Você está na página 1de 3

Paulo Guedes e George Soros: um caso de amor e

afinidade
jornalpurosangue.com/2021/07/07/paulo-guedes-e-george-soros-um-caso-de-amor-e-afinidade

7 de julho de 2021

O JORNAL PURO SANGUE republica excepcionalmente aqui um artigo escrito por Paulo
Guedes. Uma verdadeira carta de amor à Open Society (Sociedade Aberta) de George
Soros.

A pergunta que fica é: Como um governo que se declara conservador mantém à frente da
economia um discípulo de George Soros? Pra pensar.

Com o aumento do preço dos alimentos, o aumento do preço da gasolina, do gás de


cozinha, a insistência em diminuir o poder dos militares dentro do governo, perguntamos:
de que lado está Paulo Guedes? Tirem suas próprias conclusões.

“O capitalismo tem algo que alguns apontam como um defeito, e eu considero uma
virtude: o sistema não é conservador. O capitalismo detesta o patriarcado, o
patrimonialismo, a aristocracia e o cartório. Por essa razão, constantemente fustiga

1/3
privilégios e está sempre promovendo novas oportunidades, agora mesmo para
centenas de milhões de chineses. Ele promove um turnover (circulação) das suas
próprias elites. Os Estados Unidos foram colônia da Inglaterra, que depois entrou em
colapso e, no século passado, quer se queira ou não, foi recolocada no mundo por
Margaret Thatcher. O liberal é tudo, menos um conservador, um aristocrata. Um
liberal de verdade é profundamente revolucionário, quase anárquico; ele
está sempre olhando para o futuro, nunca para o passado. Eu ousaria dizer
que os Estados Unidos chegaram mais próximo dos ideais socialistas do que a Rússia,
que é profundamente desigual.”

“O meu ideal político, como professor e empresário, é o da sociedade


aberta*, uma ordem extensa, impessoal e cosmopolita. Se eu for nacionalista
excessivamente, estou dizendo que sou inimigo do outro. Se privilegio a minha
regionalidade, estou pronto para aceitar Estados nacionais que disputam
beligerantemente poder político e econômico. Sou, é claro, um democrata, mas
reconheço que há um paradoxo interessante entre a democracia e a liberdade. Se a
maioria for cristã e a lei da maioria determina o exercício do cristianismo, como
aconteceu no passado, ou se a maioria for branca e a lei democrática enunciar que todo
branco deve ser diferente do negro, isso seria um regime democrático, por mais
contraditório que pareça. Mas antes de ser um democrata eu sou um liberal.
Democracia é um método político; o liberalismo é uma doutrina e não apenas um
método. Por exemplo: Hitler chegou democraticamente ao poder. Na África do Sul, hoje,
como a maioria é negra, poderia haver uma lei que exigisse a expulsão dos brancos. O
liberalismo diz que é importante o respeito às minorias; e a democracia, que é o poder
da maioria, vai lá e expulsa os brancos. Eu prefiro ser um liberal e ir para um lugar
onde haja uma liberal-democracia. O ideal da sociedade aberta é um círculo em
expansão. Em Atenas, a democracia ficava restrita aos cidadãos; há cem anos, ela
existia para a maioria, à exceção das mulheres, e hoje vale para todos. Nós somos algo
que biologicamente evolui, tenta, experimenta, pressiona e permite avanços. A liberal-
democracia é a que permite o máximo de experimentações.

Mas o movimento é sempre o de sístole e diástole. A direita mais reacionária retorna na


Europa e nos Estados Unidos. No caso americano, há uma espécie de síntese entre
situação e oposição – os democratas são um pouco mais trabalhistas e os republicanos
são mais voltados para o business. Quando a sociedade se sente mais fragilizada em
função da Guerra do Vietnã, vota, nos anos 1970, em um democrata como o Jimmy
Carter, que cura a parte social e política. Quando a economia começa a emperrar, nos
anos 80, os americanos votam em um republicano como o Ronald Reagan, que reduz os
impostos e combate a inflação. Eles oscilam pouco, basta tomar como exemplo o Bill
Clinton, que foi um democrata que cortou gastos sociais. No caso da direita na
América Latina, a diferença é gritante. Ela é autoritária, corrupta,
ditatorial, oligárquica, patrimonialista, sem-vergonha, assaltante oficial
de Estado. Nunca teve qualquer ideologia liberal-democrata. Patrocinava golpes
militares, produzia avanços de empresas estatais de intervencionismo generalizado não
apenas na máquina de produção – como Telebrás, Siderbrás, Eletrobrás e Nuclebrás –
como de forma indireta, através da política cambial (regra de minidesvalorização),

2/3
política salarial (deflatores) etc. Quer dizer, intervenção total em tudo. Ao retornar ao
Brasil, depois de cursar o doutorado na Universidade de Chicago, virei um intelectual
liberal-democrata e experimentei a solidão. Eu segui o meu caminho, que era o oposto
tanto dos economistas que serviam ao regime militar como daqueles que estavam na
oposição. Fiz isso sem me preocupar com rótulos – direita ou esquerda.

O termo “sociedade aberta” (open society) foi popularizado pelo filósofo Karl Popper, em
seu livro “A Sociedade Aberta e seus inimigos”. Popper foi um dos mentores do mega-
especulador George Soros, quando esse ainda era um estudante de Filosofia, antes de
adentrar o mundo das finanças.

Não por acaso, Soros criou sua própria fundação com o nome de Open Society, para
inicialmente apoiar movimentos de contestação aos regimes socialistas da Cortina de
Ferro, depois para apoiar organizações com pauta progressista pelo mundo afora,
incluindo as que fazem apoio à legalização das drogas, em prol do aborto, dos LGTB´s e
pelo chamado “Abolicionismo Penal”.

Nós sabemos que a sanha pelas finanças une


Paulo Guedes e George Soros. Resta saber se
o Ministro da Economia também
compartilha dos mesmos valores de Soros,
sendo um dos principais integrantes do
governo “conservador” de Bolsonaro.

3/3

Você também pode gostar