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E-Book

As relações trabalhistas frente ao


Programa Emergencial de
Manutenção do Emprego e da Renda

Atualizado pela Portaria 10.486/20, do Ministério da Economia/Secretaria Especial


de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia
Índice
I - Introdução________________________________________________________ 3
II. Gestão de redução de custos para manutenção
das atividades empresariais e mitigação de riscos___________________________ 4
III. Plano para redução dos impactos econômicos advindos da
pandemia instaurada pela COVID-19______________________________________ 5
III.1) Adesão ao Programa Emergencial de Manutenção
do Emprego e da Renda em razão da medida provisória nº 936/2020_______ 5
III.2) Adesão ao Benefício Emergencial de Preservação de
Emprego e da Renda pago pela União com preservação da renda__________ 6
III.3) Análise de viabilidade e celebração de acordos
para redução proporcional de jornada de trabalho e de salário____________ 7
III.4) Análise de viabilidade e celebração de acordos
para suspensão dos contratos de trabalho_____________________________ 9
III.4.1) Natureza jurídica da ajuda compensatória___________________ 9
III.4.2) Os acordos para suspensão do contrato de
trabalho nas modalidades individuais ou coletivos_________________ 10
III.4.3) Contratos de trabalho para aqueles que
recebem benefícios de prestação continuada_____________________ 10
III.4.4) Contratos de trabalho de gestantes._______________________ 11
III.4.5) Como orientar os trabalhadores para que
contribuam como contribuinte facultativo________________________ 11
III.5) Manutenção dos empregos em razão dos acordos celebrados________ 12
III.6) BENEFÍCIO EMERGENCIAL - Portaria 10.486/20,
estabelece critérios e procedimentos________________________________ 13
III.6.1) Recurso - BEm (Benefício Emergencial)_____________________ 14
III.7) Demais medidas trabalhistas__________________________________ 15
III.7.1) Implantação de banco de horas___________________________ 15
III.7.2) Teletrabalho__________________________________________ 16
III.7.3) Antecipação das férias individuais ou coletivas______________ 17
III.7.4) Concessão de férias coletivas_____________________________ 17
III.7.5) Suspensão de recolhimento do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço - FGTS____________________________ 17
IV. Plano para redução dos impactos econômicos causados pela pandemia_____ 18
V. Os departamentos de recursos humanos das empresas no atual cenário_____ 19
3

I - Introdução
A
crise que se instalou no Brasil e no
mundo, em decorrência da COVID -19,
impõe que as empresas brasileiras
avaliem urgentemente, quais as medidas ins-
tituídas pelo Governo Federal que podem ser
implementadas para o enfrentamento dos
impactos econômicos e sociais, durante a
crise pandêmica, bem como os impactos pós
pandemia.

Não podemos deixar de citar que, passada a


crise, as formas de vida e de trabalho ganha-
rão novos contornos, impondo um novo ritmo
de desenvolvimento das atividades humanas
e empresariais, e neste contexto as relações
de trabalho estão diretamente e inevitavel-
mente inseridas.

Diante do compromisso que a Lopes &


Castelo Sociedade de Advogados possui
com seus clientes, coloca-se à disposição para
auxiliá-los na busca das alternativas mais
seguras que possam viabilizar a continuidade
da atividade econômica e mitigar os impactos
da crise, propiciando o retorno à normalidade
de forma sustentável.
4

II. Gestão de redução de custos para ma-


nutenção das atividades empresariais
e mitigação de riscos

A
implantação de um Plano de Gestão e mitigados, ainda nesse sentido, as incertezas
Redução de Custos deve ser realizada causadas pela proximidade dos términos dos
de forma estratégica e fundamentada, períodos de férias concedidos, sejam indivi-
para que a manutenção do emprego e da ren- duais ou coletivas frente a prorrogação dos
da, bem como a garantia da continuidade das decretos de quarentenas por grande parte
atividades empresariais sejam alcançadas de
dos Estados da Federação, batem às portas
forma eficiente e concreta.
das empresas e as obrigam a tomada de de-
As empresas, em sua grande maioria, assim cisões para garantia do restabelecimento dos
que deflagrado o Estado de Calamidade Pú- contratos de trabalho.
blica e os decretos de quarentena e isola-
mento social, optaram por antecipar férias A garantia da continuidade das atividades
individuais independentemente do período laborais e empresariais, um dos objetivos do
aquisitivo ou ainda conceder férias coletivas Programa Emergencial de Manutenção do
com regras flexibilizadas. Emprego e da Renda (MP 936/20), passará
necessariamente pela “Gestão de Redução
Somado a isso, muitos trabalhadores ainda
de Custos”, e a necessária implementação de
permanecem em Teletrabalho, sobre o qual
um Plano para Redução dos Impactos Econô-
também discorreremos neste E-Book.
micos, a partir da análise das oportunidades
Apesar de oportunas, as primeiras medidas legislativas Trabalhistas, Tributárias e demais
trabalhistas da MP 927/20, não foram sufi- ramos do direito, como temos destacados nos
cientes para que impactos da crise fossem últimos E-Books disponibilizados.
5

III. Plano para redução dos impactos econô-


micos advindos da pandemia instaurada
pela COVID-19

O
plano para redução dos impactos As medidas trabalhistas incentivadas pelo
econômicos causados pela Pande- Governo Federal (redução proporcional de
mia (COVID -19), passa pela reorga- jornada e salário, bem como de suspensão
nização tributária da empresa, como forma dos contratos), poderão ser utilizadas de for-
de proteção ao fluxo de caixa e pelas diversas ma simultânea pelas empresas, respeitados
medidas de flexibilização da CLT, que gravi- os critérios expressos na MP 936/20, e devem
tam em torno da possibilidade de redução de ser contempladas como parte do Plano para
jornada de trabalho e de salário e suspensão Redução dos Impactos Econômicos causados
temporária dos contratos. pela COVID -19.

III.1) Adesão ao Programa Emergencial de Manutenção do


Emprego e da Renda em razão da medida provisória
nº 936/2020
Criada para reduzir os impactos sociais que decorrem do estado de calamidade pública,
preservando os empregos e a renda dos trabalhadores durante esse período. As medidas opor-
tunizadas pela MP nº 936/20 podem ser implementadas simultaneamente a partir do estudo e
análise das especificidades da atividade empresarial.

Redução propor-
Concessão e Paga- Suspensão tempo-
cional de jornada
mento de Benefí- rária do contrato
de trabalho e de
cio Emergencial;    de trabalho.
salário e; 
6

III.2) Adesão ao Benefício Emergencial de Preservação de


Emprego e da Renda pago pela União com preserva-
ção da renda

Para as medidas trabalhistas previstas no programa, o Governo garantirá o pagamento do bene-


fício emergencial, que será de prestação mensal e devido a partir da data de início da redução da
jornada de trabalho e de salário, bem como da suspensão do contrato de trabalho.

Para os casos de redução de jornada e de salário, o benefício emergencial será pago no percentual
da redução e terá como base de cálculo o valor do seguro desemprego a que o trabalhador teria
direito, caso fosse demitido. 

O benefício será pago independente do cumprimento de qualquer período aquisitivo, tempo de


vínculo e número de salários recebidos. Ainda nesse sentido, o recebimento não comprometerá
decisões quanto a demissões futuras.

O empregado que esteja ocupando cargo público ou emprego público, cargo em comissão, titular
de mandato eletivo não tem direito a este benefício, assim como os empregados que estiverem
em gozo de benefício de prestação continuada, de seguro desemprego e recebendo bolsa de qua-
lificação profissional.

Cumpre frisar ainda que, o empregado, com contrato de trabalho intermitente que tenha mais de
um vínculo formal, poderá receber cumulativamente um benefício por cada vínculo com redução
de salário, observando o valor máximo de R$ 600,00 (seiscentos reais).
7

III.3) Análise de viabilidade e celebração de acordos para


redução proporcional de jornada de trabalho e de
salário
Muitos são os questionamentos acerca do programa e principalmente, quais as formas de aplicá-lo,
como será viabilizado, seja pelos percentuais aplicados na redução de jornada e salários, seu pos-
terior restabelecimento, entre outros que serão esclarecidos no decorrer deste material.

Acerca dos percentuais que o ‹ A redução da jornada e salário do emprega-


do poderá ser de 25%, 50% ou 70%.
empregador poderá utilizar para
reduzir a jornada de trabalho e salário,
proporcionalmente e por qual período,
‹ Atuais
redução da jornada e salário em percen-
diversos dos acima citados, poderão
temos o seguinte cenário: ser estabelecidos através de acordos ou
convenções coletivas;

‹ Abalho
redução proporcional da jornada de tra-
e do salário é permitida por até 90
dias.

No que tange ao restabelecimento da ‹ Cessação do estado de calamidade;


jornada e do salário anteriormente
pago, este poderá ocorrer no prazo de ‹ Da data estabelecida no acordo; ou
dois dias corridos, nas hipóteses de:
‹ Da data que o empregador comunicar o
empregado no caso de antecipar o fim da
redução.
8

A medida provisória nº 936/2020 ‹ A redução de jornada de trabalho e de


salário de 25% poderá ser ajustada dire-
estabelece ainda alguns critérios
para viabilizar a redução de tamente com os empregados por inter-
médio de acordo individual, independen-
jornada de trabalho e de salário,
temente de faixas salariais.
sendo eles:
‹ Reduções de jornada e de salário de 50% e
70%, poderão ser negociadas diretamen-
te com os empregados que tenham sa-
lário de até R$ 3.135,00 (três salários mí-
nimos) ou com os hipersuficientes  (que
tenham diploma de curso superior e pos-
suam salário de R$ 12.202,12 ou mais),
através de acordo individual.

‹ Nas demais faixas salariais, a medida pro-


visória não autoriza acordo individual,
mas tão e somente acordos coletivos.

Cumpre ainda destacar que, os acordos individuais para redução de jornada de trabalho e
salário, dentro das hipóteses acima são válidos e legitimados pelo Supremo Tribunal Federal
em decisão recentemente proferida.

O empregador Fica mantida a Os acordos individuais O prazo de 10 dias


não necessitará de obrigatoriedade para redução para comunicação do
consentimento do de tão somente a proporcional de jornada acordo ao Ministério da
Sindicato quando da comunicação ao e de salário deverão Economia será contado
celebração de Acordo Sindicato quanto à ser confeccionados a partir de 24.04.2020,
Individual. pactuação do acordo no de forma a trazer ou seja da data da
prazo de 10 (dez) dias, a indispensável publicação da Portaria
contados da assinatura, segurança jurídica aos nº 10.486/20, para
bem como do Ministério subscritores. aqueles firmados antes
da Economia, no desta data.
mesmo prazo.

As empresas devem ainda observar os prazos para comunicação ao trabalhador, sendo que o
acordo individual, escrito e formalizado entre emprego e empregador deverá ser encaminhado
ao empregado com a antecedência de no mínimo 02 (dois) dias corridos.

O mesmo prazo deverá ser observado para comunicação ao empregado sobre a decisão de ante-
cipação do fim do período de vigência do acordo.
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III.4) Análise de viabilidade e celebração de acordos para


suspensão dos contratos de trabalho

Durante a suspensão do contrato de trabalho, o empregado não recebe salários e não há conta-
gem de tempo de serviço, envolvendo a cessação temporária e total da execução e dos efeitos do
contrato de trabalho, razão pelo qual as empresas devem deliberar de forma segura em relação
às repercussões e impactos quando optarem por essa medida oportunizada pela MP nº 936/20.

Assim sendo, tal medida deve ser avaliada e destinada aos períodos de interrupção das atividades
da empresa ou determinados setores com período de inatividade, diante das suas especificidades
e cautela que o tema exige, diante das excepcionalidades de cada trabalhador, como por exem-
plo, as gestantes.

O prazo máximo de suspensão do contrato de trabalho previsto na MP nº 936/20 é de 60 (sessenta)


dias, podendo ser dividido em dois períodos iguais.

Durante o período de suspensão, o Governo Federal pagará o benefício emergencial ao emprega-


do, mas a depender da renda anual bruta (2019) da empresa.

A MP nº 936/20 impõe ao empregador o pagamento de ajuda compensatória de 30% do valor


do salário. Veja os critérios:

z Para empresas com faturamento abaixo de 4,8 milhões, a União pagará o equiva-
lente a 100% do seguro desemprego a que o empregado teria direito a título de
benefício emergencial. Empresas nesta condição, não precisam arcar com ajuda
compensatória de 30%. 

z Para empresas com faturamento acima de 4,8 milhões, o empregador pagará


30% do salário do empregado a título de ajuda compensatória e a União pagará
o equivalente a 70% do seguro desemprego a que o empregado teria direito.

III.4.1) Natureza jurídica da ajuda compensatória

z Terá natureza indenizatória e não servirá de base para cálculo do IR, FGTS e INSS.

z O empregador poderá, a seu critério, majorar a ajuda compensatória prevista na


medida provisória.
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III.4.2) Os acordos para suspensão do contrato de trabalho nas modali-


dades individuais ou coletivos

z Acordos individuais para empregador que recebam salário igual ou inferior


a R$ 3.135,00 e empregados com nível superior e que recebam mais do que
R$ 12.202,12.

z Nas demais faixas salariais, os acordos deverão ser coletivos.

Na hipótese de acordos coletivos, recomenda-se muita cautela e análise criteriosa em relação às


cláusulas a serem subscritas.

A medida provisória nº 936/20, tem como objetivo a manutenção de emprego e da renda para
garantir a continuidade das atividades laborais e empresariais, não dispondo que os períodos de
redução de jornada e de salário e bem assim hipóteses de suspensão sejam convertidas em horas
as serem pagas ou compensadas após o término do Estado de Calamidade Pública.

Assim, os acordos coletivos confeccionados pelas entidades sindicais devem ser objeto de análise
detalhada para que a empresa não subscreva cláusulas e condições fora das hipóteses do progra-
ma emergencial, redundando em aumento do passivo trabalhista e custos desnecessários.

III.4.3) Contratos de trabalho para aqueles que recebem benefícios de


prestação continuada

z Não poderão participar do programa emergencial os trabalhadores que se en-


contram no gozo de benefício de prestação continuada do Regime Geral de Pre-
vidência Social ou dos Regimes Próprios de Previdência Social, ressalvado o dis-
posto no parágrafo único do art. 124 da Lei nº 8.213/91.

z Não poderão participar do programa emergencial as trabalhadoras que encon-


tram-se recebendo o salário maternidade, porquanto encontram-se inseridas na
hipótese de não concessão.
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III.4.4) Contratos de trabalho de gestantes

As gestantes poderão ingressar no programa emergencial de manutenção de emprego e da renda


instituído pela MP nº 936/20, nas medidas redução de jornada proporcional de trabalho e redução
de salário e suspensão do contrato de trabalho.

Porém, tecemos alguns aspectos que reputamos importantes na tomada de decisões envolvendo
suspensão de contrato de trabalho de gestantes.

O artigo 7º, inciso XVIII, da Constituição


Federal dispõe que será garantida licen-
ça à gestante, sem prejuízo do emprego
e do salário, com a duração de 120 dias.

Durante o período de suspensão do


contrato de trabalho, a gestante não
receberá salários, porém, terá direito
ao Benefício Emergencial com ou sem
ajuda compensatória a depender do fa-
turamento da empresa, de natureza in-
denizatória (não há incidência de IRRF,
INSS e contagem de tempo de serviço),
o que poderá impactar no salário ma-
ternidade, principalmente para aque-
las com gravidez adiantada.

Para a hipótese de uma gestação recente, a suspensão do contrato de trabalho por até 60 dias,
não implicará em muitas restrições, mantendo-se prudentemente os recolhimentos previdenciá-
rios do período respectivo.

Estas situações especificadas devem ser analisadas de forma individualizada a fim de que não
sejam suprimidos direitos e garantias constitucionais.

III.4.5) Como orientar os trabalhadores para que contribuam como con-


tribuinte facultativo

O empregado deve preencher uma Guia de Previdência Social (GPS), que pode ser gerada por
meio do site da Receita Federal ou comprar um carnê em papelaria e preencher manualmente,
utilizando o Código 1406.  

Durante o período de suspensão do contrato de trabalho o empregado não poderá prestar servi-
ços. Caso o trabalhador com contrato de trabalho suspenso, venha a prestar serviços durante a
pactuação, restará descaracterizada a suspensão e o empregador estará sujeito ao pagamento da
remuneração e encargos, além das penalidades e sanções previstas em lei.
12

III.5) Manutenção dos empregos em razão dos acordos


celebrados

O plano para redução dos impactos econômicos causados pela COVID-19 deve ser implementado
pelas empresas de acordo com o que dispõe a medida provisória nº 936/20.

O empregador deverá se organizar para que durante os períodos pactuados na forma da MP (re-
dução de jornada de trabalho e salário e suspensão do contrato de trabalho) e após o período
de vigência, possam garantir os empregos dos trabalhadores envolvidos, diante da estabilidade
provisória prevista na referida norma, senão vejamos:

z Somente terá direito a estabilidade provisória os empregados que tiverem redu-


ção de jornada e salário ou suspensão do contrato de trabalho.

z A garantia provisória do emprego será durante o período acordado de redução


de jornada e salário ou da suspensão do contrato e pelo mesmo período após o
restabelecimento da jornada ou do encerramento da suspensão.

z Estabilidades no emprego previstas na CLT e em razão de Convenção Coletiva/


Acordos Coletivos vigentes, devem sempre ser observadas.

z As estabilidades no emprego são desconsideradas quando a demissão se dá por


justa causa e por pedido do empregado.
13

III.6) BENEFÍCIO EMERGENCIAL


Portaria 10.486/20, estabelece critérios e procedimentos.

A
Portaria 10.486/20 de 22.04.2020, dispõe sobre os critérios e procedimentos relativos ao
recebimento de informações, concessão e pagamento do Benefício Emergencial de Manu-
tenção do Empregado e da Renda (BEm), nos termos da Medida Provisória 936/20.

O objetivo da Portaria é esclarecer aspectos que ainda causavam insegurança jurídica aos subs-
critores dos acordos contemplados pela MP 936/20, na medida em que define critérios e procedi-
mentos para a concessão e para o caso de indeferimento da Adesão.

Vejamos os principais pontos da Portaria 10.486/20

a.) O BEm não será devido ao empregado que:

a.1) ocupante de cargo ou emprego público, cargo em comissão de livre nomeação e


exoneração ou seja titular de mandato eletivo;

a.2) Com contrato de trabalho celebrado após a data de entrada em vigor da MP


936/20 ou seja, 01.04.2020. Considera-se contrato celebrado o contrato iniciado
em 01.04.2020 e informado no eSocial até 02.04.2020);

a.3) Estiver em gozo de benefício previdenciário, exceto pensão por morte ou auxílio
acidente;

a.4) Estiver recebendo seguro-desemprego em qualquer modalidade;

a.5) Estiver recebendo bolsa de qualificação profissional de que trata o artigo 2o -A da


Lei 7.998/90

IMPORTANTE: Vedada a celebração de acordo individual para redução proporcional de jornada


de trabalho e de salário ou para suspensão temporária do contrato de trabalho com empregado
que se enquadre em algumas das vedações à percepção do BEm, acima destacadas.
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b) A Portaria dispõe sobre os valores e forma de cálculo do BEm;

c) ANÁLISE, DA CONCESSÃO E DA NOTIFICAÇÃO DO BEm

c.1) A Portaria traz esclarecimentos para a habilitação do empregado ao recebimento


do BEm e procedimentos para a informação dos acordos ao Ministério da Econo-
mia.

c.2) Informado o acordo, os dados enviados serão analisados e o pagamento do BEm


(artigo 11 da Portaria 10.486/20) poderá será deferido, aguardará o cumprimento
das exigência solicitadas ou será indeferido na hipótese de não preenchimento
dos requisitos da norma.

IMPORTANTE: O empregador será notificado da exigência de regularização das informações no


prazo de 5 (cinco) dias corridos, conforme ato da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do
Ministério da Economia (artigo 12 da Portaria).

III.6.1) Recurso - BEm (Benefício Emergencial)

Na hipótese de indeferimento do BEm ou de seu arquivamento por não atendimento das exigên-
cias de regularização das informações, no prazo de 05 dias corridos do recebimento da notifi-
cação contendo os motivos da decisão, poderá a empresa interpor recurso no prazo de 10 dias
corridos, conforme artigo 13, da Portaria 10.486/20.

O prazo para que o julgamento do Recurso Administrativo para o caso de indeferimento, será de
15 dias corridos, contados de sua interposição.
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III.7) Demais medidas trabalhistas

O programa emergencial de manutenção do emprego e da renda flexibilizou várias normas dis-


postas na CLT com o objetivo de viabilizar a continuidade das atividades empresariais frente à
crise que decorre da pandemia advinda da COVID -19.

Porém, medidas alternativas previstas na MP nº 927/20, ainda podem e devem ser implementa-
das como parte do Plano para redução dos impactos econômicos.

Neste contexto, destacamos medidas que reputamos importantes serem consideradas.

III.7.1) Implantação de banco de horas

O banco de horas é um acordo de compensação de jornada que permite ao empregador, em vez


de pagar a seus empregados acréscimo salarial pelas horas extras trabalhadas, abatê-las do tem-
po de jornada de outro dia.

Pelo regime de banco de horas, o empregado que acumular horas extras e, posteriormente, ter a
sua jornada de trabalho reduzida em um determinado dia ou até mesmo usufruir de folgas com-
pensatórias, evitando-se, desse modo, o pagamento das horas excedentes pelo empregador.

Com o advento da Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/17), empregado e empregador podem ce-
lebrar acordo individual, por escrito, visando a implantação do banco de horas, sem qualquer
necessidade de intervenção do sindicato da categoria, o que efetivamente facilitou a utilização
prática de tal regime pelas empresas.

A medida provisória nº 927/2020 dispõe que, sobre o tema banco de horas, durante o estado
de calamidade pública, fica autorizada a interrupção das atividades do empregador e a constitui-
ção de banco de horas, sendo:

z A compensação do tempo interrompido poderá ser feita mediante prorrogação


de jornada em até 2 horas diárias, que não poderá exceder 10 horas diárias.

z O tempo interrompido poderá ser compensado no prazo de até 18 meses con-


tados da data de encerramento do Estado de Calamidade Pública.
16

III.7.2) Teletrabalho

Como já mencionado, após a crise, as formas de vida e de trabalho ganharão novos contornos,
impondo um novo ritmo de desenvolvimento das atividades humanas e empresariais, e neste
contexto o TELETRABALHO encontra-se inserido como medida para redução de custos a fim de se
manter toda uma estrutura para acolher o empregado no ambiente da empresa.

Estamos diante de mudanças de paradigmas e a utilização dos inúmeros recursos tecnológicos


para redução de custos até mesmo com deslocamentos do trabalhador e otimização do tempo.

A reforma trabalhista já contempla a figura do teletrabalhador, como disposto no art. 75-C da CLT,
reconhecendo que o empregador poderá realizar a alteração entre regime presencial e de teletra-
balho, desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual.

Neste caso, recomenda-se a elaboração de aditivo ao contrato de trabalho prevendo o período da


transição, regras para o trabalho a distância e a observação do prazo estipulado na MP nº 927/20
para a mudança do regime.

A medida provisória 927/20, dispõe sobre o teletrabalho que

z Durante o estado de calamidade pública poderá o empregador a seu critério al-


terar o regime de trabalho presencial para o teletrabalho, remoto ou outro tipo
de trabalho a distância.

z O empregador deverá comunicar a alteração com a antecedência de no mínimo,


48 horas, por escrito ou por meio eletrônico.
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III.7.3) Antecipação das férias individuais ou coletivas

Durante o estado de calamidade pública o empregador poderá informar ao empregado sobre a


antecipação das férias, com a antecedência de no mínimo 48 horas, por escrito ou por meio ele-
trônico, com indicação do período a ser gozado pelo empregado.

IMPORTANTE: As férias poderão ser pagas até o quinto dia útil do mês subsequente ao início do
gozo e o terço constitucional até a data em que é devida a gratificação natalina. Ainda:

z Férias não poderão ser gozadas em períodos inferiores à cinco dias corridos

z Poderão ser concedidas por ato do empregador ainda que o período aquisitivo
não tenha transcorrido.

III.7.4) Concessão de férias coletivas

Durante o estado de calamidade pública o empregador a seu critério, poderá conceder férias co-
letivas e deverá notificar o conjunto de empregados afetados com antecedência de no mínimo
48 horas, não aplicáveis os limites máximos de períodos anuais e limite mínimo de dias corridos
previstos na CLT.

IMPORTANTE – Ficam dispensadas as comunicações prévias ao órgão local do Ministério da Eco-


nomia e Sindicato representativo da categoria dos trabalhadores.

III.7.5) Suspensão de recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de


Serviço - FGTS

As empresas poderão suspender os recolhimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço,


relativo as competências de Março, Abril e Maio de 2020, com vencimentos em Abril, Maio e Junho
de 2020.

Os pagamentos destas competências poderão ser realizados de forma parcelada em até 06 (seis)
vezes, sem a incidência de atualização, multas e encargos previstos no artigo 22 da Lei 8.036/90.

IMPORTANTE - Para usufruir desta prerrogativa, o empregador deverá prestar as informações até
o dia 20.06.2020.
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IV. Plano para redução dos impactos


econômicos causados pela pandemia
Adesão ao programa emergencial de suporte a empregos

O
referido programa, instituído pela medida provisória nº 944/20, é destinado à realização
de operações de crédito com empresários, sociedades empresárias e sociedades coope-
rativas, excetuadas as sociedades de crédito, com a finalidade de pagamento de folha
salarial de seus empregados.
A medida provisória, cria o programa emergencial de suporte a empregos, com o objetivo de con-
ceder linha de crédito a empresas para o pagamento da folha de salários dos empregados, com
data limite até 30.06.2020.
Podem aderir ao programa, empresários, sociedades e cooperativas que tiverem receita bruta
anual superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 10.000.000,00
(dez milhões de reais), calculada com base no exercício de 2019.
O empréstimo adquirido por meio da linha de crédito disponibilizada pelo Programa deve-
rá ser utilizado exclusivamente para custear a despesa com folha de pagamento, por um período
de dois meses, até o limite de duas vezes o valor do salário mínimo por empregado.

Abaixo as condições financeiras para a concessão do empréstimo por instituições financeiras:

z Taxa de juros de 3,75% ao ano sobre o valor concedido;


z Prazo de 36 meses para o pagamento; e
z Carência de 06 meses para início do pagamento, com capitalização de juros du-
rante esse período.
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V. Os departamentos de recursos humanos


das empresas no atual cenário

O
s departamentos de RH devem agir de forma preventiva e sempre em conjunto com o seu
corpo jurídico, a fim de evitar eventuais transtornos ou mesmo uma avalanche de recla-
mações trabalhistas.

É sabido que, em momentos de crise, muitos são os fatores que levam empregados à questiona-
rem empregadores no judiciário, o que nos deixa apreensivos e preocupados, pois surge-se efeti-
vos passivos ocultos trabalhistas que poderiam muito bem ser evitados.

Diante disso, é fundamental que, as empresas façam uma completa revisão em todos os proce-
dimentos trabalhistas e de recursos humanos, visando mitigar eventuais riscos ou até mesmo
provisioná-los, isto para que, futuramente, uma decisão atual não comprometa o fluxo de caixa
da empresa.

Muitos são os pontos a analisar, entretanto agir de forma preventiva e lastreada em argumentos
eficientes, poderão, com toda a certeza, se revertem favoravelmente às empresas.

Analisar a real viabilidade e possibilidade econômica de se aplicar os instrumentos anunciados


pelo Governo neste período de incertezas, fará com que a decisão tomada hoje, não comprometa
o período pós pandemia, de modo que as empresas possam retomar suas atividades de forma
rápida e com eficiência.
Arte e Diagramação: Instaure Design - alex@instaure.com.br • 11 98622-9305

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