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Novembro

2015

FORMAÇÃO À DISTÂNCIA

Manual de NCRF 19
- Contratos de Construção -
Aspetos Contabilísticos
e Fiscais
DIS5015

Carlos Quelhas Martins

www.otoc.pt
Manual de NCRF 19 - Contr atos de Construção - Aspetos Contabilísticos e Fiscais | DIS5015
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

FICHA TÉCNICA

Título: Manual de NCRF 19 - Contratos de Construção - Aspetos Contabilísticos e Fiscais

Autores: Carlos Quelhas Martins

Capa e paginação: DCI - Departamento de Comunicação e Imagem da OCC

© Ordem dos Contabilistas Certificados, 2015

Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não o indicado, sem
autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas Certificados, entidade que detém
os direitos de autor.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 7

1. ENQUADRAMENTO NORMATIVO 9

2. ESTUDO DA NCRF 19 – CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO 11

2.1 Objetivo e Âmbito 11

2.2 Definições 11

2.3 Combinação e Segmentação de Contratos de Construção 12

2.4 Rédito do Contrato 14

2.5 Custos do Contrato 15

2.6 Reconhecimento do Rédito e dos Gastos do Contrato 17

2.7 O Método da Percentagem de Acabamento 20

2.8 Reconhecimento de Perdas Esperadas 21

2.9 Divulgações 22

3. ABORDAGEM CONTABILÍSTICA 23

3.1 Exemplos de Aplicação 24

3.1.1 Contratos cujo desfecho possa ser estimado com fiabilidade 24

3.1.1.1 Percentagem de acabamento superior à faturação 25

3.1.1.2 Percentagem de acabamento inferior à faturação 26

3.1.1.3 Percentagem de acabamento igual à faturação 28

3.1.1.4 Perdas esperadas no contrato 29

3.1.2 Contratos cujo desfecho não possa ser estimado com fiabilidade 30

3.1.2.1 Gastos incorridos superiores à faturação 30

3.1.2.2 Gastos incorridos inferiores à faturação 31

3.1.2.3 Gastos incorridos igual à faturação 32

4. ABORDAGEM FISCAL 35

4.1 Legislação Aplicável – Após 01 de janeiro de 2010 35

4.2 Legislação Aplicável – Após Lei n.º 2/2014 37

4.3 Impostos Diferidos 39

4.4 Informação Empresarial Simplificada 39

5. EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 41

5.1 Exercício de Aplicação n.º 1 41

5.2 Exercício de Aplicação n.º 2 50

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5.3 Exercício de Aplicação n.º 3 60

BIBLIOGRAFIA 71

ANEXOS 75

ANEXO 1 NCRF 19 – CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO 75

ANEXO 2 NIC 11 – CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO 87

ANEXO 3 QUADRO AUXILIAR – CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO 101

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INTRODUÇÃO

O setor da Construção Civil tem assumido um papel preponderante na economia portuguesa nos
últimos vinte anos, o que se verifica pela influência que tem vindo a acumular no PIB e na criação
de emprego. Segundo dados da Central de Balanços do Banco de Portugal (BP, 2014), em 2012,
o setor da construção foi o segundo mais importante em número de empresas e o terceiro em
volume de negócios e em número de pessoas ao serviço.

Este setor continua a desempenhar um papel decisivo na modernização e no aumento da


competitividade do país. Contudo o tecido empresarial do setor da construção civil denota
algumas fraquezas, como sejam a reduzida dimensão média das empresas nacionais, pelo que
devem apostar na adoção de novas tecnologias, no desenvolvimento de novos processos técnicos
e organizacionais inovadores e na qualificação dos seus recursos humanos, de forma a conseguir
enfrentar as exigências do mercado global.

Um estudo da Deloitte em parceria com a ANEOP - Associação Nacional de Empreiteiros de


Obras Públicas refere que a internacionalização e a diversificação da atividade surgem como
temas fundamentais para perspetivar a evolução do Setor, o que evidencia a necessidade de um
enquadramento contabilístico e fiscal universal.

O presente manual tem como objetivo divulgar as principais linhas de enquadramento contabilístico
e fiscal dos Contratos de Construção, à luz do SNC, de forma a facilitar a imputação do rédito e dos
gastos do contrato aos períodos contabilísticos em que o trabalho seja executado.

Assim sendo, começamos por efetuar um enquadramento normativo da temática em estudo.

Numa segunda parte efetuamos o estudo detalhado da norma NCRF 19 – Contratos de Construção.

Numa terceira parte efetuamos a abordagem contabilística dos contratos de construção


evidenciando exemplos de aplicação.

Numa quarta parte apresentamos a abordagem fiscal dos contratos de construção, evidenciando a
sua ligação à contabilidade e demonstrando alguns exemplos de aplicação.

Numa última parte apresentamos alguns exercícios práticos de contratos de construção, com o
objetivo de determinação da percentagem de acabamento e da sua contabilização.

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1. ENQUADRAMENTO NORMATIVO

Com a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 158/2009, desde 01 de janeiro de 2010, uma percentagem
significativa das empresas nacionais passaram a estar abrangidas pela obrigatoriedade de adoção
do novo normativo contabilístico (SNC), baseado nas Normas Internacionais de Contabilidade
emitidas pelo IASB e corroboradas pela UE. Esta mudança de referencial contabilístico representou
uma mudança substancial na forma de apresentação e divulgação do relato financeiro, dando
origem a uma maior transparência e comparabilidade entre as empresas que atuam, quer no
mercado nacional quer no mercado internacional.

A temática dos contratos de construção é abordada do ponto de vista contabilístico na NCRF 19


– Contratos de Construção, aprovada pelo aviso n.º 15655 de 2009, tendo por base a IAS n.º 11 –
Contratos de Construção, adotada na União Europeia pelo texto original do Regulamento (CE) n.º
1126/2008 da Comissão, de 3 de novembro.

No âmbito da aplicação do normativo, uma das primeiras questões prende-se com a definição de
contratos de construção.

Assim sendo, o artigo 1207.º do Código Civil, define empreitada, que não é mais que um contrato
de construção, como “o contrato pelo qual uma das partes se obriga em relação à outra a realizar
uma obra, mediante um preço”.

No contrato de empreitada ou de construção intervêm o empreiteiro, o subempreiteiro (se


necessário) e o dono da obra.

Ou seja,

Figura 1 – Empreitadas – Fonte Moneris (2010)

Empreiteiro

Dono da Obra

Subempreiteiro

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A NCRF 19 – Contratos de Construção só deve ser aplicada na contabilização dos Contratos


de Construção nas demonstrações financeiras das entidades contratadas (empreiteiros ou
subempreiteiros).

O dono da obra aplica a NCRF 7 - Ativos Fixos Tangíveis se classificar a construção como um ativo
fixo tangível e aplica a NCRF 18 – Inventários se classificar a construção como um inventário e
consequente a NCRF 20 – Rédito aquando da venda.

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2. ESTUDO DA NCRF 19 – CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO

A Norma Contabilística e de Relato Financeiro NCRF 19 – Contratos de Construção tem por base
a Norma Internacional de Contabilidade IAS 11 — Contratos de Construção, adotada pelo texto
original do Regulamento (CE) n.º 1126/2008 da Comissão, de 3 de Novembro.

2.1 Objetivo e Âmbito

O objetivo desta Norma Contabilística e de Relato Financeiro é o de prescrever o tratamento


contabilístico de réditos e custos associados a contratos de construção.

Por força da natureza da atividade subjacente aos contratos de construção, a data em que
a atividade do contrato é iniciada e a data em que a atividade é concluída caem geralmente
em períodos contabilísticos diferentes. Por isso, o assunto primordial na contabilização dos
contratos de construção é a imputação do rédito do contrato e dos custos do contrato aos períodos
contabilísticos em que o trabalho de construção seja executado. Esta Norma usa os critérios de
reconhecimento estabelecidos na Estrutura Conceptual para determinar quando os réditos do
contrato e os custos do contrato devam ser reconhecidos como réditos e gastos na demonstração
dos resultados. Também proporciona indicação prática sobre a aplicação destes critérios.

A NCRF 19 deve ser aplicada na contabilização dos contratos de construção nas demonstrações
financeiras das entidades contratadas.

2.2 Definições

No § 3 a Norma define os seguintes conceitos:

Contrato de construção: é um contrato especificamente negociado para a construção de um ativo


ou de uma combinação de ativos que estejam intimamente inter-relacionados ou interdependentes
em termos da sua conceção, tecnologia e função ou do seu propósito ou uso final.

Contrato de «cost plus»: é um contrato de construção em que a entidade contratada é reembolsada


por custos permitidos ou de outra forma definidos mais uma percentagem destes custos ou uma
remuneração fixada.

Contrato de preço fixado: é um contrato de construção em que a entidade contratada concorda


com um preço fixado ou com uma taxa fixada por unidade de «output» que, nalguns casos, está
sujeito a cláusulas de custos escalonados.

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Segundo a NCRF 19 um contrato de construção pode ser negociado para a construção de um ativo
único tal como uma ponte, um edifício, uma barragem, um oleoduto, uma estrada, um navio ou
um túnel. Um contrato de construção pode também tratar da construção de um número de ativos
que estejam intimamente inter-relacionados ou interdependentes em termos da sua conceção,
tecnologia e função ou do seu propósito ou uso final; entre os exemplos de tais contratos incluem-
se os da construção de refinarias e de outras partes complexas de fábricas ou de equipamentos.

De acordo com a Norma, os contratos de construção também se aplicam a:

(a) Contratos para a prestação de serviços que estejam diretamente relacionados com a
construção do ativo, por exemplo, os relativos a serviços de gestores de projeto e arquitetos;

(b) Contratos para a destruição ou restauração de ativos e a restauração do ambiente após a


demolição de ativos.

Para os fins desta Norma e conforme o convencionado entre as partes no que respeita ao preço do
ativo, os contratos de construção são classificados como:

(a) Contratos de preço certo;

(b) Contratos de «cost plus» (à percentagem).

Existem contratos de construção que têm ambas as características quer de um contrato de preço
fixado e de um contrato de «cost plus» com um preço máximo acordado. Em tais circunstâncias,
existe a necessidade de considerar todas as condições dos parágrafos 23 e 24 a fim de determinar
quando reconhecer réditos e gastos do contrato.

2.3 Combinação e Segmentação de Contratos de Construção

No respeitante ao fracionamento de contratos de construção, a Norma refere que a sua aplicação


deve ser feita separadamente a cada contrato de construção. No entanto, existem situações em que
é necessário aplicar a Norma a componentes separadamente identificáveis de um único contrato
ou conjuntamente a um grupo de contratos afim de refletir a substância de um contrato ou de um
grupo de contratos. Ou seja, quando um contrato cobrir vários ativos, a construção de cada ativo
pode ser tratada num só contrato de construção (combinação) ou num contrato de construção
separado (segmentação).

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Contrato de construção separado, deve ser tratado quando:

(a) Propostas separadas tenham sido submetidas para cada ativo;

(b) Cada ativo tenha sido sujeito a negociação separada e a entidade contratada e o cliente
tenham estado em condições de aceitar ou rejeitar a parte do contrato relacionada com
cada ativo; e

(c) Os custos e réditos de cada ativo possam ser identificados.

Contrato de construção único, deve ser tido em consideração quando um grupo de


contratos, quer com um único cliente ou com vários clientes:

(a) O grupo de contratos seja negociado como um pacote único;

(b) Os contratos estejam tão intimamente inter-relacionados que sejam, com efeito, parte
de um projeto único com uma margem de lucro global; e

(c) Os contratos sejam executados simultaneamente ou numa sequência contínua.

Acontece por vezes, que um contrato pode proporcionar a construção de um ativo adicional por
opção do cliente ou pode ser alterado para incluir a construção de um ativo adicional. A construção
do ativo adicional deve ser tratada como um contrato de construção separado quando:

(a) O ativo difira significativamente na conceção, tecnologia ou função do ativo ou ativos


cobertos pelo contrato original; ou

(b) O preço do ativo seja negociado sem atenção ao preço original do contrato.

Nesta temática da combinação ou segmentação de contratos de construção evidenciamos a


presença de uma das caraterísticas qualitativas necessárias à fiabilidade da informação que é a
da substância sob a forma. Ou seja, na prática poderá acontecer que, embora formalmente exista
um único contrato, poderá ter que ser tratado por aplicação da Norma e em substância, como se
vários contratos existissem. Assim como formalmente poderão existir vários contratos que, em
substância, para efeitos da Norma, poderão ser tratados como se um só contrato existisse.

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2.4 Rédito do Contrato

Segundo a Norma, o rédito do contrato deve compreender:

(a) A quantia inicial de rédito acordada no contrato; e

(b) Variações no trabalho, reclamações e pagamentos de incentivos do contrato:

(i) Até ao ponto que seja provável que resultem em rédito; e

(ii) Estejam em condições de serem fiavelmente mensurados.

A mensuração do rédito deverá ser feita pelo justo valor1 da retribuição recebida ou a receber. No
decorrer do contrato, a mensuração do rédito pode ser afetada por uma variedade de incertezas
que dependem do desfecho de acontecimentos futuros. As estimativas relacionadas, por exemplo
como os gastos dos contratos, que estiveram na base da elaboração dos orçamentos, poderão ter
que necessariamente ser revistas à medida que os acontecimentos ocorram e as incertezas se
resolvam. Desta forma, a quantia do rédito do contrato pode variar entre períodos consecutivos.

A Norma identifica alguns exemplos dessas possíveis alterações. Por exemplo:

(a) Uma entidade contratada e um cliente podem acordar variações2 ou reivindicações3


que aumentem ou diminuam o rédito do contrato num período subsequente àquele em
que o contrato foi inicialmente acordado;

1 Segundo a Estrutura Conceptual, o Justo Valor é defi nido como “Quantia pelo qual um ativo poderia ser trocado ou um
passivo liquidado, entre partes conhecedoras e dispostas a isso, numa transação em que não exista relacionamento entre elas”.
2 NCRF 19, § 13 “Uma variação é uma instrução dada pelo cliente para uma alteração no âmbito do trabalho a ser
executado segundo o contrato. Uma variação pode conduzir a um aumento ou a uma diminuição no rédito do contrato.
Exemplos de variações são as alterações nas especificações ou na conceção do ativo e alterações na duração do contrato.
Uma variação é incluída no rédito do contrato:
(a) Seja provável que o cliente aprovará a variação e a quantia de rédito proveniente da variação, e
(b) A quantia de rédito possa ser fiavelmente mensurada.
3 NCRF 19, § 14 “Uma reivindicação é uma quantia que a entidade contratada procura cobrar do cliente ou de uma
outra terceira parte como reembolso de custos não incluídos no preço do contrato. Uma reivindicação pode surgir de,
por exemplo, demoras causadas por clientes, por erros nas especificações ou na conceção e de alterações discutidas nos
trabalhos do contrato. A mensuração da quantia de rédito proveniente de reivindicações está sujeita a um alto nível de
incerteza e depende muitas vezes do desfecho das negociações. Por isso, as reivindicações somente são incluídas no
rédito do contrato quando:
(a) As negociações tenham atingido um estágio avançado de tal forma que seja provável que o cliente aceitará
a reivindicação; e
(b) A quantia que seja provável ser aceite pelo cliente possa ser fiavelmente mensurada.

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(b) A quantia de rédito acordada num contrato de preço fixado pode aumentar em
consequência de cláusulas de custo escalonadas;

(c) A quantia de rédito do contrato pode diminuir como consequência de penalidades


provenientes de atrasos causados pela entidade contratada na conclusão do contrato;
ou

(d) Quando um contrato de preço fixado envolve um preço fixado por unidade de «output»,
o rédito do contrato aumenta à medida que a quantidade de unidades aumente.

Poderão também existir o pagamento de incentivos, que são quantias adicionais pagas à entidade
contratada se os níveis de desempenho especificados forem atingidos ou excedidos. Por exemplo,
um contrato pode permitir um pagamento de incentivos à entidade contratada pela conclusão do
contrato mais cedo. Os pagamentos de incentivos são incluídos no rédito do contrato quando:

(a) O contrato esteja suficientemente adiantado que seja provável que os níveis de execução
especificados serão atingidos ou excedidos; e

(b) A quantia dos pagamentos de incentivos possa ser fiavelmente mensurada.

2.5 Custos do Contrato

Segundo a Norma os custos a incluir no contrato são:

- Custos diretos do contrato:

(a) Custos de mão-de-obra, incluindo supervisão;

(b) Custos de materiais usados na construção;

(c) Depreciação de ativos fixos tangíveis utilizados no contrato;

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(d) Custos de movimentar os ativos fixos tangíveis e os materiais para e do local do


contrato;

(e) Custos de alugar instalações e equipamentos;

(f) Custos de conceção e de assistência técnica que estejam diretamente relacionados com
o contrato;

(g) Custos estimados de retificar e garantir os trabalhos, incluindo os custos esperados de


garantia; e

(h) Reivindicações de terceiras partes.

- Os custos atribuíveis à atividade do contrato e imputados ao contrato:

(a) Seguros;

(b) Os custos de conceção e assistência técnica que não estejam diretamente relacionados
com um contrato específico; e

(c) Gastos gerais de construção.

Estes custos são imputados usando métodos que sejam sistemáticos e racionais e sejam aplicados
consistentemente a todos os custos que tenham características semelhantes. A norma também
refere que os gastos gerais de construção, incluem custos tais como a preparação e processamento
de salários do pessoal de construção.

A norma também dispõe que os custos que possam ser atribuíveis à atividade do contrato em geral
e possam ser imputados a contratos específicos também incluem os custos de empréstimos obtidos
quando a entidade contratada adote o tratamento alternativo permitido na NCRF 10 – Custos de
Empréstimos Obtidos.

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- Outros custos debitáveis ao cliente nos termos do contrato:

(a) Custos gerais administrativos e custos de desenvolvimento para os quais o reembolso


esteja especificado nos termos do contrato.

Os custos que não sejam atribuíveis à atividade do contrato, nem tão pouco suscetíveis da sua
imputação, deverão ser excluídos deste âmbito, nomeadamente:

(a) Custos administrativos gerais cujo reembolso não esteja especificado no contrato;

(b) Custos de vender;

(c) Custos de pesquisa e desenvolvimento não contemplados no contrato;

(d) Depreciação de instalações e equipamentos não usados no contrato.

2.6 Reconhecimento do Rédito e dos Gastos do Contrato

Segundo a Norma o reconhecimento do rédito ocorre quando o desfecho de um contrato de


construção puder ser fiavelmente estimado4, o rédito do contrato e os custos do contrato associados
ao contrato de construção, devem ser reconhecidos como rédito e gastos respetivamente com
referência à fase de acabamento da atividade do contrato à data do balanço. A norma refere ainda
que uma perda esperada no contrato de construção deve ser reconhecida imediatamente como
um gasto, quando for provável que os custos totais do contrato excedam o rédito total do contrato
(temática das provisões para contratos onerosos, abordada na NCRF 21 – Provisões, Passivos
contingentes e Ativos Contingentes.

Quando em presença de um contrato de preço fixado, o desfecho de um contrato de construção


pode ser fiavelmente estimado quando estiverem satisfeitas todas as seguintes condições:

(a) O rédito do contrato possa ser mensurado fiavelmente;

4 Para que o contrato possa ser fiavelmente estimado, não bastará a existência de um orçamento, é necessário prever
direitos e obrigações das partes contratantes, a retribuição a ser transacionada, os prazos e a forma de liquidação dessa
retribuição.

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(b) Seja provável que os benefícios económicos associados ao contrato fluirão para a
entidade;

(c) Tanto os custos do contrato para o acabar como a fase de acabamento do contrato na
data do balanço possam ser fiavelmente mensurados; e

(d) Os custos de contrato atribuíveis ao contrato possam ser claramente identificados


e fiavelmente mensurados de forma que os custos reais do contrato incorridos possam ser
comparados com estimativas anteriores.

Quando na presença de um contrato de «cost plus», o desfecho de um contrato de construção


pode ser fiavelmente mensurado quando estiverem satisfeitas todas as condições seguintes:

(a) Seja provável que os benefícios económicos associados ao contrato fluirão para a
entidade; e

(b) Os custos do contrato atribuíveis ao contrato, quer sejam ou não reembolsáveis, possam
ser claramente identificados e fiavelmente mensurados.

Segundo a Norma, quando o desfecho de um contrato de construção não possa ser estimado
fiavelmente:

(a) O rédito somente deve ser reconhecido até ao ponto em que seja provável que os custos
do contrato incorridos serão recuperáveis; e

(b) Os custos do contrato devem ser reconhecidos como um gasto no período em que
sejam incorridos.

Muitas vezes nas fases iniciais de um contrato o desfecho do mesmo não pode estar em condições
de ser estimado com fiabilidade. Neste ponto, em que o desfecho do contrato não pode ser
estimado com fiabilidade, mas existe a possibilidade da empresa recuperar alguns dos custos já
incorridos, segundo a norma, o rédito do contrato será somente reconhecido até ao ponto dos
custos incorridos que se espera que sejam recuperáveis.

Neste caso, nenhum lucro é reconhecido porque os réditos do contrato são somente reconhecidos
até ao ponto dos custos incorridos. Este método de reconhecimento de réditos e custos é designado
por método do lucro nulo. É o método de exceção, no qual o rédito do contrato é reconhecido na
demonstração dos resultados por uma quantia que iguala os custos do contrato.

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Quando já não existirem incertezas que impediram que fosse fiavelmente estimado o desfecho
do contrato, o rédito e os gastos associados ao contrato de construção devem ser reconhecidos
de acordo com o método da percentagem de acabamento e não de acordo com o método do lucro
nulo.

A norma coloca ênfase na fiabilidade da mensuração do trabalho executado numa fase de


acabamento do contrato, podendo para o efeito utilizar vários métodos que, dependendo da
natureza dos contratos, podem incluir:

(a) A proporção em que os custos do contrato incorridos no trabalho executado até à data
estejam para os custos estimados totais do contrato;

(b) Levantamentos do trabalho executado; e

(c) Conclusão de uma proporção física do trabalho contratado.

Os pagamentos progressivos e os adiantamentos recebidos dos clientes normalmente não


equivalem a trabalho executado.

Figura 2 – Escolha do método de reconhecimento do rédito

Fonte: Elaboração própria

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Sendo o método da percentagem de acabamento o mais referido na norma para proporcionar o rédito
com os gastos incorridos até ao momento, é normal que a mesma seja mais criteriosa na seleção
daqueles custos incorridos. Assim, referencia que quando a fase de acabamento seja determinada
com referência aos custos do contrato incorridos até à data, somente os custos do contrato que
reflitam trabalho executado são incluídos nos custos incorridos até à data, especificando alguns
exemplos de custos de contratos excluídos:

(a) Custos do contrato que se relacionem com a atividade futura do contrato, tais como
custos de materiais que tenham sido entregues num local do contrato ou postos
de lado para uso num contrato mas não ainda instalados, usados ou aplicados
durante a execução do contrato, a menos que os materiais tenham sido produzidos
especificamente para o contrato; e

(b) Pagamentos feitos a entidades subcontratadas adiantadamente a trabalho executado


segundo o subcontrato.

Nos contratos de construção, é normal o surgimento de custos não previstos, que concorrem para
um aumento dos custos totais para além do estimado, e que por vezes excedem o próprio rédito
total. Nestes casos, relata a Norma que tais custos devem ser reconhecidos imediatamente como
um gasto. Tal perda, deverá ser de imediato determinada independentemente de ter ou não sido
iniciados os trabalhos objeto do contrato, da fase de acabamento de atividade do contrato, ou da
quantia de lucros que se espere surjam noutros contratos que não sejam tratados como um contrato
de construção único.

Por vezes, as estimativas quer de réditos, quer de custos dos contratos, assim como os efeitos de uma
alteração na estimativa do desfecho de um contrato, refere a norma, devem ser contabilizados como
uma alteração na estimativa contabilística, remetendo para a NCRF 4 – Políticas Contabilísticas,
Alterações nas Estimativas Contabilísticas e Erros o seu tratamento. No entanto, tais alterações nas
estimativas, devem ser usadas na determinação da quantia de rédito e de gastos reconhecidos na
demonstração dos resultados do período em que a alteração seja feita e em períodos subsequentes.

2.7 O Método da Percentagem de Acabamento

O método da percentagem de acabamento é várias vezes referenciado na Norma, como sendo o


reconhecimento do rédito e dos gastos com referência à fase de acabamento de um contrato, através
do balanceamento ou proporção do rédito contratual com os gastos respetivos incorridos num
determinado período ou fase de acabamento. Aquele rédito será reconhecido na demonstração dos
resultados dos períodos contabilísticos em que o trabalho seja executado.

Custos incorridos (acumulados)


Percentagem de acabamento =
Custos incorridos + Custos estimados para a conclusão

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Neste método, a proporção física do trabalho realizado e a quantificação da percentagem de


acabamento devem estar sempre relacionadas. Neste método, também se verifica que nem sempre
os vários pagamentos assim como as despesas efetuadas refletem o trabalho já realizado. Perante
aquela situação, haverá necessidade no final do exercício de movimentar stock, acréscimos ou
diferimentos de custos, de forma que exista uma correspondência entre os trabalhos efetivamente
realizados e os custos incorridos. São exemplo daquela situação:

(a) Materiais já adquiridos mas ainda não incorporados, à data do relato (encerramento
do exercício);

(b) Faturação de serviços subcontratados, mas ainda não efetuados;

(c) Serviços subcontratados mas ainda não efetuados.

2.8 Reconhecimento de Perdas Esperadas

De acordo com a NCRF 19, quando for provável que os custos totais do contrato excedam o rédito
total do contrato, a perda esperada deve ser reconhecida imediatamente como um gasto.

Na prática estamos perante o reconhecimento de perdas esperadas em contratos de construção,


que dá origem ao reconhecimento de uma provisão para contratos onerosos.

A quantia de tal perda é determinada independentemente:

(a) De ter ou não começado o trabalho do contrato;

(b) Da fase de acabamento da atividade do contrato; ou

(c) Da quantia de lucros que se espere surjam noutros contratos que não sejam tratados
como um contrato de construção único.

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2.9 Divulgações

As divulgações exigidas pela Norma no Anexo e nas notas às Demonstrações Financeiras são:

(a) A quantia do rédito do contrato reconhecida como rédito do período;

(b) Os métodos usados para determinar o rédito do contrato reconhecido no período;

(c) Os métodos usados para determinar a fase de acabamento dos contratos em curso;

(d) A quantia agregada de custos incorridos e lucros reconhecidos (menos perdas


reconhecidas) até à data (para cada um dos contratos em curso);

(e) A quantia de adiantamentos recebidos; e

(f) A quantia de retenções.

Especifica ainda a Norma o conceito de adiantamento e de retenções. Assim sendo, define


adiantamentos como sendo as quantias recebidas pela entidade contratada antes que o respetivo
trabalho seja executado. Retenções como sendo quantias relativas a faturas progressivas que só
são pagas depois da satisfação das condições especificadas no contrato para o pagamento de tais
quantias ou até que os defeitos tenham sido retificados.

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3. ABORDAGEM CONTABILÍSTICA

Até 31 de dezembro de 2009 o regime contabilístico aplicável aos contratos de construção


encontrava-se previsto na Diretriz Contabilística n.º 3/91 – Tratamento contabilístico dos
contratos de construção. A Diretriz Contabilística previa a aplicação do método da percentagem
de acabamento ou do método do contrato completado, enquanto a IAS 11 que serviu de base para
a NCRF 19 não prevê a utilização do método do contrato completado.

Com a publicação do Dec. Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, entrou em vigor no dia 01 de janeiro
de 2010, o SNC, sendo revogados o POC e as Diretrizes Contabilísticas, passando desde então
os contratos de construção a ser reconhecidos e mensurados pela aplicabilidade da NCRF 19 –
Contratos de Construção.

O objetivo da NCRF 19, como já referido anteriormente, é de proceder ao tratamento contabilísticos


dos réditos e custos associados a contratos de construção de caráter plurianuais e de apurar os
resultados dos contratos de construção pelo método da percentagem de acabamento. Assim, o rédito
do contrato e os custos que lhe estão associados devem ser imputados aos períodos contabilísticos
em que o trabalho seja executado, adotando-se o método da percentagem de acabamento no final
de cada período contabilístico, correspondendo à proporção dos gastos suportados até à data e
a soma desses gastos com os estimados para a conclusão da obra. Os seja, o rédito do contrato é
reconhecido à medida que a obra progride.

O princípio geral da NCRF 19, tem subjacente a ideia de que o desfecho do contrato pode ser
determinado com fiabilidade, entenda-se, que os custos incorridos e os custos a incorrer para a
conclusão do contrato possam ser mensurados com fiabilidade. Sempre que o desfecho não possa
ser estimado com fiabilidade a NCRF 19 prevê a aplicação do chamado método do lucro nulo, em
que o rédito a reconhecer em cada período iguala os custos incorridos.

Quando for provável que os custos totais do contrato excedam o rédito total do contrato, a
perda esperada ou estimada deve ser reconhecida imediatamente como um gasto, através da
constituição de uma provisão. Constituem-se provisões para perdas esperadas no final de cada
ano contabilístico, não se esperando para o término do contrato para reconhecer as mesmas.

De acordo com a leitura feita no capítulo anterior, a NCRF 19 – Contratos de Construção, preconiza
que os custos relacionados com o contrato são sempre reconhecidos como gastos do período, não
havendo lugar ao reconhecimento de obras em curso na conta 36 – Produtos e Trabalhos em Curso.

É de salientar que o rédito do contrato é mensurado pela aplicação da percentagem de acabamento


ao montante do valor adjudicado da obra, eventualmente corrigido por trabalhos a mais ou a
menos, independentemente dos valores já faturados a clientes.

Assim sendo, uma obra para a qual não foi emitida qualquer fatura dará lugar ao reconhecimento
do rédito proporcional à sua percentagem de acabamento.

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Em termos de resumo da contabilização consoante os desfechos estimados do contrato de


construção, temos:

Tabela 1 – Contratos cujo desfecho possa ser estimado com fiabilidade

Desfecho do contrato
Contas a Debitar Contas a Creditar
determinado com fiabilidade
21 Clientes
Percentagem de acabamento superior à
72 Prestação de serviços
percentagem de faturação 2721 Devedores por acréscimos de
rendimentos
72 Prestação de serviços
Percentagem de acabamento inferior à
21 Clientes
percentagem de faturação
282 Rendimentos a reconhecer

Percentagem de acabamento igual à


21 Clientes 72 Prestação de serviços
percentagem de faturação

Perdas esperadas no contrato


676 Provisões para contratos onerosos 296 Contratos onerosos
(gastos totais > rédito total)

Tabela 2 – Contratos cujo desfecho não possa ser estimado com fiabilidade

Desfecho do contrato
Contas a Debitar Contas a Creditar
não determinado com fiabilidade
21 Clientes
Gastos incorridos superiores à faturação 72 Prestação de serviços
2721 Devedores por
acréscimos de rendimentos
72 Prestação de serviços
Gastos incorridos inferiores à faturação 21 Clientes
282 Rendimentos a reconhecer

Gastos incorridos iguais à faturação 21 Clientes 72 Prestação de serviços

3.1 Exemplos de Aplicação

3.1.1 Contratos cujo desfecho possa ser estimado com fiabilidade

Vejamos de seguida alguns exemplos de aplicação em que os contratos cujo desfecho possa ser
estimado com fiabilidade.

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3.1.1.1 Percentagem de acabamento superior à faturação

A empresa ABC, Lda. contratou a construção de um edifício pela quantia de 2.500.000 euros.

A empresa estimou um gasto com a construção do edifício na quantia de 1.875.000 euros, o qual
se veio a confirmar.

A faturação foi emitida de acordo com o acordado com o cliente, ou seja, em duas tranches iguais
de 50 % cada, em 31 de dezembro de N e em 31 de dezembro de N+1.

A evolução dos custos e do grau de acabamento é como segue:

N N+1 Total
Gastos 1.125.000 750.000 1.875.000
Grau de acabamento 60 % 40 % 100 %

Logo, o rendimento a reconhecer em cada um dos períodos é como segue:

N N+1 Total
Rendimentos a reconhecer 1.500.000 1.000.000 2.500.000
Grau de acabamento 60 % 40 % 100 %

Comparando o rédito a reconhecer com a faturação emitida concluímos que:

N N+1 Total
Rendimentos a reconhecer 1.500.000 1.000.000 2.500.000

Faturação emitida 1.250.000 1.250.000 2.500.000

Diferença 250.000 -250.000 0

Em termos de reconhecimento do Rédito, teríamos de efetuar os seguintes lançamentos


contabilísticos:

31/12/N

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 1.250.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 1.250.000

Reconhecimento do Rédito

Débito: 2721 Dev. Acresc. Rendimentos 250.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 250.000

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31/12/N+1

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 1.250.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 1.250.000

Regularização do Acréscimo do Rédito

Débito: 721 Prestação de Serviços 250.000

Crédito: 2721 Dev. Acresc. Rendimentos 250.000

3.1.1.2 Percentagem de acabamento inferior à faturação

A empresa ABC, Lda. contratou a construção de um edifício pela quantia de 2.500.000 euros.

A empresa estimou um gasto com a construção do edifício na quantia de 1.875.000 euros, o qual
se veio a confirmar.

A faturação foi emitida de acordo com o acordado com o cliente, ou seja, em duas tranches de
1.625.000 euros, em 31 de dezembro de N e outra de 875.000,00 euros em 31 de dezembro de N+1.

A evolução dos custos e do grau de acabamento é como segue:

N N+1 Total
Gastos 1.125.000 750.000 1.875.000
Grau de acabamento 60 % 40 % 100 %

Logo, o rendimento a reconhecer em cada um dos períodos é como segue:

N N+1 Total
Rendimentos a reconhecer 1.500.000 1.000.000 2.500.000
Grau de acabamento 60 % 40 % 100 %

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Comparando o rédito a reconhecer com a faturação emitida concluímos que:

N N+1 Total
Rendimentos a reconhecer 1.500.000 1.000.000 2.500.000

Faturação emitida 1.625.000 875.000 2.500.000

Diferença -125.000 125.000 0

Em termos de reconhecimento do Rédito, teríamos de efetuar os seguintes lançamentos


contabilísticos:

31/12/N

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 1.625.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 1.625.000

Diferimento do Rédito

Débito: 721 Prestação de Serviços 125.000

Crédito: 282 Rendimentos a Reconhecer 125.000

31/12/N+1

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 875.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 875.000

Regularização do Diferimento do Rédito

Débito: 282 Rendimentos a Reconhecer 125.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 125.000

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3.1.1.3 Percentagem de acabamento igual à faturação

A empresa ABC, Lda. contratou a construção de um edifício pela quantia de 2.500.000 euros.

A empresa estimou um gasto com a construção do edifício na quantia de 1.875.000 euros, o qual
se veio a confirmar.

A faturação foi emitida de acordo com o acordado com o cliente, ou seja, em duas tranches de
1.500.000 euros, em 31 de dezembro de N e outra de 1.000.000,00 euros em 31 de dezembro de
N+1.

A evolução dos custos e do grau de acabamento é como segue:

N N+1 Total
Gastos 1.125.000 750.000 1.875.000
Grau de acabamento 60 % 40 % 100 %

Logo, o rendimento a reconhecer em cada um dos períodos é como segue:

N N+1 Total
Rendimentos a reconhecer 1.500.000 1.000.000 2.500.000
Grau de acabamento 60 % 40 % 100 %

Comparando o rédito a reconhecer com a faturação emitida concluímos que:

N N+1 Total
Rendimentos a reconhecer 1.500.000 1.000.000 2.500.000

Faturação emitida 1.500.000 1.000.000 2.500.000

Diferença 0 0 0

Em termos de reconhecimento do Rédito, teríamos de efetuar os seguintes lançamentos


contabilísticos:

31/12/N

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 1.500.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 1.500.000

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31/12/N+1

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 1.000.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 1.000.000

3.1.1.4 Perdas esperadas no contrato

A empresa ABC, Lda. contratou a construção de um edifício pela quantia de 2.500.000 euros.

A empresa estimou um gasto com a construção do edifício na quantia de 1.875.000 euros, o qual
não se veio a confirmar.

Por diversos motivos a construção da obra atrasou um ano, tendo-se iniciado apenas em N+1,
situação essa que não foi salvaguarda no contrato.

Após o término do ano N+1, a entidade contratada para a construção do edifício verificou que os
custos estimados totais da obra ascenderiam a 2.562.500,00 euros.

Perante esta situação a entidade contratada deverá reconhecer de imediato uma provisão no
montante de 62.500,00 euros, uma vez que se trata de um contrato oneroso e o custo de o cumprir
excede o seu benefício.

Em termos de reconhecimento do Rédito, teríamos de efetuar os seguintes lançamentos


contabilísticos:

31/12/N+1

Reconhecimento da Provisão

Débito: 676 Gastos c/ Provisão 62.500

Crédito: 296 Provisão – Contratos onerosos 62.500

3.1.2 Contratos cujo desfecho não possa ser estimado com fiabilidade

Vejamos de seguida alguns exemplos de aplicação em que os contratos cujo desfecho não possa ser
estimado com fiabilidade.

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3.1.2.1 Gastos incorridos superiores à faturação

A empresa XPTO, Lda. contratou a construção de um edifício pela quantia de 2.500.000 euros.

A faturação foi emitida de acordo com o acordado com o cliente, ou seja, em duas tranches de
875.000 euros, em 31 de dezembro de N e outra de 1.625.000,00 euros em 31 de dezembro de N+1.

Não existia fiabilidade quanto aos custos estimados para a construção da obra.

A evolução dos custos é como segue:

N N+1 Total
Gastos 1.125.000 750.000 1.875.000

Comparando os custos com a faturação emitida concluímos que:

N N+1 Total
Gastos 1.125.000 750.000 1.875.000

Faturação emitida 875.000 1.625.000 2.500.000

Diferença 250.000 -875.000 -625.000

Em termos de reconhecimento do Rédito, teríamos de efetuar os seguintes lançamentos


contabilísticos:

31/12/N

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 875.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 875.000

Reconhecimento do Acréscimo do Rédito

Débito: 2721 Dev. Acresc. Rendimentos 250.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 250.000

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31/12/N+1

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 1.625.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 1.625.000

Regularização do Acréscimo do Rédito

Débito: 721 Prestação de Serviços 250.000

Crédito: 2721 Dev. Acresc. Rendimentos 250.000

3.1.2.2 Gastos incorridos inferiores à faturação

A empresa XPTO, Lda. contratou a construção de um edifício pela quantia de 2.500.000 euros.

A faturação foi emitida de acordo com o acordado com o cliente, ou seja, em duas tranches iguais
de 50 % cada, em 31 de dezembro de N e em 31 de dezembro de N+1.

Não existia fiabilidade quanto aos custos estimados para a construção da obra.

A evolução dos custos e do grau de acabamento é como segue:

N N+1 Total
Gastos 1.125.000 750.000 1.875.000

Comparando os custos com a faturação emitida concluímos que:

N N+1 Total
Gastos 1.125.000 750.000 1.875.000

Faturação emitida 1.250.000 1.250.000 2.500.000

Diferença - 125.000 - 500.000 - 625.000

Em termos de reconhecimento do Rédito, teríamos de efetuar os seguintes lançamentos


contabilísticos:

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31/12/N

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 1.250.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 1.250.000

Diferimento do Rédito

Débito: 721 Prestação de Serviços 125.000

Crédito: 282 Rendimentos a Reconhecer 125.000

31/12/N+1

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 1.250.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 1.250.000

Regularização do Diferimento do Rédito

Débito: 282 Rendimentos a Reconhecer 125.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 125.000

3.1.2.3 Gastos incorridos igual à faturação

A empresa XPTO, Lda. contratou a construção de um edifício pela quantia de 2.500.000 euros.

A faturação foi emitida de acordo com o acordado com o cliente, ou seja, em duas tranches de
1.500.000 euros, em 31 de dezembro de N e outra de 1.000.000,00 euros em 31 de dezembro de
N+1.

Não existia fiabilidade quanto aos custos estimados para a construção da obra.

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A evolução dos custos é como segue:

N N+1 Total
Gastos 1.500.000 375.000 1.875.000

Comparando os custos com a faturação emitida concluímos que:

N N+1 Total
Gastos 1.500.000 375.000 1.875.000

Faturação emitida 1.500.000 1.000.000 2.500.000

Diferença 0 -625.000 -625.000

Em termos de reconhecimento do Rédito, teríamos de efetuar os seguintes lançamentos


contabilísticos:

31/12/N

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 1.500.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 1.500.000

31/12/N+1

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 1.000.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 1.000.000

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4. ABORDAGEM FISCAL

Com a entrada em vigor em 01 de janeiro de 2010 do Sistema de Normalização Contabilística,


tiveram como pressuposto base a convergência entre a contabilidade e a fiscalidade na adaptação
do Código sobre o Imposto do Rendimento de Pessoas Coletivas (CIRC) ao sistema de normalização
contabilística (SNC).

Veja-se, por exemplo, a revogação da Circular n.º 5/90, a qual tinha várias regras que afastavam o
regime fiscal das obras de caráter plurianual do respetivo tratamento contabilístico.

Tendo a Circular n.º 8/2010 contemplado as situações de transição, POC para SNC, relativas às
empresas que anteriormente contabilizavam de acordo como anterior art.º 19.º do CIRC e com a
Circular n.º 5/90 e as empresas que contabilizavam de acordo com a Diretriz Contabilística n.º 3.

Através da Lei n.º 2/2014 de 16 de janeiro, esta temática teve nova alteração em termos de abordagem
fiscal com efeitos a partir de 01 de janeiro de 2014, com o objetivo de uma maior aproximação fiscal
ao normativo contabilístico em vigor (SNC).

4.1 Legislação Aplicável – Após 01 de janeiro de 2010

Com a entrada em vigor do SNC, o Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas,
(CIRC), através da publicação do Decreto-Lei n.º 159/2009, de 13 de julho, foi sujeito a alterações
com o objetivo de contemplar as alterações introduzidas pelo SNC.

Assim sendo, o CIRC foi alvo de remuneração, tendo relativamente a esta temática mantido a
mesma numeração – art.º 19.º - Contratos de Construção, sendo este artigo objeto de uma redução
substancial, passando dos seus originais 6 pontos para três. Assim na sua nova redação passou a
constar:

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Artigo 19.º

Contratos de construção

1- A determinação dos resultados de contratos de construção cujo ciclo de produção ou tempo


de execução seja superior a um ano é efetuada segundo o critério da percentagem de
acabamento.

2 - Para efeitos do disposto no número anterior, a percentagem de acabamento no final de


cada período de tributação corresponde à proporção entre os gastos suportados até essa
data e a soma desses gastos com os estimados para a conclusão do contrato.

3 - Não são dedutíveis as perdas esperadas relativas a contratos de construção correspondentes


a gastos ainda não suportados.

4 - [Revogado pelo Decreto-Lei n.º 159/2009, de 13 de Julho]

5 - [Revogado pelo Decreto-Lei n.º 159/2009, de 13 de Julho]

6 - [Revogado pelo Decreto-Lei n.º 159/2009, de 13 de Julho]

Verifica-se terem sido revogados o ponto 4, que fazia referência à forma como calcular o grau
de acabamento de uma obra; o ponto 5 relativo aos custos de obras cujos resultados tenham já
sido apurados; e, o ponto 6 relativo à situações em que deve ser adotado o mesmo critério de
apuramento dos resultados.

Da análise do ponto 1 do renovado artigo, verificamos a sua aplicabilidade quando o ciclo de


produção ou termo de construção seja superior a um ano, denotando desta forma uma diferença de
tratamento entre a contabilidade e a fiscalidade, uma vez que na redação em análise, os contratos
que possuam uma duração inferior a um ano, mas que se executem em dois períodos distintos,
deixam de estar vinculados ao critério da percentagem de acabamento.

Na sequência do adoção das normas contabilísticas por parte das normas fiscais, a aplicabilidade
da determinação do rédito de acordo com a percentagem de faturação (de acordo com a Circular
n.º 5/90) deixa de ter efeito para efeitos fiscais, uma vez que contabilisticamente a mesma deixou
de ter acolhimento.

Da análise do ponto 2 do renovado artigo, verificamos que a determinação da percentagem de


acabamento no final de cada período é calculada através da proporção entre os gastos suportados
até essa data e a soma desses gastos com os estimados para a conclusão da obra. Como vimos
anteriormente em termos contabilísticos o cálculo da percentagem de acabamento pode ser
determinado pelos seguintes critérios:

36
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- Relação dos custos incorridos com os custos totais;

- Levantamento técnico do trabalho executado; e

- Conclusão de uma proporção física do trabalho efetuado.

Nesta questão, não existe total convergência entre o normativo contabilístico e fiscal. Com base no
número 2 do artigo a única forma de cálculo da percentagem de acabamento aceite é a referenciada
na primeira alínea, não sendo aceite fiscalmente os outros dois métodos que assentam em outputs
com caraterísticas mais técnicas. Significa, portanto, que se uma entidade adotar um destes dois
métodos na esfera contabilística, terá sempre de adotar um segundo procedimento para efeitos
fiscais, duplicando, desta forma, o trabalho envolvido (Carrapiço, 2010).

Da análise do ponto 3 do renovado artigo, verificamos que a fiscalidade manteve a sua não
dedutibilidade, ao contrário da contabilidade, das perdas esperadas relativas a contratos de
construção, correspondentes a gastos ainda não suportados mas que em certas situações, poderão
ir para além do valor total do rédito, o que evidencia uma medida não flexível, atendendo à época
de crise que o setor e o país em geral atravessam.

Outro ponto importante que deixou de existir, foi o diferimento de 5 % do rédito para fazer face a
garantias contratuais indiscriminadas, passando no entanto a ser admitida uma dedução fiscal de
provisões para garantias a clientes, ainda que sujeita a alguns limites, decorrendo da aplicabilidade
da alínea b) do n.º 1 do art.º 39.º do CIRC, obtidos da média dos últimos três anos de atividade
da empresa, n.º 5 do art.º 39º do CIRC, provisão essa à imagem do contemplado no normativo
contabilístico.

4.2 Legislação Aplicável – Após Lei n.º 2/2014

Através da Lei n.º 2/2014, de 16 de janeiro, o artigo 19.º CIRC teve nova alteração com efeitos
a partir de 01 de janeiro de 2014, no sentido de se obter uma maior aproximação ao normativo
contabilístico (SNC).

Assim sendo, a nova redação do artigo 19.º do CIRC passou a ser:

37
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Artigo 19.º

Contratos de construção

1- A determinação dos resultados de contratos de construção é efetuada segundo o critério da


percentagem de acabamento. [Redação dada pela Lei n.º 2/2014, de 16 de janeiro]

2 - Para efeitos do disposto no número anterior, a percentagem de acabamento no final de


cada período de tributação corresponde à proporção entre os gastos suportados até essa
data e a soma desses gastos com os estimados para a conclusão do contrato.

3 - Quando, de acordo com a normalização contabilística, o desfecho de um contrato de


construção não possa ser estimado de forma fiável, considera-se que o rédito do contrato
corresponde aos gastos totais do contrato. [Redação dada pela Lei n.º 2/2014, de 16 de
janeiro]

4 - Não são dedutíveis as perdas esperadas relativas a contratos de construção correspondentes


a gastos ainda não suportados. [Anterior n.º 3; Passou a n.º 4 pela Lei n.º 2/2014, de 16 de
janeiro]

5 - [Revogado pelo Decreto-Lei n.º 159/2009, de 13 de Julho]

6 - [Revogado pelo Decreto-Lei n.º 159/2009, de 13 de Julho]

Um dos pontos discordantes nos dois normativos, contabilístico e fiscal, era a imposição do
normativo fiscal da aplicação do critério da percentagem de acabamento aos contratos com
duração superior a um ano, colocando-se a questão de tratamento relativamente aos contratos
com duração inferior a um ano, mas que abrangiam dois períodos consecutivos. A alteração agora
introduzida, satisfaz esta lacuna, determinando em sentido lato que, o critério da percentagem
de acabamento se aplica a todos os contratos de construção, numa clara aproximação às normas
contabilísticas.

Uma outra alteração importante introduzida pelo artigo 19.º foi a contemplação da forma de
cálculo do rédito em casos em que o desfecho da obra não pode-se ser estimado com fiabilidade.
Com a nova redação, o rédito nos contratos de construção em que o desfecho da obra não possa ser
estimado com fiabilidade, corresponde aos gastos totais do contrato, ou seja, numa clara alusão ao
critério do lucro nulo, tal como evidenciado no normativo contabilístico.

Ou seja, para efeitos fiscais o critério regra é o método da percentagem de acabamento, apenas
sendo aceite a aplicação do método do lucro nulo quando tal decorra do normativo contabilístico.

Na ótica contabilística, as perdas esperadas devem ser imediatamente reconhecidas como gasto do
período no momento em que seja provável que os gastos totais do contrato excedam o rédito total
do contrato. Em termos fiscais, o CIRC não aceita essa perda por se tratar de um gasto ainda não
suportado, n.º 4 do art.º 19.º CIRC, o que implicará uma correção fiscal a evidenciar da declaração
Modelo 22, mantendo a posição da redação anterior, em termos fiscais.

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Relativamente às provisões para garantias a clientes, em termos contabilísticos, as mesmas devem


ser reconhecidas pela melhor estimativa possível, enquanto em termos fiscais as mesmas são aceites
de acordo com o artigo 39.º do CIRC, mantendo-se em termos fiscais a posição anteriormente
evidenciada.

4.3 Impostos Diferidos

Segundo a NCRF 25 – Impostos sobre o Rendimento, algumas das questões abordadas anteriormente
consubstanciam diferenças de tratamento entre a contabilidade e a fiscalidade, o que poderão
originar diferenças temporárias, suscetíveis de reconhecimento de ativos ou passivos por impostos
diferidos.

Algumas das operações que poderão estar na origem dessas diferenças são, o período de produção
ou tempo de execução da obra, determinação da fase de acabamento ou do método do grau de
acabamento, as perdas esperadas e as provisões para garantias de clientes.

4.4 Informação Empresarial Simplificada

O quadro 0520-A da IES foi elaborada com base na nota 20 do modelo geral do anexo n.º 6 da
Portaria nº 986/2009, que aprovou os modelos das demonstrações financeiras no contexto do
SNC criado pelo Dec. Lei n.º 158/2009.

Esse quadro é flexível permitindo utilizar tantas colunas quantos os Contratos de Construção
existentes.

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5. EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

5.1 Exercício de Aplicação n.º 1

A construtora “Estradas a Construir, S.A.” celebrou um contrato de construção, pelo valor


de 120.000 euros, prevendo um período de execução de 4 anos. No início do 2.º ano e antes do
respetivo adiantamento, o preço foi revisto, sendo fixado em 150.000 euros (o 2.º adiantamento
contemplou o acerto correspondente à revisão de preço da obra). Para além dos adiantamentos,
as faturas são pagas logo após a sua emissão. Lucro bruto do contrato de 8.400 euros. São, ainda,
conhecidos os elementos constantes do quadro abaixo:

Coeficiente
Anos Custos incorridos Custos estimados Adiantamentos Faturação
Acabamento

1 28.000 112.000 ? 15% 25.000

2 ? 86.700 40% 25% 30.000

3 ? ? 75% - 50.000

4 36.000 - 100% - Remanescente

Pedido: Solicita-se a determinação das incógnitas, o preenchimento do quadro auxiliar e a


relevância contabilística em cada ano do contrato.

Cálculos Auxiliares:

Lucro Contrato = Rédito Contrato – Gastos Contrato

8.400 = 150.000 – X

X = 141.600

Os gastos finais do contrato são de 141.600 euros.

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Ano 1

Valor da Obra = 120.000

Fatura emitida = 25.000

Recebimento Adiantamento = 15 % * 120.000 = 18.000

Cobrança da Fatura = (100 % - 15%) * 25.000 = 21.250

Total Recebimentos = 18.000 + 21.250 = 39.250

Custos Incorridos no Período = 28.000

Custos Incorridos Acumulados (CI) = 28.000

Custos Estimados para Concluir a Obra (CE) = 112.000

Custos Totais (CT) = CI + CE = 28.000 + 112.000 = 140.000

Coeficiente de Acabamento = CI / CT = 28.000 / 140.000 = 20 %

Rédito a Reconhecer Acumulado = 20 % * 120.000 = 24.000

Rédito a Reconhecer no Período = 24.000

Acréscimo de Rédito = 24.000 – 25.000 = - 1.000

Resultado do Período = 24.000 – 28.000 = - 4.000

Perdas Potenciais = (120.000 – 140.000) – (-4.000) = - 16.000

Resultado do Período c/ Provisão = - 4.000 – 16.000 = - 20.000

Resultado Acumulado c/ Provisão = 120.000 – 140.000 = - 20.000

Ano 2

Valor da Obra = 150.000

Fatura emitida = 30.000

Recebimento Adiantamento = 25 % * (150.000 - 120.000) + 15 % (150.000 – 120.000) = 35.750

Cobrança da Fatura = (100 % - 25% - 15%) * 30.000 = 18.000

Total Recebimentos = 35.750 + 18.000 = 53.750

Coeficiente de Acabamento = CI / CT = 40 %

Custos Estimados para Concluir a Obra (CE) = 86.700

Custos Incorridos Acumulados (CI) = 57.800

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40 % = CI / CT

(=) 40 % = CI / (CI + CE)

(=) 40 % = CI / (CI + 86.700)

(=) 40 % CI + 34.680 = CI

(=) CI = 57.800

Custos Incorridos no Período = 57.800 – 28.000 = 29.800

Custos Totais (CT) = CI + CE = 57.800 + 86.700 = 144.500

Rédito a Reconhecer Acumulado = 40 % * 150.000 = 60.000

Rédito a Reconhecer no Período = 60.000 - 24.000 = 36.000

Acréscimo de Rédito = 36.000 – 30.000 = 6.000

Resultado do Período = 36.000 – 29.800 = 6.200

Resultado Acumulado = - 4.000 + 6.200 = 2.200

Perdas Potenciais = (150.000 – 144.500) = Não há necessidade de Reconhecimento, logo Reversão


de Perdas Potenciais na Totalidade

Resultado do Período c/ Provisão = 6.200 + 16.000 = 22.200

Resultado Acumulado c/ Provisão = 22.200 – 20.000 = 2.200

Ano 3

Valor da Obra = 150.000

Fatura emitida = 50.000

Recebimento Adiantamento = 0

Cobrança da Fatura = (100 % - 25% - 15%) * 50.000 = 30.000

Total Recebimentos = 30.000

Coeficiente de Acabamento = CI / CT = 75 %

CI totais da Obra = 141.600 = CI Ano 1 + CI Ano 2 + CI Ano 3 + CI Ano 4

(=) 141.600 = 28.000 + 29.800 + CI Ano 3 + 36.000

(=) CI Ano 3 = 47.800

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Custos Incorridos no Período = 47.800

Custos Incorridos Acumulados (CI) = 28.000 + 29.800 + 47.800 = 105.600

75 % = CI / CT

(=) 75 % = CI / (CI + CE)

(=) 75 % = 105.600 / (105.600 + CE)

(=) CE = 35.200

Custos Estimados para Concluir a Obra (CE) = 35.200

Custos Totais (CT) = CI + CE = 105.600 + 35.200 = 140.800

Rédito a Reconhecer Acumulado = 75 % * 150.000 = 112.500

Rédito a Reconhecer no Período = 112.500 - 60.000 = 52.500

Acréscimo de Rédito = 52.500 – 50.000 = 2.500

Resultado do Período = 52.500 – 47.800 = 4.700

Resultado Acumulado = 4.700 + 2.200 = 6.900

Ano 4

Valor da Obra = 150.000

Fatura emitida = 150.000 – 25.000 – 30.000 – 50.000 = 45.000

Cobrança da Fatura = (100 % - 25% - 15%) * 45.000 = 27.000

Total Recebimentos = 27.000

Coeficiente de Acabamento = CI / CT = 100 %

Custos Incorridos no Período = 36.000

Custos Incorridos Acumulados (CI) = 141.600

Custos Estimados para Concluir a Obra (CE) = 0

Custos Totais (CT) = CI + CE = 141.600

Rédito a Reconhecer Acumulado = 100 % * 150.000 = 150.000

Rédito a Reconhecer no Período = 150.000 – 112.500 = 37.500

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Acréscimo de Rédito = 37.500 – 45.000 = - 7.500

Resultado do Período = 37.500 – 36.000 = 1.500

Resultado Acumulado = 6.900 + 1.500 = 8.400

NCRF 19 Euros
Quadro prático
Descritivo Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Total

1. Valor da obra 120.000 150.000 150.000 150.000 150.000

2. Recebimentos 39.250 53.750 30.000 27.000 150.000

2.1. Adiantamentos 18.000 35.750 0 0 53.750

2.2. Cobrança de faturas 21.250 18.000 30.000 27.000 96.250

3. Faturação emitida 25.000 30.000 50.000 45.000 150.000

4. Custos incorridos no período 28.000 29.800 47.800 36.000 141.600

5. Custos incorridos acumulados (Ci) 28.000 57.800 105.600 141.600 141.600

6. Custos estimados
112.000 86.700 35.200 0 0
para concluir a obra (Ce)

7. Custos Totais (Ci + Ce) 140.000 144.500 140.800 141.600 141.600

8. Coeficiente
20% 40% 75% 100%
de Acabamento ( % ) ( 5 /7)
9. Réditos a reconhecer (8) x (1)
24.000 60.000 112.500 150.000 150.000
Total - Acumulado

10. Do período 24.000 36.000 52.500 37.500

11.Acréscimo de rédito ( 9 ) - ( 3 ) -1.000 6.000 2.500 -7.500

Resultado do período -4.000 6.200 4.700 1.500

Resultado acumulado -4.000 2.200 6.900 8.400

Provisão para perdas esperadas -16.000 0 0 0

Reposição prov. perdas esperadas 0 16.000 0 0

Resultado Período c/ provisão -20.000 22.200 4.700 1.500

Resultado Acumulado c/ provisão -20.000 2.200 6.900 8.400

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Contabilização:

Ano 1:

Reconhecimento dos Gastos Incorridos

Débito: 6xx Gastos P/ Natureza 28.000

Crédito: 221 Forn / 12x Depósitos 28.000

Reconhecimento do Adiantamento

Débito: 121 Dep. Ordem 18.000

Crédito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 18.000

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 25.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 25.000

Recebimento Parte da Fatura Emitida

Débito: 121 Dep. Ordem 21.250

Crédito: 211 Clientes C/C 21.250

Regularização Parte do Adiantamento (25.000 – 21.250)

Débito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 3.750

Crédito: 211 Clientes C/C 3.750

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Diferimento do Rédito

Débito: 721 Prestação de Serviços 1.000

Crédito: 282 Rendimentos a Reconhecer 1.000

Reconhecimento da Provisão

Débito: 676 Gastos c/ Provisão 16.000

Crédito: 296 Provisão Contratos Onerosos 16.000

Ano 2

Reconhecimento dos Gastos Incorridos

Débito: 6xx Gastos P/ Natureza 29.800

Crédito: 221 Forn / 12x Depósitos 29.800

Reconhecimento do Adiantamento

Débito: 121 Dep. Ordem 35.750

Crédito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 35.750

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 30.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 30.000

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Recebimento Parte da Fatura Emitida

Débito: 121 Dep. Ordem 18.000

Crédito: 211 Clientes C/C 18.000

Regularização Parte do Adiantamento (30.000 – 18.000)

Débito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 12.000

Crédito: 211 Clientes C/C 12.000

Reconhecimento do Rédito

Débito: 2721 Dev. Acresc. Rendimentos 5.000

Débito: 282 Rendimentos a Reconhecer 1.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 6.000

Reversão da Provisão

Débito: 296 Provisão Contratos Onerosos 16.000

Crédito: 7636 Reversão Contratos Onerosos 16.000

Ano 3

Reconhecimento dos Gastos Incorridos

Débito: 6xx Gastos P/ Natureza 47.800

Crédito: 221 Forn / 12x Depósitos 47.800

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Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 50.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 50.000

Recebimento de Parte da Fatura Emitida

Débito: 121 Dep. Ordem 30.000

Crédito: 211 Clientes C/C 30.000

Regularização Parte do Adiantamento (50.000 – 30.000)

Débito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 20.000

Crédito: 211 Clientes C/C 20.000

Reconhecimento do Rédito

Débito: 2721 Dev. Acresc. Rendimentos 2.500

Crédito: 721 Prestação de Serviços 2.500

Ano 4

Reconhecimento dos Gastos Incorridos

Débito: 6xx Gastos P/ Natureza 36.000

Crédito: 221 Forn / 12x Depósitos 36.000

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Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 45.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 45.000

Recebimento de Parte da Fatura Emitida

Débito: 121 Dep. Ordem 27.000

Crédito: 211 Clientes C/C 27.000

Regularização Parte do Adiantamento (45.000 – 27.000)

Débito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 18.000

Crédito: 211 Clientes C/C 18.000

Reconhecimento do Rédito

Débito: 721 Prestação de Serviços 7.500

Crédito: 2721 Dev. Acresc. Rendimentos 7.500

5.2 Exercício de Aplicação n.º 2

A construtora “Vamos dar a Volta, S.A.” celebrou um contrato de construção, pelo valor de 240.000
euros, prevendo um período de execução de 4 anos. No início do 2.º ano e antes do respetivo
adiantamento, o preço foi revisto, sendo fixado em 288.000 euros (o 2.º adiantamento contemplou
o acerto correspondente à revisão de preço da obra). Para além dos adiantamentos, as faturas são
pagas logo após a sua emissão. Lucro bruto do contrato de 9.600 euros. São, ainda, conhecidos os
elementos constantes do quadro abaixo:

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Coeficiente
Anos Custos incorridos Custos estimados Adiantamentos Faturação
Acabamento

1 ? 247.500 10% 10% 24.000

2 ? 180.000 ? 30% 88.000

3 70.000 ? 80% - 60.000

4 88.400 - 100% - Remanescente

Pedido: Solicita-se a determinação das incógnitas, o preenchimento do quadro auxiliar e a


relevância contabilística em cada ano do contrato.

Cálculos Auxiliares:

Lucro Contrato = Rédito Contrato – Gastos Contrato

9.600 = 288.000 – X

X = 278.400

Os gastos finais do contrato são de 278.400 euros.

Ano 1

Valor da Obra = 240.000

Fatura emitida = 24.000

Recebimento Adiantamento = 10 % * 240.000 = 24.000

Cobrança da Fatura = (100 % - 10%) * 24.000 = 21.600

Total Recebimentos = 24.000 + 21.600 = 45.600

Coeficiente de Acabamento = CI / CT = 10 %

Custos Estimados para Concluir a Obra (CE) = 247.500

10 % = CI / CT

(=) 10 % = CI / (CI + CE)

51
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

(=) 10 % = CI / (CI + 247.500)

(=) 10 % CI + 24.750 = CI

(=) CI = 27.500

Custos Incorridos Acumulados (CI) = 27.500

Custos Incorridos no Período = 27.500

Custos Totais (CT) = CI + CE = 27.500 + 247.750 = 275.000

Rédito a Reconhecer Acumulado = 10 % * 240.000 = 24.000

Rédito a Reconhecer no Período = 24.000

Acréscimo de Rédito = 24.000 – 24.000 = 0, não existe acréscimo ou diferimento de rédito

Resultado do Período = 24.000 – 27.500 = - 3.500

Perdas Potenciais = (240.000 – 275.000) – (-3.500) = - 31.500

Resultado do Período c/ Provisão = - 3.500 – 31.500 = - 35.000

Resultado Acumulado c/ Provisão = 240.000 – 275.000 = - 35.000

Ano 2

Valor da Obra = 288.000

Fatura emitida = 88.000

Recebimento Adiantamento = 30 % * (288.000 - 24.000) + 10 % (288.000 – 240.000) = 84.000

Cobrança da Fatura = (100 % - 30% - 10%) * 88.000 = 52.800

Total Recebimentos = 84.000 + 52.800 = 136.800

Custos Estimados para Concluir a Obra (CE) = 180.000

CI totais da Obra = 278.400 = CI Ano 1 + CI Ano 2 + CI Ano 3 + CI Ano 4

(=) 278.400 = 27.500 + CI Ano 2 + 70.000 + 88.400

(=) CI Ano 2 = 92.500

Custos Incorridos no Período = 92.500

Custos Incorridos Acumulados (CI) = 27.500 + 92.500 = 120.000

Custos Estimados para Concluir a Obra (CE) = 180.000

Custos Totais (CT) = CI + CE = 120.000 + 180.000 = 300.000

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Coeficiente de Acabamento = CI / CT = 120.000 / (120.000 + 180.000) = 40 %

Rédito a Reconhecer Acumulado = 40 % * 288.000 = 115.200

Rédito a Reconhecer no Período = 115.200 – 24.000 = 91.200

Acréscimo de Rédito = 91.200 – 88.000 = 3.200

Resultado do Período = 91.200 – 92.500 = - 1.300

Resultado Acumulado = - 1.300 -3.500 = - 4.800

Resultado Previsional da Obra = 288.000 – 300.000 = - 12.000

Perdas Potenciais = - 12.000 + 35.000 + 1.300 = 24.300, Reversão de Perdas Potenciais em Parte

Resultado do Período c/ Provisão = - 1.300 + 24.300 = 23.000

Resultado Acumulado c/ Provisão = - 35.000 + 23.000 = - 12.000

Ano 3

Valor da Obra = 288.000

Fatura emitida = 60.000

Recebimento Adiantamento = 0

Cobrança da Fatura = (100 % - 30% - 10%) * 60.000 = 36.000

Total Recebimentos = 36.000

Coeficiente de Acabamento = CI / CT = 80 %

Custos Incorridos Acumulados (CI) = 27.500 + 92.500 + 70.000 = 190.000

80 % = CI / CT

(=) 80 % = CI / (CI + CE)

(=) 80 % = 190.000 / (190.000 + CE)

(=) CE = 47.500

Custos Estimados para Concluir a Obra (CE) = 47.500

Custos Totais (CT) = CI + CE = 190.000 + 47.500 = 237.500

Rédito a Reconhecer Acumulado = 80 % * 288.000 = 230.400

Rédito a Reconhecer no Período = 230.400 – 115.200 = 115.200

Acréscimo de Rédito = 115.200 – 60.000 = 55.200

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Resultado do Período = 115.200 – 70.000 = 45.200

Resultado Acumulado = 45.200 – 4.800 = 40.400

Resultado Previsional da Obra = 288.000 – 237.500 = 50.500, logo deixa de existir a necessidade
de Provisão, e efetua-se a reversão do remanescente no montante de 7.200.

Resultado do Período c/ Provisão = 45.200 + 7.200 = 52.400

Resultado Acumulado c/ Provisão = - 12.000 + 52.400 = 40.400

Ano 4

Valor da Obra = 288.000

Fatura emitida = 288.000 – 24.000 – 88.000 – 60.000 = 116.000

Cobrança da Fatura = (100 % - 25% - 15%) * 116.000 = 69.600

Total Recebimentos = 69.600

Coeficiente de Acabamento = CI / CT = 100 %

Custos Incorridos no Período = 88.400

Custos Incorridos Acumulados (CI) = 278.400

Custos Estimados para Concluir a Obra (CE) = 0

Custos Totais (CT) = CI + CE = 278.400

Rédito a Reconhecer Acumulado = 100 % * 288.000 = 288.000

Rédito a Reconhecer no Período = 288.000 – 230.400 = 57.600

Acréscimo de Rédito = 57.600 – 116.000 = - 58.400

Resultado do Período = 57.600 – 88.400 = - 30.800

Resultado Acumulado = - 30.800 + 40.400 = 9.600

54
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

NCRF 19 Euros
Quadro prático

Descritivo Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Total

1. Valor da obra 240.000 288.000 288.000 288.000 288.000

2. Recebimentos 45.600 136.800 36.000 69.600 288.000

2.1. Adiantamentos 24.000 84.000 0 0 108.000

2.2. Cobrança de faturas 21.600 52.800 36.000 69.600 180.000

3. Faturação emitida 24.000 88.000 60.000 116.000 288.000

4. Custos incorridos no período 27.500 92.500 70.000 88.400 278.400

5. Custos incorridos acumulados (Ci) 27.500 120.000 190.000 278.400 278.400

6. Custos estimados para concluir a obra (Ce) 247.500 180.000 47.500 0 0

7. Custos Totais (Ci + Ce) 275.000 300.000 237.500 278.400 278.400

8. Coeficiente de
10% 40% 80% 100%
Acabamento ( % ) ( 5 /7)
9. Réditos a reconhecer (8) x (1)
24.000 115.200 230.400 288.000 288.000
Total - Acumulado

10. Do período 24.000 91.200 115.200 57.600

11.Acréscimo de rédito ( 9 ) - ( 3 ) 0 3.200 55.200 -58.400

Resultado do período -3.500 -1.300 45.200 -30.800

Resultado acumulado -3.500 -4.800 40.400 9.600

Provisão para perdas esperadas -31.500 0 0 0

Reposição prov. perdas esperadas 0 24.300 7.200 0

Resultado Período c/ provisão -35.000 23.000 52.400 -30.800

Resultado Acumulado c/ provisão -35.000 -12.000 40.400 9.600

55
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Contabilização:

Ano 1

Reconhecimento dos Gastos Incorridos

Débito: 6xx Gastos P/ Natureza 27.500

Crédito: 221 Forn / 12x Depósitos 27.500

Reconhecimento do Adiantamento

Débito: 121 Dep. Ordem 24.000

Crédito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 24.000

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 24.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 24.000

Recebimento Parte da Fatura Emitida

Débito: 121 Dep. Ordem 21.600

Crédito: 211 Clientes C/C 21.600

Regularização Parte do Adiantamento (24.000 – 21.600)

Débito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 2.400

Crédito: 211 Clientes C/C 2.400

56
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Reconhecimento da Provisão

Débito: 676 Gastos c/ Provisão 31.500

Crédito: 296 Provisão Contratos Onerosos 31.500

Ano 2

Reconhecimento dos Gastos Incorridos

Débito: 6xx Gastos P/ Natureza 92.500

Crédito: 221 Forn / 12x Depósitos 92.500

Reconhecimento do Adiantamento

Débito: 121 Dep. Ordem 84.000

Crédito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 84.000

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 88.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 88.000

Recebimento Parte da Fatura Emitida

Débito: 121 Dep. Ordem 52.800

Crédito: 211 Clientes C/C 52.800

Regularização Parte do Adiantamento (88.000 – 52.800)

57
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Débito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 35.200

Crédito: 211 Clientes C/C 35.200

Reconhecimento do Rédito

Débito: 2721 Dev. Acresc. Rendimentos 3.200

Crédito: 721 Prestação de Serviços 3.200

Reversão da Provisão

Débito: 296 Provisão Contratos Onerosos 24.300

Crédito: 7636 Reversão Contratos Onerosos 24.300

Ano 3

Reconhecimento dos Gastos Incorridos

Débito: 6xx Gastos P/ Natureza 70.000

Crédito: 221 Forn / 12x Depósitos 70.000

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 60.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 60.000

58
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Recebimento de Parte da Fatura Emitida

Débito: 121 Dep. Ordem 36.000

Crédito: 211 Clientes C/C 36.000

Regularização Parte do Adiantamento (60.000 – 36.000)

Débito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 24.000

Crédito: 211 Clientes C/C 24.000

Reconhecimento do Rédito

Débito: 2721 Dev. Acresc. Rendimentos 55.200

Crédito: 721 Prestação de Serviços 55.200

Reversão da Provisão

Débito: 296 Provisão Contratos Onerosos 7.200

Crédito: 7636 Reversão Contratos Onerosos 7.200

Ano 4

Reconhecimento dos Gastos Incorridos

Débito: 6xx Gastos P/ Natureza 88.400

Crédito: 221 Forn / 12x Depósitos 88.400

59
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 116.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 116.000

Recebimento de Parte da Fatura Emitida

Débito: 121 Dep. Ordem 69.600

Crédito: 211 Clientes C/C 69.600

Regularização Parte do Adiantamento (116.400 – 69.600)

Débito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 46.400

Crédito: 211 Clientes C/C 46.400

Reconhecimento do Rédito

Débito: 721 Prestação de Serviços 58.400

Crédito: 2721 Dev. Acresc. Rendimentos 58.400

5.3 Exercício de Aplicação n.º 3

A construtora “Alto da Serra, S.A.” celebrou um contrato de construção, pelo valor de 480.000
euros, prevendo um período de execução de 4 anos. No início do 2.º ano e antes do respetivo
adiantamento, o preço foi revisto, sendo fixado em 576.000 euros (o 2.º adiantamento contemplou
o acerto correspondente à revisão de preço da obra). Para além dos adiantamentos, as faturas são
pagas logo após a sua emissão. Lucro bruto do contrato de 19.200 euros. São, ainda, conhecidos os
elementos constantes do quadro abaixo:

60
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Anos Custos incorridos Custos estimados Coefic. Acabam. Adiantamentos Faturação

1 ? 495.000 10% 10% 48.000

2 ? 360.000 ? 30% 176.000

3 140.000 ? 80% - 120.000

4 176.800 - 100% - Remanescente

Pedido: Solicita-se a determinação das incógnitas, o preenchimento do quadro auxiliar e a


relevância contabilística em cada ano do contrato.

Cálculos Auxiliares:

Lucro Contrato = Rédito Contrato – Gastos Contrato

19.200 = 576.000 – X

X = 556.800

Os gastos finais do contrato são de 556.800 euros.

Ano 1

Valor da Obra = 480.000

Fatura emitida = 48.000

Recebimento Adiantamento = 10 % * 480.000 = 48.000

Cobrança da Fatura = (100 % - 10%) * 48.000 = 43.200

Total Recebimentos = 48.000 + 43.200 = 91.200

Coeficiente de Acabamento = CI / CT = 10 %

Custos Estimados para Concluir a Obra (CE) = 495.000

10 % = CI / CT

(=) 10 % = CI / (CI + CE)

(=) 10 % = CI / (CI + 495.000)

(=) 10 % CI + 49.500 = CI

61
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

(=) CI = 55.000

Custos Incorridos Acumulados (CI) = 55.000

Custos Incorridos no Período = 55.000

Custos Totais (CT) = CI + CE = 55.000 + 495.000 = 550.000

Rédito a Reconhecer Acumulado = 10 % * 480.000 = 48.000

Rédito a Reconhecer no Período = 48.000

Acréscimo de Rédito = 48.000 – 48.000 = 0, não existe acréscimo ou diferimento de rédito

Resultado do Período = 48.000 – 55.000 = - 7.000

Perdas Potenciais = (480.000 – 550.000) – (-7.000) = - 63.000

Resultado do Período c/ Provisão = - 7.000 – 63.000 = - 70.000

Resultado Acumulado c/ Provisão = 480.000 – 550.000 = - 70.000

Ano 2

Valor da Obra = 576.000

Fatura emitida = 176.000

Recebimento Adiantamento = 30 % * (576.000 - 48.000) + 10 % (576.000 – 480.000) = 168.000

Cobrança da Fatura = (100 % - 30% - 10%) * 176.000 = 105.600

Total Recebimentos = 168.000 + 105.600 = 273.600

Custos Estimados para Concluir a Obra (CE) = 360.000

CI totais da Obra = 556.800 = CI Ano 1 + CI Ano 2 + CI Ano 3 + CI Ano 4

(=) 556.800 = 55.000 + CI Ano 2 + 140.000 + 176.800

(=) CI Ano 2 = 185.000

Custos Incorridos no Período = 185.000

Custos Incorridos Acumulados (CI) = 55.000 + 185.000 = 240.000

Custos Estimados para Concluir a Obra (CE) = 360.000

Custos Totais (CT) = CI + CE = 240.000 + 360.000 = 600.000

Coeficiente de Acabamento = CI / CT = 240.000 / (240.000 + 360.000) = 40 %

Rédito a Reconhecer Acumulado = 40 % * 576.000 = 230.400

62
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Rédito a Reconhecer no Período = 230.400 – 48.000 = 182.400

Acréscimo de Rédito = 182.400 – 176.000 = 6.400

Resultado do Período = 182.400 – 185.000 = - 2.600

Resultado Acumulado = - 2.600 -7.000 = - 9.600

Resultado Previsional da Obra = 576.000 – 600.000 = - 24.000

Perdas Potenciais = - 24.000 + 70.000 + 2.600 = 48.600, Reversão de Perdas Potenciais em Parte

Resultado do Período c/ Provisão = - 2.600 + 48.600 = 46.000

Resultado Acumulado c/ Provisão = - 70.000 + 46.000 = - 24.000

Ano 3

Valor da Obra = 576.000

Fatura emitida = 120.000

Recebimento Adiantamento = 0

Cobrança da Fatura = (100 % - 30% - 10%) * 120.000 = 72.000

Total Recebimentos = 72.000

Coeficiente de Acabamento = CI / CT = 80 %

Custos Incorridos Acumulados (CI) = 55.000 + 185.000 + 140.000 = 380.000

80 % = CI / CT

(=) 80 % = CI / (CI + CE)

(=) 80 % = 380.000 / (380.000 + CE)

(=) CE = 95.000

Custos Estimados para Concluir a Obra (CE) = 95.000

Custos Totais (CT) = CI + CE = 380.000 + 95.000 = 475.000

Rédito a Reconhecer Acumulado = 80 % * 576.000 = 460.800

Rédito a Reconhecer no Período = 460.800 – 230.400 = 230.400

Acréscimo de Rédito = 230.400 – 120.000 = 110.400

Resultado do Período = 230.400 – 140.000 = 90.400

63
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Resultado Acumulado = 90.400 – 9.600 = 80.800

Resultado Previsional da Obra = 576.000 – 475.000 = 101.000, logo deixa de existir a necessidade
de Provisão, e efetua-se a reversão do remanescente no montante de 14.400.

Resultado do Período c/ Provisão = 90.400 + 14.400 = 104.800

Resultado Acumulado c/ Provisão = - 24.000 + 104.800 = 80.800

Ano 4

Valor da Obra = 576.000

Fatura emitida = 576.000 – 48.000 – 176.000 – 120.000 = 232.000

Cobrança da Fatura = (100 % - 25% - 15%) * 232.000 = 139.200

Total Recebimentos = 139.200

Coeficiente de Acabamento = CI / CT = 100 %

Custos Incorridos no Período = 176.800

Custos Incorridos Acumulados (CI) = 556.800

Custos Estimados para Concluir a Obra (CE) = 0

Custos Totais (CT) = CI + CE = 556.800

Rédito a Reconhecer Acumulado = 100 % * 576.000 = 576.000

Rédito a Reconhecer no Período = 576.000 – 460.800 = 115.200

Acréscimo de Rédito = 115.200 – 232.000 = - 116.800

Resultado do Período = 115.200 – 176.800 = - 61.600

Resultado Acumulado = - 61.600 + 80.800 = 19.200

64
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NCRF 19 Euros
Quadro prático
Descritivo Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Total

1. Valor da obra 480.000 576.000 576.000 576.000 576.000

2. Recebimentos 91.200 273.600 72.000 139.200 576.000

2.1. Adiantamentos 48.000 168.000 0 0 216.000

2.2. Cobrança de faturas 43.200 105.600 72.000 139.200 360.000

3. Faturação emitida 48.000 176.000 120.000 232.000 576.000

4. Custos incorridos no período 55.000 185.000 140.000 176.800 556.800

5. Custos incorridos acumulados 55.000 240.000 380.000 556.800 556.800

(Ci)

6. Custos estimados para 495.000 360.000 95.000 0 0

concluir a obra (Ce)

7. Custos Totais (Ci + Ce) 550.000 600.000 475.000 556.800 556.800

8. Coeficiente de 10% 40% 80% 100%

Acabamento ( % ) ( 5 /7)

9. Réditos a reconhecer (8) x (1) 48.000 230.400 460.800 576.000 576.000

Total - Acumulado

10. Do período 48.000 182.400 230.400 115.200

11.Acréscimo de rédito ( 9 ) - ( 3 ) 0 6.400 110.400 -116.800

Resultado do período -7.000 -2.600 90.400 -61.600

Resultado acumulado -7.000 -9.600 80.800 19.200

Provisão para perdas esperadas -63.000 0 0 0

Reposição prov. perdas esperadas 0 48.600 14.400 0

Resultado Período c/ provisão -70.000 46.000 104.800 -61.600

Resultado Acumulado c/ provisão -70.000 -24.000 80.800 19.200

65
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Contabilização:

Ano 1

Reconhecimento dos Gastos Incorridos

Débito: 6xx Gastos P/ Natureza 55.000

Crédito: 221 Forn / 12x Depósitos 55.000

Reconhecimento do Adiantamento

Débito: 121 Dep. Ordem 48.000

Crédito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 48.000

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 48.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 48.000

Recebimento Parte da Fatura Emitida

Débito: 121 Dep. Ordem 43.200

Crédito: 211 Clientes C/C 43.200

Regularização Parte do Adiantamento (48.000 – 43.200)

Débito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 4.800

Crédito: 211 Clientes C/C 4.800

66
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Reconhecimento da Provisão

Débito: 676 Gastos c/ Provisão 63.000

Crédito: 296 Provisão Contratos Onerosos 63.000

Ano 2

Reconhecimento dos Gastos Incorridos

Débito: 6xx Gastos P/ Natureza 185.000

Crédito: 221 Forn / 12x Depósitos 185.000

Reconhecimento do Adiantamento

Débito: 121 Dep. Ordem 168.000

Crédito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 168.000

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 176.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 176.000

Recebimento Parte da Fatura Emitida

Débito: 121 Dep. Ordem 105.600

Crédito: 211 Clientes C/C 105.600

67
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Regularização Parte do Adiantamento (176.000 – 105.600)

Débito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 70.400

Crédito: 211 Clientes C/C 70.400

Reconhecimento do Rédito

Débito: 2721 Dev. Acresc. Rendimentos 6.400

Crédito: 721 Prestação de Serviços 6.400

Reversão da Provisão

Débito: 296 Provisão Contratos Onerosos 48.600

Crédito: 7636 Reversão Contratos Onerosos 48.600

Ano 3

Reconhecimento dos Gastos Incorridos

Débito: 6xx Gastos P/ Natureza 140.000

Crédito: 221 Forn / 12x Depósitos 140.000

Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 120.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 120.000

68
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Recebimento de Parte da Fatura Emitida

Débito: 121 Dep. Ordem 72.000

Crédito: 211 Clientes C/C 72.000

Regularização Parte do Adiantamento (120.000 – 72.000)

Débito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 48.000

Crédito: 211 Clientes C/C 48.000

Reconhecimento do Rédito

Débito: 2721 Dev. Acresc. Rendimentos 110.400

Crédito: 721 Prestação de Serviços 110.400

Reversão da Provisão

Débito: 296 Provisão Contratos Onerosos 14.400

Crédito: 7636 Reversão Contratos Onerosos 14.400

Ano 4

Reconhecimento dos Gastos Incorridos

Débito: 6xx Gastos P/ Natureza 176.800

Crédito: 221 Forn / 12x Depósitos 176.800

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Fatura Emitida

Débito: 211 Clientes C/C 232.000

Crédito: 721 Prestação de Serviços 232.000

Recebimento de Parte da Fatura Emitida

Débito: 121 Dep. Ordem 139.200

Crédito: 211 Clientes C/C 139.200

Regularização Parte do Adiantamento (232.000 – 139.200)

Débito: 276 Adiantamento por Conta Vendas 92.800

Crédito: 211 Clientes C/C 92.800

Reconhecimento do Rédito

Débito: 721 Prestação de Serviços 116.800

Crédito: 2721 Dev. Acresc. Rendimentos 116.800

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BIBLIOGRAFIA

Almeida, Rui; e Outros (2009); SNC Explicado – ATF Edições Técnicas.

Borges, António e outros (2007); As Novas Demonstrações Financeiras – Áreas Editora.

Borges, António e outros (2009); SNC Sistemas de Normalização Contabilística Casos Práticos – Áreas
Editora.

Campos, Carla (2015); Dicotomia contabilística e fiscal dos contratos de construção – Revista
OTOC, 183: 58-61.

Carrapiço, J. (2010); Contratos de Construção – Revista da OTOC, 129: 45-46.

Cascais, Domingos e Farinha, José Pedro (2010); SNC e as PME Casos Práticos – Texto Gestão.

Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas - CIRC.

Imprensa Nacional Casa da Moeda:

Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho, que aprova o Sistema de Normalização Contabilística.

Portaria n.º 986/2009, de 7 de Setembro , que publica os modelos de demonstrações financeiras.

Portaria n.º 1011/2009, de 9 de Setembro, que publica o Código de Contas.

Aviso n.º 15652/2009, de 7 de Setembro, que homologa a Estrutura Conceptual do Sistema de


Normalização Contabilística.

Lei n.º 2/2014, de 16 de janeiro

Rodrigues, João (2009); Sistema de Normalização Contabilística Explicado, Porto Editora.

Rodrigues, José Miguel (2009); SNC Sistema de Normalização Contabilística 2ª Edição, Áreas Editora.

Silva, Eduardo e Martins, Carlos Quelhas (2012); Classe 3 – Inventários, Abordagem contabilística,
fiscal e auditoria – Vida Económica.

Silva, Eusébio e outros (2010); Contabilidade Financeira Casos Práticos, Rei dos Livros.

Sousa, Benjamim (2015); Contratos de Construção - Tratamento Contabilístico e Fiscal – Caso Real,
Trabalho realizado para obtenção de Título de Especialista em Contabilidade - IPP

Vida Económica (2009); SNC 2010 – Sistema de Normalização Contabilística.

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Anexos
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ANEXO 1

NCRF 19 – CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO

Norma contabilística e de relato financeiro 19

Contratos de Construção

A Norma Contabilística e de Relato Financeiro 19 – Contratos de Construção tem por base a Norma
Internacional de Contabilidade IAS 11 — Contratos de Construção, adotada pelo texto original do
Regulamento (CE) n.º 1126/2008 da Comissão, de 3 de Novembro.

Objetivo

(parágrafo 1)

1 — O objetivo desta Norma Contabilística e de Relato Financeiro é o de prescrever o tratamento


contabilístico de réditos e custos associados a contratos de construção. Por força da natureza da
atividade subjacente aos contratos de construção, a data em que a atividade do contrato é iniciada e
a data em que a atividade é concluída caem geralmente em períodos contabilísticos diferentes. Por
isso, o assunto primordial na contabilização dos contratos de construção é a imputação do rédito do
contrato e dos custos do contrato aos períodos contabilísticos em que o trabalho de construção seja
executado. Esta Norma usa os critérios de reconhecimento estabelecidos na Estrutura Conceptual
para determinar quando os réditos do contrato e os custos do contrato devam ser reconhecidos
como réditos e gastos na demonstração dos resultados. Também proporciona indicação prática
sobre a aplicação destes critérios.

Âmbito

(parágrafo 2)

2 – Esta Norma deve ser aplicada na contabilização dos contratos de construção nas demonstrações
financeiras das entidades contratadas.

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Definições

(parágrafos 3 a 6)

3 – Os termos que se seguem são usados nesta Norma com os significados especificados:

Contrato de construção: é um contrato especificamente negociado para a construção de um ativo


ou de uma combinação de ativos que estejam intimamente inter-relacionados ou interdependentes
em termos da sua conceção, tecnologia e função ou do seu propósito ou uso final.

Contrato de «cost plus»: é um contrato de construção em que a entidade contratada é reembolsada


por custos permitidos ou de outra forma definidos mais uma percentagem destes custos ou uma
remuneração fixada.

Contrato de preço fixado: é um contrato de construção em que a entidade contratada concorda


com um preço fixado ou com uma taxa fixada por unidade de «output» que, nalguns casos, está
sujeito a cláusulas de custos escalonados.

4 – Um contrato de construção pode ser negociado para a construção de um ativo único tal como
uma ponte, um edifício, uma barragem, um oleoduto, uma estrada, um navio ou um túnel. Um
contrato de construção pode também tratar da construção de um número de ativos que estejam
intimamente inter-relacionados ou interdependentes em termos da sua conceção, tecnologia e
função ou do seu propósito ou uso final; entre os exemplos de tais contratos incluem -se os da
construção de refinarias e de outras partes complexas de fábricas ou de equipamentos.

5 – Para os fins desta Norma, os contratos de construção incluem:

(a) Contratos para a prestação de serviços que estejam diretamente relacionados com a construção
do ativo, por exemplo, os relativos a serviços de gestores de projeto e arquitetos; e

(b) Contratos para a destruição ou restauração de ativos e a restauração do ambiente após a


demolição de ativos.

6 – Os contratos de construção são formulados de várias maneiras mas, para os fins desta Norma,
são classificados como contratos de preço fixado e contratos de «cost plus». Alguns contratos
de construção podem conter características quer de um contrato de preço fixado quer de um
contrato de «cost plus» com um preço máximo acordado. Em tais circunstâncias, uma entidade
contratada necessita considerar todas as condições dos parágrafos 23 e 24 a fim de determinar
quando reconhecer réditos e gastos do contrato.

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Combinação e Segmentação de Contratos de Construção

(parágrafos 7 a 10)

7 – Os requisitos desta Norma são usualmente aplicados separadamente a cada contrato de


construção. Porém, em certas circunstâncias, é necessário aplicar a Norma a componentes
separadamente identificáveis de um único contrato ou conjuntamente a um grupo de contratos
afim de refletir a substância de um contrato ou de um grupo de contratos.

8 – Quando um contrato cobrir vários ativos, a construção de cada ativo deve ser tratada como um
contrato de construção separado quando:

(a) Propostas separadas tenham sido submetidas para cada ativo;

(b) Cada ativo tenha sido sujeito a negociação separada e a entidade contratada e o cliente tenham
estado em condições de aceitar ou rejeitar a parte do contrato relacionada com cada ativo; e

(c) Os custos e réditos de cada ativo possam ser identificados.

9 – Um grupo de contratos, quer com um único cliente ou com vários clientes, deve ser tratado
como um contrato de construção único quando:

(a) O grupo de contratos seja negociado como um pacote único;

(b) Os contratos estejam tão intimamente inter-relacionados que sejam, com efeito, parte de um
projeto único com uma margem de lucro global; e

(c) Os contratos sejam executados simultaneamente ou numa sequência contínua.

10 – Um contrato pode proporcionar a construção de um ativo adicional por opção do cliente ou


pode ser alterado para incluir a construção de um ativo adicional. A construção do ativo adicional
deve ser tratada como um contrato de construção separado quando:

(a) O ativo difira significativamente na conceção, tecnologia ou função do ativo ou ativos cobertos
pelo contrato original; ou

(b) O preço do ativo seja negociado sem atenção ao preço original do contrato.

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Rédito do Contrato

(parágrafos 11 a 15)

11 – O rédito do contrato deve compreender:

(a) A quantia inicial de rédito acordada no contrato; e

(b) Variações no trabalho, reclamações e pagamentos de incentivos do contrato:

(i) Até ao ponto que seja provável que resultem em rédito; e

(ii) Estejam em condições de serem fiavelmente mensurados.

12 – O rédito do contrato é mensurado pelo justo valor da retribuição recebida ou a receber. A


mensuração do rédito do contrato é afetada por uma variedade de incertezas que dependem do
desfecho de acontecimentos futuros. As estimativas necessitam muitas vezes de ser revistas à
medida que os acontecimentos ocorram e as incertezas se resolvam.

Por isso, a quantia do rédito do contrato pode aumentar ou diminuir de um período para o seguinte.
Por exemplo:

(a) Uma entidade contratada e um cliente podem acordar variações ou reivindicações que
aumentem ou diminuam o rédito do contrato num período subsequente àquele em que o contrato
foi inicialmente acordado;

(b) A quantia de rédito acordada num contrato de preço fixado pode aumentar em consequência
de cláusulas de custo escalonadas;

(c) A quantia de rédito do contrato pode diminuir como consequência de penalidades provenientes
de atrasos causados pela entidade contratada na conclusão do contrato; ou

(d) Quando um contrato de preço fixado envolve um preço fixado por unidade de «output», o
rédito do contrato aumenta à medida que a quantidade de unidades aumente.

13 – Uma variação é uma instrução dada pelo cliente para uma alteração no âmbito do trabalho a ser
executado segundo o contrato. Uma variação pode conduzir a um aumento ou a uma diminuição
no rédito do contrato. Exemplos de variações são as alterações nas especificações ou na conceção
do ativo e alterações na duração do contrato. Uma variação é incluída no rédito do contrato quando:

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(a) Seja provável que o cliente aprovará a variação e a quantia de rédito proveniente da variação; e

(b) A quantia de rédito possa ser fiavelmente mensurada.

14 – Uma reivindicação é uma quantia que a entidade contratada procura cobrar do cliente
ou de uma outra terceira parte como reembolso de custos não incluídos no preço do contrato.
Uma reivindicação pode surgir de, por exemplo, demoras causadas por clientes, por erros nas
especificações ou na conceção e de alterações discutidas nos trabalhos do contrato. A mensuração
da quantia de rédito proveniente de reivindicações está sujeita a um alto nível de incerteza e
depende muitas vezes do desfecho das negociações. Por isso, as reivindicações somente são
incluídas no rédito do contrato quando:

(a) As negociações tenham atingido um estágio avançado de tal forma que seja provável que o
cliente aceitará a reivindicação; e

(b) A quantia que seja provável ser aceite pelo cliente possa ser fiavelmente mensurada.

15 – Os pagamentos de incentivos são quantias adicionais pagas à entidade contratada se os níveis


de desempenho especificados forem atingidos ou excedidos. Por exemplo, um contrato pode
permitir um pagamento de incentivos à entidade contratada pela conclusão do contrato mais
cedo. Os pagamentos de incentivos são incluídos no rédito do contrato quando:

(a) O contrato esteja suficientemente adiantado que seja provável que os níveis de execução
especificados serão atingidos ou excedidos; e

(b) A quantia dos pagamentos de incentivos possa ser fiavelmente mensurada.

Custos do Contrato

(parágrafos 16 a 21)

16 – Os custos do contrato devem compreender:

(a) Os custos que se relacionem diretamente com o contrato específico;

(b) Os custos que sejam atribuíveis à atividade do contrato em geral e possam ser imputados ao
contrato; e

(c) Outros custos que sejam especificamente debitáveis ao cliente nos termos do contrato.

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17 – Os custos que diretamente se relacionem com um contrato específico incluem:

(a) Custos de mão-de-obra, incluindo supervisão;

(b) Custos de materiais usados na construção;

(c) Depreciação de ativos fixos tangíveis utilizados no contrato;

(d) Custos de movimentar os ativos fixos tangíveis e os materiais para e do local do contrato;

(e) Custos de alugar instalações e equipamentos;

(f) Custos de conceção e de assistência técnica que estejam diretamente relacionados com o
contrato;

(g) Custos estimados de retificar e garantir os trabalhos, incluindo os custos esperados de garantia;
e

(h) Reivindicações de terceiras partes.

Estes custos devem ser reduzidos por qualquer rendimento inerente que não esteja incluído no
rédito do contrato, por exemplo, rendimento proveniente da venda de materiais excedentários e
da alienação de instalações e equipamentos no fim do contrato.

18 – Compreendem-se nos custos que podem ser atribuíveis à atividade do contrato em geral e que
podem ser imputados a contratos específicos:

(a) Seguros;

(b) Os custos de conceção e assistência técnica que não estejam diretamente relacionados com um
contrato específico; e

(c) Gastos gerais de construção.

Tais custos são imputados usando métodos que sejam sistemáticos e racionais e sejam aplicados
consistentemente a todos os custos que tenham características semelhantes. A imputação é
baseada no nível normal de atividade de construção. Os gastos gerais de construção incluem
custos tais como a preparação e processamento de salários do pessoal de construção. Os custos
que possam ser atribuíveis à atividade do contrato em geral e possam ser imputados a contratos
específicos também incluem os custos de empréstimos obtidos quando a entidade contratada
adote o tratamento alternativo permitido na NCRF 10 – Custos de Empréstimos Obtidos.

19 – Os custos que sejam especificamente debitáveis ao cliente segundo os termos do contrato


podem incluir alguns custos gerais administrativos e custos de desenvolvimento para os quais o

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reembolso esteja especificado nos termos do contrato.

20 – Os custos que não possam ser atribuídos à atividade do contrato ou que não lhe possam ser
imputados são excluídos dos custos de um contrato de construção. Tais custos incluem:

(a) Custos administrativos gerais cujo reembolso não esteja especificado no contrato;

(b) Custos de vender;

(c) Custos de pesquisa e desenvolvimento cujo reembolso não esteja especificado no contrato; e

(d) Depreciação de instalações e equipamentos ociosos que não sejam usados num contrato
particular.

21 – Os custos do contrato incluem os custos atribuíveis a esse contrato no período que vai desde a
data em que o mesmo é assegurado até à sua conclusão final. Porém, os custos que se relacionem
diretamente com um contrato e que sejam incorridos ao assegurar o contrato são também incluídos
como parte dos custos do contrato se eles puderem ser separadamente identificados e mensurados
fiavelmente e for provável que o contrato seja obtido. Quando os custos incorridos ao assegurar o
contrato forem reconhecidos como um gasto do período em que sejam incursos, não são incluídos
nos custos do contrato quando o contrato for obtido num período subsequente.

Reconhecimento do Rédito e dos Gastos do Contrato

(parágrafos 22 a 35)

22 – Quando o desfecho de um contrato de construção puder ser fiavelmente estimado, o rédito


do contrato e os custos do contrato associados ao contrato de construção devem ser reconhecidos
como rédito e gastos respetivamente com referência à fase de acabamento da atividade do
contrato à data do balanço. Uma perda esperada no contrato de construção deve ser reconhecida
imediatamente como um gasto de acordo com o parágrafo 36.

23 – No caso de um contrato de preço fixado, o desfecho de um contrato de construção pode ser


fiavelmente estimado quando estiverem satisfeitas todas as condições seguintes:

(a) O rédito do contrato possa ser mensurado fiavelmente;

(b) Seja provável que os benefícios económicos associados ao contrato fluirão para a entidade;

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(c) Tanto os custos do contrato para o acabar como a fase de acabamento do contrato na data do
balanço possam ser fiavelmente mensurados; e

(d) Os custos de contrato atribuíveis ao contrato possam ser claramente identificados e fiavelmente
mensurados de forma que os custos reais do contrato incorridos possam ser comparados com
estimativas anteriores.

24 – No caso de um contrato de «cost plus», o desfecho de um contrato de construção pode ser


fiavelmente mensurado quando estiverem satisfeitas todas as condições seguintes:

(a) Seja provável que os benefícios económicos associados ao contrato fluirão para a entidade; e

(b) Os custos do contrato atribuíveis ao contrato, quer sejam ou não reembolsáveis, possam ser
claramente identificados e fiavelmente mensurados.

25 – O reconhecimento de rédito e de gastos com referência à fase de acabamento de um contrato


é muitas vezes referido como o método da percentagem de acabamento. Segundo este método, o
rédito contratual é balanceado com os gastos contratuais incorridos ao atingir a fase de acabamento,
resultando no relato de rédito, gastos e lucros que possam ser atribuíveis à proporção de trabalho
concluído. Este método proporciona informação útil sobre a extensão de atividade e desempenho
do contrato durante um período.

26 – Pelo método da percentagem de acabamento, o rédito do contrato é reconhecido como rédito


na demonstração dos resultados nos períodos contabilísticos em que o trabalho seja executado. Os
custos do contrato são geralmente reconhecidos como um gasto na demonstração dos resultados
nos períodos contabilísticos em que o trabalho com o qual se relacionam seja executado. Porém,
qualquer excesso esperado dos custos totais do contrato sobre os réditos totais do contrato é
reconhecido imediatamente como um gasto de acordo com o parágrafo 36.

27 – Uma entidade contratada pode ter incorrido em custos do contrato que se relacionem com a
atividade futura do contrato. Tais custos são reconhecidos como um ativo desde que seja provável
que sejam recuperados. Tais custos representam uma quantia devida pelo cliente e muitas vezes
são classificados como trabalho em curso do contrato.

28 – O desfecho de um contrato de construção só pode ser estimado fiavelmente quando for


provável que os benefícios económicos associados ao contrato fluirão para a entidade. Porém,
quando surja uma incerteza acerca da cobrabilidade de uma quantia já incluída no rédito do
contrato, e já reconhecida na demonstração dos resultados, a quantia não cobrável ou a quantia a
respeito da qual a recuperação tenha cessado de ser provável é reconhecida como um gasto e não
como um ajustamento da quantia do rédito do contrato.

29 – Uma entidade está geralmente em condições de fazer estimativas fiáveis após ter aceite um

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contrato que estabeleça:

(a) Os direitos a cumprir por cada parte no que respeita ao ativo a ser construído;

(b) A retribuição a ser trocada; e

(c) A forma e o prazo de liquidação.

É também normalmente necessário que a entidade tenha um sistema eficaz de orçamentação e


de relato financeiro. A entidade passa em revista e, quando necessário, revê as estimativas do
rédito do contrato e dos custos do contrato à medida que o trabalho progride. A necessidade de
tais revisões não indica necessariamente que o desfecho do contrato não possa ser estimado com
fiabilidade.

30 – A fase de acabamento de um contrato pode ser determinada de várias maneiras. A entidade


usa o método que mensure com fiabilidade o trabalho executado. Dependendo da natureza do
contrato, os métodos podem incluir:

(a) A proporção em que os custos do contrato incorridos no trabalho executado até à data estejam
para os custos estimados totais do contrato;

(b) Levantamentos do trabalho executado; e

(c) Conclusão de uma proporção física do trabalho contratado.

Os pagamentos progressivos e os adiantamentos recebidos dos clientes não refletem muitas vezes
o trabalho executado.

31 – Quando a fase de acabamento seja determinada com referência aos custos do contrato
incorridos até à data, somente os custos do contrato que reflitam trabalho executado são incluídos
nos custos incorridos até à data. São exemplos de custos de contrato que são excluídos:

(a) Custos do contrato que se relacionem com a atividade futura do contrato, tais como custos
de materiais que tenham sido entregues num local do contrato ou postos de lado para uso num
contrato mas não ainda instalados, usados ou aplicados durante a execução do contrato, a menos
que os materiais tenham sido produzidos especificamente para o contrato; e

(b) Pagamentos feitos a entidades subcontratadas adiantadamente a trabalho executado segundo


o subcontrato.

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32 – Quando o desfecho de um contrato de construção não possa ser estimado fiavelmente:

(a) O rédito somente deve ser reconhecido até ao ponto em que seja provável que os custos do
contrato incorridos serão recuperáveis; e

(b) Os custos do contrato devem ser reconhecidos como um gasto no período em que sejam
incorridos.

Uma perda esperada num contrato de construção deve ser reconhecida imediatamente como um
gasto de acordo com o parágrafo 36.

33 – Durante as fases iniciais de um contrato dá -se muitas vezes o caso de o desfecho do contrato
não poder ser fiavelmente estimado. Não obstante, pode ser provável que a entidade recupere os
custos incorridos do contrato. Por isso, o rédito do contrato somente é reconhecido até ao ponto
dos custos incorridos que se espera serem recuperáveis. Se o desfecho do contrato não puder ser
fiavelmente estimado, nenhum lucro é reconhecido. Porém, mesmo quando o desfecho do contrato
não possa ser fiavelmente estimado, pode ser provável que os custos totais do contrato excedam os
réditos totais do contrato. Em tais casos, qualquer excesso esperado dos custos totais do contrato
sobre o rédito total do contrato é reconhecido imediatamente como um gasto de acordo com o
parágrafo 36.

34 – Os custos do contrato cuja recuperação não seja provável são reconhecidos imediatamente
como um gasto. Exemplos das circunstâncias em que a recuperabilidade dos custos do contrato
incorridos pode não ser provável e em que os custos do contrato podem não ser reconhecidos
como um gasto incluem contratos:

(a) Que não sejam inteiramente coagíveis, isto é, a sua validade esteja seriamente em questão;

(b) Cuja conclusão esteja sujeita ao desfecho de litígio ou de legislação pendente;

(c) Relacionados com propriedades que seja provável estarem em risco de perda ou expropriação;

(d) Em que o cliente não esteja em condições de cumprir as suas obrigações;

(e) Em que a entidade contratada seja incapaz de completar o contrato ou de cumprir as suas
obrigações segundo o contrato.

35 – Quando já não existirem as incertezas que impediram que fosse fiavelmente estimado
o desfecho do contrato, o rédito e os gastos associados ao contrato de construção devem ser
reconhecidos de acordo com o parágrafo 22 e não de acordo com o parágrafo 32.

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Reconhecimento de Perdas Esperadas

(parágrafos 36 a 37)

36 – Quando for provável que os custos totais do contrato excedam o rédito total do contrato, a
perda esperada deve ser reconhecida imediatamente como um gasto.

37 – A quantia de tal perda é determinada independentemente:

(a) De ter ou não começado o trabalho do contrato;

(b) Da fase de acabamento da atividade do contrato; ou

(c) Da quantia de lucros que se espere surjam noutros contratos que não sejam tratados como um
contrato de construção único de acordo com o parágrafo 9.

Alterações nas Estimativas

(parágrafo 38)

38 – O método da percentagem de acabamento é aplicado numa base acumulada em cada período


contabilístico às estimativas correntes de rédito do contrato e custos do contrato. Por isso, os efeitos
de uma alteração na estimativa no rédito do contrato e nos custos do contrato, ou os efeitos de
uma alteração na estimativa do desfecho de um contrato, são contabilizados como uma alteração
na estimativa contabilística (ver a NCRF 4 — Políticas Contabilísticas, Alterações nas Estimativas
Contabilísticas e Erros). As estimativas alteradas são usadas na determinação da quantia de rédito
e de gastos reconhecidos na demonstração dos resultados no período em que a alteração seja feita
e em períodos subsequentes.

Divulgações

(parágrafos 39 a 41)

39 – Uma entidade deve divulgar:

(a) A quantia do rédito do contrato reconhecida como rédito do período;

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(b) Os métodos usados para determinar o rédito do contrato reconhecido no período; e

(c) Os métodos usados para determinar a fase de acabamento dos contratos em curso.

40 – Uma entidade deve divulgar o que se segue para os contratos em curso à data do balanço:

(a) A quantia agregada de custos incorridos e lucros reconhecidos (menos perdas reconhecidas)
até à data;

(b) A quantia de adiantamentos recebidos; e

(c) A quantia de retenções.

41 – Retenções são quantias de facturas progressivas que só são pagas depois da satisfação das
condições especificadas no contrato para o pagamento de tais quantias ou até que os defeitos
tenham sido rectificados. As facturas progressivas por autos de medição são quantias faturadas do
trabalho executado de um contrato quer tenham ou não sido pagas pelo cliente. Adiantamentos
são quantias recebidas pela entidade contratada antes que o respetivo trabalho seja executado.

Data de Eficácia

(parágrafo 42)

42 — Uma entidade deve aplicar esta Norma a partir do primeiro período que se inicie em ou após
1 de Janeiro de 2010.

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ANEXO 2

NIC 11 – CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO

NORMA INTERNACIONAL DE CONTABILIDADE NIC 11

Contratos de Construção

OBJECTIVO

O objetivo desta Norma é o de prescrever o tratamento contabilístico de réditos e custos


associados a contratos de construção. Por força da natureza da atividade subjacente aos contratos
de construção, a data em que a atividade do contrato é iniciada e a data em que a atividade é
concluída caem geralmente em períodos contabilísticos diferentes. Por isso, o assunto primordial
na contabilização dos contratos de construção é a imputação do rédito do contrato e dos custos
do contrato aos períodos contabilísticos em que o trabalho de construção seja executado. Esta
Norma usa os critérios de reconhecimento estabelecidos na Estrutura Conceptual para a Preparação
e Apresentação das Demonstrações Financeiras para determinar quando os réditos do contrato e
os custos do contrato devam ser reconhecidos como réditos e gastos na M5 demonstração do
rendimento integral. Ela também proporciona orientação prática na aplicação destes critérios.

ÂMBITO

1. Esta Norma deve ser aplicada na contabilização dos contratos de construção nas demonstrações
financeiras de entidades contratadas.

2. Esta Norma substitui a IAS 11 Contabilização dos Contratos de Construção aprovada em 1978.

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DEFINIÇÕES

3. Os termos que se seguem são usados nesta Norma com os significados especificados:

Um contrato de construção é um contrato especificamente negociado para a construção de um ativo


ou de uma combinação de ativos que estejam intimamente inter-relacionados ou interdependentes
em termos da sua conceção, tecnologia e função ou do seu propósito ou uso final.

Um contrato de preço fixado é um contrato de construção em que a entidade contratada concorda


com um preço fixado ou com uma taxa fixada por unidade de output, que, nalguns casos, está
sujeito a cláusulas de custos escalonados.

Um contrato de «cost plus» é um contrato de construção em que a entidade contratada é reembolsada


por custos permitidos ou de outra forma definidos, mais uma percentagem destes custos, ou por
uma remuneração fixada.

4. Um contrato de construção pode ser negociado para a construção de um ativo único tal como
uma ponte, um edifício, uma barragem, um oleoduto, uma estrada, um navio ou um túnel. Um
contrato de construção pode também tratar da construção de um número de ativos que estejam
intimamente inter-relacionados ou interdependentes em termos da sua conceção, tecnologia e
função ou do seu propósito ou uso final; entre os exemplos de tais contratos incluem-se os da
construção de refinarias e de outras partes complexas de fábricas ou de equipamentos.

5. Para os fins desta Norma, os contratos de construção incluem:

a) contratos para a prestação de serviços que estejam diretamente relacionados com a construção
do ativo, por exemplo, os relativos a serviços de gestores de projeto e arquitetos; e

b) contratos para a destruição ou restauro de ativos e o restauro do ambiente após a demolição de


ativos.

6. Os contratos de construção são formulados de várias maneiras mas, para os fins desta Norma,
são classificados como contratos de preço fixado e contratos de «cost plus». Alguns contratos de
construção podem conter características quer de um contrato de preço fixado, quer de um contrato
de «cost plus» com um preço máximo acordado. Em tais circunstâncias, um contratado necessita
considerar todas as condições dos parágrafos 23. e 24. a fim de determinar quando reconhecer
réditos e gastos do contrato.

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COMBINAÇÃO E SEGMENTAÇÃO DE CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO

7. Os requisitos desta Norma são usualmente aplicados separadamente a cada contrato de


construção. Porém, em certas circunstâncias, é necessário aplicar a Norma a componentes
separadamente identificáveis de um único contrato ou conjuntamente a um grupo de contratos, a
fim de refletir a substância de um contrato ou de um grupo de contratos.

8. Quando um contrato cobrir vários ativos, a construção de cada ativo deve ser tratada como um
contrato de construção separado quando:

a) propostas separadas tenham sido submetidas para cada ativo;

b) cada ativo tenha sido sujeito a negociação separada e a entidade contratada e o cliente tenham
estado em condições de aceitar ou rejeitar a parte do contrato relacionada com cada ativo; e

c) os custos e réditos de cada ativo possam ser identificados.

9. Um grupo de contratos, seja com um único cliente, seja com vários clientes, deve ser tratado
como um contrato de construção único quando:

a) o grupo de contratos seja negociado como um pacote único;

b) os contratos estejam tão intimamente inter-relacionados que sejam, com efeito, parte de um
projeto único com uma margem de lucro global; e

c) os contratos sejam executados simultaneamente ou numa sequência contínua.

10. Um contrato pode proporcionar a construção de um ativo adicional por opção do cliente ou
pode ser alterado para incluir a construção de um ativo adicional. A construção do ativo adicional
deve ser tratada como um contrato de construção separado quando:

a) o ativo difira significativamente na conceção, na tecnologia ou na função do ativo ou dos ativos


cobertos pelo contrato original; ou

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b) o preço do ativo seja negociado sem atenção ao preço original do contrato.

RÉDITO DO CONTRATO

11. O rédito do contrato deve compreender:

a) a quantia inicial de rédito acordada no contrato; e

b) variações no trabalho, reclamações e pagamentos de incentivos do contrato:

i) até ao ponto que seja provável que resultem em rédito, e

ii) estejam em condições de serem fiavelmente mensurados.

12. O rédito do contrato é medido pelo justo valor da retribuição recebida ou a receber. A mensuração
do rédito do contrato é afetada por uma variedade de incertezas que dependem do desfecho de
acontecimentos futuros. As estimativas necessitam muitas vezes de ser revistas à medida que os
acontecimentos ocorrem e as incertezas se resolvam. Por isso, a quantia do rédito do contrato
pode aumentar ou diminuir de um período para o seguinte. Por exemplo:

a) uma entidade contratada e um cliente podem acordar variações ou reivindicações que


aumentem ou diminuam o rédito do contrato num período subsequente àquele em que o contrato
foi inicialmente acordado;

b) a quantia de rédito acordada num contrato de preço fixado pode aumentar em consequência de
cláusulas de custo escalonadas;

c) a quantia de rédito do contrato pode diminuir como consequência de penalidades provenientes


de atrasos causados pela entidade contratada na conclusão do contrato; ou

d) quando um contrato de preço fixado envolve um preço fixado por unidade de output, o rédito
do contrato aumenta à medida que a quantidade de unidades aumente.

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13. Uma variação é uma instrução dada pelo cliente para uma alteração no âmbito do trabalho a ser
executado segundo o contrato. Uma variação pode conduzir a um aumento ou a uma diminuição
no rédito do contrato. Exemplos de variações são as alterações nas especificações ou na conceção
do ativo e alterações na duração do contrato. Uma variação é incluída no rédito do contrato quando:

a) seja provável que o cliente aprovará a variação e a quantia de rédito proveniente da variação; e

b) a quantia de rédito possa ser fiavelmente mensurada.

14. Uma reivindicação é uma quantia que a entidade contratada procura cobrar do cliente
ou de uma outra terceira parte como reembolso de custos não incluídos no preço do contrato.
Uma reivindicação pode surgir de, por exemplo, demoras causadas por clientes, por erros nas
especificações ou na conceção e de variações discutidas nos trabalhos do contrato. A mensuração
das quantias de rédito provenientes de reivindicações está sujeita a um alto nível de incerteza e
depende muitas vezes do desfecho das negociações. Por isso, as reivindicações são incluídas no
rédito do contrato apenas quando:

a) as negociações tenham atingido um estágio avançado de tal forma que seja provável que o
cliente aceitará a reivindicação; e

b) a quantia que seja provável ser aceite pelo cliente possa ser fiavelmente mensurada.

15. Os pagamentos de incentivos são quantias adicionais pagas à entidade contratada se os níveis
de desempenho especificados forem atingidos ou excedidos. Por exemplo, um contrato pode
permitir um pagamento de incentivos à entidade contratada pela conclusão do contrato mais
cedo. Os pagamentos de incentivos são incluídos no rédito do contrato quando:

a) o contrato esteja suficientemente adiantado que seja provável que os níveis de execução
especificados serão atingidos ou excedidos; e

b) a quantia dos pagamentos de incentivos possa ser fiavelmente mensurada.

CUSTOS DO CONTRATO

16. Os custos do contrato devem compreender:

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a) os custos que se relacionem diretamente com o contrato específico;

b) os custos que sejam atribuíveis à atividade do contrato em geral e possam ser imputados ao
contrato; e

c) outros custos que sejam especificamente debitáveis ao cliente nos termos do contrato.

17. Os custos que diretamente se relacionem com um contrato específico incluem:

a) custos de mão-de-obra local, incluindo supervisão local;

b) os custos de materiais usados na construção;

c) a depreciação de ativos fixos tangíveis utilizados no contrato;

d) os custos de movimentar instalações, equipamento e materiais para e do local do contrato;

e) os custos de alugar instalações e equipamentos;

f) os custos de conceção e de assistência técnica que estejam diretamente relacionados com o


contrato;

g) os custos estimados de retificar e garantir os trabalhos, incluindo os custos esperados de


garantia; e

h) reivindicações de terceiras partes.

Estes custos podem ser reduzidos por qualquer rendimento ocasional que não esteja incluído no
rédito do contrato, por exemplo, rendimento proveniente da venda de materiais excedentários e
da alienação de instalações e equipamentos no fim do contrato.

18. Compreendem-se nos custos que podem ser atribuíveis à atividade do contrato em geral e que

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podem ser imputados a contratos específicos:

a) seguros;

b) os custos de conceção e assistência técnica que não estejam diretamente relacionados com um
contrato específico; e

c) gastos gerais de construção.

Tais custos são imputados usando métodos que sejam sistemáticos e racionais e sejam aplicados
consistentemente a todos os custos que tenham características semelhantes. A imputação é
baseada no nível normal de atividade de construção. Os gastos gerais de construção incluem custos
tais como a preparação e o processamento da folha de salários do pessoal de construção. M1 Os
custos que possam ser atribuíveis à atividade do contrato em geral e que possam ser imputados a
contratos específicos também incluem custos de empréstimos obtidos. 

19. Os custos que sejam especificamente debitáveis ao cliente segundo os termos do contrato
podem incluir alguns custos gerais administrativos e custos de desenvolvimento relativo aos quais
o reembolso esteja especificado nos termos do contrato.

20. Os custos que não possam ser atribuídos à atividade do contrato ou que não possam ser
imputados a um contrato são excluídos dos custos de um contrato de construção. Tais custos
incluem:

a) custos administrativos gerais quanto aos quais o reembolso não esteja especificado no contrato;

b) custos de vender;

c) custos de pesquisa e desenvolvimento quanto aos quais o reembolso não esteja especificado no
contrato; e

d) depreciação de instalações e equipamentos ociosos que não sejam usados num contrato
particular.

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21. Os custos do contrato incluem os custos atribuíveis a um contrato no período que vai desde a
data de assegurar o contrato até à conclusão final do contrato. Porém, os custos que se relacionem
diretamente com um contrato e que sejam incorridos ao assegurar o contrato são também
incluídos como parte dos custos do contrato se eles puderem ser separadamente identificados e
mensurados fiavelmente e for provável que o contrato seja obtido. Quando os custos incorridos
ao assegurar o contrato forem reconhecidos como um gasto do período em que sejam incorridos,
não são incluídos nos custos do contrato quando o contrato for obtido num período subsequente.

RECONHECIMENTO DO RÉDITO E DOS GASTOS DO CONTRATO

22. Quando o desfecho de um contrato de construção puder ser fiavelmente estimado, o rédito do
contrato e os custos do contrato associados ao contrato de construção devem ser reconhecidos
como rédito e gastos respetivamente com referência à fase de acabamento da atividade do
contrato M5 no fim do período de relato . Uma perda esperada num contrato de construção
deve ser reconhecida imediatamente como um gasto de acordo com o parágrafo 36.

23. No caso de um contrato de preço fixado, o desfecho de um contrato de construção pode ser
fiavelmente estimado quando estiverem satisfeitas todas as condições seguintes:

a) o rédito total do contrato possa ser mensurado fiavelmente;

b) seja provável que os benefícios económicos associados ao contrato fluirão para a entidade;

c) tanto os custos do contrato para o acabar como a fase de acabamento do contrato na data M5
da demonstração da posição financeira  possam ser fiavelmente mensurados; e

d) os custos de contrato atribuíveis ao contrato possam ser claramente identificados e fiavelmente


mensurados de forma que os custos reais do contrato incorridos possam ser comparados com
estimativas anteriores.

24. No caso de um contrato de «cost plus», o desfecho de um contrato de construção pode ser
fiavelmente mensurado quando estiverem satisfeitas todas as condições seguintes:

a) seja provável que os benefícios económicos associados ao contrato fluirão para a entidade; e

b) os custos do contrato atribuíveis ao contrato, sejam ou não reembolsáveis, possam ser claramente

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identificados e fiavelmente mensurados.

25. O reconhecimento de rédito e de gastos com referência à fase de acabamento de um contrato


é muitas vezes referido como o método da percentagem de acabamento. Segundo este método, o
rédito contratual é balanceado com os gastos contratuais incorridos ao atingir a fase de acabamento,
resultando no relato de rédito, gastos e lucros que possam ser atribuíveis à proporção de trabalho
concluído. Este método proporciona informação útil sobre a extensão de atividade e desempenho
do contrato durante um período.

26. Pelo método da percentagem de acabamento, o rédito do contrato é reconhecido como rédito
M5 nos lucros ou prejuízos  nos períodos contabilísticos em que o trabalho seja executado.
Os custos do contrato são geralmente reconhecidos como um gasto M5 nos lucros ou prejuízos
nos períodos contabilísticos em que o trabalho com o qual se relacionam seja executado. Porém,
qualquer excesso esperado dos custos totais do contrato sobre os réditos totais do contrato é
reconhecido imediatamente como um gasto, de acordo com o parágrafo 36.

27. Uma entidade contratada pode ter incorrido em custos do contrato que se relacionem com a
atividade futura de contrato. Tais custos são reconhecidos como um ativo desde que seja provável
que sejam recuperados. Tais custos representam uma quantia devida pelo cliente e muitas vezes
são classificados como trabalho em curso do contrato.

28. O desfecho de um contrato de construção só pode ser estimado fiavelmente quando for provável
que os benefícios económicos associados ao contrato fluirão para a entidade. Porém, quando
surja uma incerteza acerca da cobrabilidade de uma quantia já incluída no rédito do contrato, e
já reconhecida M5 nos lucros ou prejuízos , a quantia não cobrável ou a quantia a respeito da
qual a recuperação tenha cessado de ser provável é reconhecida como um gasto e não como um
ajustamento da quantia do rédito do contrato.

29. Uma entidade está geralmente em condições de fazer estimativas fiáveis após ter aceite um
contrato que estabeleça:

a) os direitos a cumprir por cada parte no que respeita ao ativo a ser construído;

b) a retribuição a ser trocada; e

c) o modo e os termos da liquidação.

É também normalmente necessário que a entidade tenha um sistema eficaz de orçamentação e

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de relato financeiro. A entidade passa em revista e, quando necessário, revê as estimativas do


rédito do contrato e dos custos do contrato à medida que o trabalho progride. A necessidade de
tais revisões não indica necessariamente que o desfecho do contrato não possa ser estimado com
fiabilidade.

30. A fase de acabamento de um contrato pode ser determinada de várias maneiras. A entidade
usa o método que mensure com fiabilidade o trabalho executado. Dependendo da natureza do
contrato, os métodos podem incluir:

a) a proporção em que os custos do contrato incorridos no trabalho executado até à data estejam
para os custos estimados totais do contrato;

b) vistorias do trabalho executado; ou

c) conclusão de uma proporção física do trabalho contratado.

Os pagamentos progressivos e os adiantamentos recebidos dos clientes não refletem muitas vezes
o trabalho executado.

31. Quando a fase de acabamento seja determinada com referência aos custos do contrato incorridos
até à data, somente os custos do contrato que reflitam trabalho executado são incluídos nos custos
incorridos até à data. São exemplos de custos de contrato que são excluídos:

a) custos do contrato que se relacionem com a atividade futura do contrato, tais como custos
de materiais que tenham sido entregues num local do contrato ou postos de lado para uso num
contrato mas não ainda instalados, usados ou aplicados durante a execução do contrato, a menos
que os materiais tenham sido produzidos especificamente para o contrato; e

b) pagamentos feitos a entidades subcontratadas adiantadamente a trabalho executado segundo o


subcontrato.

32. Quando o desfecho de um contrato de construção não possa ser estimado fiavelmente:

a) o rédito somente deve ser reconhecido até ao ponto em que seja provável que os custos do
contrato incorridos serão recuperáveis; e

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b) os custos do contrato devem ser reconhecidos como um gasto no período em que sejam
incorridos.

Uma perda esperada num contrato de construção deve ser reconhecida imediatamente como um
gasto, de acordo com o parágrafo 36.

33. Durante as fases iniciais de um contrato dá-se muitas vezes o caso de o desfecho do contrato
não poder ser fiavelmente estimado. Não obstante, pode ser provável que a entidade recupere os
custos incorridos do contrato. Por isso, o rédito do contrato somente é reconhecido até ao ponto
dos custos incorridos que se espera serem recuperáveis. Por o desfecho do contrato não poder
ser fiavelmente estimado, nenhum lucro é reconhecido. Porém, mesmo quando o desfecho do
contrato não possa ser fiavelmente estimado, pode ser provável que os custos totais do contrato
excedam os réditos totais do contrato. Em tais casos, qualquer excesso esperado dos custos totais
do contrato sobre o rédito total do contrato é reconhecido imediatamente como um gasto de
acordo com o parágrafo 36.

34. Os custos do contrato que não seja provável serem recuperados são reconhecidos imediatamente
como um gasto. Exemplos das circunstâncias em que a recuperabilidade dos custos do contrato
incorridos pode não ser provável e em que os custos do contrato podem ter de ser reconhecidos
como um gasto incluem contratos:

a) que não sejam inteiramente coagíveis, i.e., a sua validade está seriamente em questão;

b) a conclusão dos quais esteja sujeita ao desfecho de litígio ou de legislação pendente;

c) relacionados com propriedades que seja provável estarem condenadas ou serem expropriadas;

d) em que o cliente não esteja em condições de cumprir as suas obrigações; ou

e) em que a entidade contratada seja incapaz de completar o contrato ou de cumprir as suas


obrigações segundo o contrato.

35. Quando já não existirem as incertezas que impediram que fosse fiavelmente estimado o desfecho
do contrato, o rédito e os gastos associados ao contrato de construção devem ser reconhecidos de
acordo com o parágrafo 22. e não de acordo com o parágrafo 32.

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RECONHECIMENTO DE PERDAS ESPERADAS

36. Quando for provável que os custos totais do contrato excedam o rédito total do contrato, a
perda esperada deve ser reconhecida imediatamente como um gasto.

37. A quantia de tal perda é determinada independentemente de:

a) ter começado o trabalho do contrato;

b) a fase de acabamento da atividade do contrato; ou

c) a quantia de lucros que se espere que surjam noutros contratos que não são tratados como um
contrato de construção único, de acordo com o parágrafo 9.

ALTERAÇÕES NAS ESTIMATIVAS

38. O método da percentagem de acabamento é aplicado numa base acumulada em cada período
contabilístico às estimativas correntes de rédito do contrato e custos do contrato. Por isso,
os efeitos de uma alteração na estimativa no rédito do contrato e nos custos do contrato, ou os
efeitos de uma alteração na estimativa do desfecho de um contrato, são contabilizados como uma
alteração na estimativa contabilística (ver a IAS 8 Políticas Contabilísticas, Alterações nas Estimativas
Contabilísticas e Erros). As estimativas alteradas são usadas na determinação da quantia de rédito e
de gastos reconhecidos M5 nos lucros ou prejuízos  no período em que a alteração seja feita e
em períodos subsequentes.

DIVULGAÇÃO

39. Uma entidade deve divulgar:

a) a quantia do rédito do contrato reconhecida como rédito do período;

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b) os métodos usados para determinar o rédito do contrato reconhecido no período; e

c) os métodos usados para determinar a fase de acabamento dos contratos em curso.

40. Uma entidade deve divulgar o que se segue para os contratos em curso M5 no fim do período
de relato :

a) a quantia agregada de custos incorridos e lucros reconhecidos (menos perdas reconhecidas) até
à data;

b) a quantia de adiantamentos recebidos; e

c) a quantia de retenções.

41. Retenções são quantias de facturas progressivas que só são pagas depois da satisfação das
condições especificadas no contrato para o pagamento de tais quantias ou até que os defeitos
tenham sido rectificados. As facturas progressivas são quantias faturadas do trabalho executado
de um contrato, tenham ou não sido pagas pelo cliente. Adiantamentos são quantias recebidas pela
entidade contratada antes que o respetivo trabalho seja executado.

42. Uma entidade deve apresentar:

a) como um ativo, a quantia bruta devida por clientes relativa aos trabalhos do contrato; e

b) como um passivo, a quantia bruta devida a clientes relativa aos trabalhos do contrato.

43. A quantia bruta devida por clientes relativa aos trabalhos do contrato é a quantia líquida de:

a) custos incorridos mais lucros reconhecidos; menos

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b) o somatório das perdas reconhecidas e da facturação progressiva

para todos os contratos em curso relativamente aos quais os custos incorridos mais os lucros
reconhecidos (menos perdas reconhecidas) excedam as facturas progressivas.

44. A quantia bruta devida a clientes pelos trabalhos do contrato é a quantia líquida de:

a) custos incorridos mais lucros reconhecidos; menos

b) o somatório das perdas reconhecidas e da facturação progressiva

para todos os contratos em curso relativamente aos quais a facturação em curso exceda os custos
incorridos mais os lucros reconhecidos (menos perdas reconhecidas).

45. Uma entidade divulga quaisquer ativos e passivos contingentes de acordo com a IAS 37 Provisões,
Passivos Contingentes e Ativos Contingentes. Os passivos contingentes e os ativos contingentes
podem provir de itens tais como custos de garantias, reivindicações, penalidades ou possíveis
perdas.

DATA DE EFICÁCIA

46. Esta Norma torna-se operacional para as demonstrações financeiras que cubram os períodos
que comecem em ou após 1 de Janeiro de 1995.

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ANEXO 3

QUADRO AUXILIAR – CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO

NCRF 19 Euros
Quadro prático
Descritivo Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Total

1. Valor da obra

2. Recebimentos

2.1. Adiantamentos

2.2. Cobrança de faturas

3. Faturação emitida

4. Custos incorridos no período

5. Custos incorridos acumulados (Ci)

6. Custos estimados para concluir a obra (Ce)

7. Custos Totais (Ci + Ce)

8. Coeficiente de
Acabamento ( % ) ( 5 /7)
9. Réditos a reconhecer (8) x (1)
Total - Acumulado

10. Do período

11.Acréscimo de rédito ( 9 ) - ( 3 )

Resultado do período

Resultado acumulado

Provisão para perdas esperadas

Reposição prov. perdas esperadas

Resultado Período c/ provisão

Resultado Acumulado c/ provisão

101

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