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SENADO FEDERAL - STAQ - 31/03/2011

Sessão: 040.1.54.O31-03-2011_16-44-33

O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB – SP. Para uma


comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs.
Senadores, no curso da minha última campanha eleitoral, para o Senado, à semelhança
dos meus colegas, procurei colocar no centro da minha mensagem aos eleitores de São
Paulo, esclarecimento das competências do Senado, inúmeras e relevantíssimas. Não
apenas as competências legislativas, mas outras que tocam a questão federativa, a vida
financeira da União, dos Estados, dos Municípios, a fiscalização, os temas da agenda
internacional do Brasil, e tantas outras. Isso suscitou, da parte de muitos eleitores, um
sem-número de propostas que chegaram até o candidato Aloysio Nunes Ferreira, hoje,
com muita honra, Senador por São Paulo.
Venho procurando dar um tratamento legislativo a essas propostas, aquelas
que forem matérias de lei ou de emenda constitucional e de iniciativa parlamentar, dando-
lhes forma de projetos que tramitem nesta Casa.
Hoje, estou submetendo ao Senado um projeto de lei que corporifica duas
sugestões que dizem respeito à utilização do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
A primeira delas me foi sugerida por um cidadão que desde muito moço
trabalhava e trabalha em farmácias como balconista e em empresas que vendem
produtos para medicina, cujo sonho era cursar uma faculdade de farmácia. Sonho
frustrado, porque não conseguia vaga em escola pública e não podia arcar com o alto
custo da matrícula e das mensalidades. Sugestão do Sr. Adilson Rocha da Cruz: uma
modificação na lei que rege o FGTS, de modo a permitir mais uma utilização desse
Fundo, que é patrimônio do trabalhador, para atender a uma necessidade imediata de
alguém que, tendo que pagar matrícula, mensalidades, seja de universidades, seja de
escolas que ministrem cursos profissionalizantes, possa sacar o seu Fundo de Garantia
para esse efeito. E ele argumentava com muita razão: se a legislação hoje permite ao
trabalhador sacar da sua conta recursos para investir em empresas estatais como a
Petrobras, por exemplo, por que não permitir que o trabalhador mobilize esse recurso
para investir nele mesmo, na sua formação e na sua educação?
É com esse objetivo que apresento um projeto de lei que abre mais essa
possibilidade de utilização do FGTS. Evidentemente, com inúmeras cautelas, que ficarão
a cargo do conselho curador para que haja limites e regras de utilização que preservem o
patrimônio do Fundo.

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A outra proposta contida no mesmo projeto de lei e é absolutamente


correlata à primeira diz respeito à situação que enfrentam milhões e milhões de
brasileiros, que, por uma razão ou por outra, por circunstâncias da vida, se veem com o
“nome sujo”, como se diz, inadimplentes em tributos, em crediários, e têm seus nomes
apontado pelas agências de proteção ao crédito ou pelos órgãos do Estado. Quando isso
acontece, e acontece na medida em que aumenta muito, infelizmente, o financiamento, o
credito individual, o trabalhador se vê numa situação infernal, porque não tem outra saída
a não ser recorrer ao agiota, pagando juros escorchantes. Isso é um escrúpulo imenso do
trabalhador de baixa renda no cumprimento de suas obrigações financeiras, porque sabe
que se porventura vier a ficar inadimplentes e seu nome apontado como tal, as portas dos
créditos se fecham a ele.
Diante dessa situação, que é a de milhões de brasileiros, apresento também
a proposta de permitir que o trabalhador inadimplente possa sacar seu patrimônio, que é
a conta do Fundo da Garantia, para poder se colocar em dia com suas obrigações fiscais
ou saldar suas dívidas civis, comerciais e de outra natureza, de modo a poder recorrer
novamente ao crédito.
Hoje, muitas pessoas que se veem na circunstância infeliz a que me referi,
são levadas a fazer acordos fictícios com seus empregadores para serem demitidos sem
justa causa, de modo a poder levantar o Fundo de Garantia para pagar suas dívidas, para
saldar suas dívidas. Saldam as dívidas, mas ficam sem emprego. E quando acaba o
tempo do seguro desemprego, é mais um trabalhador ao deus-dará.
Apresento, portanto, esses propostas, sem prejuízo evidentemente do
FGTS. Não desconheço a importância do Fundo de Garantia para outras finalidades...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)


(Interrupção do som.)

O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB – SP) – ...o


financiamento à habitação, ao saneamento e outras que são muito nobres. Mas acredito
que, acima de tudo, sendo esse um patrimônio do trabalhador, ele deve, pode e deve ser
mobilizado quando o trabalhador é atingido em alguma circunstância que afeta
diretamente a sua vida, a sua individualidade, dele e da sua família.

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Espero contar com o beneplácito da Casa a este projeto de lei que


encaminharei ainda hoje à Mesa Diretora.
Muito obrigado.

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