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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS

CÍVEIS DA COMARCA DE NATAL, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

URGENTE – PLANTÃO
JUDICIÁRIO RISCO DE
MORTE – NECESSIDADE DE
INTERNAÇÃO IMEDIATA EM
UTI

JOSÉ AUGUSTO BEZERRA DE MEDEIROS SOBRINHO, brasileiro, casado, com 59


anos de idade, autônomo, portador da cédula de identidade número 273996 SSP/RN,
inscrito no CPF/MF sob o número 108.531.114-72, residente e domiciliado na Rua João
Canuto de Souza, número 09, Cohabinal, Parnamirim/RN, CEP 59140-000, por seu
advogado que apresentará instrumento de mandato em momento oportuno, vem,
respeitosamente perante a elevada presença de Vossa Excelência, com fulcro nos arts.
303 e seguintes do Novo CPC, requerer

TUTELA ANTECIPADA EM CARÁTER ANTECEDENTE

Em desfavor de HAPVIDA ASSISTENCIA MEDICA LTDA, pessoa jurídica de direito


privado inscrita no CNPJ/MF sob o número 63.554.067/0006-00, com endereço para
citação onde se localiza o “Hospital da Hapvida”, situado na R. Pres. Quaresma, 930 -
Alecrim, Natal - RN, CEP 59031-150, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

I – DOS FATOS

O Autor, em 16 de fevereiro do corrente ano, celebrou contrato de prestação de serviço


de assistência médica com a HAPVIDA, ora Ré (Contrato de Prestação de Serviço,
comprovante de pagamento, Carteira do Plano de Saúde em anexo).

Rua Des. Antônio Soares, 1286, Tirol, Natal/RN, CEP.: 59.022-170 # Fone: 0xx84.32213113
Como é sabido, o Autor teria que cumprir carências diferenciadas para qualquer tipo de
contrato, exceto em caso de urgência e emergência, conforme dispõe o Art. 12, V,
“c” da Lei 9.656/98, cujo teor a seguir se transcreve:

Art. 12.  São facultadas a oferta, a contratação e a vigência dos produtos de que


tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, nas segmentações previstas nos
incisos I a IV deste artigo, respeitadas as respectivas amplitudes de cobertura
definidas no plano-referência de que trata o art. 10, segundo as seguintes
exigências mínimas:

(...)

  V - quando fixar períodos de carência:


        a) prazo máximo de trezentos dias para partos a termo;
        b) prazo máximo de cento e oitenta dias para os demais casos;
        c) prazo máximo de vinte e quatro horas para a cobertura dos casos de
urgência e emergência;

Vê-se, pois, que a carência máxima permitida por lei para casos de urgência e
emergência é de 24 (vinte e quatro) horas. Assim, a referida carência, por parte do
Autor, que aderiu ao plano de saúde em 16 de fevereiro de 2017, está devidamente
cumprida desde o dia 17 de fevereiro de 2017.

Pois bem. Para seu infortúnio, na madrugada do dia 21 para o dia 22 de fevereiro de
2017, o Autor se sentiu mal e foi levado ao Hospital da Hapvida, também conhecido
como Hospital Antônio Prudente.

Chegando ao local, passou muito mal, desmaiou e foi levado para a sala de
reanimação, além de fazer alguns exames.

Foi constatado, na oportunidade, que o Autor teve parada cardíaca em decorrência de


ter sofrido um enfarte.

Enquanto a equipe médica tentava estabilizar o Autor, o mesmo sofreu, segundo


informações do médico plantonista que o atendeu, outras 09 (nove) paradas cardíacas
ao longo do início da manhã.

Após temporariamente estabilizado, a equipe médica informou que o Autor deveria


imediatamente ser levado à UTI, pois está correndo sério risco de morte se continuar

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na sala de atendimento e reanimação, local que, absurdamente, está até o momento
da confecção da presente exordial.

Solicitada a internação na UTI, a central do plano de saúde informou que, em


decorrência da carência contratual, não poderia haver sua alocação na UTI do hospital
da Hapvida, (mesmo tendo confirmado haver vagas), sugerindo a transferência do
Autor para uma outra unidade hospitalar, da rede pública.

Mesmo diante de tamanho absurdo, em decorrência da grave angústia do


momento, a família do Autor tentou buscar auxílio no Hospital Santa Catarina,
mas a própria equipe de médicos do Hospital da Hapvida vetou completamente o
procedimento de transferência, justificando que a gravidade do quadro atual do
Autor impossibilita sua transferência para qualquer outro nosocômio.

Ora, ainda que fosse possível realizar sua transferência, por se tratar de uma situação
de urgência/emergência, o Autor tem direito de ser internado no hospital onde está,
procedimento que, seguramente, oferece bem menos riscos.

O fato, Excelência, é que o Autor se encontra numa salinha de reanimação do


Hospital da Hapvida (vide fotos em anexo), necessitando URGENTEMENTE, SOB
PENA DE MORRER, ser transferido para uma UTI.

Nesse contexto, a própria equipe do Hospital da Hapvida recomendou que a


família buscasse o judiciário ou o Ministério Público para obtenção de uma
medida liminar, tendo informado, ainda, ser este um fato que, infelizmente, se
mostra cada vez mais recorrente no Hospital ora Réu.

Nesse momento, no final da manhã do dia 22/02/2017 (HOJE), os familiares do Autor


procuraram a defensoria pública do RN, tendo sido orientadas a buscar uma
declaração do hospital ou outro documento que indicasse o estado de saúde do Autor,
bem como a negativa do plano de saúde do encaminhamento para a UTI.

De posse de tal orientação, retornaram ao Hospital e, lá chegando, se depararam com


um absurdo e total desdém por parte do Hospital, o que gera revolta inclusive por

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parte da equipe médica: Os médicos não estão autorizados pela direção do
hospital a dar qualquer declaração acerca do estado de saúde do Autor!

E não é só isso, Excelência. A equipe do hospital pede um prazo de 24 (vinte e


quatro horas), no mínimo, para fornecer qualquer informação sobre o paciente,
QUE PODE MORRER A QUALQUER MOMENTO.

Diante de tal absurdo, os familiares voltaram à Defensoria, momento em que foi


confeccionado um documento requerendo do hospital as informações solicitadas.
Absurdo maior não há: O Hospital simplesmente se recusou a receber o ofício
confeccionado pela Defensoria Pública. (doc. Requisição Defensoria.pdf).

Absolutamente desesperados e sendo informados, novamente, pelos médicos, que o


Autor precisava realmente ser transferido de imediato para uma UTI sob pena de
MORRER, a família do Autor buscou assessoria do advogado ora subscrevente para
buscar, ainda na data de hoje, autorização judicial para salvaguardar a vida do
Senhor José.

De modo a melhor tentar instruir a ação, os familiares conseguiram obter fotos


discretas dos documentos, em anexo, os quais certamente serão posteriormente
juntados em qualidade aprimorada.

Diante da absoluta urgência e gravidade do caso, não há alternativa senão buscar o


judiciário, por meio do procedimento cautelar antecedente instituído pelo Novo CPC,
para salvaguardar o bem maior a ser tutelado: a VIDA DO AUTOR, para que, após,
dentro do prazo legal para aditamento da inicial, serem complementados os seus
termos para embasar os pedidos a serem formulados e as provas devidamente
colhidas.

Em resumo, Excelência:

 O Autor fez o plano de saúde em 16/02/2017;


 Possuía carência para emergência e urgência até 17/02/2017;
 Sofreu enfarte e 09 paradas cardíacas em 22/02/2017;

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 Precisa ser levado a uma UTI, IMEDIATAMENTE, para não morrer;
 O plano nega-se a realizar sua internação alegando carência;
 O plano se nega a fornecer os documentos que demonstram que o Autor está
sob risco de vida;
 O hospital PROÍBE os médicos a emitirem uma declaração de estado de saúde
do Autor;
 O Hospital se NEGA a receber o ofício encaminhado pela Defensoria;

Veja-se que a conduta do Hospital é de total menosprezo ao Autor e toda a sua família,
expondo-o a uma situação de grave risco de morte sem qualquer respeito ou
cumprimento das normas éticas médicas.

Assim, vem o Autor, em total desespero, buscar este Juízo para tentar ter o
atendimento que lhe é de direito, em UTI, e, assim, poder lutar pela sua vida.

II – DO DIREITO

Tendo em vista o caráter acautelatório antecedente da presente peça, pede-se licença


para que os argumentos de direito sejam formulados de forma resumida, a serem
posteriormente complementados por ocasião do aditamento da inicial.
O período da carência, conforme já demonstrado no tópico anterior, está devidamente
cumprido, tendo em vista que o contrato foi firmado em 16 de fevereiro de 2017.

Acerca do procedimento, importante demonstrar o que dispõe o Art. 303 e seguintes do


Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 303.  Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da


ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada
e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito
que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do
processo.
§ 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo:

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I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua
argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de
tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar;
II - o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação
na forma do art. 334;
III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na
forma do art. 335.
§ 2o Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo, o
processo será extinto sem resolução do mérito.
§ 3o O aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo dar-se-á nos
mesmos autos, sem incidência de novas custas processuais.
§ 4o Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o autor terá de
indicar o valor da causa, que deve levar em consideração o pedido de tutela
final.
§ 5o O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-se do
benefício previsto no caput deste artigo.
§ 6o Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela
antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da petição inicial em até
5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto sem
resolução de mérito.
Art. 304.  A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável
se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso.
§ 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto.
§ 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever,
reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput.
§ 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista,
reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na ação de que trata o §
2o.
§ 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que
foi concedida a medida, para instruir a petição inicial da ação a que se refere o §
2o, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida.
§ 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no §
2o deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão
que extinguiu o processo, nos termos do § 1o.
§ 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade
dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou
invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2o
deste artigo.

Como se vê, a legislação processual cível possibilita o requerimento de antecipação


dos efeitos da tutela pretendida, em caráter acautelatório e antecedente, para
salvaguardar o resultado útil do processo.

Tal elemento está mais do que demonstrado no presente caso, eis que, não sendo
concedida a tutela ora buscada, o Autor possui ENORMES CHANCES DE MORRER
(em poucas horas, já sofreu 09 paradas cardíacas).

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O outro elemento constante do caput do dispositivo transcrito consiste na apresentação
da lide, requisito esse, portanto, também cumprido. Veja-se que os fatos foram
devidamente apresentados e, ainda, esclarecida a pretensão resistida.

Ademais, o pedido feito por ocasião da presente inicial cautelar consiste na concessão
de medida cautelar para determinar que a HAPVIDA realize, com a cobertura do
plano de saúde e sem a aplicação da carência, a internação do Autor em UTI de
forma IMEDIATA, sob pena de aplicação de multa diária no valor de R$ 10.000,00 em
caso de descumprimento;

Na lide principal, a ser aditada no prazo estabelecido por este Juízo, informa-se, desde
já, que será buscada a reparação de todo e qualquer dano já havido e que porventura
ainda venha a ocorrer no desenrolar da situação.

III – DO PEDIDO

Pelo exposto, requer o Autor:

a) A concessão dos benefícios da justiça gratuita, por não possuir condições, no momento,
de arcar com as custas processuais;

b) A concessão da medida liminar pleiteada, devendo este MM. Juízo determinar que o
Réu autorize, IMEDIATAMENTE, a transferência do Autor para uma Unidade de
Terapia Intensiva – UTI, bem como autorize a realização de todos os
procedimentos médicos requisitados ou que porventura venham a ser
requisitados para tratamento do Autor relativo ao enfarte sofrido, sob pena de
multa diária por descumprimento no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais);

c) Que seja concedido prazo de 30 (trinta) dias para aditamento da inicial com os pedidos
principais;

d) Que seja possibilitado ao Autor a juntada posterior dos documentos que, POR MÁ-FÉ
do hospital, não lhe foram fornecidos, numa clara tentativa do hospital em tentar
desestimular o Autor a buscar seus direitos;

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e) Pede-se, ainda, que em caso de deferimento da medida liminar, seja, ainda na data de
hoje (22 de fevereiro de 2017), enviada em caráter de urgência, por oficial de justiça,
para o endereço indicado na qualificação do Réu.

Protesta pela produção de todos os demais meios de prova em direito admitidos,


especialmente juntada posterior de documentos, oitiva de testemunhas e todo e qualquer outro
apto a comprovar os fatos constitutivos de seu direito.

À causa, dá-se o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.


Natal, 22 de fevereiro de 2017.

Gabriel de Araujo Fonseca


OAB/RN 10770

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