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Conceito
Natureza e
Elementos da culpa
Para responsabilizar alguém criminalmente é necessário que essa pessoa, para além de ter
levado a cabo uma acção penalmente relevante, ou seja, simultaneamente típica e ilícita, é
necessário ainda que sobre essa pessoa que pratica esse facto típico e ilícito recaia um
juízo de censura de culpa, é necessário também que o facto seja culposo. Um facto pode
ser ilícito e não estar subjacente a esse facto qualquer juízo de censura, por isso a culpa é
um pressuposto da punibilidade.
A culpa é o fundamento e o limite da medida da pena, isto é, não é possível aplicar uma
pena que é a sanção característica do DP, a quem não tenha actuado com culpa, daí que a
culpa seja o fundamento da pena.
A culpa traduz-se na censura de um certo facto típico à pessoa do seu agente. É um juízo
de censura, um juízo de desvalor dirigido ao agente pela atitude expressa na prática de
um determinado facto quando ao agente foi dada a possibilidade de agir de certo modo e
de se ter decidido diferentemente, de se ter decidido de harmonia com o direito. Aquilo
que se censura ao agente á ele ter-se decidido pelo ilícito quando podia e devia
comportar-se de maneira diferente.
Para se poder censurar o agente por não ter actuado de modo diverso, e, portanto para o
tornar culpado pelo facto será sempre necessário averiguar se ele, no caso concreto, tinha
a suficiente liberdade de determinação e assim será necessário investigar:
1. Se o agente deve ser tido como imputável ou inimputável. Isto quer dizer que para
se atribuir a culpa a alguém, é necessário investigar se do ponto de vista endógeno
é ou não passível de culpa
2. Se de um ponto de vista exógeno, se não havia quaisquer circunstâncias
exteriores, na moldura das quais se desenvolveu o facto, que se configurassem de
tal modo que arrastassem o agente irresistivelmente para a sua prática, roubando-
lhe a possibilidade de se comportar diferentemente.
3. Se o facto se pode imputar pessoalmente ao agente a título de dolo ou negligência
Deste modo podemos dizer, em resumo que os elementos da culpa são os seguintes:
i. Imputabilidade do agente;
ii. Inexistência de circunstâncias que tornam não exigível outro
comportamento(ausência de causas de exclusão da culpa);
iii. Actuação dolosa ou por negligência.
IMPUTABILIDADE
A imputabilidade traduz-se num conjunto de qualidades pessoais que são necessárias para
se censurar a alguém pela prática de um determinado facto quando esse alguém não actua
de forma diversa.
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Em relação à idade como índice formal importa referir que o legislador deu particular
importância em relação às medidas criminais derivadas da prática de factos criminais em
relação aos menores de 16 a 21 anos. Com efeito, ao atribuir um regime especial para
menores com estas idades isto significa que graduou a imputabilidade mas em relação à
menoridade, constitui uma circunstância atenuante de caracter geral, precisamente a
circunstância do artigo 39º do CP.
Por outro lado temos um regime particular para os menores cujas idades que se situam
entre 18 e 21 anos e em relação a estes o artigo 107º do CP estabelece que em relação
àqueles não é aplicável pena superior à do nr 3 do artigo 55º do CP.
Em relação aos menores de 16 a 18 temos a regra do do artigo 108º do CP que diz que
não será aplicável pena superior à do nr 5 do artigo 55º do CP, ou seja, não é aplicável
pena de prisão de 2 a 8 anos.
Graduação da imputabilidade
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A culpa (continuação)
Dolo e negligência
Elementos do dolo
A propósito dos elementos da culpa vimos que para se censurar o agente por ter agido de
certa forma quando podia e devia agir de modo diverso exige-se, além da imputabilidade
e da inexistência de circunstâncias externas, que arrastaram o agente quase que
irresistivelmente à pratica do crime, exige-se que a conduta tenha sido levada a cabo com
dolo ou com negligência, como resulta da interpretação do nr. 7 do artigo 44º do CP.
Dentro do elemento intelectual do dolo o agente deve conhecer o processo causal donde
advém um resultado desde que esse processo causal seja um elemento constitutivo do
respectivo tipo legal de crime. O conhecimento do processo causal só é essencial quando
constitue elemento desse tipo legal de crime. Por exemplo, em relação ao
envenenamento, para o preenchimento do tlc é necessário ministrar-se substâncias
idóneas para causar a morte, isto quer dizer que no tlc de envenenamento temos um
processo causal que consiste na ministração de substâncias idóneas para causar a morte.
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2◦Ano Academia de ciências policiais
É suficiente que o agente tenha um certo conhecimento, tenha uma certa avaliação dentro
de um carácter de normalidade e não um conhecimento exaustivo, específico. Se assim
fosse poderíamos dizer que só os juristas seriam criminosos.
Dolo directo ou positivo tem lugar quando o agente quis um determinado resultado, um
determinado facto querer esse resultado significa no dolo directo um fim próprio da
conduta do agente. Isto quer dizer que o agente coloca esse facto criminal como fim
derivado da direcção da sua vontade, ou seja, o agente quis aquele resultado.
Se isto é assim podemos dizer que tanto no dolo directo como no indirecto ou necessário
o agente quer o resultado pelo que a modalidade de censura deve ser a mesma.
Exemplo:
1. A sabendo ser único herdeiro de B pretendendo beneficiar-se da herança decidiu
encurtar a vida deste último. Para o efeito, desferiu diversos golpes na nuca de seu tio B
enquanto este dormia, tendo advindo como consequência directa e necessária a morte de
B.
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2. A está aborrecido com B mas por motivos de pouco interesse e ao encontrar-se com o
mesmo procura ajustar as contas e nesse momento surgem agressões donde resulta para B
ferimentos que determinam a sua morte como efeito necessário da conduta de A.
Nestes dois casos estamos perante duas condutas com o mesmo resultado e face a essas
condutas pergunta-se qual a modalidade de culpa que deve ser imputada ao A?
A este propósito importa salientar que estamos em face daquilo que se designa por
intenção de matar ou homicídio e para solucionar a questão é preciso recorrer a essa
intenção homicida. Sabemos que é por vezes fácil determinar a intenção de matar
sobretudo quando estamos em face do dolo directo, podem surgir dúvidas em relação ao
dolo necessário e mais graves dúvidas em relação ao dolo eventual.
Dolo eventual tem lugar quando o agente prevê um determinado resultado não como
consequência necessária da sua conduta mas como consequência possível dessa conduta.
Nestes casos pergunta-se a que título se vai punir os agentes? A titulo de dolo eventual ou
a título de negligência? Esta interrogação tem muita importância prática na medida em
que as sanções aplicáveis num e noutro caso são muito diferentes.
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Teoria hipotética de frank segundo esta teoria, verifica-se o dolo eventual sempre que o
autor que previu o facto como possível efeito do seu comportamento não teria alterado
esse comportamento ou não teria alterado esse comportamento no sentido de evitar ou
afastar o facto mesmo que previsse esse facto como efeito necessário da sua conduta.
Posição adoptada
O professor Eduardo Correia, defende que quando a realização de um resultado for
prevista como simples consequência possível ou eventual do comportamento do agente,
teremos o dolo eventual quando o referido agente ao agir não confiou em que tal facto
não teria lugar ou então é de se afastar o dolo procedendo a negligência consciente
quando o agente só actuou porque confiou em que o resultado não teria lugar, por outras
palavras se o agente tomou determinada posição face a esse resultado deve ser
considerado como tendo agido com dolo eventual e como tal deve ser punido.
Quando estamos em face do dolo eventual aceita-se que o agente venha a ser punido em
termos mais leves em relação a qualquer outro agente que tenha agido com dolo directo
ou necessário.
Daqui decorre um grande número de dificuldades em se distinguir convenientemente o
dolo eventual da negligência consciente e derivado dessas dificuldades autores existem
que apelam no sentido de que essa punição possa aproximar-se da determinação da
medida concreta da pena que eventualmente tenha lugar quando estamos em face da
figura de negligência consciente. Esta posição encontra fundamento no artigo 94º nrs 1 e
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