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..LEITURAS..BLOGS..SITES..
e Blogs
Sugest
http://ce3.igc.gulbenkian.pt/
Esta é uma plataforma que reúne recursos
para a aprendizagem das Ciências da Vida,
desenvolvidos pelo Instituto Gulbenkian de
Ciência. Destina-se a professores de todos
os ciclos de ensino pré-universitário (básico e
secundário), educadores (ensino pré-escolar)
e comunicadores de Ciência, e a todos os
curiosos pelas Ciências da Vida.
Aí aprende-se ciência em três tempos que
são considerados fundamentais para melhor
entender o mundo que nos rodeia: questio-
nar, explorar e descobrir.
ESERO No site estão disponíveis atividades cientí-
https://www.esero.pt/ ficas - guiões de experiências e atividades
ESERO (European Space Education Re- desenvolvidos com a ajuda de cientistas do
source Office) é um programa educativo da Instituto Gulbenkian de Ciência e adaptados
Agência Espacial Europeia (ESA) que usa para o ambiente de sala de aula; vídeos e
o Espaço como contexto inspirador para animações, produzidos para serem usados
a aprendizagem das ciências, tecnologias como ferramenta auxiliar às atividades cien-
e matemática, como forma de promover tíficas propostas ou de forma independente;
o interesse dos alunos nestas disciplinas e artigos de revisão - textos de revisão es-
nos níveis básico e secundário e incentivar critos por cientistas do Instituto Gulbenkian
carreiras científicas e de engenharia. de Ciência que nos atualizam na biologia de
Em cada país aderente, o ESERO é esta- hoje.
belecido em colaboração com instituições Vídeos como “Nós, os fantásticos seres vi-
a nível nacional ligadas à educação de vos: uma breve história sobre evolução”, que
ciência, de modo a melhor corresponder explora como surgiu toda a diversidade de
aos interesses da comunidade educativa. seres vivos na terra a partir de um antepas-
Em Portugal a parceria foi estabelecida com sado comum: o conceito de Evolução.
a Ciência Viva. Atividades como “Mapa da Biodiversida-
O ESERO Portugal promove a abordagem de (II)”, onde os alunos, seguindo pistas,
de temas do Espaço na sala de aula, através completam um jogo de correspondência
da disponibilização de recursos educativos, para o qual têm de determinar a localização
oficinas e cursos de formação. no mapa mundo de diferentes animais e
No site pode encontrar recursos como o plantas. E, também, vestem a pele de um
Kit/livro “Compreender a Terra através do cientista e, seguindo pistas e/ou informação
Informação
Digital
Nº31 ABRIL 2021
ficha técnica:
Miguel André Diretor: José Feliciano Costa . Chefe de Redação: Manuel Micaelo .
ESCOLA
Digital
José Feliciano Costa
DIRETOR ESCOLA INFORMAÇÃO da sua carreira
A
bril foi o mês em que professores e dadeiro flagelo que atinge milhares de docentes e que é
educadores estiveram, uma vez mais, absolutamente intolerável.
na rua, a manifestar o seu desagrado A 6 de maio, o SPGL vai dinamizar a primeira de várias
face a um Governo e a um Ministério iniciativas da FENPROF agendadas para este mês e irá
da Educação que continua a ignorar a fazê-lo onde está reunido, nesse dia, o conselho de minis-
resolução dos problemas que os afe- tros deste governo. Vamos falar, durante essa manhã, de
tam e também a Educação em Por- PRECARIEDADE, vamos reafirmar que os professores
tugal. Fizeram-no à porta do local onde o governo por- contratados não são descartáveis, que a precariedade não
tuguês exerce, este semestre, a presidência do Conselho é uma condição da nossa profissão, mas sim o resultado
Europeu e onde o Ministro da Educação de Portugal se de opções políticas que só a luta pode corrigir.
afirma adepto de um diálogo social, mas que, na sua pró- Prova-o, aliás, a aprovação na Assembleia da Repúbli-
pria “casa”, não pratica. ca no dia 22 de abril, da abertura de um concurso para
Este foi o início de um conjunto de iniciativas e o dia 24 a vinculação extraordinária dos professores das compo-
de abril simboliza o tão esperado recomeço das ações de nentes técnico-artísticas especializadas nas áreas das artes
rua, com grande participação dos professores, ainda que visuais e dos audiovisuais.
condicionado às limitações impostas pela pandemia. Abril voltou à rua e, junto dos milhares que voltaram a
Esta iniciativa marcou o “pontapé de saída” para um con- descer a Avenida da Liberdade, estiveram também os pro-
junto de iniciativas que irão decorrer também durante o fessores, a afirmar a exigência das condições necessárias
mês de maio e até final do ano letivo, se os professores para uma Escola Pública de qualidade.
e educadores portugueses continuarem sem respostas às Em maio, os professores reafirmarão na rua a sua dispo-
suas justas reivindicações e se mantiver este inaceitável nibilidade para continuar a lutar e a exigir respeito para
bloqueio a qualquer negociação séria e consequente. quem, como eles, tem estado na linha da frente, com toda
A reunião do passado dia 16 de abril com os Secretários a responsabilidade, dedicação e profissionalismo, mesmo
de Estado da Educação demonstrou, mais uma vez, que as nos momentos mais difíceis desta pandemia. Não esque-
portas da negociação estão fechadas e a prática é mesmo çamos que a postura dos professores foi determinante
a rejeição de qualquer tentativa de abordagem de questões para que, mesmo com todas as limitações, as escolas con-
que urgem ser resolvidas ou mesmo discutidas: tinuassem a funcionar.
- Uma carreira construída por gerações de professores, Maio é também o mês do aniversário do SPGL, que no
que por ela lutaram, que aboliram a prova de candidatura, dia 2 deste mês celebra 47 anos de uma trajetória cons-
que destruíram a divisão da carreira e que por tudo isso a truída sempre na luta pela afirmação da profissão docente
querem voltar a recuperar; e pela melhoria das suas condições de trabalho.
- Uma carreira valorizada e dignificada e o respeito pelas Este Sindicato herdou os saberes das reivindicações dos
condições de exercício da profissão, o que inclui a regu- professores provisórios, que conseguiram, com muita co-
lação dos horários de trabalho que ultrapassam todos os ragem e em plena ditadura, construir uma organização
limites estabelecidos pela lei e que são causa provada do nacional com reivindicações dos professores e criar uma
Informação
desgaste físico e emocional cada vez maior dos professo- consciência associativa, que muito facilitou o surgimento
res; de um movimento sindical forte e organizado, logo após
ESCOLA
5
Digital
O ensino unificado como
fator de coesão social
• António Avelãs
A
IDirigente do SPGLI
com a publicação dos estatutos do foi aceitável. De facto, logo em orientados para a prosseguimento
Ensino Liceal e Técnico, marcan- 1981 é lançado o 12º Ano - Via de estudos” e “cursos secundários
Fotos: morgueFilefreephotos
do bem as diferenças entre estas profissionalizante, com vários cur- predominantemente orientados
ESCOLA
duas vias. sos de formação pré-profissional, para a vida ativa”, porque ambos
Se até 1967 esta separação se fa- articulada com a formação voca- devem permitir e incentivar o
zia logo à saída da escola primária cional oferecida no 11º ano. Esta prosseguimento de estudos.
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de 4 anos, nesse ano é publicado via profissionalizante, além da
Digital
Relembrar a Lei de Bases
do Sistema Educativo
• Ana Cristina Martins
IDirigente do SPGLI
aprovado com os votos favorá- política pela qual se deve reger a e muito pontual, nunca chegando
veis do PCP, PRD, PS e PSD, legislação numa certa área de ati- sequer a ser regulamentada. Ape-
ESCOLA
mas com as abstenções do MDP/ vidade, a LBSE é, efetivamente, a sar disso, vigorou até 1986, altura
CDE e de dois deputados do PS, Lei que estabelece o quadro geral da aprovação e entrada e vigor da
contando ainda com o voto con- do sistema educativo português. atual Lei de Bases.
tra do CDS. É constituída por um total de 64 Doze anos depois da revolução de 7
Digital
Abril de 74, e dez anos volvidos Em 2004, o Governo de Durão Ensino Superior, entre elas a in-
sobre a entrada em vigor da Cons- Barroso, apresentou a Proposta trodução do sistema europeu de
tituição da República de 1976, a de Lei nº 74/IX, com a designa- créditos, a adoção do modelo de
Lei 46/86 “encerrou um proces- ção “Lei de Bases da Educação”, 3º ciclo de estudos, resultante do
so anterior de reforma educativa um diploma que suscitou profun- Processo de Bolonha, e a credi-
que fora interrompido pela Re- da discussão e contestação. No tação da experiência profissional.
volução de abril de 74 mas, por Parlamento, os deputados dos Por último, em 2009, foi intro-
outro lado, prosseguiu algumas partidos de oposição contesta- duzido o alargamento da escola-
medidas estruturais e morfoló- vam a sua quase absoluta rutura ridade obrigatória até ao 12º ano
gicas da anterior Reforma Veiga de princípios, não só com a Lei ou 18 anos, e instituída a univer-
Simão e retomou parcialmente de 86 mas com a própria Cons- salidade da educação pré-escolar
certas soluções previstas pela tituição. A Proposta representava para todas as crianças a partir dos
Lei nº 5/73 cuja regulamentação um rude golpe nos fundamentos cinco anos. A questão do alar-
fora formalmente abandonada. democráticos e no papel do Esta- gamento da escolaridade obriga-
Noutros casos, porém, como su- do na Educação, prevendo, entre tória até aos 18 anos foi à data
cedeu com a criação de estrutu- muitas outras coisas, a gestão apontada pela FENPROF como
ras e processos de participação profissional dos Agrupamentos uma estranha contradição com a
no âmbito mais geral do que foi de Escolas (com dirigentes com possibilidade que outras leis con-
denominado gestão democrática formação específica, escolhidos ferem, ao permitirem que jovens
SPGL. 47 anos a construir Educação
N
o aniversá-
rio dos 47
anos do SPGL
lembramos a
evolução da
Digital
pertencentes à rede oficial do O MTSS tutela todas as opções em grupos sociais diversos, no
Ministério da Educação, tendo de cuidados infantis até aos 3 respeito pela pluralidade das cul-
como prioridade situar estes no- anos com as seguintes opções: turas, favorecendo uma progres-
vos equipamentos em áreas onde . Creche (sector público e priva- siva consciência do seu papel
existiam poucos ou nenhuns jar- do); como membro da sociedade;
dins de infância. Houve um au- . Amas oficializadas (sector pú- . Contribuir para a igualdade de
mento de 65% de JI’s oficiais. blico e privado); oportunidades no acesso à escola
Por sua vez o MTSS ficou com . Creches familiares (sector pú- e para o sucesso da aprendiza-
a tutela de diversas instituições, blico e privado); gem;
todas elas ligadas à educação e O ME e o MTSS tutelam a Edu- . Estimular o desenvolvimento
cuidados infantis de diferentes cação Pré-Escolar, sendo o Jar- global de cada criança, no respei-
tipos: amas, IPSS, equipamentos dim de Infância o contexto edu- to pelas suas características indi-
de ação social ligados às autar- cativo para crianças dos 3 aos 6 viduais, incutindo comportamen-
quias, estabelecimentos oficiais anos. Os seus objetivos e condi- tos que favoreçam aprendizagens
ligados diretamente ao CRSS de ções de funcionamento aparecem significativas e diversificadas;
cada distrito, cooperativas, esta- citados no DR nº542/1984. . Desenvolver a expressão e a co-
belecimentos com fins lucrati- A partir de 1997, o ME imple- municação através da utilização
vos, estabelecimentos pertencen- mentou o Programa de Expan- de linguagens múltiplas como
tes a empresas, casas do povo e são da Rede de Educação Pré- meios de relação, de informação,
SPGL. 47 anos a construir Educação
es
fessor
dos Pro
cional pt
ção Na enprof.
Federa www.f
16
2023.
C
urso do Magis- Primário. capaz…
tério Primário No primeiro ano de trabalho, No ano seguinte frequentei o cur-
terminado em tive a sorte de ter uma escola na so de especialização do Instituto
Informação
1966, em Bra- zona para todo o ano, em subs- Costa Ferreira, em Lisboa, que
gança. Este era tituição de uma colega doente. não conclui. Se já tinha a noção
ESCOLA
o único curso Confrontei-me com uma turma de que a nossa formação ficava
que poderia tirar aí! Terminei-o de 54 alunos e todas as classes! muito aquém do que precisáva-
com 18 anos, o 5º ano do liceu e Recordo-me do medo que senti, mos aí confirmei-o e percebi que
2 anos da Escola do Magistério com a possibilidade de não ser eramos nós que arrastávamos 11
Digital
muitos dos nossos alunos para o tomadas pela ditadura foram: nos 2 últimos anos, pela existên-
Ensino Especial, por falta de co- Encerramento de escolas, em cia de 3 vias diferenciadas (5ª
nhecimentos. localidades onde não havia, pelo e 6ª Classe, Telescola e Ciclo
Chegavam as férias do verão e menos, 40 crianças; Substitui- Preparatório); Um baixo índice
deixávamos de ter vencimento, ção de escolas por postos esco- de aproveitamento (27,8% de in-
por isso tentávamos efetivarmo- lares, e os docentes por regentes sucesso escolar, no 1º ciclo em
-nos o mais rapidamente pos- escolares, que possuíam apenas 72/73); 50 000 crianças, deteta-
sível, mas, como naquela zona a escolaridade obrigatória e um das como possuidoras de dificul-
havia muitas professoras, por ser atestado de bom comportamen- dades especiais, sem prestação
uma cidade com Escola do Ma- to, passado pelo padre ou pelo de qualquer apoio específica;
gistério Primário, para o conse- cacique da União Nacional, com Sistema de saúde escolar ine-
guirmos tínhamos de tentar nou- vencimento inferior ao de um xistente; Ensino secundário, de
tras zonas do país, normalmente varredor de 3ª classe; Encerra- baixo índice de escolarização,
o Minho. mento das Escolas Normais, que subdividido em duas vias - en-
Assim fiz. Efetivei-me no Mi- formavam os/as professores/as sino técnico profissional e liceu;
nho. Saí, pela primeira vez, da primários/as. Ensino superior elitista (somen-
casa dos meus pais. A escola fi- Segundo os próprios currículos, te 8% dos filhos de operários
cava no meio de pinhais e abran- o essencial era: “aprender a ler, e de camponeses o frequenta-
gia alunos de vários lugares (ha- escrever e contar” e a exercer vam); Estatuto profissional dos
SPGL. 47 anos a construir Educação
bitação dispersa). Trabalhei com as “virtudes morais e um vivo docentes muito desvalorizado,
uma regente escolar responsável amor a Portugal”. com baixo nível de formação
pela 2ª e 3ª classe e eu 1ª e 4ª. As Professoras eram ainda mais científica e pedagógica e baixos
Não tínhamos empregada. Dali discriminadas. O Estado fascis- salários; Investigação científica
só saía para ir, às vezes, à feira,ta controlava mesmo a sua vida e pedagógica praticamente ine-
às duas vilas que ficavam mais pessoal e afetiva (de que é exem- xistentes.
próximas, dias em que havia ca- plo a obrigatoriedade de pedir
mioneta. Outras deslocações só autorização para casar e usar Aconteceu o 25 de Abril de
de táxi, o que não podia fazer o apelido do marido, para além 1974 e com ele terminou o tem-
com frequência uma vez que o das exigências em relação ao po em que não nos era permiti-
ordenado o não permitia. Era- seu comportamento moral e à do o direito de associação.
mos mal remuneradas, em re- forma como se vestiam). Em março de 1975, regressei ao
lação aos demais trabalhadores Não existiam Estatutos das Car- ensino e, uma das primeiras de-
da administração pública, com reiras Docentes. Os professores cisões que tomei foi sindicalizar-
habilitações idênticas. Permane- catedráticos não podiam aspirar -me, o que me permitiu fazer
ci aí 2 anos. Entretanto, por ra- a uma remuneração superior parte de todas as ações de luta
zões pessoais, exonerei-me para à da Letra B e os professores sindicais desenvolvidas pelo
vir para Lisboa. primários ficavam pela letra P. SPGL e mais tarde também pela
Relembro que Portugal foi do- Iniciávamos pela letra S, ga- FENPROF…também fiz parte de
minado por um dos regimes nhávamos menos que um con- todas as vitórias!
mais autoritários da Europa, tínuo dos ministérios da Praça Uma das primeiras medidas
durante 48 anos, que se iniciou do Comércio! concretizadas foram as alte-
com o golpe militar de 28 de A herança do fascismo era ter- rações ao Estatuto Remunera-
maio de 1926, e teve grandes rível! 30% de analfabetos; Uma tório dos Docentes com o DL
educação pré-escolar 290/75 de 14 de junho. Aumen-
Todos as conquistas alcançadas praticamente inexisten- tam os salários de todos os pro-
te ( só 6 em cada 100 fessores, incluindo as regentes
pelos/as docentes foram fruto crianças frequentavam escolares, que deixam de receber
da sua luta constante por um Estatuto jardins infantis, em esta- uma gratificação e passam a ter
belecimentos particula- uma remuneração, com os res-
Profissional, pela equiparação
res), sendo o seu acesso petivos direitos. Explica a razão
a outros/as trabalhadores/as limitado a quem tivesse por que os/as docentes devem
da Administração Pública, pela condições económicas auferir vencimentos iguais aos
para pagar as mensa- de outros/as trabalhadores/as
revalorização social e material lidades; Os estabele- da Função Pública com habili-
cimentos oficiais eram tações idênticas. Os professores
Informação
da carreira docente.
muito escassos e tinham primários subiram 7 letras!!!
fundamentalmente um Nova valorização da carreira
ESCOLA
exposição.
mas que valeu
a pena. 13
Digital
SPGL. 47 anos a construir Educação
“A educação inclu-
siva não tem a
ver com a igual-
dade. Tem a ver
com um mundo
onde as pessoas
são diferentes. Tem a ver com
dos possam aprender e participar.
Os docentes também têm de es-
tar comprometidos garantindo a
aprendizagem de todos os alunos.
As funções dos docentes, neste
âmbito, consistem em identificar
e interpretar problemas educa-
necessários são muito escassos.
Podemos dar como exemplo o
número de alunos por docente
de educação especial. Em mui-
tos agrupamentos, senão na sua
maioria, um docente de educação
especial apoia cerca de 18, 20 ou
aquilo que podemos fazer para tivos, intervir face às diferenças em alguns casos até mais alunos.
celebrar essas diferenças, atra- entre os alunos das suas turmas Ora, se o docente tem 22 horas de
vés da nossa aproximação uns e procurar soluções devendo ser componente lectiva, quantos mi-
aos outros” (Irene Lopez, 1999). capazes de adequar as estratégias nutos terá de apoio cada criança?
Muito se fala do tema da Esco- de ensino às diferenças indivi- O tempo de apoio é manifesta-
la Inclusiva mas, na realidade, duais dos seus alunos. Acredita- mente insuficiente para colmatar
quando pensamos sobre isso a mos que temos em Portugal um as dificuldades destes alunos e
primeira ideia que nos chega está conjunto de docentes motivados quando se expõe o caso a resposta
intimamente ligada às crianças e para concretizar os objectivos de que recebemos é que não nos são
jovens com necessidades educa- uma escola inclusiva e que tudo dados mais professores, ficando
tivas específicas. Esta ideia não farão para arranjar novas parce- assim prejudicados os alunos.
poderia estar mais incorrecta. rias, procurar formação e inven- Parece-nos imprescindível que o
Uma escola inclusiva contempla tar novas formas de actuação em Estado proporcione as condições
todo o universo escolar e para prol de todos os seus alunos. necessárias nas escolas para que
ser efectiva tem de envolver toda Os princípios implícitos ao con- a Inclusão seja o presente e não
a comunidade educativa, pro- ceito de Escola Inclusiva, afigu- o futuro e que os professores te-
Informação
fessores, assistentes operacio- ram-se equilibrados, no entanto nham condições para desenvolver
nais, famílias, autarquias entre torna-se difícil a sua operacio- o seu trabalho com os recursos
ESCOLA
muitos outros. Deve respeitar as nalização, porque o número de humanos e materiais suficientes
diferenças individuais de cada alunos por turma é excessivo, os para uma efectiva concretização
um promovendo o direito a uma programas são muito extensos e da Inclusão.
14
educação de qualidade, onde to- os recursos humanos e materiais
Digital
Luta contra a precariedade
Os ganhos conseguidos através
da luta devem ser valorizados
• João Pereira
I Coordenador da Comissão de Professores
e Educadores Contratados e Desempregados do SPGL I
A
luta contra a
precariedade
regados
luta dos docentes contratados. A
Sede do
atribuição do subsídio aos do- Rua FiaSPGL
lho de Al
ESCOLA
(junto ao meida
Corte Ing nº 3
Digital
pregados, e a pressão exercida,
3 de setembro . 17h . sede SPGL
32667.14
conseguiu forçar à resolução do GREVE
O CONTRATADOS
problema. PLENÁRI e DESEMPREGADOS AO SERVIÇO
À PACC
Durante anos lutámos por elimi-
1. Eleição da Comissão de Contratados e Desempregados
2. Análise das colocações de agosto
3. Que futuro? - Ação reivindicativa
nar uma Prova de Ingresso que 4. Outros assuntos (caducidade; prova de ingresso;
oferta de escola...)
19 DEZ. 2014
rego
d esemp
se profissional, em particular os FENPROF SPGL mas quem não luta perde sempre!
2019
|17h30|Sede do SPGL|
e a tua
DA GRANDE LISBOA
|2| Segurança Social;
Defensdsão
|3| Atividades de Enriquecimento Curricular; Contactos:
prego é um excelente tantes da luta exercida contra a Da nossa parte o empenho é total
precariedade. Ao longo dos anos na defesa dos direitos e na luta
exemplo da importância
ESCOLA
Educação
construir Educação
carreira docente é fundamental.
anos aa construir
É um problema que diz
respeito a todos
47 anos
SPGL. 47
SPGL.
• Sofia Vilarigues e Lígia Calapez
(a partir da exposição de Anabela Delgado, a quem pertencem as citações ao longo do texto)
IJornalistasI
“Ao longo do tempo, nós sempre outra é a estrutura da carreira, o ficada em fases. Enquanto não
fomos resistindo. De diferentes desenho da carreira e a respetiva houve estatuto, a progressão das
formas. Mas sempre fomos re- carreira remuneratória. E a equi- fases era equiparada ao tempo de
sistindo. E é essa a mensagem paração da carreira à carreira téc- serviço, vigoravam as diuturnida-
que importa passar – desistir é nica superior”. des. E, nesta altura, estabelece já
que não”. Esta, de algum modo, os salários para os educadores de
a conclusão da exposição sobre De 1975 a 1986: infância, que só vieram a existir
o ECD, de Anabela Delgado, na rede pública em 1978/79. Foi
a luta dos professores desde logo determinado que os
membro da Comissão Executiva,
que integrou, em representação conquistas importantes educadores de infância acompa-
do SPGL, a comissão negocia- e melhorias salariais nhariam a carreira dos profes-
dora das revisões do estatuto em sores do então chamado ensino
99/2000, em 2005 e em 2010. Antes do Estatuto da Carrei- primário. Relativamente aos ho-
Nesta perspetiva, a importância ra Docente (ECD), mas após o rários, é interessante, “tendo em
da reflexão – que teve lugar dia 25 de Abril, o primeiro diploma conta aquilo que fazem agora aos
29, na sede do SPGL - sobre “o que surgiu foi o Decreto-lei nº professores quanto aos horários,
que foi o caminho para o estatuto 290/75. Fazia o reajustamento nomeadamente quanto à com-
Informação
Informação
e dos vários estatutos, para per- de categorias de vencimentos do ponente não letiva, o preâmbulo
ceber que há determinados aspe- pessoal docente dos ensinos pri- do mesmo diploma: O facto de
A
OLLA
tos que o Ministério da Educação mário, preparatório, secundário, o horário de serviço obrigatório
CO
tenta sempre colocar entraves. médio, etc. A carreira estrutura- do pessoal docente ser, em regra,
ESSC
Um deles é sobre as questões do va-se em 7 níveis, de acordo com inferior ao do restante funciona-
E
ingresso na carreira docente. A as habilitações. Estava estrati- lismo não elimina, nem sequer 17
Digital
atenua, relevantemente essa dis-
paridade, pois àquele se torna
necessário, para além das aulas
que ministra, ocupar ainda largo
tempo na respetiva preparação”.
Em 78, com o DL nº 74/78, na
educação pré-escolar e no ensi-
no primário havia 4 fases, o topo
atingia-se aos 20 anos, com a
letra E (os salários dos trabalha-
dores da administração pública
eram organizados por letras, de
A a Z, sendo que a A era a letra
do topo). No ciclo preparatório
e secundário havia 3 fases e o
topo era a letra D. No ciclo pre-
paratório e secundário o tempo
para atingir o topo dependia do
número de anos que os professo-
SPGL. 47 anos a construir Educação
a introdução de 2 novas fases, as Dá-se então a primeira tentati- independentemente do nível onde
letras B e A, que eram os topos da va de recuo na paridade da car- lecionem, com exceção do ensino
ESCOLA
realização da PACC (Prova de zidas nos horários levaram à extraordinário e aumenta o nú-
Avaliação de Conhecimentos e “desregulamentação completa mero de atividades que os pro-
Capacidades), que só foi aplica- da profissão”. Uma situação “al- fessores podem desenvolver na
da uma única vez, em 2014, com tamente injusta, altamente pena- componente não letiva. 19
Digital
A 3ª revisão do ECD – DL Fruto da enorme e persistente luta paridade da carreira docente com
75/2010 – com a ministra Isabel dos professores, a Assembleia da a carreira técnica superior da ad-
Alçada, acaba finalmente com República aprovou, em 2019, por ministração pública.
a divisão da carreira em cate- maioria, apenas com o voto con- “A defesa do estatuto da carrei-
gorias. Mas são criadas vagas tra do PS, a contagem integral do ra docente é fundamental”. Os
de acesso ao 5º e 7º escalões. “O tempo de serviço, medida invia- professores deixaram de ter qual-
que, com as quotas de avaliação, bilizada posteriormente devido à quer controle sobre a sua própria
faz acumular um número bastan- alteração de posição do PSD e do carreira. A manter-se a situação,
te significativo de professores, no CDS face à ameaça de demissão deixa de haver quaisquer pers-
4º e no 6º escalão – à espera de apresentada pelo 1º ministro. petivas de chegar ao topo da
vaga para atingirem o 5º e o 7º”. Neste momento, relativamente a carreira. Com reflexos graves no
Com o governo de Passos Coelho negociações com este ministério, presente e mesmo em termos de
tem lugar a 4ª revisão do ECD. em particular com o ministro, aposentação.
É então aplicada, pela primeira e nada tem acontecido… Ao contrário do que muitos pen-
única vez, a PACC. sam, “a luta pelo direito a uma
Houve uma alteração mínima e A situação atual carreira digna e valorizada é
pontual ao regime de avaliação um problema que diz respeito
desempenho (Alteração dos rit- Atualmente, como problemas a todos”.
SPGL. 47 anos a construir Educação
E
Joaquim Jorge Veiguinha
m 1958, Ludwig von del realismo”, ‘El País’, 3.03.2021). se destaca implicitamente nestas
Mises dirigiu esta Mises (1881-1973) foi um economis- considerações é que as massas são
elucidativa missiva à ta ultraliberal da Escola Austríaca de incapazes de iniciativa própria e que
norte-americana Ayn economia do período posterior à Pri- todas as suas alegadas conquistas se
Rand: “Tens a cora- meira Guerra Mundial, que emigrou devem a uma minoria, a uma elite
gem de dizer às mas- para os EUA em 1940. Ayn Rand é que pensa por elas ou que as dirige.
sas o que nenhum político lhes disse: uma escritora norte-americana de Já antes de Mises, o italiano Vilfredo
sois inferiores e todas as melhorias origem judaico-russa, muito aprecia- Pareto (1848-1923), economista e so-
das vossas condições que simples- da pela ala mais direitista do Partido ciólogo, talvez uma das fontes mais
mente dais por estabelecidas devem- Republicano, autora do romance fidedignas do neoliberalismo e muito
Informação
-se a homens que são melhores do “A rebelião do Atlas” (‘Atlas shru- mais perspicaz do que Mises, defen-
que vós. Se isto é arrogância, como gged’), publicado em 1957, também dia no seu “Compêndio de Sociolo-
ESCOLA
alguns dos teus críticos observaram, defensora das teses ultraliberais e gia” (1920) que o povo é basicamen-
continua a ser verdade” (cit. por: forte opositora do Estado social e te irracional, movido exclusivamente
Cano Germán – “El discreto encanto das medidas redistributivas. O que pelas emoções e os sentimentos que
21
Cidadania
o tornam incapaz de entender “as nos sistemas económicos é em si através de uma repressão brutal, e
questões gerais”, formuladas pelas mesma um elemento da liberdade que aplicou as políticas da Escola
elites políticas e, consequentemente, entendida na sua aceção mais ampla de Chicago que se estenderam à
de governar-se a si próprio, pois “um e, por conseguinte, a liberdade privatização da segurança social, da
regime em que o povo exprime o seu económica é um fim em si”. Mas se saúde e da educação. Mas quanto a
«querer» (…) é unicamente um pio “a liberdade económica é um fim em isto Friedman nada tem a dizer, pois
desejo dos teóricos e não se observa si”, acabará por sobrepor-se à liber- estas são perfeitamente compatíveis
na realidade”. Este existe para ser dade política, qual filha de um “deus com a constituição de um ‘estado de
governado por alguns, as elites polí- menor”, o que significa que esta pode exceção’ que suprime transitoriamen-
ticas, que dispõem da racionalidade ser sacrificada sempre que aquela for te as liberdades individuais e políti-
e da astúcia para o persuadirem a posta em causa por medidas ‘socia- cas para, paradoxalmente, preparar o
aceitar consensualmente o seu poder. lizadoras’. Todo o programa político caminho para o restabelecimento da
Pareto foi nomeado senador por de Friedman e da sua escola é uma liberal-democracia: “O Chile – diz
Mussolini. ofensiva contra o Estado social e as ele – não é um sistema politicamente
medidas de redistribuição da riqueza, livre, e eu não posso perdoar este sis-
Milton Friedman pois, tal como o seu colega Hayek, tema. Mas as pessoas são mais livres
e a Escola de Chicago mas de forma mais rudimentar, do que nas sociedades comunistas,
considera que a procura da justiça porque o governo desempenha um
O testemunho de Mises e Pareto social é uma restrição da liberdade papel menor (…) As condições das
foi recolhido por Milton Friedman que reduz a soberania da liberdade pessoas tornaram-se melhores e não
(1912-2006), norte-americano, ven- económica: defesa de uma taxa única piores, tornar-se-ão ainda melhores
cedor do prémio Nobel de Economia de 23,5% sobre o rendimento, redu- quando se desembaraçarem da junta
em 1976, que juntamente com o ção dos impostos sobre as grandes e forem capazes de terem um sis-
austríaco Friedrich Hayek (1899- fortunas, defesa da responsabilidade tema democrático” (Fonte: https://
1992), que o venceu dois anos antes, dos gestores apenas perante os acio- en.wikipedia.org/wiki/Milton_Frie-
constitui um dos pilares ideológicos nistas, cortes drásticos nas despesas dman).
do neoliberalismo. Fundador da Es- e programas sociais, oposição ao Poder-se-á perguntar: mas o sistema
cola de Chicago, onde desenvolveu sistema de aposentação baseado no que o golpe militar fascista de Pino-
as suas teses ultraliberais, defende princípio da solidariedade entre clas- chet derrubou não era um sistema
no seu ensaio “Capitalismo e Liber- ses e gerações, defesa dos seguros de democrático? O Presidente Salvador
dade” (Edição portuguesa, Coimbra, capitalização e de uma taxa ‘natural’ Allende não tinha sido eleito demo-
Almedina, 2014), que “a liberdade de desemprego, contra as políticas craticamente? Também von Mises
keynesianas de pleno emprego, forte escreveu no seu livro significati-
oposição aos sindicatos responsabili- vamente intitulado “Liberalismo”
zados pelo aumento da inflação. (1927) que “não se pode negar que
o fascismo e movimentos seme-
Eis como os estados de
O apoio à ditadura de Pinochet lhantes, visando o estabelecimento
exceção que suprimem de ditaduras, estão cheios de boas
a democracia política e as Numa carta endereçada ao ditador intenções e que a sua intervenção em
liberdades para alegadamente chileno Augusto Pinochet, Fried- dado momento salvou a civilização
as restabelecerem mais tarde, man aconselhou-o a que o preço europeia” (Fonte: pt.wikipedia.org/
quando as massas já a pagar para debelar uma taxa de wiki/Ludwig_von_Mises). Eis como
renunciaram aparentemente inflação entre 10 e 20 por cento é os estados de exceção que suprimem
a autogovernar-se ou foram a aceitação plena de uma taxa de a democracia política e as liberdades
massacradas pela sua ousadia desemprego mais elevada através da para alegadamente as restabelece-
supressão das leis que restringiam rem mais tarde, quando as massas
‘socialista’, se transformam
os despedimentos, o que foi gran- já renunciaram aparentemente a
em salvadores da pátria e da demente facilitado pela ilegalização autogovernar-se ou foram massacra-
Informação
civilização: o neoliberalismo dos sindicatos e a perseguição dos das pela sua ousadia ‘socialista’, se
no máximo do seu sindicalistas, mas que está plena- transformam em salvadores da pátria
ESCOLA
• Lígia Calapez
Paul de Manique em abril de 2013.
Fonte:AFoto do Paul de Manique exigia mais do
luta
Josépela preservação
Ramalho. Os primórdios
que o muito que já estava a ser feito.
do Paul de Manique, na e os passos já dados
“Eu, sozinho, ficava com os meus
Azambuja, tem uma história Foi em 2011, através da Câmara alunos e com aquilo que eu sabia. Já
que já vem de 2011, quando Municipal da Azambuja e das antigas foi bom – identifiquei muitas plantas,
Águas do Oeste, que o Projeto Rios(1) muitos animais. Mas, entretanto, achei
deu os primeiros passos veio propor à escola de Manique a que isto devia ir mais longe. Continuei
através do Projeto Rios, sua participação num movimento que a fazer pressão durante anos – desde
e que prossegue hoje envolve a proteção e conservação 2015 – junto da JF de Manique, que
– envolvendo a escola e a dos ecossistemas ribeirinhos, no caso envolve três freguesias. E eles ficaram
com foco no ecossistema do Paul de sensibilizados. Mas as coisas andam
comunidade e muitos outros Manique(2). Na altura, também outras muito devagarinho”.
parceiros - com um objetivo escolas do concelho foram convida- É então que a história deste projeto
bem claro: a classificação das, adotando uma zona húmida para se tornou também numa história de
do Paul como área protegida estudar e investigar. Atualmente, só a encontros que frutificam. Na sequên-
escola de Manique se mantém ativa. cia de uma formação, como professor,
de âmbito local. Desde então, a história deste projeto na área da geologia, José Ramalho
Uma história que nos foi tem sido uma história de implica- apresentou um trabalho centrado no
contada – em jeito de ção de múltiplos atores, a começar, Paul de Manique, quer na sua vertente
testemunho pessoal – por naturalmente, pela própria escola. “Eu geológica quer na vertente biológica.
envolvi os meus alunos. Eles gostam Trabalho que despertou o interesse
José Ramalho, “um simples
muito. Andaram metidos dentro de de Anabela Cruces, da Universidade
professor numa escola básica água - a atualizar os parâmetros físico- Lusófona. Um encontro que iria abrir
integrada de Manique -químicos da água, a registar o aspeto novas perspetivas e um alargado apoio
do Intendente, no alto da água, o cheiro, a temperatura, tudo ao projeto. “Expliquei-lhe que andava
Informação
faziam era apresentado no centro am- ter mais poder para convencer aqueles
se apresenta. biental do concelho de Azambuja”. que decidem a fazer qualquer coisa de
Entretanto, o trabalho de preservação mais oficial para preservar o Paul de
23
Reportagem
Manique”.
Na sequência deste encontro, mais
pessoas se juntaram ao projeto. Em
2017, a Câmara da Azambuja procede
à compra de 9 dos 18 hectares do Paul
de Manique. Era um novo e importan-
te passo para a sua preservação.
Entretanto, novos avanços se vão
conseguindo. O concurso a diferentes
projetos, nomeadamente de fundo
ambiental (em conjunto com as auto-
ridades municipais e a Universidade
Lusófona), permitiu construir diversas
estruturas no Paul, de um passadiço a
um posto de observação de aves. E ad-
quirir material essencial para a escola,
como máquina fotográfica a binóculos.
Múltiplas atividades Turma do 9ºA e professor José Ramalho. Turma pioneira no estudo da zona húmida do Paul de Manique integrando o Projeto Rios.
5
A foto assinala o início do Projeto Rios na E.B.I. de Manique do Intendente em 2011.
e a demanda de um barco
Tudo isto tem sido possível por uma ro)”, esclarece o nosso entrevistado. – com turmas daqui, com turmas de
confluência de vontades e de empenho Neste momento há vários projetos a outros sítios”.
dos muitos que têm vindo a colaborar concorrerem, e a esperança de José “Eles envolvem-se de uma forma
com o projeto. “Temos vários cola- Ramalho é que ganhe o projeto barco. espontânea e voluntária para proteger
boradores muito interessados – pro- “Precisamos de um barco insuflável, aquilo que não conheciam” – subli-
fessores da Universidade Lusófona, de fundo rígido, para poder ir para nha José Ramalho. “Não iam para
fotógrafos profissionais que, com a dentro de água investigar. Porque já ali brincar, não conheciam o valor
ajuda de outros especialistas, vêm aqui tivemos que pedir um barco a vá- daquilo. E agora, como as espécies são
identificar plantas, animais. O ICNF rias entidades, para pesquisar vários divulgadas nas redes sociais – e eles
(Instituto da Conservação da Natureza parâmetros da água, para analisar são especialistas disso -, estão sempre
e das Florestas) está connosco desde várias espécies, analisar a água, o em cima do acontecimento. Sobretu-
2017 e vem fazer várias ações – anie- fundo do Paul. E termos que o pedir é do, tornaram aquele espaço o espaço
lagem de aves, para as crianças, para um bocadinho complicado e envolve deles. E isso é uma coisa espontânea.
os adultos, para as outras escolas”. uma logística difícil. E, se nós tivés- Tanto os jovens como a população em
Um trabalho que, sem tais apoios, semos um barco, era tudo muito mais geral. Adotaram aquele ecossistema –
não teria sido possível. E que engloba fácil – quer para os investigadores das isso foi o maior ganho que tivemos até
agora múltiplas atividades. universidades, quer para nós, enquan- agora. Eles adotaram aquela zona, por
De entre as principais atividades que to escola de Manique, colaborarmos. via do conhecimento e da paixão”.
têm vindo a ser realizadas, José Rama- Com os nossos alunos, com os alunos Isto reflete-se e é alimentado, an-
lho destaca, nomeadamente, os cursos da faculdade (que já cá vieram, já tes do mais, na própria dinâmica de
de formação para anielagem de aves, explicaram coisas aos nossos alunos, aprendizagem na escola. Exemplos
dados pelo ICNF, em que participam todos eles participam)”. não faltam. A professora de infor-
alunos da escola de Manique e todas mática ajuda os alunos a divulgar os
as pessoas que quiserem. E também as Eles adotaram aquela zona, por seus trabalhos sobre o Paul na página
ações de limpeza do ecossistema, con- da escola. A professora de educação
tribuição para renovação de espécies
via do conhecimento e da paixão
visual faz, com eles, trabalhos em pi-
do ecossistema, controle de invasoras. De zona completamente desconhecida, rogravura acerca de espécies do Paul.
“São atividades que já foram muitas o Paul de Manique é hoje uma zona Com o professor de matemática, são
vezes feitas”, conclui. adotada pela população “como coisa os trabalhos quantitativos sobre o nº
Um outro contributo pode vir do sua”. Para a escola, para os alunos, de espécies, sobre o volume de água
orçamento participativo(3), um projeto para os professores, isso é um facto do Paul. Os professores de português
ESCOLA INFORMAÇÃO
alargado a toda a comunidade. A esco- particularmente evidente. “O Paul e inglês elaboram testes sobre o Paul.
la de Manique também tem orçamento serve para todos os anos de escolarida- “Toda a gente faz alguma coisa sobre
participativo, com um fundo de 500 de. Para os miúdos fazerem trabalhos. o Paul”.
euros. “É uma escola pequeníssima, Os professores vão com eles até ao Para José Ramalho, como professor
familiar – tem cento e tal alunos. Os Paul, para explicar-lhes coisas. Outras de ciências naturais – a matéria do 7º
24 miúdos – desde o 5º ano até ao 9º - fa- vezes temos pessoas associadas a este ano é geologia e a do 8º, ecossistemas
zem projetos (com a nossa ajuda, cla- projeto que explicam coisas do Paul -, “o ecossistema de Paul de Manique
CAMPANHA ,EM OUTUBRO DE 2019, DE RECOLHA
DE PLÁSTICO DEIXADO EM CERCA DE 9 HECTARES
DO PAUL PELAS CULTURAS DE MELÃO (ENTRE
Reportagem
OUTRAS) QUE SE PRATICARAM ATÉ CERCA DE 1993
para a classificação do Paul Prof.ª Dr.ª ANABELA CRUCES E ALUNOS DA FACULDADE DE ENGENHARIA (Universidade Lusófona) A
INVESTIGAREM OS SEDIMENTOS DO PAUL (10,11 de maio 2019).
Passado algum tempo de eu descobrir sobre aquele ecossistema. Há investi- está feito pela equipa – é uma enge-
esta espécie – isto foi antes da compra gadores de universidades que já foram nheira da Câmara (Diana Loureiro),
do Paul, em 2017 – alguém põe dois ao Paul e que estudaram aquela zona. é o ICNF através do Dr. Vítor Encar-
cavalos no Paul e os cavalos comeram Isto tudo grátis, ninguém lhes pagou nação, sou eu, que represento a escola
o junco. Escrevi para o presidente da nada. Foram eles que vieram por sua de Manique, e é a professora Anabela
Junta de Freguesia de Manique do conta, com os seus aparelhos, cedidos Cruces, da Universidade Lusófona, e é
Intendente, escrevi para a Câmara, voluntariamente pela universidade, o fotógrafo, que está connosco desde
mostrando o resultado de a zona não que compreenderam a importância 2018, o Paulo Rocha”.
ser classificada. Há tantos anos que desta zona e vieram para aqui estudar, “Este núcleo duro não perde o centro
eu andava a pedir – classifiquem esta para inventariar as espécies – animais, da questão – que é a classificação”,
zona. E tiveram ali aquela prova de vegetais. Temos centenas e centenas conclui.
que tinham que classificar a zona. Ain- de espécies estudadas, temos a geo-
Informação
-rios?language=pt-pt
Dados não faltam, para a classificação uma classificação”. (2)
http://paulnatura.pt/%20
do Paul. “O mais importante era haver “Vamos lá ver quando se decidem”, (3)
https://pt.wikipedia.org/wiki/
conhecimento técnico e científico comenta. “O trabalho mais complexo Or%C3%A7amento_participativo_em_Portugal
25
Reportagem
O que é o Projeto Rios? mais proativa na conservação destes Como é que nasceu o Projeto?
O Projeto Rios é um projeto que tem ecossistemas. O Projeto nasceu em 1997, na Catalu-
como objetivo alertar as pessoas para a O Projeto Rios basicamente consiste nha, portanto este é um projeto ibérico.
importância da conservação dos ecos- na adoção do troço de um rio. Pode Aqui em Portugal é coordenado pela
ESCOLA INFORMAÇÃO
sistemas ribeirinhos, e que pretende in- ser feita por qualquer grupo, pode ser ASPEA, neste momento. O Projeto
cluir a sociedade, incluir todas as pes- um grupo de amigos, uma câmara mu- veio para cá em 2006, já temos 15 anos
soas, na proteção destes ecossistemas. nicipal, uma escola. Temos várias en- do Projeto Rios. E nasceu desta neces-
Alertar para os problemas de degrada- tidades envolvidas no Projeto Rios. O sidade de trazer a população e envolver
ção, de perda de biodiversidade, intro- grupo vai adotar o rio e, como quem os cidadãos para a proteção dos rios e
26 dução de espécies exóticas invasoras. adota um animal, vai cuidar e proteger ribeiras e alertar para a problemática da
E instigar as pessoas a ter uma ação este rio. degradação destes ecossistemas.
Reportagem
Mantêm a ligação com Espanha? pessoas podem vir fazer um curso con-
Sim, não tanto se calhar como há al- nosco, de 16 horas, em que aprendem
guns anos, mas continuamos a colabo- como deve ser feita a monitorização,
rar com os parceiros espanhóis. quais os materiais a serem utilizados, e
então ficam certificados enquanto mo-
E que ligação é que estabelecem? nitores do Projeto Rios.
Muito ao nível de comunicação, de Além disso, nós temos também alguns
partilha de experiências. monitores, espalhados pelo país, que
acompanham saídas de campo. Temos
Qual é a metodologia de Projeto Rios? escolas que dizem: “Vamos fazer uma
Primeiro de tudo, um grupo tem de de- saída de campo com os nossos alu-
cidir qual é o troço, a parte do rio que nos, pode vir alguém da coordenação
quer adotar. Nós pedimos sempre que do Projeto Rios ou um outro monitor
seja um grupo no mínimo de 4 pessoas, acompanhar e ajudar?”. Normalmente
para realmente haver um envolvimen- para os alunos também é mais interes-
to. Normalmente temos os grupos que sante ter alguém de fora, que vem, que
estão interessados e que perguntam: ajuda e que explica.
“Qual é que é a melhor parte? Qual é Temos também um kit que disponibili-
que é o melhor troço do rio? O que é zamos por um preço e que tem todos os
que vocês sugerem?”. Nós dizemos materiais que são utilizados na saída de
sempre que deve ser uma parte do rio campo, tem os manuais, como fazer a
que lhes diga alguma coisa. Tentamos saída de campo, as redes, os termóme-
trazer esta parte emocional, esta liga- tros, tem vários materiais.
ção, porque sem uma ligação afetiva, é Neste momento, os dados ou são en-
mais difícil cuidarmos. Então primeiro viados para nós ou são recolhidos atra-
dizemos: “Escolham um troço de que vés de um formulário online, e depois
tenham uma memória, que passe perto são disponibilizados numa plataforma,
da vossa casa, do vosso trabalho, e que que temos vindo a desenvolver. Ain-
vos diga alguma coisa”. da não foi feita a apresentação oficial,
Depois, devem contactar a coordena- mas está para breve. Nesta campanha
ção do Projeto Rios para perceber se de Primavera os grupos já estão a in-
aquele troço já está adotado ou não. E, serir os dados nessa plataforma, que
quando têm a luz verde, devem preen- depois vai ficar disponível. Temos um
cher a ficha de inscrição, que está no mapa, e no mapa nós vamos conseguir
site do Projeto Rios (dentro do site da ver no troço adotado os dados da saí-
ASPEA uma secção do Projeto Rios). da de campo deste ano, por exemplo, e troca de experiências entre os professo-
E, a partir daí, devem realizar no mí- na próxima saída de campo os grupos res, partilhar algumas metodologias ou
nimo duas ações de monitorização, voltam a colocar. Portanto vamos ter algumas dificuldades que tenham tido,
uma na Primavera e a outra no Outono, a georreferenciação dos dados, e va- e partilhar também alguns recursos.
e uma ação de melhoria. Esta ação de mos poder ir a esta plataforma e fazer E, depois, o que também fazemos são
melhoria pode ser uma limpeza do rio, a comparação entre os rios em partes encontros de grupos. Ou seja, numa
pode ser uma campanha, pode ser uma diferentes do país, ao longo do tempo. região convidamos os grupos todos e
ação de sensibilização, uma palestra, É um recurso muito interessante e que fazemos uma ação. Então é mais neste
uma conferência, portanto qualquer nós estamos a desenvolver agora. sentido que vamos juntando os profes-
ação que traga atenção àquele rio. sores e as escolas.
Isto é o mínimo que nós pedimos. De- E vai estar disponível online?
pois há grupos que fazem mais, que fa- Neste momento ainda não decidimos Os alunos também?
zem outras atividades à volta dos rios, como é que vai ser, mas sim, a ideia Sim, sim. Nestes encontros de grupos
que fazem mais saídas de campo. será depois ter a plataforma no site do a ideia é virem também os alunos. Nós
Na monitorização, temos uma ficha de Projeto Rios, portanto qualquer pessoa tivemos um, penso que foi há 2 anos,
campo, que deve ser preenchida, com pode visualizar, mas apenas os grupos 2019, foi em Braga - em Braga nós te-
as informações. Devem ser analisados podem inserir os dados. mos o rio Este todo adotado - e tivemos
os parâmetros físico-químicos, há re- uma palestras, os alunos todos juntos.
colha de macroinvertebrados, há ob- Tem havido ligação entre escolas, É muito interessante conseguir reunir
servação de fauna e flora, observação contactos entre as escolas ligadas ao toda a gente.
se existe poluição, se não, também que Projeto?
Informação
património existe ali naquela zona dos Sim. Nós normalmente fazemos todos Mas é a nível nacional?
500 metros do rio. E depois essa infor- os anos um encontro de monitores, e aí Não, aqui nós fazemos por regiões.
ESCOLA
mação é enviada para o Projeto Rios. todos os monitores que são professores Porque temos quase 600 grupos ins-
Para ajudar estas monitorizações, dis- estão em contacto. Estes encontros de critos, desde o início do Projeto Rios,
ponibilizamos cursos de monitores. As monitores têm muito a ver com uma penso que são 597 em todo o território,
27
Reportagem
todologias que foram adap- quilómetros de rio ou ribeira que fo-
tadas para o projeto. ram adotados. E já tivemos 51 cursos
Uma foi adaptada pela Uni- de monitores. Até à data formámos 790
versidade de Coimbra. As- monitores.
sim só explicando muito Nós temos ainda outro projeto que é o
brevemente a metodologia: LIFE INVASAQUA, é sobre espécies
é feita a recolha de folhas exóticas invasoras aquáticas, é um pro-
de amieiro, essas folhas jeto ibérico, e que penso que vai ter-
são secas, são colocadas minar em 2023, portanto ainda temos
nuns saquinhos de rede e alguns anos, e também envolvemos es-
são colocadas as redes no colas. As escolas também fazem saídas
rio, e durante 4 semanas o de campo, e aqui muito mais viradas
conjunto de redes é tirado, para sensibilizar para a temática das es-
são pesadas as folhas, e são pécies exóticas invasoras, porque é que
inseridos os dados numa fo- devemos privilegiar as espécies autóc-
lha Excel. E dá-nos o valor tones. É um projeto muito interessante.
da integridade, portanto da
saúde do rio, com aquele Há mais alguma iniciativa da ASPEA
valor nós conseguimos per- que gostasse de destacar?
ceber se o rio tem boa quali- Nós temos um projeto que é o CareFo-
dade, se tem má qualidade, rest, também é um projeto internacio-
qualidade média. Também nal, cujo objetivo é trazer as escolas,
temos uma plataforma que trazer os professores para trabalhar so-
está disponível no site, que bre a temática das florestas, para perce-
mostra um mapa e nós con- ber a sua importância. Abordamos não
seguimos ver nos vários só a biodiversidade, mas por exemplo
países a qualidade daqueles a questão dos incêndios florestais. Te-
rios. mos alguns recursos que estão a ser
E depois temos a outra par- trabalhados, incluindo um e-book, que
portanto são muitos grupos para con- te, que é a parte do patri- depois vai ser disponibilizado para
seguir juntar, então nós tentamos sec- mónio, em que os alunos estão a fazer os professores utilizarem em sala de
cionar. Um encontro assim nacional, recolha de materiais de património ma- aula, com atividades, com conteúdos
neste momento só mesmo o encontro terial, imaterial e de memórias orais, a teóricos. Envolvemos as escolas, faze-
de monitores. fazer entrevistas à população. Estamos mos caminhadas na floresta, palestras,
a trabalhar num arquivo colaborativo, portanto atividades envolvendo as flo-
Quantos municípios estão em que vamos ter nos quatro rios o pa- restas. Os recursos irão sair até ao fim
envolvidos no Projeto? trimónio material, o património imate- deste mês ou início de maio e vão es-
Temos 141 municípios envolvidos. rial e histórias, memórias de pessoas. tar disponíveis no site do projeto, em
Também está a ser muito interessante inglês e português e nas línguas dos
O Projeto Rios já ganhou prémios envolver os alunos do ensino secundá- parceiros.
inclusive, não foi? rio. Mesmo até com a covid, nós temos E, só para finalizar, vamos ter as Jor-
Exatamente, sim, sim. Desde o Green os professores a dizerem: “Está a ser nadas Pedagógicas de Educação Am-
Project Awards, também ganhámos difícil, mas nós queremos continuar a biental agora em junho, 18 a 20, vão
uma menção honrosa no Prémio Na- trabalhar e queremos continuar a pro- ser presenciais, em Castelo de Vide, no
cional de Ambiente “Fernando Perei- curar”. Houve professores que até inte- Parque de São Mamede. Vão ser as vi-
ra”, Prémio Dragona Iberia, portanto graram nas suas unidades curriculares, gésimas sétimas. Vamos ter palestras,
temos alguns. em vez de fazerem outros trabalhos fa- vamos ter workshops, saídas de campo,
ziam trabalhos de ter de recolher entre- também há a possibilidade de as pes-
Há também o Living River… vistas, ter de procurar património. Os soas virem apresentar os seus projetos.
O Living River é um projeto interna- próprios alunos escrevem histórias ou Nós convidamos todos os professores,
cional e que teve um bocadinho como memórias que eles tenham ou memó- todos os interessados a vir, acho que
base o Projeto Rios, é um projeto cuja rias da família sobre uma parte do rio. é muito interessante esta troca de opi-
metodologia se inspirou no Projeto A ideia depois, o projeto termina em niões sobre assuntos de ambiente, e é
Rios. Temos quatro países que es- agosto, é que estas metodologias tam- sempre bom, ficamos a conhecer tam-
ESCOLA INFORMAÇÃO
tão envolvidos – Portugal, Espanha, bém estejam disponíveis (de forma não bém que recursos
Roménia e Turquia – e em cada país obrigatória) para os grupos do Projeto e que projetos
adotámos também um rio. No caso de Rios. estão a ser im-
Portugal é o rio Mondego. E nós envol- plementados em
vemos as escolas, escolas secundárias. Quantos troços de rios e ribeiras Portugal. É sem-
28 Cada escola adotou também um troço foram adotados pelo Projeto Rios? pre algo muito
do rio e estão a implementar duas me- Neste momento temos cerca de 296 valioso.
Educação
para a
cidadania
O porquê
e o como
Porque é que a educação
para a cidadania
é tão importante?
E que caminhos, que
metodologias são mais
adequadas? Estes,
no fundo, os grandes eixos
presentes nas
apresentações e debate
de mais um encontro
promovido pelo Museu
algum tipo de violência (que pode não
do Aljube, em 24 Dois universos ser violência física) e 58% já terão
de março, no quadro da fundamentais - o escolar sofrido pelo menos um comportamen-
e o familiar to de agressão. Dados a que se somam
“Cidadania, porque sim”. outros, relativos a bullying, consumos
Desta feita com o tema Quais as circunstâncias atuais em que e delinquência juvenil. Indicadores
se inscrevem dois universos funda- que, frisou, “me parecem perfeita-
“Igualdade, cidadania mentais - o escolar e o familiar? Par- mente claros em relação a porque
e pedagogia” e as tindo de dados concretos, José Mor- não devemos hesitar um segundo em
gado, do ISPA, reportou-se a alguns considerar imprescindível e incon-
intervenções de aspetos relevantes da realidade atual, tornável a educação para a cidadania
José Morgado reafirmando o quanto é imprescindível – quer do ponto de vista escolar quer
a educação para a cidadania. familiar – nas suas inúmeras vertentes
e Rita Ramalho. Um primeiro conjunto de dados, e dimensões”.
particularmente significativo: um Abordando os universos distintos da
estudo da UMAR, de 2020, em torno educação familiar e da escola, José
• Lígia Calapez da violência no namoro, envolvendo Morgado começou por se focar na
4598 jovens, do 7º ao 12º ano, com família. Um olhar centrado “naquilo
uma média de idades de 15 anos, que são as circunstâncias atuais”, que
indica que 67% consideram normal envolvem alterações significativas nos
estilos de vida, com a mãe e o pai a fissional bem-sucedido”. Hoje, “pelo essas abordagens mais integradas”.
trabalhar e muitas exigências do ponto nível de desenvolvimento das socie- “A flexibilidade curricular é uma coisa
de vista do trabalho. dades, uma pessoa que sai da escola que está ao lado da educação para a
A resposta da sociedade foi uma over- sem qualificação profissional fica sem cidadania? Integra a educação para
dose de escola. “Hoje, de acordo com uma ferramenta de inscrição no mundo a cidadania?”, questionou. O Desen-
o quadro legal, se considerarmos os do trabalho”. “Este é um desafio a volvimento para a Cidadania tem
tempos curriculares, as componentes que não podemos fugir”, realça. Tanto 17 domínios - “Como é que isto se
de apoio à família e as atividades de mais que “a exclusão da escola é muito integra?” De que recursos dispomos,
enriquecimento curricular, há crianças provavelmente a primeira etapa da quando “nem sequer temos computa-
que podem ir ao limite de 11h horas de exclusão social”. dores em todas as escolas para todos
presença na escola, diárias”. Outra vertente do papel da escola é ga- os miúdos”?
“Não tem que ser assim”, defendeu rantir a construção pessoal. E garantir Tudo isto “tem que ser pensado de
José Morgado. Em causa está uma or- qualificação e construção pessoal para uma forma integrada. E, sobretudo,
ganização social do trabalho diferente. todos. Na perspetiva de que “a essên- deve ser integrado, simplificado e
“Não é obrigatório que todos tenhamos cia ética da democracia é o respeito desburocratizado”.
estes horários como hoje. Há muita pela diferença, a defesa dos direitos,
hipótese de teletrabalho que agora a equidade e igualdade de oportunida- O entendimento intercultural
pandemia tragicamente veio tornar des”. Um aprendizado que necessa-
evidente, por exemplo – que pode obs- riamente passa pela educação, pela e a amizade como um passo
tar a que as famílias continuem a não escola. Não fica só confinado à família. essencial para a paz
ter qualquer margem de ajustamento Antes de avançar para o COMO mundial
no seu tempo”. Por outro lado, muitas implementar uma educação para a
vezes os recursos existentes não são cidadania, José Morgado alertou para Voluntária numa organização não
aproveitados – “Alternativas que po- uma tendência preocupante. “Receio governamental que tem como objetivo
deriam evitar as crianças estarem tanto que nos estejamos a encaminhar para o a educação para a paz – o CISV(1), Rita
tempo nas escolas”. declínio da educação e a soberania da Ramalho começou por uma breve nota
Acresce que as famílias não são todas aprendizagem. Ou seja – a ideia de que sobre a história dessa organização.
iguais nem têm os mesmos meios. São a educação compete apenas às famílias Criado depois da 2ª guerra mundial,
óbvias as desigualdades/assimetrias e que o problema da escola é o pro- por Doiris Allen, psicóloga americana
– económicas sociais e culturais. “Se blema da aprendizagem”, considerou. que desenvolveu o conceito de uma
vemos algumas vulnerabilidades no Muito embora esta tendência ainda não organização que promoveria o entendi-
que diz respeito aos contextos familia- seja tão sentida em Portugal, os riscos mento intercultural e a amizade como
res, não temos que os substituir, mas existem e “há uma sobrevalorização do um passo essencial para a paz mundial,
temos que fazer chegar aos miúdos resultado em detrimento do processo”. o CISV nasce em 1950, oferecendo,
aquilo que é imprescindível para o seu “É preciso lutar por uma educação que hoje, uma variedade de atividades
desenvolvimento saudável”. não seja só centrada na aprendizagem. locais – campus internacionais, inter-
Este um quadro em que “aquela ideia É evidente que é essencial que todos câmbios familiares e projetos comu-
de que a escola instruía e a família aprendam as competências desenhadas nitários. Chegou a Portugal em 1971
educava, não funciona”. Porque “nem compatíveis com cada ano de escola- e está atualmente presente em mais de
a família consegue, só por si, educar, ridade. Mas eu defendo também uma 60 países.
nem a escola consegue meramente educação para os valores. Uma cons- Numa intervenção em que salientou o
instruir”. ciência ética. Uma relação ética com o paralelismo entre a Estratégia Na-
E a escola: qual o seu papel neste mo- conhecimento. Que a escola também cional de Educação para a Cidadania
mento? Que desafios e respostas? tem que passar”, salientou. (ENEC) e a visão do próprio CISV,
Numa sociedade cujo desenvolvimento E o COMO? Disciplinarizando? Para Rita Ramalho começou por considerar
S C O LINFORMAÇÃO
A Informação
exige cada vez mais qualificação, esta José Morgado, o caminho a seguir é que a educação para a paz, tal como a
é naturalmente uma vertente incontor- outro. “Acho preferível que consiga- educação para a cidadania, incentiva-
nável do papel da escola. mos trabalhar com abordagens mais -nos a olhar para uma ampla gama de
ESCOLA
A qualificação, sublinha José Mor- integradas. E, sobretudo, pensar se, de questões. Questões que nos ajudam a
gado, é “um bem imprescindível à facto, a estrutura, a organização e con- obter uma melhor compreensão, quer
E
30
30 construção de um projeto de vida pro- teúdos curriculares são amigáveis para da nossa própria identidade, quer dos
Digital
direitos humanos básicos, dos confli- dos fogos florestais em Portugal. E a tendo na base uma visão holística da
tos e como eles podem ser causados, maneira como eles depois concretiza- pessoa”.
evitados e resolvidos, das soluções ram isto foi: foram à procura de dados Por último, Rita Ramalho destacou um
sustentáveis para questões ambientais estatísticos sobre os fogos em Portu- ponto da estratégia nacional de educa-
e de desenvolvimento. gal; criaram um jogo de verdadeiro ção para a cidadania, “onde é referido
Estes quatro temas são abordados pelo ou falso para partilhar com os outros que a conceção e desenvolvimento de
CISV em quatro principais áreas de participantes estes dados estatísticos projetos, assentes nas necessidades e
conteúdo. “A diversidade – ao explo- um pouco chocantes e, depois, dividi- recursos e potencialidades da comu-
rar a própria identidade, os participan- ram o grupo em grupos mais pequenos nidade, corporizam situações reais de
tes descobrem a sua posição dentro (de 8), para simular uma reunião de vivência da cidadania”, para o destacar
de uma comunidade e da sociedade, uma câmara municipal, como é que como um modelo também utilizado na
enquanto percecionam as identidades uma câmara municipal poderia agir organização do CISV: os estágios de
diferentes dos outros. Os direitos hu- em relação a este problema dos fogos desenvolvimento de um grupo.
manos – ao sentirem a influência dos florestais. Escolheram personagens A ideia seria pensar numa turma como
direitos humanos na própria vida, os específicas para atribuir aos participan- uma microcomunidade, com necessi-
participantes começam a descobrir e a tes (uns seriam presidentes da câmara, dades e potencialidades específicas. E,
perceber a importância dos direitos hu- outros ativistas, outros diretores de nesse sentido, “perceber em que fase
manos na vida dos outros e a relacio- uma fábrica de papel)”. Este passo de desenvolvimento do grupo estão e
ná-la com problemas como a violência corresponde ao fazer atividade, para ajustar e ajudar a adaptar as ativida-
e a pobreza. Conflito e resolução – que depois se poder refletir. “Porque é des e dinâmicas que queremos fazer
ajuda os participantes a compreen- que isto é um problema? Que atitudes, e, consequentemente, potencializar o
der como os conflitos podem surgir competências e conhecimentos é que impacto que estas podem ter”.
(deliberadamente ou não) e o que podemos retirar daqui para generalizar O modelo de estádios de desenvolvi-
pode ser feito para se chegar a uma para outro contexto? (nesta discussão, mento envolve cinco fases. “A pri-
solução pacífica. E por fim, mas não já no grupo grande, falámos também meira corresponde à própria formação
menos importante, o desenvolvimento nos fogos na Austrália, na Califórnia). do grupo. É um momento em que os
sustentável – em que os participantes E como é que atitudes semelhantes alunos ainda não se conhecem bem,
desenvolvem estratégias para procurar podem ser soluções para este problema pode haver algum constrangimento. O
estabilidade económica e social, com – e esse seria o passo aplicar”. que nos leva à segunda fase – que cha-
base em processos e atitudes susten- Relembrando os eixos definidos pela mamos de conflito, porque é isso que
táveis e responsáveis perante o meio estratégia nacional de educação para a a carateriza – é mesmo um momento
ambiente”. cidadania – atitude cívica individual, para definir papéis e esclarecer as ne-
A metodologia da organização é relacionamento interpessoal e relacio- cessidades para que o grupo possa evo-
“aprender fazendo”. Ou seja, “Come- namento social e intercultural – Rita luir para a fase da normalização, onde
çamos por fazer uma atividade; depois Ramalho considerou que, apesar de ser a dinâmica começa a ser um pouco
refletimos sobre que atitudes, com- possível identificar aqui uma sequên- mais fluida, mas ainda assim o grupo
petências e conhecimentos podemos cia – passar de algo mais individual ainda não atingiu o seu potencial. Isso
retirar desta atividade; generalizamos e mais íntimo para um contexto em acontece só na fase da execução - nesta
para um contexto diferente ou como que já há interação, para um contexto fase o grupo está alinhado e produtivo.
esta nova aprendizagem pode ser apli- ainda maior de sociedade – “não existe Por fim, a fase de dissolução do grupo
cada; o que nos leva ao último passo – necessariamente uma ordem porque – separação que, na escola, acontece
aplicar efetivamente e pôr estes novos deve ser trabalhada”. E exemplificou: no fim do ciclo escolar”.
conhecimentos em ação”. “Para gerir conflitos, por exemplo, é No CISV, concluiu Rita Ramalho,
Para ilustrar esta metodologia, Rita preciso o diálogo e uma comunicação “temos muito em atenção em que fase
Ramalho referiu um exemplo concre- cuidada e autonomia individual. Mas, de desenvolvimento do grupo os parti-
to: uma atividade desenvolvida por por outro lado, para desenvolvermos cipantes se encontram e as atividades
participantes de 14 anos, na Dina- a nossa identidade cidadã, precisamos que planeamos são sempre adaptadas,
Informação
Informação
marca, num contexto intercultural, de comunicação e de estar inseridos para garantir a eficácia das mesmas”.
num campo com participantes de 10 num contexto de sociedade”. Ou seja, (1)
https://pt.cisv.org/
ESCOLA
J
osé Feliciano Costa, presiden- serviço para vincular, em 2019 esse nú- sidade permanente tem sempre de cor-
te do SPGL debruçou-se sobre mero passou para 15 anos e em 2020 já responder um vínculo laboral efetivo”.
a precariedade na profissão do- era de 16 anos”. Manuela Mendonça, coordenado-
cente começando a sua interven- Para inverter esta situação, é indispen- ra do SPN, abordou a necessidade de
ção classificando a precariedade como sável, disse, um investimento adequado dignificação da carreira docente como
“essa chaga que é um dos maiores para a Educação no Orçamento de Esta- condição de futuro. Denunciou a deses-
problemas da profissão docente, que do e a abertura de negociações em torno truturação da carreira como resultado
impede projetos de vida, que fragiliza, da revisão da legislação de concursos, da não contagem de 6 anos, 6 meses e
que permite abusos, ilegalidades, que do reforço da dotação de quadros das 23 dias de serviço prestado, das ilegais
perpetua os salários mais baixos e as escolas, da revisão da “norma-travão”, ultrapassagens por força dos mecanis-
piores condições de trabalho (…)”. Re- da reafirmação do carater nacional dos mos de transição da carreira na revisão
ferindo-se à chamada “norma-travão”, concursos com respeito pela graduação de 2009, da limitação de progressão
José Costa sublinhou que “ela continua profissional dos docentes, da redução resultante das quotas e vagas de acesso
Informação
a não impedir que milhares de docentes da área geográfica dos QZP e do aces- ao 5º e 7º escalões. E sublinhou que a
continuem, repetida e consecutivamen- so à totalidade das vagas dos Quadros valorização da carreira docente é “fun-
ESCOLA
te, a serem contratados a termo durante De Agrupamento e de Escola e dos damental para a atratividade da profis-
5, 10, 15, 20 anos de serviço”. E apre- Quadros de zona pedagógica, abertas são”, indispensável para rejuvenescer o
sentou números elucidativos do agravar a concurso para todos os candidatos ao corpo docente. “A falta de professores
32 do problema: “Se em 2018 um docen- concurso interno e externo. Orientação que hoje já se faz sentir em Portugal
te precisava em média de 13,5 anos de sintetizada na afirmação “A uma neces- não acontece por acaso” - sublinhou.
Escola/Professores
Anabela Sotaia, coordenadora do que, com implicação até na vida pes- ção com muitas e boas provas dadas”.
SPRC, sublinhou a necessidade de me- soal, afetam a vida profissional dos do- Insistiu na posição não negocial do
lhorar as condições de exercício da pro- centes (…)”. Denunciou a política anti M.E. face às propostas concretas já en-
fissão docente, nomeadamente a regula- negocial do M.E., considerando que tregues, em quatro momentos diferen-
rização dos horários de trabalho. Depois “por cá, diálogo e negociação são, so- tes, pela FENPROF, considerando que
de recordar que os docentes deram uma bretudo, produtos de propaganda para além da falta de vontade política para
excecional resposta à crise desenca- o exterior com raro consumo interno”. negociar há também um ”pensamento
deada pela pandemia, adaptando rapi- Sintetizou a desregulação da carreira economicista.”. Quanto à necessidade
damente a sua prática às condições do docente, explicitada nas intervenções de recuperação das aprendizagens per-
ensino a distância, mas também garan- anteriores, com a expressão “não há didas com a pandemia, Mário Noguei-
tindo a abertura das escolas sempre que carreira docente, mas apenas uma es- ra defendeu que devem ser as escolas a
tal foi preciso e possível, Anabela Sotaia trutura que serve de referência a uma decidir as medidas que cada uma julgue
recordou a intervenção do diretor-geral progressão que desrespeita a vida pro- mais apropriadas. Terminou anuncian-
da OIT no Dia Mundial dos Professo- fissional dos docentes”. Considerou que do a continuação da luta através de
res, que chamou a atenção para a im- o rejuvenescimento da classe docente ações específicas a desenvolver duran-
portância do trabalho da classe docen- facilitaria o uso das novas tecnologias te o mês de maio junto as Conselho de
te e para a necessidade de os governos digitais, sublinhando, contudo, que os Ministros.
os apoiarem. Enunciou como questões que agora são mais velhos “é uma gera- https://www.spgl.pt/manifestacao-de-docen-
urgentes a negociar com o M.E. a eli- tes-frente-ao-centro-cultural-de-belem
minação dos abusos e ilegalidades nos
horários de trabalho dos docentes (…), Resolução
“a distinção clara e objetiva entre o que Diálogo e negociação para dar futuro à profissão docente,
é considerado atividade letiva e ativida- estabilidade à Escola Pública e qualidade à Educação e ao Ensino
de não letiva”, a inclusão na compo-
nente não letiva individual das horas de Confirmando a entrega e o profissionalismo de sempre, professores e educadores tudo fize-
ram para, neste tempo de pandemia, exercendo a sua atividade presencialmente, a distância
redução previstas no artigo 79 do ECD,
ou em regime misto, nenhum aluno ficar para trás. Com o mesmo empenho, estão disponíveis
a redução do número de alunos, a redu- para, com o seu trabalho, contribuírem para a recuperação de aprendizagens prejudicadas
ção das tarefas burocráticas por turma, pela situação anómala que se tem vivido.
a dotação de equipas multidisciplinares Esse exemplar cumprimento dos deveres profissionais, contudo, não teve, da parte da tutela,
necessárias aos processos de inclusão e o devido reconhecimento, designadamente respeitando os seus direitos, melhorando as suas
a colocação de assistentes operacionais condições de trabalho e, de uma forma geral, valorizando a profissão docente.
Rejeitando negociar medidas importantíssimas para os professores, resolvendo problemas
em número necessário.
que os penalizam, o que temos é a imposição de um regime de avaliação de desempenho que
Manuel Nobre, presidente do SPZS, gera conflitos, mina o trabalho colaborativo, fundamental para a boa organização e o normal
debruçou-se sobre o envelhecimento na funcionamento das escolas, e provoca, também devido às quotas, profundas injustiças.
profissão docente, que considerou “ Os professores são dos poucos trabalhadores da Administração Pública que mantêm os cor-
”. Referiu que tes salariais, agora decorrentes da não contagem integral do seu tempo de serviço e do
“mais de 85% dos docentes portugue- regime de vagas para progressão a escalões intermédios da carreira; o envelhecimento da
profissão docente é visível, mas o governo rejeita as propostas que visam instituir um regime
ses têm acima de 40 anos de idade, 50%
de aposentação justo ou mesmo aplicar a já anunciada pré-reforma; as condições de traba-
já passaram os 50 anos; mais de 12% lho nas escolas não melhoram e os professores veem-se confrontados com turmas numero-
estão além dos 60 anos; e os docentes sas, com todo um trabalho burocrático que retira tempo para o essencial da profissão e com
que têm até 30 anos de idade não che- horários que ultrapassam, em muito, os limites que a lei estabelece; os jovens são afastados
gam a 0,3%”. de uma profissão que tem sido desvalorizada, quer do ponto de vista social, quer material,
Defendeu que a proposta que urge ne- e na qual a precariedade subsiste ao longo de muitos anos, por vezes uma e duas décadas.
Estes são, entre outros, problemas para os quais a FENPROF tem apresentado propostas e
gociar com o M.E. assenta em “quatro
reclamado processos negociais, porém, os responsáveis do Ministério da Educação recu-
aspetos fundamentais” - a aprovação de sam- nos, impondo, há anos, um verdadeiro bloqueio negocial, mal disfarçado pela marcação
um regime específico de aposentação de uma ou outra reunião avulsa de que não resulta qualquer solução para os problemas que
dos docentes, a aposentação voluntária, são causa de grande desgaste e descontentamento de todos, levando, mesmo, ao abandono
sem penalização por idade, dos docen- de alguns.
tes com 40 anos de serviço, a aplicação Na Assembleia da República e, principalmente, em fóruns internacionais, o Ministro da Edu-
cação (re)afirma valorizar e praticar o diálogo social. Não é verdade. O diálogo social, em
do regime de pré-reforma aos docentes
particular na Educação em Portugal, é produto de exportação, com raro consumo interno,
e a consideração do tempo de serviço pelo que os professores presentes na Ação Nacional de Luta promovida pela FENPROF, em
não contabilizado para a carreira para 24 de abril de 2021, voltam a denunciar esse facto ao país, mas, desta vez, também ao es-
efeito de despenalização da aposentação trangeiro, daí a sua presença junto à sede da Presidência Portuguesa do Conselho da União
antecipada. Europeia.
Informação
Coube ao secretário-geral Mário No- Os professores e os educadores exigem diálogo, negociação e soluções para os problemas
que afetam e põem em causa o futuro da sua profissão; exigem respeito pelos seus direitos e
gueira encerrar as intervenções, come-
melhoria das condições de trabalho, certos de que essas são condições necessárias à afir-
ESCOLA
çando por reafirmar que a ação de luta mação da Escola Pública enquanto promotora de uma Educação e um Ensino de qualidade
pretendeu “reclamar o direito à nego- para todas/os as crianças e jovens.
ciação de soluções para os problemas Lisboa, 24 de abril de 2021
33
Escola/Professores
Desfile em Lisboa
Como sempre, o SPGL participou nas iniciativas populares de comemoração do 25 de Abril, integrando
a manifestação que desceu a Avenida da Liberdade. A construção da Escola Pública para Todos e de Qualidade
e de uma profissão docente valorizada são valores de Abril que urge continuar e aprofundar, como condições
estruturais para uma sociedade mais justa, mais igual e mais solidária.
EXPOSIÇAO AJA
ASSOCIAÇÃO JOSÉ AFONSO
Informação
ESCOLA
O
mural é composto por
46 painéis de azulejos,
elaborados por professo- Na inauguração, além do Secretário- ao ideal democrático que o impul-
res e alunos de 46 Agru- -geral da FENPROF, intervieram - o sionou. Procurando simbolizar esse
pamentos de Escolas e Escolas não Presidente da Câmara Municipal de projeto, a FENPROF decidiu assinalar
agrupadas de todo o país e que foi, Peniche, Henrique Bertino Batista os 46 anos de Abril juntando futuro às
inicialmente, projetado para assinalar Antunes; a Ministra da Cultura, Graça memórias e, nesse sentido, propôs a
os 46 anos do 25 de Abril, em 2020. Fonseca; Marília Vilaverde Cabral, 46 agrupamentos de escolas e escolas
A inauguração foi inviabilizada nessa da União de Resistentes Antifascistas não agrupadas que elaborassem um
data pelas medidas então vigentes, no Portugueses (URAP); Pedro Pires, painel que, no conjunto, edificará um
âmbito do combate à pandemia. autor do desenho selecionado pela Mural que olhará de frente um dos
Este mural foi promovido pela Federa- Escola Secundária do Fundão; Sérgio espaços em que o fascismo encarce-
ção Nacional dos Professores (FEN- Branco, da Comissão Executiva da rou ideais, cultura, arte, liberdades e
ESCOLA INFORMAÇÃO
parte do MCTES e da Fundação para tal para que a ciência e os cientistas manobra inaceitável da FCT para redu-
a Ciência e a Tecnologia (FCT) aos possam sobreviver.” Para dar respos- zir artificialmente as taxas de insucesso
problemas dos trabalhadores, eviden- ta a estes problemas é necessária, e já destes concursos e defendem a abertura
ciados e agravados durante este perío- muito tarda, a prorrogação de todas as de novas edições em 2021, para repor a
do, das principais reivindicações que bolsas de investigação, como é exigido justiça aos investigadores que não pu-
38 levaram a este protesto destacam-se as no abaixo-assinado lançado pela ABIC deram submeter as suas candidaturas
seguintes. em março deste ano. por motivos que lhes são alheios.
Escola/Professores
Integração de todos os reforçou que “os bolseiros, nomeada- autênticas offshores que servem para
trabalhadores aprovados para mente os bolseiros de doutoramento, prolongar e agudizar estas desigualda-
fazem investigação, produzem ciên- des.”
regularização no PREVPAP,
cia”, afirmando que “está na hora de
tanto nos Laboratórios do Estado, vincular estes milhares de trabalhado- Uma delegação da ABIC e da FEN-
como nas restantes instituições res, de acabar com as bolsas (…).” PROF foi recebida pelo ministro Ma-
académicas e científicas nuel Heitor, tendo por objetivo entre-
Como afirmou António Matos, diri- Integração dos trabalhadores gar o abaixo-assinado pela prorrogação
gente da FENPROF, o PREVPAP não de todas as bolsas, lançado pela ABIC,
científicos nas respetivas
resolveu o problema da precariedade que contava na altura com mais de
neste setor. Ainda assim, a somar ao in-
carreiras
2700 assinaturas, e a resolução apro-
Só por este meio se conseguirá pôr fim
sucesso do PREVPAP na regularização vada no protesto. Do relato detalhado
ao flagelo da precariedade na ciência.
da situação dos trabalhadores precários das conclusões da audiência, salienta-
António Matos afirmou que “a inves-
das instituições tuteladas pelo MCTES, -se que o ministro se comprometeu a
tigação que se faz em Portugal é em
dos poucos trabalhadores aprovados concertar com a FCT um mecanismo
grande medida suportada por bolsei-
para regularização neste processo (ca. que permita a prorrogação das bolsas;
ros, suportada por investigadores com
400 de ca. 3200 requerentes), muitos pretende fazer a revisão dos regula-
contrato a termo” e concluiu que “é
continuam à espera da efetiva integra- mentos de projetos da FCT e mostrou
tempo de dizer que basta de precarie-
ção. abertura para o lançamento de um
dade, é necessário dignificar a carreira,
O mesmo se verifica no IPMA, labora- concurso para projetos exploratórios
é necessário colocar estes investigado-
tório do estado onde 38 investigadores ainda em 2021; garantiu que as verbas
res, seja os com contratos a termo seja
receberam a homologação dos parece- relativas ao PREVPAP para as institui-
os bolseiros (…)”. Teresa Rodrigues
res positivos em julho de 2018, conti- ções tuteladas pelo MCTES já foram
frisou ainda que “a carreira de investi-
nuando, no entanto, 25 investigadores transferidas; e propôs um Pacto para a
gação em Portugal está estagnada e em
a aguardar a integração na carreira de Capacitação das Carreiras Científicas,
acelerada degradação.”
investigação científica, como expli- que incluirá a revisão do Estatuto da
Simone Tulumello, da Rede de Inves-
cou Teresa Rodrigues, que se encontra Carreira de Investigação Científica.
tigadores Contra a Precariedade Cien-
nesta situação. E afirmou que “passa-
tífica, salientou que este problema é
dos mais de três anos após o início do Vale a pena lutar. A serem cumpridos
multifacetado e está relacionado não
processo legislativo que desencadeou estes compromissos, assistiremos a
só com a necessidade de financiamen-
o PREVPAP, é urgente concluir aquilo um avanço relevante face aos proble-
to e a vontade da tutela, mas também
que é de mais elementar justiça, a re- mas mais imediatos dos trabalhadores
com resistências das instituições em
gularização da situação contratual e a científicos, sobretudo precários. No en-
integrarem os investigadores precários,
integração destes 25 investigadores no tanto, como estamos habituados a pro-
salientando a necessidade de os inves-
quadro da instituição”. messas vãs e malabarismos de palavras
tigadores se unirem e organizarem den-
e números do ministro Manuel Heitor,
tro das instituições, tal como a FEN-
temos de continuar alerta e intensifi-
Revogação do Estatuto PROF e a ABIC têm vindo a defender.
car a luta. Por outro lado, como afir-
do Bolseiro de Investigação José Vicente, do Núcleo de Investiga-
mou Ana Ferreira, dirigente do SPGL
Bárbara Carvalho e António Matos rei- dores do IST, afirmou que “hoje as ins-
e da FENPROF, referindo-se à reunião
teraram esta reivindicação da ABIC e tituições públicas do SCTN parece que
com o ministro, “temos algumas diver-
da FENPROF. As bolsas de investiga- continuam a olhar não para o capital
gências de base que não conseguimos
ção não conferem um vínculo laboral, humano e o seu pleno potencial, mas
ultrapassar, nomeadamente em termos
traduzindo-se no total desprovimento sim para os expedientes mais baratos
de considerar os bolseiros trabalhado-
de direitos laborais e proteção social e mais flexíveis com que podem dis-
res, em termos de o que é a precarieda-
dos trabalhadores que exercem a sua por desses recursos. São agora muitas
de (…)”, e Bárbara Carvalho reiterou
atividade com este tipo de vínculo. vezes as entidades privadas sem fins
que “há divergências de fundo, diver-
Os bolseiros de investigação são tra- lucrativos os elementos preferenciais
gências mesmo muito profundas sobre
balhadores científicos e têm direito a para continuar a alimentar o sistema
aquilo que deve ser o SCTN e aquilo
um contrato de trabalho, independente- público de ciência e tecnologia, en-
que deve ser o emprego científico, em-
mente de estarem em formação. quanto se esvaziam as carreiras de in-
prego de facto.” Ora, só aumentando
No entanto, como lembrou Bárbara vestigação. Portanto (…) é necessário
a participação e reforçando a luta
Carvalho, “o MCTES, através das suas acabar com estas desigualdades entre
poderemos alcançar a substituição
intervenções que raramente respondem colegas que servem juntos o mesmo
das bolsas de investigação por con-
àquilo que nós perguntamos, continua bem público, desigualdades económi-
Informação
valorização.
disso, continua a dizer que as bolsas como aconteceu recentemente no IST
são o objeto privilegiado para quem (…). É necessário pôr travões, por via
está em formação.” António Matos legislativa também, à utilização destas
39
Escola/Professores
O Departamento de Professores
e Educadores Aposentados
do SPGL participou na passada
sexta-feira, dia 16 de abril,
na Casa do Alentejo, na IX
Conferência Nacional da
Inter- Reformados / CGTP-IN
com o lema: “Direito dos
Trabalhadores a Envelhecer
com Direitos - Organizar,
Defender, Reivindicar e Lutar -
Afirmar a Solidariedade
Intergeracional”.
IX Conferência Nacional
da Inter-Reformados da CGTP-IN
Em discussão estiveram diversos docu- dos e as consequências da pandemia. lares, fora do seu conforto, e da necessi-
mentos: O Departamento de Professores e Edu- dade de um maior reforço no apoio do-
• “Relatório de Atividades da Inter-Re- cadores Aposentados do SPGL teve miciliar e da figura do cuidador formal.
formados (Mandato 2017-2021)”; oportunidade de trabalhar os documen- Foi eleita nova Direção Nacional, para
• “Ação Reivindicativa e Reivindica- tos em análise e, após algumas reuniões o mandato 2021 a 2025, com 35 cama-
ções Imediatas “; on-line, enviou o seu contributo para a radas aposentados de diversos Sindica-
• “A Organização Sindical dos Refor- melhoria dos mesmos, quer no relató- tos, Uniões e Federações de todo o país,
mados”; rio de atividades quer no documento da na qual foi eleito o camarada Rui Capão
• Resolução “Situação Social dos Re- Ação reivindicativa e Reivindicações recentemente aposentado, em substitui-
formados: Segurança Social – Serviço imediatas. ção da camarada Isabel Gaspar.
Nacional de Saúde – Causa e Efeitos da Participaram nesta conferência 135 de- Continuaremos, assim, presentes e
Pandemia”; legados, guardando as devidas distân- atuantes na Direção Nacional da Inter-
• Moção “Pela Paz – Contra a Guerra e cias e orientações da DGS. -Reformados da CGTP, determinados
a Ingerência”; O SPGL participou com uma delegação a que esta organização tenha a visibi-
• Moção “Trabalhadores têm direito a de quatro delegados, a que tinha direito, lidade e projeção que merece como a
Envelhecer com Direitos: Rede Públi- bem como a representante que perten- organização mais representativa dos
ca de Lares e de Residência de Idosos cia à Direção da IR. trabalhadores Reformados/Aposenta-
– Cuidados Continuados e Paliativos – Tivemos duas intervenções na Con- dos deste país, com 2 milhões e 800 mil
ESCOLA INFORMAÇÃO
Apoio Domiciliário – Fruição Cultural ferência, a do coordenador Bráulio reformados, assumindo, na sua ação
e de Lazer”; Martins, que versou a importância dos reivindicativa, um conjunto de priori-
• Documento de Apoio. Realizado pelo departamentos de aposentados nos sin- dades, assentes no esclarecimento, na
gabinete e estudos da CGTP-IN versan- dicatos e um pouco da nossa história, intervenção e na luta pelo direito a uma
do: A população reformada e o valor organização e atividade, e da colega reforma digna e com direitos.
40 das pensões; O direito à Segurança So- Almerinda Bento, de Setúbal, que nos
cial; As condições de vida; Os reforma- falou da problemática dos idosos nos
1º de Maio
Escola/Professores
Desfile em Lisboa
Informação
ESCOLA
41
Opinião
Almerinda Bento
M.A.G. do SPGL
Daniel Sampaio
Um testemunho
E
ste meu texto é confessa que se apagou da família, dos amigos foi ele e para toda a família.
escrito no dia e que a entrevista acabou o que o salvou. Ele não A família, o seu grande
em que mais por ser um testemunho de pára de agradecer ao SNS, suporte de vida que aqui
uma fase do des- Daniel Sampaio e da sua como aliás já há alguns mais uma vez se revelou
confinamento da terrível experiência de 50 dias de meses tinha feito Isabel do e reforçou. Lê-se em toda
terceira vaga da pandemia hospitalização por essa Carmo que também nos a entrevista/testemunho
ocorreu em Portugal. O doença a que chamou a deu a conhecer o seu tes- um agradecimento enorme
dia está lindo, soalheiro, “doença do desamparo” temunho. Jovens médicos ao SNS e a intenção de
os e as jovens do secun- e em que descobriu em si alguns que tinham sido escrever um pequeno livro
dário regressaram às mesmo um homem que seus alunos, enfermeiros, sobre o que passou. Fica-
escolas, a maior parte dos/ não conhecia. pessoal de apoio, sempre mos a aguardar.
as docentes e do pessoal Um homem experiente, atentos com todos os pa- “Vamos lá ver se con-
das escolas já recebeu a culto, da área da medicina cientes, incentivando-os a seguimos que não haja
primeira dose da vacina, e da ciência reconhece lutar pela vida, a tratá-los outra vaga.” Diz Daniel
o 25 de Abril este ano já que foi “displicente” e por “amor” e “querido”, Sampaio quase a terminar.
pode ser feito na rua e não que no meio do seu muito sem desfalecerem, mesmo O dia está lindo. Abril e
à janela com a Grândola, trabalho se descuidou. “É exaustos. Num ambiente Maio estão aí. Vamos para
como no ano passado e o necessário respeitar as em que só há o pessoal a rua, vamos viver a vida,
1º de Maio também vai regras”. Depois de quinze hospitalar, em que o con- vamos lutar pelos nossos
ter maior participação e a dias terríveis no ambiente tacto com o exterior só é direitos, mas vamos cuidar
força de estarmos na rua. dos cuidados continuados possível através de meios que não haja outra vaga.
A confiança de melhores em que o barulho das tecnológicos, o compa-
dias, mas o dever de man- máquinas é omnipresente nheirismo dos pacientes Nota: este meu texto é
ter todos os cuidados. e em que a barreira entre da enfermaria (aqui o uma homenagem à minha
A força do testemunho do a vida e a morte é muito sportinguismo foi maiori- prima Maria Teresa Dias
psiquiatra Daniel Sam- ténue, a saga hospitalar tário), a literatura, as men- Roldão Bento, sócia do
paio (“Expresso” 16 de prolongou-se devido a sagens de encorajamento, nosso sindicato, educado-
Abril de 2021) devia ser uma bactéria que o atin- os pequenos passos, o ra no jardim-de-infância
divulgada massivamente. giu. “Houve momentos em primeiro banho, a voz da Brejoeira, Agrupamen-
As notícias que nestes que achava que me devia dos netos, a alegria que to de Escolas de Azeitão,
Informação
tempos são difundidas deixar morrer” é o título transmitiam, ajudaram-no infelizmente levada no
são tão contraditórias, da notícia a duas páginas a perceber as forças que final do mês de Janeiro
ESCOLA
negativas e tóxicas, que o do “Expresso” mas aos tinha e que nunca tinha pela covid-19.
exemplo vivido e relatado momentos de desespero e descoberto.
pelo próprio acaba por desamparo, a força que lhe O regresso a casa foi num
42 ser um oásis de positivi- vinha constantemente do dia simbólico - o Dia do
dade. A própria jornalista pessoal da equipa do SNS, Pai. Inesquecível para
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FÁTIMA ANJOS
FÁTIMA ANJOS
Advogada
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N
esta rubrica do “Escola Informação” vai origem para umas das vagas existentes no seu grupo
ser abordado o regime jurídico da Licença de docência; ou
sem vencimento de longa duração (artigo b) Não existindo vaga naquele quadro, pode requerer
107º do ECD) e ainda a matéria relativa ao a integração na 1ª vaga que ocorrer no quadro a que
Regresso ao serviço no decurso do ano escolar por pertence.
decorrência de Licença sem vencimento de longa du- Embora o legislador não refira que esta vaga tenha
ração na sequência de doença (artigo 99º do ECD), por que ser no seu grupo de docência deve-se entender
existir entre elas uma relação. que, por razões de ordem pedagógica, o docente deve
1) O Regime geral de licença sem vencimento de ser colocado num grupo para o qual possua habilita-
longa duração encontra-se previsto nos artigos 280º ção.
e 281º da Lei Geral de Trabalho em Funções Públicas, É de referir que o constante nas alíneas a) e b) supra
aprovada pela Lei nº 35/2014, de 20 de junho. não impede o docente de se apresentar a concurso
Contudo, o regime especial da referida licença apli- para obter uma colocação em lugar do quadro se não
cada ao pessoal docente consta do artigo 107º do existir vaga no seu quadro de origem. Contudo, caso
Estatuto da carreira Docente (doravante ECD). De não obtenha colocação no mencionado concurso
acordo com este quadro legal, esta licença só pode manter-se-á em situação de licença sem vencimento
ser concedida a docentes do quadro de nomeação de longa duração com direito a recorrer às situações
definitiva com, pelo menos, 5 anos de serviço docente supra mencionadas.
efetivo devendo entender-se que estes podem ter sido 2) No que respeita à matéria constante do artigo 99º do
prestados seguida ou interpoladamente. Conforme re- ECD que tutela o “Regresso ao serviço no decurso do
sulta do disposto no artigo 99º do mesmo ECD, o início ano escolar” e regula a situação de Licença sem ven-
e o termo da licença sem vencimento de longa dura- cimento de longa duração na sequência de doença
ção são obrigatoriamente coincidentes com as datas há que referir que o que decorre desta norma constitui
de início e termo do ano escolar exceto na situação de um regime especial relativamente ao regime geral su-
licença de longa duração por motivo de doença. pra enunciado. E isto porquê? Porque, tendo em conta
O nº 4 deste mesmo preceito legal tutela o regresso ao que o serviço letivo é distribuído no início do ano es-
quadro de origem dos docentes na referida situação colar, o objetivo do legislador foi evitar que o regresso
determinando que os mesmos deverão apresentar um de um docente nesta situação, no decurso do mesmo,
requerimento, para o efeito, até ao final do mês de acarrete perturbações ao seu normal funcionamento.
setembro do ano letivo anterior àquele em que preten- Assim, prevê a referida norma que, o regresso ao ser-
dem regressar. (Por ex: um docente que se encontre viço dos docentes em questão depende de parecer
a gozar a licença sem vencimento de longa duração favorável da junta médica competente. Para além
desde o início do ano letivo de 2018/2019 e pretenda disso e para evitar as eventuais perturbações do nor-
regressar ao serviço no ano escolar de 2021/2022 mal funcionamento dos serviços, cabe ao órgão de
deverá apresentar requerimento para regressar ao administração e gestão do estabelecimento de ensino
quadro de origem até ao final do ano de 2019). É im- atribuir, aos docentes nessa situação, as funções que
portante salientar que o docente nestas circunstân- exercerão até ao início do ano escolar seguinte as
Informação
cias deve gozar as férias a que tem direito no ano civil quais deverão ser de natureza não letiva que consti-
de passagem à situação de licença sem vencimento tuam funções de apoio.
de longa duração e antes do início da mesma. Relembra-se que, para eventuais esclarecimentos so-
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No que respeita ao regresso ao serviço dos docen- bre as matérias abordadas, poderão os destinatários
tes nesta situação, os nºs 3, 5 e 6 do quadro legal em recorrer aos serviços de Apoio a sócios e de Conten-
questão determinam o seguinte: cioso do SPGL.
a) Um docente pode requerer o regresso ao quadro de 45
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