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Apostila 01 - Introdução A Fitoterapia
Apostila 01 - Introdução A Fitoterapia
Apostila 01 - Introdução A Fitoterapia
Índice
Histórico ........................................................................................................... 2
Legislação brasileira atual ................................................................................ 6
Nomenclatura botânica .................................................................................... 7
Metabolismo vegetal ........................................................................................ 8
Compostos isolados versus extratos vegetais .............................................. 9
Fitocomplexo: uma abordagem em múltiplos alvos .................................... 10
Sinergismo natural...................................................................................... 11
Aceitação da fitoterapia pela comunidade médica e científica ....................... 12
Falta de efeito ............................................................................................. 12
Falta de legislação...................................................................................... 12
Falta de evidências científicas .................................................................... 12
Falta de padronização ................................................................................ 13
Quem pode prescrever fitoterápicos no Brasil? ............................................. 13
Sistemas de prescrição fitoterápica ............................................................... 14
Paradigmas na Medicina ................................................................................ 15
Medicina Natural e Prática Complementares ................................................. 17
Modalidades de prescrição fitoterápica .......................................................... 17
1) Especificidade bioquímica ...................................................................... 17
2) Tropismo fisiopatológico ......................................................................... 17
3) Potencial Homeofitoterápico................................................................... 17
4) Potencial bioenergético .......................................................................... 18
Preparações fitoterápicas............................................................................... 18
Droga vegetal ............................................................................................. 18
Chá medicinal ............................................................................................. 19
Cápsula ...................................................................................................... 19
Comprimido ................................................................................................ 19
Drágea ........................................................................................................ 19
Glóbulo ....................................................................................................... 19
Infusão ........................................................................................................ 19
Decocção.................................................................................................... 19
Maceração .................................................................................................. 19
Tintura ........................................................................................................ 20
Alcoolatura.................................................................................................. 20
Extrato ........................................................................................................ 20
Extrato fluido............................................................................................... 20
Solução....................................................................................................... 20
Pó ............................................................................................................... 20
Extrato mole ............................................................................................... 20
Extrato seco................................................................................................ 21
Extrato seco padronizado ........................................................................... 21
Extrato glicólico .......................................................................................... 21
Elixir ............................................................................................................ 21
Xampu ........................................................................................................ 21
Creme ......................................................................................................... 21
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Sabonete .................................................................................................... 21
Pomada ...................................................................................................... 21
Pasta .......................................................................................................... 22
Emulsão...................................................................................................... 22
Emplasto..................................................................................................... 22
Gel .............................................................................................................. 22
Loção .......................................................................................................... 22
Óvulo .......................................................................................................... 22
Supositório.................................................................................................. 22
Xarope ........................................................................................................ 22
Referências .................................................................................................... 23
Histórico
Fitoterapia é o estudo das plantas medicinais e suas aplicações na cura das
doenças (Ferro, 2008). O uso de plantas medicinais e seus derivados para o
tratamento das doenças remonta às origens da humanidade. Há relatos do uso de
plantas medicinais, na Babilônia, por volta do ano 3000 a.C. Por volta de 2000 a.C.
foi produzida a Matéria Médica Chinesa.
Por volta de 500 a.C. viveu Hipócrates (460–377 a.C.). Considerado o “Pai da
Medicina,” conhecia profundamente a botânica e o uso medicinal de centenas de
espécies de plantas aromáticas. Cita, em suas obras, mais de 400 plantas, entre elas:
papoula, alecrim, sálvia e artemísia. Fundamentou a sua prática e a sua forma de
compreender o organismo humano, incluindo a personalidade, na teoria dos quatro
humores corporais (sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra), e afirmava que de
acordo com os estados da mente, ou o ser entra em equilíbrio (eucrasia),
ou em doença e dor (discrasia).
Teofrasto, considerado “pai da botânica moderna” (370–285 a.C.), era grego e
estudou com Platão, em Atenas, e depois com Aristóteles. Escreveu Historia
Plantarum, a obra de botânica mais antiga que se conhece. A sua influência sobre os
estudos das plantas se estendeu por 1800 anos. Historia Plantarum descreve um
grande número de plantas, incluindo uma descrição do local onde vegetavam,
germinação das sementes e respectivo uso na medicina e na preparação de perfumes.
Galeno, (129–200 d.C.), foi um dos mais famosos médicos gregos. Ele
conhecia e estudava as plantas medicinais e seus poderes curativos. Em sua obra De
Simplicibus descrevia com detalhes cada planta medicinal.
A cultura, nos primeiros séculos da Alta Idade Média (V–X), sofreu um
retrocesso em termos civilizatórios. A produção intelectual foi cercada pela ignorância
e desprezo pela vida terrena. Durante este tempo, os indivíduos que sabiam como
usar as plantas medicinais começaram a ser perseguidos e acusados de bruxaria e
pacto com o demônio. O conhecimento sobre a utilização das plantas medicinais só
sobreviveu aos dias atuais dentro dos monastérios, onde os monges copiavam à mão
os livros da antiguidade. Os monastérios dos beneditinos monopolizaram a cultura e
distribuição de ervas aromáticas durante a Idade das Trevas na Europa. Esta situação
durou até o fim do século XIX. A partir do Renascimento (1464–1534), novas luzes
foram lançadas sobre a humanidade. Os armazéns de especiarias passaram a ser
conhecidos como boticas e, seus proprietários, como boticários. Eram esses
boticários que deram origem às “matérias médicas.”
Carolus Linnaeus (1707–1778), naturalista sueco, “pai da taxonomia
botânica,” em suas obras Espécies Plantarum (1758) estabelece o ponto de partida
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Farmácia da Natureza
da nomenclatura moderna das plantas, baseado nos caracteres sexuais das flores; e
na obra Genera Plantarum (1764), amplia esse conhecimento.
No final do século XVIII e início do século XIX a química se estabelece como
uma disciplina científica e os químicos que estudavam as plantas medicinais, a partir
de recursos extremamente limitados, dedicaram-se a isolar compostos ativos de
plantas consagradas pelo uso medicinal. Princípios ativos começam a ser isolados a
partir de espécies vegetais. Em 1806, Serturner isola a morfina a partir da espécie
Papaver somniferum L. (papoula). Em 1818, Pelletier e Caventou isolam a estricnina
a partir da espécie Strychnos nux-vomica L. (noz-vômica). Já em 1831, Mein isola a
atropina a partir da Atropa belladona L. (beladona). Mas foi somente em 1897 que o
primeiro fármaco foi produzido. A partir da espécie Salix alba L. (salgueiro), usada
medicinalmente há mais de 6000 anos, a substância salicina é convertida em ácido
salicílico e depois em ácido acetil-salicílico (AAS) pela empresa Bayer®, tornando-
se sucesso de vendas no mundo todo (DerMarderosian & Beutler, 2011).
Fleming, em 1928, isola a penicilina a partir de um micro-organismo, dando
início à era dos antibióticos, que vai do início do século XX até meados da década de
1970. Este período foi marcado pela síntese de medicamentos a partir de correlação
estrutura-atividade. A partir da espécie Erythroxylum coca Lam. (coca), foram
sintetizadas, em 1904–1905, os anestésicos locais derivados da cocaína.
Após a segunda guerra mundial, surgem os anti-histamínicos,
antipsicóticos, antidepressivos, ansiolíticos e anti-inflamatórios sintéticos.
Assim consolida-se o paradigma ocidental da terapêutica: o fármaco é uma molécula
pura, geralmente oriunda de síntese, cujo modelo foi a aspirina. É o advento da
Indústria Farmacêutica, cujas consequências foram:
• Redução do uso de derivados vegetais como medicamentos;
• Monoterapia para o tratamento de doenças complexas;
• Desenvolvimento de drogas sintéticas;
• Quebra da conexão entre plantas e saúde humana.
Sem dúvida, os avanços na ciência proporcionaram aumento significativo da
saúde e longevidade da população e, como resultado, a Fitoterapia passou a ser
associada a curandeirismo, charlatanismo, práticas primitivas, engodo, misticismo, e
até mesmo uma “medicina para quem não tem acesso à ‘verdadeira Medicina.’ ”
Entretanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 70–95% da
população mundial faça uso de práticas de medicina tradicional, incluindo a fitoterapia,
como única forma de terapia (WHO, 2013). O conhecimento tradicional sobreviveu
através dos curandeiros e raizeiros que, com suas garrafadas, levaram alívio a
incontável número de pessoas desassistidas pela medicina moderna.
Por todas essas razões, há dificuldades de aceitação da fitoterapia pela
comunidade médica (Robinson & Zhang, 2011; Sardesai, 2002). De fato, desde a
primeira edição da Farmacopeia Brasileira, o número de plantas medicinais foi
reduzido a quase zero (Figura 1), só voltando a crescer a partir deste século.
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300
250
Número de plantas medicinais
200
150
100
50
0
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª
Edição
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Nomenclatura botânica
Nomenclatura botânica é a nominação científica e formal das plantas. Tem uma
longa história, com início no período em que o latim era a língua científica da Europa,
ou quiçá até ao tempo de Teofrasto. O evento-chave foi a adoção dos nomes binários
para as espécies de plantas por Lineu na sua obra Species Plantarum (1753). Ele deu
a cada espécie de planta um nome que permanecia igual independentemente de quais
outras espécies fossem colocadas no gênero, separando assim a taxonomia da
nomenclatura. Estes nomes de espécies de Lineu em conjunto com nomes de outros
táxons de ordem superior, particularmente os das famílias (não utilizados por Lineu),
podem servir para exprimir uma grande diversidade de pontos de vista taxonômicos.
Os nomes formais da maioria destes organismos são governados pelo Código
Internacional de Nomenclatura Botânica, ainda hoje. Um código separado foi adotado
para governar a nomenclatura das bactérias, o ICNB.
Os nomes são dados em latim para que haja mínima variação com o passar do
tempo. Os nomes são compostos pelo nome do gênero (com inicial maiúscula, em
itálico), seguido da espécie (em itálico), seguidos pela variedade (se houver), seguidos
pelo nome da autoridade classificadora, ou seja, da pessoa que nomeou a espécie.
Exemplos encontram-se na Tabela 2.
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Metabolismo vegetal
Os compostos químicos presentes nas plantas podem ser derivados do
metabolismo primário ou secundário.
Metabolismo vegetal primário. Conjunto de processos metabólicos que
desempenham uma função essencial no vegetal (fotossíntese, a respiração e o
transporte de solutos). Possui distribuição universal e engloba proteínas, carboidratos,
lipídeos e ácidos nucleicos.
Metabolismo vegetal secundário. Conjunto de processos metabólicos que
desempenham funções específicas em cada espécie ou conjunto de espécies
vegetais (defesa, competição, comunicação, reprodução). Não possui distribuição
universal, podendo ser distinto entre as espécies. Desempenha papel importante na
interação das plantas com o meio ambiente e engloba compostos fenólicos, ácidos
orgânicos, terpenos, alcaloides, entre outros (Figura 2, Tabela 3). O metabolismo
vegetal secundário é extremamente influenciado por fatores externos como mudanças
de temperatura, conteúdo de água, níveis de luz, exposição a UV e deficiência de
nutrientes minerais.
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Potência
o xi
T
Sinergismo natural
Os vegetais possuem combinações de moléculas que foram aperfeiçoadas por
milhares de anos para desempenharem determinadas funções biológicas. Essas
combinações contêm moléculas com diversas atividades biológicas que
desempenham funções complementares (Koehn & Carter, 2005; Lila & Raskin, 2005).
Os produtos naturais diferem significativamente das drogas sintéticas na frequência
de diferentes átomos, radicais e configurações espaciais (Koehn & Carter, 2005). Elas
contêm menos nitrogênio, fósforo, enxofre e halogênios, e possuem maior
complexidade molecular, riqueza estereoquímica, diversidade de anéis e carboidratos
(Schmidt et al., 2008). Além disto, derivados vegetais têm a capacidade de modular
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Falta de efeito
Existe uma crença comum de que, nos medicamentos fitoterápicos, a
quantidade de constituintes com atividade biológica seja muito pequena para que haja
efeito terapêutico. É por isto que muitos céticos afirmam que fitoterápicos não passam
de placebo. Felizmente isto não é verdadeiro (Williamson, 2001). Em um relatório
recente da American Association of Poison Control Center (AAPCC), com dados de
1983 a 2009, nos EUA, mais de dois milhões de ingestões acidentais de plantas foram
relatados, e somente 18,5% desses episódios puderam ser categorizados como não
tóxicos. A maioria dos casos apresentava efeito irritante gastrointestinal ou da pele,
anticolinérgico, alucinógeno, depressor ou estimulante. Além disso, esses episódios
resultaram em 45 mortes (Krenzelok & Mrvos, 2011). Estes achados demonstram que
a ingestão de plantas ou extratos vegetais pode resultar em efeito terapêutico.
Falta de legislação
As indicações e a posologia de produtos de origem vegetal varia entre as
nações e continentes, de acordo com aspectos culturais e socioeconômicos. Desde
2004, medicamentos fitoterápicos são regulados pelo FDA nos EUA, e são definidos
como “extratos complexos de uma planta para ser usado no tratamento de doenças.”
Foi só recentemente que o Brasil começou a avançar com a legislação sobre
fitoterápicos.
Hoje, um medicamento fitoterápico pode ser aprovado pela ANVISA para uma
determinada indicação, em determinada forma farmacêutica, em determinada
dosagem e posologia, para determinada faixa etária. Entretanto, muitas vezes
fazemos uso “off-label” desses medicamentos, usando-os nas situações abaixo:
• Medicamentos aprovados, porém para outras indicações
• Medicamentos aprovados, porém em outras formas farmacêuticas
• Medicamentos aprovados, porém em dosagens diferentes
• Medicamentos aprovados, porém para outras faixas etárias
• Medicamentos sem aprovação na ANVISA
Ainda não existe mecanismo legal que regule a prescrição “off-label” de
fitoterápicos.
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Falta de padronização
Outro fator que contribui para a falta de aceitação da fitoterapia pela
comunidade médica e científica, além de resultados inconsistentes em estudos pré-
clínicos e clínicos está relacionada à padronização dos extratos vegetais. Sabemos
que diversos fatores podem influenciar a concentração de compostos secundários em
uma determinada planta. Portanto, pode haver variação na atividade biológica de
plantas de diferentes lotes, que foram cultivadas em diferentes condições de solo e
clima, que foram submetidos a diferentes métodos de extração, etc (Raskin & Ripoll,
2004).
É possível que, no futuro, tenhamos áreas específicas para a produção de
determinadas plantas medicinais, da mesma maneira que hoje determinadas
variedades de uva são cultivadas nesta ou naquela região, resultando em diferentes
tipos de vinho.
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Paradigmas na Medicina
Em toda história da medicina sempre houve uma busca por compreender os
intrincados mecanismos do adoecimento humano. Algumas figuras se destacaram em
função de suas notáveis contribuições no campo do conhecimento médico. Estas
contribuições partiam de determinados paradigmas e influenciavam na construção de
outros mais novos que, ora substituíam os antigos, ora caminhavam simultaneamente
com a predominância de um sobre o outro.
Duas grandes ideias filosóficas permearam a história do conhecimento médico:
Uma relacionada à compreensão do homem como uma unidade
psicossomática, com características singulares e únicas, animada por uma força
vital que se perturba diante de determinados agravos sejam físicos, psicológicos ou
ambientais. Este modelo entende o funcionamento do organismo dentro de uma visão
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Fitoterapia)
Modelo!! Modelo-
Sistêmico- Organicista-
- -
- -
Fitocomplexo- Substâncias-
químicas-
isoladas-
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1) Especificidade bioquímica
Esta forma de raciocínio terapêutico baseia-se no conceito de conjunto
sintomático. É muito familiar e de fácil entendimento para o médico ocidental.
• Arnica montana: anti-inflamatório (terpenos e flavonoides)
• Pyrostegia venusta: antifúngica
• Phyllantus niruri: diurético
• Valleriana officinalis: sedativo
• Sambucus nigra: antitérmico
2) Tropismo fisiopatológico
Esta forma de raciocínio terapêutico baseia-se no conceito de fitocomplexo.
O fitocomplexo consiste no conjunto de compostos químicos
biologicamente ativos encontrados em uma espécie vegetal. Estes compostos
possuem múltiplas ações farmacológicas agindo em diversos ‘alvos’ de forma
sinérgica (herbal shotgun).
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4) Potencial bioenergético
Esta forma de raciocínio terapêutico baseia-se nos princípios vitalistas, da
medicina tradicional chinesa e da indiana (ayurvédica).
É pouco conhecido pelo médico ocidental. A ciência médica frequentemente
coloca em dúvida a efetividade e a validade destas terapêuticas.
Inclui a compreensão de conceitos complexos de energia vital, fisiopatologia
energética, homeostase e interação homem-Natureza.
Enfim, o médico irá buscar aqueles sistemas de prescrição com que tem
maior afinidade ou facilidade de compreensão/manejo, mas sempre integrando-os
ao raciocínio clínico moderno.
Preparações fitoterápicas
Tanto os medicamentos fitoterápicos (MF) quanto os produtos tradicionais
fitoterápicos (PTF) podem ser prescritos em várias formas farmacêuticas.
Forma farmacêutica é o estado final de apresentação dos princípios ativos
farmacêuticos após uma ou mais operações farmacêuticas executadas com a adição
ou não de excipientes apropriados a fim de facilitar a sua utilização e obter o efeito
terapêutico desejado, com características apropriadas a uma determinada via de
administração (BRASIL, 2010a). As principais formulações farmacêuticas fitoterápicas
e suas definições, extraídas da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2010a), estão
listadas neste capítulo.
Droga vegetal
Planta medicinal ou suas partes, que contenham as substâncias, ou classes de
substâncias, responsáveis pela ação terapêutica, após processos de coleta ou
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Chá medicinal
É o nome que se dá à droga vegetal destinada à preparação de infusão,
decocção ou maceração pelo consumidor final.
Cápsula
É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipientes estão
contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de formatos e tamanhos variados,
usualmente, contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente é formada de
gelatina, mas pode, também, ser de amido ou de outras substâncias.
Comprimido
É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais
princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compressão de volumes
uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla variedade de tamanhos, formatos,
apresentar marcações na superfície e ser revestido ou não.
Drágea
São comprimidos revestidos com camadas constituídas por misturas de
substâncias diversas, como resinas, naturais ou sintéticas, gomas, gelatinas,
materiais inativos e insolúveis, açucares, plastificantes, poliois, ceras, corantes
autorizados e, às vezes, aromatizantes e princípios ativos.
Glóbulo
É a forma farmacêutica sólida que se apresenta sob a forma de pequenas
esferas constituídas de sacarose ou de mistura de sacarose e lactose. São
impregnadas pela potência desejada e com álcool acima de 70%.
Infusão
Consiste em verter água fervente sobre a droga vegetal e, em seguida, tampar
ou abafar o recipiente por um período de tempo determinado. É popularmente
conhecido como chá ou chá medicinal. Trata-se de método indicado para partes de
drogas vegetais de consistência menos rígida tais como folhas, flores, inflorescências
e frutos, ou com substâncias ativas voláteis.
Decocção
Consiste na ebulição da droga vegetal em água potável por tempo determinado.
Também é popularmente conhecido como chá. Trata-se de método indicado para
partes de drogas vegetais com consistência rígida, tais como cascas, raízes, rizomas,
caules, sementes e folhas coriáceas.
Maceração
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Tintura
É a preparação alcoólica (etanólica) ou hidroalcoólica (hidroetanólica)
resultante da extração de drogas vegetais ou animais ou da diluição dos respectivos
extratos. Na preparação da tintura usa-se em geral a planta seca. A menos que
indicado de maneira diferente na monografia individual, 10 mL de tintura simples
correspondem a 1 g de droga seca, ou seja, a tintura é preparada a 10%.
Alcoolatura
É a preparação alcoólica (etanólica) ou hidroalcoólica (hidroetanólica)
resultante da extração de drogas vegetais ou animais ou da diluição dos respectivos
extratos. Na preparação da alcoolatura usa-se em geral a planta fresca. A menos que
indicado de maneira diferente na monografia individual, 10 mL de alcoolatura simples
correspondem a 2 g de droga fresca, ou seja, a alcoolatura é preparada a 20%.
Extrato
É a preparação de consistência líquida, sólida ou intermediária, obtida a partir
de material animal ou vegetal. O material utilizado na preparação de extratos pode
sofrer tratamento preliminar, tais como, inativação de enzimas, moagem ou
desengorduramento. O extrato é preparado por percolação, maceração ou outro
método adequado e validado, utilizando como solvente álcool etílico, água ou outro
solvente adequado. Após a extração, materiais indesejáveis podem ser eliminados.
Extrato fluido
É a preparação líquida obtida de drogas vegetais ou animais por extração com
liquido apropriado ou por dissolução do extrato seco correspondente, em que, exceto
quando indicado de maneira diferente, uma parte do extrato, em massa ou volume
corresponde a uma parte, em massa, da droga, seca utilizada na sua preparação. Se
necessário, os extratos fluidos podem ser padronizados em termos de concentração
do solvente; teor de constituintes, ou de resíduo seco. Se necessário podem ser
adicionados conservantes inibidores do crescimento microbiano. Devem apresentar
teor de princípios ativos e resíduos secos prescritos nas respectivas monografias.
Solução
É a forma farmacêutica líquida; límpida e homogênea, que contém um ou mais
princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes
miscíveis.
Pó
É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e
com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes.
Extrato mole
É a preparação de consistência pastosa obtida por evaporação parcial de
solvente utilizado na sua preparação. São utilizados como solvente, unicamente,
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Extrato seco
É a preparação sólida; obtida por evaporação do solvente utilizado na sua
preparação. Apresenta, no mínimo, 95% de resíduo seco, calculado como
porcentagem de massa. Podem ser adicionados de materiais inertes adequados. Os
extratos secos padronizados têm o teor de seus constituintes ajustado pela adição de
materiais inertes adequados ou pela adição de extratos secos obtidos com o mesmo
fármaco utilizado na preparação. Deve conter no máximo 5% de umidade.
Extrato glicólico
Assemelha-se a uma tintura ou alcoolatura, com exceção de que o solvente
utilizado é a glicerina, no lugar do etanol. Em sua preparação usa-se a planta seca ou
fresca. A menos que indicado de maneira diferente na monografia individual, 10 mL
de extrato glicólico correspondem a 1 g de droga seca, ou seja, é preparado a 10%.
Elixir
É a preparação farmacêutica, líquida, límpida, hidroalcoólica, de sabor
adocicado, agradável, apresentando teor alcoólico na faixa de 20% a 50%.
Xampu
É a forma farmacêutica líquida que consiste de uma base saponificante (xampu
base), contendo um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos, sendo utilizada
normalmente para aplicação externa no couro cabeludo.
Creme
É a forma farmacêutica semissólida que consiste de uma emulsão, formada por
uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos
dissolvidos ou dispersos em uma base apropriada e é utilizada, normalmente, para
aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas.
Sabonete
É a forma farmacêutica sólida que consiste de uma base, em geral à base de
glicerina, contendo um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos, sendo
utilizada normalmente para aplicação externa na pele.
Pomada
É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas
mucosas, que consiste da solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em
baixas proporções em uma base adequada usualmente não aquosa.
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Pasta
É a pomada contendo grande quantidade de sólidos em dispersão (pelo menos
25%). Deverão atender as especificações estabelecidas para pomadas.
Emulsão
É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste de
um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis e na qual
um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) através
de outro líquido (fase externa ou contínua). Normalmente é estabilizada por meio de
um ou mais agentes emulsificantes.
Emplasto
É a forma farmacêutica semissólida para aplicação externa. Consiste de uma
base adesiva contendo um ou mais princípios ativos distribuídos em uma camada
uniforme num suporte apropriado feito de material sintético ou natural. Destinada a
manter o princípio ativo em contato com a pele atuando como protetor ou como agente
queratolítico.
Gel
É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém
um agente gelificante para fornecer firmeza a uma solução ou dispersão coloidal (um
sistema no qual partículas de dimensão coloidal – tipicamente entre 1 nm e 1 µm –
são distribuídas uniformemente através do líquido). Um gel pode conter partículas
suspensas.
Loção
É a preparação líquida aquosa ou hidroalcoólica, com viscosidade variável,
para aplicação na pele, incluindo o couro cabeludo. Pode ser solução, emulsão ou
supensão contendo um ou mais princípios ativos ou adjuvantes.
Óvulo
É a forma farmacêutica sólida, de dose única, contendo um ou mais princípios
ativos dispersos ou dissolvidos em uma base adequada que tem vários formatos,
usualmente, ovoide. Fundem na temperatura do corpo.
Supositório
É a forma farmacêutica sólida de vários tamanhos e formatos adaptados para
introdução no orifício retal, vaginal ou uretral do corpo humano, contendo um ou mais
princípios ativos dissolvidos numa base adequada. Eles, usualmente, se fundem,
derretem ou dissolvem na temperatura do corpo.
Xarope
É a forma farmacêutica aquosa caracterizada pela alta viscosidade, que
apresenta não menos que 45% (p/p) de sacarose ou outros açúcares na sua
composição. Os xaropes geralmente contêm agentes flavorizantes. Quando não se
destina ao consumo imediato, deve ser adicionado de conservadores antimicrobianos
autorizados.
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Referências
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Ministério da Saúde.
BRASIL. (2006b). Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no
SUS. Atitude de ampliação de acesso. Brasília: Ministério da Saúde.
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Vigilância Sanitária (ANVISA). (2008). Brasília: Diário Oficial da União.
BRASIL. (2010a). Farmacopeia Brasileira (Volume 1) (5a ed., Vol. 1). Brasília: Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
BRASIL. (2010b). Farmacopeia Brasileira (Volume 2) (5a ed., Vol. 2). Brasília: Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
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2010. Notificação de drogas vegetais. Brasília: Agência Nacional de Vigilância
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Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
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Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
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tradicionais fitoterápicos de registro simplificado. Brasília: Agência Nacional de
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BRASIL. Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) no 26 de 13 de maio de 2014.
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