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TRABALHO DE DIREITO PENAL - LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Acadêmica: Ozenildo da Costa dos Santos, Lohany Iasmin da Silva, Erico


Lima

Direito 5° Período Noturno

QUESTÕES AVALIATIVAS

Responda à questão:
1) É possível a incidência da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) nas relações
entre mãe e filha? Justifique e fundamente sua resposta, conforme o entendimento
dos Tribunais de Justiça. (2,5)

Embora a Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) tenha inúmeros conflitos de decisões nos
tribunais de justiça de todo Brasil sobre gênero nas relações entre mãe e filha, É possível a
incidência da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) nas relações entre mãe e filha. Isso porque,
de acordo com o art. 5º, III, da Lei 11.340/2006, configura violência doméstica e familiar contra
a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento
físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial em qualquer relação íntima de afeto,
na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de
coabitação. Da análise do dispositivo citado, infere-se que o objeto de tutela da Lei é a mulher
em situação de vulnerabilidade, não só em relação ao cônjuge ou companheiro, mas também
qualquer outro familiar ou pessoa que conviva com a vítima, independentemente do gênero do
agressor. Nessa mesma linha, entende a jurisprudência do STJ que o sujeito ativo do crime pode
ser tanto o homem como a mulher, desde que esteja presente o estado de vulnerabilidade
caracterizado por uma relação de poder e submissão.

De acordo com HC 277.561-AL, 5º Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 06/11/2014
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. APLICAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA
NA RELAÇÃO ENTRE MÃE E FILHA. É possível a incidência da Lei 11.340/2006 (Lei
Maria da Penha) nas relações entre mãe e filha. Isso porque, de acordo com o art. 5º, III, da Lei
11.340/2006, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico
e dano moral ou patrimonial em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou
tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Da análise do dispositivo
citado, interesse que o objeto de tutela da Lei é a mulher em situação de vulnerabilidade, não só
em relação ao cônjuge ou companheiro, mas também qualquer outro familiar ou pessoa que
conviva com a vítima, independentemente do gênero do agressor. Nessa mesma linha, entende a
jurisprudência do STJ que o sujeito ativo do crime pode ser tanto o homem como a mulher,
desde que esteja presente o estado de vulnerabilidade caracterizado por uma relação de poder e
submissão. Precedentes citados: HC 175.816-RS, Quinta Turma, DJe 28/6/2013; e HC 250.435-
RJ, Quinta Turma, DJe 27/9/2013.

2) Na hipótese de briga entre irmãos que ameaçaram a vítima de morte, amolda-se


àqueles objetos de proteção da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha)?
Fundamente sua resposta, conforme o entendimento dos Tribunais de Justiça. (2,5)

Resposta: Sim de acordo com a 6 turma do STJ o fato em questão amolda-se sim com a lei
Maria da Penha, havendo sempre que se averiguar o grau de vulnerabilidade da vítima em
ralação ao agressor como visto no HC julgado abaixo:
HABEAS CORPUS. AMEAÇA DE MORTE FEITA POR IRMÃOS DA VÍTIMA. LEI
MARIA DA PENHA. INCIDÊNCIA. COABITAÇÃO. DESNECESSIDADE.
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 41 DO REFERIDO DIPLOMA LEGAL.
CONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO STF. 1. Consoante entendimento
desta Corte, a relação existente entre o sujeito ativo e o passivo de determinado delito deve ser
analisada em face do caso concreto, para verificar a aplicação da Lei Maria da Penha, sendo
desnecessário que se configure a coabitação entre eles. 2. Hipótese que se amolda àqueles
objeto de proteção da Lei nº 11.340/2006, já que caracterizada a relação íntima de afeto entre os
agentes e a vítima. 3. A alegação de inconstitucionalidade do art. 41 da Lei Maria da Penha já
foi objeto de discussão no Supremo Tribunal Federal (ADC 19), oportunidade em que se
concluiu pela sua constitucionalidade. 4. Ordem denegada.
Vale ressaltar, que o posicionamento adotado pela corte, acompanha o posicionamento
doutrinário, segundo Maria Berenice Dias
“Não só esposas, companheiras ou amantes estão no âmbito de abrangência do delito de
violência doméstica como sujeitos passivos. Também as filhas e netas do agressor como sua
mãe, sogra, avó ou qualquer outra parente que mantém vínculo familiar com ele podem integrar
o polo passivo da ação delituosa.”

3) O descumprimento de medida protetiva de urgência prevista na Lei Maria da


Penha (art. 22 da Lei 11.340/2006) configura crime de desobediência (art. 330 do
CP)? Fundamente sua resposta, conforme o entendimento dos Tribunais de
Justiça. (2,5)

 Sim, A Lei 13.641, de 3 de abril de 2018, alterando a Lei Maria da Penha para tipificar o crime
de descumprimento de medidas protetivas de urgência, assim dispõe:
“Seção IV Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência

Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência
previstas nesta Lei: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. §1º A
configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as
medidas. §2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá
conceder fiança. §3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções
cabíveis”.

Isso põe fim a ciclo de jurisprudência que se desenvolvia no sentido da atipicidade do


descumprimento da medida protetiva de urgência prevista na Lei Maria da Penha. Para essa
corrente, até então formada, o inadimplemento da medida protetiva de urgência deveria gerar

como consequência a imposição de multa e a prisão preventiva do agressor .

4 - Há a possibilidade de se aplicar o benefício da remição para condenado que


cumpre pena em regime aberto.
Em relação a afirmativa acima, é verdadeira ou falsa, fundamente sua
resposta de acordo com o entendimento do STF. (2,5)

O art. 126 da Lei de Execução Penal expressamente prevê a possibilidade da remição de pena
pelo trabalho apenas aos condenados que cumprem pena em regime fechado ou semiaberto. No
regime aberto, o referido benefício somente é conferido se há frequência em curso de ensino
regular ou de educação profissional, na forma como disciplinado no § 6.º desse mesmo
dispositivo legal – acrescido com a edição da Lei n.º 12.433/2011 –, o que, in casu, não se
aplica. Como diz a lei:
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou
semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo
de execução da pena. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011). §
6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou
semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir,
pela frequência a curso de ensino regular ou de educação
profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período
de prova, observado o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.
(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)

O entendimento, nesse sentido, os seguintes precedentes do Supremo Tribunal Federal:


“HABEAS CORPUS. CONDENADO EM REGIME ABERTO. REMIÇÃO PELO
TRABALHO.INADMISSIBILIDADE. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça é no sentido deque o condenado que cumpre pena em regime aberto não
faz jus à remição pelo trabalho, nos termos do art. 126 da Lei de Execução Penal,
que prevê, expressamente, tal benefício apenas ao condenado que cumpre pena em
regime fechado ou semiaberto, situação mantida com a entrada em vigor da Lei n.
12.433/2011.2. Ordem denegada. (STJ - HC: 186389 RS 2010/0178685-9, Relator:
Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Julgamento: 28/02/2012, T6 - SEXTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 21/03/2012)”.

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