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Nº 37 – 11 de outubro de 2019

Sumário
Tempo em que motorista aguarda carga e descarga do veículo deve ser remunerado como 30% da hora normal, decide 6ª
Turma......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................1
Ajudante de produção que adquiriu lesões em ombros, cotovelos e coluna em razão do trabalho deve ser indenizado............................2
CNI e centrais sindicais debatem futuro do trabalho no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro............................................................................................4
Gerente não comprova má-fé em dispensa oito meses após a contratação ........................................................................................................................................5
Funcionária que teve fotos íntimas vazadas no trabalho será indenizada .............................................................................................................................................6
Espólio de empregado falecido após a extinção do contrato pode ajuizar ação por dano moral ........................................................................................7
TST decide suspender processos sobre validade de norma coletiva............................................................................................................................................................8
Empresas e sindicato são condenados por firmar acordo coletivo que reduziu intervalo intrajornada antes da Reforma
Trabalhista..........................................................................................................................................................................................................................................................................................................9
PEC altera organização sindical e cria conselho nacional bipartite ..............................................................................................................................................................10

Tempo em que motorista aguarda carga e descarga do veículo deve ser remunerado
como 30% da hora normal, decide 6ª Turma
(fonte: TRT4)

Em ação trabalhista ajuizada contra uma transportadora, um motorista de caminhão pediu que o tempo de
espera para carga e descarga do veículo fosse remunerado como serviço extraordinário, ou seja, com
adicional mínimo de 50% em relação à hora normal. O pedido, porém, foi indeferido pela juíza Bernarda
Rubia Toldo, da 1ª Vara do Trabalho de Sapucaia do Sul, e pela 6ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho
da 4ª Região (TRT-RS).

O artigo 235-C da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê, em seu parágrafo oitavo, que “são
considerados tempo de espera as horas em que o motorista profissional empregado ficar aguardando carga
ou descarga do veículo nas dependências do embarcador ou do destinatário e o período gasto com a
fiscalização da mercadoria transportada em barreiras fiscais ou alfandegárias, não sendo computados como
jornada de trabalho e nem como horas extraordinárias”. O parágrafo nono acrescenta que “as horas
relativas ao tempo de espera serão indenizadas na proporção de 30% (trinta por cento) do salário-hora

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normal”.
No processo, o motorista requereu que esse dispositivo da CLT fosse declarado inconstitucional, pois
estaria violando o artigo sétimo, inciso XVI, da Constituição Federal, o qual determina que a remuneração
do serviço extraordinário seja superior em, no mínimo, 50% à do normal.

A juíza Bernarda, no entanto, confirmou a legalidade do chamado “tempo de espera”. De acordo com a
magistrada, assim como nos períodos de sobreaviso e de prontidão, durante o tempo de espera o
trabalhador não está efetivamente desempenhando por inteiro as suas atribuições. “Além disso, muito
embora eventualmente deva permanecer nos arredores do veículo para fiscalizar determinado serviço ou
mesmo para movimentá-lo, no curso do tempo de espera o empregado possui maior autonomia na
realização de suas tarefas, muitas vezes sequer despendendo seu tempo ou sua energia na realização de
atividades relacionadas ao contrato de trabalho”, explicou. “Desta forma, resta evidente que, por se
tratarem de institutos diferentes, 'tempo de espera' e 'tempo laborado' (ordinária ou extraordinariamente)
merecem tratamentos normativos distintos”, prosseguiu.

Documentos juntados pela empresa no processo demonstraram o pagamento do tempo de espera do


empregado em conformidade com o mandamento da CLT – ou seja, 30% da hora normal.

O autor recorreu ao TRT-RS, mas a 6ª Turma manteve a sentença pelos mesmos fundamentos. A relatora
do acórdão, desembargadora Beatriz Renck, citou um caso julgado pela 1ª Turma do Tribunal em que
prevaleceu esse entendimento. A magistrada incluiu em seu voto o seguinte trecho da decisão do relator
desse outro processo, desembargador Fabiano Holz Beserra: “Assim, embora o autor alegue que no período
se encontrava a disposição do empregador, não desempenhava qualquer atividade produtiva em tal
período, ou seja, a parcela não é paga pelo trabalho realizado, havendo apenas indenização do período onde
o empregado tem necessidade de aguardar providências, decorrentes da necessidade da atividade
desempenhada, como por exemplo a fiscalização na estrada”.

A decisão da 6ª Turma foi unânime. Também participaram do julgamento a desembargadora Maria Cristina
Schaan Ferreira e o juiz convocado Roberto Carvalho Zonta.

A ação ajuizada pelo motorista envolve outros pedidos. O processo está em fase de recurso de revista,
direcionado ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Ajudante de produção que adquiriu lesões em ombros, cotovelos e coluna em razão


do trabalho deve ser indenizado
(fonte: TRT4)

Um trabalhador que atuou por quase 30 anos em uma fabricante de implementos agrícolas, veículos e
peças automotivas de Caxias do Sul, na serra gaúcha, deve receber R$ 93,3 mil em indenizações por danos
materiais e R$ 15 mil a título de reparação por danos morais. Isso porque, no entendimento da 3ª Turma do
Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), ficou comprovado que as atividades desenvolvidas pelo
empregado durante o contrato de trabalho contribuíram para as lesões adquiridas na coluna vertebral, nos
ombros e nos cotovelos.
A decisão confirma parcialmente sentença do juiz Marcelo Silva Porto, da 6ª Vara do Trabalho de Caxias do
Sul.

O empregado foi admitido em novembro de 1989, como ajudante de produção, e despedido em setembro
de 2017, sem justa causa. Após a dispensa, ajuizou ação na Justiça do Trabalho pleiteando as indenizações,
sob o argumento de que suas lesões foram agravadas pelas condições ergonômicas impróprias na
execução das tarefas.

A empresa, no entanto, apresentou defesa no sentido de que sempre observou as normas de saúde e
segurança no trabalho, com a aplicação de pausas entre tarefas repetitivas, o uso de equipamentos de
proteção individual e a adoção de recursos que pudessem prevenir o surgimento de doenças, como o uso de
talhas e sistemas de trilhos para transportes de peças pesadas.

Entretanto, ao analisar o caso em primeira instância, o juiz acolheu laudos periciais que atestaram
problemas quanto às condições ergonômicas. De acordo com os especialistas, as condições em que eram
executadas as tarefas poderiam ser consideradas impróprias segundo a Norma Regulamentadora nº 17 e
apresentavam riscos moderados ou graves, conforme a parte do corpo analisada. Diante disso, o juiz
determinou o pagamento das indenizações.

Descontente com o entendimento, a empresa recorreu ao TRT-RS, mas os magistrados da 3ª Turma


mantiveram o julgado, nesse aspecto, apenas aumentando a indenização por danos morais relativa à lesão
no ombro do empregado, fixada em primeira instância em R$ 2 mil e majorado pelos desembargadores para
R$ 5 mil.

Segundo o relator do caso no colegiado, desembargador Alexandre Corrêa da Cruz, "o laudo médico
reconhece o nexo causal entre as lesões que acometem o trabalhador e o labor exercido na reclamada, o
que tem amparo na perícia técnica, a qual constatou a exposição do reclamante a condições
ergonomicamente inadequadas em relação aos segmentos corporais afetados". Diante disso, no
entendimento do magistrado, as indenizações são devidas, já que a empresa deixou de adotar medidas
capazes de minimizar o risco de doenças.

A decisão foi unânime. Também participaram do julgamento as desembargadoras Maria Madalena Telesca e
Maria Silvana Rotta Tedesco.

A empresa já recorreu ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).


CNI e centrais sindicais debatem futuro do trabalho no Museu do Amanhã, no Rio de
Janeiro
(fonte: Portal da Indústria)

Entidades da indústria e dos trabalhadores realizam, em parceria, o Seminário Pelo Futuro do Trabalho, em
24 de outubro, para discutir agenda comum para a geração de emprego, a formação e a qualificação
profissional

A revolução tecnológica em curso vem promovendo mudanças radicais nas formas de produzir e de
trabalhar. Diante da necessidade de encontrar soluções para os desafios que as novas tecnologias e o
advento da Indústria 4.0 impõem ao país, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e as seis maiores
centrais sindicais – principais representações do setor produtivo e dos trabalhadores do Brasil – vêm
dialogando para a construção de uma agenda comum para a geração de emprego e para o futuro da
indústria e do trabalho.

O diálogo será reforçado por representantes da sociedade no dia 24 de outubro, quando a CNI e as centrais
sindicais (CUT, Força Sindical, UGT, CSB, NCST e CTB) realizam o Seminário Pelo Futuro do Trabalho: Os
desafios para a indústria e a qualificação profissional no Brasil, no Rio de Janeiro. Durante o evento, que
ocorre das 8h às 12h30, no Museu do Amanhã, representantes da indústria e líderes sindicais debaterão os
desafios atuais para o emprego e a formação profissional no país. As inscrições estão abertas e a
participação é gratuita.

O tema será debatido em dois painéis sobre duas perspectivas. No primeiro, será feita uma análise das
transformações no sistema produtivo no Brasil e no mundo e as implicações no futuro do trabalho. No
segundo, serão debatidos os desafios para se formar e qualificar o trabalhador do futuro neste contexto de
transformação.

Segundo o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, essa parceria da indústria com as entidades
sindicais é estratégica para a competitividade do setor produtivo nacional. “Estamos do mesmo lado para
construir um Brasil melhor. Vamos procurar trabalhar junto naquilo em que nós convergimos”, disse.

SAIBA MAIS - Confira a programação completa do seminário.

Seminário Pelo Futuro do Trabalho: Os desafios para a indústria e a qualificação profissional no Brasil
Data: 24 de outubro
Hora: 8h às 12h30
Local: Museu do Amanhã, Rio de Janeiro (RJ).
Gerente não comprova má-fé em dispensa oito meses após a contratação
(fonte: TST)

Ele afirmava ter sido atraído para trocar de emprego.

A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho indeferiu o pedido de um gerente-executivo de


recebimento de indenização superior a R$ 600 mil por ter pedido demissão de outro emprego para ser
contratado pela Sonda Procwork Informática Ltda., que o dispensou oito meses depois. Para os ministros,
não houve demonstração de abuso de direito da empresa.

Motivo econômico

No ato de dispensa, a Sonda apontou motivos econômicos para a mudança de planos nos negócios e a
desativação da implantação da unidade para a qual o gerente havia sido contratado. O juízo da 2ª Vara do
Trabalho de Barueri (SP) indeferiu o pedido de indenização, e o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região
confirmou a decisão.

Para o TRT, a empresa agiu de forma lícita, pois não se provou, no processo, que ela tinha intenção de
encerrar o departamento quando contratou o gerente. No entendimento do Tribunal, o empregado assumiu
o risco de abdicar da estabilidade no emprego anterior para obter vantagem profissional em outro lugar.

Boa-fé objetiva

O relator do recurso de revista do gerente, ministro Walmir Oliveira da Costa, explicou que, conforme a
legislação, o empregador, ainda que no exercício de direito (como o de despedir sem justa causa), comete
ato ilícito se sua conduta extrapola os limites da boa-fé. Entre os deveres ligados ao princípio da boa-fé
objetiva, citou a proibição do comportamento contraditório na celebração ou na execução dos contratos.

Com base nas provas registradas pelo TRT, o ministro assinalou que não há indício de que a empresa tenha
cometido abuso de direito, pois o tempo de vigência do contrato (oito meses) é suficiente para que se
decida sobre a continuidade de um projeto. Ele observou ainda que não havia cláusula de estabilidade e
que o gerente não questionou salários e parcelas rescisórias.

Diante dessas circunstâncias, o relator considerou inviável concluir que a empresa estivesse obrigada a
manter em seus quadros, por longo período, um empregado de alto custo contratado especificamente para
a condução de projeto descontinuado. Ele levou em conta ainda a falta de questionamento pelo gerente
das questões econômicas apontadas pela empresa.

A decisão foi unânime.

Processo: RR-1001760-68.2017.5.02.0202
Funcionária que teve fotos íntimas vazadas no trabalho será indenizada
(fonte: Migalhas)

Uma funcionária que teve fotos íntimas de seu celular roubadas e copiadas para um dos computadores da
empresa na qual prestava serviço será indenizada. Decisão é da 2ª turma do TRT da 11ª região ao manter
sentença.

A funcionária foi contratada pela empresa para prestar serviços na portaria. Na inicial, a trabalhadora
explicou que os colaboradores eram proibidos de usar celular durante o expediente e por isso, deixavam
seus aparelhos dentro de uma gaveta sem tranca, em um móvel localizado na sala de descanso.

Quando teve conhecimento de que suas fotos haviam sido expostas no computador da empresa, teve
receio de que fossem divulgadas na internet ou em grupos da empresa, e registrou boletim de ocorrência.

Em defesa, o estabelecimento afirmou que não havia como roubar as fotos do celular da funcionária, uma
vez que apenas ela possuía a senha para acessar o aparelho.

Danos morais

Ao analisar o caso, o desembargador Audaliphal Hildebrando da Silva afirmou que não havia nos autos
qualquer indício no sentido de que teria sido a própria reclamante a responsável pela cópia das imagens.

O magistrado considerou a confirmação de uma testemunha de que a reclamante não possuía meios para
colocar pessoalmente suas fotos no computador.

Para o desembargador, caberia a empresa demostrar eventual culpa exclusiva da autora da ação ou outra
excludente de ilicitude apto a afastar sua responsabilidade. Como a empresa não o fez, concluiu que “resta
comprovado o ilícito cometido, qual seja, a cópia de fotos íntimas da reclamante em para um dos
computadores funcionais”.

Nesse contexto, o colegiado considerou comprovado o dano moral à trabalhadora, por ter sua intimidade
exposta e decidiu manter a condenação da empresa ao pagamento de R$ 20 mil por danos morais.

Processo: 0000388-24.2018.5.11.0006.
Espólio de empregado falecido após a extinção do contrato pode ajuizar ação por
dano moral
(fonte: TST)

Para a 4ª Turma, o que se transmite é o direito de ação.

A Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho reconheceu a legitimidade do espólio de um auxiliar de


depósito de Sapucaia do Sul (RS), falecido após a extinção do contrato do trabalho, para pleitear
indenização por dano moral decorrente de acidente de trabalho. Com isso, determinou o retorno do
processo ao Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) para exame do mérito.

Acidente

O auxiliar sofreu acidente de trabalho em fevereiro de 2012, ao cair uma caixa sobre o seu pé esquerdo, e
teve de se afastar do trabalho por cerca de dois meses, devido às lesões. Ele pediu demissão em setembro
e faleceu em novembro de 2012. Na ação, ajuizada em janeiro de 2014, o espólio requeria, entre outros
pedidos, indenização por danos morais em razão da dor física e psicológica a que o empregado foi
submetido.

Caráter personalíssimo

O juízo de primeiro grau declarou ilegítimo o pedido de indenização, por entender que o dano moral, “por
seu caráter personalíssimo, não é transmissível com a herança”. Para a juíza, a legitimidade da sucessão só
se configura no caso de o falecido tiver deixado ajuizada a ação de indenização ou manifestado
expressamente a intenção de fazê-lo.

O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) manteve a sentença, por também entender que o direito
à indenização é intransmissível e irrenunciável (artigo 11 do Código Civil).

Direito patrimonial

O relator do recurso de revista do empregado, ministro Alexandre Luiz Ramos, explicou que o pedido de
indenização é direito patrimonial transmissível por herança, nos termos do artigo 943 do Código Civil.
Assim, os sucessores do auxiliar de depósito têm legitimidade para ajuizar a ação por dano moral e material,
por se tratar de direito patrimonial decorrente do contrato de trabalho. “Ainda que o dano moral decorra da
violação de direito à personalidade, o seu reconhecimento e a reparação daí decorrente integram o
patrimônio do falecido e podem ser transmitidos com a herança”, explicou. Em um dos precedentes citados,
a Quarta Turma explica que o que se transmite é o direito de ação, e não o direito material em si.

Por unanimidade, a Turma deu provimento ao recurso e determinou o retorno dos autos ao TRT para exame
do mérito.

Processo: RR-133-44.2014.5.04.0251
TST decide suspender processos sobre validade de norma coletiva
(fonte: Valor Econômico)

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidiu ontem suspender todos os processos do país que tratem da
validade de norma coletiva que limite ou restrinja direito trabalhista não assegurado constitucionalmente.
A medida pode inviabilizar a análise de boa parte das ações trabalhistas até que o Supremo Tribunal
Federal (STF) julgue se pode ou não prevalecer o negociado sobre o legislado - possibilidade reforçada pela
reforma.

Voto vencido no julgamento realizado pela Subseção I da Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI-
1), o ministro Vieira de Mello Filho chamou a atenção para o problema que estaria se criando com a decisão:
a suspensão momentânea de 40% a 60% de todos os processos do país. O que gera, acrescentou, “uma
situação dramática” para a Justiça do Trabalho. Ainda não há data para o STF analisar a questão.

A maioria dos julgadores entendeu que a decisão do ministro Gilmar Mendes, relator da questão no
Supremo, tomada em julho, foi abrangente, ao determinar a suspensão nacional “de todos os processos
pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional”. O tema,
no caso, segundo os julgadores, seria validade de cláusula de acordo coletivo. E não horas de deslocamento
(in itinere), que é o assunto específico tratado na ação que tramita no STF.

Gilmar Mendes tomou essa decisão ao analisar recurso interposto pela Mineração Serra Grande, de Goiás
(ARE 1121633). A repercussão geral dada pelo Supremo representa uma mudança de posicionamento. Os
ministros negaram anteriormente o julgamento de outros dois casos que tratavam de redução ou limitação
de direitos em convenções ou acordos coletivos.

O caso que chegou ao TST envolve a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e um trabalhador
que questionava cláusula coletiva sobre o divisor 220 para cálculo de horas extras em jornada de oito
horas diárias. O julgamento foi iniciado em março (RR- 819-71.2017.5.10.0022). Porém, ontem, o ministro
Cláudio Brandão, que havia pedido vista, suscitou uma questão de ordem para discutir a extensão da
decisão do ministro Gilmar Mendes.

Cláudio Brandão defendeu que o entendimento do Supremo ao suspender casos em repercussão geral tem
sido restritivo a casos semelhantes e que, por isso, só estariam suspensos os processos que tratam de
cláusula de norma coletiva sobre horas de trajeto.

Após o voto, o relator, Alberto Bresciani, resolveu dar a palavra para o vice-presidente do TST, ministro
Renato de Lacerda Paiva, que fez um estudo sobre o tema. Paiva abriu a divergência ao entender que o
ministro Gilmar Mendes expressamente consignou que a suspensão vale para toda e qualquer questão
envolvendo a validade de cláusula de norma coletiva. Ele citou ainda dispositivos do Código de Processo
Civil – artigo 1.030, inciso III, e artigo 1.035, parágrafo 5º –, que tratam da repercussão geral, para
fundamentar a maior abrangência.

Bresciani então adotou o voto do vice-presidente e foi seguido pela maioria. Vencidos os ministros Cláudio
Brandão, Walmir Oliveira da Costa, José Roberto Freire Pimenta, Lelio Bentes Corrêa e Luiz Philippe Vieira
de Mello Filho.

De acordo com advogados trabalhistas, prevaleceu a interpretação literal do que foi determinado pelo
ministro Gilmar Mendes. Daniel Chiode, do Chiode Minicucci Advogados, afirma que, apesar da situação ser
dramática, como alertou Viera de Mello, também seria dramático manter os processos sem saber o que o
Supremo vai definir.

Para o advogado Maurício Pessoa, do Pessoa Advogados, “é aquele dilema que a Justiça sempre enfrenta:
se é melhor fazer rápido e correr o risco de ter que refazer ou ter um pouco mais de paciência e fazer bem
de uma maneira só”. Ele acrescenta que prevaleceu a corrente mais prudente. “O Supremo pode demorar
meses, um ano para julgar, mas depois teremos mais segurança.”

Pessoa lembra que o Judiciário vinha aceitando a prevalência do negociado sobre o legislado, mesmo antes
da reforma trabalhista (Lei nº 13.467, de 2017), que deixou ainda mais clara e ampla essa possibilidade.
Como os ministros ainda ressaltaram no julgamento de ontem no TST, o Supremo já decidiu neste sentido
em abril de 2015, em repercussão geral.

Com a decisão do TST, explica Daniel Chiode, deve ser editada uma instrução normativa para orientar os
ministros e juízes. Poderá ser definido com a norma, segundo ele, se todo o processo fica suspenso ou se
poderão ser julgados outros pedidos. Fica a dúvida, porém, acrescenta, se o trabalhador pode desistir deste
ponto em seu processo para que possa ser julgado.

Empresas e sindicato são condenados por firmar acordo coletivo que reduziu
intervalo intrajornada antes da Reforma Trabalhista
(fonte: TRT4)

Duas fabricantes de pneus e o sindicato dos seus trabalhadores não deviam ter firmado acordo coletivo
para reduzir os intervalos intrajornada sem considerar as condições dos refeitórios e os empregados que
prestavam horas extras. A 7ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-TS) limitou a
condenação apenas ao período anterior à Reforma Trabalhista, que entrou em vigor em 11 de novembro de
2017.

Segundo o acórdão, a determinação deve ser restrita porque, com a nova lei, ficou estabelecida a
prevalência do negociado sobre o legislado, e desde então o intervalo intrajornada pode ser alterado por
acordo ou convenção de trabalho. A decisão confirma parcialmente sentença da juíza Candice Von
Reisswitz, da 2ª Vara do Trabalho de Gravataí. Cabe recurso ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).

O caso

O Ministério Público do Trabalho ajuizou a ação civil pública em 2015 contra as empresas e o sindicato. As
fabricantes e a entidade sindical haviam firmado acordo coletivo com possibilidade de redução do intervalo
para refeição mediante contrapartida financeira aos trabalhadores. Segundo o MPT, com base na legislação
trabalhista da época, esse ajuste não seria possível, porque as questões relacionadas à duração do trabalho
não poderiam ser modificadas por negociação coletiva.

Especificamente no caso do intervalo intrajornada, o Ministério Público observou que haveria possibilidade
de redução caso houvesse autorização do Ministério do Trabalho, após fiscalização, mas isso não havia
ocorrido, segundo o MPT, no momento em que o acordo foi firmado.

Nesse contexto, o MPT pleiteou que as empresas fossem proibidas de reduzir os intervalos dos
empregados sem que houvesse autorização que levasse em conta a compatibilidade dos refeitórios com as
normas do Ministério do Trabalho, além de que fossem excluídos os trabalhadores que prestassem horas
extras ou cujo deslocamento até os pontos de refeição inviabilizasse a fruição adequada do intervalo.

Ao julgar o caso em primeira instância, já com a entrada em vigor da Reforma Trabalhista, a juíza de
Gravataí atendeu ao pleito do MPT. A magistrada argumentou que, com a nova lei, já era possível a redução
do intervalo mediante acordo ou convenção coletiva, mas continuava necessária a observância das normas
regulamentadoras quanto aos refeitórios, bem como a necessidade de exclusão de empregados que
prestassem horas extras ou que, devido ao deslocamento dos seus postos de trabalho até os locais de
refeição, acabassem ficando com menos de 20 minutos de efetivo intervalo.

Nesse sentido, a juíza Candice determinou que as empresas se abstivessem de reduzir os intervalos caso
não observassem essas condições, sob pena de multas em caso de descumprimento. Descontentes com a
decisão, as empresas e o sindicato recorreram ao TRT-RS, mas os desembargadores da 7ª Turma
mantiveram a decisão, embora tenham determinado que os parâmetros utilizados pela juíza de primeiro
grau fossem válidos apenas para o período anterior à Reforma Trabalhista.

A decisão da 7ª Turma ocorreu por maioria de votos. No entendimento da desembargadora Denise Pacheco,
também integrante do colegiado, os parâmetros definidos pela juíza deveriam ter sido considerados válidos
mesmo após a entrada em vigor da Lei nº 13.467, porque resolviam a incompatibilidade entre a referida Lei
e a proteção à saúde e à segurança dos trabalhadores estabelecida pela Constituição Federal.

Além do relator João Pedro Silvestrin e da desembargadora Denise Pacheco, também participou do
julgamento o desembargador Emílio Papaléo Zin.

PEC altera organização sindical e cria conselho nacional bipartite


(fonte: Câmara dos Deputados)

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 161/19 altera a atuação sindical no Brasil e cria o Conselho
Nacional de Organização Sindical (CNOS), com participação paritária de trabalhadores e de empregadores. O
texto altera artigo da Constituição que trata da livre associação profissional e sindical.

A proposta está em tramitação na Câmara dos Deputados. O texto assegura a plena liberdade sindical e
exige a participação das entidades sindicais em negociações coletivas – no entanto, os resultados só
beneficiarão os associados.

O CNOS será composto por seis representantes das centrais sindicais de trabalhadores e seis
representantes das confederações de empregadores, sendo consideradas as entidades mais relevantes de
cada um desses segmentos.

Caberá ao conselho regulamentar a atuação das entidades, que se organizarão em níveis – sindicatos,
federações e confederações, mais as centrais no caso dos trabalhadores –, e deliberar sobre o custeio e o
financiamento do sistema.

“O texto pretende modernizar, amadurecer e constitucionalizar a atividade sindical”, disse o autor,


deputado Marcelo Ramos (PL-AM). “Com o conselho, a ideia é tornar a relação de trabalho ainda mais
independente, sem as ingerências governamentais, e com apoio de sindicatos atuantes e fortes”,
continuou.

Tramitação

A PEC 161/19 será analisada inicialmente na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, que fará o
exame de admissibilidade. Se aprovada, será criada uma comissão especial para analisar o mérito da
proposta.

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