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I - Introdução
A
crise que se instalou no Brasil e no
mundo, em decorrência da COVID -19,
impõe que as empresas brasileiras
avaliem urgentemente, quais as medidas ins-
tituídas pelo Governo Federal que podem ser
implementadas para o enfrentamento dos
impactos econômicos e sociais, durante a
crise pandêmica, bem como os impactos pós
pandemia.
A
implantação de um Plano de Gestão e mitigados, ainda nesse sentido, as incertezas
Redução de Custos deve ser realizada causadas pela proximidade dos términos dos
de forma estratégica e fundamentada, períodos de férias concedidos, sejam indivi-
para que a manutenção do emprego e da ren- duais ou coletivas frente a prorrogação dos
da, bem como a garantia da continuidade das decretos de quarentenas por grande parte
atividades empresariais sejam alcançadas de
dos Estados da Federação, batem às portas
forma eficiente e concreta.
das empresas e as obrigam a tomada de de-
As empresas, em sua grande maioria, assim cisões para garantia do restabelecimento dos
que deflagrado o Estado de Calamidade Pú- contratos de trabalho.
blica e os decretos de quarentena e isola-
mento social, optaram por antecipar férias A garantia da continuidade das atividades
individuais independentemente do período laborais e empresariais, um dos objetivos do
aquisitivo ou ainda conceder férias coletivas Programa Emergencial de Manutenção do
com regras flexibilizadas. Emprego e da Renda (MP 936/20), passará
necessariamente pela “Gestão de Redução
Somado a isso, muitos trabalhadores ainda
de Custos”, e a necessária implementação de
permanecem em Teletrabalho, sobre o qual
um Plano para Redução dos Impactos Econô-
também discorreremos neste E-Book.
micos, a partir da análise das oportunidades
Apesar de oportunas, as primeiras medidas legislativas Trabalhistas, Tributárias e demais
trabalhistas da MP 927/20, não foram sufi- ramos do direito, como temos destacados nos
cientes para que impactos da crise fossem últimos E-Books disponibilizados.
5
O
plano para redução dos impactos As medidas trabalhistas incentivadas pelo
econômicos causados pela Pande- Governo Federal (redução proporcional de
mia (COVID -19), passa pela reorga- jornada e salário, bem como de suspensão
nização tributária da empresa, como forma dos contratos), poderão ser utilizadas de for-
de proteção ao fluxo de caixa e pelas diversas ma simultânea pelas empresas, respeitados
medidas de flexibilização da CLT, que gravi- os critérios expressos na MP 936/20, e devem
tam em torno da possibilidade de redução de ser contempladas como parte do Plano para
jornada de trabalho e de salário e suspensão Redução dos Impactos Econômicos causados
temporária dos contratos. pela COVID -19.
Redução propor-
Concessão e Paga- Suspensão tempo-
cional de jornada
mento de Benefí- rária do contrato
de trabalho e de
cio Emergencial; de trabalho.
salário e;
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Para os casos de redução de jornada e de salário, o benefício emergencial será pago no percentual
da redução e terá como base de cálculo o valor do seguro desemprego a que o trabalhador teria
direito, caso fosse demitido.
O empregado que esteja ocupando cargo público ou emprego público, cargo em comissão, titular
de mandato eletivo não tem direito a este benefício, assim como os empregados que estiverem
em gozo de benefício de prestação continuada, de seguro desemprego e recebendo bolsa de qua-
lificação profissional.
Cumpre frisar ainda que, o empregado, com contrato de trabalho intermitente que tenha mais de
um vínculo formal, poderá receber cumulativamente um benefício por cada vínculo com redução
de salário, observando o valor máximo de R$ 600,00 (seiscentos reais).
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Abalho
redução proporcional da jornada de tra-
e do salário é permitida por até 90
dias.
Cumpre ainda destacar que, os acordos individuais para redução de jornada de trabalho e
salário, dentro das hipóteses acima são válidos e legitimados pelo Supremo Tribunal Federal
em decisão recentemente proferida.
As empresas devem ainda observar os prazos para comunicação ao trabalhador, sendo que o
acordo individual, escrito e formalizado entre emprego e empregador deverá ser encaminhado
ao empregado com a antecedência de no mínimo 02 (dois) dias corridos.
O mesmo prazo deverá ser observado para comunicação ao empregado sobre a decisão de ante-
cipação do fim do período de vigência do acordo.
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Durante a suspensão do contrato de trabalho, o empregado não recebe salários e não há conta-
gem de tempo de serviço, envolvendo a cessação temporária e total da execução e dos efeitos do
contrato de trabalho, razão pelo qual as empresas devem deliberar de forma segura em relação
às repercussões e impactos quando optarem por essa medida oportunizada pela MP nº 936/20.
Assim sendo, tal medida deve ser avaliada e destinada aos períodos de interrupção das atividades
da empresa ou determinados setores com período de inatividade, diante das suas especificidades
e cautela que o tema exige, diante das excepcionalidades de cada trabalhador, como por exem-
plo, as gestantes.
z Para empresas com faturamento abaixo de 4,8 milhões, a União pagará o equiva-
lente a 100% do seguro desemprego a que o empregado teria direito a título de
benefício emergencial. Empresas nesta condição, não precisam arcar com ajuda
compensatória de 30%.
z Terá natureza indenizatória e não servirá de base para cálculo do IR, FGTS e INSS.
A medida provisória nº 936/20, tem como objetivo a manutenção de emprego e da renda para
garantir a continuidade das atividades laborais e empresariais, não dispondo que os períodos de
redução de jornada e de salário e bem assim hipóteses de suspensão sejam convertidas em horas
as serem pagas ou compensadas após o término do Estado de Calamidade Pública.
Assim, os acordos coletivos confeccionados pelas entidades sindicais devem ser objeto de análise
detalhada para que a empresa não subscreva cláusulas e condições fora das hipóteses do progra-
ma emergencial, redundando em aumento do passivo trabalhista e custos desnecessários.
Porém, tecemos alguns aspectos que reputamos importantes na tomada de decisões envolvendo
suspensão de contrato de trabalho de gestantes.
Para a hipótese de uma gestação recente, a suspensão do contrato de trabalho por até 60 dias,
não implicará em muitas restrições, mantendo-se prudentemente os recolhimentos previdenciá-
rios do período respectivo.
Estas situações especificadas devem ser analisadas de forma individualizada a fim de que não
sejam suprimidos direitos e garantias constitucionais.
O empregado deve preencher uma Guia de Previdência Social (GPS), que pode ser gerada por
meio do site da Receita Federal ou comprar um carnê em papelaria e preencher manualmente,
utilizando o Código 1406.
Durante o período de suspensão do contrato de trabalho o empregado não poderá prestar servi-
ços. Caso o trabalhador com contrato de trabalho suspenso, venha a prestar serviços durante a
pactuação, restará descaracterizada a suspensão e o empregador estará sujeito ao pagamento da
remuneração e encargos, além das penalidades e sanções previstas em lei.
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O plano para redução dos impactos econômicos causados pela COVID-19 deve ser implementado
pelas empresas de acordo com o que dispõe a medida provisória nº 936/20.
O empregador deverá se organizar para que durante os períodos pactuados na forma da MP (re-
dução de jornada de trabalho e salário e suspensão do contrato de trabalho) e após o período
de vigência, possam garantir os empregos dos trabalhadores envolvidos, diante da estabilidade
provisória prevista na referida norma, senão vejamos:
A
Portaria 10.486/20 de 22.04.2020, dispõe sobre os critérios e procedimentos relativos ao
recebimento de informações, concessão e pagamento do Benefício Emergencial de Manu-
tenção do Empregado e da Renda (BEm), nos termos da Medida Provisória 936/20.
O objetivo da Portaria é esclarecer aspectos que ainda causavam insegurança jurídica aos subs-
critores dos acordos contemplados pela MP 936/20, na medida em que define critérios e procedi-
mentos para a concessão e para o caso de indeferimento da Adesão.
a.3) Estiver em gozo de benefício previdenciário, exceto pensão por morte ou auxílio
acidente;
Na hipótese de indeferimento do BEm ou de seu arquivamento por não atendimento das exigên-
cias de regularização das informações, no prazo de 05 dias corridos do recebimento da notifi-
cação contendo os motivos da decisão, poderá a empresa interpor recurso no prazo de 10 dias
corridos, conforme artigo 13, da Portaria 10.486/20.
O prazo para que o julgamento do Recurso Administrativo para o caso de indeferimento, será de
15 dias corridos, contados de sua interposição.
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Porém, medidas alternativas previstas na MP nº 927/20, ainda podem e devem ser implementa-
das como parte do Plano para redução dos impactos econômicos.
Pelo regime de banco de horas, o empregado que acumular horas extras e, posteriormente, ter a
sua jornada de trabalho reduzida em um determinado dia ou até mesmo usufruir de folgas com-
pensatórias, evitando-se, desse modo, o pagamento das horas excedentes pelo empregador.
Com o advento da Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/17), empregado e empregador podem ce-
lebrar acordo individual, por escrito, visando a implantação do banco de horas, sem qualquer
necessidade de intervenção do sindicato da categoria, o que efetivamente facilitou a utilização
prática de tal regime pelas empresas.
A medida provisória nº 927/2020 dispõe que, sobre o tema banco de horas, durante o estado
de calamidade pública, fica autorizada a interrupção das atividades do empregador e a constitui-
ção de banco de horas, sendo:
III.7.2) Teletrabalho
Como já mencionado, após a crise, as formas de vida e de trabalho ganharão novos contornos,
impondo um novo ritmo de desenvolvimento das atividades humanas e empresariais, e neste
contexto o TELETRABALHO encontra-se inserido como medida para redução de custos a fim de se
manter toda uma estrutura para acolher o empregado no ambiente da empresa.
A reforma trabalhista já contempla a figura do teletrabalhador, como disposto no art. 75-C da CLT,
reconhecendo que o empregador poderá realizar a alteração entre regime presencial e de teletra-
balho, desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual.
IMPORTANTE: As férias poderão ser pagas até o quinto dia útil do mês subsequente ao início do
gozo e o terço constitucional até a data em que é devida a gratificação natalina. Ainda:
z Férias não poderão ser gozadas em períodos inferiores à cinco dias corridos
z Poderão ser concedidas por ato do empregador ainda que o período aquisitivo
não tenha transcorrido.
Durante o estado de calamidade pública o empregador a seu critério, poderá conceder férias co-
letivas e deverá notificar o conjunto de empregados afetados com antecedência de no mínimo
48 horas, não aplicáveis os limites máximos de períodos anuais e limite mínimo de dias corridos
previstos na CLT.
Os pagamentos destas competências poderão ser realizados de forma parcelada em até 06 (seis)
vezes, sem a incidência de atualização, multas e encargos previstos no artigo 22 da Lei 8.036/90.
IMPORTANTE - Para usufruir desta prerrogativa, o empregador deverá prestar as informações até
o dia 20.06.2020.
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O
referido programa, instituído pela medida provisória nº 944/20, é destinado à realização
de operações de crédito com empresários, sociedades empresárias e sociedades coope-
rativas, excetuadas as sociedades de crédito, com a finalidade de pagamento de folha
salarial de seus empregados.
A medida provisória, cria o programa emergencial de suporte a empregos, com o objetivo de con-
ceder linha de crédito a empresas para o pagamento da folha de salários dos empregados, com
data limite até 30.06.2020.
Podem aderir ao programa, empresários, sociedades e cooperativas que tiverem receita bruta
anual superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 10.000.000,00
(dez milhões de reais), calculada com base no exercício de 2019.
O empréstimo adquirido por meio da linha de crédito disponibilizada pelo Programa deve-
rá ser utilizado exclusivamente para custear a despesa com folha de pagamento, por um período
de dois meses, até o limite de duas vezes o valor do salário mínimo por empregado.
O
s departamentos de RH devem agir de forma preventiva e sempre em conjunto com o seu
corpo jurídico, a fim de evitar eventuais transtornos ou mesmo uma avalanche de recla-
mações trabalhistas.
É sabido que, em momentos de crise, muitos são os fatores que levam empregados à questiona-
rem empregadores no judiciário, o que nos deixa apreensivos e preocupados, pois surge-se efeti-
vos passivos ocultos trabalhistas que poderiam muito bem ser evitados.
Diante disso, é fundamental que, as empresas façam uma completa revisão em todos os proce-
dimentos trabalhistas e de recursos humanos, visando mitigar eventuais riscos ou até mesmo
provisioná-los, isto para que, futuramente, uma decisão atual não comprometa o fluxo de caixa
da empresa.
Muitos são os pontos a analisar, entretanto agir de forma preventiva e lastreada em argumentos
eficientes, poderão, com toda a certeza, se revertem favoravelmente às empresas.
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