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ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.8702-76273-4-SM.

1003201601

Nascimento KC, Kolhs M, Mella S et al. O desafio familiar no cuidado às pessoas acometidas...

ARTIGO ORIGINAL
O DESAFIO FAMILIAR NO CUIDADO ÀS PESSOAS ACOMETIDAS POR
TRANSTORNO MENTAL
THE FAMILY CHALLENGE IN FOR PEOPLE CARE SUFFERING FROM MENTAL DISORDER
EL DESAFÍO FAMILIAR EN EL CUIDADO A LAS PERSONAS CON TRASTORNO MENTAL
Keyla Cristina Nascimento1, Marta Kolhs, Solange Mella2, Elise Berra3, Agnes Olschowsky4, Andrea
Noeremberg Guimarães5
RESUMO
Objetivo: identificar os desafios encontrados pelos familiares que convivem com pessoas acometidas por
transtorno mental. Método: pesquisa descritiva-exploratória, realizada em 2013. A coleta de dados se deu por
meio de entrevista com 19 familiares de usuários de um CAPS II com diagnóstico de transtornos de
esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar e depressão em um município do Oeste de Santa Catarina/SC. A
interpretação das informações ocorreu a partir da análise de conteúdo temática. O estudo teve o Parecer
favorável do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob nº 159.215/2012. Resultados: na análise,
emergiram quatro temas: Sobrecarga emocional dos familiares; Impacto que o transtorno mental causa nos
cuidadores; Ações do familiar para o cuidado na crise; e Dificuldades dos familiares com manejo do
transtorno. Conclusão: há necessidade da inclusão da família no tratamento e a importância de se olhar para
a família. Descritores: Saúde Mental; Família; Serviços Comunitários de Saúde Mental.
ABSTRACT
Objective: to identify the challenges found by families living with people suffering from mental disorder.
Method: it is descriptive exploratory research, conducted in 2013. The data collection was carried out
through interviews with 19 relatives of CAPS II patients with schizophrenia disorders, bipolar disorder and
depression in a city in the West of Santa Catarina/SC. The interpretation of information occurred from the
thematic content analysis. The study had a favorable opinion of the project by the Research Ethics
Committee, under Number 159,215/2012. Results: from the analysis four themes emerged: The emotional
burden of the family; Impact that mental illness causes in caregivers; Family´s actions for care during crisis;
and Family difficulties to handle the disorder. Conclusion: it is necessary to include the family in the
treatment and the importance of looking for the family. Descriptors: Mental Health; Family; Mental Health
Community Services.
RESUMEN
Objetivo: identificar los desafíos encontrados por los familiares que conviven con personas con trantorno
mental. Método: investigación descriptiva exploratoria, realizada en 2013. La recolección de datos fue por
medio de entrevista, con 19 familiares de usuarios de un CAPS II con diagnóstico de trastornos de
esquizofrenia, trastorno afectivo bipolar y depresión en un municipio del Oeste de Santa Catarina/SC. La
interpretación de las informaciones se dio a partir del análisis de contenido temático. El estudio tuvo el
parecer favorable del proyecto por el Comité de Ética en Investigación, sobre nº 159.215/2012. Resultados:
en el análisis surgieron cuatro temas: Sobrecarga emocional de los familiares; Impacto que el trastorno
mental causa en los cuidadores; Acciones del familiar para el cuidado en la crisis; y, Dificultades de los
familiares con manejo del trastorno. Conclusión: hay necesidad de la inclusión de la familia en el tratamiento
y la importancia de observar a la familia. Descriptores: Salud Mental; Familia; Servicios Comunitarios de
Salud Mental.
1
Enfermeira, Professora Doutora em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC. Florianopolis (SC), Brasil. E-mail:
keyla_nascimento@hotmail.com; 2Enfermeira, Professora Mestre em Gestão em Políticas Públicas, Universidade do Estado de Santa
Catarina/UESC. Chapecó (SC), Brasil. E-mail: martakolhs@yahoo.com.br; 3Enfermeira. Doutora em Enfermagem Psiquiátrica. Docente da
Universidade do Estado do Rio Grande do Sul/UFRG. Porto Alegre (RS), Brasil. E-mail: agnes@enf.ufrgs.br; 4Enfermeira graduada pela
Universidade do Estado de Santa Catarina/UESC. Chapecó (SC), Brasil. E-mail: elyseberra@yahoo.com.br; 5Enfermeira graduada pela
Universidade do Estado de Santa Catarina/UESC. Chapecó (SC), Brasil. E-mail: elyseberra@yahoo.com.br; 6Enfermeira. Mestre em
Enfermagem. Docente da Universidade do Estado de Santa Catarina/UESC. Chapecó (SC), Brasil. E-mail: andrea.guimaraes@udesc.br

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rompem com os paradigmas do modelo


INTRODUÇÃO
asilar.5
A família, na condição de grupo, Tendo em vista a reformulação da
desempenha um papel central na vida das assistência psiquiátrica, a unidade familiar
pessoas, pois é no seio familiar que o assume um importante papel no cuidado e
indivíduo cresce, é cuidado, nutrido, adquire ressocialização dos sujeitos que sofrem de
concepção de si mesmo, desenvolve as suas transtorno mental. Portanto, é necessário
crenças e valores a respeito do mundo e onde conhecer o universo familiar e como seus
é preparado para enfrentar a vida. Por isso, integrantes reagem e convivem com o
quando um indivíduo tem um transtorno sofrimento psíquico.
mental, independente da sua fase de A partir do entendimento de que a família
desenvolvimento, é importante o apoio da é esse grupo social que irá ter grande
família em seu tratamento. responsabilidade sobre a constituição dos
Nessa perspectiva, a família é a primeira indivíduos, compreende-se que da mesma
rede que referencia e totaliza a proteção e a forma que afeta e/ou influencia o sujeito, ela
socialização dos indivíduos. Independente das também é influenciada e afetada por ele.
múltiplas formas e contornos que ela assuma, Fatos estes que justificam a família e
é nela que se inicia o aprendizado dos afetos familiares com transtorno mental estar
e das relações sociais.1 inseridos em estudos, considerando que o
A Reforma Psiquiátrica Brasileira trouxe indivíduo com transtorno é um ser social. A
contribuições na forma de conceber e família é um dos eixos organizadores da vida
perceber a família no contexto do cuidado em do ser humano, o que torna relevante a
Saúde Mental. Antes de sua implementação, a investigação sobre como o transtorno mental
forma de tratamento disponível para as pode afetar a dimensão familiar.6
pessoas com transtorno mental era baseada Diante do exposto, definiu-se como
no isolamento e na exclusão, ficando os questão de pesquisa: quais são os desafios
sujeitos privados do contato com sua família encontrados pelos familiares que convivem
e com a sociedade. Não existiam incentivos com pessoas acometidas por transtorno
na mobilização destas como participantes mental?
essenciais no cuidado, já que o indivíduo era Considera-se relevante abordar o tema
visto de modo isolado.2-3 transtornos mentais e seus desafios para a
No Brasil, a partir da década de 1970, a família, pois oportunizará uma reflexão à
necessidade de se repensar as práticas em comunidade acadêmica e aos profissionais da
saúde mental tornou-se evidente, em face saúde que atuam com esse público podendo
das condições desumanas de tratamento a contribuir para o desenvolvimento de
que eram expostas as pessoas com transtorno estratégias de ações de prevenção e
mental, mantidas distantes da sociedade e promoção da saúde para essas famílias.
dos seus familiares.2-3 Assim, com a Reforma O presente estudo teve como objetivo
Psiquiátrica, ocorreram mudanças no identificar os desafios encontrados pelos
entendimento quanto ao conceito de saúde familiares que convivem com pessoas
mental e no tratamento e abordagem das acometidas por transtorno mental.
pessoas com manifestações dos sofrimentos
dessa ordem. Uma das consequências MÉTODO
importantes da Reforma Psiquiátrica foi a
Trata-se de uma pesquisa com abordagem
criação de novos dispositivos de tratamento
qualitativa, do tipo descritivo-exploratória.
de base comunitária e o envolvimento da
Foi realizada em 2013, nas dependências de
família, com o papel de acolher, cuidar e
um CAPS II, em um município do Oeste de
preparar para vida social.4
Santa Catarina. No momento da pesquisa,
A Reforma Psiquiátrica defende o processo estavam cadastrados aproximadamente 5.600
de desinstitucionalização com consequente usuários. Destes, 3.000 encontravam-se
substituição dos manicômios por novos ativos, ou seja, participavam das atividades
dispositivos de acolhimento e tratamento. conforme plano individual. Dos ativos, 76
São exemplos desses dispositivos as unidades estavam na modalidade intensiva de
básicas de saúde, os Centros de Atenção tratamento; sendo 48 mulheres e 28 homens.
Psicossocial (CAPS), as unidades de pronto Destes 76 usuários, 25 tinham esquizofrenia,
atendimento, os Serviços Residenciais 15 apresentavam outros transtornos
Terapêuticos, as unidades de acolhimento, os psicóticos, cinco foram diagnosticados com
centros de convivência e os leitos depressão e sete tinham transtorno afetivo
psiquiátricos em hospitais gerais. Todos bipolar.
consistem em formas de tratamento que
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Foram estabelecidos os seguintes critérios faixa etária de 61 a 80 anos de idade; e 5%


de inclusão para os participantes do estudo: com mais de 80 anos de idade.
ter idade superior a 18 anos, ser familiar O predomínio do sexo feminino na questão
cuidador de usuário com transtorno mental de prestar o cuidado a pessoas com
em tratamento no regime intensivo e possuir transtornos mentais condiz com estudo
capacidade de verbalização oral para realizado em Ribeirão Preto, São Paulo, com
responder às questões da entrevista. cuidadores de pacientes egressos de
Foram entrevistados 19 familiares. internação psiquiátrica.8 Tal fato pode ser
Inicialmente, buscaram-se informações explicado a partir do contexto histórico do
referentes à caracterização dos participantes, desenvolvimento da humanidade, em que os
com o intuito de registrar dados como cuidados com a casa e com pessoas com
gênero, idade, escolaridade, estado civil, maior grau de dependência, como crianças,
grau de parentesco/relação com o usuário, idosos e doentes eram funções destinadas
tipo de transtorno acometido e tempo de principalmente às mulheres.
desenvolvimento da doença. O próximo passo Com relação ao tempo de diagnóstico do
foi composto por questões semiestruturadas, transtorno mental, observou-se que 47% dos
formuladas tendo como base os objetivos da usuários apresentavam a doença há menos de
pesquisa. 15 anos; 22% entre 16 e 35 anos e 31% há mais
O estudo teve início após o Parecer de 36 anos. Quanto ao tempo que estavam
favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da em tratamento no CAPS II, observou-se que
Universidade do Estado de Santa Catarina 53% dos usuários frequentavam o serviço há
(UDESC), sob nº 159.215/2012. Para assegurar menos de quatro anos e 47% faziam o
o anonimato dos entrevistados, estes foram acompanhamento desde que o CAPS iniciou
identificados pela letra “F” (família) e por suas atividades no município em 2001.
números cardinais (F1, F2, F3) conforme a Vale ressaltar que os CAPS foram criados a
ordem das entrevistas. partir da Portaria/GM, nº 336 de 2002, do
Para a interpretação das informações, Ministério da Saúde. Essa portaria vem ao
foram seguidos os passos de análise temática: encontro da atual Lei Federal de Saúde
ordenação dos dados, classificação dos dados Mental, a Lei 10.216 de 2001. Esse aparato
e análise final.7 Na ordenação dos dados, legal redirecionou o modelo da assistência
foram realizadas leituras e releituras do psiquiátrica no Brasil ao prever os direitos das
material e a organização inicial dos relatos, pessoas com transtorno mental,
objetivando ter uma visão geral do que foi compreendendo: ter acesso ao melhor
dito pelos familiares e perceber as tratamento, ser tratada com humanidade e
particularidades. A classificação dos dados respeito, ser protegida de abusos e
permitiu apreender a relevância entre as exploração, ter garantia de sigilo, receber
falas de cada familiar, classificar as ideias informações, ter acesso aos meios de
centrais e organizá-las em categorias. A comunicação, ser tratada pelos meios menos
análise final consistiu na elaboração de uma invasivos possíveis e, preferencialmente, em
síntese interpretativa dos quatro temas que serviços comunitários.9
emergiram: A sobrecarga emocional dos A seguir, constam os temas emergidos das
familiares; O impacto que o transtorno entrevistas com os familiares discutidos com
mental causa nos cuidadores; As ações do literatura pertinente.
familiar para o cuidado na crise; e
 A sobrecarga emocional dos familiares
Dificuldades dos familiares no cuidado com a
pessoa com transtorno mental. Através das falas dos familiares
cuidadores, identificou-se o quanto pode ser
RESULTADOS E DISCUSSÃO desgastante o convívio com a pessoa com
transtorno mental. Esse cuidado implica
A caracterização do perfil dos
compreender e lidar com comportamentos
participantes da pesquisa contribui para um
não convencionais como falar sozinho,
melhor entendimento das estruturas
retraimento social, humor inconstante, entre
representacionais de seus pensamentos. As
outros, os quais terminam por despertar
informações mostraram que, na
sentimentos ambíguos.
contextualização dos 19 familiares
Assim, o convívio com estes familiares com
entrevistados, obteve-se uma predominância
transtorno mental foi mencionado pelos
significativa do gênero feminino com 63% do
entrevistados como um encargo difícil e
total de entrevistados. Com relação à idade,
complicado no núcleo familiar, conforme
42% dos familiares cuidadores encontravam-se
relatos:
na faixa etária de 41 a 60 anos; 37% na faixa
etária entre 21 a 40 anos de idade; 16% na É complicado, fico com dó, porque ele é
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tipo uma criança, fica agressivo. (F18) Os encargos subjetivos referem-se a como
Não me sinto bem, porque não posso fazer o familiar cuidador se avalia nessa situação,
nada para ele melhorar. (F09) quanto aos sintomas de ansiedade,
O adoecimento é um acontecimento depressivos ou psicossomáticos, sentimentos
imprevisto que pode desorganizar o de culpa e de vergonha, relacionados à falta
funcionamento de uma família. Com relação de informações sobre os transtornos mentais
aos transtornos mentais, as pessoas e da exclusão social.13
acometidas por doenças dessa ordem, Alguns familiares entrevistados referiram
apresentam sinais e sintomas que dificultam sentir-se bem em relação à condição de
seu desempenho, gerando entraves e cuidar de seu familiar, pois estão
preconceitos na sociedade e até dentro da “acostumados” com a situação que vivenciam
própria família. Um estudo evidenciou que a há muito tempo, como evidenciado nas falas:
família da pessoa em sofrimento psíquico Desde criança convivia com isso, estou
sente-se sobrecarregada não só pelo fato de acostumada. (F02)
ter que suprir as dificuldades diárias do Me sinto bem cuidando, é o dever de algum
paciente mas também pelas inseguranças e familiar assumir [...] e quem tem mais
imprevisibilidade dos seus comportamentos e tempo sou eu de cuidar. (F17)
reações.10 Esses resultados vêm ao encontro de
A família, ao assumir o papel de cuidadora estudos identificados em uma revisão
do familiar, monitora as medicações, realiza integrativa na qual se observou que, mesmo
os cuidados e acompanhamento do sobrecarregados, os cuidadores também
tratamento extra-hospitalar, e nestes sentiram satisfação em cuidar de seus
momentos, encontra dificuldades as quais familiares.14 Uma das explicações é que a
terminam por despertar sentimentos de mal- companhia proporcionada pela pessoa
estar, estresse e cansaço.11 Percebe-se que a adoecida é ponto positivo no relacionamento
pessoa com transtorno mental afeta o núcleo familiar, contribuindo para que o familiar
familiar e o clima emocional. A família se sinta satisfação no cuidar apesar da aflição
fragiliza, suas relações internas e externas que o transtorno mental pode causar. Além
ficam comprometidas, mas ainda assim é um disso, é cultural o familiar não doente prover
lugar de compreensão, de afeto, de cuidado, cuidados aos familiares necessitados, o que
embora os encargos objetivos e subjetivos. suscita satisfação no cumprimento das
obrigações sociais junto à família.
Apesar do estresse cotidiano, os familiares
manifestaram que desejam transmitir Outra situação relatada é a necessidade de
tranquilidade e segurança, conforme relato: ter paciência para que assim possam conviver
bem. De maneira geral, os entrevistados
Preciso passar tranquilidade e
afirmaram que o cuidar assume um caráter de
segurança a minha irmã. (F03)
obrigatoriedade, como se não houvesse a
No contexto do sujeito com transtorno
possibilidade de escolha. A família vai se
mental, cuidar torna-se tarefa por vezes
constituindo em um sistema informal de
difícil, seja pela falta de apoio e
cuidado zeloso, preocupado e de resignação.
comprometimento dos demais membros da
Para ilustrar, cita-se a fala de F12:
família, seja pelas demandas do familiar
Eu tenho que ter paciência, porque quem
adoecido, pois, em muitas situações, o
está sã tem de atender o doente. (F12)
cuidado, mesmo em famílias numerosas, é
A família busca suprir as necessidades da
exercido por uma única pessoa, o que diminui
pessoa com transtorno mental dispensando
as possibilidades para que esta invista em
afeto, principalmente paciência no
atividades de lazer e busca por serviços de
relacionamento, tendo que aprender a lidar
saúde.12
com a situação. Nesses casos, predominam os
Um estudo13 cita os encargos objetivos e laços de solidariedade e tolerância, pois os
subjetivos de quem cuida de pessoas com membros da família têm que se organizar
transtorno mental. Os objetivos incluem diante das manifestações do transtorno
consequências negativas e concretas e estão mental. A paciência é uma importante
relacionados com prejuízos em relação à ferramenta no processo de cuidar e essencial
rotina, vida social e profissional dos na relação paciente-família. Assim, esse
familiares, prejuízos financeiros, atenção a sentimento de responsabilidade pelo cuidado
comportamentos inadequados, agressões do familiar é passado de geração a geração,
físicas e verbais, tempo utilizado no cuidado, cabendo-lhes o cumprimento.
alterando a rotina e os projetos de vida dos
Tendo ciência das dificuldades dos
familiares, bem com a diminuição da vida
familiares, é necessário o amadurecimento do
social.
atual modelo assistencial em saúde mental e
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de ações de suporte às famílias, pois quanto dificuldades enfrentadas pela família, no que
mais apoiada a família se sente, mais concerne à continuidade do tratamento, é a
satisfeito com a atenção recebida o paciente não adesão do paciente à terapêutica
fica.10 medicamentosa. A recusa em tomar as
Dificuldades dos familiares no cuidado com medicações prescritas implica riscos de
a pessoa com transtorno mental recaída, gerando conflitos e interferindo na
O desafio mais presente no cuidado destes dinâmica familiar.11
pacientes é em relação à agressividade e Nos tratamentos dos transtornos mentais,
desobediência presente no dia a dia dos a não adesão à medicação está presente em
familiares cuidadores. Os participantes do cerca de 50% dos pacientes psiquiátricos
estudo destacaram como causa desses causando inúmeros danos, dificultando o
comportamentos a não aceitação da tratamento terapêutico e abordagens
medicação, como mostram as falas: psicossociais, prejudicando a convivência
[...] principalmente porque ele é muito familiar e social do paciente. Em muitos
teimoso. Não quer tomar medicamento. O casos, ocorre a recaída e reinternação dos
negócio de fumar, se diz pra ele fumar pacientes, o que acaba abalando a estrutura
pouco, ele fuma bastante. Se exalta, quer familiar.15
chamar atenção. (F14) Assim, a não adesão ao medicamento
Ás vezes ele não quer tomar o remédio, não torna-se um grande desafio sobrecarregando
quer comer. (F12)
o cuidador familiar e ainda pode desencadear
Ela não obedece, preciso falar as coisas novas crises no paciente. Os fatores que
mais de uma vez. É violenta, mas nos
podem influenciar a adesão estão certamente
últimos tempos está mais calma com o uso
relacionados às condições sociodemográficas,
do medicamento. (F02)
ao esquema terapêutico, à natureza da
Encontrou-se ainda uma parcela dos
doença, ao relacionamento paciente-
entrevistados que relataram não encontrar
profissionais de saúde, entre outros.
desafios no cuidado. Isso possivelmente se
Cabe aos profissionais de saúde conhecer e
deve pelo fato de haver uma maior
compreender melhor o motivo da não adesão
colaboração do paciente em aceitar sua
medicamentosa. A enfermagem, por ser uma
doença e o tratamento.
profissão diretamente ligada ao cuidado e
Eu acho que nós não temos dificuldades, ele
aceita o tratamento, a gente cuida. (F13)
cotidiano do paciente, pode promover o
estabelecimento de uma melhor adesão ao
Os momentos de controle e diminuição das
tratamento, oferecendo suporte e
manifestações do transtorno mental são
manutenção terapêutica, criando um elo de
possíveis se houver a adesão do tratamento
confiança e segurança para a pessoa com
medicamentoso associado às terapêuticas não
transtorno mental.15
medicamentosas. A psicofarmacologia teve
início nas décadas de 1940 e 1950 com a Outras situações foram relatadas, tais
descoberta dos antipsicóticos. A chegada como os familiares que ficam diariamente
desses fármacos, e mais tardiamente dos com o familiar em sofrimento psíquico e
antidepressivos, marcou de forma referem não tem tempo para cuidar de si,
significativa o tratamento na área da saúde tornando-se um agravante na saúde destas
mental, pois com a diminuição da famílias. A falta de tempo torna-se um
manifestação dos sintomas agudos desafio a essas famílias, como relatado nas
decorrentes dos transtornos mentais, se falas abaixo:
ampliou a participação do paciente em Falta de tempo, deixar de ter meu lazer
para cuidar dela, vivemos mais pra ela do
modalidades de atendimento como oficinas e
que pra gente. (F05)
terapia de grupo, só para citar algumas.
Tenho dificuldade porque preciso pagar as
Apesar das críticas em relação ao uso abusivo
contas e não posso deixar ele sozinho. Ele
destes medicamentos, devido aos efeitos
liga o gás e esquece de desligar, aí é ruim
colaterais e ao risco de cronificação do de sair de casa. (F19)
quadro clínico, não há como negar as
O convívio com a pessoa com transtorno
contribuições desta tecnologia no
mental é complicado e desgastante para os
atendimento das emergências psiquiátricas,
familiares. Isso se agrava em casos que a
tratamento ambulatorial e domiciliar.11
doença tem uma história de longa duração,
No entanto, como evidenciado nos relatos com várias recidivas de manifestações de
de sujeitos deste estudo, e que vêm ao crise, gerando sobrecarga de ordem física,
encontro com os resultados de uma pesquisa emocional e econômica, alterando todo o
também desenvolvida com famílias de cotidiano familiar e comprometendo saúde,
pessoas com transtorno mental, uma das vida social dos seus membros, o lazer fica
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esquecido.16 melhores condutas.


 As ações do familiar para o cuidado na Um estudo traz que, em situações de
crise internação do paciente, para a família, ainda
que ela realize visitas para manter o
Na área da saúde mental, quando uma
relacionamento com o familiar adoecido, de
pessoa apresenta uma crise, o seu
modo a estabelecer uma continuidade na
funcionamento geral está comprometido.
relação mesmo em momentos de crise, é
Ocorre um desequilíbrio psíquico e o
possível que ela minimize a importância do
indivíduo encontra-se desprovido de
seu papel e não encontre suporte social e de
competências ou incapaz de assumir
responsabilidade pessoal. Como exemplos serviços de saúde para conseguir romper com
o ciclo de reinternações. Dessa forma, pode
dessas situações têm-se indivíduos
agudamente suicidas, com intoxicação por prevalecer a lógica de que tratar o paciente é
interná-lo, sem se estabelecer possibilidades
álcool ou outras substâncias, sintomas
de cuidado em casa, na família, na
psicóticos e com acesso de raiva
incontrolável.17 comunidade.19

Nas situações de crise, a conduta mais Existem também situações de crise que o
familiar medica o paciente buscando
utilizada pelos familiares cuidadores é de
controlar a quadro, como relataram F01 e
comunicar o serviço de saúde ou levar até o
F10:
atendimento hospitalar, conforme relatos:
Não faço nada, só dou o remédio. (F01)
Eu levo no hospital ou no pronto socorro.
Esses dias ela ficou muito nervosa [...] e Mando ele ir deitar e procuro algum
ficou três dias lá. Recebeu um monte de remédio dele que faça ele ficar calmo.
remédios e ficou boa de novo. (F06) (F10)
A gente chama o SAMU, o corpo de Em outros casos, os familiares tentam
bombeiros. (F13) trazer o paciente para o “mundo real’’, como
Lidar com situações de crise não é uma demonstram as falas:
tarefa simples, exige um cuidado intenso e Tem que tentar trazer ela pra realidade,
intensivo por parte de profissionais e tentar tirar do ciclo. É difícil, pois ela não
familiares. Entre as estratégias de manejo da aceita. (F08)
crise, pode-se citar: acolhimento, observação Chamo a atenção dela quando tem crise
[...] Digo que tem que respeitar pra ser
continuada e contínua, visitas domiciliares,
respeitada, porque ela entende [...]. Uso
responsabilização pelo cuidado
autoridade pra fazer com que ela entenda.
medicamentoso, presença da equipe de saúde (F17)
para garantir o êxito da prescrição,
Alguns familiares demonstraram ter certo
negociação e apoio concreto ao familiar para
conhecimento sobre a doença e conseguem
que o internamento seja o último recurso
resolver melhor as situações de crise, com
utilizado, elaboração de cartilha com
uso de medicações que diminuem a ansiedade
orientação sobre como lidar com a crise de
e agitação do familiar em crise. O diálogo
pessoas com transtornos mentais, para
muitas vezes ajuda, como se percebe nas
profissionais não especializados em saúde
falas de familiares que buscam trazer seu
mental e para familiares; implantação de
familiar a realidade.
oficinas de crise nos CAPS, estabelecimento
Conforme ocorrem crises com sintomas
de limites para os pacientes através de regras
psicóticos, famílias com histórico longo de
de convivência para evitar o uso de álcool e
outras drogas no CAPS; e sentimentos de transtorno mental conseguem manejar
melhor as situações de dificuldades no
carinho e compreensão por parte dos
momento da crise, aprendendo com os
familiares.18
próprios erros. Também controlam alguns
Observa-se que a família enfrenta
sintomas do sujeito com transtorno mental
situações de dificuldade nos momentos de
como alterações de comportamentos e
crise, muitas vezes por não possuir
agressividade. Algumas famílias ainda sabem
conhecimento técnico-científico suficiente
prever o início de uma crise na medida em
sobre a doença vivenciada pelo seu familiar.
que acumulam experiências.20
Muitos familiares desconhecem os sinais e
sintomas, o comportamento do sujeito, a  O impacto que o transtorno mental
evolução do quadro clínico. As orientações a causa nos familiares cuidadores
respeito da doença por parte dos profissionais Os familiares primeiramente verbalizaram
de saúde devem ser claras e objetivas, o impacto que o transtorno mental representa
abordando tanto a pessoa com transtorno em sua vida, principalmente pelo estresse, o
mental quanto o familiar, o que contribui no cansaço e a convivência acumulada com o
manejo nos momentos de crise, obtendo sofrimento psíquico de seu familiar:
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Não está boa, eu fico nervosa, eu me vingo compreender e considerar a melhor maneira
comendo doces, pudins, bolos. Sei que isso de cuidado e tratamento a ser estabelecido
me prejudica, mas na hora é o que me para ambos.
acalma, também ando muito cansada. (F10)
Nesse contexto, corrobora-se com um
A minha saúde estava boa, mas nos últimos
estudo21 que refere que os serviços de saúde
tempos comecei a ficar cansada da
deveriam dar mais enfoque no cuidado à
situação. Estou sempre atacada dos nervos.
(F18) pessoa em sofrimento psíquico e à família,
atuando na educação em saúde, através de
O desconhecimento sobre os transtornos
informações terapêuticas e orientações aos
mentais pode corroborar com o desgaste das
familiares.
relações entre a família e o indivíduo
cuidado. É importante que aquele que cuida Quando a família entende o modelo
aceite as limitações e singularidades do seu terapêutico, ela consegue prestar o cuidado
familiar, bem como é preciso que uma rede de maneira adequada e facilita a reinserção
de apoio seja firmada em torno dos que dos familiares em sofrimento psíquico na
provêm as ações de cuidado, oferecendo-lhes sociedade. Os profissionais de saúde precisam
esclarecimentos, compartilhando adquirir confiança pela família e pelo
responsabilidades e destinando-lhes o suporte paciente, demonstrando segurança nas
adequado.12 informações que estão passando, além de
propiciar um recurso na promoção do
Os profissionais precisam oferecer uma
conforto para o paciente, e, assim, investir
assistência à saúde que contemple cuidados
na sua recuperação.
para identificar e aliviar a sobrecarga dos
familiares. Além disso, devem promover Percebe-se no relato de muitos familiares
treinamento de habilidades que estimulem a entrevistados que sua saúde mental, física e
autonomia e reabilitação psicossocial das social não foi afetada. Isso nos leva a
pessoas com transtornos mentais.8 considerar importante o fato de manterem
um bom relacionamento com a condição de
Os entrevistados relataram que também se
seu familiar, como pode ser evidenciado nas
sentem doentes, com pouca paciência para
falas:
cuidar do familiar/paciente devido aos
Eu estou bem, trabalho de faxineira, daí dá
comportamentos instáveis e pelas sobrecargas
uma dor muscular, mas to cheia de saúde.
emocionais, físicas e econômicas, conforme
(F12)
relatado:
A minha saúde está bem, tudo bem. (F13)
O problema é que acho que estou mais
doente que ele. Pra mim é puxado. Tem
Para que a família não tenha sobrecargas
hora que não sei o que pensar [...] Tenho em relação ao transtorno mental do familiar,
diabetes, hipertensão, tendão do braço é necessário trabalhar a reabilitação. Esta
rompido. Que agonia! (F17) auxilia o sujeito a ter condições para
Faço tratamento para depressão que surgiu estabelecer trocas afetivas positivas.21 O
pelo problema da minha mãe e também por âmbito familiar, a comunidade e o serviço de
problemas familiares. (F02) saúde, neste caso o CAPS II, devem estar
Conviver com a pessoa com transtorno preparados para tomar essa conduta com a
mental pode causar um sentimento família e o usuário.
inexplicável, uma tristeza, uma agonia, uma Considera-se importante o nível de
baixa autoestima, uma diminuição na envolvimento da família no dia a dia do
qualidade de vida. Sentimentos derivados paciente, para que os profissionais possam
começam a fazer parte da rotina como o compreender as dificuldades e
medo, a vergonha, o cansaço, a falta de potencialidades encontradas pelas famílias na
paciência, o surgimento de outras doenças prestação de cuidado e incluir medidas de
físicas que geram um aglomerado de ações, reabilitação e reinserção social destes
que acabam desgastando o familiar cuidador, indivíduos na comunidade.21
gerando preocupações e danos físicos e Neste contexto, a possibilidade de
mentais.20 estruturação de uma rede de relações
Nota-se que, se a família não for incluída formais, que possa ser estabelecida por
no cuidado prestado ao portador de profissionais ou instituições de saúde, e a
transtorno mental, este cuidado continuará articulação com as redes informais,
prejudicado. O profissional de saúde deve juntamente com as relações estabelecidas
acolher a família, ouvir suas sugestões e entre os sujeitos, constituem-se como
estabelecer uma conversa levando em elementos imprescindíveis que potencializam
consideração o entendimento que ela tem o cuidado às famílias, com isso contribuindo
sobre o transtorno mental. Juntos, favoravelmente no cuidado ao familiar com
profissional de saúde e família, podem transtorno mental.22
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(3):940-8, mar., 2016 946
ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.8702-76273-4-SM.1003201601

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CONCLUSÃO REFERENCIAS

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frequentavam o CAPS II há menos de quatro 3. Guimarães AN, Borba LO, Larocca LM,
anos. Maftum MA. Tratamento em saúde mental no
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cuidadores no CAPS II, ficou evidente a narradas por profissionais de
importância que estes têm na recuperação e enfermagem. Texto contexto enferm
estabilização do paciente, pois além dos [Internet]. 2013 [cited 2015 Aug
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se envolvem nas atividades terapêuticas que 12.pdf
possibilitam melhor entendimento da doença 4. Oliveira GC, Schneider JF, Nasi C, Camatta
de seu familiar, de forma a contribuir no MW. O tratamento do paciente em sofrimento
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