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VICTOR MANOEL

SÓCRATES E OS SOFISTAS

AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA DE
METODOLOGIA APRESENTADA AO
CURSO DE FILOSOFIA DA
FACULDADE SÃO LUIZ COM O
REQUISITO DE PRATICAR A
METODOLOGIA ACADÊMICA.
ORIENTADOR: MS. PAULO BECHER.

BRUSQUE
2021
SÓCRATES E OS SOFISTAS

Resumo

Ao longo da história da filosofia é possível vermos algumas constantes, poderíamos elencar


tais, como: o surgimento de novas formas de pensar a partir de um contexto específico, a
ruptura com escolas de pensamento anteriores e as formas de pensar antagônicas, existentes
em uma mesma época. Já na Filosofia Antiga é possível vermos isso, um exemplo claro é a
relação que podemos fazer entre Sócrates e os Sofistas. Deste modo, a presente exposição
buscará apresentar o contexto em que eles surgiram, apontamentos gerais sobre o pensamento
Sofístico, com destaque a Protágoras, e a filosofia de Sócrates e as semelhanças e
divergências que cada um possuía.

Conteúdo

O cenário dos acontecimentos que fizeram surgir estes personagens foi a Grécia
Antiga nos meados do século V a.C. A filosofia nesse período tem uma mudança de
paradigma realizada pelos Sofistas. Porém, dois fatores foram essências para isso, um
filosófico e outro sócio-político. O filosófico diz respeito a crise dos naturalistas, os primeiros
filósofos, que conhecemos por pré-socráticos, eles buscavam encontrar o princípio primeiro
do qual todas as coisas de originam, porém, diversas foram as respostas, não chegando a um
consenso, resultando para alguns numa experiência frustrante. O fator sócio-político índica a
mudança de governo, da aristocracia para a democracia. Com a participação dos cidadãos na
vida política houve uma valorização da retórica, como instrumento essencial nos debates
realizados nas Assembleias. E aqui os Sofistas assumiram papel essencial.

Dado o contexto, vejamos quem foram os Sofistas. Diante da crise da filosofia


naturalista questionou-se a real capacidade do homem de conhecer. Será que realmente
podemos chegar a uma verdade definitiva por meio da razão? Será que existe alguma verdade
definitiva? Foram essas as perguntas que deslocaram o pensamento filosófica da natureza para
o homem, mais precisamente sobre sua capacidade cognoscente. A conclusão dada pelos
Sofistas, de forma geral, é que não é possível chegarmos a verdades universais. Alguns até
mesmo afirmaram que elas não existem. Sendo assim, o importante não é alcançar a verdade,
mas fazer da opinião uma verdade, a verdade torna-se relativa.
Com a democracia, os Sofistas assumiram o papel de educadores, formavam os
cidadãos para a vida na pólis ensinando essencialmente a retórica, pois era de extrema
importância, para aqueles que se interessavam pela vida política, possuir a capacidade de
comunicar-se bem, fazer-se entender e, principalmente, convencer.

O principal expoente dos Sofistas foi Protágoras, ele é chamado pai do relativismo,
pois acreditava não existir uma única verdade, imutável, universal, mas que cada um possuía a
sua verdade. Ainda mais, para ele, a medida, ou melhor, o critério da verdade é o homem.
Cada um pode, nesse sentido, elaborar e afirmar suas verdades a partir de seu ponto de vista.
O seu método de retórica era a Antilogia, consistia no fato de que todo argumento pode ser
contra argumentado, de tudo pode ser dito o seu oposto. Também afirmava ter a capacidade
de, por meio da retórica, fazer o argumento mais fraco tornar-se o mais forte.

A "virtude" que Protágoras ensinava era exatamente essa "habilidade" de


saber fazer prevalecer qualquer ponto de vista sobre a opinião oposta. O
sucesso de seus ensinamentos deriva do fato de que, fortalecidos com essa
habilidade, os jovens consideravam que poderiam fazer carreira nas
assembleias, nos tribunais, na vida política. (REALE, 2005, p.77)

No mesmo contexto, mas contrapondo-se em muitos quesitos aos Sofistas, surge


Sócrates, insigne pensador da Antiguidade. O pensamento filosófico de Sócrates também está
direcionado para o homem. Para ele o homem é sua alma e dizendo alma entendemos razão.
Ou seja, a essência do ser humano, aquilo que o torna enquanto tal, é a capacidade de pensar,
raciocinar e adquirir conhecimento. Toda a filosofia de Sócrates orbita esta centralidade.

Sócrates acreditava, diferente dos Sofistas, que o homem poderia chegar a conceitos
universais por meio da razão. Para fazer isso ele usava do método da Ironia e Maiêutica. Um
método dialógico que necessitava de abertura, honestidade intelectual e humildade. Com tudo
isso, gradualmente poder-se-ia chegar a verdade, que já está presente em nós, mas que precisa
ser extraída.

Mas, da mesma forma que a mulher que está grávida no corpo tem
necessidade da parteira para dar à luz, também o discípulo que tem a alma
gravida de verdade tem necessidade de urna espécie de arte obstétrica
espiritual, que ajude essa verdade a vir à luz, e essa é exatamente a
"maiêutica" socrática. (REALE, 2005, p. 103)
Por fim, conclui-se que entre Sócrates e os Sofistas certas diferenças e semelhanças
que são importantes destacar. Como semelhança: eles aparecem na história em um período de
profunda mudança social, da aristocracia para a democracia; mudaram o horizonte da
investigação filosófica, colocando no centro o homem e debruçaram-se sobre o problema da
verdade. Como diferenças: enquanto os Sofistas afirmavam o relativismo, Sócrates acreditava
na existência de verdades universais. Eles se preocupavam com a retórica, ele usava o método
maiêutico. Eles cobravam para ensinar e julgavam-se sábios, ele não cobrava e reconhecia-se
ignorante.

Referências

REALE, Giovanni. História da Filosofia: Filosofia Pagã Antiga. Paulus, 2005.

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