Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UAB


SECRETARIA DE APOIO ÀS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS - SATE

LICENCIATURA A DISTÂNCIA EM ARTES VISUAIS


DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA DA ARTE

PROFESSOR: Prof. Dr. Márcio Landi


ALUNO: Alan Emmanuel Oliveira dos Santos
MATRÍCULA: 1557250
POLO: Maracanaú
A partir de uma premissa evolucionista o homem passou a ver a si mesmo como o
apogeu da criação. Tal ponto de vista aliado ao pensamento antropocêntrico de que a natureza
existe para servir ao homem levou a humanidade a um processo que podemos chamar
“desencantamento do mundo” onde “a lógica pragmática considera supérflua qualquer
possibilidade de transcendência e o mundo se desencanta” (BARROSO, 2011. Pág. 13).

Tal equívoco sobre o lugar do homem no cosmos colocou o Homo sapiens numa
“posição” de superioridade ilusória quanto ao restante da criação. Tal engano é facilmente
verificado pelo crescente aumento em todos os índices de violência (seja de origem social,
cultural, ecológica, política, étnica etc.). A fantasiosa “superioridade” do homem moderno
arremessou o mundo numa espiral de crises financeiras, guerras e devastação climática que
culminarão, inegavelmente, na completa destruição do nosso planeta.

Portanto, “devolver” o homem ao seu lugar correto dentro do cosmos faz-se necessário.
Para tal concordamos com Barroso, quando diz:

Entendendo a espécie humana como parte da natureza (e não destacada dela,


como o fez a racionalidade moderna), o resultado de seu fazer, em
consequência, também é natureza, ou mais precisamente, natureza produzida
por homens e mulheres. Portanto, um novo projeto civilizatório só terá
consequências benéficas ao Planeta se conceber a cultura como um
prolongamento da natureza ou, melhor dizendo, uma parte desta.
(BARROSO, 2011. Pág. 16).

Ou seja, concordamos e asseveramos que é urgente o “reencantamento do mundo”. Uma


vez que, de fato, “a separação radical entre natureza e cultura, operada pelo pensamento moderno,
(...) mostra-se perniciosa” (BARROSO, 2011. Pág. 11).

Acredito que a Arte tem importante papel a desempenhar nesse processo. O artista visto
como essa entidade mística que tem um pé na transcendência e outro no cotidiano, como nos diz
Barroso, tem em seu poder a capacidade de operar o encantamento necessário ao homem para
despertar do transe midiático presente em nossa sociedade que reduziu todas as coisas a uma
lógica cartesiana fria e desumana em sua essência. Uma vez que priva o homem do contato
natural com seu eu belo, estético, espiritual ou, para usar a terminologia de Barroso, priva o
homem do Mana que conecta todas as coisas e que nos faz ser parte do TODO. É hora de deixar a
intuição poética que provocou a explosão de criatividade em nossos irmãos distantes e que se
provou tão essencial são surgimento na nossa Arte opere novamente. Dessa vez, trazendo uma
explosão de magia, arte e lógica selvagem, afinal:

Na qualidade de xamã, o artista é aquele que opera prodígios. Usa o próprio


corpo e os mais diferentes recursos, para abrir as vias do encantamento. Seu
fazer suspende o tempo ordinário e estabelece o espaço do maravilhoso. Sua
arte instaura uma dimensão que sendo imaginária não se opõe ao real. Funda
um território que se instala entre o visível e o invisível, o céu e a terra, o aqui
e o além, a matéria e o espírito. Trafega nos limites do real e do irreal, da
história e da ficção, estabelecendo paralelos, correspondências, abrindo
conflitos, fazendo ligações. Trabalha para além da verdade e da objetividade,
no campo do imponderável e da poesia. Inaugura lógicas a cada nova
criação, lógicas múltiplas através das quais tudo pode ganhar vida.
(BARROSO, 2011. Pág. 22).

Que venham logo esses dias de despertamento. E que esse homo rationale descubra-se, o
quanto antes, de fato, um homo symbolicum.

REFERÊNCIAS

BARROSO, Oswald. Antropologia da Arte. 2. ed. Fortaleza: Secretaria de Educação a


Distância da Universidade Estadual do Ceará (SEAD/UECE), 2011. 132 p.

Você também pode gostar