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Formas de aquisição da propriedade móvel

 Formas originárias:
 Ocupação (art. 1263, CC)

“Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não
sendo essa ocupação defesa por lei.”

Exemplo: pesca

Também pode ser objeto de ocupação a coisa abandonada por alguém

Não se pode confundir abandonar com perder a coisa.

 Achado do tesouro (art. 1264 ao 1266, CC)

Tesouro = o depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja
memória. São os tesouros procurados pelos piratas.

O tesouro será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achá-lo
casualmente.

O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio privado, se for achado por
ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado

Se o tesouro for achado em terreno aforado, será dividido por igual entre o
descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele mesmo seja o
descobridor.

Se o tesouro for encontrado em propriedade pública, pertencerá ao Estado.

Bens arqueológicos e pré-históricos pertencem ao Estado.

 Descoberta (art. 1236 ao 1237)

“Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo
possuidor.”
Eventualmente, se o descobridor da coisa não conhecer o dono, deverá tomar todas
as medidas para encontrá-lo, guiado pela boa-fé. Se não o encontrar, entregará a
coisa achada à autoridade competente.

A autoridade competente dará conhecimento da descoberta por meio da imprensa e


de outros meios de informação, somente expedindo editais se o seu valor os
comportar.

Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital, não


se apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida em
hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do
descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição se
deparou o objeto perdido. Sendo de diminuto valor, poderá o Município abandonar a
coisa em favor de quem a achou, hipótese em que o descobridor adquirirá a
propriedade.

 Usucapião dos bens móveis:

Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante
três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade. (usucapião
ordinária)

Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião,


independentemente de título ou boa-fé. (usucapião extraordinária)

 Formas derivadas:
 Especificação (art. 1269 ao 1271, CC)

Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova,


desta será proprietário, se não se puder restituir à forma anterior.

Há especificação nos casos da escultura em relação à pedra, da pintura em relação


à tela, da poesia em relação ao papel.
Se toda a matéria-prima for alheia e não se puder reduzir à forma precedente, será
do especificador de boa-fé a espécie nova. Nesse caso, o especificador deverá
indenizar o proprietário da matéria prima.

Sendo praticável, ou melhor, possível a redução ao estado anterior; ou quando


impraticável, se a espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria-
prima

Em qualquer caso, inclusive no da pintura em relação à tela, da escultura, escritura e


outro qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, a espécie nova será do
especificador, se o seu valor exceder consideravelmente o da matéria-prima. O
especificador que adquire a coisa nova deverá indenizar o dono da matéria-prima
pelo seu valor.

 Confusão, comissão e adjunção (arts. 1272 ao 1274, CC)

Para uma melhor categorização jurídica, pode ser conceituada como confusão real,
pois relativa à propriedade móvel (coisas líquidas). São exemplos de confusão real
as misturas de água e vinho; de álcool e gasolina; de biodiesel e gasolina; de
nitroglicerina.

Comissão (comistão) ~> mistura de coisas sólidas ou secas, não sendo possível a
separação. Exemplos: misturas de areia e cimento; misturas de cereais de safras
diferentes, não sendo possível identificar a origem.

Adjunção ~> justaposição ou sobreposição de uma coisa sobre outra, sendo


impossível a separação. Exemplos: tinta em relação à parede; selo valioso em
álbum de colecionador.

As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou adjuntadas


sem o consentimento deles, continuam a pertencer-lhes, sendo possível separá-las
sem deterioração.

Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio excessivo,


permanece o estado de indivisão, cabendo a cada um dos donos quinhão
proporcional ao valor da coisa com que entrou para a mistura ou agregado. Se uma
das coisas puder ser considerada como principal, o dono desse principal será o
dono do todo, indenizando os demais pelos valores que corresponderem aos seus
quinhões.
Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má-fé, à outra parte que estiver
de boa-fé caberá escolher entre: a) adquirir a propriedade do todo, pagando o que
não for seu, abatida a indenização que lhe for devida, ou b) renunciar ao que lhe
pertencer, caso em que será indenizado de forma integral.

Se da união de matérias de natureza diversa se formar espécie nova, à confusão,


comissão ou adjunção aplicam-se as normas dos arts. 1.272 e 1.273. É o caso que
da mistura de minerais surja um novo.

 Tradição (art. 1267 e 1268, CC)

Consiste na entrega da coisa ao adquirente, com a intenção de lhe transferir a sua


propriedade.

Tradição real – é aquela que se dá pela entrega efetiva ou material da coisa;

Tradição simbólica – ocorre quando há um ato representativo da transferência da


coisa; Quando o transmitente cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que
se encontra em poder de terceiro;

Tradição ficta – é aquela que se dá por presunção. Quando o transmitente continua


a possuir pelo constituto possessório; Quando o adquirente já está na posse da
coisa, por ocasião do negócio jurídico.

O art. 1.268 do Código Civil trata da alienação a non domino, quer dizer, aquela
realizada por quem não é o dono da coisa móvel. Nessas situações, a tradição não
aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou
estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente
de boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono.

Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a propriedade,


considera-se realizada a transferência desde o momento em que ocorreu a tradição.

A título de exemplo, se alguém vende um veículo pensando que a


propriedade já lhe pertence, o que é um engano, haverá uma venda a non
domino e, portanto, um negócio ineficaz. Mas, se o veículo foi adquirido de
boa-fé e havendo a transferência posterior o ato se torna plenamente eficaz.
Deve-se entender que essa eficácia superveniente tem efeitos ex tunc
(retroativos), até a data da celebração do negócio original, uma vez que há
uma confirmação posterior.

Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por título um negócio jurídico
nulo.

 Sucessão hereditária (art. 1784, CC)

Valem os comentários que foram feitos anteriormente para a aquisição de bens


imóveis.

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