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Universidade Federal de Santa Catarina

Amalia Luiz Gonçalves

O TRANSTORNO DE CONDUTA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: A


ATUAÇÃO PROFISSIONAL PARA O CUIDADO DE SAÚDE

Florianópolis

2014

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Universidade Federal de Santa Catarina

Amalia Luiz Gonçalves

O TRANSTORNO DE CONDUTA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: A


ATUAÇÃO PROFISSIONAL PARA O CUIDADO DE SAÚDE

Monografia apresentada ao Curso de


Especialização em Linhas de Cuidado em
Enfermagem – Opção Atenção Psicossocial
do Departamento de Enfermagem da
Universidade Federal de Santa Catarina
com requisito parcial para a obtenção do
título de Especialista.

Profa. Orientadora: Giovana Dorneles


Callegaro Higashi

Florianópolis (SC)

2014

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Folha de Aprovação

O trabalho intitulado O Transtorno de Conduta em Crianças e Adolescentes: a


atuação profissional para o cuidado de Saúde de autoria da aluna Amalia Luiz
Gonçalves foi examinado e avaliado pela banca avaliadora, sendo considerado –
Aprovado, no Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem –
Atenção Psicossocial.

____________________________________

Profa. Dra. Giovana Dorneles Callegaro Higashi

Orientadora da Monografia

____________________________________

Profa. Dra. Vânia Marli Schubert Backes

Coordenadora do Curso

____________________________________

Profa. Dra. Flávia Regina Souza Ramos

Coordenadora de Monografia

Florianópolis (SC)

2014

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Dedicatória

As crianças, adolescentes e suas Famílias que nos confiaram seus cuidados.

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Agradecimentos

As Profa. Dra. Daiana Kloh e Profa. Dra. Giovana Dorneles Callegaro Higashi pelo
encorajamento para finalização deste trabalho;

As minhas filhas pela confiança que depositaram em mim;

Aos meus colegas do Capsi por compartilhar as dúvidas e pelo apoio.

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“Trabalhar é criar e criar e o único prazer
sólido e eficiente que podemos desfrutar
sobre essa terra”

Giobert

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SUMÁRIO

Resumo......................................................................................................08
Introdução.................................................................................................09
Fundamentação Teórica.............................................................................12
Método......................................................................................................22
Resultado e Análise................................................................................. 23
Considerações Finais................................................................................ 24
Referências................................................................................................24

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RESUMO

No presente trabalho serão apresentadas as principais características do transtorno de


conduta, seu diagnostico, evolução e tratamento. Destacaremos os fatores associados ao
comportamento antissocial na infância e adolescência, com o objetivo de refletir a
missão profissional de saúde mental na assistência psicossocial. Método: Análise de
publicações, resultados, o transtorno de conduta pode surgir precocemente na infância e
persistir ao longo da vida, constituindo quadros psiquiátricos de difícil tratamento.
Fatores individuais, familiares e sociais estão implicados no desenvolvimento e na
persistência do transtorno de conduta. É necessário ser identificado o quadro o mais
cedo possível para a intervenção terapêutica e ações preventivas junto à
criança\adolescente, à família e a escola.

Palavra Chave: transtorno de conduta, cuidado de saúde, atenção psicossocial.

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INTRODUÇÃO
O interesse em desenvolver esse estudo surgiu a partir do aumento de
incidência nos transtornos da conduta em crianças e adolescentes gerando um fator de
preocupação para os profissionais que atuam nos serviços de saúde mental.
A infância é o período que vai desde o nascimento até o décimo segundo ano
de vida - Estatuto da Criança e Adolescente (ECA – 1990). É caracterizado pelo período
de significativo desenvolvimento físico atrelado ao momento em que o ser humano se
desenvolve na dimensão psicológica, abrangendo diversas e graduais mudanças no
comportamento do indivíduo, sobretudo na formação das bases de sua personalidade.
É a partir do décimo segundo ano de vida até o décimo oitavo ano de vida
incompleto que é considerado adolescente, pois no momento que completa 18 anos o
individuo passa a responder civil e criminalmente como maior de idade, ou seja, como
pessoa imputável.
No cerne da psiquiatria da infância, um dos quadros mais problemáticos tem
sido o chamado transtorno da conduta, anteriormente chamado de delinquência, o qual
se caracterizava por um padrão repetitivo e persistente de conduta antissocial, agressiva
e desafiadora.
Na base do transtorno de conduta está a tendência permanente para apresentar
comportamentos que incomodam e perturbam, além do envolvimento em atividades
perigosas e até mesmo ilegais. Não apresentam sofrimento psíquico ou constrangimento
com as próprias atitudes e não se importam e ferir os sentimentos das pessoas ou
desrespeitar seus direitos. Portanto, seu comportamento apresenta maior impacto nos
outros do que em si mesmo.
Os comportamentos anti-sociais tendem a persistir, parecendo faltar a
capacidade de aprender com as conseqüências negativas de seus atos. Outra
característica importante é que tais comportamentos prejudicam de forma significativa a
vida da criança e do adolescente, seja na escola, em casa, ou na vida social.
O Transtorno de conduta é considerado difícil de diagnosticar e tratar, uma vez
que as crianças e adolescentes, em seu ciclo normal de desenvolvimento apresentam
uma série de comportamentos, incluindo os desafiadores. Isso significa dizer que nem

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todos os comportamentos apresentados por eles são aqueles desejados socialmente,
como os comportamentos de educação e civilidade.
Comportamentos como mentir e matar aulas fazendo parte do desenvolvimento
da criança e adolescente, especialmente quando ocorrem de forma isolada ou
esporádica. Porém, se esse tipo de comportamento se torna uma constante, uma padrão,
pode ser caracterizado como um transtorno.
Lembramos que o transtorno de conduta não deve ser confundido com o termo
“distúrbio na conduta”, utilizado no Brasil de forma muito abrangente e inespecífica
para nomear problemas de saúde mental que causam incômodo no ambiente familiar e
ou escolar. Por exemplo, crianças e adolescentes desobedientes, com dificuldade para
aceitar regras e limites e que desafiam a autoridade de pais ou professores, costumam
ser encaminhados aos serviços de saúde mental devido a “distúrbio da conduta”.
No entanto, tais distúrbios nem sempre preenchem critérios para a categoria
diagnóstica “transtorno da conduta”. Portanto, o termo “distúrbio da conduta” não é
apropriado para representar diagnósticos psiquiátricos.
Neste contexto, pode-se verificar que quanto mais precoce o início do
surgimento, maior a gravidade e forte tendência de durar ao longo da vida. Os sintomas
permeiam desde os mais leves como mentiras, falta as aulas até a inclusão dos mais
graves, como agressões físicas ou uso de drogas. O desinteresse e déficit de participação
escolar e o próprio comportamento desviante levam ao fracasso acadêmico tornando o
futuro da criança ou adolescente mais limitado. Ainda, o encontro com outras pessoas
com o mesmo perfil pode ocasionar a formação de gangues, o que significa em primeiro
passo na direção de atividades ilegais em grupo.
Sendo assim, o objetivo desse estudo é identificar as características do
transtorno de conduta, analisar suas implicações na criança e no adolescente, as
causas, seu diagnóstico e tratamento, destacando, também, como a escola e
principalmente família pode ajudar neste processo.
A partir da realização deste estudo, contribui-se para ampliar os conhecimentos
em torno de uma doença a qual repercute no desenvolvimento social, psicológico e de
aprendizado da criança e adolescente.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Transtorno de Conduta

O transtorno de conduta se configura como um dos transtornos psiquiátricos


mais freqüentes no período da infância, conseqüentemente, gerando uma dos principais
causas de encaminhamento ao serviço de saúde mental. Desta forma, importa ressaltar
que o transtorno de conduta não deve ser confundido com o termo “distúrbio da
conduta”, utilizado no Brasil de forma muito abrangente e inespecífica a fim de nomear
problemas de saúde mental que causam incomodo no ambiente familiar e\ou escolar.
Por exemplo, crianças e adolescentes com o perfil de desobediência familiar e
nos espaços sociais, que apresentem dificuldade em aceitar regras e limites e que
desafiam a autoridade de pais ou professores costumam ser encaminhados ao serviço de
saúde mental devido a “distúrbio da conduta”. No entanto, os jovens que apresentam
tais distúrbios nem sempre preenchem critérios para a categoria diagnóstica “transtorno
de conduta” assim, não se torna propicio para representar e caracterizar diagnósticos
psiquiátricos (Bordim, Offord, 2008)
Nomeados no CID Classificação Internacional de Doença pelo código F91, essa
categoria entra nos Transtornos de Comportamento Disreeptivos (TCDs) e segundo o
DSM-IV Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais essa classificação
mais geral é composta por dois transtornos: o Transtorno da Conduta (TC) e o
Transtorno Desafiador de Oposição (TODO). As pessoas com mais de 18 anos que
apresentam essas características são consideradas com Transtorno de Personalidade
Anti-social (Bordim, Offord, 2008).

Classificação

Os transtornos de comportamento disreeptivos incluem o transtorno desafiador


de oposição (TODO), os transtornos da conduta (TC) e o transtorno de déficit de
atenção \ hiperatividade (TDAH). O TDO e TC estão intimamente relacionados. O
TODO é visto como uma forma precursora, mais leve, ou subtipo, de TC.
E, quando os comportamentos ocorrem com muito mais frequência do que
costuma ser observado em indivíduos de idade e nível de desenvolvimento comparável
e quando leva a comprometimento funcional que se torna um transtorno. Também

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parece essencial investigar de maneira exaustiva outros transtornos psiquiátricos ou
comormidades. Muitos jovens traumatizados com transtorno do humor (deprimidos ou
bipolares), psicóticos ou com desenvolvimento perturbado se engajam em
comportamentos negativos. O TDO e o TC não devem ser diagnosticado em separado se
os sintomas ocorrem exclusivamente durante o curso desses outros transtornos.
Inicialmente, em qualquer transtorno e para qualquer paciente, o primeiro passo
é a realização de uma avaliação minuciosa que possa trazer dados consistentes a fim de
se traçar uma linha de bases. Isto é, conhecer quem é a pessoa, qual sua demanda, como
foi sua história de aprendizagem e quais são as relações estabelecidas com o contexto. A
avaliação permite trazer um diagnóstico topográfico e funcional, apontar diagnósticos
diferenciais e escolher as técnicas mais pertinentes e eficazes para serem utilizadas no
processo terapêutico. Além disso, a avaliação não ocorre apenas no início do
acompanhamento psicoterápico, mas durante todo o processo.
Uma vez que a criança e os pais vão se transformando ao longo do processo, vão
aprendendo e desenvolvendo novas formas de relacionamento e adquirindo maior poder
de discriminação de situações consideradas aversivas. Desta forma, diferentes maneiras
de interpretação das situações vão sendo favorecidas e, conseqüentemente, novas
habilidades de enfrentamento podem ser emitidas. Nesse sentido, o processo avaliativo
deve estar presente durante todo o processo psicoterápico, a fim de focar metas,
verificar possíveis resultados, restabelecer intervenções e objetivos terapêuticos.

Critérios diagnósticos para TDO, TC, TDHA e Transtorno Desafiador de


Conduta.

Transtorno Desafiador de Oposição

Para TDO, o indivíduo deve exibir pelo menos quatro de oito sintomas dentro
dos últimos seis meses. Estes são sintomas característicos do portador desse transtorno:

- Demonstrar ressentimento;

- Ficar aborrecido com facilidade;

- Discute com adultos;

- Descontrola-se;

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- Culpa os outros por se mau comportamento;

- Aborrece deliberadamente as pessoas;

- Desafia regras ou solicitações;

- Revela Rancor.

MÉTODO

O presente estudo utilizou como método revisão da literatura sobre os


transtornos de condutas na infância e adolescência, os fatores de risco, fatores de
proteção, de forma a promover uma melhor compreensão do desenvolvimento infantil,
bem como para que seja possível elaborar planos de cuidados efetivos como intervir de
forma precisa na prevenção e\ou interrupção do risco.
A busca da literatura nacional e internacional na área foi realizada através de
bases de dados PsycLIT e Scielo. As palavras chaves utilizadas foram: transtorno de
conduta, cuidados de saúde, atenção psicossocial.
A maior parte da literatura consultada foi de artigos científicos; capítulos de
livros, já as monografias, dissertações de mestrado representam a minoria de literaturas
consultadas. Assim, foi elaborado relatório da literatura examinada e categorizada, após
a revisão de tais teorias.

RESULTADOS E ANÁLISE

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O trabalho buscou analisar como o profissionalmente de saúde pode atuar no
cuidado de saúde aos portadores de transtorno da conduta revendo um conhecimento
atualizado do tema em questão.

Transtorno da Conduta

No Transtorno de conduta deve exibir três dos quinze sintomas no ano anterior e
nos últimos seis meses. Estes são sintomas característicos do portador desse transtorno:

- Bravatas (persegue, atormenta, ameaça ou intimido os outros);

- Crueldade com os animais;

- Destruição de propriedade alheia;

- Brigas;

- Permanência até tarde da noite fora de casa;

- Fuga de casa;

- Imposição de sexo à força;

- Crueldade com pessoas;

- Uso de armas;

- Provocação de incêndios;

- Invasão da casa, edifício ou carro de alguém;

- Ausência da escola;

- Mentira ou trapaça todos os dias;

- Roubo com confrontação com a vítima (assalto)

- Furto (não há a confrontação da vítima).

Transtorno de Déficit de Atenção \ Hiperatividade (TDAH)

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O TDAH deve ocorrer na infância inicial, no mínimo antes dos sete anos de
idade, mesmo não sendo diagnosticado mais tarde. Se uma criança apresentar, por seis
meses ou mais, dos sintomas de desatenção, o transtorno é identificado como TDHA do
tipo que predomina a desatenção. Se houver, por mais de seis meses ou mais, sintomas
hiperativos impulsivos são satisfeitos os critérios para o tipo predominantemente
hiperativo impulsivo. Se houver os dois, o TDHA é do tipo combinado.

Sintomas de Desatenção

Nove critérios para os sintomas de desatenção do TDAH (6 de 9):

- Erro por descuido;

- Dificuldade de atenção;

- Problemas de ouvir;

- Perda das coisas;

- Falha em finalizar o que inicia;

- Falta de capacidade de organização;

- Relutância em fazer tarefas que necessitam de esforço mental persistente.

- Esquecimento das atividades de rotina;

- Distração fácil.

Sintomas Hiperativos Impulsivos

Nove critérios para a hiperatividade (6 de 9):

- Corre ou é inquieto;

- Incapaz de esperar por sua vez;

- Incapaz de brincar quieto;

- Lento ou incapaz de ficar parado;

- Apresenta inquietação com as mãos e os pés;

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- Responde com precipitação;

- Dificuldade em ficar sentado;

- Falo de mais;

- Tende a interromper.

Outro ponto importante é que esses comportamentos devem ser apresentados em


público, além da escola e da casa.

Epidemiologia

O comportamento anti-social de crianças e adolescentes tem sido associado aos


fatores constitucionais e ambientais. A partir do estabelecimento de clínicas vinculadas
ao Juizado de menores que profissionais da Saúde Mental foi possível observar o
desenvolvimento do comportamento anti-social na fase da infância e adolescência. Ao
constatar-se a gama de problemas familiares e sociais na história de vida dos
delinqüentes juvenis, foi elaborado a hipótese de uma reação às adversidades
encontradas tanto no ambiente familiar como na comunidade (Bordin, ofoord 2000)
Segundo Winnicott (1994), quando crianças sofrem privação afetiva,
manifestam-se os comportamentos antissociais no lar ou numa esfera mais ampla. Do
ponto de vista psicodâmico, estes comportamentos demonstram esperança em obter algo
que foi perdido, sendo a ausência de esperança a característica básica da criança que
sofreu privação. O jovem experimenta um impulso de busca de objeto, de alguém que
possa encarregar-se de cuidar dele, esperando poder confiar num ambiente estável,
capaz de suportar a tensão resultante do comportamento impulsivo. O ambiente é
repetidamente testado em sua capacidade para suporta a agressão, tolerar o incômodo,
impedir a destruição, preservando o objeto que é procurado e encontrado.
Acredita-se que a cerca de 2 a 16% das crianças em idade escolar satisfaçam os
critérios diagnósticos de TDO ou TC. Tanto o TDO como o TC são mais prevalentes
em meninos do que em meninas.A taxa de TC tende ser maior em adolescentes (7% em
jovens de 12 a 16 anos) do que em crianças (4% em crianças de 4 a 11 anos).
Considera-se o TC de início na infância uma forma mais séria de transtorno, cujo
prognóstico em geral é pior. Mesmo assim, menos da metade das crianças com
transtorno da conduta continua a sofrer do TC até a vida adulta. Contudo, algum tipo de
transtorno psiquiátrico é diagnosticado em até 80% dos adultos que tiveram TC quando

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crianças. Em geral, os adultos que foram crianças com TC exibem taxas mais altas de
criminalidade, de transtornos psiquiátricos e de abuso de substâncias, menos conquistas
acadêmicas e ocupacionais, relacionamentos conjugais ruins e pior saúde física que os
demais.
Etiologia

A etiologia do TDO e do TC é complexa e multifatorial. A pesquisa tem destacado


vários fatores de risco que contribuem para o início. Tais fatores são características,
acontecimentos ou processos que aumenta a probabilidade do início do transtorno.
Contudo, as crianças podem ter múltiplos fatores de risco e nunca desenvolver o
transtorno ou, ao contrário, podem ter poucos e exibir um transtorno complexo. Embora
exista muito a ser elucidado, é amplo o conhecimento sobre o início do TC, e a pesquisa
provavelmente nos permitirá dividir o transtorno em subtipos que possam ter etiologias
únicas e métodos únicos de tratamento efetivo.

Fatores da Criança

Temperamento: crianças com temperamento mais difícil (humor negativo,


menos adaptabilidade, etc.) e alto nível de busca por novidades. Déficits
neuropsicológicos: déficits de desempenho na linguagem, memória, coordenação
motora, e “desempenho executivo” (raciocínio abstrato, planejamento, atenção enfocada
e julgamento).

Baixa relação autonômica atividade\ativação.

Dificuldades iniciais de comportamento: início precoce da falta de obediência e


agressão.

Dificuldades acadêmicas: transtornos de aprendizagem em níveis baixos de desempenho


intelectual.

Disfunção serotonérgica.

Traumatismo craniano, convulsões, outros distúrbios neurológicos.

Outros transtornos psiquiátricos (especialmente TDH, TEPT, Transtornos da


aprendizagem, abuso de drogas, transtornos de humor).

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Fatores dos Pais de Família

Complicações pré e perinatais; complicações da gravidez e do parto;


prematuridade e baixo peso ao nascer, lesões ou complicações cerebrais menores.

Psicopatologia e comportamento criminoso na família: comportamento


criminoso, personalidade anti-social e alcoolismo em um dos genitores.
Histórico familiar de personalidade anti-social, abuso de drogas, TDHA,
transtorno de humor, transtorno de aprendizagem.
Desempenho materno e paterno deficiente: comunicações coercitivas dos pais
aos filhos; disciplina inconsciente, punição severa ou física e pai\mãe
permissivos ou excessivamente controladores.
Supervisão deficiente: poucas regras e falta de supervisão.
Perturbação das qualidades das relações familiares: pouca aceitação dos filhos
por parte dos pais; falta de calor humano, afeição, apoio emocional e apego.
Discórdia conjugal: conflitos e\ou violência doméstica.
Tamanho da família: família muito grande.
Irmãos com comportamento antissocial (especialmente irmão mais velho).
Desvantagem sócio econômica: pobreza, excesso de pessoas no lar, desemprego,
habitação precária, estresse financeiro e falta de apoios.

Fatores relacionados com a escola

Ambiente escolar inadequado: turmas grandes com pouca ênfase em desempenho


escolar, utilização rara pelos professores de feedback positivo, pouca ênfase na
responsabilidade individual do estudantes, instalações e espaço de trabalho precários,
indisponibilidade de professores e outro apoio dos funcionários da escola para lidar com
as dificuldades dos alunos.

Fatores Protetores

Fatores que reduzem a probabilidade de ocorrência de TC entre jovens outrossim


de alto risco: ser primogênito, visto pela mãe como afetuoso, com alta auto-estima e
tendo local de controle (sentir que seu comportamento pode fazer a diferença) e ter
adultos do mesmo sexo com um papel importante em seu desenvolvimento (além dos
pais) que reforcem modelos de papéis.

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Tratamento

Aspectos essenciais da avaliação de TDO e TC:

1- Devem ser feitas avaliações por diversos métodos e avaliadores em várias


situações.
2- As escalas de avaliações podem ser úteis, mas não diagnósticas.
3- Certificar-se de uma avaliação psiquiátrica completa para outros diagnósticos e
comorbidades primárias.
4- Uma avaliação educacional deve ser realizada se existir suspeita de problemas
escolares ou da aprendizagem. Excluir transtornos da aprendizagem, déficit
sensorial (problemas de audição ou visão).
5- Avaliar a dinâmica da família, suas interações e seu estilo de comunicação, bem
como a história familiar de transtornos.
6- Realizar a análise funcional e comportamental, incluindo antecedentes,
conseqüências e avaliações de linha de base e de acompanhamentos de
comportamento.

O tratamento será mais eficiente se for multimodal e utilização em diversas


situações, que incluem o lar, a escola e o componente da criança no tratamento. Há
comportamentos psicossociais bem estudados e com base em evidências que devem ser
utilizados para os transtornos de conduta.

Os tratamentos psicossociais com base em evidências são:

1- Treinamento de Manejo pelos pais (TMP): treina os pais para interagir com a
criança de maneira que promovam o comportamento pró-social.
2- Treinamento de Habilidades Cognitivas em Solução de Problemas: desenvolve
habilidades para enfrentar conflitos interpessoais, reordenando as expectativas
cognitivas e treinando soluções adaptativas.
3- Terapia Multissistêmica: enfoca o funcionamento do sistema da família e o
comportamento da criançano contexto de sistemas múltiplos (família, escola,
grupo de colegas, etc.).
4- Treinamento de Manejo com a Raiva: auxilia a criança a desenvolver métodos
mais adaptativos para lidar com sentimento de raiva.

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5- Terapia Familiar Funcional: enfoca o auxílio a família para melhorar o estilo de
interações e os comportamentos funcionais.

A intervenção precoce e o auxílio as famílias na aquisição de métodos mais


adaptativos nos relacionamentos melhoram o prognóstico. A respeito desse assunto
Waidman (1998), explica que, pela perspectiva biopsicossocial, a família deve ser
considerada como uma unidade funcional, na qual o impacto de uma enfermidade
repercutirá em cada membro e em todos os relacionamentos familiares.
Quanto mais jovem o paciente e menos grave os sintomas, maior a probabilidade do
indivíduo se beneficiar de uma psicoterapia. Quando se trata de adolescente que já
cometeu delitos, observa-se maior resistência à psicoterapia, podendo ser útil o
envolvimento com profissionais especializados no manejo de jovens anti-sociais através
de oficinas de artes, músicas e esportes. Nessas oficinas, o adolescente tem a
oportunidade de estabelecer vinculo afetivo com profissionais responsáveis pelas
atividades, tomando-os como modelos, além de perceber-se capaz de criar, o que
favorece o desenvolvimento da auto-estima. Sempre que possível, a família dos
pacientes deve ser incluída no processo terapêutico.
Outro passo importante é reavaliar o ambiente escolar da criança, se a
metodologia de ensino é voltada para a resolução de conflitos em sala, se há inspeção
nos pátios, pois as maiorias das situações agravantes e perigosas entre crianças e
adolescentes acontecem fora da sala de aula. O ideal é uma escola com esse olhar, com
mais profissionais especializados na problemática real da existência de crianças que já
trazem problemas comportamentais, não podendo a escola incentivar e sim inibir a piora
desse quadro.
O tratamento com psicofármacos faz-se necessário em algumas situações nas
quais os sintomas alvos (por exemplo, idéias paranóides associadas à agressividade,
convulsões) ou outros transtornos psiquiátricos (por exemplo, TDAH, depressão) estão
presentes. Recomenda-se cautela no uso de neurolépticos para o tratamento da
agressividade, pois os riscos podem superar os benefícios.
A hospitalização está indicada em casos de risco iminentes para o paciente (por
exemplo, suicídio, auto-agressão) ou para os demais (por exemplo, homicídios). Sempre
que possível optar por intervenções menos restritivas (por exemplo, hospital-dia).

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Prognóstico

O prognóstico do TODO e do TC é bastante variável. Muitas pessoas com TC


continuam a demonstrar algumas dificuldades flutuantes em aspectos comportamentais
no seguimento (follow-up) de sete anos. Cerca de um terço dos indivíduos com TC
desenvolve transtorno da personalidade anti-social.
Começo tardio (após os 15 anos), sexo feminino, QI alto, boas habilidades
sociais, família melhor estruturada, boa relação com colegas na escola, não usar drogas,
paciente mais jovem, cultura pacifista, boas condições financeiras e histórico familiar
sem transtornos de personalidade estão associados a um melhor prognóstico.
Entre 60 – 75% dos adolescentes com transtornos de conduta NÃO se tornam
antissociais\psicopatas\sóciopatas. A maioria nunca chega a ser condenada por algum
crime e se tornam cidadãos produtivos desde que possuam apoio social suficiente.
Desse modo, a prevenção e o tratamento precoce costumam ter mais sucesso na melhora
do prognóstico. Apesar do alto risco de outros transtornos psiquiátricos, de ir a cadeia e
de comprometimento do desempenho ocupacional, muitas crianças com TC atingem um
ajustamento adulto favorável.
Comportamentos anti-sociais são freqüentes observados no período da adolescência
como sintomas isolados e transitórios. Porém, estes podem surgir precocemente na
infância e persistir ao longo da vida, constituindo quadros psiquiátricos de difícil
tratamento. Fatores individuais, familiares e sociais estão implicados no
desenvolvimento e na persistência do comportamento anti-social, interagido de forma
complexa e ainda pouco esclarecido.
Pode-se identificar na literatura investigada o mapeamento do transtorno da conduta
em suas vertentes, porém faz-se necessário, que os profissionais que atuam junto a
infância e adolescência tomem ciência desses conhecimentos para subsidiar um
intervenção efetiva.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observa-se que existe um entrave em se utilizar a rede de serviços públicos,


sendo assim, urge a necessidade de se romper essas barreiras para unir forças em pró de
um atendimento integral (familiar, UBS, escola, CAPSI, comunidade e seus recursos),
pois frente ao quadro apresentado na literatura o tratamento para ser eficaz deve ser
multidisciplinar.

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REFÊNCIAS

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