugeria ao
psicólogo qualquer coisa como obsessão demoníaca, na medida em que os padrões de
evidência para tal doutrina estejam relacionados. As várias formas de histeria e de
dissociação seriam o único diagnóstico que qualquer médico ou psiquiatra respeitáveis
proporiam para tal caso.
O próximo passo na investigação foi o mais importante. Eu cruzei com três outros casos
que seriam ou já tinha sido diagnosticados por médicos ou psicólogos como paranóia ou
histeria, e eu mesmo daria a mesma explicação aos fatos, se não tivesse corrido-me que
o método de "referência cruzada" poderia trazer alguns fatos para a luz lançada nas
perplexidades da dissociação e da personalidade múltipla. Os fatos que me levaram a
isto estavam em três casos que caíram sob minha advertência.
Um homem jovem que nunca pintara chegou a fazer quadros tão bem que eram
vendidos por bons preços por seu mérito artístico somente, e compradores, que não
sabiam como eles eram produzidos, pensavam que o homem estava copiando os
quadros de Robert Swain Gifford, que estava morto. Aquele rapaz fazia sua pintura
depois da morte de Gifford, e sete meses antes dele saber do falecimento deste artista.
Outro sujeito, uma senhora desta vez, estava escrevendo histórias professando vir do
falecido Frank R. Stockton, tão caracterizada que Henry Alden, o editor do Harper's
Monthly, e outro cavalheiro que fez um estudo de Stockton, acharam que havia muita
caracterização. Outra senhora, a qual não tinha nenhuma educação à música, estava
compondo por escrita automática e que professava ser influenciada pela falecida Emma
Abbott. Três outros casos tiveram experiências semelhantes, e além de meia dúzia de
casos diagnosticados como paranóia ou outra forma de loucura foram submetidos à
mesma investigação, e proporcionaram o mesmo resultado.
O método que assim demonstrou ser tão bem sucedido foi aplicado ao caso de Doris
com a esperança que poderíamos encontrar alguma luz lançada em suas personalidades.
O caso nunca tinha sido publicamente mencionado. Doris viveu a primeira parte de sua
vida na parte oeste da Pensilvânia e depois na Califórnia. Eu tive então uma
oportunidade excepcionalmente boa para tentar a experiência sob as melhores condições
que ocultariam todos os fatos dos psíquicos. Eu trouxe a menina da Califórnia e a
mantive fora da cidade onde as experiências tinham que ser feitas. Eu a apresentei a
psíquica apenas depois que eu colocava esta em transe, e nenhum vez eu permiti a
psíquica vê-la, seja no estado normal ou no de transe. Realmente, ela não podia vê-la,
estando em seu estado normal, uma vez que eu mantinha o sujeito atrás dela, e o sujeito
deixava o aposento antes do transe terminar. Neste momento a menina estava
perfeitamente normal, tão saudável quanto alguém poderia esperar. O seguinte foi o
resultado registrado na escrita automática da psíquica, e isso resume um volume dos
dados mais interesses que qualquer sumário pode fornecer:
Eu não fiz nenhuma pergunta, e não fiz nenhuma sugestão às informações. Eu permiti
os controles tomarem o próprio curso deles. O primeiro comunicador foi a mãe da
menina, que morrera mais ou menos oito anos antes. Ela chamava sua filha por um
nome carinhoso, e o nome que representava as últimas palavras do pai moribundo. Ela
logo mostrou conhecimento da enfermidade e da melhora da menina, e então continuou
a provar sua identidade por muitos pequenos incidentes em suas vidas em comum, de
fato, despejando tais incidentes até o pai adotivo estar surpreso com a abundância e
pertinência. Eu não sabia nada sobre eles, e o pai adotivo estava morando a três mil
milhas do lugar onde as sessões estavam sendo realizadas.
Depois que isto fora terminado, um incidente notável aconteceu. Dr. Richard Hodgson,
que morreu em 1905 e que desde então ostensivamente tinha sido um comunicador
freqüente por esta psíquica, professou se comunicar, e comparou o caso com aquele de
Sally Beauchamp, com o qual disse ter experimentado. Isto era verdade, e ele também
chamava o Dr. Morton Prince como a pessoa que havia se encarregado do caso. Embora
a psíquica tenha lido o livro do Dr. Morton Prince sobre aquele caso, ela mesma não viu
o sujeito presente, e não ouviu uma palavra sobre isto. Eu levei este caso a psíquica
porque eu sabia de suas afinidades com aquele de Sally Beauchamp. Mas o incidente
mais importante, como a seqüência mostrou, foi a alusão a uma criança próxima a
menina com quem nós devíamos ter que considerar. Eu fui informado que um dos
controles da psíquica tinha descoberto aquela criança, e presentemente eu fui mais
adiante avisado que aquela criança era uma índia. Não existia qualquer indicação na
vida e nos fenômenos de Doris que tal personalidade estava ligada a ela. Mas evidência
suficiente veio de modo abundante mais tarde. Então, após este episódio, apareceu um
dos guias da menina. Depois de Margaret e Doris Doente terem sido eliminadas, a
menina começou a desenvolver escrita automática, e isto havia sido aludido pela
presente psíquica, e a pessoa que disse ser responsável pelo desenvolvimento de Doris
como uma automatista foi uma senhora francesa. Pela psíquica alguma francesa foi
usada; e vários incidentes dados foram recebidos pela prancheta através de Doris. Eles
confirmavam o processo que havia sido empregado para corrigir o estado que prevalecia
sobre a menina. Foi uma substituição dos controles piores por melhores.
Enquanto isso eu estava curioso para testar as alegações de Margaret Adormecida. Ela
insistia em ser considerada um espírito. Mas nenhum rastro dela chegou nas
comunicações da primeira série de sessões. Eu então deixei Doris em Nova Iorque, e
realizei algumas sessões em nome dela em Boston, durante sua ausência. Em minhas
experiências com Margaret Adormecida em Nova Iorque, ela desculpou de seu fracasso
em se comunicar em Boston ao dizer que tinha aberto a mão para outros presentes e
pleiteou em defesa de seu fracasso por ter que vir quando Doris não estava presente nas
sessões, que ela não podia deixar Doris, de quem ela alegava ser o principal "guarda" ou
guia. Mas ela prometeu tentar se comunicar, se eu aceitasse levar Doris a Boston. Eu fiz
isso nas sessões seguintes, mas nenhum rastro de Margaret Adormecida veio. Nenhuma
personificação dela foi tentada. Eu então tentei outra invenção. Lembrando que foi um
dos controles da psíquica que pareceu ter descoberto Minnehaha, eu me preparei para
ter uma sessão especial com este controle. Eu tive que ocultar tanto meu objetivo quanto
o meu assistente da psíquica, enquanto também tive que preparar para que Margaret
Adormecida estivesse "do lado de fora": isto é, manifestando-se. Isto poderia acontecer
apenas durante o sono de Doris, o sujeito. Conseqüentemente eu organizei com a
psíquica uma sessão à noite na casa de um amigo meu. Eu de propósito deixei a
impressão, ao dar o nome da família, que poderia ser para alguém na casa. Enquanto
isso, eu combinei com meu amigo para entreter Doris a noite toda. No início, vi que
Doris foi para a cama às 9 horas. Depois disso eu fui encontrar a psíquica, e a trouxe a
casa, onde eu a deixei no quarto abaixo até ver que Doris estava dormindo e coberta de
forma que nem eu poderia ser visto. Nenhuma parte de seu corpo ou rosto era visível.
Eu então trouxe a psíquica ao quarto, e em seguida o transe emergiu e ela via a mesma
pequena índia que tinha sido vista ao redor de Doris nas sessões regulares, e tentou
pegar seu nome. Ela conseguiu corretamente através de símbolos, mas não o nome
exato como eu tinha recebido. Ela via água e risos, mas não os conectava a um nome.
Ela continuava mencionando que um número grande de incidentes havia sido
mencionado no transe mais profundo nas sessões regulares, e finalmente, quando eu a
pedi para conversar com a menina adormecida, ela fez isso, e eu então a pedi para me
dizer com quem ela estava conversando. Ela disse, e confirmou a afirmação, que era "o
espírito da própria menina, metade fora e metade dentro, e que, apenas se ele saísse
mais distante, ela poderia se comunicar com o 'espírito '".
Assumindo isto como correto, significa que o desenvolvimento da menina como uma
médium não era ainda apropriado, e a situação explicava suficientemente por que eu não
tinha escutado de Margaret Adormecida. No dia seguinte, nas sessões regulares, o
assunto foi levantado, e no curso de várias sessões eu fui informado que existiam duas
Margarets no caso, e uma deles parecia ser a Margaret que aparecia no sono, e que ela
não era um espírito desencarnado, mas o "próprio espírito da menina". Aqui novamente
nós tivemos a explicação de seu fracasso em se comunicar como uma realidade
desencarnada. Mais tarde eu fiz uma investigação para conhecer por que Margaret
Adormecida alegava ser um espírito; e Edmund Gurney - que eu investiguei, e que
morreu em 1888 na Inglaterra, sendo a existência e a morte dele completamente
desconhecidas da psíquica - professava comunicar-se, respondendo que, da mesma
maneira que muitos espíritos sofriam da ilusão de estarem ainda vivos e em contato com
o mundo físico, Margaret Adormecida, o subconsciente de Doris, tinha uma ilusão
semelhante sobre ser um espírito, porque ela não estava num transe suficientemente
profundo para perceber a real situação. Esta visão confirmava exatamente a teoria que
outros casos me sugeriram, e era consistente com a atitude geral de Margaret
Adormecida. Além disso, nós devemos lembrar que Margaret Adormecida nunca alegou
ter vivido antes, e Doris tinha estas idéias de negação em ser um espírito, que ela não
pensava ter visto um espírito quando observou uma aparição de sua mãe depois da
morte desta. Ela pensava que era sua mãe, não um espírito.
Com a natureza de Margaret Adormecida resolvida, a próxima tarefa era decidir sobre o
status de Margaret. Que já havia sido insinuada, ao dizer que ela era um espírito
desencarnado. Os controles, com Minnehaha, então apareceram também, trouxeram
Margaret, e a fizeram confessar ter influenciado Doris no estado Margaret a fazer
muitas coisas que pessoas de bom senso teriam feito, mas que não lidaram com as
causas reais; a culpou de todos os tipos de mentira e de roubo, e Margaret confessou que
ela fez tudo, e contou algumas das coisas que ela mandava a menina fazer. Os fatos
foram verificados pelo testemunho do Dr. Walter Prince, o pai adotivo de Doris.
Assim que este resultado foi efetivado, os controles aproveitaram a ocasião para
tencionar o significado da conclusão que seria tirada da prova que Margaret era um
espírito e um agente obsessor na vida da menina. Eles não estavam satisfeitos em provar
que um espírito estava ao fundo da personalidade Margaret, e começaram a estudar a
tarefa de mostrar que esta era uma mera ferramenta de um grupo mais importante que
ela, e que o caso era (1) um exemplo no qual um organizado bando de más influências
estava tentando determinar a vida da menina para a maldade, e (2) que as condições
manifestadas neste exemplo eram apenas uma ilustração do que estava acontecendo em
milhares de casos que eram tratados como loucura, mas que era perfeitamente curável,
se a comunidade médica abrisse sua mente para a situação.
Muito antes ao trabalho que estava esclarecendo o que estava havendo em torno da
menina, os controles, que professaram ser o grupo Imperator que dirigiram os trabalhos
do Dr. Hodgson quando vivo, indicaram que existia uma importante personalidade
histórica na cabeça da organização culpada de influenciar a menina ao mal.
Muito para minha surpresa, soube que a psíquica nunca tinha ouvido falar no Conde
Cagliostro ou no romance Diamond Necklace, e isto ficou plausível o suficiente quando
eu depois descobri que ela nunca havia lido qualquer coisa sobre a Revolução francesa,
salvo em Carlyle, e neste apenas em deferência aos gostos de um amigo. Neste trabalho,
Carlyle não diz nada sobre o romance de Diamond Necklace, salvo apenas uma
referência a ele, dando o nome de Cagliostro. Ele (Carlyle) debateu isso em seus
ensaios, mas ela nunca os viu. Além disso, eu obtive o nome real de Cagliostro, Joseph
Balsamo, até a pronúncia dele, que não era disponível para qualquer autoridade, exceto
num Webster antigo, e vários episódios na vida dele, especialmente o nome de seu
cunhado, que era alcançado somente num trabalho francês difícil de conseguir; além
disso, a psíquica não era capaz de ler francês.
Aqui está um caso de dissociação causado por ato brutal do pai que resulta numa forma
de personalidade múltipla a qual os médicos consideram como incurável e certos para
terminar no manicômio e na morte. Foi variavelmente diagnosticado como paranóia e
demência precoce, mas, sob a paciência e o cuidado de um clérigo, ela foi curada, e a
menina tornou-se uma pessoa perfeitamente saudável, capaz de continuar um grande
negócio avícola e ser vice-presidente de uma associação avícola no município onde
morava, presidindo suas reuniões com inteligência e compostura. Assim que ela foi
curada, experiências com uma psíquica parecem mostrar ser um caso de obsessão
espiritual, com a identidade das partes afetando sua prova. A mediunidade começou a
desenvolver-se como um meio de evitar a continuação da perversa obsessão. Esta
mediunidade prosseguiu junto com uma vida normal e saudável.
Artigos
De tanto repetir-se uma mentira, muitas vezes ela passa a ser tida como verdade. Das
muitas inverdades que se têm dito acerca da C.E.P.A. uma tem sido, ultimamente,
repetida tão freqüentemente que recomenda se faça, aqui, um repto, para que não passe,
definitivamente, para o rol das pretensas verdades: "a C.E.P.A. não
aceita 'O Evangelho segundo o espiritismo'"!
Mas o respeito que sempre devotamos à obra de Kardec não nos impede, e, antes, nos
obriga a reconhecer que dentre todos os excelentes livros que publicou, um pontifica
como o mais importante: "O livro dos espíritos". Primeira de suas obras publicadas,
revista e ampliada poucos anos após por seu próprio autor, é esse o livro fundamental da
doutrina espírita. Resultado de um amplo exercício dialético estabelecido entre Kardec e
os espíritos, através de médiuns da maior confiabilidade e em vários pontos da
geografia mundial, "O livro dos espíritos" é uma grandiosa síntese das propostas de
caráter científico, filosófico e moral do espiritismo. Todos os demais lhe são
complementares, dedicando-se, com igual zelo, a aspectos doutrinários ou instrumentais
mais específicos. "O Evangelho segundo o espiritismo", por exemplo, enfoca aspectos
morais e éticos do espiritismo, analisando-os em consonância com os ensinos de Jesus
de Nazaré. Ao ser editada essa obra, as bases fundamentais da moral e da ética espírita
já estavam claramente expostas na 3ª parte de "O livro dos espíritos", sob o abrangente
título de "Das leis morais", identificadas por Kardec e os espíritos como expressões da
própria lei natural ou divina e, por isso, "eternas e imutáveis". "O Evangelho segundo o
espiritismo" tem, assim, caráter de complementaridade, o que não reduz sua
importância, especialmente considerando a inserção histórica e geográfica do
espiritismo num mundo de tradição cristã.
Essa análise, que não é da C.E.P.A., mas de todos os espíritas que respeitam, estudam e
buscam interpretar a obra de Kardec num contexto histórico e social, não implica em
menosprezo a qualquer de suas obras ou afirmações, embora não as tornando imunes a
eventuais críticas pontuais, levando-se em conta as naturais influências relativas a
tempo, lugar, cultura, tradições filosóficas ou religiosas que impregnam livros, textos,
mensagens ou afirmações de Kardec ou dos espíritos, nas chamadas obras básicas.
Afinal de contas, a chamada "revelação espírita" foi um trabalho de homens
(encarnados e desencarnados) e não de deuses.
Aquele que não assumir perante o espiritismo, ou qualquer outra proposta cultural, uma
postura crítica corre o risco de simplificações facilmente deturpadoras que levam ao
sectarismo, ao fanatismo e à intolerância. Uma atitude totalmente acrítica, por exemplo,
é aquela que leva muitos espíritas a superdimensionar os evangelhos ou os chamados
"valores cristãos" dentro do espiritismo, de tal forma que, ao invés de interpretar o
"Evangelho segundo o espiritismo", interpretam o Espiritismo segundo o Evangelho,
ou, segundo o cristianismo. Subordinam, dessa forma, uma proposta moderna,
universalista, construída com vocação permanentemente progressista e atualizável, a
uma cultura que, em seus 2.000 anos de existência, teve altos e baixos e que terminou
cristalizando condutas e conceitos tidos pela cristandade como "evangélicos", mas
claramente distanciados da mensagem original de Jesus, nem sempre se coadunando,
também, com a ética universal, arreligiosa, laica, igualitária, fraterna e espiritual, hoje
aspirada pelos povos.
Freqüentemente, também, têm-se acusado a C.E.P.A. de afirmar que "a moral espírita é
superior à moral de Jesus". Ora, na mesma ordem de raciocínio, não cabe supremacia de
uma sobre a outra: a moral espírita não é superior nem inferior à moral de Jesus. É
exatamente a mesma, com uma vantagem de relevância meramente cronológica: por
estar o espiritismo inserido na modernidade e por se propor a tornar- se expressão de
perene contemporaneidade, assimilou os grandes valores humanistas conquistados
justamente em oposição à opressão religiosa que a cristandade instaurou em nossa
história. Essas características lhe dão mobilidade e transformabilidade, fazendo-o capaz
de se utilizar dos signos de seu tempo e de se adaptar ao avanço da ciência, à
mutabilidade da linguagem e da cultura e aos padrões socioculturais hodiernos.
Essa é a visão que a C.E.P.A. tem divulgado com toda a clareza, explicitando, também,
que há uma nítida distinção entre Jesus e cristianismo, o que nos leva a reafirmar
estarmos totalmente com os ensinos morais do Nazareno, o que não implica aceitarmos
a adjetivações dadas ao espiritismo de "cristão" ou "evangélico".
Quem não for capaz de entender isso que siga dizendo que o espiritismo é "o
cristianismo redivivo", "a terceira revelação divina", etc., mas que o faça sem violentar
a verdade dos fatos e sem distorcer palavras alheias, mantendo postura minimamente
ética no debate de idéias.
Nesses mesmos órgãos, e nas sucessivas edições da revista "América Espírita", que tem
circulação mundial, relacionam-se com freqüência as dezenas de federações, centros
espíritas, associações espíritas, bibliotecas, centros culturais e pessoas físicas que, na
América (e agora também na Espanha e França) têm vínculos institucionais com a
CEPA.
Esse nosso perfil não se compatibiliza com agressões, com manifestações de baixo
nível, fundadas no "diz-que diz-que". Admitimos que o espiritismo é um pensamento
em constante construção, a partir dos fundamentos básicos expostos na obra de Kardec.
Daí haver um espaço amplo para o debate, para a atualização constante, mas sempre em
termos respeitosos, democráticos, abertos.
Isso representa a palavra oficial e autêntica do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre,
órgão responsável pelo jornal Opinião, e da Confederação Espírita Pan-Americana que
edita o encarte aludido.
Tanto um como outro desses órgãos estão à disposição para a publicação de matérias
que se inspirem nesses pressupostos de respeito ao pensamento espírita e que, de
alguma forma, contribuam com esse ideal de unidade do pensamento espírita, naquilo
que lhe é essencial. Não abriremos espaço, entretanto, jamais, para o debate estéril,
agressivo, semeador da desunião ou voltado para a difamação ou para a calúnia. Quem
preferir esse caminho, continuará falando sozinho.
Artigos
O ingresso de espíritas que vieram à lista para conhecer o pensamento da CEPA e que,
antes, jamais haviam tido qualquer contato com a Confederação Espírita Pan-
Americana, me levaram a fazer uma entrevista com o presidente da CEPA, Milton R.
Medran Moreira, reunindo exatamente algumas indagações que foram endereçadas por
participantes da lista:
· O que é a CEPA?
Entrevista
Cynthya – Este veículo da Internet, um grupo de discussão patrocinado pela CEPA, tem
atraído espíritas de diferentes regiões do mundo, e especialmente do Brasil, que pouco
ou nada conhecem da história e do pensamento da Confederação Espírita Pan-
Americana. Eles perguntam resumidamente o que é a CEPA, qual sua história e quais
seus objetivos e, muito particularmente, qual a relação histórica da CEPA com o
movimento espírita brasileiro, já que só há muito pouco tempo passaram a ouvir falar
nela, dentro do movimento espírita do Brasil. Você poderia, Milton, lhes esclarecer
brevemente sobre esses pontos?
A ausência formal da FEB junto à CEPA, entretanto, não significou a ausência do Brasil
na CEPA. Desde seu Congresso de fundação, intelectuais espíritas contribuíram
eficazmente na formação e na trajetória da CEPA, especialmente através de uma
instituição que hoje não mais existe no Brasil, que foi a Liga Espírita do Brasil. E foi
exatamente no Rio de Janeiro, promovido pela Liga Espírita do Brasil, que se realizou o
II Congresso Espírita Pan-Americano em 1949. Dele participaram personalidades como
Aurino Barbosa Souto, Deolindo Amorim (que foi o Secretário Geral do Congresso),
Artur Lins de Vasconcellos, Carlos Imbassahy, Lauro Sales, Francisco Klörs Werneck,
Campos Vegal, Leopoldo Machado e Delfino Ferreira. Este último foi eleito Presidente
da CEPA no Congresso do Rio de Janeiro.
Uma das conclusões desse Congresso versou exatamente sobre a "questão religiosa", e
se expressou nestes termos: "Considerando que a religião é matéria de foro íntimo, não
podendo, portanto, ser determinada por normas e regras humanas; considerando que
ainda não existe unanimidade quanto à maneira de interpretar o Espiritismo frente ao
problema religioso, o Congresso não estabelece normas a respeito e resolve dar plena
liberdade nesse sentido, afirmando, entretanto, os aspectos científico e filosófico do
Espiritismo, segundo a codificação de Allan Kardec, tendo por base moral os ensinos de
Jesus...".
Milton – É verdade. Por isso, e especialmente, pela convicção assumida pela FEB,
presente no livro "Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho", de que o Brasil
teria essa "missão divina" de conduzir e coordenar o movimento espírita mundial, a
FEB historicamente sempre manteve um distanciamento da CEPA. Em seguida, o
chamado "Pacto Áureo" (um grande movimento de unificação do movimento espírita,
comandado pela FEB, e que, casualmente, foi assinado aproveitando-se a presença de
lideranças espíritas no Congresso da CEPA no Rio de Janeiro, em 1949) terminou por
decretar o fim da Liga Espírita Brasileira que, no processo de unificação resultou
enfraquecida. Desaparecida a Liga, a CEPA restou sem base no Brasil. Apesar disso, daí
por diante, a CEPA sempre buscou um relacionamento fraterno com a FEB, convidando
sistematicamente seus dirigentes, que se faziam presentes à maioria dos Congressos
Espíritas Pan-Americanos promovidos pela CEPA.
Milton – Bem, no início da década de 90, sob o impulso da FEB, criou- se o Conselho
Espírita Internacional – CEI – que pretendeu, seguindo uma clara inspiração evangélica
de nítida feição febeana, coordenar e unificar o movimento espírita internacional. A
partir desse momento, explicitamente, a FEB passou a mostrar seu desagrado com a
presença da CEPA no movimento. Essa situação teve seu ápice em 1994, quando a
CEPA promoveu algumas ações visando concretamente criar uma base mais forte no
Brasil. Presidia então a CEPA o venezuelano Jon Aizpúrua que enviou uma circular ao
movimento espírita brasileiro (que, a essa altura, muito pouco conhecia da CEPA)
clarificando as posições doutrinárias, nitidamente kardecistas e livre-pensadoras da
Confederação e convidando os espíritas brasileiros e suas instituições que concordassem
com essas suas históricas posições a ingressassem na CEPA como instituições adesas,
filiadas ou que, pessoalmente, os espíritas com essa visão se associassem à CEPA. A
FEB reagiu indignada a essa manifestação da CEPA. Em editorial publicado no
Reformador de setembro de 1994 qualificou a circular da CEPA como uma tentativa de
"divisão do Movimento Espírita brasileiro", representando "intervenção indevida,
indigna das práticas doutrinárias, que fere os princípios éticos mais elementares de
união e de fraternidade".
Milton - A FEB deixou claro que não via legitimidade da CEPA em atuar no Brasil,
como a dizer que aqui era seu território exclusivo. Depois, em editorial ainda mais
incisivo, publicado no Reformador de novembro de 1994, com o título de "O trigo e o
joio" (o trigo seriam os "espíritas cristãos" e o joio os demais), assim se expressou:
"Ainda há pouco o Movimento Espírita brasileiro experimentou injustificável agressão,
partida de instituição que pretende liderar o movimento espírita nas Américas, mas que
age de forma antiética e autoritária na defesa de interpretação restitiva da Doutrina".
Ora, é evidente que, com essas manifestações, as relações entre a CEPA e a FEB se
tornaram muito delicadas. Nesse ponto, já diversas instituições espíritas estavam
aderindo formalmente à CEPA e aqui se realizaria o Congresso de 2.000, em Porto
Alegre, onde tive a honra de ser eleito presidente. Com alguns meses de antecedência, o
presidente da Comissão Organizadora do Congresso, Salomão Jacob Benchaya, enviou
atenciosa carta ao presidente da FEB convidando-o para aquele conclave, que teria
como tema central "Deve o Espiritismo Atualizar-se?". Seu presidente de então, Juvanir
Borges de Sousa, respondeu a carta, agradecendo o convite, mas dizendo que a FEB não
compareceria a um congresso que pretendia atualizar o Espiritismo, tarefa para a qual só
teriam legitimidade, no entendimento da FEB, os "Espíritos Superiores". Na mesma
oportunidade, a Federação Espírita do Rio Grande do Sul, também convidada, reagiu ao
convite com uma circular ao movimento espírita do Rio Grande do Sul recomendando
que não comparecessem ao congresso.
Cynthya – Vê-se, então, que, pelo menos dois pontos ficam bem claros relativamente a
divergências doutrinárias entre a FEB, e com ela o movimento espírita evangelico do
Brasil, e a CEPA: 1º, a CEPA não considera o Espiritismo uma religião, diferentemente
da FEB para quem o Espiritismo tem fundamentalmente um caráter religioso; 2º, a idéia
da atualização, defendida pela CEPA em seus últimos eventos (Porto Alegre e São
Paulo), também é rejeitado pela FEB . É isso?
Milton – Ocorre que para nós, da CEPA, não parece que essas questões sejam tão
fundamentais assim que não possam ser objeto de discussão e muito menos que
justifiquem a divisão dos espíritas. Veja bem, na questão de religião, Kardec foi muito
claro ao explicitar que "o verdadeiro caráter do Espiritismo é de uma ciência e não de
uma religião". No seu famoso Discurso de Abertura, pronunciado no dia 1º de
novembro de 1868, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, Kardec admitiu que o
"o Espiritismo é uma religião no sentido filosófico", para, adiante, fazer ele próprio a
seguinte indagação: "Por que, então, afirmamos que o Espiritismo não é uma religião?".
Seguem-se, então, argumentos muito fortes, mediante os quais Kardec enfatiza que não
convém que o Espiritismo se declare uma religião. Discorre longamente sobre o que o
povo entende por religião, que não consegue dissociar de cultos, de sacerdócio
organizado, de sistemas fechados de crença, coisas que o Espiritismo não tem e não é.
Então, por uma questão de estratégia, e por fidelidade ao seu objeto de estudo, que se
afasta do mundo fechado do fideísmo, para se inserir no campo aberto da ciência, da
filosofia e da ética, Kardec recomendou que não tratássemos do Espiritismo como uma
religião. Ele próprio, quando o Padre Chesnel qualificou o espiritismo como uma nova
religião, protestou veemententemente dizendo ao abade que era ele, o padre, quem
estava jogando o espiritismo num novo caminho, que sequer fora pensado antes pelo
espiritismo.
Diante de tudo isso, a CEPA tem essa posição histórica, que é genuinamente kardecista,
o que não afasta o espiritismo da moral de Jesus, reconhecido como modelo e guia da
humanidade. Mesmo assim, temos um respeito muito grande por pensadores espíritas,
especialmente brasileiros, que consideram o espiritismo uma religião, mas que têm de
religião um conceito filosófico, não sectário, que não diviniza Jesus e nem o coloca na
posição de mito, meio deus e meio homem, como o fazem os roustainguistas. Esse
conceito superior de religião é bem compreendido pela CEPA, mesmo que defenda o
caráter laico do pensamento espírita, que consideramos espiritualista e não religioso.
Mas, esses são detalhes conceituais, semânticos, que não chegam a ser fundamentais,
embora institucionais. Atendem a uma necessidade de precisão terminológica,
firmemente recomendada por Kardec. Não são questões, porém, que nos devem separar
dos outros espíritas, que têm visão diferente da nossa, mas que guardam as mesmas
convicções nos pontos essenciais da doutrina espírita: existência de Deus, como
inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas; imortalidade e
comunicabilidade dos espíritos; pluralidade dos mundos habitados; pluralidade de vidas;
lei de causa e efeito; conseqüências morais e éticas derivadas desses conhecimentos.
Então essa é uma vocação que se fez expressa e que se tornou programa de ação da
CEPA desde seu nascimento. Nos últimos eventos da CEPA, especialmente no
Congresso de 2.000 em Porto Alegre (Tema: "Deve o Espiritismo Atualizar-se?") e na
Conferência de São Paulo de 2002 (Tema: "Atualizar para Permanecer"), se deu ênfase
a esse caráter progressista do espiritismo, com dezenas de trabalhos que vincularam os
postulados básicos espíritas a temas epistemológicos, de linguagem, de atualização
científica, etc. Esse é um trabalho permanente na CEPA e que, evidentemente, não
queremos que fique restrito ao âmbito da CEPA mas para o qual contamos com o apoio,
a participação e a interlocução com todos os segmentos do pensamento espírita.
Cynthya– Essa parece ser uma característica muito forte da CEPA: a disposição de
interlocução com as mais amplas áreas do pensamento e do movimento espírita. É uma
instituição que expressa muita clareza no seu pensamento, mas que, ao mesmo tempo,
se abre ao diálogo, ao pluralismo, à alteridade. É difícil manter essa política?
Milton – Não tem sido realmente muito fácil. E, no entanto, ela é sincera e muito
honesta. Parte de um sentimento de muito respeito que temos por todos os segmentos do
pensamento e da organização espírita. As dificuldades que acima relatamos de
relacionamento com a FEB ou com outras federativas no Brasil e nos demais países da
América, por exemplo, jamais partem de nós. Como não poderia deixar de ser, temos
um respeito muito grande pela FEB e por todo o movimento espírita que ela coordena e
lidera, não apenas no Brasil mas em todo o mundo. Sem a ação da FEB, o espiritismo
não teria o significado que tem entre nós. Não seria a expressão que é. Mas, temos uma
visão diferente de alguns aspectos conceptuais e organizacionais. Diferentemente do
temor às vezes expresso pelos segmentos evangélicos do espiritismo, não estamos em
busca de poder. A CEPA, hoje, mais do que nunca, não se comporta como uma
"confederação", em busca de adesões de federações e centros espíritas. É, claramente,
hoje, um movimento de idéias. O momento que vivemos, pensamos nós, não se
compatibiliza mais com os ideais do início do século passado, onde, no movimento
espírita, a palavra de ordem era "unificação". O espiritismo constituia, então, um
movimento incipiente, com enorme influência religiosa, católica, e tendente a um
sincretismo afro-cristão. Eram necessárias instituições de caráter bastante normatizador,
com propósitos básicos de orientação. Hoje, o espiritismo, no Brasil e na América, é um
respeitável repositório de conhecimento, onde estão pensadores, intelectuais, estudiosos
das mais diferentes áreas do conhecimento, conectando esses conhecimentos aos
pressupostos espíritas. Há centenas de instituições amadurecidas pelo estudo, pela
pesquisa, que não cabem mais nesse modelo de subordinação a uma orientação central.
Por isso, a CEPA não orienta, congrega. Estimula o estudo, a pesquisa. Promove
eventos culturais: congressos, conferências, simpósios, que não são torneios de oratórias
de alguns "ungidos", mas fóruns de discussão, de debate, de troca de experiência. E,
assim, abandonamos, pouco a pouco, a idéia da unificação, substituindo-a por um forte
sentimento de união. A união é corolário do conhecimento. Da identidade comum,
fundada nos princípios básicos que devem formar esse "laço" entre todos os espíritas.
Diante disso, uma instituição que adere à CEPA não está subordinada a regramentos de
obediência a normas emanadas da CEPA. É um relacionamento que se dá sob o fio
condutor da identidade de pensamento. Além do mais, essas instituições podem,
simultaneamente, pertencer a outros movimentos federativos. Podem estabelecer os
vínculos que quiserem, com as instituições que desejarem. São, enfim, livres. Mas, têm
de apresentar esse perfil genuinamente kardecista e livre-pensador.
Cynthya– Em razão desse entendimento é que a CEPA estaria por abrir mão da
condição de Confederação paa assumir estatutariamente um outro nome e uma outra
formatação institucional?
Milton – Bem, esse é um tema onde estamos buscando construir um consenso dentro da
CEPA. O próximo Congresso da CEPA, que se realiza na cidade argentina de Rafaela,
de 3 a 7 de setembro de 2004, tem na sua ordem do dia uma grande reforma estatutária.
No contexto do que explicitamos acima, há uma proposta de estatuto, oferecida pelo
Centro Cultural Espírita de Porto Alegre (CCEPA), que sugere que a denominação
"confederação" seja substituída por um termo menos formal, que poderia ser, por
exemplo, "movimento" ou "conselho", mantendo, entretanto, a denominação CEPA
(termo que, inclusive, coincide, tanto em português como em espanhol, com o
substantivo comum "cepa" relativo à videira, e que foi um símbolo utilizado pelos
espíritos para caracterizar o espiritismo, conforme se vê nos prolegômenos de O Livro
dos Espíritos"). Uma ampla consulta quefizemos a todas as instituições espíritas, com
vistas à reformaestatutária, mostrou uma tendência muito ampla para um modelo
organizacional mais leve, liberto de qualquer resquício de autoritarismo e contemplando
mesmo essa característica de movimento de idéias, e não mais de um organismo
confederativo. Mas, isso será questão a ser definida no Congresso de Rafaela.
Permanecendo ou não com a denominação "confederação", o certo é que a CEPA não
tem hoje mais a menor preocupação com esse objetivo de unificar o movimento espírita.
Cada vez mais, nos caracterizamos como um movimento qualificado de idéias,
progressista, livre-pensador, horizontalizado, democrático, firmemente inspirado em
Kardec e com uma preocupação adicional voltada à união fraterna entre todos os
espíritas, mesmo que em diversificadas estruturas institucionais. União, no nosso
entender, é muito mais importante que unificação. Esta última traz em seu bojo algumas
pretensões de poder, de hierarquização, de hegemonia, com as quais a CEPA não tem a
menor relação.
Cynthya– Por fim, Milton, há uma outra questão que, parece, assusta um pouco o
movimento espírita evangélico, relativamente à CEPA. É que esta estaria procurado
desvincular espiritismo de cristianismo. Fala- se que isso contraria algumas afirmaçõs
do próprio Kardec. Dá para esclarecer essa divergência. Ou será que é apenas mais uma
divergência meramente aparente? Enfim, o que pode haver de verdadeiro nessa
afirmação de que "a CEPA quer tirar Jesus do espiritismo"?
Mas quando Allan Kardec fala em "espiritismo cristão" (expressão usada algumas
poucas vezes em sua obra) claramente ele adjetiva o espiritismo para vinculá-lo não ao
Jesus das igrejas mas ao pensamento, à moral de Jesus de Nazaré. Com relação a essa
questão de fundo, não temos nenhuma objeção a fazer. A moral de Jesus é a própria
moral espírita. Entretanto, na questão da forma, está na hora de fazermos reparos a essa
expressão, mesmo que Kardec a tenha utilizado (há diversas expressões usadas por
Kardec e que hoje estão fora de contexto).
Ao curso do Século 20 e nestes primeiros anos do Século 21, está sendo possível
estabelecer a distinção entre estas duas figuras:
a) a de Jesus de Nazaré, o homem, com algumas referências históricas que estão sendo
resgatadas, que nasceu da relação carnal de José e Maria, que teve irmãos e que foi um
pensador fecundo, um reformador moral, e
b) a de "Jesus Cristo", que é o mito das Igrejas, aquele que "foi concebido sem pecado",
filho da Virgem Maria, Deus encarnado, 3ª pessoa da Santíssima Trindade, responsável
por alguns dogmas e crenças que foram tecendo essa cultura cristã que hoje já tem 2.000
de existência e que pouco tem a ver com o outro Jesus, o homem de Nazaré.
Ora, evidentemente, o espiritismo está fora disso. E, por isso, não é cristão. É quase uma
usurpação a uma cultura de dois mil anos, que foi construída demoradamente até se
sedimentar nesses princípios, querermos, nós, que temos uma outra visão de Deus, de
mundo e do próprio Jesus, nos declararmos cristãos. Por isso, os cristãos reagem, e com
toda a razão, quando um espírita se diz cristão. A reação é a mesma que nós muitas
vezes temos, quando um umbandista se declara espírita.
O espiritismo é uma doutrina nova. Nasceu no meio cristão. Como todo o paradigma
novo, ele precisou se apoiar no paradigma antigo que ele desejou superar, para poder ser
proposto. Mas, nestes 150 anos de existência, já podemos postular uma identidade
própria, que não se confunde com o cristianismo, especialmente porque este, também,
tomou seu próprio caminho.
Por todas essas razões, diríamos como Kardec disse em relação à religião: não convém
que o espiritismo se diga cristão. Isso geraria confusão, ambigüidade, e nós precisamos
ser firmes naquilo que diz com a nossa identidade. Somos espíritas, simplesmente. E
não espíritas-cristãos.
Artigos
"Alguns cientistas até que gostariam de, no laboratório, pegar um espírito na ponta de
uma pinça ou observá-lo num microscópio com contraste de fase".
Os espíritos são as almas dos homens que já deixaram a Terra, por isso lidamos com
mentes caprichosas, que não estão à nossa disposição na hora que melhor nos convier.
No entanto, pesquisadores que se submeteram à observação criteriosa, disciplinada e
principalmente sem intenções subalternas, ficaram diante de fenômenos inusitados.
Fatos que se repetiram tantas vezes quantas foram necessárias para recolher dados
estatísticos ao máximo.
É provável que, por isso, os espíritos que recentemente encantaram o doutor Weiss,
B.L., em “Muitas vidas, muitos mestres”, tenham trazido repetições nas regressões de
memória de Catherine. Weiss não tinha nenhuma crença prévia na possibilidade de se
viver várias vidas e muito menos de se poder recordá-las, no entanto, o médico,
descreve com muita propriedade como vai sendo afetado e modificado no processo do
tratamento de sua paciente.
Hoje, doutor Weiss não tem dúvida de que os terapeutas devem ter a mente aberta.
Disse certa vez o doutor Bezerra de Menezes: “Um espírito claro e aberto para a
apreensão da ciência é um supremo bem que Deus confia a certos homens afim de que
eles o empreguem em favor dos mais pobres e humildes.”
Conclui Weiss: “Eu compreendia por que esses profissionais altamente qualificados se
mantinham de boca fechada. Agora, eu era um deles. Não podíamos negar nossas
próprias experiências e sentidos. Mas nossa ciência era diametralmente oposta às
informações, experiências e crenças que tínhamos acumulado. Por isso ficávamos
calados”.
Qualquer que seja o objeto escolhido, o método a ser aplicado deve ser coerente, lógico
e sistemático, capaz de conduzir a resultados válidos.
Como ponto fundamental, o pesquisador deve ter claro, em sua mente, que ele será um
dos elementos essenciais da pesquisa. Não haverá condições para uma neutralidade
axiológica absoluta, como nas ditas ciências exatas. Pesquisador e objeto estarão
indissoluvelmente comprometidos um com o outro, a nível energético. A começar pelo
relacionamento psicológico e magnético com o médium, o qual poderá facilitar ou
obstacular o bom andamento das experiências. Se observador e medianeiro nutrem
antipatias, restrições ou hostilidade um para com o outro, a experimentação estará
fadada ao insucesso ou a resultados inconclusivos. Educação, respeito e gentileza não
são incompatíveis com o rigor científico.
Outro fator importante diz respeito à conduta moral do pesquisador. Nas ciências exatas
o estado moral do cientista não tem a menor interferência no andamento da experiência.
Ao estudar um determinado evento material, desde que seja respeitado o método
requerido pelo estudo, um cientista canalha e outro de caráter ilibado chegarão às
mesmas conclusões. No estudo dos fenômenos psíquicos o mesmo não ocorre. Ele exige
postura ética. Não se pode, por exemplo, pretender chegar à verdade pelo uso da
mentira, do engodo e da desonestidade. Nele não existe dicotomia entre a postura
mental do observador e a manipulação do objeto observado. Muito ao contrário: o
psiquismo do observador está intimamente relacionado como o objeto em análise, que é
também psíquico, ou seja, da mesma natureza. Qualquer espírita sabe que o tipo de
vibração que emitimos age no ambiente, para ele atraindo entidades do mesmo padrão.
Um cientista espírita que idealize uma pesquisa eivada de falsidades, estando pois com
má intenção, obterá fatalmente o que procura. Passará então a divulgar falhas do
médium estudado, quando é ele também é culpado por elas. É um problema moral:
semelhante atrai semelhante; um mentiroso atrairá a mentira.
Vamos recordar
Uma prova em termos científicos significa, portanto, o processo global através do qual
nós concluímos que uma declaração é mais aceitável do que sua negação. Vale a pena
ler “O extraordinário caso de Shanti” publicado no Reformador junho de 1958 e
transcrito em novembro, p. 344-348, 1988. Com esse título a famosa revista italiana
'L'Europeo', em seus números de janeiro/fevereiro de 1958, publicou, ilustrada com
inúmeras fotografias coloridas, uma longa reportagem do sueco Sture Lönnerstrand,
sobre um caso comprovado de reencarnação ocorrido na Índia.
Sabemos que para a vida científica é necessária a presença de aptidão para a pesquisa.
Por isso nos programas de pós-graduação (mestrado e doutorado) há rigor na seleção de
candidatos, uma vez que o objetivo é a qualidade, o preparo de investigadores
independentes em condições de utilizar a metodologia científica. No entanto, pode-se
observar que após a realização dos cursos (créditos), na hora de iniciar o preparo da
tese, muitos alunos ainda não perceberam que a pergunta é o mais importante.
Em Doutrina Espírita não podia ser diferente. Reparem as questões que foram feitas por
Kardec no primeiro livro da codificação. Por que será que Kardec colocou aquela em
primeiro lugar?
Artigos
REVISTA ESPÍRITA
Jornal de Estudos Psicológicos publicada sobre a direção de Allan Kardec
novembro de 1866
Voltemos ao nosso assunto: as considerações gerais sobre a mediunidade curadora.
Dissemos, e nunca seria demais repetir, que há uma diferença radical entre os médiuns
curadores e os que obtêm prescrições médicas da parte dos Espíritos. Estes em nada
diferem dos médiuns escreventes ordinários, a não ser pela especialidade das
comunicações. Os primeiros curam só pela ação fluídica em mais ou menos tempo, às
vezes instantaneamente, sem o emprego de qualquer remédio. O poder curativo está
todo inteiro no fluido depurado a que servem de condutores. A teoria deste fenômeno
foi suficientemente explicada para provar que entra na ordem das leis naturais e que
nada há de miraculoso. É o produto de uma aptidão especial, tão independente da
vontade quanto todas as outras faculdades mediúnicas; não é um talento que se possa
adquirir. Não se faz um médium curador como se faz um médico. A aptidão para curar é
inerente ao médium, mas o exercício da faculdade só tem lugar com o concurso dos
Espíritos. De onde se segue que se os Espíritos não querem, ou não querem mais servir-
se dele, é como um instrumento sem músico, e nada obtém. Pode, pois, perder
instantaneamente a sua faculdade, o que exclui a possibilidade de transformá-la em
profissão.
Um outro ponto a considerar é que sendo esta faculdade fundada em leis naturais, tem
limites traçados pelas mesmas. Compreende-se que a ação fluídica possa dar a
sensibilidade a um órgão existente, fazer dissolver e desaparecer um obstáculo ao
movimento e à percepção, cicatrizar uma ferida, porque então o fluido se torna um
verdadeiro agente terapêutico. Mas é evidente que não pode remediar a ausência ou a
destruição de um órgão, o que seria um verdadeiro milagre. Assim, a vista poderá ser
restaurada a um cego por amaurose, oftalmia, belida ou catarata, mas não a quem
tivesse os olhos estalados. Há, pois, doenças fundamentalmente incuráveis, e seria
ilusão crer que a mediunidade curadora vá livrar a humanidade de todas as suas
enfermidades.
Além disso, há que levar em conta a variedade de nuanças apresentadas por esta
faculdade, que está longe de ser uniforme em todos os que a possuem. Ela se apresenta
sob aspectos muito diversos. Em razão do grau de desenvolvimento do poder, a ação é
mais ou menos rápida, extensa ou circunscrita. Tal médium triunfa sobre certas
moléstias em certas pessoas e, em dadas circunstâncias e falha completamente em casos
aparentemente idênticos. Parece mesmo que em alguns a faculdade curadora se estende
aos animais.
Opera-se neste fenômeno uma verdadeira reação química, análoga à produzida por
certos medicamentos. Atuando o fluido como agente terapêutico, sua ação varia
conforme as propriedades que recebe das qualidades do fluido pessoal do médium. Ora,
devido ao temperamento e à constituição deste último, o fluido está impregnado de
elementos diversos, que lhe dão propriedades especiais. Pode ser, para nos servirmos de
comparações materiais, mais ou menos carregado de eletricidade animal, de princípios
ácidos ou alcalinos, ferruginosos, sulfurosos, dissolventes, adstringentes, cáusticos, etc.
Daí resulta uma ação diferente, conforme a natureza da desordem orgânica. Esta ação
pode ser, pois, enérgica, muito poderosa em certos casos e nula em outros. É assim que
os médiuns curadores podem ter especialidades: este curará as dores ou endireitará um
membro, mas não dará a vista a um cego, e reciprocamente. Só a experiência pode dar a
conhecer a especialidade e a extensão da aptidão. Mas, em princípio, pode dizer-se que
não há médiuns curadores universais, por isso que não há homens perfeitos na Terra, e
cujo poder seja ilimitado.
Não é de admirar ver pessoas que, a princípio dela não parecem dignas e são
favorecidas com esse dom precioso. É que a assistência dos bons Espíritos é
conquistada a todo o mundo, para a todos abrir a via do bem. Mas cessa se não souber
tornar-se digno dela, melhorando-se. Dá-se aqui como com os dons da fortuna, que nem
sempre vêm ao mais merecedor. É, então, uma prova pelo uso que faz. Felizes os que
dela saem vitoriosos.
Há, pois, para o médium curador a necessidade absoluta de se conciliar o concurso dos
Espíritos superiores, se quiser conservar e desenvolver sua faculdade, senão, em vez de
crescer ela declina e desaparece pelo afastamento dos bons Espíritos. A primeira
condição para isto é trabalhar em sua própria depuração, a fim de não alterar os fluidos
salutares que está encarregado de transmitir. Esta condição não poderia ser executada
sem o mais completo desinteresse material e moral. O primeiro é o mais fácil; o
segundo é o mais raro, porque o orgulho e o egoísmo são os sentimentos mais difíceis
de extirpar e porque várias causas contribuem para os superexcitar nos médiuns. Desde
que um deles se revela com faculdades transcendentes - falamos aqui dos médiuns em
geral, escreventes, videntes e outros - é procurado, adulado e mais de um sucumbe a
essa tentação da vaidade. Em breve, esquecendo que sem os Espíritos nada seria,
considera-se como indispensável e único interprete da verdade; deprime os outros
médiuns e se julga acima de conselhos. O médium que assim se acha está perdido,
porque os Espíritos se encarregam de lhe provar que podem ser dispensados, fazendo
surgir outros médiuns melhor assistidos. Comparando a série das comunicações de um
mesmo médium, facilmente pode julgar-se se ele cresce ou se degenera. Ah! Quantos
temos visto, de todos os gêneros, cair triste e deploravelmente no terreno escorregadio
do orgulho e da vaidade! Pode, pois, esperar-se ver surgir uma multidão de médiuns
curadores. No número, vários ficarão frutos secos e eclipsar-se-ão depois de ter lançado
um brilho passageiro, ao passo que outros continuarão a elevar-se.
Eis um exemplo disto, há uns seis meses assinalado por um de nossos correspondentes.
Num departamento do sul, um médium, que se havia revelado como curador, tinha
operado várias curas notáveis e sobre ele repousavam grandes esperanças. Sua
faculdade apresentava particularidades que deram, num grupo, a idéia de fazer um
estudo a respeito. Eis a resposta que obtiveram dos Espíritos, e que nos foi transmitida
na ocasião. Ela pode servir de instrução a todos.
"Quando parte, nada resta dele, nem mesmo o pensamento que segue o doente, no qual
não pensa mais, ao passo que a ação mental poderia, em sua ausência, continuar a ação
direta. Ele acredita em seu poder fluídico, que é real, mas cuja ação não é persistente,
porque não é corroborada pela influência moral. Quando consegue êxito, fica mais
satisfeito por ser notado do que por ter curado. E, contudo, é sinceramente
desinteressado, pois coraria se recebesse a menor remuneração. Posto não seja rico,
jamais pensou em fazer disto um recurso. O que deseja é fazer falar de si. Falta-lhe
também, a afabilidade de coração, que atrai. Os que vêm a ele são chocados por suas
maneiras, que não fazem nascer simpatia, do que resulta uma falta de harmonia que
prejudica a assimilação dos fluidos. Longe de acalmar e apaziguar as más paixões, ele
as excita, julgando fazer o que é necessário para as destruir, e isto pela falta de
raciocínio. É um instrumento desafinado; por vezes dá sons harmoniosos e bons, mas o
conjunto só pode ser mau, ou pelo menos improdutivo. Não é tão útil à causa quanto o
poderia ser. As mais das vezes a prejudica porque, por seu caráter, faz apreciar muito
mal os resultados. É desses que pregam com violência uma doutrina de doçura e de paz.
R. - Estou persuadido disto, a menos que ele fizesse uma volta séria sobre si
mesmo, o que, infelizmente, não o creio capaz. Os conselhos seriam supérfluos,
porque ele se persuade saber mais que todo o mundo. Talvez tivesse o ar de os
escutar, mas não os seguiria. Assim, perde duplamente o benefício de uma
excelente faculdade."
Feliz pelo bem que faz, não o é menos pelo que outros podem fazer; não se julgando o
primeiro nem o único capaz, não inveja nem deprime nenhum médium. Os que possuem
a mesma faculdade são para ele irmãos que concorrem para o mesmo objetivo: ele diz
que quanto mais os houver, maior será o bem.
Sua confiança em suas próprias forças não vai até a presunção de se julgar infalível e,
ainda menos, universal. Sabe que outros podem tanto ou mais que ele. Sua fé é mais em
Deus do que em si mesmo, pois sabe que tudo pode por Ele, e nada sem Ele. Eis porque
nada promete senão sob a reserva da permissão de Deus.
A influência material junto à influência moral, auxiliar poderoso, que dobra a sua força.
Por sua palavra benevolente, encoraja, levanta o moral, faz nascer a esperança e a
confiança em Deus. Já é uma parte da cura, porque é uma consolação que dispõe a
receber o eflúvio benéfico ou, melhor dito, o pensamento benevolente já é um eflúvio
salutar. Sem a influência moral, o médium tem por si apenas a ação fluídica, materia1 e,
de certo modo, brutal, insuficiente em muitos casos.
Enfim, para aquele que possui as qualidades de coração, o doente é atraído por uma
simpatia que predispõe à assimilação dos fluidos, ao passo que o orgulho, a falta de
benevolência chocam e fazem experimentar um sentimento de repulsa, que paralisa essa
assimilação.
Tal é o médium curador amado pelos bons Espíritos. Tal é, também, a medida que pode
servir para julgar o valor intrínseco dos que se revelarem e a extensão dos serviços que
poderão prestar à causa do Espiritismo. Desnecessário que só é entrado nestas condições
e que aquele que não reunisse todas as qualidades não possa momentaneamente prestar
serviços parciais que seria erro repelir. O mal é para ele, porque quanto mais se afasta
do tipo, menos pode esperar ver sua faculdade desenvolver-se e mais se aproxima do
declínio. Os bons Espíritos só se ligam aos que se mostram dignos de sua proteção, e a
queda do orgulhoso, mais cedo ou mais tarde, é a sua punição. O desinteresse é
incompleto sem o desinteresse moral.
Artigos
Década de 80. A Casa de Célia Xavier havia convidado Deolindo Amorim para fazer
uma palestra na reunião de sexta feira. Deolindo veio com a companheira, Dona Delta e
trajava terno com colete de lã, porque estava com um forte resfriado e o clima de
montanha não lhe era favorável.
Eu não fui à conferência dele em nossa casa. Entristecido pela perda da oportunidade,
recebi um convite irrecusável: viajei com um colega de mocidade, André, para
Divinópolis, onde Deolindo falaria de Criminologia e Espiritismo. Palestra notáve.
Mesmo em idade avançada, o fundador do Instituto de Cultura Espírita do Brasil falava
como um jovem entusiasta. Se a memória não me falha, a palestra de Deolindo foi no
Estudantes do Evangelho. Levei um exemplar comprado há anos do livro “Encontro
com a Cultura Espírita” para autografar. Deolindo escreveu nesta coletânea um trabalho
sobre Deus, e foi acompanhado por outros notáveis estudiosos do Espiritismo, como
Altivo Ferreira, Jorge Andréa e Alexandre Sech. Ele não se achava digno de termos
viajado para assisti-lo. Por dentro estávamos extremamente felizes de assistir
pessoalmente a um trabalho de Deolindo.
Com a noite ganha, voltamos para Belo Horizonte. Não haveria outra programação para
o final de semana. No domingo pela manhã, a rede de telefonemas começou a
funcionar. Deolindo, mesmo incomodado pela enfermidade, pediu que lhe arranjassem
“algum trabalho”. A mocidade foi convocada para uma palestra às 18:00 ou 19:00
horas. A palestra transformou-se em conversa, perguntas e respostas sobre temas
quaisquer relacionados ao Espiritismo e ao Movimento Espírita.
Foi uma noite ainda melhor. Deolindo viveu momentos importantes do Espiritismo
Brasileiro, incluindo o Pacto Áureo. Democrata, ele votou contra a incorporação da
Liga Espírita do Brasil no sistema federativo, porque o tema foi encaminhado em
assembléia de forma fechada, sem que se possibilitasse diálogo. Ele, contudo, afirmava
que pessoalmente não era contrário ao Pacto Áureo, que deu nova feição ao movimento
e fortaleceu a Federação Espírita Brasileira.
Deolindo exalava cultura e experiência. Foi o derradeiro encontro com ele, ainda
encarnado. O Centro Espírita Léon Denis do Rio de Janeiro lhe fez justiça publicando
sua obra em uma série de bom gosto editorial, com seus óculos, tão característicos, à
capa, imortalizando sua contribuição ao pensamento espírita brasileiro. Se o pensamento
for intenso o suficiente para atingi-lo, o que lhe diria é: “saudades, amigo”.
Artigos
"E, no entanto, ela se move!" Galileu-Galilei
- esta frase foi dita por Galileu após ter sido obrigado pelo Tribunal do Santo Ofício
(Inquisição) - que o estava julgado, entre outras acusações, pela sua afirmação, baseada
em Nicolau Compérnico e em suas próprias observações científicas, de que a Terra não
é o centro do universo - a renegar suas descobertas.
"Não há limitação legal para quem se denomine parapsicólogo. Reservo o termo para
aqueles que têm treinamento científico ou acadêmico e têm contribuído para a literatura
científica e acadêmica sobre o tema. Quase todas essas pessoas são membros da
Parapsychological Association. Eu nunca ouvi falar do Pe.Oscar Gonzales Quevedo e
ele não está na lista de membros da Parapsychological Association."
Charles Tart, psicólogo transpessoal, pesquisador, teórico e uma das mais conhecidas
autoridades do mundo sobre Estados Alterados de Consciência, em carta ao
parapsicólogo Wellington Zangari, membro-diretor do Portal Psi, Centro de Estudos
Peirceanos do Programa de Comunicação e Semiótica da PUC, São Paulo.
Eis que lá vem ele... Aos poucos sua silhueta vai se deixando formar por entre a
penumbra e a névoa artificial, feita pela fumaça de gelo seco, em um cenário que lembra
os corredores que levam ao salão de torturas de um castelo medieval...
Quem será este que vem de negro, ao som de uma música misteriosa, fazendo aguçar
atenção dos telespectadores de forma tão explicitamente calculada, para criar um clima
artificial de mistério, como se diante de nós estivesse a se materializar um antigo monge
medieval atualizado, porém, por um moderno (?) blusão de couro igualmente negro, e
tendo no rosto o riso de quem se julga dententor dos segredos de "conhecimentos
ocultos"?
Implicitamente, o mais novo polemista das noites de domingo é apresentado como "o
maior parapsicólogo do Brasil", mas, além do que diz ele de si mesmo o "Caçador de
Enígmas" e seus discípulos, não sabemos quais foram os referenciais e critérios de
comparação, já que não vemos nehum debate realmente aprofundado entre o dito
contratado e outros parapsicólogos nacionais ou estrangeiros. Entre estes, como vimos
na epígrafe a este texto, mais acima, temos opiniões contrárias de Hans Bander, da
Alemanha, Charles Tart, dos EUA, e do Sr. Matinez-Taboas, de Porto Rico, que cita
igualmente outros autores-pesquisadores estrangeiros (ver o artigo Uma Revisão Crítica
dos Livros do Padre Quevedo, do citado autor, encontrado Portal Psi da PUC, São
Paulo). Na verdade, a lista de nobres acadêmicos que criticam o prentenso auto-
intitulado parapsicólogo seria ainda maior, como iremos ver. Mas vamos por partes.
Mas Quevedo é conhecido - como vimos pelas citações dos Srs Drs. Martinez-Tabos e
Charles Tart - por jamais produzir qualquer pesquisa experimental séria, mas em se
apropriar e manipular a de outros (veja maiores detalhes mais adiante). Mas, ao
contrário disto, a - para ele Lei da - "escotografia" inconsciente (faltou dizer como isso
se dá, e porque é preciso que a fita magnética de vídeo tenha de correr em equipamentos
eletrônicos de gravação para que a imagem seja registrada, quando a "escotografia", ou
seja, a hipótese da impressão mental em meios físicos de registro, poderia simplesmente
agir sobre a própria fita) foi apresentada como uma certeza do tipo "Dogma", sobre o
qual que não há possibilidade de contestação (o que, na verdade, é o que mais há, como
veremos mais adiante). E dogma é algo que a ciência não pode admitir, pois
impossibilita qualquer confronto sério de argumentos, sendo, portanto, imposto como
uma verdade estabelecida.
Por conta de Dogmas rígidos, impostos, em especial de cunho religioso (mas também os
há em outras áreas, impostos algo ditatorialmente), a história científica registra uma
corrente de assassinatos institucionalizados, até mesmo racionalizados, de pessoas
inocentes que apenas "ousaram" pensar de modo diferente do establishment
Igreja/Estado (ex. Giordano Bruno, Galileu-Galilei, a paraibana Branca Dias e, bem
mais recentemente, no século XX, assassinando "apenas" moralmente, o antropólogo
jesuíta francês Pierre Teilhard de Chardin e o teólogo brasileiro Leonardo Boff). De
qualquer modo, nas imagens do "debate" que foram ao ar, sem que tenham sido feitas
edições pró-contratado, ficou bem visível o semblante de deboche do ilustre sacerdote
parapsicólogo por todo o tempo em que seu interlocutor explicava a técnica de registro
de sons e imagens paranormais. O padre, enfim, parece, em seu programa, que "possui a
chave" que desvenda os enígmas do "desconhecido" - ou ao menos é nisso que ele crê (a
íntegra do debate entre "O Caçador de Enigmas" e Nunes, porém, foi gravada pela
Globo e pode ser obtida com o professor Nunes, cujo e-mail é: paz@gd.com.br. Neste
vídeo vemos que o Sr. Sacerdote "Parapsicólogo" fica a tal ponto em dificuldades para
manter seus argumentos, que tenta acabar o debate várias vezes, incluisive com seu
habitual ponto final: "Não discuto com fanático!").
Isso é fazer arrogante pouco caso de pesquisas sérias levadas à cabo com sábios das
mais diversas áreas que confirmaram a existência autêntica de fenômenos metapsíquics
e paranormais sem afirmar, contudo, que estejamos sequer perto de entende-los dentro
da visão de mundo que a ciência de hoje nos dá, quanto mais de imputá-los à pecha de
fraudulentos em sua totalidade, ou frutos do inconsciente (palavra mágica que aparenta
explicar não explicando, de fato, nada). Citemos o Prêmio Nobel Charles Richet, os
Físicos Sir William Crookes e Oliver Lodge, o astrônomo Luigi Schiapareli e, mais
atualmente, o parapsicólogo Karlis Osis, o Professor Ian Stevenson, o Dr. Stanley
Krippner, o Dr. Pierre Weil, dentre inúmeros outros.
No volume 2 de seu pseudo-tratado "As Forças Físicas da Mente" - que, por sinal, diz
ser na contracapa considerado pela Fundação Internacional de Parapsicologia de Nova
York como dos melhores livros de Parapsicologia do mundo, afirmação desmentida
categoricamente pela mesma fundação, como se pode ver no artigo do Prf. Wellington
Zangari Pe. Quevedo: Os Melhores Livros de Parapsicologia do Mundo? (e Quevedo
não faz parte dos pesquisadores desta associação! )- , que vários autores, inclusive o
Sr.Alfonso Martinez-Taboas, membro real da International Parapsychological
Foudation, e outros, citados em seu excelente artigo "Uma Revisão Crítica dos Livros
do Pe. Quevedo", demonstra como esta obra é plena de manipulações, sofismas e erros.
Quevedo tenta distinguir materializações (que para ele, não existem) de
fantasmogênese, ou seja, uma projeção mental (puxa! como é poderosa a mente
quevediana!). Tenta incutir na cabeça da gente (e ele fez algum experimento de
laboratório como Crookes, Richet, Schrenk-Notzing e Geley fizeram?) pra dizer que as
ditas materializações eram fantasmogêneses do inconsciente ou pura fraude. Aliás, só
fraude no caso de Crookes com uma possível tranfiguração da médium que se passava
pelo espírito Katie King.
Pois bem, Charles Richet, o grande Charles Richet, Prêmio Nobel de Fisiologia e pai da
Metapsíquica e que trabalhou bastante para demonstrar a autenticidade dos fenômenos
paranormais extraordinários, como o das materializações, embora tivesse cautela em
aceitar a hipótese espirítica ou a do "inconsciente maravilha", tendo justamente a maior
parte do tempo apenas se esforçado a demonstrar a realidade objetiva dos fatos e nossa
grande ignorância sobre a profunda realidade que nos cerca, diz textualmente em seu
livro "A Grande Esperança", algo que nos parece dirigido ao sabichões pseudo-sábios
como o Sr. Oscar Quevedo (padre licenciado em Humanidades e Psicologia - portanto,
não podendo clinicar nem psicopatoligizar ninguém, pois para tanto ele deveria ter
FORMAÇÃO em Psicologia, e não licenciatura - que é para o ensino):
"Para assegurar que há fatos anormais, maravilhosos sob o ponto de vista da ciência
atual, invocarei em primeiro lugar o argumento de autoridade. Em favor da nova ciência
(a Metapsíquica), há de um lado certos sábios e de outro certo público.
"É facílimo dizer que se enganaram ou foram enganados. É uma objeção que está a
altura do primeiro sabichão que aparece. Quando o grande William Crookes relata ter
visto, em seu laboratório, Katie King, fantasma capaz de se mover, de respirar ao lado
de sua médium, Florence Cook, o dito sabichão pode erguer os ombros e dizer: "É
impossível. O bom senso faz-me afirmar que Crookes foi vítima de uma ilusão, Crookes
é um imbecil". Mas este pobre sabichão não descobriu nem a matéria radiante, o tálio,
nem as ampolas que transmitem as luz elétrica. E assim, minha escolha está feita. Se o
sabichão disser que Crookes é um farsante ou um louco, serei eu quem sacudirá os
ombros. E pouco importa que rebocados pelo sabichão, uma multidão de jornalistas -
que nada viram, nem nada aprofundaram, nem nada estudaram - diga que a opinião de
Crookes de nada vale. Não me admirarei.
"Se Crookes ainda estivesse só! Mas não! Há uma nobre plêiade de sábios (e grandes
sábios) que presenciaram esses fenômenos extraordinários. Em lugar de fazer essa
simples suposição que eles presenciaram o inabitual, poderei considerá-los cretinos e
mentirosos?" (RICHET, 1999, p. 77).
"Um primeiro fato é evidente: é que todas as vezes que um sábio (um sábio de fato)
assentiu em estudar de maneira aprofundada esses fenômenos, chamado outrora de
ocultos, adquiriu a convicção da existência desses fenômenos. Na história da
Metapsíquica, não conheço somente um caso, não somente um, de um observador
consciencioso que, após dois anos de estudos, tenha concluído por uma negativa"
(RICHET, op. cit, p. 79)
Mas o Sr. "Caçador de Engimas", com a humildade que lhe é peculiar, não só diz que
Crookes foi enganado ou, no mínimo, interpretou mal o caso, como todas as pessoas
que tenham capacidades paranormais são doentes que precisam ser curados! Retoma
uma concepção de Pierre Janet que já caiu por terra, derrubado pelo próprio fisiologista
Richet, por Osty, Geley e outros reais estudiosos dos fenômenos paranormais
qualitativos. Mas, se é doença quem o afirma a gora? E devem ser "curados" logo por
quem? Pelo licenciado, portanto, proibido de exercer a psicoterapia Padre Quevedo?
Vejamos o que a este respeito nos fala o neuropsiquiatra Dr. James Cerviño:
Os que realmente estudaram os fenômenos mediúnicos não se iludiram com as ousadas
extrapolações de Janet. “Falou-se muito em histeria”, diz Charles Richet, “mas convém
notar que a histeria não é uma condição favorável” (referia-se à produção de fenômenos
metapsíquicos), “a não ser para dar uma desmedida extensão a esta forma mórbida”. E
sobre os médiuns: “Em todo caso nego-me, em absoluto, a considera-los doentes, como
está bastante disposto a fazer Pierre Janet” (Traité de Métapsychique). Maxwell, Osty,
Myers e outros metapsiquistas eminentes pronunciam-se no mesmo sentido. Foram,
inclusive, apontados os elementos para o diagnóstico diferencial entre o transe
mediúnico e os estados doentios que se lhe assemelham (CERVIÑO, 1996, pp. 42-43,
destaques meus).
Aliás, já vimos que o Dr. Charles Tart - real pesquisador - desmente Quevedo
exatamente neste ponto. Igualmente o faz o Dr. Alberto Lyra (LYRA, 1990).
Neste sentido, é útil a observação dos parapsicólogos franceses Hubert Larcher e Patrick
Ravignat que destacam o fato de que alguns auto-intitulados "parapsicólogos" nada
mais são que proselitistas travestidos de pesquisadores que na verdade acabam mesmo
por prejudicar a ainda incipiente e, academicamente, pouco aceita parapsicologia. De
fato, o termos "parapsicologia" e "paranormal" estão tão desgastados pelo imenso uso
de aproveitadores, que os pesquisadores sérios preferem os termos "estudo psi" e
"fenômenos psi".
"Os detratores são de duas espécies: há os que, negando ferozmente a realidade dos
fenômenos que ela (a Parapsicologia) se propõe estudar, reduzem a parapsicologia à
psicologia pura e simples: mentira, burla, farsa. Pondo deliberadamente de parte
inúmeras experiências positivas para se cingir aos casos de fraude flagrante, esses
capeões do racionalismo têm na ocorrência uma atitude muito pouco racional e teimam
em só ver truques, ou quando muito, coincidências, nas resultados mais significativos.
"A verdade é que, embora se trate de disciplinas conexas, embora o estado de crise
possa por vezes servir de suporte, de catalisador ao desencadear de um processo do foro
do parapsicólogo, os dois domínios nunca se confundem; o doente sob vigilância
médica oferece sem dúvida com mais freqüência a oportunidade de se observar
premonições ou transmissões de pensamento que o bom pai de família no pleno goso do
seu esquilíbrio, porque este último, com receio de provocar a chacota ou de se ver
TRATADO DE 'MALUCO', tem normalmente tendência para dissimular os fenômenos
que nos interessam"(LARCHER & RAVIGNAT, "Os Domínios da Parapsicologia",
Lisboa, Edições 70, pp. 70-71).
Devemos lembrar que exibir conhecimentos enciclopédicos não impede o mal uso,
parcialidade e distorções destes. Joseph Mengele era médico e Phd em Filosofia,
pianista, educado e bem apessoado, mas isso não o impediu de ser um carrasco Nazista.
Tomás de Torquemada (1420-1498) era sacerdote católico, portanto, oficalmente um
seguidor de Cristo. Mas apesar do Cristo muito ter ensinado que é por muito se amarem
que seriam reconhecidos seus discípulos, foi responsável direto pela morte de milhares
de vidas, como líder da Santa Inquisição Espanhola.
Não custa nada recordar um fato ocorrido no Anhembi, em São Paulo, em agosto de
1992, quando, no 1º Encontro Brasileiro de Parapsicologia e Religião, Henrique
Rodrigues, Clóvis Nunes e o psicoterpeuta Ney Prieto Peres puderam, à convite da
própria Igreja, participar de debates com o ilustre parapsicólogo jesuíta que, esperava-
se, iria calar de forma irrefutável estes ilustres conferencistas e pesquisadores, que
postulam a comunicação entre vivos e "mortos" como uma possibilidade real. Esta é
uma teoria. Como tal, merece respeito e poderia mesmo ser complementar à teoria do
"inconsciente" como agente paranormal, como os conceitos de onda e partícula são
complementares na Física Quântica.
( * *Atenção: Este texto foi escrito em entre janeiro e março de 2000. No segundo
semestre de 2001, porém, mais precisamente no dia 28 de outubro, o programa
Fantástico da Rede Globo apresentou, como "Reportagem de Capa", uma matéria de 16
minutos sobre o "Museu das Almas do Purgatório", acima citado. Prestar especial
atenção, nesta reportagem, às afirmações do teólogo franciscano italiano Gino Concetti
à reporter Ilze Sacamparine, afirmando textualmente que “O espiritismo existe, há sinais
na Bíblia, na Sagrada Escritura, no Antigo Testamento. Mas não é do modo fácil como
as pessoas acreditam. Nós não podemos chamar o espírito de Michelangelo, ou de
Rafael. Mas como existem provas na Sagrada Escritura, não se pode negar que exista
essa possibilidade de comunicação”, e do especialista em Vaticano, Sandro Magister:
“A Igreja acredita que seja possível uma comunicação entre este mundo e o outro
mundo. A Igreja tem convicção de que esta comunicação existe. A Igreja se sente
peregrina, porque vive na terra e possui uma pátria no céu”).
Em uma de suas respostas, o Pe. Quevedo, para oferecer argumentos a favor da teoria
psicopatológica de psi, mencionou pesquisas realizadas pelo conhecido psicólogo e
pesquisador de psi americano, Dr. Charles T. Tart (http://www.paradigm-
sys.com//cttart/). Após tomarmos conhecimento do teor dessa entrevista, entramos em
contato com o Dr. Tart para esclarecer o assunto, uma vez que não conhecíamos tais
estudos pela literatura especializada publicada. Abaixo, reproduzimos o trecho da
entrevista em que Quevedo responde à pergunta feita sobre psi e psicopatologia pelo
jornalista e editor da revista, Gilberto Schoereder. Reproduzimos, ainda, a mensagem
que nos foi enviada pelo Dr. Tart (original em inglês e tradução) em resposta à nossa
solicitação de esclarecimento.
(Wellington: >Quevedo said that experiments are very dangerous to the subjects and
that you, Dr. Tart, have proved that this subjects could be serious damages in brain and
in their mental process to participating in experiments with ESP cards!)
I've never said anything remotely like this and no of no evidence at all to even suggest
such damage, much less prove it. The greatest danger to subject participating in card
guessing experiments is boredom...
I hope you can clear this up in your local media and get more accurate reporting.
Sincerely,
Charley Tart
Não há limitação legal para quem se denomine parapsicólogo. Reservo o termo para
aqueles que têm treinamento científico ou acadêmico e têm contribuído para a literatura
científica e acadêmica sobre o tema. Quase todas essas pessoas são membros da
Parapsychological Association. Eu nunca ouvi falar do Pe.Oscar Gonzales Quevedo e
ele não está na lista de membros da Parapsychological Association.
(Wellington: >Quevedo disse que os experimentos são muito perigosos para os sujeitos
e que você, Dr. Tart, provou que esses sujeitos poderiam ter sérios problemas cerebrais
e em seus processos mentais por participarem em experimentos com as cartas ESP!)
Eu nunca disse algo nem remotamente parecido com isso e não há qualquer evidência
que sequer sugira tais problemas, muito menos que os tivesse provado. O maior perigo
para o sujeito que participa nos experimentos com a escolha de cartas é a chateação...
Eu desejo que você possa esclarecer os meios de comunicação locais oferecendo
informações mais precisas.
Sinceramente,
Charley Tart
Wellington Zangari
Coordenador / Inter Psi, CEPE, COS, PUC-SP
Editor / Portal Psi
interpsi@mail.ru
Sr. "Caçador de Enígmas" parece não levar muito à sério outros centros de pesquisas,
não parece muito simpático ao trabalho de outros e faz vista grossa aos estudos da
Universidade Federal de Minas sobre estados de consciência, inciados com Pierre Weil,
atual reitor da Universidade Holística Internacional de Brasília - UNIPAZ, e assessor da
UNESCO em um trabalho sobre Educação para a Paz (veja aqui um texto do Prof.
Pierre Weil em que ele fala da Parapsicologia e de suas próprias pesquisas em
Transcomunicação Instrumental e com materializações tendo por colaborador nada mais
nada menos que o famoso neuropesquisador Dr. Stanley Krippner), ou estudos de vários
outros centros de pesquisas internacionais cujas conclusões NÃO são idênticas às suas,
como, por exemplo, a pesquisa da Associação Luso-Brasileira de Psicologia
Transpessoal sobre as comunicações mediúnicas, que demonstram as ocorrências de
transformações fisiológicas nos médiuns durante o transe, fora estudos similares sobre
estados alterados de pessoas místicas, como os dos meninos de Medjugore, feitos por
vários pesquisadores do mundo. Desta forma, nomes como o do Dr. Ian Stevenson, da
Universidade de de Virgínia, EUA, com sua pesquisa sobre casos sugestivos de
Reencarnação, e o do Dr. Karlis Osis, sobre Near Death Experiences (falaremos sobre
elas mais adiante) sequer são discutidas. Isso sem falar das várias pesquisas em
Psicologia Transpessoal levadas a cabo por vários centros de pesquisa pelo mundo, e os
estudos em Psicobiofísica da USP em convênio com o IBPP que formou a primeira
turma em Psicobiofísica em 1997, para ficarmos, por hora, em apenas em alguns
exemplos.
Vejamos o que a este respeito nos fala o Prof. Hernani Guimarães Andrade, em seu
livro Parapsicologia - Uma visão panorâmica:
Muitas pessoas ao tomarem contato com os relatos [o autor se refere aos estudos de
casos coletos pelo Dr. Ian Stevenson (3.000 casos coletados em cerca de 40 anos de
pesquisas), pelo Prof. Hemendra Banerjee e do próprio Prof. Hernani Guimarães
Andrade (em torno de 80 casos coletados no Brasil), entre outros, sobre relatos
espontâneos de crianças que sugerem reencarnação], estranham a expressão "sugerem",
usada para categorizar tais fatos. Não são eles uma "prova" irrecusável da
reencarnação? De fato, para aqueles que presenciam e investigam diretamente o
comportamento dessas crianças, tais eventos mais do que sugerem, trata-se de legítimas
ocorrências de reencarnação. Eles têm a força de uma prova do renascimento.
Passados cerca de três séculos, os satélites de Júpiter foram fotografados de perto pelas
sondas interplanetárias... E os sábios doutores de Pizza já não mais estavam vivos para
constatar tais evidências que se transformaram em provas objetivas reais.
Por isso, não deve ter-se pressa ou ansiedade em convencer os cépticos, uma vez que o
seu cepticismo não altera a realidade dos fatos (Andrade, 2002, pp.310-312).
É interessante mesmo observar que nosso "parapsicólogo sacerdote" não é sempre tão
bem aceito mesmo entre muitos de seus confrades religiosos, e ele mesmo já teve de
amargar algumas observações duras de seus superiores há algum tempo atrás. Foi assim
que, em 1982, ele causou uma polêmica dentro dos próprios corredores da Igreja ao
publicar seu livro Antes que os demônios voltem, tendo sido proibido por seu superior
hierárquico, Pe. João Augusto MacDowell, de exercer temporariamente a atividade de
parapsicólgo, o mesmo fato se repetido em agosto de 1984, quando o CLAP (Centro
Latino Americado de Parapsicologia), órgão pretensamente científico e que tem uma
santa, a Virgem de Guadalupe, como padroeira, instituição que foi fundada e é dirigida
por nosso parapsicólogo, teve suas atividades suspensas.
Aliás, é de se destacar que ele, diante da posição assumida, ao menos aparenta coerência
ao ter sérias dúvidas ou mesmo não aceitar como reais (como falou em um recente curso
de parapsicologia realizado em João Pessoa) algumas das aparições atribuídas à Virgem
ou a quem quer que seja (veja mais adiante suas próprias palavras a este respeito), como
as que ocorreram em 1917 em Fátima, Portugal, e que são objeto de devoção de
inúmeros católicos. Na verdade, o parapsicólogo teórico jesuíta não deve se sentir tão à
vontade ante o relato dos vários fenômenos de aparições de que está cheio a história da
Igreja, pois, sendo autênticas, e nem sempre sendo atribuídas à Virgem, ele tem de
concordar que algo como um espírito, nos termos como o entendem os espiritualistas,
existe - ou seja, algo que representa a existência de vida após a morte e que pode se
comunicar com os "vivos" (possibilidade que ele negou veementemente no programa
"Jô Soares 11 e Meia", quando ainda no SBT, para, paradoxalmente, aceitar a
existência, no homem do "espírito" no programa do Fantástico, ao menos no que foi ao
ar dia 12 de março de 2000. Meio contraditório o posicionamento do "Caçador de
Enígmas).
Aliás, quanto à questão de Fátima, de Lourdes, de Medjuguore e outras, é bom que o "O
Padre que não tem medo de assombração" seja mais claro e aberto frente às câmeras,
pois se é submetido à hierarquia da Igreja, ele mesmo parece questionar o que a própria
Igreja admite ser verdade, como neste trecho de entrevista que ele concedeu e se
encontra no site "O Inexplicável HP", com o link Padre Quevedo 2:
"1- O Milagre de Fátima. - No início do século passado, três crianças viram no céu a
imagem de Nossa Senhora, que teria revelado a eles três segredos. O terceiro, nunca
revelado pelo Papa seria sobre o fim do mundo.
Pe. Quevedo: "Não há aparições! Se Fátima fosse uma aparição, todo mundo a veria.
Francisco, uma das três crianças, não ouviu nada e não era surdo. Isso é um ERRO de
interpretação, não são aparições, mas visões ao gosto do consumidor. Há um fenômeno
parapsicológico chamado 'ideoplasmia', que é a idéia plasmada. Você emite uma energia
e a imagem aparece como uma foto, é uma espécie de fotografia do pensamento"
E ai? Quem está certo? O Dizer oficial da Igreja que reconhece a aparição e seus
milhões de crentes ou o Pe. Quevedo? Como uma instituição que se diz, na voz de sua
ala mais radical - como a do Cardel Joseph Ratzinger, prefeito da antiga Inquisição, hoje
chamada de Congregação pada a Doutrina (ou Defesa) da Fé -, a "única" realmente
detentora da verdade pode ser assim tão dividida? Se Fátima foi um erro e a Igreja sabe
disso, então ela manipula a fé das pessoas? E já que o famoso padre se diz tão devoto da
Virgem de Guadalupe, como explicar que a referida imagem impressa em um poncho
(avental ou capa) tenha se dado, segundo a lenda, depois de algumas "aparições" de
Maria ao índio Juan Diego em 1531, se "aparições" não existem?
Realizando uma revolução silenciosa como poucas jamais ocorridas na História, tornou-
se poderosa alavanca para o soerguimento do ser humano, retirando-o do caos do
materialismo a que se arrojara ou fora atirado sem a menor consideração, para que
adquirisse a dignidade ética e cultural, fundamentada na identificação dos valores
morais, indispensável para a identificação dos objetivos essenciais e insuperáveis da paz
interna e da consciência de si mesmo durante o trânsito corporal.
Permitiu que o ser humano se redescobrisse como Espírito imortal que é, preexistente
ao berço e sobrevivente ao túmulo, facultando-lhe compreender a finalidade existencial,
que é imergir no oceano do inconsciente, onde dormem os atos pretéritos e as
construções que projetam diretrizes para o momento e o futuro, a fim de diluir as
volumosas barreiras de sombra e de crueldade a que se entregou e que lhe obnubila a
compreensão da sua realidade, emergindo em triunfo, para que lobrigue a imarcescível
luz da verdade que o há de conduzir pelos infinitos roteiros do porvir.
O Espiritismo trouxe a perfeita mensagem da justiça divina, por enquanto mal traduzida
pela consciência humana, contribuindo para a transformação da sociedade, mas sem a
revolução sangrenta das paixões em predomínio, que sempre impõe uma classe
poderosa sobre as outras que são debilitadas à medida que vão sendo extorquidos os
seus parcos recursos até a exaustão das suas forças, quando novas revoluções do mesmo
gênero explodem, produzindo desgraça e ódios que nunca terminam . . .
Todo esse contributo moral foi retirado do Evangelho de Jesus, especialmente do Seu
Sermão da montanha, no qual reformulou os valores humanos até então aceitos,
demonstrando que forte não é o vencedor de fora, mas aquele que se vence a si mesmo,
e poderoso, no seu sentido profundo, não é aquele que mata corpos, mas não é capaz de
evitar a própria morte.
Artigos
Existe na nossa sociedade de cultura ocidental judaico-cristã um trauma, ou seja, o do
pavor que a sociedade tem de ver uma mulher solteira ficar grávida e,
conseqüentemente, o de ela vir a ter um filho. É que o judaísmo e o cristianismo sempre
condenaram exageradamente a sexualidade fora do casamento. No entanto, antes de
haver religiões e casamentos no mundo, nossos ancestrais já tinham seus filhos, sem o
que não poderíamos existir!
Há dois tipos de vida, ou seja, a vida em estado potencial e a vida atualizada. Um grão
de feijão é uma vida em estado potencial de um pé-de-feijão. Ao ser colocado na terra
úmida, ele brota e se torna a vida atualizada de um pé-de-feijão, mesmo ainda antes de
ele chegar à superfície da terra. Também com relação aos seres ovíparos que nascem de
ovos, podemos dizer que essas duas vidas existem. Por exemplo, o ovo galado de
galinha é uma vida de um pintinho, mas apenas em estado potencial. Esse ovo só vai se
tornar uma vida atualizada de um pintainho, depois de ser submetido a uma temperatura
apropriada debaixo duma galinha ou numa chocadeira, pelo tempo de 21 dias. Assim,
pois, a destruição de um ovo, mesmo galado, não é a destruição da vida de uma
avezinha, a qual, por enquanto, só existe no ovo em estado potencial.
Mas como a mulher não é ovípara, a vida do feto nela é atualizada dentro dela mesma,
desde o instante da concepção. Conseqüentemente, se ela eliminá-lo, mesmo que ele
seja ainda um embrião, ela está destruindo uma vida humana já atualizada, cometendo,
pois, um infanticídio e se tornando uma verdadeira assassina do seu próprio filho
inocente e indefeso, quando ela, até pelo instinto, deveria protegê-lo!
Artigos
A Doutrina Espírita é a favor de utilizar as células tronco de uma pessoa nela mesma.
Por que os cientistas e políticos não pensaram apenas neste tipo de utilização? Aos
olhos deles, isso traria algum tipo de prejuízo?
Quanto tempo demora, mais ou menos, para que uma questão polêmica como essa seja
aprovada?
Estamos sendo testemunhas de uma discussão entre os que estão a favor e aqueles que
estão contra. E em relação ao mundo espiritual? É possível que espíritos interessados
neste obstáculo à reencarnação possam estar influenciando de alguma forma?
Creio que toda existência carnal do Espírito se inicia na fecundação ou quando um novo
corpo começa a existir (na possível clonagem humana, não há fecundação, não é?). E
será que em toda fecundação humana, natural ou in vitro, liga-se a todo embrião um
Espírito reencarnante?
Haverá meios científicos de se detectar a existência de um ser vivo nos embriões? Fala-
se de equipamentos que futuramente poderão identificar se determinado embrião tem a
ele ligado, ou não, um espírito reencarnante. Isto se daria através da identificação de
campos biomagnéticos, utilizando-se um tensionador espacial magnético (TEM). Será
possível?
O embrião, desde a sua fase inicial de zigoto, já é o próprio organismo humano vivo, já
que está totalmente constituído para o seu pleno desenvolvimento e também porque, até
a sua fase de blastócito – período em que as células se multiplicam de forma ordenada,
mas ainda não são diferenciadas – já exerce atividades programadas que darão suporte
às próximas fases da sua formação?
Uma vez que se conclua que todos ou parte dos embriões congelados já sejam seres
vivos, com espíritos a eles ligados, além de parar de se produzir embriões excedentes
nas reproduções assistidas, o que fazer com os que já estão armazenados?
Nos casos de fetos anencéfalos (sem cérebro) e também de estupro, também nesses
casos não se deve praticar o aborto, certo?
Em seguida temos alguns textos usados como referencias para responder às questões
colocadas acima.
A ética visa mais o bem a ser conquistado e garantido que ao mal que deve ser evitado.
A bioética é a ética aplicada aos novos problemas que se desenvolvem nas fronteiras da
vida. Vem em salvaguarda do ser humano: na singularidade da individualidade, mas
também na universalidade da sua humanidade. Não pretende ser restritiva, mas tem a
tarefa de colocar limites éticos a fim de salvaguardar a pessoa humana, sua vida e
humanidade.
A ética ao falar de valores e agir humano, parte do pressuposto que todo ser humano age
por uma motivação em vista de uma finalidade. É sabido que entre a motivação e a
finalidade não existe uma transparência que determine ser todo ato bom e responsável.
Vários fatores psicológicos, sociais e culturais podem influenciar estes atos. Um ato
humano, mesmo os atos médicos e científicos, podem ser maus e irresponsáveis se as
motivações forem egoístas ou se a finalidade for a ganância de fama, poder ou riquezas.
Existe algum preparo para o espírito reencarnar? Se existe, qual é? O espírito pode ser
obrigado a reencarnar? A lei de hereditariedade influi no espírito? Ele reencarna
consciente ou inconsciente? Quando termina o processo da reencarnação? Por que o
esquecimento?
"Segismundo voltará ao rio da vida física. A situação assim exige e não devemos perder
a oportunidade de encaminhá-lo ao necessário resgate... Tudo está preparado afim de
que Segismundo regresse à companhia da vítima e do inimigo do pretérito, no sentido
de santificar o coração. Será ele, de conformidade com a permissão de nossos Maiores,
o segundo filhinho do casal... Infelizmente, Adelino, que lhe será o futuro pai
transitório, repele-o com calor, tão logo surgem as horas do sono físico, trabalhando
contra os nossos melhores propósitos de harmonização. Em vista disso o trabalho
preparatório da nova experiência tem sido muito moroso e desagradável."
"As entidades sob nossos olhos são trabalhadores da nossa esfera interessados em
reencarnações próximas. Nem todos estão diretamente ligados a semelhantes propósitos,
porque grande parte está no trabalho de intercessão, obtendo favores desta natureza para
amigos íntimos. Os rolos brancos que conduzem são pequenos mapas de formas
orgânicas, elaborados por orientadores do nosso plano, especializados em
conhecimentos biológicos de existência terrena. Conforme o grau de adiantamento do
futuro reencarnante e de acordo com o serviço que lhe é necessário estabelecer planos
adequados aos fins essenciais."
"A moldura social ou doméstica, muitas vezes, é diferente, mas, no quadro do trabalho e
da luta, a consciência é a mesma, com a obrigação de aprimorar-se, ante a benção de
Deus, para a luz da imortalidade." (2)
Anencéfalo tem alma? Que é a alma? Seria válido o aborto diante de anomalias fetais
graves e incuráveis? Como detectar a presença do espírito? Há um espírito encarnado?
Segundo estimativas extra-oficiais, existem hoje no Brasil mais de 350 alvarás judiciais
autorizando a prática da interrupção seletiva da gravidez em nome de anomalias fetais
incompatíveis com a vida extra-uterina.
Sabe-se que há relação direta entre fetos anencéfalos e abortamento espontâneo. Cerca
de 65% morrem no período intra-útero. Dos que sobrevivem, cerca de 2/3 falecem nas
primeiras três horas. Alguns registros mostraram que, de 180 anencéfalos vivos, 58%
não sobreviveram após as primeiras 24 horas. Quando a alma está presente?
Que é a alma? A resposta é encontrada em “O Livro dos Espíritos”, na questão 134 e diz
que é “um espírito encarnado”. Mas, que era a alma antes de se unir ao corpo? “Um
Espírito”. O corpo pode existir sem alma, não sendo um homem mas massa de carne
sem inteligência (questão 136). Na agonia (processo de desencarnação), algumas vezes,
já tem deixado o corpo havendo apenas vida orgânica. Cabe perguntar, sob o ponto de
vista prático, como saber se o espírito já deixou o corpo e como saber se está ligado ao
corpo do anencéfalo. Nas questões deste capítulo de "O Livro dos Espíritos" vamos
encontrar novamente o vocábulo (alguns/ algumas) na questão 356, onde verificamos
que entre os natimortos há alguns onde não foi destinada a encarnação de espíritos. Por
outro lado, “O Livro dos Espíritos” é claro quando informa que se a criança vive após o
nascimento ela tem forçosamente encarnado em si um espírito e é um ser humano
(questão 356b). Interessante é que não tendo sido destinado à encarnação de espíritos,
corpos podem chegar a termo de nascimento, algumas vezes (de novo o vocábulo), mas
não vivem (questão 356a). Essas questões parecem explicar (percentuais referidos
anteriormente) os 65% de anencéfalos que morrem no período intra-útero e ainda os
outros 42% que sobrevivem após as primeiras 24 horas.
Uma mulher tem o direito de levar a termo uma gestação com uma criança seriamente
afetada, quando isso representa uma carga financeira e social imensa para toda a
sociedade?
No momento de decisão vamos nos debruçar sobre a resposta dada pelos Espíritos
Superiores (na questão 356b) – “há forçosamente um espírito encarnado”. Fontes é
enfático: “decretar viver ou morrer não é poder do juiz.” Certamente ele vai deixar os
calouros de direito em reflexão profunda, quando adjetiva: “mais inviável do que o
nascituro tido como anencéfalo é a pretensão de alcançar judicialmente uma autorização
de aborto, porquanto injusta, ilegal, inconstitucional, juridicamente impossível,
irrelevante e inútil.” (3)
“Ora, minha amiga, estamos discutindo a existência de alguém que ainda nem é uma
pessoa. É apenas um amontoado de células. Eu estou defendendo a mulher e você vai
ficar defendendo um feto!” (...) “A mulher é sempre ignorada. Essa é a grande questão
do nosso século. As mulheres que abortam, no Brasil, não o fazem por opção. Quando
falo no direito de abortar falo em direito à vida humana, decente e digna. É preciso
existir estrutura para gerar filhos, foi você mesma quem colocou!”
“Sim”, veio a resposta: “e deve ser aí que devemos gastar a nossa energia e não
tentando desumanizar o outro! Sempre que se quer humilhar, castrar, limitar ou matar o
outro, recorre-se a esta técnica consagrada. O primeiro ato é desumanizar. Se o embrião
é um "vir a ser", mas não é ainda por que não suprimi-lo em favor dos que são? Hitler e
Stálin tinham idéias, até nobres, pelas quais se delegaram o direito, e até o dever, de
matar judeus, dissidentes, capitalistas, comunistas e católicos. O que se quer é
“desumanizar” o embrião para adormecer as consciências com uma legitimidade. "A
ciência não tem uma definição de vida, portanto não pode justificar um procedimento
tão grave sobre o que desconhece.”. (4)
Com relação às pesquisas no campo das células tronco, dos embriões congelados, há
divergências entre a opinião da ciência e a da religião. O que você nos diz sobre essa
questão? Responde o médium Divaldo Pereira Franco. - Quando for possível fazer uma
ponte entre ciência e religião, fica muito mais fácil. A tarefa da ciência,
indubitavelmente, é pesquisar. Se a ciência tivesse limites, hoje nós não teríamos a
tecnologia de ponta que nos facilita tanto a comunidade, inclusive o prolongamento da
vida. Mas, nessa busca da investigação científica, às vezes alguns pesquisadores
exorbitam. Toda vez, quando a vida corre ameaça, é compreensível que haja uma
bioética. As grandes nações trabalham isto e o Brasil também, para que se estabeleça
uma bioética. Nem tudo deve ser permitido na área da investigação.” (...) "No caso das
células tronco, a Doutrina Espírita, na sua visão religiosa, é totalmente favorável. Toda
e qualquer pesquisa que objetive o progresso, a diminuição das dores, a mudança de
situação da criatura, é válida, mas para tanto é necessário respeitar a vida que está em
processo de desenvolvimento.” (...) “A ciência vai descobrir que essa vida embrionária
não é de espontaneidade da matéria, mas sim da presença do Espírito. Ao destruí-los se
interrompe uma futura existência, com menos conseqüências negativas, porque os
Espíritos que ali se encontram imantados estão também cumprindo um período de
provas e essa própria prova é uma maneira de resgatar débitos do passado.” (5)
Transdisciplinaridade (6)
Artigo 13. A ética transdisciplinar recusa toda atitude que recusa o diálogo, a discussão,
seja qual for sua origem – de ordem ideológica, científica, religiosa, econômica, política
ou filosófica. O saber compartilhado deverá conduzir a uma compreensão
compartilhada baseada no respeito absoluto das diferenças entre os seres, unidos pela
vida comum sobre uma única e mesma Terra.
Artigo 1 - Qualquer tentativa de reduzir o ser humano a uma mera definição e de
dissolvê-lo nas estruturas formais, sejam elas quais forem, é incompatível com a visão
transdisciplinar.
Artigo 9 - A transdisciplinaridade conduz a uma atitude aberta com respeito aos mitos,
às religiões e àqueles que os respeitam em um espírito transdisciplinar.
Artigo 10 - Não existe um lugar cultural privilegiado de onde se possam julgar as outras
culturas. O movimento transdisciplinar é em si transcultural.
Artigo 7 - A transdisciplinaridade não constitui uma nova religião, uma nova filosofia,
uma nova metafísica ou uma ciência das ciências.)
Conclusão
É indiscutível, nos dias atuais, que a humanidade está assistindo a uma verdadeira
“revolução” provocada pela biotecnologia e pela biomedicina, trazendo uma série de
questionamentos jamais pensados por qualquer ramo do conhecimento.
Questões como aborto, eutanásia, ortotanásia, clonagem humana, são assuntos que
envolvem vida e morte de seres humanos. Ética e direito, bioética e biodireito, direito
constitucional e direito internacional devem estar agindo em conjunto para que se
encontre o famigerado “ponto de equilíbrio” entre a ânsia pelo desconhecido, a vaidade
desenfreada e o senso comum daquilo que é ético, digno, justo.
Sabe-se que, o avanço científico sem reflexão ética é um salto no vazio. A ética, em
efeito, deve orientar o avanço científico e a harmonia entre eles.
Para que isso aconteça, a ética deve estar aliada ao direito, que lhe dará sustentação
legal para tanto. O Direito Constitucional deve estar em consonância com o Direito
Internacional, ou seja, a Constituição deve estar apta a reconhecer mecanismos
internacionais eficazes de proteção à dignidade da pessoa humana, à prevalência dos
direitos humanos, em relação ao prazer em testar seres humanos. A idéia de criar um
tribunal internacional de ética para cientistas, médicos, profissionais que atuam com
experiências em seres humanos, é que exista realmente aplicabilidade de regras e a
conseqüente coerção caso haja desrespeito aos preceitos éticos e jurídicos. As
declarações internacionais apresentadas neste trabalho, são um prenúncio disso.
Células-tronco
“O médico interfere no campo do sujeito, em seu corpo e, por vias indiretas não apenas
contingentes, em sua vida pessoal, suas emoções, sua “socialidade”, suas economias.
Por isso é a medicina uma profissão moral. A medicina não é uma ciência, campo de
exatidões, de estatísticas, de generalizações. É, na verdade, uma aplicação prática das
ciências médicas, fisiológicas e biológicas em alguém em particular, num tempo e local
particular.” (8)
Em princípio, os remédios devem ser eficazes, eficientes e efetivos. Eficazes são os que
os que foram validados por método rígido e demonstraram que solucionam o problema
investigado (podem não chegar a 100%). Comete injustiça quem gasta dinheiro público
com um produto que não demonstra eficácia. Se os benefícios superarem os custos é
eficiente. Será efetivo se for eficiente em condições reais.
Terceira - Qual seria o procedimento cabível para a empresa que possui embriões e
material genético criopreservados em caso de falência, insolvência ou decisão de
término de atividades? Qual seria o destino de tal material?
Apesar da alergia que o “antígeno religião” pode causar, gostaria de contar que ao
término da conferência pública com o médium Divaldo Franco, realizada no Grupo
Espírita André Luiz, no Rio de Janeiro, 26 de julho de 2007, o espírito assim se
pronunciou:
"Nós que nos comprometemos em tornar melhores os nossos próprios dias deveremos
avançar semeando bênçãos e distribuindo consolações. A humanidade necessita mais de
exemplos dignificantes do que de palavras retumbantes."
O médico Arthur Conan Doyle, criador da série Sherlock Holmes, escreveu a "História
do Espiritismo", que foi traduzida por Júlio de Abreu Filho. O filosofo José Herculano
Pires é o autor do prefácio que nos fala da obra e do escritor de renome mundial: "O
médico Arthur Conan Doyle, o homem voltado para os problemas científicos, o
pensador, debruçado sobre as questões filosóficas, e o religioso, que percebe o
verdadeiro sentido da palavra religião - todos eles estão presentes nesta obra gigantesca,
suficiente para imortalizar um escritor que já não se houvesse imortalizado."
Da obra (Editora Pensamento, SP, SP, 500 p) vamos ficar com a página 174, 5º capítulo,
"A Carreira de D. D. Home", porque atende ao nosso objetivo. É um parágrafo onde o
médico escritor faz uma afirmação que comprovei ao longo da vida acadêmica. Sua
clareza nos obriga a citá-lo ad litteram:
"Os homens de ciência se dividem em três classes: os que absolutamente não
examinaram o assunto - o que não os impede de pronunciar opiniões muito violentas; os
que sabem que a coisa é verdadeira, mas temem confessá-lo; e, finalmente, a brilhante
minoria dos Lodges, dos Crookes e dos Lombrosos, que sabem que é verdade e não
temem proclamá-lo."
Para Ellen Gracie, presidente do STF, no zigoto a "pessoa humana não existe..." (Luiz
Carlos Formiga)
REFERÊNCIAS
(1) Ética, sociedade e terceiro milênio
http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/ler.php?modulo=10&texto=524
(2) O preparo para a reencarnação, de Jomar Teodoro Gontijo
http://www.panoramaespirita.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=7961
(3) Anomalias fetais: abortar?
http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.6.htm
(4) A política do aborto
http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.2.htm
(5) Zigoto no banco dos réus?
http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.16.htm
(6) Ética, Sociedade e Terceiro Milênio
http://www.panoramaespirita.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=4981
(7) Carla Fernanda de Marco . O Biodireito e a Tendência da Constitucionalização do
Direito Internacional: A Dignidade da pessoa Humana como Valor Universal. 32
páginas.
http://www.mundojuridico.adv.br/sis_artigos/artigos.asp?codigo=63
(8) O que espero de meus médicos. Revista de Enfermagem, Faculdade de Enfermagem,
UERJ, RJ, vol. 4 (1): 89-102. Capítulo de "Dores, Valores, Tabus e Preconceitos".
Edições CELD. RJ.
http://www.sida-luz-positiva.org/
(9) Sobre o voto da ministra, em Espiritualidade e Sociedade e Jornal dos Espíritos,
“Dignidade para a mulher - É necessário restabelecer a igualdade entre cidadãos”
http://www.espiritualidades.com.br/Artigos_D_L/formiga_Luiz_dignidade_mulher.htm
http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.17.htm
(10) O poder das palavras
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/o-poder-das-palavras.html
Artigos
Ser médium da vida, ajudando, no lar e fora dele, exercitando as virtudes conhecidas,
constitui forma elevada de contribuir para o progresso e desenvolvimento da
Humanidade. Através da palavra, oral e escrita, quantos socorros podem ser
dispensados, educando-se as criaturas, orientando-as, levando-as à edificação pessoal,
na condição de médium do esclarecimento?! Contribuindo, nas atividades espirituais da
Casa Espírita, pela oração e concentração durante as reuniões especializadas de
doutrinação, qualquer um se torna médium de apoio. Da mesma forma, através da
aplicação dos passes, da fluidificação da água, brindando a bioenérgia, logra-se a
posição de médium da saúde. Na visita aos enfermos, mantendo diálogos confortadores,
ouvindo-os com paciência e interesse, amplia-se o campo da mediunidade de esperança.
Mediante o dialogo com os aturdidos e perversos, de um ou do outro plano da vida,
exerce-se a mediunidade fraternal da iluminação de consciência. Neste mister, aguça-se
a percepção espiritual e desenvolvem-se os pródromos das faculdades adormecidas, que
se irão tornando mais lúcidas, a fim de serem usadas dignamente em futuros
cometimentos das próximas reencarnações.
Ser médium é tornar-se instrumento; e, de alguma forma, como todos nos encontramos
entre dois pontos distantes, eis-nos incursos na posição de intermediários. Ter
facilidade, porém, para sentir os Espíritos é compromisso que vai além da simples
aptidão de contatá-los. Desse modo, à semelhança da inteligência que se pode
apresentar em indivíduos de péssimo caráter, que a usam egoística, perversamente, ou
como a memória, que brota em criaturas desprovidas de lucidez intelectual, e perde-se,
pela falta de uso, também a mediunidade não é sintoma de evolução espiritual.
Allan Kardec, que veio em nobre missão, Espírito evoluído que é, viveu sem apresentar
qualquer faculdade mediúnica ostensiva, enquanto outros indivíduos do seu tempo, que
exerceram a faculdade medianímica, por inferioridade moral, venderam os seus
serviços, enxovalharam-na, criaram graves empecilhos à divulgação da Doutrina
Espírita que, indevidamente, foi confundida com os maus exemplos desses médiuns
inescrupulosos e irresponsáveis. Certamente, o médium ostensivo, aquele que
facilmente se comunica com os Espíritos, quando é dotado de sentimentos nobres e
possui elevação, torna-se missionário do Bem nas tarefas a que vai convocado,
ampliando os horizontes do pensamento para a imortalidade, para a vitória do ser
libertado de todas as paixões primitivas.
Artigos
Niterói
Maio de 2008
Sumário
1. APRESENTAÇÃO
3. A HOMOSSEXUALIDADE E SOCIEDADE
4. A HOMOSSEXUALIDADE E A BÍBLIA
6. A HOMOSSEXUALIDADE E O ESPIRITISMO
8. CONCLUSÃO
9. REFERÊNCIAS
1. APRESENTAÇÃO
Infinita é a misericórdia de Deus. Prova disso reside no fato de não haver facultado ao
nobre produto da celulose qualquer senso crítico sobre o que é lançado em seu corpo
porque, do contrário, não poderia usá-lo para oferecer a minha modesta contribuição,
quer seja, revisão da pesquisa que realizei sobre a homossexualidade para a equipe de
atendimento fraterno do Grupo Espírita Leôncio de Albuquerque de Niterói, que se
reuniu para estudar tal tema no último domingo de agosto de 2007.
Não há como tratar da homossexualidade sem se fazer uma breve exposição sobre a
sexualidade. E, na dicção dos especialistas,
Sexualidade é uma dimensão inerente da pessoa e está presente em todos os atos de sua
vida. É um elemento básico da personalidade, que determina ao indivíduo um modo
particular e individual de ser, manifestar, comunicar, sentir, expressar e viver o amor.
Sexualidade é auto-identidade, é a própria existencialidade (MAIA, 1994, p. 209, apud
Ivo, Pelizaro, Zaleski).
Segundo Gibson Bastos (2006), a sexualidade é tão complexa que os estudos nessa área
a definem como dotada de quatro elementos: sexo biológico, identidade de gênero, o
papel sexual e orientação sexual.
Também não me parece demasiado explicar, seguindo a trilha aberta por Júlio Cezar
Meirelles Gomes e por Lúcio Mario da Cruz Bulhões, nos autos do Processo Consulta
nº 39/97-C, que o transexualismo deve ser enquadrado no âmbito das intersexualidades
não-orgânicas e que não se confunde com a homossexualidade porque se caracteriza
pela repulsa, pela rejeição à própria genitália semelhante ao sexo desejado e que gera o
desconforto supremo da inadequação entre partes vivas, a ponto do indivíduo ficar,
inclusive, “propenso ao auto-exterminio em face do grave conflito entre fenótipo e
consciência de opção sexual”.
Foi, de certa forma, um avanço porque tal médico pretendia proteger os homossexuais
de leis que criminalizavam a homossexualidade com pena, inclusive, como no caso da
Alemanha, de morte (Oliveira, 2001).
Tanto é assim que escreveu uma carta ao Ministro da Justiça alemão requerendo a
revogação da lei que criminalizava a homofilia, sem obter sucesso.
Como conseqüência lógica da linha de entendimento acima exposto, temos esta mesma
Resolução CFP Nº 001/99, em seu art. 3º, parágrafo único, vedando a colaboração dos
psicólogos em eventos e serviços que proponham tratamento e cura da
homossexualidade.
(omissis)
Desde Freud e sua teoria do inconsciente, seguido por Lacan, sabemos, se há alguma
razão para se falar de causa, que se aceite que todo desejo é causado e, mais ainda, que
todo desejo é uma causa: a causa do sujeito do desejo, isto é, aquilo pelo que cada um se
empenha, embora sem saber. Deve-se saber, portanto, que a causa da homossexualidade
é a mesma da heterossexualidade e da bissexualidade: a escolha inconsciente do objeto
do desejo.
Diante das novas perspectivas adotadas pela ciência oficial, há relato na literatura
especializada de esforços para que os profissionais de saúde passassem a utilizar o
termo homossexualidade, em substituição da palavra homossexualismo, vez que o
sufixo "dade" significa modo de ser ou de se comportar, e o sufixo "ismo", do ponto de
vista médico, significa doença (Ivo; Pelizaro; Zaleski, 2002). Ou seja, com o progresso
da ciência, a palavra homossexualismo tornou-se obsoleta. Mais do que isso, a palavra
homossexualismo tornou-se incorreta.
Drauzio afirma ainda que “É muito provável que o comportamento sexual esteja sob o
comando do que chamamos de programa genético aberto”, explicando que
(...) se vedarmos o olho esquerdo de uma criança ao nascer, ao retirarmos a venda três
meses mais tarde ela terá perdido definitivamente a visão desse olho, embora enxergue
normalmente com o outro. O programa genético responsável pela distribuição dos
neurônios da retina no cérebro precisa interagir com a luz para incorporar as
informações necessárias ao desenvolvimento pleno da visão.
O jornalista Ricardo Bonalume Neto conta-nos que estudo liderado pela pesquisadora
Han Kyung-an, da Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA) demonstrou que
machos de drosófilas submetidos a uma constante inebriação com etanol ficaram mais
excitados e desinibidos sexualmente, a ponto de não só voarem atrás de fêmeas, mas
também de outros machos.
O estudo foi realizado nas moscas drosófilas, explicou o aludido colunista diante da
“necessidade de estudos em modelos animais” para melhor compreensão da relação
causal do álcool com excitação sexual e comportamento sexual desinibido em humanos.
Paulo da Silva Neto Sobrinho (2007), em texto que aborda a homofilia, cita o livro
Biological Exuberance – Animal Homosexuality and Natural Diversity (Exuberância
Biológica – Homossexualidade Animal e Diversidade Natural), do biólogo norte-
americano Bruce Begamihl, lançado em 1999, onde são descritos casos de
homossexualidade entre 450 espécies de animais, em sua maioria mamíferos e aves.
Para Paulo da Silva Sobrinhon (2007), tal livro comprova que a homossexualidade
acontece na natureza, “o que, para nós, justifica a mudança de atitude em relação aos
homossexuais que existem no nosso meio”.
Não se pode negar que a vida em casal, composta de um homem e uma mulher, não é a
única forma de vida comunitária. O casamento, até então, tem se mostrado como a mais
organizada e freqüente, mas, nem por isto, pode-se desconhecer como válida a
convivência entre pessoas do mesmo sexo, a qual dia a dia se torna mais freqüente.
(2007, p. 65)
E mais. Dita o art. 5º, II e parágrafo único, da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006:
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a
mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
(omissis)
Para Leonardo Barreto Moreira Alves, Promotor de Justiça de Minas Gerais e Membro
do Instituto Brasileiro de Direito de Família, tais dispositivos inauguram um conceito
legal que definitivamente reconhece a união homoafetiva (entre mulheres e, pelo
princípio constitucional da igualdade, também entre homens) como entidade familiar, o
que implica na perda de interesse na aprovação de qualquer projeto de lei que venha a
disciplinar esta matéria e que tal união não constitui sociedade de fato (e, sim, uma
entidade familiar), daí porque sua apreciação deve se dar sempre na Vara de Família,
nunca em uma Vara Cível.
3. A HOMOSSEXUALIDADE E A SOCIEDADE
A homossexualidade, por mais de uma década, não é tida como doença ou desvio pela
ciência oficial, não havendo espaço para se falar, seriamente, em cura. Assim sendo, os
tratamentos terapêuticos aceitos pelos órgãos oficiais que regulam esse tipo de serviço
são aqueles destinados à identificação da verdadeira orientação sexual e dos caminhos
para ser feliz com ela (Bastos, 2006).
John Evans, citado por Gibson Bastos (2006), relata que depois de trinta anos de
trabalhos voltados à cura da homossexualidade constatou que tais esforços geravam
depressão e suicídio. Esse relato é importante porque veio de um dos fundadores do
grupo LIA, organização estadunidense criada com a proposta de curar a
homossexualidade.
O caso de maior repercussão nos últimos anos, que mereceu destaque na imprensa
nacional e na internacional, foi o de Édson Néris da Silva, morto em fevereiro de 2000.
Édson e o amigo Dario Pereira Netto estavam andando de mãos dadas quando foram
abordados por um grupo de 20 skinheads, em uma praça do Centro de São Paulo. Os
dois tentaram fugir, mas somente Pereira conseguiu escapar. Édson foi espancado com
socos e pontapés. Testemunhas disseram à polícia que a agressão durou cerca de 20
minutos. Depois disso, o grupo foi embora demonstrando calma. Policiais prestaram
atendimento a Édson. Ele sofreu fratura de crânio, hemorragia interna, ferimentos no
rosto, braços e pernas. Morreu logo depois de chegar ao hospital.
Conforme registrado por Gibson Bastos (2006), não são raros os casos em que a própria
família do homossexual toma contra ele uma atitude agressiva. E mais. Nos Estados
Unidos, cerca de 26% dos jovens homossexuais são expulsos de casa.
Luiz Mott (2006) - Mestre em Etnologia pela Universidade de Sorbonne (Paris), Doutor
em Antropologia pela Unicamp e Professor Titular do Departamento de Antropologia
da Universidade Federal da Bahia - assim descreve a realidade do homossexual na
sociedade brasileira:
Infelizmente, verdade seja dita, somos obrigados a reconhecer que de todas as chamadas
"minorias sociais", no Brasil, e na maior parte do mundo, os homossexuais continuam a
ser as principais vítimas do preconceito e da discriminação. Todos nós já ouvimos mais
de um pai declarar: "prefiro ter um filho ladrão do que homossexual"! E não nos acusem
de apelar para o vitimismo, pois os dados comprovam inegavelmente que, de todas as
minorias sociais, os homossexuais são os mais vulneráveis: em Brasília, 88% dos jovens
entrevistados pela Unesco consideram normal humilhar gays e travestis, 27% não
querem ter homossexuais como colegas de classe e 35% dos pais e mães de alunos não
gostariam que seus filhos tivessem homossexuais como colegas de classe. Mais grave
ainda: no Brasil, um gay, travesti ou lésbica é barbaramente assassinado a cada dois
dias, vítima da homofobia.
Confirmando o discurso acima transcrito, diz o professor Alípio de Sousa Filho (2003)
que:
Para surpresa de todos, o juiz da 9ª Vara Criminal de São Paulo, Manoel Maximiano
Junqueira Filho, arquivou o processo com a assertiva de que "o futebol é jogo viril,
varonil, não homossexual" e que o jogador, caso resolvesse assumir a sua
homossexualidade, deveria abandonar os gramados, já que “não poderia jamais sonhar
em vivenciar um homossexual jogando futebol”.
Salta aos olhos, mesmo dos mais intolerantes, o absurdo de tanta severidade e
indignação moral contra o homoerotismo, pois condutas anti-sociais extremamente
ameaçadoras, como o estupro, a violência contra menores, o canibalismo e até o
matricídio, eram consideradas crimes menos graves do que o amor unissexual.
Completando o panorama social até agora descrito, Gibson Bastos (2006) afirma que
Para não restar dúvida sobre o papel da Igreja na construção do ódio contra os
homossexuais, há as seguintes palavras de Edênio Valle - Sacerdote católico, Psicólogo,
Assessor Psicológico da CNBB e de vários organismos da Igreja Católica no Brasil,
Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo:
Isso ocorre nem sempre porque queiram poupar os filhos de qualquer sofrimento.
Conforme desabafo de Gibson Bastos (2006, p. 134):
É uma dura verdade, às vezes, fazemos dos filhos apenas motivo do nosso orgulho e da
nossa vaidade. Alegamos que só queremos que eles não sofram, mas na maioria das
vezes, somos nós que não suportamos ver nossos sonhos desfeitos.
Parece que muito da revolta ou tristeza dos pais em relação à homossexualidade do filho
decorre, por assim dizer, do fato deles não encontrarem no seu sucessor direto o tão
sonhado espelho para reprodução perene dos sentimentos de vaidade e de orgulho
fincados em suas almas.
Outro fator apontado pelo citado autor refere-se ao fato da maioria dos homófobos
possuírem, em verdade, desejos homossexuais reprimidos. Assim, com o apoio do
superego de todo o coletivo da sociedade - que vê na homossexualidade uma doença,
uma perversão, algo antinatural e anormal -, tais homófobos projetam os seus desejos
homossexuais reprimidos contra a figura social do homossexual, agredindo-a de
diversas formas para reprimir e punir as suas verdadeiras tendências.
A baixa auto-estima é apontada também como uma das causas do preconceito contra a
homossexualidade porque as pessoas acometidas desse mal aproveitam-se do desprezo
que a maioria da sociedade tem para com os homossexuais para exteriorizar a sua
necessidade de inferiorizar outras pessoas.
Em síntese, tudo indica que o avanço experimentado pela ciência oficial não provocou
maior impacto sobre a sociedade deste planeta, marcada pelo preconceito, pelo ódio,
pelas guerras e, por via de conseqüência, pela dor.
4. A HOMOSSEXUALIDADE E A BÍBLIA
Todavia, dentro das religiões cristãs há vozes em contrário. Uma delas é de Benjamin
Forcano, teólogo moralista e sacerdote católico, para quem “A qualificação da
homossexualidade como abominação procede de uma hermenêutica mecanicista e
deslocada”.
A Bíblia não é um texto sagrado, intocável, para ser aplicado como se fosse um ditado
direto de Deus. A Bíblia não é um aerólito, não é algo caído do céu, mas um
instrumento que ajuda a entender a vontade de divina tal como ela é percebida a partir
dos condicionamentos culturais, irremediavelmente limitados, daquele tempo e
sociedade.
Benjamin Forcano explica ainda que o texto de Sodoma (Gn 19, 1-29), muito usado
para desqualificar aqueles que possuem orientação homossexual, em verdade, segundo
estudos recentes, não se refere à homossexualidade e, sim, à falta de hospitalidade e
que, todavia, se converteu, paradoxalmente e contra seu sentido original, para
proscrever e exilar de nossa sociedade os homossexuais.
Forcano, após destacar que a Bíblia tem sido utilizada para justificar determinada visão
cultural sobre a homossexualidade com suporte em pressupostos antropológicos hoje
superados, aponta os seguintes critérios que a Igreja Católica deveria adotar em relação
à sexualidade:
A hermenêutica moderna está longe de ver nos textos bíblicos uma condenação da
homossexualidade. A Bíblia não leva a argumentos para isso, nem é coisa que se
proponha. Então, não resta outro recurso senão chegar a ela, pela via da ciência, da
ética, da filosofia ou das disciplinas humanas pertinentes. Isso quer dizer que, como
católicos, não podemos acrescentar nada de específico a um problema que deve ser
analisado da perspectiva das ciências humanas.
Após minuciosa análise de diversos trechos bíblicos citados pelos religiosos para
condenação da homossexualidade, Katsuhiro Kohara, Professor da Universidade
Doshisha, Kyoto, Japão, em interessante artigo, chegou às seguintes linhas de
raciocínio:
4) A Bíblia considera o ato sexual entre pessoas do mesmo sexo como sendo mau, mas
não fala porque é mau.
Mas o referido teólogo da Igreja Luterana asseverou que há, ainda, vozes no sentido de
que as “passagens bíblicas, aduzidas como contra-prova, estariam se referindo não à
orientação homossexual como tal e, sim, a abusos nessa área”.
Uma cuidadosa leitura das análises do texto bíblico realizadas pelas correntes teológicas
mais progressistas parecem indicar, em síntese, que realmente inexiste na Bíblia
qualquer condenação à homossexualidade como orientação sexual. Há, sim, condenação
às práticas homossexuais contextualizadas com a falta de hospitalidade, com o atentado
violento ao pudor e com a promiscuidade.
Apesar dos avanços verificados na ciência oficial e na interpretação dada por alguns
teólogos aos textos bíblicos, a hostilidade aos homossexuais tem permeado a prática e o
discurso das religiões cristãs tradicionais. É o que se infere do seguinte trecho extraído
de estudo realizado pelos Bispos Jack Spong e Peter J. Lee do movimento anglicano:
Há cem anos não havia debate sobre a homossexualidade na vida da Igreja Cristã. Hoje
essa discussão enraivece em toda a parte da cristandade, às vezes, abertamente, às
vezes, ocultamente. Em algumas partes de nossa Comunhão esse debate ameaça separar
os cristãos em campos de batalha. Em nossa Comunhão já ouvimos ameaça de
excomunhão, de um la-do, e, de outro, convite para deixar. Temos observado evidência
de que esse debate pode deflagrar palavras danosas e insolentes e até condutas
fisicamente violentas.
Os Bispos acima aludidos destacam ainda que os defensores dessa primeira corrente
lembram que a ciência já registrou a ocorrência de homossexualidade entre os animais,
demonstrando assim que a homofilia independe de liberdade de pensar e de capacidade
de escolha. Os indivíduos, assim como os animais, simplesmente, despertam para a
homossexualidade.
Buscam, com isso, demonstrar que a homossexualidade é uma realidade inata, não
submetida ao controle consciente do indivíduo.
Benjamin Forcano reconhece que a Igreja Católica possui dificuldade para admitir a
diversidade sexual como um valor enriquecedor, condenando, por esse motivo, a
homossexualidade.
Mas o nobre teólogo, após afirmar que a ciência, a ética, a filosofia e as demais
disciplinas humanas pertinentes conduzem ao entendimento de que a Bíblia não
condena a homossexualidade responsável, convocou a comunidade católica para -
mostrando a sua fidelidade ao evangelho, ainda que se afastando da orientação da
cúpula da Igreja - admitir a diversidade sexual, chancelando aos homossexuais,
inclusive, o acesso ao sacerdócio.
uma mais tradicional, que até chega a criticar o Vaticano como insuficientemente
condescendente neste campo; outra, seguramente majoritária hoje em dia, que tenta
aprofundar as brechas que os pronunciamentos oficiais oferecem; e uma terceira, que vê
como inadequado e insuficiente o tratamento que as autoridades maiores da Igreja
Católica dão à sexualidade em geral e, conseqüentemente, à homossexualidade e aos
homossexuais.
Gregory Baum expressou a sua esperança de um dia ver a cúpula da Igreja Católica
mudar a sua concepção em relação à homossexualidade para entendê-la como uma das
variantes normais da sexualidade com base nos seguintes argumentos:
Os teólogos sabem, ao mesmo tempo, que a Igreja, condicionada por novas experiências
religiosas, por descobertas científicas e por uma releitura dos textos bíblicos, mudou,
com freqüência, seu ensinamento. Nós não cremos mais no “fora da Igreja nenhuma
salvação”, doutrina enunciada pelos concílios do passado, não aceitamos mais a
existência do limbo, pregada por séculos, apoiamos a liberdade religiosa e os direitos
humanos, embora estas idéias tenham sido severamente condenadas pelos papas do
século 19; estamos conscientes que a Igreja mudou seu ensinamento sobre a tortura e a
pena de morte, e assim por diante. É, pois, absolutamente razoável pensar que num
destes dias a Igreja também mude sua ética sexual.
6. A HOMOSSEXUALIDADE E O ESPIRITISMO
(...) cabe aos dirigentes das casas espíritas agir com tato para vedar a participação de
pessoas que se dediquem a praticas homossexuais nos trabalhos do centro espiritista,
principalmente nas tarefas vinculadas a mediunidade e a doutrinação.
Sabia que o centro espírita era a Casa de Deus. Mas não sabia que, para alguns, havia se
transformado em solo exclusivo para espíritos perfeitos. Ainda bem que Jesus não
seguiu critérios tão rígidos porque, do contrário, não teríamos como absorver o seu
legado de amor e tolerância transmitido por seus apóstolos, já que ninguém, ainda
mesmo nos dias de hoje, conseguiria reunir as condições morais para se qualificar como
espírito puro.
É claro que o discurso de Vladimir Aras Salvador e de seus partidários não é, por todo,
ruim porque, ao menos, não condenou os homossexuais à fogueira, o que já representa
um significativo avanço.
J. Herculano Pires, segundo relato de João Alberto Vendrani Donha (2001), chama de
ingênuos os psiquiatras que declaram normal a homossexualidade que, no seu entender,
constitui uma das anormalidades mais aviltantes.
Gibson Bastos (2006) destaca, inclusive, que há no meio espírita quem propague o
seguinte slogan: “Deus ama o homossexual mas odeia a homossexualidade”.
Não me posso furtar do dever de informar que Kardec, na primeira questão do Livro dos
Espíritos, perguntou “O que é Deus?” e não “Quem é Deus?” justamente porque não
queria dar azo ao desenvolvimento, no movimento espírita, da visão antropomórfica da
Divindade, já que, naquele tempo, tal modo de pensar já era considerado retrógado e
inadequado.
Ainda com supedâneo em Gibson Bastos (2006), pode-se dizer que a condenação da
homossexualidade prepondera no meio espírita a ponto, como ele mesmo narra em sua
obra, de haver presenciado a proibição da entrada de jovens homossexuais em
determinada mocidade espírita.
José B. Campos, em interessante artigo, após explicar que pecado é uma transgressão de
preceito religioso, conduz o raciocínio até desembocar no seu entendimento de que a
homossexualidade não é uma conduta pecaminosa, malgrado não constitua uma escolha
ideal.
O expositor espírita Jorge Hessen traz as seguintes palavras de Chico Xavier, que foram
publicadas no Jornal Folha Espírita do mês de março de 1984:
Porém, após refletir bastante sobre o assunto e, sobretudo, tendo como alicerce as
opiniões de Chico Xavier, entendemos que a união estável [casamento] entre
homossexuais é perfeitamente normal. Sim!
Gibson Bastos também esclarece que a sublimação dos sentimentos, defendida por
muitos espíritas que tratam da homossexualidade, só pode ser conseguida quando o
espírito conseguiu passar pela prova da fidelidade conjugal e que a sua imposição, sem
os devidos suportes morais necessários, tão-somente pode conduzir o indivíduo para
dois caminhos: sério transtorno psicológico ou hipocrisia.
As almas ou Espíritos não têm sexo. As afeições que as une nada têm de carnal, e, por
isto mesmo, são mais duráveis, porque são fundadas sobre uma simpatia real, e não são
subordinadas às vicissitudes da matéria.
(...)
Os sexos não existem senão no organismo; são necessários à reprodução dos seres
materiais; mas os Espíritos, sendo a criação de Deus, não se reproduzem uns pelos
outros, é por isto que os sexos seriam inúteis no mundo espiritual.
Os Espíritos progridem pelo trabalho que realizam e as provas que têm que suportar,
como o operário em sua arte pelo trabalho que faz. Essas provas e esses trabalhos
variam segundo a sua posição social. Os Espíritos devendo progredir em tudo e adquirir
todos os conhecimentos, cada um é chamado a concorrer aos diversos trabalhos e a
suportar os diferentes gêneros de provas; é por isto que renascem alternativamente como
ricos ou pobres, senhores ou servidores operários do pensamento ou da matéria.
É no mesmo objetivo que os Espíritos se encarnam nos diferentes sexos; tal que foi um
homem poderá renascer mulher, e tal que foi mulher poderá renascer homem, a fim de
cumprir os deveres de cada uma dessas posições, e delas suportar as provas.
A Natureza fez o sexo feminino mais frágil do que o outro, porque os deveres que lhe
incumbem não Terra Espiritual Página exigem uma igual força muscular e seriam
mesmo incompatíveis com a rudeza masculina. Nele a delicadeza das formas e a fineza
das sensações são admiravelmente apropriadas aos cuidados da maternidade. Aos
homens e às mulheres são, pois, dados deveres especiais, igualmente importantes na
ordem das coisas; são dois elementos que se completam um pelo outro.
Segundo Paulo da Silva Neto Sobrinho (2007), agora vem a principal parte do texto:
Se essa influência repercute da vida corpórea à vida espiritual, ocorre o mesmo quando
o Espírito passa da vida espiritual à vida corpórea. Uma nova encarnação, ele trará o
caráter e as inclinações que tinha como Espírito; se for avançado, fará um homem
avançado; se for atrasado, fará um homem atrasado. Mudando de sexo, poderá, pois, sob
essa impressão e em sua nova encarnação, conservar os gostos, as tendências e o caráter
inerentes ao sexo que acaba de deixar. Assim se explicam certas anomalias aparentes
que se notam no caráter de certos homens e de certas mulheres. (RE 1866, pp. 3-4).
Como bem coloca Paulo da Silva Neto Sobrinho, ao qualificar como anomalias
aparentes o fato de um indivíduo conservar na atual encarnação “os gostos, as
tendências e o caráter inerentes ao sexo que acaba de deixar” em outra existência, o
Codificador, em verdade, deixou patente que considera a homofilia algo dentro da
normalidade.
Parece-me correta tal conclusão porquanto, se quisesse reputar a homofilia como uma
anomalia, não empregaria a expressão anomalia aparente. Empregaria, sim, tão-somente
a palavra anomalia, da mesma forma como fez o Codificador, por exemplo, no item 100
do Livro dos Espíritos ao explicar as dificuldades nas comunicações mediúnicas.
Paulo da Silva Neto Sobrinho, em seu estudo, cita a posição de Hernani Guimarães de
Andrade no sentido de que a homossexualidade não deve ser classificada como uma
psicopatia ou como um comportamento merecedor de discriminação ou de medidas
repressivas.
Gibson Bastos (2006) assevera que não consegue entender a lógica e o bom senso de
assertivas comuns no meio espírita consistentes na idéia de que os casais homossexuais
devem abster-se de ter uma vida sexual e canalizar suas energias sexuais para a
caridade, já que tal pensamento é inexistente no Novo Testamento e nos livros da
Codificação Kardequiana.
Outro argumento rebatido por Gibson refere-se à alegação de que os homossexuais, por
natureza, são promíscuos e que as suas relações são deformantes e causadoras de
desajustes morais. Para ele, tal linha de pensamento decorre do completo
desconhecimento do universo homossexual, onde se encontra relacionamentos
duradouros, sem qualquer distúrbio comportamental ou diminuição de sua
produtividade dentro da sociedade.
Gibson Bastos (2006) registra ainda que há no movimento espírita quem sustente que a
troca de energia sexual entre pessoas do mesmo sexo desestrutura a organização do
inconsciente ou perispiritual, gerando dor e sofrimento futuros. Só que tal linha de
pensamento é francamente preconceituosa, na medida em que atribui à igualdade dos
sexos o que, de fato, é causado pelo pensamento e sentimento com o qual nos
envolvemos ou envolvemos o outro, segundo ensinado por André Luiz em Sexo e
Destino (Bastos, 2006).
Gibson Bastos (2006), por fim, aponta como argumento defendido por determinados
espíritas a assertiva de que os homossexuais devem adotar a mais absoluta castidade e
trabalhar no bem para se curarem desse desvio.
Como fala o próprio Gibson, tal linha de pensamento demonstra que os seus defensores
ignoram que a evolução se faz passo a passo e que - conforme ensinado por André Luiz
no livro No Mundo Maior - é irrisório exigir do homem de evolução mediana a conduta
do santo pois – segundo se conclui das lições de Hammed em Dores da Alma –
enquanto a abstinência imposta gera desequilíbrio, a educação conduz ao emprego
respeitável e nobre das forças sexuais.
Em outras palavras, Gibson Bastos (2006) esclarece que, antes de se exigir do nosso
irmão homossexual a sublimação, deve se ofertar ao mesmo a oportunidade para vencer
o egoísmo e desenvolver a fidelidade e a fraternidade através de uma relação
monogâmica, mesmo com pessoa de igual sexo.
Walter Barcelos (2002), após esclarecer que a inversão sexual pode decorrer de
expiação ou mesmo da necessidade de executar tarefas especializadas no campo do
desenvolvimento intelectual, moral e espiritual da humanidade, informa que a
experiência homossexual constitui grave sofrimento para nossos irmãos porque ainda
que unidos em uma relação conjugal normal, não serão poupados da frustração de não
receberem a benção da maternidade ou mesmo da capacidade de fecundação de uma
mulher.
Por isso Walter Barcelos (2002) conclama os espíritas para terem uma atitude de
compreensão, indulgência e compaixão cristã para com todos os homossexuais.
Diz mais:
Respeitemos a vida afetiva e sexual de cada companheiro em experiência transitória da
homossexualidade. Se encontrarmos dificuldades em aceitar, tolerar e conviver com
esses irmãos em Deus, meditemos se agora estivéssemos encarnados em corpo diferente
do que a nossa mente determina em matéria de sexualidade. Logicamente, poderíamos
estar passando pelas mesmas lutas sentimentais e psicológicas de nossos irmãos
homossexuais femininos e masculinos. As suas lutas espirituais poderão ser as nossas
em futura encarnação. Devemos amá-los como eles são, com todas as características de
sua personalidade psicológicas, pois são também Espíritos imortais, com aquisições
valorosas e respeitáveis virtudes, adquiridas em séculos e séculos de aprendizagem nas
vidas pretéritas (2002, p. 118).
6) Estudante de economia, 21 anos, perdeu o pai quando criança e vive com a mãe e
uma irmã mais velha num bairro nobre da cidade. Ele está confuso, angustiado e cheio
de dúvidas sobre o que considera seu maior suplício: é homossexual.
Apesar de sua irmã saber e o compreender, ele pergunta se deve contar para sua mãe e
não sabe como se portar diante de sua reação. Outra dúvida do jovem é se existe alguma
explicação espiritual para isso, como, segundo suas palavras, ter nascido no corpo
errado. Indaga sobre como o Espiritismo vê sua opção e se, sendo homossexual, poderia
freqüentar algum Centro Espírita.
Encontra-se muito ansioso, nervoso, não consegue se alimentar direito nem prestar
atenção nas aulas. Sente-se diferente, solitário e não quer magoar ninguém, diz que seu
maior desejo é encontrar a paz.
Comentário: O Espiritismo não tem nenhum preconceito com relação a conduta sexual
do ser humano. Embora não concorde com o erro, a Doutrina Consoladora respeita a
sexualidade do individuo. Uma boa recomendação é a leitura do livro “Vida e Sexo” de
Emmanuel.
Qual a orientação adequada? O Atendente Fraterno deve dizer que a opção na área da
sexualidade diz respeito à liberdade de consciência de cada um. Não há no Espiritismo
nenhum preconceito contra o homossexual. Qualquer preconceito é atentado contra a
liberdade do individuo. A recomendação ao homossexual, tanto quanto ao
heterossexual, é que a dignidade, o respeito aos outros, e a sublimação dos impulsos são
muito importantes. Da mesma forma que não é lícito ao Heterossexual a promiscuidade,
a vulgaridade, e a falta de respeito, também não é moral que o Homossexual se
comporte dessa forma. Alem disso, as orientações costumeiras: Passe, Freqüência à
Casa Espírita, Evangelho, Oração, Reforma Moral, Reflexões.
Pelo quadro, é necessário dar uma injeção de animo nele. É provável que ele esteja com
a auto – estima muito prejudicada. Dar-lhe esperança! Falar-lhe que é possível ele
encontrar a paz sem magoar a ninguém. O mais importante não é em que faixa de
sexualidade o Espírito transita, mas o comportamento a que se permite na atual
experiência. Da mesma forma que não é licito ao Heterossexual se entregar a
promiscuidade, não é Moral para o Homossexual, se comportar de forma vulgar, sem
respeitar os outros. Então a nossa recomendação ao Carlos, que ele não seja promiscuo,
que seja ético para com todos, e que tente sublimar quaisquer impulsos sensualistas para
expressões de nobreza, dignidade, elevação. Essa recomendação – a da sublimação –
não é exclusiva para os Homossexuais. A sublimação é uma proposta para qualquer
criatura.
Com relação a duvida de como proceder com a mãe, o Atendente Fraterno deve pensar
junto com ele, mas deixar que ele opte por aquilo que achar melhor. Existem situações
em que dizer a verdade é o melhor caminho. Entretanto, em outros momentos, a verdade
pode causar perturbação, sofrimento, angústias desnecessárias, porquanto, a pessoa não
se encontrava em condições emocionais de assimilar aquela informação. Uma boa
abordagem é pergunta-lo: “Você acha que sua mãe tem condições de ouvi-lo sem
produzir sofrimentos e abalos maiores? Acha que ela tem estrutura para te
compreender?”. (p.30-31)
Durante quase dois mil anos, segundo lições de renomados teólogos, inclusive da Igreja
Católica, a mensagem bíblica foi desvirtuada para justificar as Cruzadas, a Inquisição, a
escravidão, o racismo, a opressão da mulher, a perseguição das minorias e diversas
outras práticas deploráveis.
Parece que tal tendência humana de distorcer, até mesmo, as sacrossantas palavras de
Jesus para justificar condutas e sentimentos anticristãos migrou com grande intensidade
para o movimento espiritista, o que acaba por retirar do Espiritismo, gradativamente, o
seu conteúdo de Consolador Prometido para convertê-lo em instrumento de martirização
daqueles que experimentam a prova da inversão sexual.
Não estranharei – mas lamentarei – o dia em que a doutrina espírita for usada para
justificar o trabalho infantil ou mesmo o racismo, assim como está sendo usada para
reputar imoral uma realidade do espírito.
Pior. Do mesmo modo que há espíritas afirmando que a inversão sexual impede o
indivíduo de conhecer o amor ou mesmo de formar uma família com uma pessoa do
mesmo sexo, sob a alegação de que deve passar por todas as dificuldades inerentes à sua
morfologia, ainda que em detrimento da sua estrutura psicológica e do seu progresso
espiritual, poderá haver espiritistas defendendo que a prova da pobreza impede o
indivíduo a ela submetido de trabalhar ou mesmo de receber ajuda para sair dessa
situação porque deverá passar por todas as vicissitudes atreladas à miserabilidade.
O preconceito contra os homossexuais possui uma faceta que, talvez, o torne mais cruel
do que o preconceito contra os negros, por exemplo. Enquanto estes, em grande
maioria, podem contar com o apoio e carinho de seus familiares para as lutas agravadas
pelo preconceito, aqueles não podem contar com tamanha sorte porque, muitas das
vezes, as mais variadas formas de violência a que são submetidos iniciam-se justamente
em seus núcleos familiares.
A razão pela qual muitas pessoas temem os relacionamentos é que o amor nos deixa
vulneráveis. O risco de sofrer é o preço que pagamos quando estabelecemos um
relacionamento com outras pessoas. Mas o amor é a recompensa. Aqueles que estão
dispostos a pagar esse preço poderão desenvolver o seu eu, e os que procuram evitar
qualquer risco e se fecham tornam-se egocêntricos. (p. 187)
O trecho retrotranscrito foi elaborado à luz de casos envolvendo casais heterossexuais.
Contudo, não vejo razão para deixar de aplicá-lo aos casais homossexuais, que também
necessitam das relações intersubjetivas para, através do amor, desenvolverem o eu de
cada um dos envolvidos.
Poderiam os espíritas, com mais razão, vez que já alertados pelo próprio Allan Kardec
(2005) da necessidade de se atualizar a doutrina espírita com os conhecimentos oriundos
da ciência, assumir semelhante postura para compreender a homossexualidade como
uma orientação sexual plenamente de acordo com a natureza e, assim, contribuir para o
avanço moral do planeta.
Todavia, como bem lembrado por Gibson Bastos (2006), prepondera no movimento
espírita severa condenação à homossexualidade e às uniões homossexuais. Apesar de
lamentar, tenho de reconhecer que tal posicionamento condenatório não está desprovido
de fundamento. Tem suporte em preceitos científicos superados e em dogmas arcaicos
de religiões que, nós espíritas, temos por hábito criticar justamente pela postura
dogmática que adotam.
8. CONCLUSÃO
Por causa disso, a Humanidade, com raras exceções, não conseguiu assimilar os
avanços científicos no campo da sexualidade humana a ponto de aceitar como
plenamente normal a homossexualidade.
Essa dificuldade em aceitar a diversidade tem feito escola no Espiritismo pois, segundo
verificado na literatura disponível, muitos dos seus integrantes, quiçá,
inconscientemente, têm deturpado o acervo intelectual espiritista, à semelhança do que
ocorreu com a Bíblia, para produzirem um discurso condenatório não só contra a
homossexualidade como também contra as uniões homo-afetivas.
9. REFERÊNCIAS
BAKER, Mark W. Jesus, o maior psicólogo que já existiu; tradução de Claudia Gerpe
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GOMES, Júlio Cezar Meirelles; Bulhões, Lúcio Mario da Cruz. Cirurgia transgenital.
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PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. Rio de Janeiro, Forense,
2007.
Artigos
Quando o naturalista inglês Charles Darwin lançou seu estudo ou teoria a respeito da
origem das espécies, na época, encontrou uma enorme oposição religiosa porque, de
fato, seus fundamentos se estribavam exclusivamente em hipóteses deveras
materialistas.
Apesar disso, ele apresentava farto documentário de suas observações que, sem dúvida,
davam cabedal para seus argumentos. Contudo, abalava a hipótese de que Deus teria
feito tudo à sua vontade e cada coisa de per si. E, por outro lado, vinha corroborar com
o cavaleiro de Lamarck – nascido Jean-Baptiste de Monet – em sua hipótese
evolucionista.
A mudança começou com Werner Heisenberg, cientista alemão que viveu durante o
período nazista e muito lutou contra seu predomínio despótico. Analisando a tese das
emissões, observou que determinadas partículas não obedeciam ao mesmo comando,
desviando-se da sua trajetória como se tivesse vontade própria. Ele mesmo comparou-as
a ovelhas desgarradas.
Foi dessa forma que nasceu a hipótese da existência de agentes estruturadores externos
ao Universo e capazes de atuar sobre a sua energia, modulando-a e dando-lhe formas
ditas materiais. Estes agentes, atualmente, são chamados de frameworkers.
A Hipótese da sua existência foi reforçada quando o observatório Keck II, do Haway,
descobriu que, em torno da estrela Alfa Centauro, forças extracósmicas atuavam sobre a
poeira cósmica em seu entorno, dando início à possível formação de um sistema
planetário.
Neste caso, não apenas o homem teria alma – ou princípio de vida espiritual, mas tudo
dentro do Universo, até mesmo a partícula elementar teria um princípio de vida não
biológica estruturado por um agente esterno ao próprio Universo. E neste caso, a teoria
da evolução das espécies tomaria uma nova concepção a ser analisada, partindo do
pressuposto que esses agentes é que seriam os responsáveis pela formação, a seu tempo,
de cada espécie.
Fonte: http://aeradoespirito.sites.uol.com.br
> O Poder da Fé
Artigos
O poder da fé
Envoltos com a agitação das circunstâncias, temos dificuldades para nos silenciar e
elevar o pensamento a Deus, pedindo assistência.
É preciso conhecer as propriedades da prece para que possamos fazer dela a fonte diária
de refazimento de forças e o consolo que nos rejubila e eternece.
A atitude de louvar a Criação é um hábito muito antigo e surgiu nos tempos mais
remotos da antigüidade, quando o homem primitivo ainda dava seus primeiros passos
em direção a Deus.
Desde sua origem, o ser humano já deixava transparecer a percepção de que algo maior
e mais poderoso governava sua existência. Esse sentimento inato, cujo germe foi
depositado nele primeiro em estado latente, veio a eclodir e se ampliar com o passar dos
tempos.
Muitos pensam que ela é uma virtude mística, mas, na realidade, trata-se de uma grande
força atrativa. Aliada ao poder de influenciação da prece, é capaz de cessar
imediatamente perturbações que estão em processo de andamento.
A oração é um sustentáculo para o equilíbrio da alma, mas ela não basta: é preciso que
esteja sempre apoiada sobre uma fé viva na bondade do Pai.
A fé produz uma espécie de lucidez que nos faz ver a finalidade para a qual todos nos
destinamos e os meios de poder atingi-la. Por isso, ela é um exercício de inteligência e
um dos primeiros elementos de todo o progresso.
“Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as
épocas da humanidade”.
A fé também deve ser humilde e aquele que a possui coloca sua confiança no Criador
mais do que em si mesmo.
A fé sincera é sempre calma, dá a paciência que sabe esperar, porque tem seu ponto de
apoio na compreensão.
Através de sua mente, o homem age sobre o fluido universal, modificando suas
qualidades e dando-lhe uma impulsão irresistível.
Aquele que junta ao fluido uma fé ardente, pode, apenas pela vontade dirigida para o
bem, operar “fenômenos” que não são senão a utilização das faculdades mentais e a
ação de uma lei natural. Mas para isso, é necessário domar a si mesmo e às más
influências do pensamento. As maneiras mais eficazes são a vontade acompanhada da
prece, a oração fervorosa e os esforços sérios como meio para a renovação íntima.
Ação e eficácia
Imaginar que é inútil fazer uma oração, expondo nossos sentimentos a Deus (sendo Ele
conhecedor de nossas necessidades), assim como acreditar que nossos desejos não
podem mudar os destinos traçados pelo Criador, é desconhecer as leis e a misericórdia
do Pai. Ele nos deu discernimento e inteligência para que o espírito não fosse um
instrumento passivo, sem livre-arbítrio, portanto, nem todas as circunstâncias da vida
estão submetidas à fatalidade. Daí a grande importância da prece e sua capacidade de
ação.
Seu poder está no pensamento e não se prende nem às palavras nem ao lugar ou
momento em que é feita. A prece é uma invocação na qual podemos nos colocar em
comunicação mental com outro ser ao qual nos dirigimos, estabelecendo uma corrente
fluídica.
Os espíritos benevolentes nos inspiram com bons pensamentos, para que possamos
adquirir a força moral necessária para superarmosnas dificuldades e voltarmos ao
caminho do bem. Exercendo uma ação magnética sobre os homens, eles suprem,
quando necessário, a insuficiência daquele que ora, dando-lhe momentaneamente uma
força excepcional, isto quando é julgado digno desse favor.
O homem coloca em prática os bons conselhos se assim o desejar, pode ou não aceitar a
sugestão oferecida. Com isso, através de seu livre-arbítrio, ele tem a responsabilidade
sobre seus atos e escolhas, deixando-lhe o mérito da decisão entre o bem e o mal.
As qualidades da prece
A prece pode ter como objetivo vários pedidos, como força para suportar e transpor as
adversidades, calma nos momentos críticos e de decisão, perdão por faltas cometidas
contra si e contra os outros, proteção contra os pensamentos maléficos, os maus
espíritos e diante de um perigo iminente, saúde e equilíbrio físico, através da ação
magnética que ela exerce sobre as células, recompondo aquelas que se encontram
exaustas, um favor especial, em particular, agradecimento ou uma maneira de louvar a
Deus.
A oração pode ser feita em benefício de outras pessoas ou a nosso próprio favor.
Para que ela atinja seu objetivo, é necessário que seja clara, simples, concisa e
fundamentada na fé.
Devemos elevar nossa alma a Deus com humildade e agradecer por todos os benefícios
recebidos, solicitar seu apoio, indulgência e misericórdia e, se houver necessidade, fazer
um pedido específico.
Sem fraseologia inútil, cada palavra deve conter a sua importância, fazer refletir e elevar
o coração com sentimentos nobres e sinceros.
O Pai quer ouvir apenas a sinceridade de nosso coração, do contrário, não terá crédito
algum.
Conscientização
Evocar a inspiração dos bons espíritos e pensar que “eles resolvem tudo” é não assumir
sua responsabilidade como parte do processo. Essa atitude tende levar à acomodação.
Artigos
Nieta era pessoa simples e tinha o sonho como uma interrogação. Já ouvira falar de
pessoas que sonhando haviam chegado a resolução de problemas matemáticos, antes
não resolvidos quando estavam acordadas.
O Livro dos Espíritos (2), diz que a alma é um ser pensante que permanece ativo
durante o sono. Pelos sonhos, quando o corpo repousa, o Espírito tem mais faculdades
do que no estado de vigília, adquire maior potencialidade e pode pôr-se em
comunicação com os demais Espíritos. Nesse estado alterado de consciência, o
psiquismo profundo tende a subir em primeiro plano, até subjugar o EU da superfície?
André Luiz (3), espírito, relata que Nieta fora transportada ao salão acolhedor de Dona
Isabel. Aniceto, espírito instrutor, aclara que numerosos irmãos encontram-se neste
pouso de trabalho espiritual, na esfera a que os encarnados chamariam sonho.
Complementa dizendo que nestas ocasiões, no entanto, não é fácil transmitir mensagens
de teor instrutivo utilizando lugares comuns contaminados de matéria mental mais
grosseira.
Percebemos uma pessoa sonhando por estranhos movimentos oculares produzidos, por
ela, em certa etapa do sonho. O período REM, "rapid eye movements", é “paradoxal”
porque no ápice do relaxamento vamos encontrar uma atividade intensa de numerosas
estruturas cerebrais, com variação da freqüência das ondas cerebrais, e traçado próximo
ao do estado de vigília. Quando eram acordadas neste período as pessoas contavam que
tiveram um sonho (6).
Qual a visão espírita desses fenômenos? Como interpretar o sonho?(6) A tarefa não é
muito fácil porque estamos mergulhados numa matéria muito densa. No entanto, André
Luiz nos oferece um exemplo, quando Nieta sonha com a avó desencarnada.
Você já teve pesadelos e acordou com aquela taquicardia? Como é bom acordar e
encontrar a saída do inferno, embora alguns o admitam como eterno. Um pesadelo
como o de Hiroshima e sem fim, seria também uma grande injustiça. Já pensou se um
dos seus pesadelos fosse eterno? "Deus me livre", diria você, lembrando a misericórdia
divina.
A descrição do inferno cristão é tomada dos autores "sagrados" e da vida dos santos. No
livro "O Céu e o Inferno"(1), encontramos um esboço. Dele vamos tirar alguns trechos
do pesadelo de Santa Teresa.
"Alguns doutores o têm colocado nas entranhas do nosso globo; outros não sabemos em
que planeta, sem que o problema se haja resolvido por qualquer concílio. Estamos, pois,
quanto a este ponto, reduzidos a conjeturas". Mas, “Santo Agostinho não concorda que
os sofrimentos físicos sejam apenas reflexos de sofrimentos morais e vê, num
verdadeiro lago de enxofre, vermes e serpentes saciando-se nos corpos, casando suas
picadas às do fogo. Os condenados, vítimas sacrificadas e sempre vivas, sentirão a
tortura desse fogo que queima sem destruir."
"Há teólogos que dão do inferno descrições mais minuciosas, variadas e completas. E
conquanto se não saiba em que lugar do Espaço está situado esse inferno, há diversos
santos, transportados em espírito, que o viram". “Desse número é Santa Teresa. Dir-se-
ia, pela narrativa da santa, que há uma cidade no inferno: — ela aí viu, pelo menos, uma
espécie de viela comprida e estreita como essas que abundam em velhas cidades, e
percorreu-a horrorizada, caminhando sobre lodoso e fétido terreno, no qual pululavam
monstruosos répteis. Foi, porém, detida em sua marcha por uma muralha que
interceptava a viela, em cuja muralha havia um nicho onde se abrigou, alias sem poder
explicar a ocorrência. Era, diz ela, o lugar que lhe destinavam se abusasse, em vida, das
graças concedidas por Deus em sua cela de Ávila."
“Apesar da facilidade maravilhosa que tivera em penetrar esse nicho, não podia sentar-
se, ou deitar-se, nem se manter de pé. Tampouco podia sair. Essas paredes horríveis,
abaixando-se sobre ela, envolviam-na, apertavam-na como se fossem animadas de
movimento próprio. Parecia-lhe que a afogavam, estrangulando-a, a esfolavam e
retalhavam em pedaços. Ao sentir queimar-se, experimentou, igualmente, toda a sorte
de angustias."
" - Nieta - exclamava a velhinha, em tom firme -, não dês tamanha importância aos
obstáculos. Esquece os que te perseguem, a ninguém odeies. Conserva tua paz
espiritual, acima de tudo. Tua mãe não te pode valer agora, mas crê na continuidade de
nossa vida. A vovó não te esquecerá. A calúnia, Nieta, é uma serpente que ameaça o
coração; entretanto, se a encararmos de frente, fortes e tranqüilas, veremos a breve
tempo, que a serpente não tem vida própria. É víbora de brinquedo a se quebrar como o
vidro, pelo impulso de nossas mãos. E, vencido o espantalho, em lugar da serpente,
teremos conosco a flor da virtude. Não temas, querida! Não percas a sagrada
oportunidade de testemunhar a compreensão de Jesus!..."
A jovem não respondia, mas seus olhos semilúcidos estavam cheios de pranto.
Demonstrava uma consolação divina, recostada ao seio carinhoso da devotada velhinha.
Como é bom ter uma avó como essa! Nós que estamos na condição de avós, embora
ainda encarnados, devemos nos esforçar para que nossos netos possam também nos
amar profundamente. Essa tarefa começa pelo amor que devotamos aos seus pais (5-V).
Nessas relações sócio-familiares há um outro difícil caminho a percorrer é a obtenção
do título de "sogros queridos".
O leitor pode imaginar o número de perguntas feitas por André Luiz e Vicente.
- Esta irmã se lembrará de tudo, ao despertar no corpo físico? – perguntou André Luiz,
intrigado, ao orientador.
Aniceto sorriu e esclareceu:
_ "Sendo a avó mais evoluída e, examinando ainda a condição dos planos de vida em
que ambas se encontram, a jovem encarnada está sob domínio espiritual da benfeitora.
Entre ambas há uma corrente magnética recíproca, salientando-se, porém, que a vovó
amiga detém uma ascendência positiva. A neta não vê o ambiente com precisão, nem
ouve as palavras integralmente. Não nos esqueçamos que o desprendimento no sono é
fragmentário e que a visão e audição, peculiares ao encarnado, se encontram nele
também restritas".
Começamos a entender o que disse Erick Fromm: "na realidade o inconsciente acha-se
representado naquela fração do sonho que se registra na memória consciente".
Aniceto complementa: "o fenômeno pois, é mais de união espiritual que de percepções
sensoriais, propriamente ditas. A jovem está recebendo consolações, de Espírito a
Espírito".
O leitor ainda não acostumado aos artigos espíritas deverá estar perguntando: - se Nieta
não vai se recordar, de que então adiantou encontrar-se com a "santa" de sua avó, em
sonho?
Aniceto, que parecia saber a dúvida que passava pela mente dos pós-graduandos,
ampliou: "acordará, porém, encorajada e bem disposta, sem poder identificar a causa da
restauração do bom ânimo. Dirá que sonhou com a avó num lugar onde havia muita
gente, sem recordar as minudências do fato, acrescentando que viu, no sonho, uma
cobra ameaçadora, que logo se transformou em serpente de vidro, quebrando-se ao
impulso de suas mãos, para transformar-se em perfumosa flor, da qual ainda conserva a
lembrança agradável do aroma. Afirmará que soberano conforto lhe invadiu a alma e,
no fundo, compreenderá a mensagem consoladora que lhe foi concedida."
Depois de sonhos espirituais, onde Chico Xavier estabelecera relação magnética com o
espírito Emmanuel, surgiu o livro "Paulo e Estevão" (4), com emoção redobrada. Quem
duvidar leia-o e observe os detalhes, as minúcias. Por mais duro que seja, seus olhos
ficarão molhados!
André Luiz, após examinar o sonho de Nieta, diz que a lição fora profundamente
significativa, porque começara a adquirir amplas noções do intercâmbio entre as duas
esferas e lembrou no longo esforço dos que indagam o mundo dos sonhos (6). Quanta
riqueza psíquica, suscetível de conquista, se pesquisadores conseguissem deslocar o
centro de estudo, das ocorrências fisiológicas para o campo das verdades espirituais.
Nós compreendemos que, por algum tempo, ainda será assim. Nos nossos objetivos
perseguimos horas de entretenimento, porque ninguém é de ferro! No entanto, é
necessário, vez por outra, lembrar que não viemos a vida à passeio. Por isso, livro como
"Potter" (5-I) é mais lido do que André Luiz.
Harry Potter é "muito mais moda que magia", "uma fórmula de sucesso apoiada num
grande projeto de marketing" (5-I), como o de alguns políticos (7).
Os livros da codificação (1, 2) não vão sair de moda, porque os Espíritos Superiores
elaboraram um plano de ação, implementado em 1857, não era apenas um plano de
marketing.
No entanto, são mais importantes que Potter pela vantagem de nos colocarem perto da
realidade, como o filme de Andréa Pasquini (5-III), sobre lepra e hanseníase (5-IV) – "É
tudo Verdade".
Muitos vão morrer sem conseguir ler todos os livros psicografados por Chico Xavier,
embora seja mais rápido ler do que escrever. O espírita não vai conseguir arranjar
desculpas por ter desencarnado sem ter lido "Paulo e Estevão"(4). Para escrevê-lo Chico
Xavier (3) necessitou dos sonhos espirituais, como já disse, mas em "Os Mensageiros" é
que André Luiz lembra: "ainda são poucos os irmãos encarnados, que sabem dormir,
para o bem..."
Notas Bibliográficas
Endereços eletrônicos - Caso não consiga clicar no link, pode copiá-lo e colocá-lo em
seu navegador.
1. O Céu e o Inferno. 425 p. FEB. É denominado também de "a Justiça Divina segundo
o Espiritismo".
Desenvolve a quarta parte de "O Livro dos Espíritos". Oferece um exame cuidadoso de
todas as teorias sobre o pós-morte. Discute o céu, o inferno, os anjos, os demônios e
ainda traz depoimentos de espíritos que se comunicaram na época falando de suas
situações após a morte do corpo físico, que não matou a consciência, não matou a vida,
que de alguma forma continuou em outra dimensão. Foi publicado em primeiro de
outubro de 1865.
http://www.febnet.org.br/
2. O Livro dos Espíritos. 494 p. Federação Espírita Brasileira (FEB). Rj. Rj.
http://www.febnet.org.br/
A FEB edita 16 livros ditados por André Luiz a Francisco Cândido Xavier. Para a
compor a coleção, a instituição reuniu 13 desses livros: os que têm como principal
característica trazer informações sobre as atividades dos Espíritos após a morte do corpo
físico. Todas as obras ganharam moderna apresentação gráfica. São elas: Nosso Lar, Os
Mensageiros, Missionários da Luz, Obreiros da Vida Eterna, No Mundo Maior,
Libertação, Entre a Terra e o Céu, Nos Domínios da Mediunidade, Ação e Reação,
Evolução em Dois Mundos, Mecanismos da Mediunidade, Sexo e Destino e E a Vida
Continua. Os outros três livros – Desobsessão, Agenda Cristã e Conduta Espírita – não
foram incluídos porque a natureza das informações que trazem é diferente da que
caracteriza os livros da coleção.
Nosso Lar é o primeiro livro da coleção A Vida no Mundo Espiritual, que também foi
lançada na Bienal. Os treze livros, de autoria do Espírito André Luiz, trazem
informações ainda mais detalhadas sobre a vida após a morte, além de avançados
conceitos nas áreas científica, filosófica e moral. Nesses livros _ que estão entre as
obras mediúnicas mais conhecidas pelo público espírita _ André Luiz atua como um
jornalista, que envia notícias do mundo espiritual, explicando como vivem os Espíritos,
suas tarefas cotidianas, suas cidades, hospitais e centros de estudo.
http://www.febnet.org.br/
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/talento-extraordinario.html
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/por-que-considero-inteligente.html
Emmanuel neste romance resgata a imagem de Paulo de Tarso, visto por alguns como
um fariseu fanático, perseguidor de cristãos, e da então nascente doutrina cristã,
apresentando-o como um ser corajoso e sincero que se arrependeu de sua postura
radical, empreendeu acelerada revisão de conceitos e atendeu ao chamado de Jesus na
estrada de Damasco, transformando sua vida num exemplo de trabalho, por dezenas de
anos dedicados a abrir igrejas cristãs e dar-lhes assistência. "Paulo e Estevão" fará você
compreender como o amor apaga a multidão de faltas cometidas. 599 páginas, papel
pólen, formato 14x21cm. Preço de Capa: Edição Especial.
http://www.febnet.org.br/html/noticias/emmanuel.html
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/harry-potter.html
http://www.ajornada.hpg.ig.com.br/colunistas/formiga/lcdf-0018.htm
II. Sedução
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/seducao.html
http://www.ajornada.hpg.ig.com.br/colunistas/formiga/lcdf-0026.htm
http://www.ajornada.hpg.ig.com.br/colunistas/formiga/lcdf-0029.htm
http://www.saci.org.br/
http://www.ajornada.hpg.ig.com.br/colunistas/formiga/lcdf-0001.htm
http://www.ajornada.hpg.ig.com.br/colunistas/formiga/lcdf-0002.htm
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/deixe-claro.html
http://www.ajornada.hpg.ig.com.br/colunistas/formiga/lcdf-0015.htm
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/por-que-criancas-se-suicidam.html
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/assistencia/vacinacao.html
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/sonhos.html
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/eleicao-antes-de-votar.html
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/em-quem-votar.html
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/retrato-de-bezerra.html
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/eleicao-mulheres-e-voto-consciente.html
http://www.ajornada.hpg.ig.com.br/colunistas/formiga/lcdf-0016.htm
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/a-norma-do-aborto.html
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/ciancas-nascem-sem-aids.html
http://www.ajornada.hpg.ig.com.br/colunistas/formiga/lcdf-0031.htm
... André Luís N. Soares
Artigos
1. Sinopse Biográfica
Sra. Piper de Boston, EUA. Sem dúvida a médium que mais contribuiu para os avanços
da pesquisa psíquica e, especialmente, para a hipótese da sobrevivência após a morte.
Por mais de 4 décadas foi estuda pelos sábios das Sociedades inglesa e americana de
Pesquisa Psíquica. Seus fenômenos persuadiram, entre outros, nomes como Sir Oliver
Lodge, James Hyslop, William James e o prestidigitador e terror dos falsos médiuns,
Richard Hodgson. O primeiro "controle" (guia) a se manifestar na Sra. Piper foi uma
garota indiana cujo nome era Chlorine. As primeiras manifestações de sua mediunidade
ocorreram após se consultar com um curador psíquico cego, Dr. J. R. Cocke, que dizia
receber o espírito de um médico chamado Finne ou Finnett, a fim de superar o trauma
de um acidente que sofrera num trenó e pela suspeita de um câncer em razão de um
tumor que lhe aparecera. Depois de Chlorine e de diversos comunicadores que se
manifestaram, uma personalidade que se apresentou como Phinuit, dizendo ter sido um
médico francês, passou a administrar os comunicadores esporádicos que pretendiam se
manifestar. Embora com grafia diferente, Phinuit assemelha-se a mesma entidade Finne,
de Cocke. Phinuit inicialmente apenas dava conselhos médicos ou diagnósticos e depois
qualquer tipo de informação requerida pelos assistentes. A notoriedade da Sra. Piper
deu-se através de William James, que a conheceu por intermédio de sua sogra, Sra.
Gibbens, depois que esta lhe contara sobre os surpreendentes fenômenos da médium.
William James e Richard Hodgson, membros ativos da "American Society Psychical
Research", tomaram interesse sobre Piper e, com grande ceticismo, vieram examinar
seus "dons". Numa sessão, Phinuit falou do filho Herman (ele pronunciou "Herrin") que
James perdera, fornecendo diversos detalhes que não deram ao consulente menor dúvida
a respeito da criança. Para estabilizar o "rapport" (conexão) com os espíritos
comunicadores, ela utilizava uma influência psicométrica e freqüentemente pedia
objetos que pertenciam a pessoa ou falecido. Hodgson, apurado caçador de fraudes,
contratou um serviço de detetives para seguir Sra. Piper e sua família e descobrir um
possível meio dela adquirir as informações por meios normais. Hodgson arranjava as
sessões sem fornecer os nomes verdadeiros dos assistentes. Estes eram, na maioria das
vezes, apresentados com o pseudônimo de "Smith". Piper habitualmente era pouco
precisa naquilo em que os pseudo médiuns têm mais sucessos. Divagava sobre datas e
preferia dar nomes próprios e geralmente concentrava-se em descrever doenças,
idiossincrasias e caráter dos assistentes. Pescava detalhes sobre o passado os quais
nenhum médium fraudulento teria a mínima chance em alcançar, mas freqüentemente
falhava em responder questões testes. O espírito de Hannah Wild, manifestado através
dela, não foi capaz de descrever o conteúdo de uma carta selada a qual deixou antes de
sua morte e quando o transe sugeria a incorporação do falecido médium Station Moses,
falhou em dar os nomes corretos de seus antigos guias ("Doctor", "Mentor" e
"Imperator").
2. Influência Espiritualista
Não.
Sim.
4. Espécie de Mediunidade
Intelectual.
I. Caso dos Sutton. Numa das sessões em 1893, o casal Sutton tomou uma tentativa de
comunicação com sua filha Katherine, que morrera seis meses antes. Detalhes como a
dor de garganta, a paralisia da língua da menina, o cavalinho que o pai lhe dera, sua
febre, quando doente, e a forma dramática como as mensagens são passadas mostram o
alto grau de sugestão da paranormalidade. As mensagens são passadas à médium por
intermédio do "controle" Phinuit que, numa espécie de telefone sem fio, dita tudo o que
lhe é passado pela pequena Katherine.
II. Caso do relógio. Oliver Lodge unicamente colocou nas mãos da médium um relógio
que pertencia ao falecido Jeremiah, irmão de seu bastante idoso tio Robert. A médium
rapidamente disse que o relógio pertencia a um de seus tios, o qual gostava muito do tio
Robert. Disse que o relógio pertencia ao tio Jerry (diminutivo de Jeremiah). Lodge disse
a médium em transe que para seu tio Robert pudesse reconhecer a presença do irmão,
seria importante ele - Jerry - lembrar de alguns detalhes da infância que passaram
juntos. O que se seguiu foram peculiaridades muito especiais, como a travessa do rio a
nado e o risco de se afogar; a morte de um gato no campo de Smith; a posse de uma
espingarda e a pele de uma cobra a qual Jerry acreditava estar ainda com Robert. Este
último detalhe foi de uma qualidade tão alta que mesmo Andrew Lang, antropólogo,
folclorista e membro da "Society Psychical" inglesa, que até então resistia a acreditar
nos dons da Sra. Piper, foi obrigado a inclinar-se.
III. O Reconhecimento de G.P. A fim de testar a identidade do "controle" George
Pelham (G.P.), seu falecido amigo, Hodgson organiza uma sessão para reconhecimento
de 30 de seus antigos amigos, dentre 150 pessoas estranhas. G.P. incorporado na Sra.
Piper, reconhece-os, dentre as pessoas que lhe são apresentadas, e lhes dirige palavras,
como teria feito quando vivo. É verdade que a prova fracassa uma única vez, quando
chega na hora da Srta. Warner, entretanto a justificativa é facilmente atribuível a
memória, pois conhecera a menina quando ela tinha 8 anos de idade. Pelham não a
identifica, perguntando ao Dr. Hodgson quem podia ela ser. Hodgson respondeu que a
mãe da moça era amiga da Sra. Howard, que Pelham havia, com alguma familiaridade,
conhecido. O que se segue é uma conversa típica e saudosa entre G.P. e a Srta. Warner,
com um espanto inicial de G.P. ("Meu Deus, como crescestes!... Oh, eu conheci muito
vossa mãe.") e depois o diálogo prossegue norteado por assuntos sobre a mãe da moça.
IV. Caso Lethe. Este é um exemplo de correspondência cruzada entre as médiuns Piper
e Willett a fim de verificar a identidade do suposto "Myers" (falecido em 1901) que
aparentemente se manifestava através delas. G.B. Dorr, nos EUA, formulou a pergunta
ao "Myers" da Sra. Piper: "que vos sugere a palavra Lethe?" Obteve como resposta um
grande número de alusões a obras clássicas que nada significaram para ele. O tema
sobre "Clássicos" foi escolhido porque, além da médium Piper não ter nenhum
conhecimento, Myers era um profundo estudioso sobre. As alusões se referiam a
história de Ceyx e Alcione e ao envio da Deusa Íris ao submundo ligado ao rio Lethe
em Metamorphoses de Ovídio. Depois, Lodge fez a mesma pergunta ao Myers da Sra.
Willett o qual respondeu que já havia respondido essa pergunta antes e com grande
esforço decifrou a palavra D-O-R-R em maiúsculas. Posteriormente, os escritos de
Willett fizeram diversas referências ao rio Lethe na Enêiada de Virgílio, mas sob a visão
de pessoas com alta cultura, como Myers. Seguindo-se, escreveu o Myers da Sra.
Willett: "eu ter diferentes escribas [as psicografias] significa que devo mostrar
diferentes aspectos sob os quais se há de encontrar a unidade subjacente, e sei o que
Lodge quer. Ele quer que eu prove que tenho acesso ao conhecimento revelado em
qualquer parte".
VI. A mensagem cifrada Faunus. Numa das reuniões durante o período Hodgson como
"controle" da Sra. Piper, em 8 de agosto de 1915, a personalidade pede a Sra. Robbins,
assistente na sessão, para transmitir um recado a Lodge: "agora Lodge, que não estamos
aí como no passado, isto é, não completamente, estamos aqui capazes de dar e receber
mensagens. Myers diz a você tomar a parte do poeta, e ele [Myers] agirá como Faunus".
Myers. Ele protegerá. É o que tem a dizer a você, Lodge. Bom trabalho. Solicite a
Verrall, ela também estará entendida. Arthur [falecido esposo da Sra. Verrall] também
diz". A mensagem foi enviada a Sir Oliver Lodge, que a recebeu em 6 de setembro na
Escócia e tomou iniciativas para interpretá-la. Escreveu para Sra. Verrall: o poeta e
Faunus significa alguma coisa para você? Um protege o outro? Sra. Verrall responde em
8 de dezembro de 1915: "a referência é a Horácio, sobre a queda de uma árvore que por
um triz não o matou, o que ele atribui à intervenção de Faunus. Faunus, o guardião dos
poetas... A passagem não tem especial associação para mim". Lodge conseguiu entender
que a "árvore que cai" é uma simbologia à morte bastante usada. Consultou outros
eruditos e todos confirmaram. Sentia então que algo ruim estava para acontecer, mas
que Myers poderia ajudá-lo. Então 9 dias depois, no dia 17 de setembro, Lodge recebe
um telegrama do Ministério da Guerra informando que seu filho Raymond havia
falecido em Ypres (França), durante batalhas da 1ª Guerra, no dia 14 de setembro. A fim
de entender melhor a mensagem, Lodge procurou o Rev. M. A. Bayfield para
interpretação. Assim ele respondeu: "(...)Faunus 'aliviou', não 'desviou' o golpe. No
vosso caso, a significação me parece ser de que o golpe sobreviria, mas não esmagaria;
que seria 'atenuado' pela asseguração dada por Myers de que o vosso filho ainda vive
(...) Sou levado a crer que Horácio não se teria impessionado tanto se não fosse
realmente alcançado pela árvore. Há em suas Odes quatro referências ao caso, todas
fortalecendo a minha interpretação - e também a da mensagem de Myers, que devia
estar bem consciente dos termos da citação dos versos de Horácio - e não teria dúvida
de que o poeta não escaparia ao golpe, o qual fora rude". Em seguida a morte do filho,
Lodge recebeu comunicações de Myers e Raymond através da Sra. Piper. Assim, na
realidade, Myers estava atenuando a triste notícia, tranqülizando Lodge de que seu filho
continua vivo.
Dr. Phinuit, que se dizia um médico francês, além de não falar francês - disse que
esqueceu pelos constantes contatos com seus clientes britânicos -, quando se buscou
averiguar sua identidade, verificou-se que não existiu nenhum Dr. Phinuit em Metz e
que seus informes a respeito de sua pessoa eram todos fantasias. Disse ter estudado
Medicina num colégio parisiense chamado "Merciana" ou "Meerschaum". Não existiu
em Paris nenhum estabelecimento de ensino com esse nome. Mesmo quando
diagnosticava com muito êxito uma doença, seus conhecimentos de medicina eram
superficiais. Por vezes "pescava" informações e montava um vago falatório. Phinuit
realmente parece uma personalidade secundária dramatizada pelo inconsciente da
médium a qual, em estado de dissociação, captava telepaticamente algumas informações
na mente de pessoas presentes. Os diversos "controles" que assumiram o comando na
fase final da mediunidade de Piper falavam constantemente material desconexo e sem
sentido. O "controle" Hodgson, durante as pesquisas de William James, levando em
conta o conhecimento que a médium e os pesquisadores já tinham dele, parece ter sido
fraco em provar sua identidade, embora James conclua intuitivamente que sentiu a
presença de uma vontade externa tentando a muito custo criar jogos e situações que
pudessem demonstrar sua permanência após a morte, apesar de falhar em grande parte.
Sra. Sidgwick, ex-presidente da "Society Psychical Research" (S.P.R) declarou que os
guias ou "controles" possivelmente são sub-personalidades. Rosalind Heywood,
também ex-presidente da S.P.R, e Robert Tocquet, ex-presidente do Instituto de
Metapsíquica Internacional (IMI), estendem a mesma conclusão a todas as entidades
comunicantes que repassam suas mensagens aos "controles", os quais comandam a
médium durante a sessão.
A aparência fictícia de certos "controles" da Sra. Piper, como Phinuit e George Eliot,
apenas ressaltam a dificuldade da transmissão telepática das personalidades falecidas,
uma vez que a "vontade do comunicante" se mistura à "vontade de personificação" da
médium. Numa análise mais abrangente, apenas a hipótese da sobrevivência parece
explicar os altos e baixos na qualidade das sessões quando houve simplesmente a
mudança de "controle", como a troca de Phinuit por George Pelham. A interferência dos
pesquisadores durante o transe, com sugestões, perguntas ou induções ao erro - como na
hipnose - pode ser bastante responsável por intensificar a personificação do
inconsciente. William James diz que mesmo a vontade externa pode ativar a vontade
própria da médium. Além disso, não parece razoável dar uma interpretação não-
espiritualista a casos fortes de comunicação cruzada. Por fim, a teoria da transmissão
apresenta-se como uma interpretação muito forte, mas a qual precisa responder por que
certas personalidades falecidas se ajustam melhor ao médium, como o processo de
comunicação funciona e como pode ser melhorado qualitativamente, reduzindo a
interferência do psiquismo do médium.
Referências
LODGE, Oliver. Raymond: uma prova de sobrevivência da alma. São Paulo: Edigraf,
1972.
ROGO, Scott. Vida Após a Morte: evidências da sobrevivência à morte corporal. São
Paulo: Ibrasa, 1991.
Fonte : http://parapsi.blogspot.com/2007/09/leonora-piper-1857-1950.html
Fonte: http://parapsi.blogspot.com/2008/05/o-importante-relatrio-do-professor.html
Artigos
Existe uma versão em português (hoje em dia ela é rara) publicada pela editora Edigraf.
Ela pode ser encontrada na Estante Virtual sob o nome "A Personalidade Humana".
O motivo no qual tem importância um livro como Human Personality, é porque ele está
repleto de rico material de caso, numa ampla variedade de fenômenos psicológicos
como também idéias provocativas sobre a interpretação destes fenômenos; as quais têm
sido negligenciadas na psicologia e na história das idéias? A resposta é complicada e
estende-se a uma variedade de fatores social, intelectual e mesmo emocionais já
conhecidos dos leitores deste jornal e de outros investigadores de fenômenos que
parecem impor-se claramente frente às visões prevalentes a respeito da ordem natural.
Mas identificando em particular dois importantes temas abordados ao longo de Human
Personality, isso poderia ajudar na compreensão tanto do porquê o livro é bastante
importante e porque tem sido tão negligenciado.
Myers usou a analogia do espectro eletromagnético para ilustrar sua hipótese: a mais
ampla e oculta consciência subliminar é comparável ao espectro inteiro, que se estende
indefinidamente, enquanto que nossa consciência supraliminar, ou consciência de
vigília, é comparável a um pequeno fragmento daquele espectro que é visível para nós
como resultado do desenvolvimento evolucionário de nosso sistema visual. Na maioria
dos indivíduos, a "porção visível do espectro psicológico oscila à medida que elementos
entram e saem da consciência de vigília, mas ele permanece relativamente estável. Em
outros indivíduos, porém, como histéricos ou pacientes com múltiplas personalidades,
gênios criativos, ou automatistas (termo de Myers para médiuns ou sensitivos), a
"barreira" controlando o fluxo de elementos psicológicos entre o supraliminar e as
porções subliminais da consciência é mais "permeável", permitindo a "descida" ou
perda de funções associadas à histeria, ou a "subida" da mentação subliminar dos gênios
criativos, o aparecimento ocasional de faculdades ocultas como a telepatia, ou outras
alterações na estrutura e no conteúdo ordinários da consciência.
Uma visão da personalidade humana que está muito em discrepância com a visão que
veio a dominar a psicologia moderna e isto em grande parte seria devido ao fato de
fenômenos raros e controversos, como histeria, hipnotismo/mesmerismo, fenômenos de
transe e telepatia poderem gerar resistência sob a melhor das hipóteses. Mas o trabalho
de Myers, e por extensão a pesquisa psíquica que compôs uma importante parte de sua
base, encontrou um obstáculo muito maior porque o segundo tema mais importante em
Human Personality foi largamente ignorado e que levou a muitos erros durante o último
século sobre a natureza e os propósitos da pesquisa psíquica em geral e do trabalho do
Myers em particular. De acordo com o Myers, "o princípio da continuidade... tem nos
guiado ao longo deste trabalho" (Myers, 1903, 2:202). Para Myers e a maioria dos
outros cientistas de século XIX, a continuidade e uniformidade de natureza emergiram
como um dos mais fundamentais princípios que guiam a ciência moderna:
Então o corpo inteiro do trabalho de Myers foi baseado na convicção que nenhum
fenômeno verdadeiramente é "anômalo", isto é, "separado na estrutura das coisas." Ele
reconheceu que para muitas pessoas, especialmente os cientistas, "a dificuldade de
acreditar não está nem no defeito de evidência confiável nem na ininteligibilidade, que é
a incoerência dos fenômenos descritos, que as impede de reterem na mente ou
assimilarem com o conhecimento prévio", e ele continuou a dizer que "eu mesmo senti
toda a força desta objeção" (Myers, 1903, 2:505). Para os "antagonistas resolutos ...
nenhuma evidência nova pode levá-los a acreditar... a menos que ela seja persistente
como evidência" (Myers, 1903, 2:2). Embora "a mente popular tenham expressamente
desejado algo surpreendente, algo fora da Lei e acima da Natureza... eu dificilmente
posso repetir com freqüência que minha objeção nestas páginas seja de um caráter
bastante oposto" (pág. 168).
A meta de Myers, então, era alargar e avançar a compreensão científica sobre a ordem
natural tecendo as pontas soltas de fenômenos aparentemente anômalos junto com o
conhecimento já existente dentro de um quadro mais amplo, mais completo. Para ele,
aqueles que ignoraram ou excluíram certos fenômenos ou perguntas da investigação
científica mostraram "um desejo no lugar de um excesso de confiança" na "regularidade
imutável da natureza" (Myers, 1881, pág. 99). O método de Myers era pegar uma
grande variedade de fenômenos psicológicos — inclusive histeria e personalidades
múltiplas, gênios e criatividade, sono e sonhos, hipnotismo e mesmerismo, alucinações,
aparições, outros automatismos sensórios, automatismos motor, como a escrita
automática, transe, possessão e êxtase — e, "conduzi-los como transições que variariam
bem gradualmente, o quanto possível a partir de fenômenos seguramente considerados
normais para fenômenos entendidos como supernormais" (pág. 7), demonstrar que estes,
de fato, não são anomalias isoladas, mas todos são partes integrantes de um quadro
maior da personalidade humana.
Susy Smith fez um excelente trabalho ao resumir Human Personality, e eu espero que
esta síntese atraia leitores que se sintam amedrontados pela versão completa de 1360
páginas. Não obstante, eu espero que os leitores venham a entender que uma redução de
1360 páginas para 350, não importa quão boa seja, muito material interessante e
essencial do original é necessariamente perdido. Como Gardner Murphy advertiu
(Murphy, 1975, pág. iv), uma leitura cuidadosa dos dois volumes completos, inclusive
os volumosos apêndices que contém a maior parte do material de suporte, é "o único
meio que pelo qual a força do documento e o significado filosófico de Myers podem ser
entendidos". Eu espero que o presente resumo afie suficientemente o apetite dos leitores
para remetê-los ao trabalho completo.
http://parapsi.blogspot.com/2008/05/personalidade-humana-e-sua-sobrevivncia.html
Artigos
(Estudando Bissexualidade, Homossexualidade, Heterossexualidade em Sete Planos)
Na vida anterior, reencarnado como mulher, fora obrigado a casar-se com um homem
que detestava.
Na hora do parto, há mais de cento e cinqüenta anos, após grave hemorragia, o parteiro
avisou-a de que só poderia salvar a mãe ou a criança.
O marido escolheu salvar a esposa, mas, quando ele saiu do quarto, a parturiente deu
ordem ao médico para que ela fosse sacrificada, pois odiava a vida que fora obrigada a
assumir, dizendo que detestava viver.
Após a saída do corpo, viu-se por longo tempo flutuando ao redor do ambiente e
tentando em vão contatar as pessoas. Muito tempo depois se afastou do local num total
desespero.
Lutou para evitar o seu próprio nascimento, pois previa o sangramento e as rupturas que
o parto provoca, fatos esses que lhe lembravam a carnificina à qual fora submetido em
seu corpo anterior para que, de seu ventre aberto a frio, o médico salvasse o filho,
provocando assim a sua morte.
Esse paciente era homem de alto nível cultural e em cada regressão dava uma grande
quantidade de detalhes de época, inclusive arquitetônicos e de vestuários.
Já fora assassinado em outras vidas. Numa delas havia sido um padre ligado a grupos de
templários que tinham uma visão muito adiantada para a época em que vivera, e por isso
fora assassinado. Noutra fora uma rainha de uma pequena ilha do mar Egeu, numa
civilização pré-helênica onde preferiu morrer a trair seu povo, quando a ilha foi
invadida por gregos mais incultos.
Lembrando o caso acima, narrado pelo psiquiatra da Universidade de São Paulo (USP),
Pincherle, L.T., gostaríamos de correlacioná-lo com a discussão da lei do Carma feita
por Drouot.
Carma significa "ação" em sânscrito. É ensinada nas religiões budista e hinduísta e foi
abundantemente comentada pelos tibetanos e pelas escolas yogues em geral.
A lei do carma pretende que toda ação humana - e, ação, entenda-se também, um
pensamento ou um sentimento - traz em si uma carga, seja ela positiva, negativa ou
neutra, e que essa carga, liberada com a ação, retorna sempre àquele que a emitiu. A
experiência ensinou que a pessoa morre encolerizada e leva "a reserva emocional"
consigo para o outro lado. É uma lei de total justiça. Ela não castiga nem recompensa,
apenas restitui. É lei inseparável da doutrina da reencarnação e uma não tem sentido
sem a outra. Voltamos a um novo corpo, mas trazemos reservas emocionais estocadas.
O carma é sutil e age sob forma de programação. Drouot usa-o para poder conciliar a
justiça divina com o "lixo e o luxo".
Ao examinarmos o comportamento sexual é fundamental utilizarmos o critério
espiritual e a noção de "vidas passadas".
O que são valores? Aquilo que contribui para a perfeição do homem e para a realização
dos seus fins existenciais como pessoa. O homem é um espírito em evolução.
A sexualidade é área fundamental para a evolução espiritual. Mas, quem não possui
débito neste campo? Como avaliar as melhores possibilidades de evolução? Que
caminho é o mais rápido para o desenvolvimento psicossexual?
Comentário: como discutido acima, nem sempre este critério é adequado, mas não
podemos deixar esquecido o argumento de que a homossexualidade é um distúrbio,
porque se manifesta muito menos freqüentemente do que a heterossexualidade e ainda
porque é considerado por alguns como sinal de desvio.
2. Biológico.
Alguns aceitam como anormal e antinatural tudo que, em última instância, não tenda
para a procriação, vista como "meta final" da sexualidade (intencionalidade natural).
Dizia Lersch: " homem e mulher são os dois pólos de cuja tensão e oposição brota o
fenômeno da existência humana."
Emmanuel diz que a vida espiritual pura e simples se rege por afinidades eletivas
essenciais; no entanto, através de milênios e milênios, o Espírito passa por fileira
imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade, ora em condições de
masculinidade, o que sedimenta o fenômeno da bissexualidade, mais ou menos
pronunciado, em quase todas as criaturas. Não há, portanto especificação psicológica
absoluta. Costa, Gadelha & Meirelhes admitem que o transexualismo é uma anomalia
da identidade sexual, dizendo que o indivíduo se identifica como pertencente ao sexo
oposto e experimenta grande frustração ao tentar se expressar através do contexto do
seu sexo genético. Admitem ainda estes endocrinologistas que nem sempre é fácil
distinguir convicções transexuais de ilusões psicóticas. O transexualismo seria uma
forma não-específica de psicopatologia, porque mesmo não sendo psicose, apresenta as
duas fases características da psicose, ou seja, saída da realidade (do próprio sexo) e
criação de uma nova realidade (troca do sexo corporal e do papel sexual). Isto é
perfeitamente compreensível á luz da reencarnação.
Se a situação for acidente de percurso e não houver esforço para retornar ao equilíbrio,
haverá agravantes no futuro.
Artigos
Recentemente fiquei perplexo ao ler: “Para aderir a uma das ferozes gangues de rua da
América Central, Benky, uma jovem pequenina com os olhos fortemente maquiados
com rímel e os braços recobertos de tatuagens, teve de fazer sexo com uma dúzia de
garotos do grupo, certa noite. Ela se lembra de ter chorado incontrolavelmente quando o
último deles terminou, e de ter sido cercada por todos os membros da gangue, que a
cumprimentaram por sua admissão plena à Mara Salvatrucha.”
http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI2739809-EI8140,00.html
“Ronaldo diz ter sido vítima de uma tentativa de extorsão do travesti André Luiz
Ribeiro Albertino, conhecido como Andréia Albertine. Albertino acusa o atacante de
calote em um programa com outros dois travestis e de envolvimento com drogas.”
http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u397735.shtml
Não fomos apanhados de surpresa porque anteriormente soubemos que nas entrevistas
as "Vendedoras de Prazer" disseram: "Um dia quero constituir uma família". Os
entrevistadores comentaram que subjaz nessa atitude, de querer integrar-se a uma
família, uma grande contradição, uma vez que grande parte de seus clientes são homens
casados.
Estes exemplos são tão tristes quanto aquele que saiu na Revista de Cultura Espírita
"Nueva Generacion", Guatemala, C.A. 5 (18): 3-6, abril-junio, 1995, narrado em: sexo –
artigo de compra e venda.
http://www.panoramaespirita.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=7311
Após a palestra, que falou sobre reencarnação e memória extra-cerebral, na fila dos que
vieram apertar-lhe as mãos caridosas, Divaldo escuta a estória:
- Eu sou uma meretriz. Era uma jovem delgada de olhar entristecido. Contou-lhe que
fora o padrasto quem a colocara no plano inclinado. Ela havia ouvido as senhoras
falarem do brasileiro que pregava o amor como antídoto da dor e, como sofria muito,
resolveu dar-se uma chance. Jogou fora a substância corrosiva, colocada no refresco,
para ouvi-lo.
Divaldo explica que não era má vontade, mas que o seu anfitrião o aguardava. Porém,
gostaria muito de encontrá-la mais tarde.
Ela respondeu a Divaldo que não se preocupasse porque era uma mulher da noite.
Marcaram o encontro na casa do anfitrião. À noite conta que vivia num bairro de alta
classe social e econômica. Quando o pai morreu contava quase quinze anos. A mãe
tinha quarenta e dois e era uma mulher frívola, de caráter vulgar e, em menos de três
meses depois, estava nos bailes e festas. Ligou-se a um homem mais jovem do que ela,
destes que vivem a explorar mulheres ingênuas. Ele veio viver em nossa casa e
começou a procurar-me. Minha mãe acreditou quando ele disse que eu havia me
oferecido. Após a bofetada, colocou-me na rua. Aos quinze anos eu estudava e tinha
uma amiga de dezessete anos que me recebeu em casa. Ela disse que a vida era
maravilhosa e que devíamos desfrutá-la. Era acompanhante de velhos executivos e uma
noite lhe rendia quinhentos dólares. Mais tarde ela me disse que se não trabalhasse
também não comeria e levou-me a uma casa.
http://www.panoramaespirita.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=2229
Nele muito se pode aprender com o caso relatado por um psiquiatra que clinicava em
São Paulo e que trabalhou mais tempo com hipnose do que Freud. Seu paciente
homossexual reviu vidas pregressas em regressões de memória.
Haverá forte emoção e sofrimento se, numa vida futura, o nosso jogador de futebol fizer
regressão de memória aos nossos dias. Por isso a regra é o esquecimento. Basta
olharmos nossas tendências, dizia o codificador da Doutrina Espírita.
Aos pais recomendei que “deixasse claro” o amor que sentem por seus filhos (Aclárele
todo a su hijo). E, quem ama educa, através do exemplo. Pobres crianças desta hora.
http://www.espiritismo.cc/modules.php?name=News&file=article&sid=427
Pobre Benky!Quando ela tentou largar a gangue, levou seis tiros dos ex-colegas. As
cicatrizes, ainda visíveis em seu corpo, confirmam a história, como o fazem os
assistentes sociais que a visitaram durante os seis meses que ela passou no hospital.
Artigos
ATÉ ONTEM , éramos todos negros. Você dirá: se gorilas e chimpanzés, nossos
parentes mais chegados, também o são, e se os primeiros hominídeos nasceram
justamente na África negra há 5 milhões de anos, qual a novidade?
A novidade é que não me refiro a antepassados remotos, do tempo das cavernas (em que
medíamos um metro de altura), mas a populações européias e asiáticas com aparência
física indistinguível da atual.
Trinta anos atrás, quando as técnicas de manipulação do DNA ainda não estavam
disponíveis, Luca Cavalli-Sforza, um dos grandes geneticistas do século 20, conduziu
um estudo clássico com centenas de grupos étnicos espalhados pelo mundo.
Com base nas evidências genéticas encontradas e nos arquivos paleontológicos, Cavalli-
Sforza concluiu que nossos avós decidiram emigrar da África para a Europa há meros
100 mil anos.
Como os deslocamentos eram feitos com grande sacrifício, só conseguiram atingir as
terras geladas localizadas no norte europeu cerca de 40 mil anos atrás.
A adaptação a um continente com invernos rigorosos teve seu preço. Como o faz desde
os primórdios da vida na Terra sempre que as condições ambientais mudam, a foice
impiedosa da seleção natural ceifou os mais frágeis. Quem eram eles?
Conseguiram dividi-los em cinco grupos étnicos cujos ancestrais estiveram isolados por
desertos extensos, oceanos ou montanhas intransponíveis: os africanos da região abaixo
do Saara, os asiáticos do leste, os europeus e asiáticos que vivem a oeste do Himalaia,
os habitantes de Nova Guiné e Melanésia e os indígenas das Américas.
Quando os autores tentaram atribuir identidade genética aos habitantes do sul da Índia,
entretanto, verificaram que suas características eram comuns a europeus e a asiáticos,
achado compatível com a influência desses povos na região.
Concluíram, então, que só é possível identificar indivíduos com grandes semelhanças
genéticas quando descendem de populações isoladas por barreiras geográficas que
impediram a miscigenação.
Num estudo publicado na revista "Science", o grupo de Keith Cheng seqüenciou esse
gene em europeus, asiáticos, africanos e indígenas do continente americano.
> Your Eternal Self: análise das críticas reducionistas feitas pelos céticos sobre o
fenômeno das EQMs
Artigos
1. Ver coisas externas, como alguém observar operações médicas do alto ou ver uma
cena de um acidente fora do local deste.
2. Uma sensação de se estar num túnel ao qual se percorre em direção a uma luz no fim
dele.
3. Ser cumprimentado por um parente falecido ou por amigos que agem como um guia,
por um anjo, ou por um Ser de Luz, e então receber algum tipo de orientação relativa à
situação pessoal.
4. Uma revisão da vida na qual a pessoa vê toda sua retrospectiva de vida, como um
flash, diante de si.
5. Ser informado por um Ser de Luz, o "anjo", ou um guia ou parente que se deve
retornar ao corpo, e normalmente protesta-se contra isso.
http://parapsi.blogspot.com/2008/04/your-eternal-self-anlise-das-crticas.html
http://metgat.gaia.com/blog/2008/3/debunking_the_nde_debunkers
Artigos
"Espertinhos" usam o preconceito, o estigma, em proveito próprio. Por isso temos que
desconfiar, pois nem sempre os interesses são tão nobres. Alguns "sadios" encaram o
leproestigma como excelente fonte de rendimentos divulgando cartas, anúncios, etc (os
chamados bate-gatos) que apelam para a caridade alheia. Não se importam com o
doente, com a doença, com os preconceitos que a envolvem e muito menos com as
perspectivas futuras (2).
Essas pessoas e aquele que se apresenta como "pobre leproso" são menos evoluídas que
Nicolau, marido de Norberta.
Nicolau era um fariseu. Amava apenas a família consangüínea. Nascera numa época de
constantes crises. Passou pelo período infanto-juvenil cercado por problemas
financeiros. Assim, "aprendeu" observar comportamentos. Ficou-lhe clara a idéia de que
a natureza humana é egoísta, malvada, sem remédio e que a sociedade nunca superará a
fase Caim & Abel. Com a idade madura consolidou-se a idéia de que o fim justifica os
meios (3).
Uma pessoa recebe uma carta de um pobre leproso que passando por necessidades
solicita ajuda em dinheiro. Há endereço, em outro estado, e um número de Caixa Postal.
Posteriormente descobre-se que se passa de um golpe, nem sempre em dezembro. No
Natal os corações e a bolsa se abrem com mais facilidade. Será que no futuro os
"espertinhos" irão aperfeiçoar o bate-gato na mídia criando o 171 religioso? Uma coisa
é certa, vai ser difícil enquadrá-los no código penal.
Os adeptos de religiões, que se originaram na África, devem sentir profunda dor na alma
diante das agressões verbais via rádio e TV. Este tipo de comportamento que produz
marcas infamantes aponta para o desconhecimento do universo do império da lei. Com a
liberdade divorciada da responsabilidade pode-se atacar pessoas e/ou religiões, com a
"demonização" (4) como técnica. Não é necessário doutoramento em Ciências Jurídicas
para perceber que se trata de manobra perigosa, principalmente porque atenta contra a
paz e desrespeita direito fundamental.
Monteiro - em Deus não Sobe em Palanque (5) - alerta: "no fundamentalismo religioso
e político residem os maiores perigos. Isto porque os seus líderes procuram
fundamentar-se apenas em algumas partes ou interpretações convenientes, geralmente
de suas doutrinas religiosas ou idéias políticas de modo exacerbado, alimentando o
fanatismo. E podemos constatar no mundo atual que o fundamentalismo está sempre
aliado à intolerância e ao desrespeito ao cidadão, pois seus fomentadores, na tentativa
de conseguirem seus objetivos, passam por cima da ética e da moral sem nenhuma
cerimônia".
Devemos enfatizar que "o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos
culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a
difusão das manifestações culturais" (CRFB 88, art 215).
Almeida (4) lembra que a mídia tem sido amplamente utilizada pelas religiões com o
intuito de arrebanhar mais fiéis e de levar a espiritualidade a pessoas que não possam ir
às igrejas, sinagogas, templos e etc. Entretanto, o espetáculo de religiosidade e de amor
ao próximo vem se transformando num circo de horrores, onde os ataques às outras
religiões são marca comum. Isto extrapola o direito de manifestação religiosa. Em nome
da liberdade de expressão, as garantias constitucionais estão sendo distorcidas.
Impossível negar a influência da mídia. (6, 7)
Os que assistem aos programas podem não ter a intenção de aprender, mas aprendem, e
acabam sendo manipulados.
Almeida (4) recorda que a lei 7.716 de 1989 trata do preconceito de cor e de raça, mas
em seu art. 20 torna punível a conduta de "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou
preconceito de religião". O mesmo autor não faz por menos e nos traz de outra esfera o
tipo descrito no art. 208 do Código Penal Brasileiro. O artigo trata do escarnecimento de
qualquer pessoa por motivo de crença ou função religiosa, e ainda o tratamento
vilipendioso de ato ou objeto de culto religioso (como a destruição da imagem da Santa
católica). Tudo isto, culmina para a completa compreensão de que o Estado deve
localizar-se na função de protetor das religiões e mediar os conflitos existentes entre
elas.
O Brasil é país laico e o Estado não interfere nem mesmo na liberdade de descrença (4,
13, 14) dizendo que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias". (Art. 5º, VI, da CRFB 88).
Muitos estão desconfiados, com o bate-gato, com a produção das identidades perversas
(10) dos "leprosos da religião" e devemos recordar os interesses subalternos materiais
que acompanhavam alguns religiosos na época de Jesus.
Em Mateus, V, encontramos: "Eu vos asseguro que se a vossa justiça não exceder as dos
escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus".
Jesus lecionou lembrando a justiça dos escribas e dos fariseus. Escribas faziam causa
comum com os fariseus, de cujos princípios partilhavam. Daí sua inclusão na
reprovação que lançava aos fariseus. Eram servis cumpridores das práticas exteriores do
culto e das cerimônias. Sob as aparências de meticulosa devoção, céticos, eles
ocultavam costumes dissolutos, muito orgulho e, acima de tudo, excessiva ânsia de
dominação política. Os fariseus tinham a religião como meio para chegarem a seus fins
e não como objeto de fé sincera. Da virtude nada possuíam, mas exerciam grande
influência sobre o povo, a cujos olhos passavam por santas criaturas.
Vejamos novamente o artigo (5) "Deus Não Sobe em Palanque": "Como o nosso país
está contextualizado dentro de uma sociedade Cristã, não podemos esquecer que Jesus
cumpriu a sua missão sem necessidade de portarias ou decretos, e não fundou nenhum
partido político para exercê-la. Mesmo assim, com essa prudente forma de agir, acabou
morrendo na cruz, devido à ambição política de Judas, a pretexto de acelerar a vitória do
Evangelho".
Almeida (4) responde que "o Poder Público pode utilizar-se do Decreto Presidencial
52.795/63 que regula os Serviços de Radiodifusão aplicando as sanções previstas no art.
133". Pode-se utilizar o que preceitua a Carta Magna, artigos. 220, §3º, inciso I e 223, §
4º. A norma fala na possibilidade da perda da concessão outorgada, em caso de
reincidência na violação.
O Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública, em São Paulo, face às
emissoras religiosas que estão promovendo a demonização das religiões afro-brasileiras.
Exigiu que cessem as agressões, representando os interesses difusos das entidades de
classe afro-descendentes.
No NEU da UFRJ, escrevemos um texto que designamos como "A Ética da Tolerância"
(8). Eis um trecho. "Nessa questão do aperfeiçoamento da prática sócio-afetiva
lembramos que Jesus afirmou: Os meus discípulos serão conhecidos por muito se
amarem. É a lição de que o progresso do conhecimento é estimulado pelo regime de
diálogo franco e aberto. É convite à fraternidade, ao amor em ação, na aceitação da
diversidade e no relacionamento pacífico entre os diferentes".
"Uma civilização jurídica, um Estado de Direito, uma democracia digna deste nome
qualificam-se, por conseguinte, não só por uma eficaz estruturação do ordenamento,
mas, sobretudo, pela sua ancoragem nas razões do bem comum e dos princípios morais
universais, inscritos por Deus no coração do homem". Trecho do discurso à Associação
Nacional dos Magistrados da Itália, 31/3/2000, proferido por João Paulo II (13).
Quando desenvolvemos o intelecto somos capazes de saber se uma ação é boa ou má,
mas a escolha do caminho a tomar depende do desenvolvimento de outro domínio
(afetivo). As duas asas simbólicas já são bem conhecidas. Sem uma delas, sociedade
alguma poderá voar, atingir níveis de consciência mais altos, e ser considerada evoluída.
O Ministro da Cultura e o povo brasileiro não podem concordar com a perseguição aos
adeptos das religiões afro-brasileiras.
Referencias Bibliográficas
http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo513.html
http://www.guarulhos.tur.br/sol/detart.asp?id=819
4) Almeida, Dayse Coelho. Demonização das religiões afro-brasileiras.
Jus Navigandi, Teresina, a. 9, n. 551, 9 jan. 2005.
http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=6155
5) Deus Não Sobe em Palanque. Gerson Simões Monteiro. Radio Rio de Janeiro.
Presidente da Fundação Cristã-Espírita Cultural Paulo de Tarso (FUNTARSO).
Articulista do Jornal Extra, assinando a coluna “EM NOME DE DEUS”
http://www.radioriodejaneiro.am.br/web/
http://www.superip.com.br/~jbraz/
7) Cenas de Sexo e Violência na TV. Reformador (FEB), 116(2027): 45-46, fev, 1998.
http://www.humildescomjesus.hpg.ig.com.br/cenas_de_sexo_e_violencia_na_tv.htm
12) Ciência com Amor. Revista Fraternidade, Lisboa, Pt, 422 (agosto/setembro): 227-
229.
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/ciencia-com-amor.html
Artigos
No estado atual da sociedade, a severidade das leis penais não constitui uma
necessidade?
(... ) Infelizmente, essas leis mais se destinam a punir o mal depois de feito, do que
a lhe secar a fonte. Só a educação poderá reformar os homens, que, então, não
precisarão mais de leis tão rigorosas."
(O Livro dos Espíritos, Alian Kardec, questão 796)
Foi um ano histórico para a ciência biomédica aquele de 1890. No Instituto Robert
Koch, de Berlim, Von Behring e Kitasato apararam a Imunologia no seu nascimento.
Demonstraram esses pesquisadores que no soro sangüíneo de animais inoculados com o
microrganismo causador da difteria (crupe) havia a presença de substâncias ou fatores
antibacterianos.
Naquela época era a difteria uma doença que se apresentava, no mundo, com alta taxa
de mortalidade infantil. No período de 1883-84 Klebs e Löeffler conseguiram
demonstrar que aquela doença, que se apresentava inicialmente como uma dor de
garganta levando à prostração severa, era causada por um micróbio (bacilo diftérico).
Quatro anos depois Roux e Yersin demonstraram que aquele quadro era principalmente
produzido pela distribuição sangüínea de forte veneno (exotoxina). E em 1890 esses
missionários da ciência conseguiram demonstrar no soro de animais de laboratório a
presença de um fator capaz de neutralizar os efeitos do tóxico microbiano. Nascia assim
a era da soroterapia, que abriria novas perspectivas no campo da medicina curativa. Não
ficam aí os trabalhos dos abnegados pesquisadores da ciência médica. Contribuição
maior vem de Ramon que, trinta anos depois, preocupado talvez com os efeitos
colaterais que o tratamento pelo soro acarretava, embrenha-se pelos caminhos, nem
sempre tranqüilos, da medicina preventiva. Ramon em 1923 apresenta à sociedade
biomédica uma descoberta que iria revolucionar o então "status quo" no campo das
doenças humanas transmissíveis. Apresenta-nos um derivativo do veneno bacteriano
que, conservando suas características antigênicas, isto é, sendo capaz de estimular o
organismo a produzir suas próprias defesas, seus antídotos, perdera sua capacidade
tóxica ou venenosa. Nascia assim a Imunologia para a Ciência e com ela a vacinação
infantil.
1) os serviços de saúde não estão vinculados às mães para poder administrar às crianças
a vacina de que necessitam na idade apropriada;
Não podemos esquecer que a vacina não precisa ser inventada. É uma técnica
relativamente antiga e efetiva.
Nos países desenvolvidos 80% das crianças estão imunizadas contra as enfermidades
mais mortíferas da infância: difteria, coqueluche, tétano, poliomielite e sarampo.
O sarampo, muito mais contagioso do que a varíola, é grave problema de saúde pública,
entretanto, basta uma dose da vacina de vírus vivo para obter-se um grau de proteção de
95% por espaço mínimo de 4-5 anos, e provavelmente durante toda a vida da pessoa
vacinada. *
Mas se o ano de 1890 é um marco na história da saúde física, o ano de 1857 é o marco
na história da saúde física e mental com a chegada do Consolador. Quando Allan
Kardec inspirado pelas "Vozes dos Céus" publicou "O Livro dos Espíritos" a filosofia
tremeu nas suas bases. Porque a Doutrina Espírita é a vacina que arranca da treva, que
apresenta a estrada da redenção e que diz que todos os nossos erros são resgatáveis. O
homem está na Terra em experiência evolutiva. A Terra não é um lugar de degredo, não
é o vale das lágrimas, não é o inferno. É a bendita escola, é o jardim onde colhemos e
semeamos. A Terra é o educandário de luz, no qual forjamos a nossa própria evolução,
no qual adquirimos as experiências da nossa redenção. A Doutrina Espírita desde 1857,
123 anos atrás, inaugurou a era do espírito imortal. Tem-se agora a certeza de que os
mortos voltam e voltam para nos arrancar do caos e nos levar na direção de Deus. Se
nós devemos a Behring, Kitasato, Klebs, Löeffler e a Ramon a era da vacinação,
devemos a Denis, Flammarion, Crookes, Delanne, Bezerra e a Kardec, iluminados por
Jesus, a era da vacinação mental, o prenúncio de uma era melhor, sem poluição
psíquica. Porque, à semelhança da Medicina, a Doutrina Espirita institui da mesma
forma as técnicas de vacinação, apresentando como referência bibliográfica o
Evangelho de Jesus, o maior tratado de Imunologia que a humanidade conhece, como o
afirmou Joaquim Murtinho pelas mãos de Francisco Cândido Xavier. Os instrutores
religiosos, mais do que doutrinadores, são médicos do espírito, que raramente ouvimos
com a devida atenção, enquanto na carne.
Os estados mórbidos da mente humana costumam ser distribuídos por duas condições
gerais de desordem mental: neurose e psicose, distintas primariamente por intensidade
de desarranjo. A primeira pertence à área da Psicanálise e a segunda à da Psiquiatria.
Neurose é um distúrbio emocional da personalidade que conduz o doente a um estilo de
vida desajustado. Ele está sempre em conflito consigo mesmo e com o ambiente. No
primeiro caso, porque tendências contraditórias se debatem dentro dele, como a
necessidade de afeto e a hostilidade. No segundo, porque luta agressivamente contra os
fatores externos como se estes constituíssem uma ameaça à sua vida e, ao mesmo
tempo, procura recuar diante deles como se julgasse não poder enfrentá-los. Acha o
neurótico que deve lutar antes de cooperar e, por isso, é fortemente competitivo (ainda
que não pareça).
A fim de alcançar um ajuste precário com a circunstância em que vive, o paciente vê-se
forçado a criar diversas maneiras de pensar e agir, conhecidas como pseudo-soluções,
visto não resolverem o problema íntimo. Muitos são os comportamentos apresentados,
mas as pessoas assumem um de três tipos de atitude geral (com inúmeras variações
individuais):
O psicótico não pode conviver conosco, a sociedade manda segregá-lo para tratamento e
assim é indispensável, pois não pode responder pelo que faz.
O que mais importa perguntar é o que se mostra no fundo das neuroses e psicoses,
impregnando o espírito. Lá está, bem perceptível, a citada tríade afetiva do desequilíbrio
mental. Os agentes etiológicos, os "micróbios" do egoísmo, do orgulho e da hostilidade
numa associação sinérgica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bol. Ofic. Sanit. Pan. (OMS), 82(4): 285-299, 1977. Franco, D. P. Anotações palestras
diversas. Kardec, A. O Livro dos Espíritos (tradução). 51a ed. FEB, RJ, 1980. Kardec,
A. O Livro dos Médiuns (tradução). 4a ed. FEB, RJ, 1904.
Rizzini, C.T. Evolução para o Terceiro Milênio: tratado psíquico para o homem
moderno. 1aed. EDICEL, SãoPaulo, SP, 1977.
Artigos
“Dá conta de tua administração”, (Lucas, 16:2). A pesquisa, para alguns docentes, é
atividade sublime. Como sublime é toda religião. Emmanuel, através de Chico Xavier,
na página “Doutrina Espírita” nos lembra que “toda religião fala de penas e
recompensas. No entanto, só a Doutrina Espírita elucida que todos colheremos
conforme a plantação que tenhamos lançado à vida, sem qualquer privilégio na Justiça
Divina.” ("Religião dos Espíritos", edição da Federação Espírita Brasileira).
São bem poucas as universidades brasileiras que têm uma política global de pesquisa
definida e clara, na qual estejam, por exemplo, estabelecidas institucionalmente as
principais linhas de pesquisa e recursos alocados.
A organização estudantil pode parecer secundária, mas é importante politicamente e
também para o “ethos científico”. Num bom número de universidades brasileiras não
existem Centros Acadêmicos como na UFRGS. Ali é possível encontrar a relação de
grupos de pesquisa ativos na Faculdade.
Um dos grupos está agora estudando “Direitos Fundamentais e Novos Direitos”. A linha
de pesquisa tem por “objetivo analisar, primeiramente, a evolução histórica, a discussão
conceitual e a positivação dos Direitos Fundamentais ao longo da história. Num
segundo momento, pretende estudar as relações entre os Direitos Fundamentais e a
emergência dos ditos Novos Direitos, suas gerações, a natureza jurídica e as soluções
positivadas que os ordenamentos jurídicos vem trazendo a eles”
(http://www6.ufrgs.br/caar/?cat=28).
Alguns momentos históricos são importantes para que se proceda a uma análise da
pesquisa científica no cenário acadêmico.
O discurso é mais uma vez mais forte do que a concessão de meios para efetivá-la na
prática, o que demonstra a necessidade de vontade política de proceder à
institucionalização da pesquisa.
Por outro lado, além de estar com o “pires na mão” o docente pesquisador ainda deverá
considerar a possibilidade de encontrar desvios administrativos. Nesta hora estamos
presenciando uma crise na Universidade de Brasília, onde se suspeita que verbas
destinadas a pesquisa foram desviadas para outros fins. No dia 8 de abril de 2008, o
Ministério Público Federal no Distrito Federal e o Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios entraram na Justiça Federal, contra o reitor da UNB e o Decano de
Administração, com uma ação de improbidade administrativa.
A luta pela industrialização, travada a partir dos anos 30, do século passado, e logo após
a Segunda Guerra Mundial, criou a necessidade de inovações tecnológicas que não
foram geradas a nível nacional. Hoje, a despeito do avanço nas Ciências Biomédicas, o
veterano na Faculdade de Direito pode não ter assistido uma aula sobre “células tronco”.
No entanto, o assunto é desafio de urgência para ministros do Supremo Tribunal
Federal, na ADI 3510, contra o artigo 5º da Lei de Biossegurança, que permite a
destruição de embriões humanos.
Na Doutrina Espírita aprendemos com Emmanuel que “a fortuna e a autoridade não são
valores únicos de que devemos dar conta hoje e amanhã. No livro Fonte Viva, o autor
espiritual nos lembra que “a oportunidade de trabalhar é uma bênção, a possibilidade de
servir é um obséquio divino, o ensejo de aprender é uma porta libertadora e que o tempo
é um patrimônio inestimável.” Na mesma oportunidade pergunta enfático: “que fazes
dos talentos preciosos que repousam em teu coração, em tuas mãos e no teu caminho?”.
Mas, é no livro que referimos no primeiro parágrafo que ele nos faz sentir o peso da
administração, quando diz: “"Espírita" deve ser o claro adjetivo de tua instituição, ainda
mesmo que, por isso, te faltem as passageiras subvenções e honrarias terrestres.
Doutrina Espírita quer dizer Doutrina do Cristo. E a Doutrina do Cristo é a doutrina do
aperfeiçoamento moral em todos os mundos. Guarda-a, pois, na existência, como sendo
a tua responsabilidade mais alta, porque dia virá em que serás naturalmente convidado a
prestar-lhe contas.
Artigos
Tendo um padre como padrinho e uma amiga como madrinha, mas nem o seu pai, nem
a sua mãe ao seu lado, Guy-Khaled recebeu o batismo no domingo (30/03), numa igreja
no departamento do Var (sudeste). Desde então, ele se sente "iluminado".
Nascido na França, criado dentro da tradição muçulmana, este jovem de 26 anos juntou-
se a algumas centenas de muçulmanos que, de maneira mais ou menos declarada, se
convertem todos os anos ao cristianismo, abraçando a religião católica ou protestante.
Ele declara as suas convicções com o fervor de um militante. O seu pai e os seus meio-
irmãos e irmãs desaprovam o caminho que ele escolheu, criticando-o por ter "renegado
a sua cultura". A sua mãe "tem dificuldades para compreender", mas "aceita as suas
decisões" e o acompanha de vez em quando nos encontros com cristãos dos quais ele
participa. Alguns dos seus antigos amigos acusam-no de ter cometido a apostasia e não
falam mais com ele.
Khaled garante ter chegado a se interessar pelo salafismo, uma vertente rigorista do Islã,
quando ele tinha 17 anos. Durante um verão na Argélia, o então colegial, já fortemente
influenciado pela sua formação "em literatura e em civilização francesas", empreende o
"seu caminho rumo ao Islã" sob a orientação de um primo salafista. Ao retornar à
França, enquanto ele inicia seus estudos de direito, o jovem rapaz freqüenta
assiduamente a mesquita. Mas, aos 20 anos, sentindo-se "mal à vontade em meio ao
comunitarismo" imposto pelas suas novas orientações religiosas, atormentado por
"questões fundamentais às quais o Islã não responde", ele começa a sentir a necessidade
de observar uma "pausa" religiosa. Diversas discussões com Guy, um professor de
filosofia católico que ele conheceu por acaso, levam-no a descobrir uma "proximidade
com o Deus cristão" e correspondem às suas expectativas. O nome de batismo que ele
escolheu presta uma homenagem a este encontro.
O percurso de Fátima, que chegou da Argélia aos 13 anos com a sua família para se
instalar no norte da França, é bem mais complicado que o de Guy-Khaled. Seduzida
pela leitura da Bíblia e "convencida" desde a adolescência de que ela se tornaria cristã,
ela demorou mais de trinta anos até se converter efetivamente Foi há cinco anos, aos 52
anos de idade. Ao longo de muitos anos, ela participou de reuniões de grupos de oração,
em segredo. Atualmente, alguns dos seus oito irmãos e irmãs conhecem a sua nova fé, e
outros não. "Eu ainda tenho medo de ser agredida ou que as pessoas zombem de mim, e
não me sinto serena o suficiente para assumir essas coisas", explica esta solteira que se
fez batizar numa comuna distante da do seu domicílio. "Até mesmo aqui, não faltam
muçulmanos que pensam que aqueles que mudam de religião são apóstatas. Na minha
família, muitos são os que jamais poriam os pés dentro de uma igreja".
Que eles estejam ou não apaziguados, as relações que cultivam os convertidos com o
Islã permanecem marcadas por um ponto negro intransponível: a acusação de apostasia,
que conduz eventualmente os convertidos a se tornarem alvos de ameaças.
"A falta de tolerância e o fato dos muçulmanos considerarem que eles são seguidores da
única verdadeira religião me deixam revoltada. E quando eu penso no estatuto que esta
religião atribui à mulher, me dá vontade de vomitar", confia Fátima, que, entretanto, se
diz mais "tranquila" em relação ao Islã. "No começo, junto com outros convertidos, eu
me mostrava muito agressivo para com o Islã", reconhece por sua vez Guy-Khaled.
"Trata-se de um fenômeno psicológico normal que vai se atenuando à medida que você
vai progredindo na sua nova fé".
"As atitudes de denegrir e de se opor ao que é diferente não eram as armas do Cristo. É
possível denunciar a face negra do Islã com amor e respeito", afirma por sua vez o
pastor evangélico Said Oujibou, um convertido de 39 anos, que se diz desconfiado das
"falsas conversões, que se destinam apenas a compensar uma overdose de Islã".
Em todo caso, todos eles lamentam que os representantes do Islã na França não adotem
posicionamentos mais explícitos e claros no sentido de afirmarem o princípio da
liberdade religiosa, principalmente no que diz respeito aos casamentos mistos (de
parceiros de religiões diferentes), em relação aos quais "a parte cristã, com grande
freqüência, é incentivada a se converter". Após ter se mantido discreta em relação a este
assunto até estes últimos anos, a Igreja católica, que batiza anualmente entre 150 e 200
adultos de origem muçulmana, desde então afirma julgar a "liberdade religiosa e a
reciprocidade essenciais".
"Não seria o caso de todos nós conseguirmos dizer as coisas abertamente uns aos outros,
sem que seja preciso agir de maneira secreta?", se interroga Dom Michel Dubost, um
bispo de Evry (Essonne, região parisiense), que está envolvido em ampliar o diálogo
com o Islã. Uma dezena de muçulmanos vem sendo batizada todos os anos em sua
diocese; neste ano, revelou-se necessário celebrar um batismo de maneira "não pública".
Por sua vez, a diocese de Fréjus-Toulon, que não dá tanta importância para problemas
desta natureza, implantou um fórum de "comunhão e evangelização", especificamente
dedicado às práticas missionárias voltadas para o mundo muçulmano.
Dentro deste contexto, a conversão, amplamente repercutida pelos meios de
comunicação, de um muçulmano italiano, em 22 de março no Vaticano, foi
comemorada pelos convertidos da França. "Eu abençôo o papa, que pôs o dedo na
ferida", comenta Mohammed Christophe Bilek, o fundador da igreja Nossa Senhora de
Cabília, em Créteil (Val-de-Marne, região parisiense). "Esses conversões têm sido cada
vez mais numerosas; tanto pior se isso desagrada aos guardiões do templo do Islã. Toda
pessoa deve poder ser batizada, isso diz respeito aos direitos humanos", acrescenta.
Convertido já faz 38 anos, este comerciário originário da Argélia lembra que naquela
época, "ninguém prestava muita atenção nessas coisas. As famílias não estavam
necessariamente de acordo, mas ninguém corria o risco de ser agredido".
Da mesma forma que outras comunidades, os franceses de cultura muçulmana, que eles
sejam crentes ou agnósticos, vêm sendo confrontados a uma oferta espiritual
diversificada, de maneira sempre mais intensa. Entre os convertidos, destaca-se
principalmente a situação dos filhos de casais mistos. "Quase sempre embarcados no
Islã por influência dos seus parentes muçulmanos", conforme sublinha um padre
católico, "eles acabam questionando esta herança ao chegarem à idade adulta". A
rejeição de um sistema de valores que não lhes parece adaptado à modernidade, um
eventual encontro benéfico, uma experiência mística, ou ainda a descoberta dos textos
cristãos, são ocorrências que caracterizam outros percursos de conversão, segundo
explicam católicos dedicados a acompanhar os convertidos. "Na minha diocese, uma
jovem mulher muçulmana descobriu que Santo Agostinho (354-430) era berbere; ela
começou então a ler os seus textos, e foi isso que a conduziu para o caminho da
conversão", testemunha Dom Dubost.
"É preciso lembrar que quando uma pessoa se converte, ela não está traindo a sua
cultura", insiste este pai de família que afirma com orgulho ser "marroquino e cristão".
Contudo, no começo, para os seus pais e para a maior parte dos seus onze irmãos e
irmãs, a sua conversão e aquela da sua irmã primogênita representaram "o fracasso da
sua migração na França".
Diferentemente dos outros, Said não acrescentou um nome de batismo ao lado do seu
nome de origem. "Eu teria tido a impressão de estar renegando a minha identidade", diz,
sorrindo. Os convertidos gostariam de ver um dia os franceses não colocarem
necessariamente uma etiqueta "muçulmano" em alguém que se chama Mohammed.
Le Monde - http://www.lemonde.fr
Artigos
“Um desafio para a universidade de uma maneira geral no terceiro milênio é resgatar
um pouco alguns princípios humanísticos e éticos para a sociedade.”(5) Estas foram
palavras da reitora eleita da Universidade do Estado do Rio de Janeiro no final de 1999,
último quartel do milênio.
Ensino, pesquisa e ética tem estado nas nossas cogitações (4) desde quando
encontramos, ainda como aluno, um professor a quem homenageamos anteriormente
pelo seu exemplo de integridade profissional (3). Por isso acreditamos que resgatar
valores ético-morais para a sociedade é desafio de urgência.
Vamos a um exercício prático. Deve-se aceitar o aborto para “salvar a vida” da gestante
HIV-positiva, grávida pelo estupro? Antes de responder gostaria de voltar ao Congresso
de Transdisciplinaridade.
A ética ao falar de valores e agir humano, parte do pressuposto que todo ser humano age
por uma motivação em vista de uma finalidade. é sabido que entre a motivação e a
finalidade não existe uma transparência que determine ser todo ato bom e responsável.
vários fatores psicológicos, sociais e culturais podem influenciar estes atos. Um ato
humano, mesmo os atos médicos e científicos, podem ser maus e irresponsáveis se as
motivações forem egoístas ou se a finalidade for a ganância de fama, poder ou riquezas.
Qual o caráter do homem ético? É um homem de bem, inspirado por Deus. pode-se
reconhecê-lo por seus atos e palavras.
Qual é o tipo mais perfeito, que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e de
modelo? A resposta deve falar de altos níveis no dominio cognitivo e afetivo, mas
sobretudo no patamar mais alto do nível de consciência, o da Consciência Cósmica.
Nome indiscutível entre nós - Jesus.
Artigo 9 - A transdisciplinaridade conduz a uma atitude aberta com respeito aos mitos,
às religiões e àqueles que os respeitam em um espírito transdisciplinar.
Artigo 10 - Não existe um lugar cultural privilegiado de onde se possam julgar as outras
culturas. O movimento transdisciplinar é em si transcultural. (1)
Artigo 7 - A transdisciplinaridade não constitui uma nova religião, uma nova filosofia,
uma nova metafísica ou uma ciência das ciências. (1)
Um profissional ético certamente diria que esta é uma matéria sem resposta definitiva,
sobre à influência da sorologia positiva no processo gestacional e da própria saúde do
feto. Não existe ainda nenhum argumento ético, jurídico ou técnico, capaz de
fundamentar a interrupção de uma gravidez numa mulher soro-convertida ou já doente
de AIDS, a não ser que suas condições de saúde sejam agravadas pela gestação, que
cessada a gravidez cesse o perigo e que não haja outro meio de salvar-lhe a vida.
Para aqueles que não vão se contentar em parar por aqui gostaria de sugerir duas leituras
adicionais: A Aids e o Aborto que apresenta a doutora Susie A. Nogueira demonstrando
a possibilidade de crianças nascerem sem a contaminação pelo vírus da Aids, embora
suas mães sejam soro-convertidas. O texto foi colhido do Jornal quinzenal da Seção
Sindical dos Docentes da UFRJ/Andes-SN, Ano VII, 05 de Junho de 2000. Pode ser
encontrado em artigos no site http://zap.to/neurj, home-page no NEU-RJ. Neste mesmo
endereço faço a segunda sugestão, embora seja discussão mais longa, o opúsculo que
recebeu o nome de Antes de Votar Pergunte ao Candidato Sobre o Aborto.
Este artigo foi elaborado com base em palestra proferida, “Ética: educação para o
terceiro milênio”, durante o Primeiro Congresso Interativo Sobre Educação Para o
Terceiro Milênio. “A Educação da Alma é a Alma da Educação”. Centro de
Convenções do Barrashopping, 06-09 de dezembro de 1999.
Referências Bibliográficas
1. Carta Transdisciplinar adotada pelos participantes do Primeiro Congresso Mundial de
Transdisciplinaridade. Convento de Arrábida, 6 de novembro de 1994.
2. Costa Júnior, A.S. Bioética. Cadernos de Saúde e Meio Ambiente. Cuibá, UNIC., 1:
155-177. 1997.
3. Formiga, L.C.D. Ensino, Pesquisa e Ética em Microbiologia Médica.Sociedade
Brasileira de Microbiologia - SBM-Notícias, 21(julho): 3-4, 1998 (disponível no site
http://zap.to/neurj).
4. Formiga, L.C.D. Ciência e Microbiologia com Amor. Sociedade Brasileira de
Microbiologia - SBM-Notícias, 22 (outubro): 3-4, 1998.Discurso proferido durante a
solenidade de formatura da primeira turma do curso de Bacharel em Microbiologia e
Imunologia do IM/UFRJ, em dezembro de 1997(disponível no site http://zap.to/neurj).
5. Freire, N. Formação é prioridade para nova reitora da UERJ. UERJ Em Questão, VII
(66): 6-7, 1999.
6. Setenta e dois alunos de graduação recebem Prêmio de Iniciação Científica. UERJ
Em Questão, VII (66): 02, 1999. 7. Lenoir, N. Promover o ensino de Bioética no
mundo. Bioética, 4: 65-70, 1996.
Editora Tama - Rua Baronesa do Engenho Novo, 189. Engenho Novo. CEP 20961-210.
Tel (0xx21) 501-2001. Fax (0xx21) 5016222. Atendimento ao cliente (0xx21) 501-
2001. E-mail: indice@ccard.com.br
> O Zigoto no banco dos réus: Visão espírita das pesquisas que usam células-tronco
Artigos
Células tronco podem abrir diversos caminhos. O PPS divulgou nota apoiando o uso das
células embrionárias. Dois argumentos importantes: as doenças genéticas atingem mais
de cinco milhões de pessoas, a maioria crianças e jovens. Dezesseis (16) mil cientistas
brasileiros, membros de 50 sociedades científicas, entre as quais a Academia Brasileira
de Ciências (ABC), a Federação de Sociedades de Biologia Experimental e a Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), são a favor das pesquisas.
Nessa hora as questões são importantes e nenhuma delas deveria ser negligenciada.
Mesmo as aparentemente absurdas, como aquela que pergunta se a alma existe e é
imortal.
Não devemos omitir nossos pensamentos nesta hora tão difícil quanto grave. Pensemos
no primeiro artigo da lei que regula a liberdade de manifestação do pensamento e de
informação, Lei número 5.250, fevereiro de 1967. Diz ela que “é livre a manifestação
do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de informações ou idéias, por
qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo cada um, nos termos da lei,
pelos abusos que cometer.”
"A Igreja não é insensível ao sofrimento de tantas pessoas. Mas somos contrários às
falsas expectativas." O secretário questionou a validade e a eficácia de tais pesquisas e
afirmou que parte dos pesquisadores manipula sentimentos dos pacientes. "Eles dão
uma falsa esperança de cura.”
A CNBB não tem uma posição clara sobre como proceder. "Isso ainda será alvo de
estudo." Mas é contrária também ao congelamento de embriões.
http://noticias.uol.com.br/ultnot/brasil/2008/02/29/ult4469u20270.jhtm
O Fórum de Apoio às Pessoas com Deficiência fez abaixo-assinado para ser entregue
aos ministros para a liberação das pesquisas.
Quando questionado sobre a necessidade de mais discussões sobre o tema disse que a
população já está bem informada, está na hora de decidir e a religião não pode
influenciar na escolha dos ministros.
Será que estamos bem informados, tanto quanto o presidente que diz que não sabia de
certas coisas que aconteciam ao lado do seu gabinete? E você como você se sente em
relação ao tema?
“Quando for possível fazer uma ponte entre ciência e religião, fica muito mais fácil. A
tarefa da ciência, indubitavelmente, é pesquisar. Se a ciência tivesse limites, hoje nós
não teríamos a tecnologia de ponta que nos facilita tanto a comunidade, inclusive o
prolongamento da vida. Mas, nessa busca da investigação científica, às vezes alguns
pesquisadores exorbitam. Toda vez, quando a vida corre ameaça, é compreensível que
haja uma bioética. As grandes nações trabalham isto e o Brasil também, para que se
estabeleça uma bioética. Nem tudo deve ser permitido na área da investigação.”
"No caso das células tronco, a Doutrina Espírita, na sua visão religiosa, é totalmente
favorável. Toda e qualquer pesquisa que objetive o progresso, a diminuição das dores, a
mudança de situação da criatura, é válida, mas para tanto é necessário respeitar a vida
que está em processo de desenvolvimento.”
“A ciência vai descobrir que essa vida embrionária não é de espontaneidade da matéria,
mas sim da presença do Espírito. Ao destruí-los se interrompe uma futura existência,
com menos conseqüências negativas, porque os Espíritos que ali se encontram
imantados estão também cumprindo um período de provas e essa própria prova é uma
maneira de resgatar débitos do passado.”
“Sim, mas enquanto os teóricos, como você, discutem se o feto com duas ou com quatro
semanas já é uma pessoa, a mulher engrossa as estatísticas. As mulheres pobres vão
continuar abortando com agulha de tricô?”
Responde outra: Sempre que se quer humilhar, castrar, limitar ou matar o outro, recorre-
se a esta técnica consagrada. O primeiro ato é desumanizar. Se o embrião é um "vir a
ser", mas não é ainda por que não suprimi-lo em favor dos que são? Hitler e Stálin
tinham idéias, até nobres, pelas quais se delegaram o direito, e até o dever, de matar
judeus, dissidentes, capitalistas, comunistas e católicos. O que se quer é “desumanizar”
o embrião para adormecer as consciências com uma legitimidade. A ciência não tem
uma definição de vida, portanto não pode justificar um procedimento tão grave sobre o
que desconhece.”
O espírita sabe que uma nova ordem de idéias é necessária para uma nova ética
comportamental. Para Jesus foi imprescindível deixar a noção da imortalidade. Esta é a
base da doutrina do Cristo que a demonstrou, sob o ponto de vista prático, em inúmeras
oportunidades.
Ciência, Filosofia e Religião são caminhos difíceis de transitar, mas os raios solares que
iluminam o caminho da Política vão fazer transpirar todos os nossos neurônios. Coitado
do Zigoto que for pregado na cruz da coisificação.
Artigos
As infecções cutâneas são mais contagiantes do que aquelas que ocorrem no trato
respiratório. As lesões de pele são um nicho ecológico do bacilo diftérico. Os
laboratórios devem ficar atentos para a possibilidade do isolamento do bacilo diftérico,
a partir de pessoas adultas portadoras de neoplasias, prevenindo-se de demandas
judiciais.
Introdução
A Carta dos Direitos dos Usuários de Saúde, Ministério da Saúde, Brasília, 2006,
elaborada em consenso pelos governos federal, estaduais e municipais e pelo Conselho
Nacional de Saúde, baseou-se em princípios de cidadania, que devem assegurar ao
cidadão o direito básico ao ingresso digno nos sistemas de saúde.
Embora os governos possam alardear que o “Brasil não está longe de atingir a perfeição
no tratamento de saúde” a realidade é que hoje o nosso sistema de serviços públicos está
em fase de declínio. Nossa rede de laboratórios de saúde pública apresenta carências
diversas e diferentes realidades. As condições de trabalho encontradas em vários
laboratórios são inadequadas. Em se tratando da Bacteriologia Clínica o erro técnico
biomédico pode ocorrer pela ausência de especificação e pela conseqüente
desvalorização do achado microbiano.
Todo cidadão tem responsabilidades para que seu tratamento aconteça de forma
adequada. O laboratório, muitas vezes, é veículo imprescindível para alcançar esse
objetivo.
2. Difteria
Apesar do amplo conhecimento sobre a etiopatogenia da difteria, seus aspectos clínicos,
terapêutica e profilaxia, a doença infecciosa pode ser uma ameaça nos locais de
vacinação deficiente, de controle inadequado dos contatos familiares e ainda quando do
retardo do diagnóstico-tratamento.
Diante de uma criança febril e prostrada, é obrigatória a procura de pseudomembrana na
orofaringe.
A letalidade diminui na vigência do diagnóstico precoce e instalação rápida da
terapêutica específica (3,4,7).
Poder invasor
Amostras não produtoras de toxina podem causar o processo infeccioso. Possuem
capacidade de aderência e permanência nos tecidos do hospedeiro. Assim, outros
fatores, distintos da toxina, devem ser considerados, embora seus papéis na patogenia
ainda não estejam suficientemente estudados (5,11,12,13).
2.4.Manifestações Clínicas
Após uma incubação de um a sete dias, há o aparecimento de febre, geralmente
moderada, queda do estado geral, adinamia, anorexia e alterações ocasionadas pela
pseudomembrana.
O exame clínico revela com freqüência a toxemia, de intensidade variável, geralmente
desproporcional a hipertermia.
Há acometimento das cadeias cervicais anteriores e submandibulares com gânglios
pouco dolorosos, móveis e também acompanhados por edema periganglionar que, se
intenso, é sinal de prognóstico reservado. Após o início da terapêutica específica, a
pseudomembrana desaparece, em média depois de cinco a sete dias e, nesta época,
podem começar as alterações da miocardite diftérica. Casos graves podem se apresentar
como choque cardiogênico, bloqueio AV ou arritmias fatais. As manifestações
neurológicas são de aparecimento mais tardio que a miocardite (3).
2.5.Diagnóstico Clínico.
A manifestação clássica da difteria é a faringite com formação de pseudomembrana, que
em casos brandos pode estar ausente.
No início da doença é semelhante à angina estreptocócica, havendo usualmente febre
baixa (37,7-38,3 °C), mal estar, garganta levemente irritada, pode haver disfagia, sem
dor intensa, e sensação de cansaço. Posteriormente a pseudomembrana causará asfixia
de vários graus.
Pode haver sangramento, edema, inchação de garganta, secreção seroanguinolenta,
rouquidão, paralisia do palato mole, diminuição da resposta ocular, etc.
As alterações eletrocardiográficas não são patognomônicas, mas confirmam
praticamente o diagnóstico de miocardite diftérica numa criança com história anterior
de faringite.
2.7. Epidemiologia
O homem é o reservatório natural do C. diphtheriae e o transmite principalmente por
contato direto (secreções de oro e nasofaringe) e eventualmente de forma indireta
(fômites).
O indivíduo poderá apresentar uma infecção subclínica (trato respiratório superior e
pele), adquirir imunidade e permanecer como portador assintomático durante tempo
prolongado (meses). As infecções subclínicas e o estado de portador assintomático são
importantes epidemiologicamente, uma vez que concorrem para a circulação do bacilo
na comunidade.
Admite-se que o doente de difteria passa a ter importância secundária uma vez que a
transmissão é interrompida no momento da internação e isolamento.
A taxa de portadores na população geral oscila entre 1 a 3% e nos contatos familiares de
8 à 14%. Essa diferença evidencia a necessidade de vigilância maior neste grupo mais
exposto.
Sua incidência é maior no outono e inverno, no entanto, nas regiões que não apresentam
grandes oscilações sazonais de temperatura, esta diferença não é significativa.
As crianças abaixo de 10 anos continuam a ser as mais atingidas. O maior número de
casos e óbitos tendem a ocorrer na faixa de 1 a 4 anos. A doença incide de maneira
endêmica no Brasil, com aparecimento de surtos epidêmicos esporádicos.
A pele pode ser um reservatório de potencial importância na manutenção da circulação
do C. diphtheriae uma vez que ele pode ser isolado de vários tipos de lesões cutâneas,
principalmente de zonas tropicais onde são comuns as picadas de insetos e os
traumatismos. Admite-se hoje que as infecções cutâneas são mais contagiosas do que as
do trato respiratório (3,4).
3. Direito à Saúde
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88) traz a saúde
como direito social nos seus dispositivos: artigos 5, 6, 7, 21, 22, 23, 24, 30, 127, 129,
133, 134, 170, 182, 184, 194, 195, 197, 198, 199, 200, 216, 218, 220, 225, 227, 230.
A saúde é um direito subjetivo exigível do Estado que tem o dever de assegurá-lo.
Para apurar a responsabilidade do Poder público devemos atentar para os conceitos de
saúde, vida e dignidade da pessoa, considerada como ser multifacetado de natureza
biológica, psicológica, social, cultural e espiritual.
O direito à saúde é uma das formas de garantia do direito à vida, cláusula pétrea , art. 5o
da CRFB 88. Diante da prestação do serviço de saúde interpretamos a norma
constitucional com o sentido que maior eficácia lhe conceda, com o objetivo de
preservar a vida e a dignidade da pessoa. Há uma relação entre os conceitos de direito à
vida e dignidade da pessoa humana com os serviços de saúde. Qualquer atitude oriunda
do Poder Público em detrimento do direito à vida pode ser catalogada como uma
desconsideração a esta dignidade.
Em matéria de saúde, os diversos dispositivos constitucionais apontam para uma ampla
cobertura. Concluímos que qualquer omissão do Estado na garantia ao direito à saúde,
comprovado o nexo de causalidade, permitirá a propositura de medidas judiciais, e que
essa garantia ao direito à vida pode necessitar de exames laboratoriais complementares
adequados.
Em se tratando de um Sistema Único de Saúde, financiado pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, todos são responsáveis diante da obrigação que é de competência
comum, segundo CRFB 88, artigo 23, II.
A responsabilidade civil do Estado é de natureza objetiva (art. 37, § 6o, da CRFB/88).
Assim, demonstrado o nexo causal deve o Estado responder pelos danos que seus
agentes causarem a terceiros, no âmbito de seus hospitais, independente da prova de
dolo ou culpa (art. 43, Código Civil, 2002).
O hospital ao fornecer serviços de saúde médico-hospitalares está sujeito às normas do
Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/90).
A relação jurídica estabelecida com os seus pacientes é contratual, legítima relação de
consumo, com as conseqüências legais que daí decorrem.
As atividades complementares, ao atendimento do paciente, também ficam protegidas
pelo manto deste contrato. Entre elas estão algumas como o serviço de controle de
infecção hospitalar, de enfermagem, de limpeza e serviços complementares de
diagnóstico e tratamento (laboratórios e outros).
Enfatizamos que a obrigação incluída neste contrato do hospital é de meios e não de
resultados. No entanto, a assistência médica deve ser a mais adequada possível, devendo
dispor de pessoal competente, nos procedimentos oferecidos aos seus pacientes,
diligência e prudência nos atendimentos, uma vez que no contrato está implícita a
cláusula de incolumidade, que tem característica de uma obrigação de resultados.
O hospital tem o dever de manter o paciente livre de outras enfermidades que não
apresentava no momento de sua admissão, prevenindo-se das iatrogenias. Paciente
internado com enfermidade neoplásica não pode evoluir a óbito por difteria (4).
A educação continuada, de modo geral, deve fazer parte de seu planejamento e, de
modo particular, o pessoal do laboratório de Microbiologia Clínica deve manter-se
atualizado e em contato com o Laboratório Central de Saúde Pública e com o Centro de
Referência (3).
5. Referências Bibliográficas
1. Formiga, L.C.D. New possibilities for Laboratory diagnosis of diphtheria. Brazilian J.
Med. Biol. Res., 18:401-402, 1985.
2. Formiga,L.C.D. & Guaraldi,A.L.M.. Diphtheria: current status and laboratory
procedures for diagnosis. Rev. Bras. Pat. Clin., 29(3): 93-96, 1993.
3. Macambira, R.P.; Formiga, L.B. & Formiga, L.C.D. Difteria: O grave prognóstico
brasileiro. J. Bras de Medicina, 66 (3): 69-81, 1994.
4. Formiga, L.B.; Formiga, L.C.D. & Gomes, R.O. Difteria Iatrogenia da Omissão.
Pediatria Atual, 7(8): 27-31, 1994.
5. Guaraldi, A.L.M.& Formiga, L.C.D. Bacteriological properties of a sucrose
fermenting Corynebacterium diphtheriae strain isolated from a case of endocarditis.
Current Microbiology, 37(3): 156-158, 1998.
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cells and actin polimerisation by toxigenic Corynebacterium diphtheriae strains.
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http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.11.htm
Artigos
Qualquer tipo de violência nos entristece. A negação dos direitos humanos da mulher,
violência de gênero, nos deixa desequilibrados. Imaginem a dor que senti ao tomar
conhecimento de um acórdão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, de 1974, que
referia uma manifestação do Procurador de Justiça declarando que considerava o
estupro praticado pelo réu uma “cortesia” e não um crime.
É evidente que nos tratados e convenções as questões específicas das mulheres recebem
tratamento secundário e marginal.
Nessa hora em que “estamos diante da causa mais importante do Supremo Tribunal
Federal (STF)” nossas esperanças se renovam. Depois de tantas decepções,
necessitamos de práticas afirmativas que busquem na educação, na universidade,
aqueles alunos que são equilíbrio razão-sentimento, o que melhor a academia possui,
capazes de perceber ensino e pesquisa como binômio indissociável.
Não é suficiente criar universidades por decreto. É necessário retirar o “pires da mão”
das ilhas de competência científica. Como anota a advogada, no campo específico da
mulher, necessitamos de ações afirmativas que possam “restabelecer a igualdade entre
cidadãos, que uma herança histórica de discriminação tornou desiguais.”
Apesar da alergia que o antígeno religião pode causar, gostaria de contar que ao término
da conferência pública com o médium Divaldo Franco, realizada no Grupo Espírita
André Luiz, no Rio de Janeiro, 26 de julho de 2007, o espírito assim se pronunciou:
“Nós que nos comprometemos em tornar melhores os nossos próprios dias deveremos
avançar semeando bênçãos e distribuindo consolações. A humanidade necessita mais de
exemplos dignificantes do que de palavras retumbantes.” Destacamos o exercício
prático da transformação pessoal e a ciência como promotora da esperança.
O médico Arthur Conan Doyle, criador da série Sherlock Holmes, escreveu a “História
do Espiritismo”, que foi traduzida por Júlio de Abreu Filho. O filosofo J. Herculano
Pires é o autor do prefácio que nos fala da obra e do escritor de renome mundial: “O
médico A. C. Doyle, o homem voltado para os problemas científicos, o pensador,
debruçado sobre as questões filosóficas, e o religioso, que percebe o verdadeiro sentido
da palavra religião – todos eles estão presentes nesta obra gigantesca, suficiente para
imortalizar um escritor que já não se houvesse imortalizado.”
Da obra (Editora Pensamento, SP, SP, 500 p) vamos ficar com a página 174, 5º capítulo,
“A Carreira de D. D. Home”, porque atende ao nosso objetivo. É um parágrafo onde o
médico escritor faz uma afirmação que comprovei ao longo da vida acadêmica. Sua
clareza nos obriga a citá-lo ad litteram:
“Os homens de ciência se dividem em três classes: os que absolutamente não
examinaram o assunto – o que não os impede de pronunciar opiniões muito violentas;
os que sabem que a coisa é verdadeira, mas temem confessá-lo; e, finalmente, a
brilhante minoria dos Lodges, dos Crookes e dos Lombrosos, que sabem que é verdade
e não temem proclamá-lo.”
Nessa minoria, hoje encontramos professores universitários, magistrados, entre outros.
http://www.geocities.com/Athens/Academy/8482/exemet.html
http://www.reflexaoespirita.org.br/
http://www.abrame.org.br/
Como saber que estamos próximos da verdadeira realidade? Para isso, Koch criou seus
postulados ao estudar a etiologia bacteriana da tuberculose. Observar ao microscópio,
fazer o isolamento em cultura pura, reproduzir a doença em modelo animal e isolá-lo a
partir do animal doente. Assim chegou a etiologia bacteriana e sua negação ficou como
altamente improvável.
Em outro artigo, dissemos que o Brasil possui várias e antigas universidades, que a
produção do conhecimento é cantada, em prosa e verso e que na prática não se encontra
quase nada. Dissemos também que o cientista não goza do prestígio social que lhe é
conferido nos países onde o desenvolvimento da pesquisa científica é parte fundamental
de um projeto global.
Como exigir que estejam familiarizados com os termos das Ciências Biológicas e
Jurídicas? Que possam estar informados sobre o início da vida olhando através de
diversas janelas como a biomédica, jurídica, espírita, e outras?
A Embriologia, numa linguagem de 1993, nos informa que logo após a fusão da
membrana celular do espermatozóide com a do ovócito acontece também a fusão dos
seus dois pronúcleos. Nos pronúcleos estão os cromossomos masculino e feminino. Em
seguida aparece um novo e único núcleo, o zigoto fertilizado. Este momento marca o
ponto zero do desenvolvimento embrionário. A partir daí temos um novo potencial
genético e o zigoto diferencia-se completamente do organismo da mãe. (Larsen, W.J.
1993. Human Embryology. Churchill Livingstone Inc., N.Y.).
O que encontramos na Constituição da República Federativa Brasileira sobre a vida.
Qual o seu entendimento?
Debatedores utilizam o conflito entre o progresso científico biomédico e o dogmatismo
religioso, colocando este último como reacionário, numa visão reducionista.
Podem surgir diferentes pontos de vista. Uns se apóiam nos primeiros indícios de
atividade cerebral, outros afirmam que só ocorre após a nidação, quando o óvulo
fecundado se fixa no útero materno. Nosso ordenamento jurídico usa a Embriologia.
Quando surge um ser distinto de seus pais, novo e único, a vida se inicia.
Esse embrião humano de célula única, com identidade genética individual, possui todas
as características da pessoa humana que será na idade adulta. Na ciência biomédica, é
desse ponto que partem, sem alternativa, todas as técnicas de fertilização in vitro. O
artigo 5º da Constituição Federal se refere a essa vida, sendo direito fundamental,
inviolável, inalienável, imprescritível, sendo pressuposto e fundamento de todos os
outros direitos.
Uma lei que autoriza o uso de células tronco embrionárias humanas, com lesão fatal ao
embrião, fere o preceito constitucional devendo ser declarada a sua
inconstitucionalidade. A mesma declaração não ocorreria diante da inviabilidade
biológica. A presidente do STF, Ellen Gracie, considerando a inviabilidade do zigoto
concluiu que pessoa humana não existe, nem mesmo como potencialidade, e adiantou o
seu voto. Alguns pesquisadores, no entanto, questionam esse diagnóstico de certeza de
inviabilidade, considerando-o apenas como uma arbitrariedade. O jurista deverá confiar
na prudência, na diligência e na perícia do profissional biomédico.
http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.11.htm
A pressão é muito grande. São poucos os países que proíbem a pesquisa com células
embrionárias, o que deixa os nacionais diante do conflito bioético e a dependência
futura aos países onde esses estudos são realizados. Advogam que apenas usarão
embriões inviáveis e que, ainda, na dependência da autorização dos genitores, embora
juridicamente os pais não sejam donos dos filhos.
No Direito, um pré-embrião não se classifica como pessoa. A ordem jurídica
internacional diz que a pessoa é um recém-nascido com vida. A vida só começaria
depois do nascimento e a Constituição brasileira só trata da vida após o parto e só desta
forma o novo ser ganharia personalidade civil. A pessoa é o valor fonte de todos os
valores, sendo o principal fundamento do ordenamento jurídico. A Constituição cidadã
não expõe sobre nenhuma forma de vida pré-natal e não diz quando começa a vida
humana.
Na casa espírita pela psicofonia o mensageiro da paz nos exorta à compaixão. Como a
presidente do STF poderia ficar indiferente a dor humana, diante de 5 milhões de
pessoas que sofrem de graves doenças genéticas? O que está acontecendo no STF é
apenas mais um indício de que uma nova civilização esta nascendo.
As ciências biomédicas apontam para a esperança diante das células-tronco e nos pede
para agir com ética.
Naquela noite de julho de 2007, o bondoso médico espírito apela para o nosso bom
ânimo e diz com sua grave voz: “Nunca deserteis da luta de auto-iluminação. Não vos
permitais o desânimo nem o desespero. Cultivai a paciência. A noite tenebrosa deste
momento inunda-se de luz na madrugada que vai chegando. Confiai em Deus e a Ele
entregai os problemas e desafios que não podeis solucionar. Deus é Amor!”.
http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.17.htm
Artigos
ANOMALIAS fetais: abortar?
Uma criança anencéfala é uma tentativa frustrada da natureza?
É um espírito encarnado ou não?
Anencéfalo tem alma? Que é a alma? Seria válido o aborto diante de anomalias fetais
graves e incuráveis? Como detectar a presença do espírito? Há um espírito encarnado?
A estratégia era oriunda de uma sugestão dada pelo juiz Miguél Kfoury Neto, autor da
primeira sentença formulada em Londrina, em 1992, autorizando a interrupção de uma
gravidez complicada por anencefalia. Isto aconteceu vários anos depois da primeira
discussão no Congresso Brasileiro de Genética, julho de 1976, em Brasília. Nesse
tempo evoluímos da fase do diagnóstico pré-natal dos anos 80 para a medicina fetal dos
anos 90. Hoje pode-se tratar algumas patologias fetais e não há dúvidas de que se
contam com sucessos indiscutíveis.
Quando escrevemos sobre os direitos do paciente terminal lembramos que o doente
enquanto está morrendo está vivendo. Schiefler-Fontes pergunta se seria justo ou
razoável condenar o anencéfalo à pena máxima onde o paradoxo assombra: se há
impossibilidade de "vida extra-uterina" é porque há "vida intra-uterina".
O que se quer é desumanizar o feto. Como princípio jurídico, a dignidade da pessoa vai
designar não apenas o “ser pessoa”, mas a “humanidade da pessoa”, a reunião de todos
os homens no que eles possuem em comum. Assim, a dignidade é atributo do gênero
humano. Se o anencéfalo, de origem humana, compõe a humanidade, como os nascidos
portadores da trissomia do cromossoma 21, eles têm esta mesma dignidade no
“domínio” da humanidade.
É difícil conciliar uma medicina que cura com outra que mata.
Que argumentos são utilizados para conceder validez moral ao ato da interrupção de
uma gravidez complicada por ausência dos hemiférios cerebrais?
A mesma motivação existe em relação a fetos com ausências de membros distais que
são alvos potenciais da “interrupção seletiva da gravidez”. No fundo, vamos encontrar
uma idéia social de vida, respaldada é claro, pela plenitude biológica, o que justifica
grande parte das solicitações de aborto seletivo.
Os dilemas éticos parecem ser mais facilmente solucionados quando a medicina e a vida
social apontam para a total impossibilidade de vida biológica e moral. Mas, nas zonas
sombrias, nos casos-fronteira, como o de um feto portador de trissomia do cromossoma
21, este mesmo argumento “vida humana” toma outra conotação. Aí os juizes concedem
um domínio da concepção moral de vida sobre os argumentos exclusivamente técnicos
de sobrevivência ou de qualidade de vida. Chegamos ao suporte juridico-moral, à
decisão legal e ficamos diante da moral medicalizada, a moral justificada por intermédio
do discurso biológico.
Assevera Fontes que “o jurista não tem condições, sob aspecto técnico, de averiguar se
pelo atual estágio de desenvolvimento da medicina efetivamente não existe solução para
a anomalia de que supostamente padecem fetos anencéfalos.
Segundo estimativas extra-oficiais, existem hoje no Brasil mais de 350 alvarás judiciais
autorizando a prática da interrupção seletiva da gravidez em nome de anomalias fetais
incompatíveis com a vida extra-uterina.
Sabe-se que há relação direta entre fetos anencéfalos e abortamento espontâneo. Cerca
de 65% morrem no período intra-útero. Dos que sobrevivem, cerca de 2/3 falecem nas
primeiras três horas. Alguns registros mostraram que, de 180 anencéfalos vivos, 58%
não sobreviveram após as primeiras 24 horas. Quando a alma está presente?
Que é a alma? A resposta é encontrada no “Livro dos Espíritos”, na questão 134 e diz
que é “um espírito encarnado”. Mas, que era a alma antes de se unir ao corpo? “Um
Espírito”.
O corpo pode existir sem alma, não sendo um homem mas massa de carne sem
inteligência (questão 136). Na agonia, algumas vezes, já tem deixado o corpo havendo
apenas vida orgânica. Cabe perguntar, sob o ponto de vista prático, como saber se o
espírito já deixou o corpo e como saber se está ligado ao corpo do anencéfalo.
Nas questões deste capítulo do "O Livro dos Espíritos" vamos encontrar novamente o
vocábulo (alguns/algumas) na questão 356, onde verificamos que entre os natimortos há
alguns onde não foi destinada a encarnação de espíritos. Por outro lado, o Livro dos
Espíritos é claro quando informa que se a criança vive após o nascimento ela tem
forçosamente encarnado em si um espírito e é um ser humano (questão 356b).
Interessante é que não tendo sido destinado à encarnação de espíritos, corpos podem
chegar a termo de nascimento, algumas vezes (de novo o vocábulo), mas não vivem
(questão 356a).
Uma mulher tem o direito de levar a termo uma gestação com uma criança seriamente
afetada, quando isso representa uma carga financeira e social imensa para toda a
sociedade?
No momento de decisão vamos nos debruçar sobre a resposta dada pelos Espíritos
Superiores (na questão 356b) – “há forçosamente um espírito encarnado”.
A mãe Cacilda informou que a garota está bem e é alimentada com suco de frutas e leite
em pó, por meio de uma sonda. A pediatra responsável pelo caso, Márcia Beani
Barcellos, fará visitas regulares para acompanhar a evolução da saúde da criança. A
menina, que nasceu na Santa Casa de Patrocínio Paulista, próximo a Ribeirão Preto, São
Paulo, está morando com a mãe em uma residência próxima ao hospital. Com estado de
saúde estável, ela contrariou as previsões médicas que só lhe davam alguns dias de vida
(Redação Terra, Quinta, 19 de abril de 2007).
Fontes é enfático: “decretar viver ou morrer não é poder do juiz.” Certamente ele vai
deixar os calouros de direito em reflexão profunda, quando adjetiva: “mais inviável do
que o nascituro tido como anencéfalo é a pretensão de alcançar judicialmente uma
autorização de aborto, porquanto injusta, ilegal, inconstitucional, juridicamente
impossível, irrelevante e inútil.”
http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.6.htm
Artigos
Tomado pelo bom senso, com o voto do Relator e da sua Presidente, o Supremo
Tribunal Federal (STF) iniciou a aprovação das pesquisas com células-tronco
embrionárias, conforme previsto na Lei de Biossegurança. Como se espera, o STF está
julgando improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a autorização
legal para as pesquisas. A partir do final do julgamento, os cientistas poderão usar em
seus experimentos os embriões congelados a mais de três anos, precisando apenas da
autorização do casal doador. Isso dá um destino útil aos embriões congelados, que de
outra forma seriam simplesmente descartados. Evitando-se esta irracionalidade, com
algum esforço, os pesquisadores brasileiros poderão “tirar o atraso” e acompanhar o
andamento das investigações mundiais na área. Com o tempo, os estudos contribuirão
para a descoberta de meios terapêuticos para o tratamento de doenças tidas como
incuráveis, como o Mal de Parkinson, a Distrofia Muscular, a Paraplegia e a Doença de
Alzheimer, dentre outras.
Mas a decisão do STF, embora apoiada pelos que são solidários aos que sofrem com
doenças ainda incuráveis, não alcançou unanimidade. Enfrentou fanática oposição
capitaneada por líderes cristãos, argumentando que quando um espermatozóide adentra
um óvulo em laboratório já há início da vida e por isso o embrião aí formado não pode
ser usado em pesquisas e terapias. O que não explicam é como o embrião de proveta vai
fazer para se desenvolver e tornar-se um ser humano sem contar com o acolhimento de
um útero...
Em O Evangelho segundo o Espiritismo (Cap. I, Item 8), Allan Kardec escreveu que “a
Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do
mundo material e a outra as do mundo moral”. Teve razão o Codificador do Espiritismo
em anotar esta afirmação, pois do conflito entre Ciência e Religião surgiu, em todas as
épocas e lugares, a incredulidade e a intolerância. Se bem que a humanidade neste
confronto, entre idas e vindas, tem preferido ficar com a Ciência... O Espiritismo veio
ao mundo para mediar este conflito e induzir o diálogo produtivo entre Ciência e
Religião, tanto é que, sendo uma Religião, tem como postulado que o progresso da
Ciência pode modificar suas diretrizes e, assim, não tem dificuldades em admitir
novidades como neste caso. É que o Espiritismo compreende que a melhoria
progressiva da qualidade de vida que a Ciência vem proporcionando aos homens não é
senão uma cabal manifestação da misericórdia divina. A Ciência avança e proporciona
maiores recursos a todos nós que estamos na Terra para expiar nossas faltas e
experimentar novos aprendizados, “mas, todos, sem exceção, devemos esforçar-nos por
abrandar a expiação dos nossos semelhantes, de acordo com a lei de amor e caridade”.
(O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. V, Item 27)
Como espírita convicto, asseguro que não há qualquer comunicação mediúnica idônea
contendo veto à pesquisa com embriões congelados e nenhuma prova de que a estes
existem espíritos reencarnantes associados. Não há possibilidade de advento de uma
criatura humana a partir de um embrião que não seja devidamente acolhido pelo
complexo materno... Logo, não tem sentido fazer agitação em busca de notoriedade e
dizendo que se “defende” a vida, quando a equação “espermatozóide + óvulo + útero”
não se formou. Por outro lado, mutatis mutandis, a doação de órgãos de pacientes com
morte encefálica é acolhida pelo Espiritismo sem restrições, já que não há mais
possibilidade de preservação da vida intelectual e moral do que alcançou este estágio.
São duas formas de doação de órgãos para o tratamento de doentes graves: as células-
tronco embrionárias, obtidas por meios artificiais antes da formação de um ser humano,
e os demais órgãos, quando da constatação da morte encefálica. Apenas isto!
Seja como for, convém que o STF afaste dúvidas e aprove as pesquisas. Assim se dará
um recado claro aos que fazem do profissionalismo religioso meio de alcançar o
conforto da vida política. Ficará claro que o Brasil não se rende ao obscurantismo
clerical que tentam reeditar. A Ciência continuará avançando em termos éticos para que
brevemente os necessitados se beneficiem de suas descobertas, principalmente os mais
pobres, que, caso as pesquisas não fossem feitas no Brasil, seriam excluídos de seus
benefícios, pois, diferentemente dos ricos, não têm como pagar tratamentos no exterior
e dependem da rede pública de saúde para a satisfação de suas demandas.
______________________
Artigos
O deputado José Genoino, no artigo de Wellington Balbo, nos fez recordar o artigo:
“Eleição, Mulheres e Voto Consciente”, publicado na Revista Internacional de
Espiritismo, setembro de 2000 http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/eleicao-
mulheres-e-voto-consciente.html
Antes das eleições, na TV duas candidatas discutem. Uma delas havia enfrentado, com
muita angústia, um aborto espontâneo. Percebi que, embora fossem do mesmo credo,
apresentavam posições antagônicas. Eram materialistas. Muitos têm fé no niilismo e
acreditam na inexistência de vida após a morte, embora esta tese seja defendida sem
nenhuma evidência experimental que a suporte. Uma opinião apresentada por uma
delas, a de que o aborto é um direito, foi o que me chamou a atenção. Disse: “a
campanha pela legalização do aborto deve seguir na direção pura e simples do direito de
abortar, não necessitando a mulher explicar que há problemas com o feto ou que foi
estuprada. O aborto não deve ser considerado crime e o argumento que invoco é um só.
A mulher pode dizer que não quer este filho e que seu corpo lhe pertence. Este é o
projeto de lei pelo qual anseiam as mulheres".
Diz a outra: “mas, aqui o direito de um implica na morte do outro. Não podemos auto-
atribuirmos a decisão e a ação de matar o outro. Isto é questão de poder acumpliciado a
uma licença ética. É exatamente o que se dá com o político que leva o povo à guerra;
dá-se ainda com o terrorista, com o torturador, com os assassinos de todos os matizes.
Poder e não-ética, associados, produzem todas as lesões ao outro: o roubo, a censura, o
seqüestro, a lista é longa. O aborto não é um direito, é uma possibilidade decorrente do
poder e da anestesia da consciência, como escravizar o negro, matar judeus.”
Como que se não tivesse escutado os argumentos, surge a réplica: “A legislação do
aborto não dá à mulher autonomia sobre seu corpo. Precisamos entrar na modernidade!
Estamos atrasados em relação à Itália, Alemanha ou à França.”
“Sim. Mas, não seria o caso de ampliar a informação sobre anticoncepção? Usar do
direito de não engravidar, nestes dias de Aids, usar a camisinha e exigir a colaboração
do companheiro?”
“É, mas um dia a casa cai e você aparece grávida, minha filha!" - diz a outra.
A resposta estava na ponta da língua: “mas a culpa é do bebê?” O óvulo é seu. O útero,
também, mas o ovo fertilizado é outra pessoa!
“Sim, mas enquanto os teóricos, como você, discutem se o feto com duas ou com quatro
semanas já é uma pessoa, a mulher engrossa as estatísticas. As mulheres pobres vão
continuar abortando com agulha de tricô?
De repente a outra disse: “Espera aí, vamos entrar nessa de que o Ministério da Saúde
adverte... e, gastar fortunas dos recursos públicos, para tratar enfisema e câncer
pulmonar que apareceram por causa de uma droga socialmente aceita? “Minha amiga”,
falou com tom de piedade, “não seria melhor investir numa estrutura melhor para gerar
filhos? Investir em creches e oferecer orientação sobre contracepção? O país já tem os
sistemas de comunicação bem desenvolvidos é só questão de vontade política fazer a
opção pela educação!” E arrematou: “Isto não é o mesmo que colocar o aborto na lei e a
consciência fora da lei?”
“Ora, minha amiga, estamos discutindo a existência de alguém que ainda nem é uma
pessoa. É apenas um amontoado de células. Eu estou defendendo a mulher e você vai
ficar defendendo um feto!” “A mulher é sempre ignorada. Essa é a grande questão do
nosso século. As mulheres que abortam, no Brasil, não o fazem por opção. Quando falo
no direito de abortar falo em direito à vida humana, decente e digna. É preciso existir
estrutura para gerar filhos, foi você mesma quem colocou!”
“Sim”, veio a resposta: “e deve ser aí que devemos gastar a nossa energia e não
tentando desumanizar o outro! Sempre que se quer humilhar, castrar, limitar ou matar o
outro, recorre-se a esta técnica consagrada. O primeiro ato é desumanizar. Se o embrião
é um "vir a ser", mas não é ainda por que não suprimi-lo em favor dos que são? Hitler e
Stálin tinham idéias, até nobres, pelas quais se delegaram o direito, e até o dever, de
matar judeus, dissidentes, capitalistas, comunistas e católicos. O que se quer é
“desumanizar” o embrião para adormecer as consciências com uma legitimidade. "A
ciência não tem uma definição de vida, portanto não pode justificar um procedimento
tão grave sobre o que desconhece.”
Este diálogo é encontrado no opúsculo que recebeu o título “Antes de votar pergunte ao
candidato sobre o aborto” e que está colocado em Campanhas (1998), na antiga HP do
NEU-RJ, no endereço eletrônico http://www.geocities.com/neurj/neurj.htm
Votar não é fácil, apertar botões não deveria ser a única preocupação dos educadores de
época de eleição.
Devemos tomar cuidado. Nestes dias, na beira do precipício Portugal recebeu o
empurrão!
Fonte: http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.2.htm
Artigos
Se as orações afetam as coisas no mundo físico, seus efeitos devem ser mensuráveis e a
ciência deve poder investigá-lo. Há uma literatura muito dispersa nisto, mas quando se
reúne todo o conjunto de informações, como fez Larry Dossey em seu livro recente,
"Palavras que Curam" (Editora Harper, São Francisco, 1993), vemos um grande número
de experiências interessantes com resultados inspiradores.
Para fazer sentido a estes dados sobre a eficácia das orações, a ciência terá que mudar
suas suposições subjacentes sobre a natureza da causa. Atualmente, o (pre)conceito
padrão é imóvel e puramente mecanicista – não obstante toda a conversa recente sobre a
Teoria do Caos e da Complexidade (das reações químicas e psicosomáticas, provocadas
pelo cérebro humano e canalizadas sobre o corpo através do esforço mental das orações
ou "força de vontade"). Quando aplicada às ciências da vida, a Teoria do Caos e da
Complexidade – mesmo com a ajuda de computadores, com modelos altamente
sofisticados – ainda explica o mundo apenas em termos de causas mecânicas,
envolvendo somente processos físicos e químicos já conhecidos.
Os dados de estudos empíricos das orações, assim como da grande literatura informando
a pesquisa psi em telepatia, clarividência e psicocinese, seriamente desafiam a visão
mecanicista. Algum outro agente causal, subjacente à mecânica das interações
eletroquímicas, é exigido para fazer sentido aos fenômenos observados.
O outro grupo de holistas (uma minoria onde incluo Larry Dossey e eu), pensa que isso
há mais do que apenas o que nós conhecemos sobre química e física e modelos
matemáticos espertos. Minha visão é que outros fatores causais na natureza, processos
que fazem as reais diferenças – as causas na natureza que ocasionam novos tipos de
efeitos que nós temos que levar em conta para entender a nossa experiência e o mundo.
Estes novos fatores causais são envolvidos em coisas como fenômenos paranormais, as
orações e cura. O impulso inteiro de minha teoria de ressonância mórfica é dizer que
existe mais para a natureza do que somente as forças-padrão da Física. E o que é mais:
estes outros agentes estão no mesmo próprio coração da maneira com que as coisas são
organizadas na Química, na vida, e na consciência.
Como as orações devem conciliar com a visão científica de coisas? Focalizarei em duas
categorias amplas de orações: peticionária e intercessória. Nas orações peticionárias nós
pedimos algo para nós; nas orações intercessórias nós oramos a um poder mais alto em
atenção a outras pessoas (qualquer um, vivo ou morto).
Ao orar para outras pessoas e para nós, pedimos que um poder mais alto ocasione um
resultado particular. Para mim, isto é o que distingue as orações de pensar positivo.
Pensar positivo envolve nada mais que a própria mente, mas as orações peticionárias e
intercessórias são postas no contexto de um poder mais alto. Para esta razão, o
pensamento positivo não se assenta na categoria das orações – mesmo que seja
freqüentemente confundido com elas.
A chave para entender a reza como um fenômeno científico exige, em meu ponto de
vista, escapar da idéia da mente como alguma coisa dentro do cérebro. Se pensamos que
nossas mentes são confinadas aos nossos cérebros – o senso comum – então o que vai
em nosso cérebro ocorre na privacidade e isolamento do próprio crânio e não pode
afetar ninguém mais. No entanto, eu vejo as mentes como um campo na natureza (parte
de minha visão geral de campos mórficos), e vejo campos mentais como a base para
padrões habituais de pensamento. Campos mentais vão além; vão através, e interagem
com os padrões eletromagnéticos no cérebro. Campos mentais assim podem afetar os
nossos corpos pelos nossos cérebros. No entanto, eles são muito mais extensos que os
nossos cérebros, alcançando grandes distâncias em alguns casos.
Tão logo nós temos idéia que a mente pode ser estendida por estes campos mentais, e
sobre grandes distâncias, nós temos um meio de conexão através do qual o poder das
orações poderiam funcionar. Nós não estamos mais lidando com um sistema puramente
mecânico no cérebro, com absolutamente nenhum meio de ligar o cérebro e o efeito
observado – isso seria o caso em que o fenômeno das orações eficientes teriam que ser
dispensadas como engano ou coincidência. Com um campo mental, no entanto, nós
temos um meio para uma série inteira de conexões entre nós e as pessoas, animais e
lugares que conhecemos e com quem nos preocupamos – com o resto do mundo, aliás.
Quando oramos, esses campos mentais estendidos seriam o contexto em que as orações
podem funcionar não-localmente.
Mente não-localizada
Claramente, isto não se eleva a uma teoria científica plenamente articulada das orações;
isto é altamente especulativo. Mas, acredito, está também muito claro que necessitamos
ter uma visão muito mais ampla de como a mente é estendida além do cérebro.
Necessitamos uma teoria daquilo que eu chamo "mente estendida" ao contrário da vista
científica convencional do "mente contraída" dentro do crânio, voltada para cima. Esta
visão de uma mente contraída veio de Descartes no século 17.
Minha idéia de campos mórficos é que mesmo que sejam estendidos e não-locais em
seus efeitos, eles ainda são partes de nossas mentes individuais e coletivas; mas não
para ser igualada a alguma definitiva Mente Universal. Os campos mórficos não são
Deus. São não-locais no sentido que eles podem se estender por distâncias imensas
(como fazem, por exemplo, campos gravitantes), de modo que se orávamos sobre
alguém na Austrália de meu lar em Londres o campos mórfico carregaria a informação e
as orações poderiam funcionar.
Mas meu campo mental normalmente não se estenderia até Marte, por exemplo, porque
não há nada para me ligar a alguém naquele planeta. Se eu conhecesse alguém tivesse
viajado até lá numa espaçonave, então haveria um elo. Para campos mórficos terem uma
conexão mental, eu acredito que tem que haver algo que o liga à outra pessoa. Ainda
que você nunca encontrasse a outra pessoa, eu acredito somente sabendo seu nome ou
algo sobre ela parece ser bastante para estabelecer uma conexão, embora esta conexão
possa ser mais fraca que entre as pessoas que se conhecem profundamente.
Você pode imaginar algo assim: quando duas pessoas fazem contato e estabelecem
alguma conexão mental (talvez experimentado como afeto, amor, mesmo ódio) seus
campos mórficos de fato tornam-se parte de um campo inclusivo maior. Então, se eles
se separam um do outro, é como se suas porções particulares dos campos mórficos
sejam esticadas elasticamente, de modo que aí permaneça uma "tensão mental" ou elo
entre eles. Há algo assim que relaciona as duas pessoas.
Interação de Campos Mórficos
Penso que isso é uma maneira de interpretar doutrinas tradicionais sobre inteligências
super-humanas, ou inteligências cósmicas; normalmente pensaram no cristianismo
como a hierarquia dos anjos. A palavra "anjo" normalmente transporta a imagem de um
jovem bonito com asas; mas isso é simplesmente uma representação pictórica. A
doutrina tradicional por trás dessa imagem, no entanto, é de uma inteligência super-
humano. E se o sistema solar e a galáxia têm inteligência, então talvez seja a de um anjo
e de um arcanjo. Em algumas doutrinas cristãs tradicionais há, por exemplo, nove
hierarquias de anjos ou níveis de inteligência. E veria estes como equivalente a
inteligências, mentes ou organizações de campos em níveis diferentes de complexidade.
Os anjos galácticos, por exemplo, cingiriam ou incluiriam sistemas solares, que em
volta incluiriam planetas.
Isto é uma descrição de um cosmos que tem inteligência em cada nível, não que
descreve a consciência como algo que emergiu de matéria inconsciente. Inteligência
consciente estava aí para começar com alguma coisa. O lugar para procurar por isto não
será em átomos nem em quantum (embora é possível que haja algum tipo de
consciência aí), mas em sistemas solares e galáxias e no cosmos inteiro. É possível que
sejam todos estes níveis diferentes de imaginação, inteligência, e mente por trás da
organização cósmica. Todas as doutrinas tradicionais que eu conheço reconheceram
algo desse tipo.
1. Para uma conversa estendida destas teorias, ver R. Sheldrake, Uma Nova Ciência de
Vida: A Hipótese de Causa Formativa (Tarcher, 1981), e A Presença do Passado:
Ressonância Mórfica e os Hábitos da Natureza (Vindima, 1988).
... Rubem Alves
Artigos
Essa encruzilhada simples entre o certo e o errado, entre o lado da vida e o da morte, só
acontece nos textos de lógica
ERA UM DEBATE sobre o aborto na TV. A questão não era "ser a favor"ou "contra o
aborto". O que se buscava eram diretrizes éticas para se pensar sobre o assunto.
Será que existe um princípio ético absoluto que proíba todos os tipos de aborto? Ou será
que o aborto não pode ser pensado "em geral", tendo de ser pensado "caso a caso"? Por
exemplo: um feto sem cérebro. É certo que ele morrerá ao nascer. Esse não seria um
caso para se permitir o aborto, para poupar a mulher do sofrimento de gerar uma coisa
morta por nove meses?
Um dos debatedores era um teólogo católico. Como se sabe, a ética católica é a ética
dos absolutos. Ela não discrimina abortos. Todos os abortos são iguais. Todos os
abortos são assassinatos.
Terminando o debate, o teólogo concluiu com esta afirmação: "Nós ficamos com a
vida!"
O mais contundente nessa afirmação está não naquilo que ela diz claramente, mas
naquilo que ela diz sem dizer: "Nós ficamos com a vida. Os outros, que não concordam
conosco, ficam com a morte..."
Mas eu não concordo com a posição teológica da igreja -sou favorável, por razões de
amor, ao aborto de um feto sem cérebro- e sustento que o princípio ético supremo é a
reverência pela vida.
Lembrei-me do filme a "Escolha de Sofia". Sofia, mãe com seus dois filhos, numa
estação ferroviária da Alemanha nazista. Um trem aguardava aqueles que nele seriam
embarcados para a morte nas câmaras de gás.
O guarda que fazia a separação olha para Sofia e lhe diz: "Apenas um filho irá com
você. O outro embarcará nesse trem..." E apontou para o trem da morte.
Já me imaginei vivendo essa situação: meus dois filhos -como os amo-, eu os seguro
pela mão, seus olhos nos meus. A alternativa à minha frente é: ou morre um ou morrem
os dois. Tenho de tomar a decisão. Se eu me recusasse a decidir pela morte de um,
alegando que eu fico com a vida, os dois seriam embarcados no trem da morte... Qual
deles escolherei para morrer? Acho que a ética do teólogo católico não ajudaria Sofia.
Você é médico, diretor de uma UTI que, naquele momento, está lotada, todos os leitos
tomados, todos os recursos esgotados. Chega um acidentado grave que deve ser
socorrido imediatamente para não morrer. Para aceitá-lo, um paciente deverá ser
desligado das máquinas que o mantém vivo. Qual seria a sua decisão? Qual princípio
ético o ajudaria na sua decisão? Qualquer que fosse a sua decisão, por causa dela uma
pessoa morreria.
Ah! Como seria simples se as situações da vida pudessem ser assim colocadas com
tanta simplicidade: de um lado a vida e do outro a morte. Se assim fosse, seria fácil
optar pela vida. Mas essa encruzilhada simples entre o certo e o errado só acontece nos
textos de lógica. O escritor sagrado tinha consciência das armadilhas da justiça em
excesso e escreveu: "Não sejas demasiado justo porque te destruirás a ti mesmo..."
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0104200805.htm
Artigos
Alkíndar de Oliveira
O mundo corporativo atual está vivendo uma produtiva inversão de valores,
positivamente dizendo, e passando a ser uma das melhores escolas para o
desenvolvimento pleno do ser humano. Ao leitor que, ao ler a frase introdutória deste
artigo pensar "não estou vendo isto na empresa em que trabalho", informo: estou me
referindo a - ainda - um pequeno número de empresas, àquelas que já descobriram que o
bom ambiente interno influi favoravelmente na produtividade e na lucratividade.
Não imaginemos que esta mudança corporativa implica no fato da empresa não ter o
importante foco de gerar lucro. Pois, ser uma empresa lucrativa precisa ser - e continuar
sendo - um dos mais importantes pilares da empresa saudável.
Percebe-se que Jack Welch coloca como atitudes primordiais da liderança empresarial
alcançar objetivos que, até então, eram próprios do foco educacional: gerar capital
intelectual, motivar pessoas e desenvolver os relacionamentos.
Finalmente o mundo corporativo está descobrindo que não precisa ser controlado pelo
líder aquele funcionário auto-motivado, que se relaciona bem com a equipe e que tem o
conhecimento necessário para bem exercer sua função.
Como o líder atual não tem mais tempo para controlar seus liderados, a única alternativa
é educá-los para que sejam líderes de si próprios, que é o principal objetivo da liderança
com postura coach. Estilo este que está sendo adotado pelas empresas que já
enxergaram a realidade do novo mundo corporativo.
V- -NECESSIDADES DE AUTO-REALIZAÇÃO-
IV- --------------NECESSIDADES DE ESTIMA------------
III- -----------------NECESSIDADES SOCIAIS----------------
II- ---------------NECESSIDADES DE SEGURANÇA--------------
I- --------------------NECESSIDADES FISIOLÓGICAS--------------------
I – Necessidades Fisiológicas:
Horário de trabalho adequado; cadeiras e móveis ergonômicos e confortáveis; ambiente
físico acolhedor; intervalos para descanso; alimentação saudável.
II – Necessidades de Segurança:
Condições seguras no trabalho; Remuneração e benefícios adequados; Estabilidade no
emprego.
IV – Necessidades de Estima:
Reconhecimento; oportunidade de desenvolvimento; respeito; satisfação por trabalhar
na empresa.
V- Necessidades de Auto-Realização:
Sentir-se importante para a empresa; trabalho criativo e estimulante; autonomia e
participação nas decisões.
Também é fato de que todas as empresas almejam ter funcionários que já passaram por
todos os degraus da pirâmide. Pois, assim terão profissionais com grande ímpeto de
realização pessoal e, por conseqüência, serão pessoas auto-motivadas. No entanto, neste
nosso mundo de grandes desafios, não é comum a empresa ter esse grupo ideal. A
realidade é que é preciso formar esse grupo ideal. Pois, todos sabemos que infelizmente
ainda é constante nos profissionais a baixa auto-estima somada à ausência da auto-
motivação e da realização pessoal. Esta triste realidade é fácil de ser constatada nas
reuniões empresariais, onde muitas vezes prevalece o estilo de reunião-de-egos, em vez
de reunião-de-pessoas. E uma pessoa com boa auto-estima, verdadeiramente auto-
motivada e realizada sabe como comandar seu ego.
A novidade deste início de milênio é que as empresas estão descobrindo que, uma vez
satisfeitas as necessidades primárias dos seus colaboradores (fisiológicas e de
segurança), elas têm que “pular” para o último degrau da pirâmide de Maslow
(necessidade de auto-realização), começando por fazer que seus colaboradores sintam-
se pessoas importantes, sintam-se profissionais valorizados. As empresas que estão
agindo desta forma estão melhorando a auto-estima e o relacionamento do seu pessoal.
Isto é, estão contrariando a seqüência até então natural dos três últimos degraus de
Maslow, e com isto passam a ter maior velocidade na conquista de todos os degraus da
pirâmide. E velocidade é o que o mundo pede e exige das empresas. Mas que saibamos
a velocidade adequada não é aquela em que damos passos rápidos, mas, sim, passos
certos.
O discurso mudou. Não é mais dizermos: “Precisamos formar uma equipe que bem se
relacione, para que os colaboradores tenham boa auto-estima e, por fim, alcancem a
auto-realização profissional”. Este discurso era correto até há pouco tempo.
Defendo a tese de que é chegado o momento de, por exemplo, repensarmos a lógica
hierárquica da pirâmide de Maslow no mundo corporativo.
É importante dizer que a pirâmide de Maslow tal qual a conhecemos, teve sua razão de
ser. Mas analisemos o que vem a seguir. No início do mundo industrial, e até as últimas
décadas do século passado, o funcionário comum trabalhava simplesmente para
conseguir recursos para o sustento básico de si e de sua família. Aceitava chefes
grosseiros, desrespeitosos. Naquela época o ambiente de trabalho não era local para se
pensar em bem estar pessoal. Isso era coisa para os momentos fora da empresa. Nos
tempos atuais esta lógica mudou: o profissional de hoje quer realizar-se
profissionalmente, quer ser reconhecido como pessoa importante para a empresa.
Quando sente-se valorizado na empresa o funcionário tem substancial desenvolvimento
da auto-estima, e melhorando a auto-estima ele começa a relacionar-se melhor com os
seu pares, satisfazendo suas necessidades sociais. E o interessante é que o progresso
continua: por conseqüência natural passa a sentir-se ainda mais seguro e vê suas
necessidades fisiológicas ainda melhor satisfeitas.
O que você leu no parágrafo anterior refere-se à inversão hierárquica dos três últimos
degraus da pirâmide. Inversão esta sustentada na nova demanda do mundo corporativo:
a necessária velocidade na mudança comportamental. Em artigo da revista VocêSA, de
agosto de 2.003, o articulista Po Bronson nos alerta que: “As pessoas que encontraram
seu lugar no mundo não dizem que fazem um trabalho excitante, desafiador e
estimulante. Seu discurso invoca outra trinca: significado, importância e realização.”
V- --------NECESSIDADES SOCIAIS------------
IV- --------------NECESSIDADES DE ESTIMA------------
III- -------NECESSIDADES DE AUTO-REALIZAÇÃO------
II- ---------------NECESSIDADES DE SEGURANÇA------ --------
I- --------------------NECESSIDADES FISIOLÓGICAS--------------------
ELIMINANDO DÚVIDAS.
Para eliminar eventual dúvida sobre o fato mencionado neste texto, exponho a seguir
resultado de pesquisas realizadas de 1.975 até 2.004 pelo Instituto GALLUP dos
Estados Unidos. Foram realizadas duas pesquisas de abrangência mundial, envolvendo
400 organizações, 80.000 líderes e mais de um milhão de liderados.
2) Eu tenho os materiais e a equipe de que necessito para fazer bem o meu trabalho.
4) Eu recebi nos últimos sete dias algum reconhecimento ou felicitação por fazer um
bom trabalho.
11) Eu falei com alguém sobre o meu progresso nos últimos seis meses.
1o. Acionistas;
2o. Clientes;
3o. Pessoal.
Será?
Pela lógica dos tempos passados não há o que contestar em relação à seqüência. Mas
contrariando toda essa lógica surge a inversão dessa seqüência. Isto é, na empresa que
não considerar o seu pessoal o seu maior ativo, os seus acionistas irão receber
dividendos menores e seus clientes não estarão tão satisfeitos quanto poderiam estar.
1o. Pessoal;
2o. Clientes;
3o. Acionistas.
Passou a época de dizer que “os acionistas estão em primeiro lugar” ou que “os clientes
estão em primeiro lugar”. O líder sábio propaga que “nosso pessoal está em primeiro
lugar.”
São. São muito importantes. E justamente por serem tão importantes que o pessoal deve
ser valorizado por ter como missão atender os especiais segmentos compostos de
clientes e acionistas.
A expressão “os clientes em primeiro lugar” pode até ser utilizada com frase forte de
Marketing empresarial. Mas, no frigir dos ovos, os clientes só se sentirão em primeiro
lugar se o pessoal tiver motivação para bem atendê-los, valorizá-los e respeitá-los.
Peter Drucker, o visionário, já afirmava há mais de trinta anos que o maior ativo da
empresa é o seu pessoal.
Existem empresas que vivem esta realidade há muito tempo. Dois exemplos:
“Na Southwest Airlines, a oitava entre as maiores companhias aéreas dos Estados
Unidos, a confiança desempenha um papel-chave para torná-la a mais solidamente
lucrativa empresa de transportes, que repetidamente vem obtendo as melhores
classificações do Departamento de Transportes do Estados Unidos, no que se refere à
pontualidade dos vôos, melhor manuseio da bagagem e menor número de reclamações.
Na Southwest, os clientes vêm em segundo lugar. Os funcionários estão em primeiro...”.
Perceberam que na MTW e na Southwest Airlines, além dos clientes estarem satisfeitos,
os acionistas certamente recebem ótimos dividendos? Todo esse sucesso é a
conseqüência natural dos funcionários estarem em primeiro lugar na escala de valores.
O fato de enxergarmos a inversão da pirâmide de Maslow, nos faz descobrir que outras
inversões já se fazem presentes, como disse mais acima. É o que, por exemplo, está
ocorrendo com o modelo de liderança.
De forma sucinta, transcrevo a seguir vários exemplos que reforçam esta inversão de
modelo ou de estilo de liderança. O que veremos também representa uma mudança de
180o em nossos conceitos:
O líder de antigamente era aquele que ia à frente. O líder de hoje é aquele que vai atrás
apoiando e estimulando.
O líder de antigamente era aquele que dava as respostas. O líder de hoje é aquele que
faz as perguntas.
O líder de antigamente era aquele que por si só fazia acontecer. O líder de hoje é aquele
que forma equipes para que essas equipes façam acontecer.
O líder de antigamente muito se destacava. O líder de hoje é aquele que estimula sua
equipe a se destacar, pelos resultados obtidos.
O líder de antigamente era aquele que liderava pela imposição. O líder de hoje é aquele
que, sem deixar de ter pulso firme, lidera pela integridade, camaradagem, afeto e
companheirismo.
O líder de antigamente era aquele que gerava lucros para a empresa. O líder de hoje é
aquele que gera lucros com responsabilidade social.
apoiando e estimulando-os.
destacar.
sentirem.
Liderar hoje é formar equipes. Liderar hoje é estimular e motivar os integrantes das
equipes. Liderar hoje é treinar as equipes. Liderar hoje é incentivar as equipes a
elaborarem estratégias e projetos. Liderar hoje é fazer com que a equipe conquiste
autonomia.
Ser bom líder é sinônimo de ser bom formador de equipes, mas para que com maior
facilidade esta conquista ocorra, cabe ao líder ter uma personalidade contagiante,
resultante do seu exemplo de conduta sustentado na segurança que passa ao liderado e
na credibilidade que inspira.
Disraeli com uma única frase define bem o que é um bom líder: “Lá vão eles, devo
seguí-los. Sou seu líder.”
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McDonald’s, Petrobras, Porto Seguro Seguros, Acrilex, Arjo Wiggins, Artefacto, Banco
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Contatos:
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E-mail: escoladelideres@alkindar.com.br
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Artigos
No século XX, a inter-relação entre soma e psique tornou-se fato aceito pela
comunidade acadêmica e, em torno da década de 1990, começaram a aparecer
publicações no cenário científico internacional da área médica, indicando a importância
de se incluir nos tratamentos médicos convencionais, além dos aspectos
biopsicossociais, os espirituais, sugerindo a necessidade de estudos sistemáticos sobre a
inclusão da religiosidade / espiritualidade na área de saúde. (KOENIG, 2005; KOENIG,
2004a; KOENIG, 2004b).
Resumo das clínicas que estão fazendo uso das Terapias Alternativas /
Complementares.
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Jáder Sampaio
Artigos
O livro nasceu sob o signo da polêmica, e como tal, esgotou-se rapidamente. A primeira
edição era composta de três livros (partes), intitulados “Doutrina Espírita”, “Leis
Morais” e “Esperanças e Consolações”. A segunda edição, publicada em março de
1860, base da maioria das traduções brasileiras, foi uma ampliação significativa da
primeira edição. Ela apresentava 1019 questões feitas aos espíritos, acrescidas de
comentários, contra as 550 questões da primeira edição.
As principais fontes que temos são a Revista Espírita, publicada mensalmente por
Kardec e os textos autobiográficos publicados no livro “Obras Póstumas”,
especialmente o que se intitula “Minha iniciação ao
Espiritismo”.
Silvino Canuto Abreu é um dos autores brasileiros que tratou do tema com fontes
privilegiadas. Ele teve acesso a documentos de Kardec, como a sua correspondência,
ainda não publicada.
As Médiuns de Rivail
“Da fusão de todas essas respostas, coordenadas, classificadas e muita vez recompostas
no silêncio na meditação, foi que elaborei a primeira edição de O Livro dos Espíritos,
entregue à publicidade em 18 de abril de 1857.” Allan Kardec 7 (7 Cf. Obras Póstumas,
pág. 270).
Rivail não publicou o nome dos médiuns e os protegeu do público o quanto pôde. O
assédio e perseguições sofridas pelas irmãs Fox, nos Estados Unidos, parece ser uma
das razões de tanto zelo com a identidade das jovens. Ele, mesmo adotando
pseudônimo, contudo, não seria poupado. Uma curiosidade, a médium Ermance Dufaux
não participou da primeira edição de O Livro dos Espíritos, embora seus trabalhos
estejam presentes em quase todos os exemplares da Revista Espírita de 1858. Canuto
Abreu 8 (8 Cf. O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária) escreve que
ela teria sido apresentada a Rivail no período do lançamento de O Livro dos Espíritos.
O Método de Kardec
Por que Rivail fez as mesmas perguntas para médiuns diferentes, por que submeteu o
texto à apreciação de diferentes espíritos antes de publicá-lo?
Este é o cerne do método desenvolvido por ele para o intercâmbio com o mundo
espiritual.
Em primeiro lugar, Kardec não considerava os espíritos como reveladores 9 (9 Cf.
Obras Póstumas, pág. 269), mas como fontes de informação. Pessoas desencarnadas,
com maior ou menor capacidade de explicação de sua realidade, mais ou menos ligadas
às crenças que defendiam antes da morte. Pode-se dizer, que no entendimento de
Kardec, é necessária uma análise o mais ampla e franca possível daquilo que é
produzido pelos médiuns, seja pelas limitações dos espíritos, seja pelas limitações dos
próprios médiuns.
Este segundo ponto é uma das razões pelas quais Kardec confirmava informações
obtidas por médiuns intuitivos com médiuns mecânicos. Uma vez que o fenômeno se dá
com menor influência das idéias próprias do médium mecânico (recorde-se que as
meninas conversavam enquanto a cesta escrevia frases de conteúdo diverso), o
codificador os considera importantes para o trabalho de revisão. As reservas de Kardec
à produção mediúnica dos médiuns intuitivos são conhecidas. Ele escreve que “são
muito comuns, mas muito sujeitos a erros, por não poderem discernir, muitas vezes, o
que provém dos Espíritos do que deles próprios emana”. 10 (10 O Livro dos Médiuns,
cap. XXVI, pág. 235.)
4. A insistência por obter uma resposta que um Espírito recusa dar, e que é dada por um
Espírito inferior;
7. A interpretação que cada um pode dar a uma palavra ou a uma explicação, de acordo
com as suas idéias, os seus preconceitos ou o ponto de vista sob o qual encara o assunto.