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Avaliação N1 – Platão

1. O Demiurgo e a gênese do mundo sensível:

Platão divide a realidade em dois mundos, um sensível e o outro inteligível. O


primeiro é o mundo onde estamos, ele é caracterizado por ser material, imperfeito,
perecível. O segundo é o que chamamos Mundo das Ideias, das formas perfeitas, dizemos
que ele é imaterial, perfeito, puro, imperecível, eterno.

No mundo das Ideias existe o Demiurgo, uma divindade, o Deus para Platão. Com ele
também estão presentes as Ideias, as formas perfeitas, originais, de cada coisa que nós
vemos no mundo material: a Ideia da arvore, do cavalo, do belo, do justo.

Fora do mundo inteligível existia uma matéria informe, chamada chorna. Nela, o
Demiurgo cria o mundo material tomando as Ideias como modelo. Ele imprime a Ideia na
chorna como aquele põe a massa na forma para fazer biscoito. Continuando essa analogia,
de cada forma (Ideia) ele fez vários biscoitos.

Sendo assim, vê-se que o mundo material é uma cópia, impressão, representação do
mundo sensível. As coisas que existem lá de forma perfeita, única, ideal possuem
representações no mundo sensível.

Porém, como sabemos, a cópia nunca é igual a original, existindo várias cópias
veremos muitas representações diferentes de uma mesma Ideia. Tomando o exemplo da
árvore: existe uma Ideia arvore, uma forma perfeita, completa, e existe as várias cópias no
mundo sensível, arvore grande ou pequena, tronco mais reto ou mais inclinado.

2. O conhecimento como reminiscência e os graus de ascensão ao inteligível.

Dizer que o conhecimento é reminiscência significa afirmar que conhecer não é um


processo de aprendizagem do zero, mas uma recordação do que de alguma forma já
sabíamos. Platão pensava dessa maneira, vejamos, então, como ele buscou explicar isso.
Como foi dito na questão anterior, para Platão existe o mundo das Ideias e o mundo
sensível e que este é uma representação daquele. Como é no mundo das Ideias que
existem as coisas como são de fato, de forma perfeita e original, o conhecimento
verdadeiro é conhecimento delas e não de suas cópias.

Ainda para compreendermos a questão do conhecimento, é necessário levar em


consideração que para ele o homem é constituído de duas partes: corpo e alma. O corpo é
a parte material, perecível e a alma é imaterial e eterna. A alma possuí uma semelhança
com as Ideias e antes de unir-se ao corpo ela estava em contato com elas, as conhecia.
Porém, no processo de união com o corpo ela acaba esquecendo o que antes sabia.

Junto do corpo a alma está em contato com o mundo material, com as representações
do mundo das Ideias. É no contato com as cópias que a alma pode entrar em um processo
de recordação, reminiscência. Para fazer isso e chegar novamente ao conhecimento das
Ideias em si ela deve fazer um esforço dialético, da razão, do pensamento próprio da
filosofia, ou melhor, do filósofo.

Para realizar esse feito o homem deve passar da Eikasia, que é a percepção primeira
das coisas que existem, as nossas sensações, e da Pístis que é o processo de formação de
hipóteses, crenças, opiniões que fazem parte do conhecimento meramente sensível.
Prosseguindo com esse esforço dialético chega-se a Diánoia, que é o conhecimento
matemático, primeiro estágio de conhecimento que sai do mundo sensível, para, por fim,
poder chegar ao último estágio, o mais sublime, a Noésis, que é a contemplação das
Ideias.

Conclui-se, portanto, que para passar por esse processo dialético, próprio do
verdadeiro filósofo, para conduzir a alma do homem novamente para o conhecimento das
Ideias, da verdade, é preciso afastar-se das aparências do mundo sensível, que muitas
vezes pode nos enganar, e conduzi-la novamente para o além do aparente, para onde está a
verdade de fato.

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