Você está na página 1de 14

Eleutério F. S.

Prado, José Paulo Guedes Pinto

SUBSUNÇÃO DO TRABALHO IMATERIAL AO CAPITAL

DOSSIÊ
Eleutério F. S. Prado*
José Paulo Guedes Pinto**

O presente artigo examina a transformação do modo de produção capitalista que acompanha a


expansão do trabalho imaterial como fonte de geração de riqueza efetiva. Essa avaliação é feita
no interior da teoria do valor-trabalho e da crítica da economia política. Para tanto, interroga,
primeiro, o verdadeiro impacto da informatização na natureza capitalista dos processos produ-
tivos atualmente em andamento, principalmente nos países centrais. Compara, depois, as
principais características da indústria taylorista com as características marcantes da indústria
pós-taylorista. Ao final, conclui que uma transformação importante do sistema capitalista está
em curso: a grande indústria, tal como foi caracterizada por Marx em O Capital, não predomi-
na mais nos países do centro do sistema, pois o que aí prevalece agora é a pós-grande indústria.
PALAVRAS-CHAVE: Trabalho imaterial. Taylorismo. Pós-taylorismo. Grande indústria. Pós-grande
indústria.

INTRODUÇÃO Nessa definição – é bem evidente –, ‘traba-


lho imaterial’ é trabalho concreto, ou seja, ativida-
Hardt e Negri definem “trabalho imaterial” de humana que, em princípio, produz valor de
como “trabalho que produz bem imaterial”, ou seja, uso. É bem evidente, também, que o termo ‘bem’
“produto cultural, conhecimento ou comunicação” aí significa bem econômico, isto é, algo produzido
(Hardt; Negri, 2001, p.311). A definição assim para ser transacionado no mercado, por certo pre-
apresentada parece trivial. Entretanto, ela suscita ço. Se obtiver sucesso em sua aventura no
uma boa questão: qual vem a ser o seu sentido intercurso do mercado é porque possui um deter-
quando é considerada no âmbito da crítica da eco- minado valor econômico, adquirido na esfera da

CADERNO CRH, Salvador, v. 27, n. 70, p. 61-74, Jan./Abr. 2014


nomia política que remonta à segunda metade do produção ou recebido na própria esfera da troca.
século XIX? Note-se, preliminarmente, que esses Vale mencionar, então, que o conceito de trabalho
dois autores têm sido criticados em muitos aspec- imaterial é trazido à baila por esses autores com a
tos e por diversos autores – Wood (2003), Amorim finalidade de embasar uma melhor compreensão
(2010) e Brennan (2003), por exemplo –, mas aqui do capitalismo contemporâneo. Segundo eles, no
as suas teses serão examinadas no interior da teo- novo modo de produzir surgido nas últimas déca-
ria do valor-trabalho e da crítica do capitalismo. das, “cérebros e corpos ainda precisam de outros
*
[elementos] para produzir valor” (Hardt; Negri,
Doutor em Economia pela FEA/USP. Professor do Departa-
mento de Economia da FEA - Universidade de São Paulo. 2001, p. 315). Logo, trabalho imaterial, segundo
Av. Prof. Luciano Gualberto, 908. Cidade Universitaria.
Cep: 05508-900. São Paulo – São Paulo – Brasil. eles, é trabalho concreto que produz valor econô-
eleuter@usp.br mico. Ora, essa conclusão, ainda que se afigure
** Doutor em Economia pela Universidade de São Paulo.
Professor vinculado ao Bacharelado de Relações Inter- estranha para os leitores atentos de Marx, mostra-
nacionais na Universidade Federal do ABC, Centro de
Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas. se justamente suficiente para provar que esses dois
Membro do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para autores se enrolam num velho quiproquó.
o Acesso à Informação da Universidade de São Paulo
(Gpopai-USP). jose.guedes@ufabc.edu.br Portanto, para abordar a questão do traba-

61
SUBSUNÇÃO DO TRABALHO IMATERIAL AO CAPITAL

lho imaterial de um modo rigoroso, na tradição aluga a sua força de trabalho para um capitalista, o
em que supostamente pensam Hardt e Negri, é qual vai dispor desse trabalho para valorizar o ca-
preciso revisitar o fetiche da mercadoria e, em par- pital que ele próprio comanda.
ticular, o fetiche da mercadoria força de trabalho. Ao se imputar à força de trabalho como tal,
Como se sabe, essa categoria central do marxismo diretamente, a característica de gerar valor – e não
designa a confusão espontânea entre as formas ao trabalho quando ele vem a ser despendido no
econômicas e os seus suportes, sejam eles coisas, interior de relações de produção capitalistas –,
atividades ou mesmo construções simbólicas. O naturaliza-se a produção de mercadorias. E se pas-
fetiche se configura quando o que apenas tem va- sa a considerar que as mercadorias são meros bens
lor porque recebeu a forma valor no interior do e que os bens podem ter valores. Quando se pensa
modo de produção capitalista é imediatamente to- desse modo, o valor já aparece identificado, sim-
mado como sendo valor em si mesmo. O caso plesmente, com a coisa; e ela se torna, então, coisa
modelar em que se pode verificar a existência des- econômica, coisa de valor, coisa valiosa, coisa que
se quiproquó ocorre com o dinheiro-ouro. Pois, vale porque – buscando e encontrando uma justifi-
ao se assumir que o ouro, na condição de dinhei- cativa plausível, mas tautológica – é admitidamente
ro, é valor porque se trata de um metal dourado, escassa. Dito de outro modo, o valor como coisa
cai-se no fetichismo da mercadoria. Eis que ouro valiosa passa a ser encarado como algo gerado pela
tem valor não porque seja um material durável e própria força de trabalho como tal. Em
brilhante, muito raro na natureza, mas porque, consequência, segundo esse modo de pensar, a
sendo produzido como mercadoria, recebeu a for- força de trabalho produz valor, assim como, por
ma de valor, ou, mais precisamente – consideran- exemplo, a pereira produz pera. Nessa perspecti-
do todo o desenvolvimento dessa matéria em O va, o trabalho que brota da força de trabalho vem a
Capital –, a forma de equivalente geral na produ- ser considerado como mero fator de produção, algo
ção mercantil generalizada. que, ao lado da terra, é necessário para produzir
A força de trabalho, no modo de produção bens e serviços em geral.
capitalista, é mercadoria e, como tal, é valor de Afirmar, portanto, como o fazem Hardt e
uso e valor. O seu valor corresponde a seu custo Negri, que o trabalho concreto produz valor eco-
de reprodução e o seu valor de uso vem a ser sua nômico é um modo de cair no fetichismo da mer-
capacidade trabalho – uma capacidade, aliás, que cadoria – em específico, no fetichismo da merca-
existe sempre no homem e que se manifesta em doria força de trabalho (Prado, 2003).
CADERNO CRH, Salvador, v. 27, n. 70, p. 61-74, Jan./Abr. 2014

todos os modos de produção que porventura te- Para Marx – ao contrário do que sugerem
nham existido e eventualmente existirão. Enquan- esses dois autores inconscientemente – nem a for-
to o valor da força de trabalho é uma categoria his- ça de trabalho se manifesta sempre como valor nem
tórica, o seu valor de uso é uma categoria trans- o trabalho em geral produz sempre valor. Para que
histórica. Sem respeitar essa distinção, o fetichismo a força de trabalho passe a figurar como algo que
que adere a essa mercadoria específica consiste tem valor é preciso que ela tenha se transformado
precisamente em atribuir valor – valor que possui já em mercadoria, o que requer, como se sabe, que
em virtude das relações de produção capitalistas – o modo de entrar em relações de produção se dê
ao valor de uso da força de trabalho. Ao tombar por meio do assalariamento. O valor da força de
nessa confusão, supõe-se, acriticamente, que a ca- trabalho passa a corresponder então, em cada mo-
pacidade de trabalho, como tal, é geradora de va- mento de desenvolvimento do capitalismo, ao custo
lor, e que o salário que ela eventualmente venha a de sua reprodução nas condições sociais aí vigen-
receber vem a ser já expressão desse valor. Nesse tes. Paralelamente, para que o trabalho passe a pro-
sentido, julga-se mesmo que o trabalhador vende duzir valor é necessário que a sociabilidade huma-
seu trabalho pelo valor de mercado – e não que ele na tenha se transformado, integralmente, em soci-

62
Eleutério F. S. Prado, José Paulo Guedes Pinto

abilidade mercantil, ou seja, que as relações de de várias espécies, como parte do trabalho social
produção e distribuição tenham passado a se dar gerado na esfera econômica da sociedade, resiste a
como relações sociais de coisas. ser medido e avaliado pelo tempo mecânico, pelo
Sendo assim, por que então a construção tempo do relógio, de um modo significativo para a
intelectual de Hardt e Negri não afunda no pânta- própria produção capitalista. Ora, é evidente que
no de suas próprias contradições formais? Por que isso tem consequências importantes para a com-
os seus livros continuam a ser lidos e discutidos preensão do capitalismo com base na obra econô-
como se aflorassem um conhecimento importante mica de Marx. Parece mesmo que a consideração
sobre a verdadeira natureza do mundo do traba- explícita do trabalho imaterial abala até a estrutura
lho em sua configuração atual? Ora, a razão, para do edifício teórico do autor de O Capital. Hardt e
eles, dessa afortunada situação – mas que é bem Negri, por exemplo, negam a presença do valor
desafortunada para os seus críticos – não é difícil trabalho no capitalismo contemporâneo, recusan-
de encontrar. É que o trabalho imaterial, como tra- do, assim, a própria validade da teoria do valor
balho concreto, mostra-se, de fato, como uma rea- trabalho, tal como ela aparece nos textos de Marx.
lidade incontornável no capitalismo contemporâ- Entretanto, como não se julga aqui que seja assim,
neo. E, nesse sentido, traz verdadeiramente um vê-se que um grande desafio se levanta – um desa-
problema importante para a compreensão do capi- fio que demanda um esforço investigativo e
talismo em seu estágio atual. expositivo capaz de encará-lo seriamente.
Além disso, mesmo que adversários da com- A substância do valor, como se sabe, não é
preensão pós-modernista do capitalismo contem- propriamente o trabalho imediato que produz a
porâneo duvidem, o trabalho imaterial põe, de fato, mercadoria, mas o trabalho abstrato que nela mora,
certos desafios importantes para o marxismo. Mes- sem aí residir como uma propriedade natural. Ora,
mo que a interpretação de Hardt e Negri possa ser o trabalho abstrato vem a ser uma propriedade
fortemente criticada em muitos aspectos, é fato que relacional das mercadorias, que nelas emerge em
uma transformação importante no modo de pro- virtude do próprio processo contínuo de repro-
dução capitalista ocorreu recentemente, a partir dosdução da sociabilidade capitalista. O trabalho abs-
anos 70 do século XX. Nem ela e nem as suas trato toma forma no processo social com base numa
consequências, portanto, podem ser simplesmen- redução objetiva que tem por suporte o gasto de
te negadas. Ademais, elas não podem ser simples- energia humana – mas ele não é, de modo algum,
mente apreendidas pelas fórmulas já consagradas esse gasto simplesmente. Pois, como se sabe, todo

CADERNO CRH, Salvador, v. 27, n. 70, p. 61-74, Jan./Abr. 2014


na compreensão do capitalismo do século XIX. O trabalho humano concreto sempre implica, inde-
desenvolvimento da própria realidade exige o de- pendentemente de quaisquer condições sociais e
senvolvimento da própria teoria. O que essa trans- históricas particulares, um dispêndio de cérebro,
formação implica, por exemplo, para o modo como músculos etc. Entretanto, no modo de produção
se dá agora a subsunção do trabalho ao capital? capitalista, esse gasto de energia humana, em vir-
Qual a consequência dessa mudança para a per- tude de seu próprio modo de funcionamento do
manência do valor trabalho como regulação cega sistema de relações sociais, é transformado em tra-
do funcionamento do capitalismo? balho abstrato – uma expressão socialmente váli-
da dessas relações que são aí travadas de modo
indireto e, por isso, intransparente.
A TRANSFORMAÇÃO DO TRABALHO Nesse processo de redução do trabalho con-
creto ao trabalho abstrato, o trabalho privado é trans-
Indo direto ao fulcro em torno do qual gi- formado em trabalho social, o trabalho complexo é
ram essas questões, é preciso ressaltar, logo aqui, transformado em trabalho simples e, finalmente, o
que o trabalho que transmite e produz simbolizações tempo de trabalho efetivamente despendido pelos

63
SUBSUNÇÃO DO TRABALHO IMATERIAL AO CAPITAL

trabalhadores na produção de mercadoria é transfor- assim, operadores simbólicos. A transformação é ra-


mado em tempo de trabalho socialmente necessário dical, pois, nesse último paradigma, “a oferta de ser-
para produzi-la e reproduzi-la. Mas, para que essa viços e o manuseio de informação estão no coração
operação social se processe – mesmo se ela ocorra da produção econômica” (Hardt; Negri, 2001, p. 301).
sem que os agentes da produção o saibam –, é preci- Esses autores, diferindo, em certa medida,
so que os trabalhos concretos, dos quais parte a re- da tradição econômica, chamam de serviço toda
dução, sejam significativamente mensuráveis pelo atividade produtiva que cria valores de uso, em
tempo do relógio. Ora, tem-se, aqui, uma última análise, independentemente das proprie-
caraterística do trabalho concreto que, ao contrário dades materiais das coisas e das atividades produ-
daquela relativa ao trabalho abstrato, pode ser per- zidas (Prado, 2003). Assim, tornam-se capazes de
feitamente conhecida por todos os agentes que se distinguir a produção industrial, que produz coi-
envolvem com a produção capitalista. Examinan- sas e atividades materiais, e a produção dita pós-
do casos-limite, todos sabem, por exemplo, que industrial, que produz estritamente serviços. Não
os movimentos de um operador de máquina po- negam que a produção agrícola e a produção in-
dem ser cronometrados, racionalizados e regulari- dustrial continuem existindo e que sejam neces-
zados de tal modo, que ele passe a produzir mais sárias para a sobrevivência do homem na terra,
e mais num mesmo tempo de trabalho. Por outro mas convêm que ambas estejam se modificando
lado, todos sabem, também, que não faz qualquer de modo crucial porque passam por processos de
sentido avaliar a produtividade econômica de um informatização. Assim como a agricultura tradicio-
engenheiro mecânico pelo tempo de trabalho, ou nal se transformou em agricultura industrializada
seja, pelas horas que ele gasta na atividade de criar no correr dos últimos séculos, agora a própria in-
uma nova máquina ou de aperfeiçoar uma máqui- dústria está se transformando em indústria
na já antiga – mesmo se a empresa capitalista que informatizada, ou seja, em indústria que segue os
o contrata se esmera em reduzir ao máximo o tem- padrões organizacionais da produção de serviços
po de trabalho que ele gasta nessa atividade. (no sentido por eles aventado). Nesse mesmo senti-
Para Hardt e Negri, a civilização humana está do, eles afirmam: “[...] assim como pelos processos
entrando num novo paradigma econômico em que de modernização toda a produção tendeu a indus-
muda expressivamente o modo por meio do qual trializar-se, pelos processos de pós-modernização
os homens se relacionam com a natureza e entre toda a produção tende a produzir serviços, a tor-
eles mesmos. No paradigma anterior, caracterizado nar-se informatizada” (Hardt; Negri, 2001, p. 307).
CADERNO CRH, Salvador, v. 27, n. 70, p. 61-74, Jan./Abr. 2014

por eles como industrial, os trabalhadores funcio- A partir dessa compreensão da transforma-
navam efetivamente como apêndices dos sistemas ção histórica do modo de produção capitalista, ob-
de máquinas; em consequência, os modos de traba- servada nas últimas décadas, eles chegam à conclu-
lhar, sempre coletivos e cooperativos, ao terem de são de que também vem ocorrendo uma profunda
se adaptar aos pequenos e grandes sistemas de fun- mudança no modo de trabalhar, na qualidade e na
cionamento automático, não podiam deixar de se natureza do trabalho. Durante a transição da econo-
caracterizar como mecânicos. No paradigma que mia industrial para a economia informacional, para
agora está se impondo, caracterizado por eles como eles, o trabalho deixa de ser mecânico para se trans-
pós-industrial, o modo pelo qual os homens se formar em trabalho que produz, tal como já foi
apropriam da natureza e mantêm relações entre si mencionado, comunicação, conhecimento, cultu-
torna-se informatizado, porque se passa a usar ra, afetos, etc. Antes, “os trabalhadores” – dizem
generalizadamente os microcomputadores eles – “aprendiam a agir como máquinas dentro e
conectados em redes. Em consequência, os traba- fora da fábrica”; agora, eles se comportam “como
lhadores que se movem e têm de se mover nesse computadores”, pois “as tecnologias de comuni-
universo cibernético adaptam-se a ele e se tornam, cação e seu modelo de interação se tornam mais e

64
Eleutério F. S. Prado, José Paulo Guedes Pinto

mais indispensáveis às atividades laborais” (2001, inseridas. As máquinas desse tipo, por isso mes-
p.312). Como, desse modo, fiando-se numa com- mo, são eficazes em si mesmas, ou seja, elas pro-
preensão observacional e vulgar da condição hu- duzem efeitos materiais de acordo com os seus fins
mana, tratam o homem como mero produto cir- predeterminados. Marx considerou somente essa
cunstancial de seu modo de trabalhar, torna-se espécie de máquina em O Capital. Depois de con-
necessário repensar toda essa questão de um modo vir que toda maquinaria compõe-se de uma má-
mais rigoroso. quina-motriz, um mecanismo de transmissão e uma
máquina ferramenta ou máquina de trabalho, con-
siderou que essa última “executa [...] as mesmas
MÁQUINA E TRABALHO operações que o trabalhador executava antes com
ferramentas semelhantes” (Marx, 1983, p.9). Por
Usualmente, define-se ‘máquina’ como um isso, para ele, a máquina-ferramenta – e não a má-
dispositivo que utiliza energia para atingir um fim quina como um todo – estava no cerne da revolu-
determinado. O que fica implícito nessa definição ção industrial do final do século XVIII e começo
é que uma máquina, para atingir o fim que lhe foi do século XIX.
designado, executa invariavelmente um programa, As segundas, que são máquinas
o qual pode ser extremamente simples ou extraor- computacionais, recebem um ou mais programas
dinariamente complexo. Um programa descreve na forma digital com a finalidade exclusiva de trans-
sempre uma sequência de estados logicamente formar estados informacionais em novos estados
conectados, ou seja, apresenta o caminho de exe- informacionais, segundo uma lógica invariavelmente
cução de um determinado algoritmo. Sob as mes- descrita por meio de sequências programadas de
mas condições iniciais, um programa, em princí- estados. É evidente que essas máquinas não produ-
pio, a menos de uma eventual falha contingente, zem por si só transformações no estado do mundo
chega sempre ao mesmo resultado. A lógica que ao seu redor. E essa não é também sua finalidade
conecta os estados de um programa, ademais, é precípua. Ao contrário, são construídas com o pro-
sempre determinista, ainda que seja possível nele pósito explícito de separar a lógica algorítmica do
introduzir, com o auxílio de rotinas caóticas, falsa mecanismo operante, já que as máquinas clássicas
aleatoriedade. Ora, como um programa é invaria- têm severas limitações na recepção de rotinas. Essa
velmente uma determinada sequência de estados, separação possibilita a construção de máquinas es-
uma disposição que torna possível a idêntica re- pecíficas de computação, as quais são capazes de

CADERNO CRH, Salvador, v. 27, n. 70, p. 61-74, Jan./Abr. 2014


petição de um dado caminho, considera-se, aqui, rodar algoritmos muito mais sofisticados. As má-
que ele vem a ser a quinta-essência de qualquer quinas computacionais incrementam a força pro-
máquina e, portanto, define verdadeiramente o que dutiva do homem porque são capazes de executar
vem a ser “mecânico”. rotinas de alta complexidade algorítmica, muito além
Nessa perspectiva, também se sabe que há daquelas que podem ser postas a operar nas máqui-
dois tipos de máquinas, as que têm partes móveis nas tradicionais. Quando conectadas aos mecanis-
e atuantes e as que não as possuem. As primeiras, mos e às ferramentas que transformam a natureza,
que são máquinas no sentido tradicional, guardam permitem que eles sejam capazes de fazer sequências
o seu programa na própria articulação das partes de operações e, assim, intervenções muito mais com-
que as compõem; essas partes, então, movem-se – plexas. Ademais, os recursos computacionais re-
são movidas – segundo sequências de estados pré- cém-desenvolvidos permitiram que fossem
determinados. Como consequência do fato de que construídas máquinas que operam por si mesmas,
têm movimento próprio, elas são capazes de pro- ou seja, os assim chamados robôs.
duzir modificações notáveis, observáveis, em prin- O advento e a generalização do emprego das
cípio, no ambiente de produção em que estão máquinas computacionais trazem efetivamente uma

65
SUBSUNÇÃO DO TRABALHO IMATERIAL AO CAPITAL

mudança no modo de trabalhar e ensejam uma anterior, que era apenas maquinizado, seja gover-
nova revolução nas forças produtivas do homem, nado pelos processos objetivos que, perante ele,
mas essa mudança não consiste em negar o traba- representam o capital.
lho mecânico, transformando-o em informacional. Entretanto, mesmo sendo assim, a mudança
Mesmo porque, como se esclareceu previamente, no modo de trabalhar tem consequências impor-
não há uma negação do princípio mecânico na tantes para o desenvolvimento do capitalismo: à
passagem das máquinas clássicas para as máqui- medida que o trabalho deixa de se aproximar do
nas computacionais. Diferentemente, a primeira atuar meramente algorítmico e passa a depender
mudança que trazem vem ampliar, de maneira ex- mais e mais da capacidade de decisão, de criação,
traordinária, a capacidade de o homem automatizar de comunicação e de produzir afetos, que é ineren-
os processos produtivos, podendo liberá-lo, as- te ao homem como tal, ele deixa em princípio de
sim, cada vez mais, de executar tarefas algorítmicas ser avaliável economicamente pelo tempo mecâni-
e repetitivas, as quais, aliás, contrariam sua pró- co, pelo tempo cronometrado. O que, obviamente,
pria natureza de homem. A segunda mudança tem consequências para a forma real de subsunção
trazida vem ampliar fantasticamente a capacidade do trabalho ao capital. Em outros textos, examina-
humana de guardar, manipular e transmitir infor- ram-se as consequências dessa mudança nas con-
mação em pequenas e grandes distâncias. Assim, dições de trabalho para a formação do valor no ca-
com o advento e a proliferação das máquinas pitalismo contemporâneo (Prado; Guedes Pinto,
computacionais e das redes que as conectam, vem 2012; Prado, 2013). Aqui, no resto deste artigo, dis-
a ocorrer uma transformação extensiva e intensiva cute-se o primeiro tema mencionado. Para tanto, para
na infraestrutura de comunicação do sistema pro- compreender as formas contemporâneas de
dutor de mercadorias, a qual produz mudanças subsunção do trabalho ao capital, examina-se com-
importantes nos modos de trabalhar. parativamente em que consistem os modos taylorista
O computador, só ou acompanhado de ou- e pós-taylorista de administração científica.
tras máquinas, pode dar conta, em princípio, de
toda atividade estritamente rotineira. Entretanto,
essa mudança, por si só, não liberta o trabalhador, O TRABALHO NO TAYLORISMO
principalmente porque ele permanece submetido
às relações de produção capitalistas, que se orien- O movimento da gerência científica iniciado
tam pelo aumento da produtividade e não pelo por Taylor, nas últimas décadas do século XIX, ocor-
CADERNO CRH, Salvador, v. 27, n. 70, p. 61-74, Jan./Abr. 2014

seu bem-estar. Vale ainda, portanto, a observação reu durante um período em que o capitalismo pas-
de Marx, relativa à grande indústria, segundo a sou a estar caracterizado pela preponderância de
qual, a ciência que atua na maquinaria “não existe grandes empresas monopolistas. Tais empresas, com
na consciência do trabalhador, mas atua sobre ele o auxílio dos estados nacionais, partilhavam agora
por meio da máquina como poder estranho, como o mundo e os mercados de acordo com sua força
poder da máquina” (Marx, 2011, p. 581). O pro- concorrencial e sua capacidade de açambarcar os
cesso de produção, apesar de exigir agora uma mercados. Para obter vantagem competitiva – dife-
colaboração mais intensa e mesmo imprescindível rentemente do que ocorria no período da primeira
da subjetividade do trabalhador, não se resolve revolução industrial, quando as inovações surgiam
como uma conjunção de processos de trabalho que espontaneamente –, elas aplicavam a ciência à pro-
dependem da perícia e do talento dos trabalhado- dução de forma intencional e sistemática.
res, tal como ocorria na manufatura. Pois o proces- A gerência científica brotou da necessidade
so de trabalho, em sua forma manufatureira, é ain- de aplicar os métodos da ciência aos problemas
da governado pelo trabalhador, embora o atual pro- complexos e crescentes do controle do trabalho
cesso de produção informatizado, tanto quanto o nas empresas capitalistas, de tal modo que “o

66
Eleutério F. S. Prado, José Paulo Guedes Pinto

taylorismo pertence à cadeia de desenvolvimento lho, que antes de Taylor significava apenas a fixa-
dos métodos e organização do trabalho, e não pro- ção de tarefas com pouca interferência direta no
priamente ao desenvolvimento da tecnologia” modo de executá-las, passou a significar, após
(Braverman, 1974, p. 82). O objetivo mais explíci- Taylor, a imposição da maneira rigorosa pela qual
to do seu método era elevar a produtividade do o trabalho deveria ser executado durante o proces-
trabalho humano nos processos produtivos. Ou- so produtivo. Como resultado de sua investiga-
tro objetivo mais implícito do seu método era ga- ção, Taylor elaborou claramente três princípios da
rantir o crescimento econômico através da utiliza- gerência científica.
ção de força de trabalho pouco qualificada O primeiro princípio é a reunião e a siste-
(Peaucelle, 2000, p. 455). matização de todo o conhecimento possuído pe-
Marx caracterizou a grande indústria pela los trabalhadores e a redução desse conhecimento
introdução sistemática de máquinas nos processos a regras, leis e fórmulas. Isso permite à adminis-
de produção; o taylorismo consistiu, desde o iní- tração descobrir e pôr em execução os métodos
cio, num esforço sistemático para adaptar o modo mais rápidos e econômicos, inclusive aqueles que
de operar dos trabalhadores às necessidades dos os próprios trabalhadores já possuem por meio
sistemas de máquinas. Nesse sentido, ele consistiu do próprio aprendizado, mas que empregam ape-
num aperfeiçoamento da subsunção material do tra- nas a seu critério. Esse enfoque experimental, é
balho ao capital, ou seja, do modo de subordinação evidente, faz surgir novos métodos por meio do
característico da grande indústria. estudo sistemático dos modos concretos de ope-
A sua teoria partia do ponto de vista do rar produtivamente.
capital e buscava gerir uma força de trabalho refra- O segundo princípio gira em torno da sepa-
tária aos automatismos das fábricas e às tentativas ração entre o trabalho mental e o trabalho manual,
de reduzir o tempo de trabalho. O maior obstáculo mais especificamente, entre a concepção e a execu-
de Taylor para o aumento da produtividade do ção do trabalho. A aplicação desse princípio retira
trabalho humano é o que ele chamava de marca- radicalmente do trabalhador qualquer ciência so-
passo sistemático, o resultado de um “[...] cuida- bre o processo de trabalho e a concentra exclusiva-
doso estudo por parte dos operários do que eles mente no nível da gerência. Taylor compreendeu
pensam atender aos seus melhores interesses.” que o melhor ponto de partida para o desenvolvi-
(Braverman, 1974, p. 92). Para Taylor, a vadiagem mento da ciência do trabalho é quase sempre a
era um grande obstáculo para o aumento da pro- coleta de conhecimento que o trabalhador já pos-

CADERNO CRH, Salvador, v. 27, n. 70, p. 61-74, Jan./Abr. 2014


dutividade: “[...] o trabalhador vem ao serviço [...] sui. Porém, Taylor não parou por aí, pois conside-
e em vez de empregar todo o seu esforço para pro- rou que o estudo sistemático do trabalho e os seus
duzir a maior soma possível de trabalho, quase frutos pertencem à gerência, pelas mesmas razões
sempre procura fazer menos do que realmente pode que as máquinas, imóveis, instalações etc.; eis que
fazer – e produz muito menos do que é capaz” empreendê-lo tem um custo que apenas os pos-
(Taylor, 1971, p. 26). Era esse problema que Taylor, suidores de capital podem arcar com ele.
administrador científico da produção capitalista, O terceiro princípio diz respeito ao planeja-
buscou resolver com seus métodos de gerência. mento e ao cálculo prévios de todos os elementos
Para resolver o problema do marca-passo do processo de produção. O processo de trabalho
sistemático, a gerência deveria retirar do trabalha- já não existe mais na cabeça do trabalhador, pois
dor qualquer decisão sobre o trabalho e procurar se concentra na “mente coletiva” da equipe de ge-
controlar e fixar toda a atividade do trabalho, da rentes da produção. Ou seja, esse último princí-
mais simples à mais complexa, inclusive as deci- pio se refere ao uso centralizado do monopólio do
sões dos trabalhadores que são tomadas no curso conhecimento para controlar cada fase do proces-
do trabalho. Assim, o controle gerencial do traba- so de trabalho e seu modo de execução. Como re-

67
SUBSUNÇÃO DO TRABALHO IMATERIAL AO CAPITAL

sultado, produz-se uma “dissociação do processo nica de racionalizar e controlar o trabalho por meio
de trabalho das especialidades dos trabalhadores” dos estudos de tempos e métodos expressa com
(Braverman, 1974, p. 103). O modo de trabalhar perfeição a lógica mecanicista imposta pelo
torna-se completamente independente do ofício, taylorismo à produção de mercadorias.
da tradição e do conhecimento dos trabalhadores. O taylorismo, mesmo se constituindo em
Rompem-se de vez, assim, os vínculos já método externo de coerção, em modo impositivo
tênues entre a tecnologia de produção e a classe de subsunção do trabalho ao capital, não descui-
trabalhadora. O antigo artesão, que era o principal dou de buscar, até certo ponto, a aceitação e a cola-
repositório da produção técnico-científica, dá lu- boração dos trabalhadores. Conforme recomenda-
gar, por um lado, ao trabalhador desqualificado e, ção original do próprio Taylor, a gerência científica
por outro, ao técnico e ao engenheiro, que são muito deveria procurar fazer com que o trabalhador se
qualificados, ou seja, especialistas. Os primeiros tornasse um colaborador interessado no aumento
se tornam operadores em exclusivo, e os segun- de produtividade que os novos métodos persegui-
dos se tornam intelectuais orgânicos da produção am e possibilitavam. Para tanto, ela deveria ofere-
capitalista. No curso do desenvolvimento da gran- cer ao trabalhador uma parte desse aumento na
de indústria, os ofícios que proporcionavam um forma de elevação do salário real. Curiosamente,
vínculo diário entre a ciência e o trabalho tende- ele defendia a tese de que os interesses dos empre-
ram a desaparecer completamente. O taylorismo gados e dos empregadores não eram antagônicos,
foi, portanto, um catalisador importante da oposi- mas convergentes. Considerava, por isso, os seus
ção entre o capital e o trabalho no início do século métodos como uma contribuição teórica à adminis-
XX. Caracterizava-se, sobretudo, como um méto- tração da produção que tinha valor ético e que pro-
do sistemático “para destituir os trabalhadores do piciava a realização da paz entre as classes sociais.
conhecimento do ofício” e para lhes impor “um
modo de trabalho sem cérebro no qual sua função
fica resumida à de apertador de parafusos e de O TRABALHO NO PÓS-TAYLORISMO
movedor de alavancas” (1974, p. 121).
O taylorismo completa o que a introdução O taylorismo foi bem sucedido em seus pro-
metódica das máquinas iniciara mediante a trans- pósitos, mas hoje se sabe que a grande indústria
formação da manufatura em grande indústria: o taylorista corroeu as bases de sua própria domina-
trabalho autônomo do artífice desaparece, e o tra- ção. A troca de salários melhores por trabalhos
CADERNO CRH, Salvador, v. 27, n. 70, p. 61-74, Jan./Abr. 2014

balhador se torna, mais do que nunca o fora, uma enfadonhos, o engessamento do processo de pro-
peça do sistema de máquinas. A produção é orga- dução por meio de uma estrutura hierárquica rígi-
nizada de uma forma burocrática e hierárquica da, a elevação da composição orgânica do capital
porque o seu objetivo é estabelecer um controle (que resultaria no achatamento das taxas de lucro)
externo sobre os modos de trabalhar. A empresa desembocaram na crise que se iniciou no final dos
taylorista leva ao extremo a aplicação do princípio anos 1960 nos principais países capitalistas. As-
mecânico à produção: tudo é organizado segundo sim, novos caminhos tiveram de ser trilhados pela
a lógica da rotina e da automatização. O planeja- dinâmica capitalista, principalmente nos países
mento centralizado de todas as operações da em- centrais: a busca pelo crescimento via o emprego
presa configura-se como um ideal a ser perseguido de pessoal pouco-qualificado se tornaria cada vez
com denodo. O próprio sistema de produção, como menos importante, e as empresas, por conseguin-
explicara Marx, transforma-se em sujeito do pro- te, viriam a se tornar mais flexíveis, buscando con-
cesso produtivo, de tal modo que os operários, tratar empregados mais polivalentes, regular o tra-
ainda que dotados de consciência própria, com- balho de forma menos rigorosa e se organizar por
parecem aí como emulações de “máquinas”. A téc- meio de formas mais adaptáveis.

68
Eleutério F. S. Prado, José Paulo Guedes Pinto

A gerência científica teve, então, de mudar. por constituir uma organização mais flexível e com-
Porém o pós-taylorismo não vem a ser um plexa da produção.
antitaylorismo, pois os novos métodos criados não Certos autores, examinando apenas a apa-
visam a libertar os trabalhadores da dominação rência do novo modo de administração, observa-
capitalista (Pruijt, 2003). Ademais, os métodos ram que a produção capitalista não se tornou ape-
tayloristas continuam a ser empregados quando nas mais variada e mais flexível, pois se tornou ver-
ainda se mostram adequados para subordinar re- dadeiramente mais inovadora. Em consequência,
almente o trabalho ao capital (por exemplo, nas passou a requerer trabalhadores mais qualificados
indústrias deslocadas do centro para a periferia que se dispusessem a trabalhar de forma mais
capitalista, em particular para a Ásia). Entretanto, motivada, mais participativa, mais cooperativa, ou
devido à sua natureza, como definem o trabalho seja, mais de acordo com os objetivos da empresa.
rigidamente, têm entrado frequentemente em con- Segundo Belussi, “a lógica do controle hierárqui-
flito com as necessidades das empresas mais avan- co intrínseco ao modelo fordista (e taylorista) foi
çadas no uso de tecnologias e métodos de organi- substituída por uma estrutura organizacional fun-
zação da produção. Em consequência, tiveram de cionalmente horizontal e não autoritária” (Belussi,
ser modificados para atender às novas necessida- 2000, p. 26).
des da produção capitalista. Um manual muito Obviamente, esses novos métodos de ad-
utilizado de administração da produção, por exem- ministração continuaram consistentes com o obje-
plo, menciona que “a maioria dos trabalhos atuais tivo capitalista de se maximizarem os lucros. Po-
exige algum elemento de flexibilidade”. Ademais, rém, como no mercado global a concorrência não
como também menciona o mesmo manual, o tem- se limita mais à redução dos custos, teve o capital
po-padrão não pode ser definido para muitos dos de se preocupar também com a redução dos pra-
trabalhos qualificados que são necessários para zos de entrega e com o aumento da qualidade das
tocar a empresa contemporânea (Slock; Chambers; mercadorias. Eis que a diversificação dos tipos de
Johnston, 2009, p. 262). produtos também se torna uma maneira de ampli-
A literatura específica de administração da ar a demanda. Nessa situação, a flexibilidade é
produção apreende a mudança, mas o faz de um necessária para lidar com a imprevisibilidade da
modo superficial. Aponta, por exemplo, que as procura, de tal forma que a firma obtém vantagem
empresas pós-tayloristas não buscam mais apenas nos períodos de forte demanda e, ao mesmo tem-
reduzir o tempo de trabalho para aumentar a sua po, evita os pesados custos do excesso de capaci-

CADERNO CRH, Salvador, v. 27, n. 70, p. 61-74, Jan./Abr. 2014


produtividade. Ao lado desse, mostra que outros dade durante os períodos de baixa demanda
objetivos emergiram, tais como a redução dos pra- (Peaucelle, 2000, p. 458).
zos de entrega, a busca pela qualidade do produ- Entre os diversos métodos que emergiram
to, a diversificação e a flexibilidade produtiva no pós-taylorismo encontra-se a chamada
(Peaucelle, 2000, p. 452-466). Nota, ademais, que reengenharia de processos (2000, p. 460-461), a
esses novos objetivos geralmente são perseguidos qual visa a realizar não apenas um aumento da
por meio de diversas atividades e métodos novos produtividade do trabalho por meio da mecaniza-
que se diferenciam dos tradicionais. Assim, em ção, mas uma mudança profunda na organização
diversas indústrias, a organização rígida do pro- da empresa por meio da modificação da divisão
cesso de trabalho dá lugar à polivalência do em- do trabalho. Trata-se de uma técnica de adminis-
pregado, a uma relativa autonomia dos grupos de tração que, contrariando uma tradição bem assen-
trabalho, aos círculos de qualidade, à automação tada, busca a recomposição de tarefas elementares
computadorizada, ao gerenciamento de projetos, à mediante o emprego de trabalhadores polivalentes
formação de redes de trabalho, ao gerenciamento que devem, por conseguinte, ter capacidade para
do conhecimento, ao just-in-time etc., que acabam exercer as diversas especializações que haviam sido

69
SUBSUNÇÃO DO TRABALHO IMATERIAL AO CAPITAL

separadas no paradigma anterior. Seu objetivo é Como foi visto acima, no taylorismo, o co-
aperfeiçoar o sistema de trabalho como um todo, nhecimento dos métodos e processos bastava como
visando a diversos objetivos ao mesmo tempo: referência para os gerentes executarem medidas que
produtividade, prazos, qualidade do produto etc. visavam a maximizar a produtividade do trabalho,
Para que o sistema assim reorganizado funcione reduzir o tempo do ciclo das atividades produti-
bem, o compartilhamento da informação entre os vas, diminuir os custos das matérias-primas e ga-
diversos trabalhadores torna-se, então, crucial. rantir certos níveis de qualidade. Porém, nesse novo
Outro exemplo citado por Peaucelle (2000, p. tipo de empresa, torna-se cada vez mais necessá-
462-463) são as novas ferramentas computacionais rio se preocupar não só com o tempo de trabalho
de gerenciamento de projetos. Esse método de ad- (com a chamada eficiência operacional), mas tam-
ministração, que trabalha por meio da simulação de bém com as qualidades das atividades que se de-
modelo de produção, visa também a atender a múl- senvolvem no interior desse tempo. “Agora os tra-
tiplos objetivos, identificados por suas característi- balhadores devem agregar valor pelo que sabem e
cas técnicas, econômicas e organizacionais. Para que pelas informações que podem fornecer.” (Norton;
os projetos assim investigados sejam realistas e Kaplan, 1997, p. 6). Assim, como solução para
atinjam os seus objetivos, é preciso que haja uma esse problema, os autores propuseram o emprego
grande interação entre os diversos especialistas que de um sistema de medição complexo, que é flexí-
neles cooperam. É crucial, também, que o know- vel e adaptável às diversas situações concretas
how não seja retido por uma única pessoa – e sim encontráveis nas empresas, ao qual atribuíram a
que haja divisão do trabalho intelectual. O signifi- propriedade de ser multivariado e balanceado
cativo do gerenciamento de projetos consiste em (balanced scorecard).
identificar as competências necessárias a serem Esse sistema de medição surge também,
mobilizadas, as pessoas que possuem essas com- portanto, da necessidade de considerar as
petências e as formas de fazê-las cooperarem de interfaces da empresa com a complexidade do
forma rápida e eficiente. As redes informáticas, ambiente, ou seja, as suas relações com os acio-
internas e externas, facilitam esse tipo de coopera- nistas, com os fornecedores, com os consumido-
ção de tal forma, que o trabalho se torna organica- res, assim como as relações que os seus funcioná-
mente coletivo numa dimensão que ultrapassa, rios travam entre si mesmos. Um sistema que “pre-
inclusive, a das próprias empresas. cisa conter um conjunto complexo de relações de
A “gerência científica” dessas novas formas causa e efeito entre as variáveis críticas, incluindo
CADERNO CRH, Salvador, v. 27, n. 70, p. 61-74, Jan./Abr. 2014

de relação de trabalho foi sistematizada e desenvol- indicadores de fatos, tendências, ciclos de reali-
vida por Norton e Kaplan (1997). Nesse manual de mentação, que descrevem [...] o plano de voo es-
ensino para executivos, os autores procuraram tratégico da empresa” (Norton; Kaplan, 1997, p.
mostrar como se deve construir um sistema equili- 30) e que seja organizado em torno de perspecti-
brado de medidas de desempenho com o propósito vas distintas daquelas exclusivamente financeiras.
de estabelecer um modo de gestão estratégica de Pode-se dizer que esse sistema de medição
empresa capitalista que já entrou na “era da infor- mais complexo é uma resposta a uma mudança
mação” e que compete em ambientes complexos. substantiva nas relações sociais dentro desse tipo
Nessas empresas, os meios de produção cruciais de empresa. Assim, para que o objetivo do lucro
deixaram de ser, principalmente, as máquinas e os seja atingido, esse sistema tem de buscar controlar
sistemas de máquinas que operam mediante a coe- a motivação, a fidelidade e a competência dos traba-
rência mecânica, pois passaram a consistir em sis- lhadores, assim como a capacidade do sistema de
temas ativos de organização do conhecimento que informação que eles alimentam e que rege as suas
tem por base uma lógica cibernética que combina atividades. Kaplan e Norton consideram que o esti-
homens com máquinas (Prado, 2005, p. 95). lo militar de comando e controle empregado na in-

70
Eleutério F. S. Prado, José Paulo Guedes Pinto

dústria moderna tradicional deixou de funcionar que se passa e que aflora na cabeça dos trabalha-
na empresa “pós-moderna”. E que, por isso, ele teve dores. A gerência científica, por isso, dá particular
de ser substituído por um estilo de comando que atenção à dimensão comunicativa das relações so-
solicita, induz e força a participação voluntária dos ciais; mesmo quando administra o modo de atua-
trabalhadores nas atividades da empresa. ção efetivo do trabalhador, ela se preocupa em
Dentro desse estilo, o sistema de medição cooptá-lo para as suas metas específicas e para o
balanceado vem a ser o núcleo do modo de organi- seu objetivo maior. Por isso, nunca descuida das
zação da competência coletiva abrigada na empre- “campanhas internas de marketing” assim como
sa, que busca tanto programar um “alinhamento dos “programas de educação e de comunicação que
de cima para baixo” quanto obter uma “contribui- visam a conquistar o coração e a mente” de todos
ção de todos os funcionários” (1997, p. 207-208). os trabalhadores (1997, p. 210).
Ainda que toda essa teoria gerencial não te-
nha uma visão crítica do existente, ela não escon-
de que o sistema de medição considerado susten- UM NOVO MODO DE PRODUÇÃO?
ta um modo de dominação. Esses autores consi-
deram superado o modo de organização do traba- Tal como ficou exposto na última seção,
lho da grande indústria capitalista (seja ele clássi- parece claro que surgiu, nas últimas décadas, um
co, taylorista ou fordista), baseado na separação novo modo de produção que supera, em certa
do trabalho manual e do trabalho intelectual e no medida, aquele da grande indústria, sucessor da
investimento da ciência em sistemas de máquinas manufatura. O próprio desenvolvimento da gran-
e na organização científica do trabalho. Ora, nesse de indústria e a intensificação da subordinação
novo modo de organização do trabalho, os traba- material do trabalho ao capital por meio do
lhadores em geral, sejam eles altamente qualifica- taylorismo criaram as condições para que essa su-
dos, qualificados ou pouco qualificados, são con- peração viesse a ocorrer. Com a crise do capitalis-
siderados como fontes de trabalho não só mo nos anos 70, contornar a rigidez do modo
operacional, mas também intelectual. Eles têm por taylorista de organização da produção tornou-se
obrigação colaborar ativamente para o sucesso das uma necessidade. O novo modo de produção nas-
operações e para o bom funcionamento do sistema ceu e se espraiou principalmente nos países cen-
de informação da empresa, mas – claro – em estri- trais para responder aos desafios trazidos pelo pró-
ta conformidade com as linhas estratégicas prio desenvolvimento do capitalismo. Ele atende

CADERNO CRH, Salvador, v. 27, n. 70, p. 61-74, Jan./Abr. 2014


estabelecidas pela alta gerência. principalmente às necessidades das atividades e
Do ponto de vista deste artigo, eles apre- empresas que operam com base em “trabalho
sentam em seu livro, em detalhes, o que vem a ser, imaterial”, que produzem “serviços” e que con-
e como se processa contemporaneamente, a su- correm, principalmente, por meio de constantes
bordinação do trabalho aos objetivos da organiza- inovações tecnológicas e mercadológicas, reais ou
ção capitalista. E a vinculação das relações traba- simplesmente aparentes.
lhistas ao lucro afigura-se óbvia. Pois, “qualquer Para compreender em profundidade aquilo
medida selecionada [para compor o sistema] deve que parte da literatura especializada chama de pós-
fazer parte de uma cadeia de relações de causa e taylorismo, é preciso ver que, nesse novo modo
efeito que culminam com a melhoria do desempe- de produção, a coerção predominantemente exter-
nho financeiro.” (Norton; Kaplan, 1997, p. 49). A na sobre o trabalhador, característica de todo o
forma contemporânea de subordinação do traba- período da grande indústria, é substituída por uma
lho requer ainda a presença e a adesão dos corpos coerção enfaticamente interna. Essa coerção, ao
às atividades realizadas no interior das empresas invés de ser imposta mediante uma ordenação
capitalistas, mas ela solicita especialmente aquilo burocrática rígida, que diz ao trabalhador não ape-

71
SUBSUNÇÃO DO TRABALHO IMATERIAL AO CAPITAL

nas o que ele deve fazer, mas como ele deve obriga- nais, ainda muito intensivas no emprego de traba-
toriamente fazer, procura garantir que ele atue como lho pouco qualificado, que produzem mercadori-
um colaborador aparentemente voluntário, como as homogêneas e que têm um amplo mercado con-
alguém que “veste a camisa” da empresa. Passa-se a sumidor; essas empresas, ditas de produção em
exigir do trabalhador que forneça o seu trabalho nas massa, não concorrem por meio da introdução
condições esperadas pela gerência científica, mas continua de inovações, mas por meio do preço
não nas condições que foram rígida e externamente final da mercadoria, que deve ser sempre o mais
prescritas por ela. Para tanto, ele deve fornecer o baixo possível. Em sua substituição, está se de-
seu trabalho admitindo, em princípio, inclusive para senvolvendo o modo de produção da pós-grande
si mesmo se possível, que a sua inteligência, vonta- indústria, o qual se caracteriza, sobretudo, pela
de e disposição moram na própria empresa. subsunção intelectual do trabalho ao capital. Marx
A empresa chamada vulgarmente de “pós- caracterizou o primeiro pela vigência do princípio
industrial” é, de fato, neoliberal. Ela está organiza- objetivo, ou seja, pelo esforço minucioso e siste-
da sob o princípio de que todo trabalhador deve mático de organizar a produção sob a lógica do
ser considerado como um empresário de si mes- mecanicismo, do grande autômato. E, em
mo, ou seja, como um proprietário ativo de seu consequência, distinguiu-o por tornar efetiva uma
próprio capital humano. Como se sabe, o coerção externa sobre o trabalhador, uma coerção
neoliberalismo é uma racionalidade dominadora que determina o seu modo de operar e de funcio-
de mundo, que visa a reestruturar todas as esferas nar na fábrica e que realiza a sua subsunção mate-
da vida social e, em particular, os mercados e as rial ao capital. A pós-grande indústria que agora
empresas, segundo a lógica da competição econô- emerge está organizada pelo princípio da concor-
mica acerbada. Em sua perspectiva, todos os tra- rência, o qual se torna efetivo apenas por meio de
balhadores devem se situar e se mover num ambi- uma coerção interna, ou seja, por meio da adesão
ente de competição generalizada, concebendo-se a voluntária ou aparentemente voluntária dos traba-
si mesmos como uma pequena empresa, uma do- lhadores à própria organização e mesmo ao capita-
tação de capital humano que é capaz de progredir lismo. Não se deve subestimar a capacidade de re-
indefinidamente. Pois, “a racionalidade neoliberal sistência dos trabalhadores às imposições do capi-
tem como característica principal a generalização tal. Entretanto, deve-se notar que a nova subsunção
da competição como norma de conduta e a empre- do trabalho ao capital toma forma por meio do pla-
sa como modelo de subjetivação” (Laval; Dardot, nejamento de uma ordem concorrencial aparente-
CADERNO CRH, Salvador, v. 27, n. 70, p. 61-74, Jan./Abr. 2014

2013, p. 15). Segundo essa racionalidade, a prin- mente espontânea, em que a liberdade – ou seja, a
cipal orientação da gerência científica vem a ser liberdade negativa que o mercado torna possível e
tornar-se capaz de administrar eficiente e eficaz- permite – é rigorosamente administrada.
mente a liberdade aparente do trabalhador. Afinal,
este, para ela, não é mais um simples empregado,
mas, na medida em que acolheu em sua mente os Recebido para publicação em 14 de junho de 2013
Aceito em 07 de agosto de 2013
objetivos da empresa capitalista, tornou-se um
precioso colaborador!
De acordo com o que os autores do presen- REFERÊNCIAS
te escrito escreveram em outros artigos, está-se, de
fato, diante de uma mudança importante do modo ALBUQUERQUE, E. M. Agenda Rosdolsky. Belo Horizon-
te: EDUFMG, 2012. 265p.
de produção capitalista. A forma de subsunção tí- AMORIM, H. Classes sociais e subjetividade proletária no
pica da grande indústria, que predominou no sé- debate sobre o trabalho imaterial. Revista da SEP, São
Paulo, n. 27, p. 84-108, out. 2010.
culo XIX e grande parte do século XX, está cada
BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista: a degradação
vez mais restrita às empresas capitalistas tradicio- do trabalho no século XX. Rio de Janeiro: Zahar, 1974. 320p.

72
Eleutério F. S. Prado, José Paulo Guedes Pinto

BELUSSI, F. Towards the post-Fordist economy: emerging PRADO, E. F. S. Da posição e da deposição histórica do
organizational models. International Journal Technology valor. In: ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA, 8.,
Management, [S.l.], v. 20, n. 1/2, p.20-43, 2000. 2013, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: UFMG, 2013.
BRENNAN, T. The italian ideology. In: BALAKRISHNAN, ______. Pós-grande indústria: trabalho imaterial e
G. (Org.) Debating empire. Londres: Verso, 2003. p. 97- fetichismo – uma crítica a A. Negri e M. Hardt. Crítica
120. Marxista, Campinas, n. 17, p. 109-130, nov. 2003.
KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A estratégia em ação – PRADO, E.F.; GUEDES PINTO, J. P. Dos limites do valor e
balanced scorecard. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1997. do capitalismo. In: MOURA, Mauro; SILVA, Genildo;
344p. FILGUEIRAS, Luiz. (Org.) Perspectivas em filosofia de
economia Salvador: EDUFBA, 2012.
LAVAL, C.; DARDOT, P. La nueva razón del mundo. Bar-
celona: Editorial Gedisa, 2013. 427p. PRUIJT, H. Teams between neo-taylorism and anti-
taylorism. Economic and Industrial Democracy, [S.l.], v.
MARX, K. Grundrisse. São Paulo: Boitempo, 2011. 787p. 24, n.77, p.77-101, 2003.
______. O capital – Crítica da economia política. v. 1, t. 2. SLOCK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administra-
São Paulo: Abril Cultural, 1983. 306p. ção da produção. São Paulo: Atlas, 2009. 789p.
NEGRI, A.; HARDT, M. Império. Rio de Janeiro: Editora TAYLOR, F.W. Princípios de administração científica. São
Record, 2001. 501p. Paulo: Ed. Atlas, 1971. 109p.
PEAUCELLE, J. L. From taylorism to post-taylorism. WOOD, E. M. A manifest for global capitalism? In:
Journal of Organizational Change Management, [S.l.], v. BALAKRISHNAN, G. (Org.) Debating empire. Londres:
13, n. 5, p.452-467, 2000. Verso, 2003. p.61-83.

CADERNO CRH, Salvador, v. 27, n. 70, p. 61-74, Jan./Abr. 2014

73
SUBSUNÇÃO DO TRABALHO IMATERIAL AO CAPITAL

SUBSUMPTION OF IMMATERIAL LABOR BY SUBSOMPTION DU TRAVAIL IMMATÉRIEL


CAPITAL AU CAPITAL

Eleutério F. S. Prado Eleutério F. S. Prado


José Paulo Guedes Pinto José Paulo Guedes Pinto

This paper examines the transformation of Nous analysons dans cet article la
the capitalist mode of production that accompanies transformation du mode de production capitaliste
the expansion of immaterial labor as a source of qui accompagne l’expansion du travail immatériel
effective wealth generation. This evaluation is made en tant que source de production effective de
within the scope of the labor theory of value and richesse. Cette évaluation est faite au sein de la
the critique of political economy. Therefore, first it théorie de la valeur-travail et de la critique de
questions the true impact of informatization on the l’économie politique. Pour ce faire, nous nous
capitalist nature of ongoing production processes, interrogeons tout d’abord sur le véritable impact de
especially in central countries. It goes on to com- l’informatisation sur la nature capitalise des
pare the major characteristics of the Taylorist processus productifs actuellement en cours
industry with the outstanding characteristics of essentiellement dans les pays centraux. Nous
the post-Taylorist industry. Finally, it comes to the comparons ensuite les principales caractéristiques
conclusion that an import transformation of the de l’industrie du taylorisme avec les caractéristiques
capitalist system is in progress: the great industry, marquantes de l’industrie post-taylorisme. Nous
as it was characterized by Marx in Capital, is no en arrivons finalement à la conclusion qu’une
longer predominant in countries central to the transformation majeure du système capitaliste est
system, because what prevails nowadays is the en cours: la grande industrie, telle qu’elle a été
post-great industry. caractérisée par Marx dans Le Capital, ne
prédomine plus dans les pays au cœur du système.
En effet, ce qui domine maintenant c’est la post-
grande industrie.
KEY WORDS: Immaterial work. Taylorism. Post- MOTS-CLÉS: Travail immatériel. Taylorisme. Post-
Taylorism. Great industry. Post-great industry. taylorisme. Grande industrie. Post-grande
industrie.
CADERNO CRH, Salvador, v. 27, n. 70, p. 61-74, Jan./Abr. 2014

Eleutério F. S. Prado – Doutor em Economia pela FEA/USP. Professor do Departamento de Economia da FEA
da Universidade de São Paulo. Desenvolve pesquisas nas áreas de Economia e Complexidade e de Economia
Política. Publicações recentes: A emergência social dos preços. Economia (ANPEC), v. 13, n. 2, maio/ago.
2013; Da controvérsia brasileira sobre o dinheiro mundial inconversível. Revista da SEP, v. 35, jun. 2013; Pós-
grande indústria e renovação do socialismo. Revista Nexus Econômicos, v. 5, n. 9, dez. 2011.
José Paulo Guedes Pinto – Doutor em Economia pela Universidade de São Paulo. Professor vinculado ao
Bacharelado de Relações Internacionais na UFABC. Membro do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas
para o Acesso à Informação da Universidade de São Paulo (Gpopai-USP). Atua hoje nos seguintes temas:
América Latina, economia política internacional, macroeconomia, sociedades cooperativas, economia brasi-
leira, crise econômica, desenvolvimento, acesso à informação, ecologia urbana e economia da colaboração
em massa. Publicações recentes: Limites do valor e do capitalismo. In: MOURA, Mauro; SILVA, Genildo &
FILGUEIRAS, Luiz. (Org.). Perspectivas em filosofia de economia. 1ed. Salvador: EDUFBA, 2013, v. 1, p. 11-
31; A Contabilidade social na perspectiva clássica/marxiana. Revista da Sociedade Brasileira de Economia
Politica. v. 27, p. 109-137, 2010.

74

Você também pode gostar