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IMPORTANTE:
A SÉRIE:
PARA TE SITUAR:
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Agradecimentos
Sobre a autora
Para todos que foram (ou ainda são) machucados
por aqueles que deveriam os proteger.
Lembrem-se de que família nem sempre tem a ver com laços
sanguíneos
e vocês merecem ser amados.
IMPORTANTE:
Beijo,
BIANCA BRIONES
A SÉRIE:
Os Villa
Viviane (28) e Rodrigo (27) – irmãos. Eles têm dez meses de
diferença.
Vicente (34), Fernanda (28) e Thiago (26) – irmãos (e primos
de Vivi e Rodrigo)
Os Albuquerque
Branca (30) e Bernardo (27) – irmãos
Clara (30) – casada com Bernardo desde O Descompasso.
Os Ferraz
Rafael (32) e Lucas (28) – primos
Foi ele que me ensinou que família tem muito mais a ver com
o modo como nos relacionamos e nos importamos com o outro do
que com código genético.
22 ANOS ANTES
Ele quis me levar para morar com ele e minha mãe não
deixou. Minha mãe adorava dizer que meu pai nunca mais me veria.
Eu achava que ela não entendia que, dessa forma, eu não o veria e
isso me fazia muito mal – com o tempo processei que ela entendia e
não se importava.
— Filho, o lixo não deve ser guardado dentro de casa. Ele traz
mais coisas ruins que vão se acumular e tornar tudo pior. — Ele se
aproximou de mim e deu dois tapinhas no meu ombro. — Se o lixeiro
passou e você o perdeu, não tem problema. Você coloca no quintal e
tira no próximo dia. Só não precisa guardar com você. Nunca deixe o
lixo se acumular com você.
Dei um sorriso, tentando ser simpático. Mal sabia ele que não
olhar para os lados era o oposto de coragem. Eu não fazia ideia de
que ele era meu vizinho, mas lhe devia uma pelo salvamento.
Ele sabia quem era e que era amado. Sabia com quem contar.
Hoje eu sei a diferença que isso faz em alguém.
DIAS ATUAIS
Ouço a pergunta que ela tem feito com frequência, desde que
um amigo na escola contou a ela pela primeira vez a história de
Pinóquio.
— No quê?
Ela vira as páginas até chegar à ilustração da Fada Azul e
bate com o dedinho na página.
Decido ignorar parte do que ela diz, porque com certeza ouviu
conversa de adultos e essa família nunca vai perder a mania de falar
da vida uns dos outros.
Não digo nada sobre como ela veio para os pais, porque
acredito que esse é um assunto para Rafael e Viviane lidarem. Sinto-
me agraciado por poder partilhar o amor desta família.
Desde então não me abri outra vez para o amor. Tive alguns
casos, mas nada me tocou como o amor que senti por Flávia.
CAPÍTULO 4
Difícil é entender
Que isso tudo vai passar
Espelho meu
Acho que a gente precisa conversar
Me diz o que é que tem aí sem ser confusão
Há algo além do medo
Escondido em cada intenção
Mariana Nolasco – Transforma(dor)
— Sim.
— Sim.
— E quem é Rosalinda?
— Eu sinto muito.
Assim como eu, Rosalinda foi mãe nova. Bem, não tanto
quanto eu. Ela foi mãe aos 18 e eu aos 15. O antigo e misterioso
dono da livraria não é o pai de Oz, filho de Rosalinda. Ela não fala
sobre o pai do filho e eu não pergunto, afinal não quero que façam
perguntas que não estou pronta para responder.
— Bom. E o seu?
— Quero.
A seguir de fato
O caminho exato
Da delicadeza
E ter a certeza
De viver no afeto
Só viver no afeto
Lenine – Leve e Suave
— Está tudo bem. Você vai lavar agora e ouvir seu irmão na
próxima vez, não vai? — Não quero que fiquem tristes por causa de
algo que sai com água e sabão. Puxo os dois para um abraço. —
Qual o motivo do café na cama?
Estremeço.
— Vigiar.
Família ê
Família ah
Família, yeah
Família ê
Família ah
Família, oh yeah, yeah yeah
Titãs – Família
— Idiota.
— Quero.
Música Instrumental
Adam Clayton e Larry Mullen Jr.
– Mission Impossible Theme
Meu celular volta a vibrar e o pego para ver se está tudo bem
com os meninos e vó Lucinda. Um calafrio passa por meu peito
quando vejo que é do grupo dos guardiães da cidade. Leio as
mensagens. Alguns estranhos chegaram. Vou lendo, vou lendo.
Calma... é só uma família, como tantas que visitam a cidade,
principalmente, nos dias quentes. Meu Deus, esses velhinhos são
muito enxeridos, tem até foto. O foco não está muito bom, mas
reconheço a menininha de azul. Minha internet deve estar com delay.
— Combinado.
— Como eu disse, pode ser sobre qualquer um. Por que acha
que seria sobre você?
— Isso não quer dizer que eu não saia com alguém. — Cruzo
os braços e ela continua me olhando. Certeza que sacou que estou
na defensiva.
— Até onde eu sei, não, mas ele anda agitado sobre o que
fará agora que vai sair da sociedade das baladas.
Ela está curiosa para saber o que está havendo, mas antes
que possa perguntar, Rafael começa a andar de um lado para o
outro, antes de se sentar, se levantar e se sentar de novo.
— É muita coincidência.
— E como a encontraram?
— Foi o seu avô, mas eu estava junto. Não vou arregar não,
mesmo sob esse seu olhar aterrorizante me dizendo que estou
lascado. Eu apoiei o velho. Era o certo a se fazer e não estou
arrependido não.
— Que passo?
“Apelão”, eu penso.
— Droga...
— Finalmente.
Capítulo 12
— É.
— Por que voc ê acha que estou te ensinando tudo o que sei?
Não estarei aqui para sempre para continuar salvando vocês das
suas escolhas.
— Por que o senhor não vai controlar a vida dos seus netos?
Só as netas, seus maridos e os amigos deles que contam?
— Pra ajudar o tio Lex. Eu pedi pra ela ajudá-lo, queria que
ela desse um Pinóquio para ele, sem a parte de mentir, e ouvi o
papai e o biso conversando sobre algo que o tio Lex perdeu e pode
estar aqui. Procurei por meninos sem pai e ainda não vi nenhum. A
senhora sabe de algum perdido? O tio Lex vai ser um bom pai para
ele, mesmo se ele for de madeira. Ele anda triste, sabe? Ele diz que
não, mas tá, sim. Eu sinto aqui ó — Fico emocionado ao ver Priscila
levar sua mãozinha ao peito.
— Eu não sei bem o que vocês estão fazendo aqui, mas essa
jovenzinha — a senhora aponta para Priscila — parece ser alguém
de confiança. Vocês podem entrar e conversar com a Flávia, afinal,
vieram de longe para isso. Mas se ela decidir que vocês devem ir
embora, vocês irão. Entendido?
Ela nos guia até a sala e nos diz para sentar no sofá. Os olhos
de Priscila brilham ao ver a decoração repleta de livros e
bonequinhos de enfeite – parece a casa do Lex e isso é muito
curioso. Eu peço para ela se sentar ao meu lado e ela o faz, mas
sem deixar de balançar os pezinhos para lá e para cá, como se
tivesse formiga na bunda. Está doida para sair e explorar.
— Quer brincar?
— E ela?
— Quer ir lá agora?
Dou uma risada nervosa. Por mais cuidadosa que seja, nunca
imaginei que teria que me preocupar com um trio usando asinhas
azuis.
Parte de mim pensou em fugir outra vez, mas não seria justo
com os meninos nem com vó Lucinda, que os acolhera tão
carinhosamente. Muito menos com Lex.
Não dizemos nada por uns instantes até que ele quebra o
silêncio:
There's no home
No home like the one I found in you
Now you're running away[4]
Futere Island – Haunted by you
— Depois de você.
— Não. Não.
— Não?
— Preciso de tempo.
— Pode.
— Certo.
— Desculpe.
— Samuel.
— Eu concordo.
— Sim.
— O quê?
— Eu posso vir para cá, se for te atrapalhar, mas gostaria de
ter esse tempo com vocês. É o tempo que precisaremos, olha — Ele
me mostra a página de uma clínica que faz testes de DNA. O
resultado sai em aproximadamente quinze dias.
Quero dizer que não, mas não posso negar isso a ele. Não
depois de ter lhe negado tanto.
Meu amigo tem uma cara de súplica tão sincera que me faz
dar uma gargalhada alta, liberando emoções contidas. Ele dá um
largo sorriso, feliz por me dar um momento de alívio. Depois, aperta
meu ombro, mostrando que está comigo para o que der e vier. Sou
grato. Com tudo o que está acontecendo, sua presença na minha
vida é ainda mais valiosa.
— Por quê?
— O quê?
— Claro.
Me deixe só aproximar
E deixe o tempo melhorar
A gente vai se acostumar
e se perder
OUTROEU e Ana Gabriela – Se Perder
Eu não disse nada. Por mais que eu queira resolver tudo isso
de uma forma que todos fiquem bem, estou machucado. Quando a
euforia da surpresa passou, fiquei remoendo o que pode ter
acontecido. Não entendo ainda e vou dar espaço para que Flávia se
sinta à vontade para me contar, mas não posso dizer que é uma
situação fácil.
Olho para trás para ver com quem ela está falando, mas ao
encará-la outra vez, percebo que seu olhar está pousado em mim.
Do que ela está falando?
Por mais que essa mulher pareça falar coisas que não fazem
sentido, há algo nela que transpira bondade. Já conheci pessoas que
pareciam perdidas em seus mundos. Uma escritora amiga do
Bernardo, inclusive. Eva Montenegro. Ela jura que pode ver e ouvir
seus personagens. Quem sou eu para questionar o que os outros
acreditam? Acho que não fará mal conhecer onde a Flávia trabalha.
Talvez isso me dê mais pistas sobre o que ela ainda não consegue
me contar.
Capítulo 20
Sem saber
Você já tava me ganhando e despertando um querer
Querer
Eu fiz de verso tua conversa, assim eu pude entender
Te ver
Mariana Nolasco e Pedro Pascual – Me sinto eu
Parte de mim não sabe o que está fazendo e a outra parte tem
certeza de que tomei a decisão certa. Não sei como nós quatro
estaremos ao final dos quinze dias, mas não podia negar a Lex – e a
mim mesma – a chance de saber a verdade sobre Samuel.
Decido não continuar a fazer perguntas. Não sei por que ela
precisa que alguém lhe mostre o caminho de casa, mas não posso
negar que há amor transbordando entre essas paredes nesse
momento. Preciso ser mais discreta.
Antes de chegarmos ao apartamento de Lex, paramos para
comer. Ele me perguntou se os meninos têm alguma restrição
alimentar e, quando neguei, nos levou a uma hamburgueria temática
de videogame.
— E o que pensou?
— É justo.
— O quê?
RAFAEL:
E aí, cara? Não me faça ir na sua casa.
(É a Vivi que está curiosa. Eu tô de boa.)
RAFAEL:
EU QUERO A FOFOCA, PORRA!
LEX:
hehehe
Tá tudo bem.
Nós conversamos
e estabelecemos alguns pontos.
RAFAEL:
Aquilo sobre ela te contar antes do resultado,
que a Vivi falou?
LEX:
Isso mesmo.
Por mais que eu seja tranquilo,
não dá para não saber.
Essa situação marcou e determinou a minha vida.
Ele pode ser meu filho
e perdi três anos e meio de sua vida.
Acho que tenho o direito de saber, né?
RAFAEL:
Por que você está se explicando para mim?
Tá tentando se convencer de algo?
LEX:
A Vivi tá lendo as mensagens, né?
RAFAEL:
Eu entendo de psicologia, rapaz.
LEX:
A Vivi já falou algo assim pra você, certo?
RAFAEL:
Eu não devia responder, mas sim.
Agora desembucha.
LEX:
Acho que me sinto culpado
por acabar pressionando a Flávia
sobre algo que ela não quer contar.
RAFAEL:
Você não tem que se culpar
por querer saber.
É natural.
Se fosse meu filho,
eu estaria doido já.
LEX:
Eu sei, mas me sinto mal mesmo assim.
RAFAEL:
Porque você sempre quer ser o cara bom.
O cara que não machuca ninguém.
Todo mundo machuca alguém.
Você não está fazendo isso de propósito.
Você tem o direito de saber.
LEX:
É, acho que sim.
RAFAEL:
Sem essa porra de acho, caralho.
Não dá pra passar por algo foda
como você tá passando
e ainda querer carregar culpa
por precisar saber por que
seu filho foi tirado de você.
LEX:
Você também acha que ele é meu, né?
Rafael:
Eu tenho certeza, porra!
Não falei que ele é sua cópia?
Ele tem até aquela sua
inclinadinha de cabeça desconfiada.
É filho do meu homem, com certeza!
Pode até cancelar o DNA.
Mentira.
Não cancela não que tem criança
chorando pra saber o resultado.
Mas é seu.
Vamos pegar o resultado pra emoldurar.
Vai estar escrito assim:
SAMUEL É FILHO
DO MELHOR CARA QUE
JÁ PISOU NESSE PLANETA!
Você vai pensar:
“Eita, será que é do Rafa?” hahaha
Mas, relaxa, o melhor cara é você.
Fico com o segundo lugar.
LEX:
Hehehe
Você é foda, cara.
RAFAEL:
Tá aí outra certeza.
LEX:
Aproveitando, logo vamos aí.
Só a gente.
Prefiro apresentá-los aos poucos
para o povo todo.
RAFAEL:
Eu concordo.
Viviane também.
LEX:
Beleza.
A gente se fala depois.
RAFAEL:
Te amo, irmão.
Vai dar tudo certo.
E se não der, eu dou um jeito até dar.
LEX:
Eu sei.
Também te amo, irmão.
RAFAEL:
Eu sempre posso subornar
um agente do governo pra v
Aí, cacete,
tomei um tapa da Vivi e
nem consegui completar a frase.
Ela tava lendo por trás de mim,
acredita?
Era zoeira
(estou sendo obrigado a escrever isso).
PS: se não tiver mais notícias minhas,
venha me salvar.
— Tenho.
Queria dizer que é superfácil lidar com isso, mas não é. Ainda
tenho sentimentos por ela e reencontrá-la é como colocar
combustível em uma fogueira que nunca chegou a se apagar.
Mesmo depois de ela contar que Samuel pode não ser meu filho – o
que quer dizer que ela ficou com alguém logo depois que precisei
viajar do Rio de Janeiro para São Paulo. Espero saber logo o que
aconteceu, mas prometi não a pressionar e é o que estou fazendo.
— Quero ajudar.
— Eu sei, mas olha — estendo o braço e ligo a cafeteira no
balcão.
VÓ LUCINDA:
Não se cobre tanto.
VÓ LUCINDA:
É um dom que Deus dá as avós.
FLÁVIA:
Será que você pode perguntar a Deus
se Ele pode evitar que
nos machuquemos mais?
Ó
VÓ LUCINDA:
Suas preocupações são sobre isso?
Fique tranquila.
Isso eu perguntei no dia em que
aquele trio maluquinho apareceu por aqui.
Deus me disse que
todos nós ficaremos bem.
Não sei se posso contar ao Lex o que ele precisa saber, então
se Samuel não for filho dele, acho que será melhor manter distância.
Estou com medo e escondendo muito bem. Eu disse a ele que
poderia manter contato, mas isso não vai mantê-lo preso a algo que
pode nunca mais acontecer?
Os meninos chegam bocejando à casa do Lex e levo os dois
para o banho, apesar das reclamações. Eles desmaiam na cama
assim que colocam o pijama. Tomo banho e coloco um vestidinho
azul leve. Está calor e me esqueci de deixar uma garrafa de água no
quarto. Cogito beber da pia do banheiro e desisto – ficar doente é a
última coisa de que preciso agora.
— Oi. — Falo tão baixo que não sei se ele vai escutar, mas
ele escuta e se vira na minha direção.
Droga.
Ele sorri.
— Eu também.
— É.
— Obrigada.
Não sei o que dizer. Como responder a isso quando nem sei
se um dia vou permitir que um homem me toque de novo?
— Você não é. Acho que vai levar um tempo para que meu
corpo assimile isso, mas você não é. Eu não queria ser um peso,
uma obrigação.
— Você estava?
RAFAEL:
Você fez o quê?!
HAHAHAHAHAAHA
LEX:
Falei que
se pudesse a comeria todo dia.
Eu estava me referindo
à comida que ela faz,
mas na hora
caiu a ficha do duplo sentido.
RAFAEL:
HAHAHAHAHAHAHA
MANO DO CEÚ
HAHAHAHAHAHAHAHA
LEX:
Para de ser babaca, vai
RAFAEL:
Cara,
tô quase morrendo sufocado aqui
para segurar as risadas.
Acabei de dar
a mamadeira da Lorena.
Peguei todos os turnos da noite
pelos próximos 15 dias.
Não posso acordar as meninas.
LEX:
Peraí, tá de castigo? Hehehe
RAFAEL:
O senhor pare agora.
Tô de castigo, sim.
Veja a ironia.
Minha excelentíssima esposa é
a favor da criação consciente,
então nada de castigo
para as minhas filhas,
o que eu concordo, né, cara?
Eu prefiro morrer
a castigar minhas princesas.
Maaaaaaaaaaas a ironia é que
eu sou castigado
por causa de um delito mínimo
que cometi por um cara
que tomou um tiro por mim.
LEX:
O tiro não te ajudou a
escapar do castigo, né?
RAFAEL:
Não.
Viviane entrou no modo tirana e
disse que ficaríamos
uma semana sem transar,
que era para o meu bem,
para eu aprender
a não fazer mais nada ilegal.
Depois de 3 dias de saco roxo,
eu fiz uma rebelião, meu jovem.
Nada de tirania nessa casa.
LEX:
O que você fez?
RAFAEL:
Deixei as crianças com a minha sogra
e preparei uma noite de SPA para ela.
Com direito a banho de espuma
e massagem.
Lex:
Com você dando o banho e fazendo massagem?
RAFAEL:
Essas são as regras
da noite de SPA nessa casa.
E regras são regras.
Não é ela que é contra quebrar regras?
Quando ela viu que
não ia escapar do meu esquema,
porque a deixei daquele jeito
(vou te poupar dos detalhes
pra você não sofrer na sua vida casta)
LEX:
Obrigado, meu amigo!
RAFAEL:
Aí eu burlei o castigo.
Quer dizer, ela implorou por sexo,
e estou no turno da noite sozinho
pelos próximos 15 dias.
Bem agora que
os dentinhos da Lorena
estão nascendo.
Mas tá beleza.
Burlei a punição de novo.
Não dormir direito para cuidar
das minhas meninas não é castigo.
LEX:
Logo vamos para a praia.
Aí te rendo um pouco.
RAFAEL:
Estava contando com isso, meu parceiro.
LEX:
Conta sempre comigo.
RAFAEL:
Tá melhor?
LEX:
Tô.
RAFAEL:
Ótimo.
Vem com ela e os moleques
aqui na sexta, fim de tarde.
Vamos fazer um churras,
só nós e as crianças.
LEX:
Marcado.
RAFAEL:
Conta sempre comigo.
Ô Lex
Lá vem merda.
Lex:
Fala.
RAFAEL:
Boa sorte pra comer todo dia,
se possível.
hahaha
LEX:
Trouxa!
RAFAEL:
A Vivi vai morrer com isso.
LEX:
Alô, alô, patrulha da fofoca
Rafael está em serviço.
RAFAEL:
Trouxa.
As coisas sérias não vou contar, mas isso não dá.
Você tem sorte de eu não falar pra ela fazer um daqueles
memos.
LEX:
É meme, mané.
Quando Lex disse que ainda tem sentimentos por mim, não
respondi que também tenho. Guardei a informação a sete chaves
dentro do coração, mas ele continua sendo o único homem que
amei.
— Ela está cheia de sono, mas ouviu que você viria e não quis
tirar a soneca da tarde. — Rafael explica, mostrando o caminho para
que nós o sigamos para os fundos da casa, onde fica a
churrasqueira. — A Viviane está amamentando a Lorena e vai nos
encontrar logo.
— Giulia apagou.
— Prazer, Viviane.
Passo a mão em suas costas, sem dizer nada, porque ele não
quer ouvir nada sobre não ser culpa dele. Em parte foi, mesmo
indiretamente, e ele assumiu a responsabilidade por isso. Ele se
perdoou, assim como ela o perdoou, mas a perda dói, não tem jeito.
Sabe, amor
Eu fui sem canto pra tua direção
'Tava sem voz, sem rumo, só coração
Nem sei onde é que a gente se perdeu
O vazio é difícil acostumar
Ainda bem que não hesitei em te abraçar
O nó afrouxa até a mão querer soltar
Mas da tua mão eu não larguei até voltar
Pra direção da tua calma, ah-ah-ah
Sandy e ANAVITÓRIA – Pra me refazer
Não pergunto nada. Sei, por Lex, que o coração de Lucas foi
estraçalhado de forma literal. É um milagre que ele esteja vivo. Foi
até reportagem no Fantástico. É tão curiosa essa ligação. Vó Lucinda
passou meses acendendo uma vela para “o moço da notícia” e ele
era amigo do Lex.
— Sou a mais velha, então sou a mais bonita por mais tempo.
— Ela dá de ombros. — Também sou a mais sabida. — Acrescenta
de novo olhando para mim.
Aperto os lábios. Sei que é coisa de criança, sei até que ela
pode nem saber direito o que isso significa. Pelo jeito que Viviane
está vermelha e Rafael cruzou os braços na minha direção é
evidente que ela os ouviu falando sobre isso.
— As melhores possíveis.
— Papai tá cagado?
— Lex...
— Posso?
— Você precisa dizer. Não quero que sinta que sou mais um a
te caçar. Eu sou aquele que vai te servir. Então, diga, Mor.
O modo como ele me deixa livre para ir faz com que eu queira
ficar. A forma como ele espera minha ação para cada passo desperta
uma sensação de liberdade que me faz mover minha mão para suas
costas, trazendo-o mais para mim.
— Não. — suplico.
— Me desculpa.
— Porque está.
— Eu imagino.
— Eu sei. Sinto muito por não estar lá. Sinto muito mesmo.
Vou passar a vida lutando para você ficar bem de novo.
— Não podemos.
— Obrigado.
— Tá foda, Rafa.
Rafael está certo, mas não sei bem como lidar com tudo isso,
então confesso:
— Eu tenho medo de deixar sair e não conseguir controlar.
Não vi meu filho crescer, Rafa. Se você não tivesse ido atrás, eu
nunca iria. Talvez eu nunca soubesse da existência do Samuel.
— É por isso que estou aqui, para fazer coisas que vocês
precisam, mas não sabem ou não podem fazer.
Soco. Soco.
Grito.
Soco. Soco.
Raiva.
Soco. Grito.
Eu não queria.
Preciso de ar.
— Babaca. — Provoco.
Nem sei por que levo a sério e vou ver. Lá está sua mão, com
o dedo do meio erguido.
Capítulo 32
— Sabe?
— O que houve?
— O que houve?
— Anos depois, meus... aqueles dois apareceram mortos.
— Quem foi?
— Um anjo da guarda.
— Não. Ele foi preso por um assalto. Como teve uma vítima, o
caso foi complicado. Não foi ele que atirou. Gigante se gaba de
nunca ter matado um inocente. — Lex aperta a cabeça com as
mãos, como se quisesse extrair as lembranças e nunca mais pensar
nelas. — Eu me culpei por um bom tempo, sabia? Rafa e eu
brigamos. Comecei a sentir culpa pela minha mãe e pelos que
restaram. Até entrei em contato com ela. Ela parecia estar diferente.
Achei que era pelo luto, mas era tipo. No fim, me pediu dinheiro e
quando não mandei, ela me chamou de ingrato e disse que nunca
mais queria me ver. Chorei igual criança. Rafa me viu, me abraçou
até eu me acalmar.
— Desculpa, Lex.
— Eu sei. Mas ele fica melhor com você, ele resplandece. Ele
te ama como um filho ama um pai e ele tem muita sorte por você ser
um dos bons.
— Faz sentido.
— Nossa! É um castelo!
Flávia olha para trás, o corredor está vazio. Ela fica na ponta
dos pés e pressiona os lábios contra os meus. Eu saboreio o beijo
como se dela brotasse mel. Talvez eu também seja uma borboleta à
procura de néctar.
— Não quero.
— Isso.
— Não precisa, mas pode ser bom ter um cara como você me
devendo uma. Se alguém me ameaçar, posso dizer: “Retire o que
disse ou solto o Rafa em você!”.
Capítulo 38
Bolo de chuva
Acho que me molhou
Que coisa absurda
Alguém já ligou pro vô?
Sai de casa sempre assim que der
Mas sai sem esquecer
Que a sua casa é sempre aqui
OutroEu - Coisa de casa
— Obrigada.
— Concordo.
— É claro.
— Obrigada.
— Eu sinto muito.
— Não posso garantir que isso não acontecerá uma vez que
os outros presos saberão pelo que eles serão condenados. — Não
há piedade em seu olhar.
— Não vamos mais tomar seu tempo, meu anjo. — Ela avisa,
pegando uma das minhas mãos, virando a palma para cima e
colocando um molho de chaves. — Nós temos alguns apartamentos
para alugar aqui na praia e um deles está disponível. Estamos
oferecendo a você e Lex uma noite tranquila por lá. Para
conversarem, assistirem Netflix... — O Sr. Fernando me dá uma
piscada tão exagerada que não sei como consigo conter o riso. —
Para fazer o que quiserem. Amanhã será um dia muito importante
para vocês e acredito que gostariam de um pouco de privacidade.
— O quê?
Lex me afasta, com carinho, para que possa ver meus olhos.
Ele me observa, em silêncio, ponderando. Querendo ter certeza de
que não estou fazendo nada por pressão do momento.
— O tempo é agora.
Lex se ajoelha em frente a mim e toma meus lábios enquanto
sua mão explora meu centro, arrancando meu gemido de prazer. Seu
pau se choca contra meu ventre. Rígido e imponente, ardendo por
mim. Sinto-me amolecer ao perceber que isso me excita e me faz
querer mais. Eu o toco, envolvendo, sentindo-o pulsar em minha mão
sem poder esperar mais.
Você surgiu
Iluminou a rotina
Me fez a sua menina
E quando a gente sorriu
O céu se abriu
Mariana Nolasco part. MAR ABERTO – Constelação
— É pra já!
— Do multiverso.
— Pra ser nosso pai? — Bruno fala por cima e Samuel grita.
— Isso é o tipo de coisa que você não precisa nem pedir. Não
está sentindo? — Ele pressiona o pau contra minha entrada. —
Estou sempre pronto para te servir.
— Eu te amo, Lex.
— Por conhecer o Lex tão bem, por cuidar dele, por ter me
procurado e me encontrado.
Rafael limpa o rosto com o dorso das mãos e sorri para mim,
que retribuo, acenando. Não é preciso palavras. Eu sei. Ele sabe. Ele
é meu irmão e sabe o que estou sentindo, porque ele pode sentir
tanto minha tristeza quanto minha felicidade.
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[1] Eu quero começar deixando você saber/ Que por sua causa minha vida tem um
sentido/ Você me ajudou a ser quem eu sou hoje/ Eu me vejo em cada palavra que você diz/
As vezes parece que ninguém me entende, preso a um mundo/ Onde todos me odeiam/
Tem tanta coisa que eu tenho que passar/
Eu não estaria aqui se não fosse por você
[2] Acendi um fogo com o amor que você deixou para trás,/ E queimou selvagem e
rastejou até a montanha./ Eu segui as suas cinzas para o espaço sideral/ Eu não posso
olhar pela janela,/ Eu não posso olhar para este lugar
[3] Apenas um pouco de adrenalina, querida/ Para de me deixar tonto, para corromper a
minha mente/ Apenas um pouco de silêncio, querida/ Nossas veias estão ocupadas mas
meu coração está em atrofia/
Tudo que distraia e entorpeça.
[4] Não há nenhum lar/ nenhum lar como você./ E agora você está fugindo.
[5] Eu não estou te dizendo para voltar para mim/ Tudo o que estou dizendo/ é que se
você um dia voltar/ eu esquecerei cada coração partido/ para me reapaixonar por você
[6] Dizem que lar é o lugar onde seu coração está/ Então, eu estou em casa agora,
porém estou longe/
Por muito tempo, eu deixei florestas profundas guardá-lo/ E agora está me implorando
para ficar.
[7] Eu quero te provar de novo/ Como um segredo ou um pecado/ Expirando e
inspirando/ Não existe mais ninguém pra mim/ Além de você/ Só você
[8] Enquanto você me tiver/ E eu te tiver/ Você sabe que nós temos muito para
continuar/ Eu serei seu amigo/ Seu outro irmão/ Outro amor para vir e te confortar
[9] Você pode me segurar?/ Você pode me segurar?/ Você pode me abraçar?/ Apenas
me envolva no seu abraço, em seus braços./ Eu não quero estar em nenhum lugar além
daqui./ Tire-me da escuridão, da escuridão./ Eu não vou conseguir sozinho.
[10] Aqui é onde nós decidimos/ Pelo sol poente e pela maré crescente/ Se ficamos e
desaparecemos ou testamos nosso alcance/ Querida, você não vem comigo?/ Querida,
você não vem comigo?
[11] A bússola aponta sua casa/ Chamando do leste/ A bússola aponta você em
qualquer lugar/ Mais perto de mim
[12] Agora eu vejo você, eu estou congelado no tempo/ Todas as suas cores explodem
em vida/ Não ouso fechar os olhos/ Porque um amor como esse acontece uma vez na vida.
[13] Apenas saiba, onde quer que você vá/ Não, você nunca está sozinho/ Você sempre
voltará para casa.