Você está na página 1de 7

ADVOCACIA

Causas Cíveis, Criminais, Trabalhistas e Previdenciárias. Perícias e Transações Imobiliárias.


Telefax: (31) 3551-2901 ou (31) 9613-1011. Email: araujo01@veloxmail.com.br Av. Vitorino Dias, 52, Centro - Ouro Preto - MG

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA


VARA CRIMINAL DA COMARCA DE OURO PRETO-MG

Anísio Edson Gonçalves, já devidamente qualificado nos autos do processo


em epigrafe, vem através de seu advogado ao final assinado, não se
conformando, data vênia, com a respeitável sentença proferida por este douto
juízo, apresentar RAZÕES DE APELAÇÃO, em anexo, requerendo o
prosseguimento do feito com a remessa dos autos ao Egrégio Tribunal ad
quem.

Nestes termos;
Pede deferimento;

Ouro Preto, 27 de julho de 2021.

José das Mercês Araújo


OAB/MG – 80.648
ADVOCACIA
Causas Cíveis, Criminais, Trabalhistas e Previdenciárias. Perícias e Transações Imobiliárias.
Telefax: (31) 3551-2901 ou (31) 9613-1011. Email: araujo01@veloxmail.com.br Av. Vitorino Dias, 52, Centro - Ouro Preto - MG

Razões de Apelação

Apelante: Anisio Edson Gonçalves


Autos do Processo nº 0005223-37.2021.8.13.0461

Egrégio Tribunal, Colenda Câmara, Excelentíssimos Desembargadores:

PRELIMINARMENTE

Em sede de alegações finais foi contestado pela defesa a qualidade da mídia


audiovisual onde esta a oitiva da vítima, pois este é de péssima qualidade e
mal se pode ouvir o que é falado pela menor, mesmo utilizando o volume
máximo a compreensão do inteiro teor é difícil, no entanto o Meritíssimo Juiz
a quo, em sentença apesar de reconhecer que a qualidade do som está péssima
justificou afirmando que foi possível ouvir todo o relato e que devido a
pandemia e os riscos devemos nos adequar. Ora, não se trata aqui se submeter
a vítima, ou qualquer pessoa ao risco de contagio pela covid e este argumento
não está de acordo com o que foi questionado, pois o que se contesta é
qualidade do áudio e isto é problema técnico que poderia ter sido resolvido no
momento da audiência, já que foi informado várias vezes pela defesa e pelo
promotor sobre a dificuldade de ouvir o que era relatado e mesmo assim
nenhuma providência foi tomada.
ADVOCACIA
Causas Cíveis, Criminais, Trabalhistas e Previdenciárias. Perícias e Transações Imobiliárias.
Telefax: (31) 3551-2901 ou (31) 9613-1011. Email: araujo01@veloxmail.com.br Av. Vitorino Dias, 52, Centro - Ouro Preto - MG

Contrario ao que se alega houve sim grande prejuízo para a defesa do Anísio,
porque sua defesa conseguiu ouvir apenas partes dos depoimentos, estando a
maior parte muito baixa e confusa. O prejuízo sofrido pelo réu se comprova
na sentença as 139, onde é descrito todo o conteúdo do áudio e algumas partes
a defesa nem mesmo tinha conhecimento.
Era possível repetir a prova, interromper a oitiva para trocar o aparelho de
gravação, mas tudo transcorreu sem qualquer intervenção do Juízo para
auxiliar na oitiva da gravação no momento em que era realizada.

Vossas Excelências comprovarão o que se argumento ao ouvir a


midiaudiovisual durante a analise do recurso.
Também em relação a psicóloga induzir a menor a responder as perguntas, as
fls. 137/verso afirmou-se ser meras suposições falaciosas da defesa. Engana-
se porque o que se percebeu em audiência foi que a psicóloga perguntava a
menor sobre os fatos, conforme esta descreveu na delegacia, e jamais poderia
ser perguntado porque os artigos 12, I, II, III, estabelecem que a narrativa dos
fatos deve ser feita de forma livre pela criança , sendo vedada a leitura de
qualquer peça processual, mas o que ocorreu foi o contrario a isto, e contrario
ao Princípio da Legalidade, deste modo outro motivo para ser declarada nula
a sentença.
Fato é que o Apelante foi prejudicado varias vezes em seu direito a ampla
defesa, primeiro pela impossibilidade de ouvir o que a vítima disse e segundo
porque as perguntas que seus defensores fizeram a menor não foram feitas,
sob o argumento d que seriam feitas em outro momento e nunca foram feitas.
Assim, estando presente a ofensa ao Princípio da Ampla Defesa e Contrário,
que seja declarada nula a sentença.
ADVOCACIA
Causas Cíveis, Criminais, Trabalhistas e Previdenciárias. Perícias e Transações Imobiliárias.
Telefax: (31) 3551-2901 ou (31) 9613-1011. Email: araujo01@veloxmail.com.br Av. Vitorino Dias, 52, Centro - Ouro Preto - MG

Assim,

O Recorrente foi condenado a pena de 10 anos e 06 (seis) meses de


reclusão em regime fechado, mas esta decisão não pode prosperar de forma
alguma, pois, não existe nenhuma prova contundente de que o Anísio
cometeu qualquer ato ilícito contra a vítima.
As provas colhidas durante a Instrução, facilmente trazem dúvidas
quanto a MATERIALIDADE, tornando impossível afirmar a AUTORIA, e
se realmente ocorreu à prática de atos sexuais ou libidinosos, contra a
vítima. Ao ser ouvido em Juízo Júlia, não confirmou com veemência que seu
pai fez qualquer ato reprovável contra ela. Suas declarações são frágeis,
porque ao mesmo tempo que acusa o pai, diz que foi o avô que mandou falar
“ aquelas coisas na delegacia”.
Considerando que o avô da menor Sr. Geraldo Concéssio, quem fez a
denúncia, fica a duvida, será que o Edivaldo cometeu realmente o crime, ou
foi acusado injustamente devido ao fato de que Geraldo nunca gostou de
Edivaldo e queria o mesmo longe de sua família. Ressalto, que todas as
vezes que Júlia foi ouvida e relatou que sofreu abuso sexual por parte de seu
pai estava acompanhada de seu avô, já quando em Juízo, este não estava
presente a menor negou os fatos.
Analisando a oitiva da vítima, não é possível saber se esta diz a
verdade, pois Júlia não apresenta firmeza ao relatar os fatos, fala rindo,
como se tudo não passasse de uma brincadeira. O comportamento de Júlia
em audiência de instrução deixa dúvidas sobre a materialidade do crime,
ADVOCACIA
Causas Cíveis, Criminais, Trabalhistas e Previdenciárias. Perícias e Transações Imobiliárias.
Telefax: (31) 3551-2901 ou (31) 9613-1011. Email: araujo01@veloxmail.com.br Av. Vitorino Dias, 52, Centro - Ouro Preto - MG

razão pela qual deveria ter sido o Recorrente absolvido em atenção ao


Princípio do In Dubio Pro Reo.
Transcrevo as partes dos depoimentos da vítima que deixam duvida se
realmente ocorreu algum crime.

“... MEU PAI NÃO FEZ NADA COMIGO, FOI MEU AVÔ QUEM ME MANDOU
FALAR ISSO...”(grifei).
(Júlia).

“... Falei que meu pai mexeu comigo, não sei como. Eu menti na delegacia porque meu
avô mandou eu falar assim: que meu pai mexeu comigo”

“Eu tava lá, mas eu esqueci o que meu pai fez...”

“... No dia que estava na delegacia meu avô mandou eu mentir...”

A mãe da vítima declarou não acreditar nas acusações de sua filha.


Disse que nunca presenciou os fatos e que seu marido sempre foi pessoa
honesta, trabalhador e zeloso com as filhas, fato confirmado pelas
testemunhas. Que a VÍTIMA nunca falou nada sobre estar sendo abusada.
"As declarações da vítima devem ser recebidas com cuidado,
considerando-se que sua atenção expectante pode ser transformadora da
realidade, viciando-se pelo desejo de reconhecer e ocasionando erros
judiciários" (JUTACRIM, 71:306).

Jurisprudência neste sentido é a seguinte:

Processo: Apelação Criminal 

1.0625.13.001516-1/001
ADVOCACIA
Causas Cíveis, Criminais, Trabalhistas e Previdenciárias. Perícias e Transações Imobiliárias.
Telefax: (31) 3551-2901 ou (31) 9613-1011. Email: araujo01@veloxmail.com.br Av. Vitorino Dias, 52, Centro - Ouro Preto - MG

0015161-30.2013.8.13.0625 (1)

Relator(a): Des.(a) Renato Martins Jacob


Data de Julgamento: 09/11/2017
Data da publicação da súmula: 20/11/2017
Ementa: 
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PRELIMINAR. NULIDADE.
INOCORRÊNCIA. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. INSUFICÊNCIA
PROBATÓRIA. CONTRADIÇÃO NAS DECLARAÇÕES DA VÍTIMA.
INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO 'IN DUBIO PRO REO'. - Não configura
cerceamento de defesa se, outrora, a própria parte interessada assente
expressamente com o encerramento da instrução probatória, tratando-se de
diligência considerada protelatória pelo Magistrado. - Impõe-se
a absolvição quando a negativa de autoria do acusado está corroborada por
outros elementos de convicção, não havendo, lado outro, nenhum elemento
capaz de comprovar a prática delitiva.

ABSOLVIÇÃO. CABIMENTO. PROVAS INSUFICIENTES A EMBASAR


O DECRETO CONDENATÓRIO. EXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÕES
NO DEPOIMENTO DA VÍTIMA. CONJUNTO PROBATÓRIO
CONFLITANTE E IMPRECISO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO
CONSTITUCIONAL "IN DUBIO PRO REO". ABSOLVIÇÃO DE RIGOR.
SENTENÇA CONDENATÓRIA REFORMADA. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. APELAÇÃO CRIMINAL nº 496.264-3, da
Comarca de Paranavaí - 2ª Vara Criminal. Curitiba, 30 de outubro de 2008.
LUIZ ZARPELON Relator

Do Pedido:

Isto posto requer:


Que seja o presente recurso CONHECIDO E PROVIDO, sendo a sentença
reformada para:
Absolver o Recorrente, devido a ausência de provas concretas da
materialidade, com fulcro no artigo 386, VII do CPP, em atenção ao Princípio
do In Dubio Pro Reo.
ADVOCACIA
Causas Cíveis, Criminais, Trabalhistas e Previdenciárias. Perícias e Transações Imobiliárias.
Telefax: (31) 3551-2901 ou (31) 9613-1011. Email: araujo01@veloxmail.com.br Av. Vitorino Dias, 52, Centro - Ouro Preto - MG

Nestes termos, Pede deferimento;

Ouro Preto, 19 de junho de 2018.

José das Mercês Araújo


OAB/MG- 80.648

Você também pode gostar