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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS

DIREITO CONSUMIDOR II
ATIVIDADE AVALIATIVA 1

REJANE REIS KUNIMURA


RA 81716455

RENAN LIRA DA SILVA


RA 81716494

SERGIO RICARDO DE LIMA


RA 817125309

DIR4AN-MCD

SÃO PAULO
2020
Destaque os aspectos negativos do anúncio publicitário com base no CDC.

Na peça publicitária veiculada em meio televisivo por Sêneca Laboratórios


Veterinários Ltda. a fim de divulgar seu antibiótico de uso veterinário de largo
espectro que a empresa produz, cuja marca é MIDAS 2000, há uso de meios
negativos de difusão de informação através da publicidade, que ferem diretamente o
Código de Defesa do Consumidor.

A peça apresenta flashes da criação de gados, e dentre essas imagens, há


inclusive retratos de (1) tratores derrubando a mata para formar pastos, (2) peões
conduzindo o gado pelas estradas e (3) o curral em que o gado está reunido e
passando por um corredor estreito, onde funcionários estão aplicando injeções nos
animais.
Neste primeiro momento, podemos, de acordo com o art. 37 do CDC, ver por
que a peça deve ser considerada como uma publicidade abusiva.
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a


que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência
de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja
capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à
sua saúde ou segurança.

A fim de convencer os consumidores de que há modo menos nocivo de tratar de


seu gado – referindo-se ao seu produto –, a Sêneca Laboratórios Veterinários Ltda.
utiliza de recursos em que se expõe violações ao meio ambiente no processo de
tratamento de gado, imagens estas que não deveriam, sob hipótese alguma, ser
veiculadas em meio televisivo.

Fica visível uma violação aos valores éticos em questão, além dos valores
sociais de preservação do meio ambiente.
Na direção de se apresentar a publicidade que deva ser considerada abusiva,
observe-se o seguinte julgado:

APELAÇÃO. AÇÃO ANULATÓRIA. AUTO DE INFRAÇÃO E APLICAÇÃO DE


MULTA PELO PROCON. PUBLICIDADE ABUSIVA. ART. 37, § 2º, CDC. 1)
Admissão do Instituto Alana na qualidade de Amicus Curiae, nos termos do artigo
138 do CPC, deferindo-lhe a juntada de documentos e a faculdade de sustentação
oral na sessão de julgamento do recurso. 2) Pleito de nulidade. Cerceamento de
defesa afastado. Elementos dos autos suficientes para o deslinde da causa. 3)
Ausência de violação aos princípios do devido processo legal, contraditório e ampla
defesa na esfera administrativa. Propaganda publicitária ("Bichinhos dos Sonhos")
que mostra uma criança interagindo com bichos de pelúcias que se movimentam e
falam sob o seu comando de voz. Brinquedos que não possuem qualquer
mecanismo que possibilitem sua movimentação ou fala. Configurado o
aproveitamento da deficiência de julgamento e experiência inerentes às crianças,
fomentando o consumo das pelúcias. Informação de que "os bichinhos não falam
nem se movimentam sozinhos, conforme sitio de internet" prestada em dimensão
bem diminuta em relação à temática principal. Inocorrência de limitação aos
princípios constitucionais da liberdade de expressão, livre iniciativa e livre
concorrência. Infração ao código consumerista evidenciada. Auto de infração.
Subsistência. 3) Multa aplicada nos termos dos arts. 56, I, e 57, CDC. Exorbitância
do valor. Inocorrência. Observância dos princípios da razoabilidade e
proporcionalidade. Arbitramento compatível com a gravidade da infração, cuja
repercussão não se pode precisar. 4) Fixação de honorários advocatícios que deve
observar as disposições do art. 20, § 4º, CPC/73. Sentença de improcedência
mantida. Recurso de apelação parcialmente provido.

(TJ-SP 10018858220148260053 SP 1001885-82.2014.8.26.0053, Relator: Marcelo


Semer, Data de Julgamento: 18/06/2018, 10ª Câmara de Direito Público, Data de
Publicação: 25/06/2018)

Ne mesma direção, o presente julgado também nos pode ser útil para a
publicidade enganosa, vez uma que se refere a um “bichinho” de pelúcia com
características que não condiziam à mercadoria que o consumidor adquiria, frustrando
as crianças.

No caso do antibiótico divulgado pela Sêneca Laboratórios Veterinários Ltda.,


embora devamos partir do pressuposto da boa-fé de informações veiculadas através
de peça publicitária, o comercial pode induzir a erro o consumidor. A narração na peça
publicitária diz o seguinte: “Seja um criador consciente e use somente o antibiótico
MIDAS 2000 para combater quaisquer males de origem bacteriana. O antibiótico
MIDAS 2000 não tem efeitos colaterais, é facilmente absorvido pelo organismo animal,
combatendo e eliminando a infecção em até vinte e quatro horas! O antibiótico MIDAS
2000 é o melhor antibiótico de sua geração!”.
Entendamos, de acordo com a Lei 8.078/90 (CDC), ainda em seu art. 37, o que
é considerado uma publicidade enganosa:

Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter


publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por
omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza,
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer
outros dados sobre produtos e serviços.

§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando


deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.

No caso em tela, a Sêneca Laboratórios Veterinários Ltda. tem potencial em


induzir o consumidor a erro. Ao anunciar que o antibiótico não possui efeitos
colaterais, por exemplo, apresenta-se a necessidade de informar estudos e dados que
comprove isto. Não obstante, ao informar que o antibiótico elimina a infecção em até
24 horas, sem manifestamente comprová-lo, faz com que o consumidor assuma isto
como verdade.

Ainda sobre isto, devemos observar o princípio da veracidade e transparência.


O consumidor não deve ser frustrado com o produto ou serviço adquirido. Caso este
solicite informações querendo esclarecimentos, a empresa deverá ter os dados
científicos e técnicos comprobatórios das informações veiculadas para disponibilizar
ao consumidor no prazo de 24 horas.
Vários são os princípios aplicáveis à publicidade, de acordo com o CDC, sendo
um deles, de suma importância: o da transparência da fundamentação da
mensagem publicitária. O que reza este princípio?

Para compreendermos o princípio da transparência da fundamentação da


mensagem publicitária, devemos recorrer à legislação que versa sobre este. Para
tanto, observaremos o art. 36 do CDC:
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e
imediatamente, a identifique como tal.

Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços,


manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados
fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.

A fim de se garantir um consumo que seja livre de enganos, o legislador criou o


princípio da transparência da fundamentação da mensagem publicitária. Ele requer
que a mensagem seja verídica e, quando não o for, a correção desta.
Marco Antonio dos Anjos (2013) pontua:
Nenhuma atividade publicitária, seja ela meramente descritiva ou a configuração de
uma criação intelectual, pode permitir ao fornecedor do produto ou serviço
apresentar informação falsa ou despida de comprovação. A publicidade deve se
basear em corretos dados fáticos, técnicos e científicos. Se o anúncio faz referência
a dados estatísticos, o fornecedor deverá manter em seu poder fonte segura de
demonstração que a informação é verdadeira. Se a publicidade indica que o produto
alcança determinado desempenho (como a possibilidade de um motor que
apresenta menor consumo de energia), o anunciante tem de estar apto a comprovar
cabalmente que o resultado obtido pelo produto é real. Outro exemplo: se afirmado
que certo bem produz benefícios demonstrados por pesquisas científicas, os
documentos comprobatórios dessas pesquisas devem permanecer em poder do
fornecedor.

O referido princípio visa assegurar a preservação daquilo que diz respeito à peça
publicitária, e garantir o acesso aos dados de determinada peça por parte do
consumidor que quiser verifica-lo.

Para vislumbrá-lo de acordo com um julgado, com a aplicação concreta do


princípio, verifique-se:

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 614.610 - RS (2014/0295927-2) “Cuida-se


de agravo interposto por KAREN ADRIANA MICHIELIN DIAS contra decisão que
obstou a subida de recurso especial, com fundamento no art. 105, III, a, da
Constituição Federal, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul assim ementado (fls. 84, e-STJ): ''Apelação cível. Se tratando de
documento comum às partes, tem o contratante o direito de exigir exibição dos
documentos que o demandado mantém e que dispõe, em virtude do dever de
informação previsto no inciso III do art. 69 do Código de Defesa do Consumidor (...)''
(STJ - AREsp: 614610 RS 2014/0295927-2, Relator: Ministro HUMBERTO
MARTINS, Data de Publicação: DJ 03/12/2014)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MACHADO, Costa (org.); FRONTINI, Paulo Salvador (coord.). Código de Defesa


do Consumidor interpretado: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo. Barueri,
Sp: Manole. 2013.

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