Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A mineração estabelece por outro lado, novas condições para o trabalho escravo. O primeiro
de seus efeitos, nesse sentido é o da alta no preço da mão de obra escrava e de certa forma a possibilidade
de os escravos comprarem sua própria liberdade.
Efeitos da mineração:
Surto demográfico:
Caráter antropológico da mineração – contato grande entre variados tipos de população com a
população das minas, que depois da mineração, miscigenados, se espalham pelo país.
Abertura de novas e extensas áreas de povoamento:
Surgimento de pequenos comércios que depois de tornaram cidades.Transporte de gado vai forcejando a
entrada do sertanejo cada vez mais para o interior do país.
Questão das Bandeiras – Caça e apreensão dos índios, possibilidades de novos trabalhadores.
Deslocamento da sede:
Desloca-se a sede de Salvador para o Rio de Janeiro, como forma de controlar a movimentação da
riqueza. No séc. XVIII – ascendência e decadência da produção aurífera em curto período, dado as
características da mineração (ouro de aluvião e alta exploração pela metrópole).
Impossibilidade histórica de a classe trabalhadora alcançar um consumo material sem romper com o
Modo de Produção vigente
Primeira oportunidade de o escravo comprar sua liberdade. Brasil não mais se recupera desse
novo patamar de relação social.
Em suma, temos o período da mineração como o período que serviu para o agravamento da
situação da fome e da questão agrária brasileira, que através de suas particularidades aumentou a
população colonial em escala exponencial e em contrapartida a queda drástica do volume de produção de
alimentos e consequentemente seus elevados preços.
TEXTO: A CONSOLIDAÇÃO DO IMPÉRIO – Nelson Werneck Sodré
O traço principal da fase que se encerra com a primeira metade do século XIX é a consolidação da classe
senhorial no poder, expressa um enorme esforço para exercer a autoridade, através do aparelho de Estado
que montara, e realizar a unidade política na extensão geográfica do Império, ampliando ao máximo a
referida autoridade no espaço.
A classe senhorial conseguira estruturar um aparelho de Estado que se destina a servi-la e que exerce a
autoridade em todo o território, seja por imposição, seja por tácito acordo com as suas frações regionais.
Na segunda metade do século XIX, as alterações no campo do trabalho aceleram-se. Ocorre, nesse campo,
a concomitância de duas saídas para o progressivo abandono do trabalho escravo, cuja rentabilidade, nas
novas condições do mercado mundial e mesmo do mercado interno, torna-o anacrônico:
Aceleração da transição de novas áreas à etapa da servidão e do avanço de novas áreas à etapa do trabalho
livre.
A população escrava evoluiu tanto para a servidão como para o trabalho livre; para este, entretanto, com
muita lentidão.
O trabalho livre amplia-se particularmente com a imigração. É ainda o café que impulsiona estas alterações.
A condenação do tráfico negreiro, estabelecida pelo avanço capitalista no mundo, é assinalada, nas áreas
coloniais americanas desde o processo de independência.
No campo dos recursos em capitais, dado a lenta capitalização no Brasil, os recursos que demandavam a
utilização do trabalho escravo ficaram, de súbito, em disponibilidade. Ao se analisar tem-se que os recursos
advindos da área do tráfico puderam ser transferidos para a área agrícola (do café) dentre enumeradas
outras, como puderam permanecer na esfera comercial, no campo das manufaturas, estabelecimentos de
crédito ou mesmo obras públicas.
O domínio do poder pela classe senhorial está consolidado, a esta classe reverte uma parcela considerável
da renda, a parcela que permanece no país.
O período que se segue após a queda do império e advento da república é caracterizado pelo grande
ascenso da economia, em que os avanços e benefícios de forma alguma alcança a classe trabalhadora.
A burguesia agrária majoritária volta ao poder e mantém a estrutura agrária e acaba por ser entronada.
Com a volta do poder e as dificuldades encontradas no mercado para conseguir exportar sua mercadoria e
manter seu nível de lucratividade, a burguesia agrária majoritária toma medidas que passaram a prejudicar
outras frações de classe, enquanto a fração da b. m. cafeicultura colhia todos os benefícios de suas políticas
implantadas.
Foram essas frações prejudicadas; o conjunto da classe trabalhadora assalariada, principalmente urbana, a
pequena burguesia assalariada (empregados do governo, civis e militares e os comerciantes) e a burguesia
agrária minoritária vinculada ao setor interno.
Contexto histórico: No quadro mundial, estava em início a etapa da crise geral do capitalismo, iniciado por
dois episódios de repercussão universal: a I Guerra mundial que abalou a estrutura do regime e a Revolução
de Outubro, que rompeu o monopólio de dominação capitalista no mundo. Os efeitos da crise variaram de
acordo com as particularidades de cada país, os quais podemos distribuir em três grupos: 1) o grupo dos
países capitalistas, 2) o grupo dos países dependentes e 3) as áreas coloniais. As consequências dessa crise
em cada grupo de países foram as seguintes: no primeiro eclodiram movimentos de rebeldia social e
tratou-se de defendê-los (os países) da ameaça de revolução socialista, no segundo os países trataram de
desencadear a revolução burguesa, mesmo em características distintas da R. B. Clássica e por fim o último
grupo, que tratou de iniciar ou de impulsionar o longo e doloroso processo de neutralização do tribalismo e
da luta pela autonomia, ainda que em suas formas mais rudimentares.
Quadro brasileiro: O país passava pelo momento inicial da etapa de desenvolvimento industrial
que ficaria conhecida como substituição de importações.
Período de euforia com os rendimentos do café que posteriormente desabaria com a crise de
superprodução e crise cíclica do capitalismo em 1929. Em 1920 com o irrompimento da crise
mundial, as estruturas econômicas dependentes são seriamente afetadas, “a ganância comercial
estrangeira tira audaciosamente a lucratividade do bolso indefeso da pátria brasileira”, ou seja,
após a crise a lucratividade que o café oferecia cai drasticamente.
Parecia que o regime fora dotado de eternidade. As ocasiões em que a aceitação passiva foi
quebrada assinalaram crises e essas crises, por mais transitórias que tenham sido eram importantes
como sintomas.
À oposição caberia o papel de denunciar as mazelas do regime, era um sistema precário, que
simulava força pela ausência de resistências organizadas. Depois de processos de derrocada do
regime, a deterioração da estrutura política dominante, por força do avanço das relações capitalistas
a que ela já não satisfazia, era gritantemente denunciada pela ruptura do conformismo do aparelho
militar, uma ruptura impulsionada pela vanguarda pequeno-burguesa.
O que se anunciava era o próximo fim de uma estrutura que já se apresentava obsoleta que se só
poderia ser vencida através da violência (no caso, a violência militar pequeno burguesa), dado que
por vias eleitorais era impossível.
O inconformismo militar, que se apresentou na forma de Tenentismo, correspondeu aos abalos nas
velhas estruturas coloniais ou dependentes, e foi a forma possível de contestação ao que elas
representavam. Nesse ponto se anuncia o avanço do capitalismo; o reformismo tenentista é a
expressão política da pequena burguesia brasileira, vanguarda aguerrida da ascensão burguesa. Essa
fase de inconformismo militar (que posteriormente, após a crise política de 1922 ligada à sucessão
presidencial apresentou uma sequência de movimentos em curtos intervalos de tempo,
caracterizando seu aspecto particular) ficou conhecida como Tenentismo e sua expressão máxima foi
a Coluna Prestes.
O movimento da coluna veio a surgir a partir de vários levantes ocorridos pelo país, os primeiros
foram o Forte de Copacabana e a Escola Militar, acabando por serem combatidas.
O episódio abala o país, com eco profundo nas Forças Armadas. Governo mantém por quatro anos o
estado de sítio.
A Coluna percorreu, segundo Prestes, 36.000 km Brasil adentro, perdendo mais do que ganhando
combatentes, enfrentando inúmeras dificuldades naturais, representando por si só, obstáculos
continuado, mas a qualidade é que definira a marcha da Coluna como feito militar e político de
extraordinárias dimensões.
“Nosso fim imediato era manter a revolução em armas e propagá-la por todo o território nacional”.
Marchando, a Coluna iria despertando levantes e recebendo adesões. Apesar de uma conduta tão
alta , tão característica, as adesões não viriam senão espaçadamente e no conjunto, desprovidas de
significação. As militares tão esperadas, com prazos e normas, ficaram reduzidas a muitíssimo pouco.
Em momentos diversos e lugares os mais variados, a coluna enfrentou forças regulares, do Exército;
em alguns casos, essas forças alcançaram efetivo considerável, dotadas de copiosos meios, de
estrutura sólida, de comando bem constituído. O latifúndio sentia a ameaça que a Coluna
representava.
O Governo não apenas mobilizara, contra os revolucionários, as forças irregulares do latifúndio, para
somá-las às das polícias e às do Exército. Fizera mais: propalara pelo interior que a Coluna era
constituída por um bando de assaltantes, habituados às maiores violências. Daí a repulsa costumeira:
Eram recebidos à bala pelos habitantes dos lugares por onde transitavam como se fossem inimigos.
A propaganda espalhada pelo Governo perseguia a Coluna como uma praga. “Assim, operando no
interior e ilhada pelo latifúndio, a Coluna, mantida para assegurar a continuidade da ação
revolucionária e dependente da multiplicação de movimentos de rebeldia, que a ela se somassem,
não encontra apenas na natureza os obstáculos, mas na própria gente, mantida na miséria e na
ignorância.”
Uma causa nem sempre é aceita e esposada por ser justa apenas. É preciso, mais do que isso, que ela
encontre correspondência no nível de consciência daqueles mesmos que pretende libertar. E como
consequência à propaganda realizada e amplamente difundida pelo Governo no interior do país essa
tomada de consciência foi impossível.
O Tenentismo revelaria quadros de valor excepcional, a Coluna reuniu deles, o que havia de melhor.
Na essência, sua ideologia é pequena burguesa, reformista, colocada no plano ético. “Fazíamos a
guerra contra o bernardismo ignóbil que aviltava o país e não contra o Brasil, cujas liberdades
conspurcadas por essa cáfila defendíamos, à custa de nosso sangue”.
De acordo com seu papel histórico, o tenentismo passará por três etapas bem definidas:
São os militares que formam a vanguarda dos movimentos de regeneração política do Brasil. Os
tenentes assumem por isso a liderança da revolução brasileira, tendo a Coluna como o
movimento de maior expressão e de mais profundas consequências para a mudança do quadro
político nacional. Entretanto, apesar de suas armas lhes darem possibilidades de agir, não
estavam ainda em condições de substituí-los as ações das massas populares, desorganizadas e
politicamente inativas.
Notas de aula:
Forças imperialistas se expressando, de modo que o Brasil continue sendo submetido à esses
laços de dependência.
Políticas do Café com leite e dos Governadores, forma de garantir o controle das massas
trabalhadoras assalariadas, que vai transformá-los em uma mercadoria. Período que vai exprimir
a transição da extração da MVA para a MRV (a transição se dá através dessas políticas).
Consolidação das novas formas de capital configurando uma nova etapa do desenvolvimento e
de reprodução material. Essas transições vão cunhando as bases para o surgimento de novas
futuras transformações.
Presença não suficientemente forte da classe trabalhadora. Frente a tudo isso, a transformação
da república se dá diante um processo “tímido”, sem grandes movimentos. República se
apresenta como uma própria ficção, aparente flacidez, as coisas vão se assentando através
dessas políticas.
Mineração – Guerra do Paraguai – Voltam com anseio de atuar no campo político – são retirados
do poder – sentem o massacre causado pela política de valorização do café pela oligarquia
cafeeira. (Presidente acaba não tendo condições de arcar com os salários da classe militar e as
tensões acabam por se acirrar.
Ocorreram vários levantes em fortes de todo o país – tomam o forte de Copacabana e vão á luta
com um efetivo de 18 pessoas contra 3.000 (1922).