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alunos do ensino secundário que tem como

objetivo estimular a criatividade e associar


a ciência, a tecnologia, a leitura e a escrita,
através da construção de um protótipo bió-
nico que servirá como protagonista de um
conto de ficção original.
Ou, ainda, ficar a par das próximas ações de
formação, que neste caso serão online.
es

..LEITURAS..BLOGS..SITES..

Sites Ciência em Três

e Blogs
Sugest

http://ce3.igc.gulbenkian.pt/
Esta é uma plataforma que reúne recursos
para a aprendizagem das Ciências da Vida,
desenvolvidos pelo Instituto Gulbenkian de
Ciência. Destina-se a professores de todos
os ciclos de ensino pré-universitário (básico e
secundário), educadores (ensino pré-escolar)
e comunicadores de Ciência, e a todos os
curiosos pelas Ciências da Vida.
Aí aprende-se ciência em três tempos que
são considerados fundamentais para melhor
entender o mundo que nos rodeia: questio-
nar, explorar e descobrir.
ESERO No site estão disponíveis atividades cientí-
https://www.esero.pt/ ficas - guiões de experiências e atividades
ESERO (European Space Education Re- desenvolvidos com a ajuda de cientistas do
source Office) é um programa educativo da Instituto Gulbenkian de Ciência e adaptados
Agência Espacial Europeia (ESA) que usa para o ambiente de sala de aula; vídeos e
o Espaço como contexto inspirador para animações, produzidos para serem usados
a aprendizagem das ciências, tecnologias como ferramenta auxiliar às atividades cien-
e matemática, como forma de promover tíficas propostas ou de forma independente;
o interesse dos alunos nestas disciplinas e artigos de revisão - textos de revisão es-
nos níveis básico e secundário e incentivar critos por cientistas do Instituto Gulbenkian
carreiras científicas e de engenharia. de Ciência que nos atualizam na biologia de
Em cada país aderente, o ESERO é esta- hoje.
belecido em colaboração com instituições Vídeos como “Nós, os fantásticos seres vi-
a nível nacional ligadas à educação de vos: uma breve história sobre evolução”, que
ciência, de modo a melhor corresponder explora como surgiu toda a diversidade de
aos interesses da comunidade educativa. seres vivos na terra a partir de um antepas-
Em Portugal a parceria foi estabelecida com sado comum: o conceito de Evolução.
a Ciência Viva. Atividades como “Mapa da Biodiversida-
O ESERO Portugal promove a abordagem de (II)”, onde os alunos, seguindo pistas,
de temas do Espaço na sala de aula, através completam um jogo de correspondência
da disponibilização de recursos educativos, para o qual têm de determinar a localização
oficinas e cursos de formação. no mapa mundo de diferentes animais e
No site pode encontrar recursos como o plantas. E, também, vestem a pele de um
Kit/livro “Compreender a Terra através do cientista e, seguindo pistas e/ou informação
Informação

Espaço”, que contém 21 fichas de ativida- factual, determinam o estatuto de conserva-


des distribuídas por 4 capítulos distintos: ção de algumas espécies (ameaçada, quase
Uma viagem através do Sistema Solar; Luz ameaçada e pouco preocupante). Adicio-
ESCOLA

e Escuridão; Aspetos Físicos do Meio e nalmente, podem desenvolver um plano de


Matemática no dia-a-dia. conservação daquelas que se encontrarem
Pode também conhecer projetos com o ameaçadas.
2 Metamorfoses. Um projeto destinado aos Sofia Vilarigues

Digital
Nº31 ABRIL 2021

Mentiras sobre SUMÁRIO


a carreira dos professores
e educadores
1. É falso que atualmente o topo da carreira se atinja
aos 34 anos de serviço. Juntemos a esses 34 anos,
o tempo prestado e “roubado”: 6 anos, 6 meses e 23
dias e já ultrapassamos os 40 anos; somemos-lhe,
para milhares de docentes, o tempo perdido nas vá-
rias medidas transitórias que acompanham as revi- 4. Editorial
sões da carreira; acrescentemos o tempo “parado” 5. Dossier. SPGL. 47 anos a construir Educação
para aceder ao 5º e 7º escalões: chegaríamos aos 45 6. O ensino unificado como fator de coesão social
7. Relembrar a Lei de Bases do Sistema Educativo
ou 46 anos de serviço; ou seja: para a maioria dos
9. Evolução da Educação Pré-Escolar
professores em exercício, o topo da carreira é uma 11. Tantas lutas e vitórias!
miragem… Talvez chegue a meio! 14. Para uma Escola Inclusiva
15. Luta contra a precariedade
2. É falso que o tempo máximo como contratado seja 17. O ECD tem de ser respeitado
de 3 anos. O M.E. encarregou-se de criar tantas con- 21. Cidadania
dições que, apesar da chamada “norma travão”, As raízes políticas autoritárias do neoliberalismo
23. Reportagem
continuamos a ter contratados com 10, 15 e mesmo
23. Paul de Manique
20 anos de serviço. 26. “Sem uma ligação afetiva, é mais difícil
cuidarmos”
3. É falso que os docentes não sejam avaliados. São 29. Educação para a cidadania
avaliados de acordo com a legislação que lhes foi 32. Escola/Professores
imposta. 32. Professores na rua pela dignificação
da carreira docente
34. Mais tempo na escola ou rentabilizar
4. É falso que a atribuição do Muito Bom e Excelente
o tempo da escola?
premeie os melhores. Com o mecanismo das quotas, 34. A escola exige presença
depende da roleta do agrupamento em que está co- 35. 25 de Abril
locado, no grupo a que pertence ou do representante 35. Exposição AJA
de grupo/departamento que lhe coube em sorte. 36. 46 anos, 46 escolas por Abril
37. Pelo direito à mobilidade dos Técnicos
5. É falso que o processo de avaliação melhore a es- Superiores do Ministério da Educação
38. Trabalhadores científicos em luta
cola e as aprendizagens; pelo contrário, abre confli-
40. IX Conferência Nacional da Inter-Reformados
tos entre os docentes, cria mau ambiente e torpedeia da CGTP-IN
o trabalho colaborativo entre estes. 41. 1º de Maio
42. Opinião
6. É falso que a carreira docente seja atrativa: há Daniel Sampaio Um testemunho
cada vez menos candidatos à docência. 43. Aos Sócios
45. Consultório Jurídico
Licença sem vencimento de longa duração
7. É falso que haja um ministro de Educação. Se hou-
e Regresso ao serviço no decurso do ano escolar
vesse, estaria preocupado e a negociar as soluções
urgentes.
Informação

ficha técnica:
Miguel André Diretor: José Feliciano Costa . Chefe de Redação: Manuel Micaelo .
ESCOLA

Conselho de Redação: António Avelãs, Albertina Pena, Paula Rodri-


gues, Paula Santos, Joaquim Veiguinha, Carlos Leal . Redação: Lígia
Calapez e Sofia Vilarigues (Jornalistas).Design Gráfico e Paginação:
Dora Petinha.Capa:D. Petinha Composição: Fátima Caria . Revisão:
Lígia Calapez . SPGL . Edição e Propriedade de: Sindicato dos
Professores da Grande Lisboa, Rua Fialho de Almeida, 3, 1070- 3
128 Lisboa . NIPC: 501057528 Periodicidade: Mensal. Depósito
legal: 9157/85 . ICS: 109893. Digital
Editorial É tempo de os professores
e educadores voltarem a
exigir, na rua, a dignificação
ESCOLA INFORMAÇÃO

Digital
José Feliciano Costa
DIRETOR ESCOLA INFORMAÇÃO da sua carreira

A
bril foi o mês em que professores e dadeiro flagelo que atinge milhares de docentes e que é
educadores estiveram, uma vez mais, absolutamente intolerável.
na rua, a manifestar o seu desagrado A 6 de maio, o SPGL vai dinamizar a primeira de várias
face a um Governo e a um Ministério iniciativas da FENPROF agendadas para este mês e irá
da Educação que continua a ignorar a fazê-lo onde está reunido, nesse dia, o conselho de minis-
resolução dos problemas que os afe- tros deste governo. Vamos falar, durante essa manhã, de
tam e também a Educação em Por- PRECARIEDADE, vamos reafirmar que os professores
tugal. Fizeram-no à porta do local onde o governo por- contratados não são descartáveis, que a precariedade não
tuguês exerce, este semestre, a presidência do Conselho é uma condição da nossa profissão, mas sim o resultado
Europeu e onde o Ministro da Educação de Portugal se de opções políticas que só a luta pode corrigir.
afirma adepto de um diálogo social, mas que, na sua pró- Prova-o, aliás, a aprovação na Assembleia da Repúbli-
pria “casa”, não pratica. ca no dia 22 de abril, da abertura de um concurso para
Este foi o início de um conjunto de iniciativas e o dia 24 a vinculação extraordinária dos professores das compo-
de abril simboliza o tão esperado recomeço das ações de nentes técnico-artísticas especializadas nas áreas das artes
rua, com grande participação dos professores, ainda que visuais e dos audiovisuais.
condicionado às limitações impostas pela pandemia. Abril voltou à rua e, junto dos milhares que voltaram a
Esta iniciativa marcou o “pontapé de saída” para um con- descer a Avenida da Liberdade, estiveram também os pro-
junto de iniciativas que irão decorrer também durante o fessores, a afirmar a exigência das condições necessárias
mês de maio e até final do ano letivo, se os professores para uma Escola Pública de qualidade.
e educadores portugueses continuarem sem respostas às Em maio, os professores reafirmarão na rua a sua dispo-
suas justas reivindicações e se mantiver este inaceitável nibilidade para continuar a lutar e a exigir respeito para
bloqueio a qualquer negociação séria e consequente. quem, como eles, tem estado na linha da frente, com toda
A reunião do passado dia 16 de abril com os Secretários a responsabilidade, dedicação e profissionalismo, mesmo
de Estado da Educação demonstrou, mais uma vez, que as nos momentos mais difíceis desta pandemia. Não esque-
portas da negociação estão fechadas e a prática é mesmo çamos que a postura dos professores foi determinante
a rejeição de qualquer tentativa de abordagem de questões para que, mesmo com todas as limitações, as escolas con-
que urgem ser resolvidas ou mesmo discutidas: tinuassem a funcionar.
- Uma carreira construída por gerações de professores, Maio é também o mês do aniversário do SPGL, que no
que por ela lutaram, que aboliram a prova de candidatura, dia 2 deste mês celebra 47 anos de uma trajetória cons-
que destruíram a divisão da carreira e que por tudo isso a truída sempre na luta pela afirmação da profissão docente
querem voltar a recuperar; e pela melhoria das suas condições de trabalho.
- Uma carreira valorizada e dignificada e o respeito pelas Este Sindicato herdou os saberes das reivindicações dos
condições de exercício da profissão, o que inclui a regu- professores provisórios, que conseguiram, com muita co-
lação dos horários de trabalho que ultrapassam todos os ragem e em plena ditadura, construir uma organização
limites estabelecidos pela lei e que são causa provada do nacional com reivindicações dos professores e criar uma
Informação

desgaste físico e emocional cada vez maior dos professo- consciência associativa, que muito facilitou o surgimento
res; de um movimento sindical forte e organizado, logo após
ESCOLA

- Uma aposentação digna e com condições justas para abril de 1974.


todos os professores e educadores após longos anos de Por isso, é tempo de celebrar abril e de celebrar maio mas
exaustiva dedicação; é tempo, também, dos professores e educadores voltarem
4 - O efetivo combate à precariedade na profissão, um ver- a exigir, na rua, a dignificação da sua carreira.
Dossier
ESCOLA INFORMAÇÃO DIGITAL Nº31 ABRIL 2021
SPGL.
47 anos
a construir
Educação
O SPGL fez 47 anos
no dia 2 de maio passado.
Com o dossiê deste número
do Escola Informação
sublinhamos o papel
importante, muitas vezes
mesmo decisivo, que o SPGL
(e a FENPROF, que integra)
desenvolveu, ao longo destes
anos, na construção e
consolidação dos progressos
na estrutura do sistema
educativo que permitem
que Portugal esteja hoje,
na maioria dos aspetos, ao nível
dos melhores países europeus.
Mas foi também com os
sindicatos, nomeadamente
com o SPGL, que se foi
construindo um estatuto
profissional, consubstanciado
num Estatuto de Carreira
Docente que, apesar das
distorções de que tem sido alvo,
continua a ser a referência
dos direitos conquistados
e a defender.
Informação
ESCOLA

5
Digital
O ensino unificado como
fator de coesão social
• António Avelãs

A
IDirigente do SPGLI

dimensão revo- o Decreto-lei nº 47480, de 2 de abertura para o mercado de traba-


lucionária que a janeiro, criando o Ciclo Prepara- lho, permitia o acesso ao ensino
dinâmica popular tório, de 2 anos, que passa a ser superior politécnico. E em 1983
forneceu ao que comum aos liceus e às escolas é relançado o Ensino Técnico-
poderia ter sido técnicas, mantendo-se, contudo, a -Profissional. A partir de 1989
apenas um golpe separação entre estas duas vias de assiste-se à expansão das escolas
de Estado em 25 de abril de 1974, prosseguimento de estudos. profissionais, boa parte das quais
fez sobressair a luta por uma maior É, pois, orientado pelo princípio da de iniciativa privada aproveitando
igualdade, mesmo que seja apenas os financiamentos vindos da CEE.
SPGL. 47 anos a construir Educação

justiça social, luta que se manifes-


tou em diversos campos. de “igualdade de oportunidades”, Mais tarde, generalizou-se o ensi-
No ensino e educação, entre ou- que após o 25 de Abril se manifes- no profissional a funcionar nas es-
tras medidas - a mais importante ta uma grande contestação a esta colas secundárias públicas. A for-
das quais foi certamente a massi- divisão socialmente estruturada. E mação profissional, hoje, passou a
ficação no acesso à Escola – a uni- em 1975, pelo despacho 523/75, ser vista com outros olhos, começa
ficação do então chamado ensino dá-se a extinção do ensino técni- a ultrapassar-se o estigma da má
secundário (a partir do que hoje é co (e também do liceal), surgindo qualidade e/ou da via destinada
o 7º ano de escolaridade) é um mo- o Ensino Unificado, com o 7º ano apenas a alunos com percursos de
mento importante desse processo. a entrar no ano letivo de 1976. insucesso e abandono escolar.
Com efeito, em 1974 ainda se Cumpria-se um desejo largamente Apesar de uma tentativa em con-
mantinha a divisão, que vinha de anunciado do secretário de Estado trário do ministro Nuno Crato, a
muitos anos antes, entre o ensino Rui Grácio. Deve, contudo, dizer- escolha entre uma via profissio-
liceal e o ensino técnico. Esta di- -se que uma unificação deste teor nalizante ou uma via mais acadé-
visão correspondia a uma clara esteve pensada ainda em 1973, mica passou a ser feita após uma
distinção social: o liceu destinava- numa primeira tentativa de uma escolaridade unificada de 9 anos,
-se a uma elite económica e social, Lei de Bases do Sistema Educa- atenuando, mesmo que parcial-
as escolas técnicas (comerciais tivo, que acabou por não avançar. mente, a divisão de classe que vin-
e industriais) às classes “popula- Em 1978, esta unificação foi es- cadamente se manifestava quando
res”, sem esquecer que boa parte tendida aos 10 e 11º anos de esco- esta “escolha” era feita logo após
da população se “contentava” com laridade. a primária ou o ciclo preparatório.
a escola primária ou era mesmo Alguns setores da direita política Ainda estamos longe de conseguir
analfabeta. O liceu permitia o não aceitaram de bom grado esta que, para a sociedade, a escolha
acesso direto ao ensino superior unificação do ensino liceal e téc- por uma via profissionalizante seja
(profundamente elitizado), o que nico. Simbolicamente continuam entendida como sendo de igual
era vedado aos que frequentavam a referir-se aos “liceus” que cor- dignidade que a via académica.
as escolas técnicas, cuja função porizavam o seu elitismo: Conti- Um passo significativo para a va-
era fornecer uma massa de traba- nuam a falar, hoje, do Liceu Pedro lorização do ensino profissional
lhadores medianamente formados Nunes, do Liceu Maria Amália, do poderão ser as medidas recente-
para o funcionamento das empre- Liceu Camões… que de facto são mente tomadas para viabilizar, na
sas. Era um dos meios através do Escolas Secundárias. Mas a críti- prática, o acesso destes alunos ao
qual as elites económicas de então ca mais pertinente é a acusação de ensino superior, quer o politécni-
garantiam o seu domínio social, que esta unificação destruiu o en- co quer o universitário. Ou seja: é
cultural e político. sino profissional criando dificulda- preciso caminhar para relativizar a
A divisão entre estas vias era for- des ao sistema empresarial. distinção (de 1989) entre “cursos
malmente assumida em 1947/48 Esta crítica só momentaneamente secundários predominantemente
Informação

com a publicação dos estatutos do foi aceitável. De facto, logo em orientados para a prosseguimento
Ensino Liceal e Técnico, marcan- 1981 é lançado o 12º Ano - Via de estudos” e “cursos secundários
Fotos: morgueFilefreephotos

do bem as diferenças entre estas profissionalizante, com vários cur- predominantemente orientados
ESCOLA

duas vias. sos de formação pré-profissional, para a vida ativa”, porque ambos
Se até 1967 esta separação se fa- articulada com a formação voca- devem permitir e incentivar o
zia logo à saída da escola primária cional oferecida no 11º ano. Esta prosseguimento de estudos.
6
de 4 anos, nesse ano é publicado via profissionalizante, além da
Digital
Relembrar a Lei de Bases
do Sistema Educativo
• Ana Cristina Martins
IDirigente do SPGLI

SPGL. 47 anos a construir Educação


A
Lei de Bases do Talvez este alargado consenso artigos, divididos por nove capí-
Sistema Edu- ajude a explicar também a longe- tulos. Foi aprovada a 24 de julho
cativo (LBSE) vidade de uma Lei que, pese em- de 1986, promulgada a 23 de se-
completa, a 14 bora algumas contradições intrín- tembro do mesmo ano pelo então
de outubro de secas e apropriações ideológicas Presidente da República Mário
2021, trinta e desviantes, se afigura ainda, mais Soares, vindo a ser publicada no
cinco anos de vigência. O proces- de três décadas volvidas, como Diário da República nº 237/1986,
so que levou à aprovação do seu referencial de importantes princí- Série I, de 14 de outubro.
texto final resultou do trabalho de pios fundamentais. Ainda durante o Estado Novo,
alguns meses, levado a cabo por Em 1986, Cavaco Silva era Pri- nos seus anos finais, já no perío-
uma subcomissão parlamentar meiro-Ministro de um Governo do do governo de Marcelo Caeta-
criada para esse efeito, no âm- minoritário, o que permitiu ao no, a “Reforma Veiga Simão” en-
bito da Comissão Parlamentar Parlamento um papel de maior saiou os primeiros passos de uma
de Educação, Ciência e Cultura. protagonismo legislativo, possi- Lei de Bases do Sistema Educati-
Esta subcomissão teve a tarefa bilitando a aprovação de um di- vo. Em 1973 foi publicada a Lei
de construir a LBSE, trabalhando ploma que resultou de amplo de- 5/73, de 25 de julho. Este diploma
sobre o conteúdo de cinco pro- bate nacional, culminando num foi, de certa forma, o corolário de
postas de Lei apresentadas por processo negocial que contou algumas mudanças educativas
cinco dos partidos com represen- com o contributo de quase todos preconizadas por Veiga Simão
tação parlamentar à época, MDP/ os partidos. para o panorama educativo, já no
CDE, PCP, PRD, PS e PSD. Sendo uma Lei de Bases, aquela estertor do regime. Esta Lei, po-
Curiosamente, o texto viria a ser que define as linhas mestras da rém, teve aplicabilidade reduzida
Informação

aprovado com os votos favorá- política pela qual se deve reger a e muito pontual, nunca chegando
veis do PCP, PRD, PS e PSD, legislação numa certa área de ati- sequer a ser regulamentada. Ape-
ESCOLA

mas com as abstenções do MDP/ vidade, a LBSE é, efetivamente, a sar disso, vigorou até 1986, altura
CDE e de dois deputados do PS, Lei que estabelece o quadro geral da aprovação e entrada e vigor da
contando ainda com o voto con- do sistema educativo português. atual Lei de Bases.
tra do CDS. É constituída por um total de 64 Doze anos depois da revolução de 7

Digital
Abril de 74, e dez anos volvidos Em 2004, o Governo de Durão Ensino Superior, entre elas a in-
sobre a entrada em vigor da Cons- Barroso, apresentou a Proposta trodução do sistema europeu de
tituição da República de 1976, a de Lei nº 74/IX, com a designa- créditos, a adoção do modelo de
Lei 46/86 “encerrou um proces- ção “Lei de Bases da Educação”, 3º ciclo de estudos, resultante do
so anterior de reforma educativa um diploma que suscitou profun- Processo de Bolonha, e a credi-
que fora interrompido pela Re- da discussão e contestação. No tação da experiência profissional.
volução de abril de 74 mas, por Parlamento, os deputados dos Por último, em 2009, foi intro-
outro lado, prosseguiu algumas partidos de oposição contesta- duzido o alargamento da escola-
medidas estruturais e morfoló- vam a sua quase absoluta rutura ridade obrigatória até ao 12º ano
gicas da anterior Reforma Veiga de princípios, não só com a Lei ou 18 anos, e instituída a univer-
Simão e retomou parcialmente de 86 mas com a própria Cons- salidade da educação pré-escolar
certas soluções previstas pela tituição. A Proposta representava para todas as crianças a partir dos
Lei nº 5/73 cuja regulamentação um rude golpe nos fundamentos cinco anos. A questão do alar-
fora formalmente abandonada. democráticos e no papel do Esta- gamento da escolaridade obriga-
Noutros casos, porém, como su- do na Educação, prevendo, entre tória até aos 18 anos foi à data
cedeu com a criação de estrutu- muitas outras coisas, a gestão apontada pela FENPROF como
ras e processos de participação profissional dos Agrupamentos uma estranha contradição com a
no âmbito mais geral do que foi de Escolas (com dirigentes com possibilidade que outras leis con-
denominado gestão democrática formação específica, escolhidos ferem, ao permitirem que jovens
SPGL. 47 anos a construir Educação

das escolas e universidades, a através de “processo público”), de 16 anos acedam ao mercado


LBSE de 1986 transcendeu intei- em clara contradição com o texto de trabalho.
ramente a LBSE de 1973”(1). da Constituição que prevê a par- Atendendo à longevidade da
Ao longo da sua vigência, a ticipação de professores e alunos LBSE, estas alterações podem
LBSE de 86 viu-se apropriada na gestão dos estabelecimentos considerar-se um número dimi-
e fundamento de distintas op- de ensino. Previa ainda a exis- nuto; por outro lado, se atentar-
ções e ideologias governativas, tência de apenas três ciclos de mos na importância de alguns dos
bem como de profusa produção ensino, o Infantil (pré-escolar), o seus princípios estruturantes, por
legislativa, no que à Educação Básico (do 1º ao 6º ano) e o Se- exemplo o conceito de democra-
diz respeito; concomitantemente cundário (do 7º ao 12º), o que foi cia, participação e gestão demo-
algumas pulsões de “mudança”, considerado um retrocesso, uma crática, com raízes nos princípios
nas últimas duas décadas, por vá- diminuição do tronco comum fundamentais da Constituição de
rias vezes fizeram supor iminente do currículo, aquele que permi- 1976, entendemos a importância
a sua substituição. A crescente te a aquisição de instrumentos e de um texto que, mau grado as
complexidade e necessidades do competências essenciais para o naturais insuficiências e contradi-
panorama educativo, foram sen- conhecimento. ções, continua a desempenhar um
do apontadas como determinan- A Proposta veio a ser aprovada, papel importante num contexto
tes para uma alegada desadequa- mas a contestação há muito se político-educativo cada vez mais
ção da Lei a novos paradigmas, tinha estendido para além do Par- “esquecido” de certos desígnios.
exigências, conceitos e, até, no- lamento, vindo a sua promulga- Citando uma vez mais Licínio
menclaturas. ção a ser vetada pelo Presidente Lima, no mesmo artigo, “a Lei de
Jorge Sampaio, que inclusiva- 1986 assegura princípios funda-
mente teve dúvidas sobre a sua mentais e obrigações do Estado
constitucionalidade. Manteve-se para com a Escola Pública”.
assim em vigor a Lei 46/86 que É fundamental pois que, qualquer
conta, até à data, com três altera- projeto futuro de revogação ou
É fundamental pois que,
ções legislativas. substituição da atual Lei de Ba-
qualquer projeto futuro A primeira delas, ocorrida em ses, conte com a participação de
de revogação 1997 (Lei 115/97 de 19/9), inci- um alargado número de interve-
diu fundamentalmente em ques- nientes e parceiros educativos,
ou substituição da atual
tões relacionadas com o acesso sindicatos, professores, alunos,
Lei de Bases, conte com ao Ensino Superior e graus con- escolas, que permita uma dis-
a participação feridos pelos Politécnicos. In- cussão informada aos que, legis-
troduziu também alterações na lando, cedem com frequência a
de um alargado número
Formação Inicial de Professores, agendas políticas apostadas em
de intervenientes tendo elevado a formação inicial erodir importantes alicerces de-
Informação

e parceiros educativos, dos Educadores de Infância e mocráticos.


Professores do 1º Ciclo, do Ba-
sindicatos, professores,
ESCOLA

charelato para a Licenciatura. (1)


Lima, Lícinio C., Lei de Bases do
alunos, escolas A alteração de 2005 também se Sistema Educativo (1986): Ruturas,
continuidades, apropriações seletivas,
circunscreveu essencialmente
8 Revista Portuguesa de Educação, 31
a questões relacionadas com o (Número Especial) p78.
Digital
Evolução da Educação
Pré-Escolar
• Maria do Céu Silva
IDirigente do SPGLI

N
o aniversá-
rio dos 47
anos do SPGL
lembramos a
evolução da

SPGL. 47 anos a construir Educação


Educação Pré-
-Escolar ao longo destes últimos
anos e as lutas desenvolvidas
pela dignificação da Educação
de Infância.
Em 1971, com Veiga Simão no
Ministério da Educação, a Edu-
cação Pré-Escolar foi reintegrada
no sistema educativo oficial fa-
zendo parte de uma remodelação
total do sistema educativo portu-
guês, que foi interrompido devi-
do à Revolução de 25 de Abril de
1974.
Após 1974 notou-se um aumen-
to significativo do número de
jardins de infância e creches, do
número de escolas de formação
de educadores de infância, e ain-
da no número de centros de edu-
cação especial. Os serviços de
educação infantil passaram a es-
tar dependentes de dois ministé-
rios, o ME e o MESS. De acordo
com a filosofia do novo sistema
pós-revolução, estender a pré-
-escolaridade a toda a população
tornou-se um objetivo nacional
(Lei 5/77), promovendo o bem
estar social, e desenvolvendo
as potencialidades das crianças
(DR. Nº 542/79).
Em 1977 foram criadas as Esco-
las Normais de Educadores de
Infância, tendo sido um passo
importante na formação de edu-
Informação

cadores de infância. Foram tam-


bém promovidos por todo o país
ESCOLA

vários cursos de formação para


pessoal auxiliar.
Em 1978/79 assistimos à cria-
ção de novos jardins de infância 9

Digital
pertencentes à rede oficial do O MTSS tutela todas as opções em grupos sociais diversos, no
Ministério da Educação, tendo de cuidados infantis até aos 3 respeito pela pluralidade das cul-
como prioridade situar estes no- anos com as seguintes opções: turas, favorecendo uma progres-
vos equipamentos em áreas onde . Creche (sector público e priva- siva consciência do seu papel
existiam poucos ou nenhuns jar- do); como membro da sociedade;
dins de infância. Houve um au- . Amas oficializadas (sector pú- . Contribuir para a igualdade de
mento de 65% de JI’s oficiais. blico e privado); oportunidades no acesso à escola
Por sua vez o MTSS ficou com . Creches familiares (sector pú- e para o sucesso da aprendiza-
a tutela de diversas instituições, blico e privado); gem;
todas elas ligadas à educação e O ME e o MTSS tutelam a Edu- . Estimular o desenvolvimento
cuidados infantis de diferentes cação Pré-Escolar, sendo o Jar- global de cada criança, no respei-
tipos: amas, IPSS, equipamentos dim de Infância o contexto edu- to pelas suas características indi-
de ação social ligados às autar- cativo para crianças dos 3 aos 6 viduais, incutindo comportamen-
quias, estabelecimentos oficiais anos. Os seus objetivos e condi- tos que favoreçam aprendizagens
ligados diretamente ao CRSS de ções de funcionamento aparecem significativas e diversificadas;
cada distrito, cooperativas, esta- citados no DR nº542/1984. . Desenvolver a expressão e a co-
belecimentos com fins lucrati- A partir de 1997, o ME imple- municação através da utilização
vos, estabelecimentos pertencen- mentou o Programa de Expan- de linguagens múltiplas como
tes a empresas, casas do povo e são da Rede de Educação Pré- meios de relação, de informação,
SPGL. 47 anos a construir Educação

outros. -Escolar, com o lema “Um Bom de sensibilização estética e de


Em 1986/87 foi possível veri- Começo Vale para toda a Vida”. compreensão do mundo;
ficar que o número dos Jardins Observou-se uma nova evolução . Despertar a curiosidade e o pen-
de Infância pertencentes ao ME, na educação de infância, com a samento crítico;
3303 (oficiais e particulares), era criação de um grande número . Proporcionar a cada crian-
superior ao do MTSS, 1148 (cre- de jardins de infância por todo ça condições de bem-estar e de
ches e JI’s). Em 1988/89 foram o país, com a definição da Lei segurança, designadamente no
criados novos jardins de infân- Quadro da Educação Pré-Escolar âmbito da saúde individual e co-
cia pertencentes à rede oficial que a consagra como a primeira letiva;
do Ministério da Educação, com etapa da educação básica e com . Proceder à despistagem de
prioridade em situar estes novos as Orientações Curriculares para inadaptações, deficiências e pre-
equipamentos em áreas onde EPE, documento orientador da cocidades, promovendo a melhor
existiam poucos ou nenhuns jar- prática pedagógica. orientação e encaminhamento da
dins de infância. Com a Lei Quadro ficou também criança;
Nos finais dos anos 80, com a pu- definido o papel participativo das . Incentivar a participação das
blicação da Lei de Bases do Sis- famílias bem como o papel estra- famílias no processo educativo
tema Educativo e com o início da tégico do Estado, das autarquias e estabelecer relações de efetiva
reforma do sistema educativo: e da iniciativa particular, coo- colaboração com a comunidade.
perativa e social; o Ministério Desde 1977, o SPGL sempre se
da Educação passou a assumir pautou pela valorização da Edu-
a tutela pedagógica de todas as cação de Infância e pelo respei-
instituições; foram clarificados to do conteúdo profissional dos
Desde 1977, o SPGL os conceitos de rede pública e de Educadores de Infância, consa-
rede privada, devendo o Estado grados no ECD e no perfil espe-
sempre se pautou promover a expansão de jardins cífico de desempenho profissio-
pela valorização da de infância da rede pública e ir nal do Educador de Infância.
Educação de Infância gradualmente assegurando a gra- Sendo a Educação Pré-Escolar a
tuitidade da componente educa- primeira etapa da EDUCAÇÃO,
e pelo respeito do tiva da Educação Pré-Escolar. A é tão necessário criar condições
conteúdo profissional par da valorização da componen- de trabalho para o exercício da
dos Educadores de te educativa foi implementada a função docente, como sentir o
componente de apoio à família, reconhecimento do trabalho de-
Infância, consagrados em parceria com as autarquias. senvolvido em prol quer da for-
no ECD e no perfil Nesta importante Lei foram de- mação pessoal e social quer dos
específico de desempe- finidos os seguintes objetivos da “alicerces” para o sucesso, num
Educação Pré-Escolar: percurso educativo ao longo da
Informação

nho profissional do . Promover o desenvolvimento vida.


Educador de pessoal e social da criança com Nunca deixando de exigir a as-
ESCOLA

Infância. base em experiências de vida sunção efetiva da Educação Pré-


democrática numa perspetiva de -Escolar, aos Educadores de In-
educação para a cidadania; fância interessa tudo aquilo que
10
. Fomentar a inserção da criança à Educação diz respeito.
Digital
1º Ciclo do Ensino Básico
Tantas lutas e vitórias!
Valeu a pena ser sindicalizada
e participar nas lutas
• Helena Gonçalves
IDirigente do SPGLI

SPGL. 47 anos a construir Educação


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ção Na enprof.
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16
2023.

C
urso do Magis- Primário. capaz…
tério Primário No primeiro ano de trabalho, No ano seguinte frequentei o cur-
terminado em tive a sorte de ter uma escola na so de especialização do Instituto
Informação

1966, em Bra- zona para todo o ano, em subs- Costa Ferreira, em Lisboa, que
gança. Este era tituição de uma colega doente. não conclui. Se já tinha a noção
ESCOLA

o único curso Confrontei-me com uma turma de que a nossa formação ficava
que poderia tirar aí! Terminei-o de 54 alunos e todas as classes! muito aquém do que precisáva-
com 18 anos, o 5º ano do liceu e Recordo-me do medo que senti, mos aí confirmei-o e percebi que
2 anos da Escola do Magistério com a possibilidade de não ser eramos nós que arrastávamos 11

Digital
muitos dos nossos alunos para o tomadas pela ditadura foram: nos 2 últimos anos, pela existên-
Ensino Especial, por falta de co- Encerramento de escolas, em cia de 3 vias diferenciadas (5ª
nhecimentos. localidades onde não havia, pelo e 6ª Classe, Telescola e Ciclo
Chegavam as férias do verão e menos, 40 crianças; Substitui- Preparatório); Um baixo índice
deixávamos de ter vencimento, ção de escolas por postos esco- de aproveitamento (27,8% de in-
por isso tentávamos efetivarmo- lares, e os docentes por regentes sucesso escolar, no 1º ciclo em
-nos o mais rapidamente pos- escolares, que possuíam apenas 72/73); 50 000 crianças, deteta-
sível, mas, como naquela zona a escolaridade obrigatória e um das como possuidoras de dificul-
havia muitas professoras, por ser atestado de bom comportamen- dades especiais, sem prestação
uma cidade com Escola do Ma- to, passado pelo padre ou pelo de qualquer apoio específica;
gistério Primário, para o conse- cacique da União Nacional, com Sistema de saúde escolar ine-
guirmos tínhamos de tentar nou- vencimento inferior ao de um xistente; Ensino secundário, de
tras zonas do país, normalmente varredor de 3ª classe; Encerra- baixo índice de escolarização,
o Minho. mento das Escolas Normais, que subdividido em duas vias - en-
Assim fiz. Efetivei-me no Mi- formavam os/as professores/as sino técnico profissional e liceu;
nho. Saí, pela primeira vez, da primários/as. Ensino superior elitista (somen-
casa dos meus pais. A escola fi- Segundo os próprios currículos, te 8% dos filhos de operários
cava no meio de pinhais e abran- o essencial era: “aprender a ler, e de camponeses o frequenta-
gia alunos de vários lugares (ha- escrever e contar” e a exercer vam); Estatuto profissional dos
SPGL. 47 anos a construir Educação

bitação dispersa). Trabalhei com as “virtudes morais e um vivo docentes muito desvalorizado,
uma regente escolar responsável amor a Portugal”. com baixo nível de formação
pela 2ª e 3ª classe e eu 1ª e 4ª. As Professoras eram ainda mais científica e pedagógica e baixos
Não tínhamos empregada. Dali discriminadas. O Estado fascis- salários; Investigação científica
só saía para ir, às vezes, à feira,ta controlava mesmo a sua vida e pedagógica praticamente ine-
às duas vilas que ficavam mais pessoal e afetiva (de que é exem- xistentes.
próximas, dias em que havia ca- plo a obrigatoriedade de pedir
mioneta. Outras deslocações só autorização para casar e usar Aconteceu o 25 de Abril de
de táxi, o que não podia fazer o apelido do marido, para além 1974 e com ele terminou o tem-
com frequência uma vez que o das exigências em relação ao po em que não nos era permiti-
ordenado o não permitia. Era- seu comportamento moral e à do o direito de associação.
mos mal remuneradas, em re- forma como se vestiam). Em março de 1975, regressei ao
lação aos demais trabalhadores Não existiam Estatutos das Car- ensino e, uma das primeiras de-
da administração pública, com reiras Docentes. Os professores cisões que tomei foi sindicalizar-
habilitações idênticas. Permane- catedráticos não podiam aspirar -me, o que me permitiu fazer
ci aí 2 anos. Entretanto, por ra- a uma remuneração superior parte de todas as ações de luta
zões pessoais, exonerei-me para à da Letra B e os professores sindicais desenvolvidas pelo
vir para Lisboa. primários ficavam pela letra P. SPGL e mais tarde também pela
Relembro que Portugal foi do- Iniciávamos pela letra S, ga- FENPROF…também fiz parte de
minado por um dos regimes nhávamos menos que um con- todas as vitórias!
mais autoritários da Europa, tínuo dos ministérios da Praça Uma das primeiras medidas
durante 48 anos, que se iniciou do Comércio! concretizadas foram as alte-
com o golpe militar de 28 de A herança do fascismo era ter- rações ao Estatuto Remunera-
maio de 1926, e teve grandes rível! 30% de analfabetos; Uma tório dos Docentes com o DL
educação pré-escolar 290/75 de 14 de junho. Aumen-
Todos as conquistas alcançadas praticamente inexisten- tam os salários de todos os pro-
te ( só 6 em cada 100 fessores, incluindo as regentes
pelos/as docentes foram fruto crianças frequentavam escolares, que deixam de receber
da sua luta constante por um Estatuto jardins infantis, em esta- uma gratificação e passam a ter
belecimentos particula- uma remuneração, com os res-
Profissional, pela equiparação
res), sendo o seu acesso petivos direitos. Explica a razão
a outros/as trabalhadores/as limitado a quem tivesse por que os/as docentes devem
da Administração Pública, pela condições económicas auferir vencimentos iguais aos
para pagar as mensa- de outros/as trabalhadores/as
revalorização social e material lidades; Os estabele- da Função Pública com habili-
cimentos oficiais eram tações idênticas. Os professores
Informação

da carreira docente.
muito escassos e tinham primários subiram 7 letras!!!
fundamentalmente um Nova valorização da carreira
ESCOLA

repercussões no sistema educa- carácter assistencial; A escola- remuneratória dos docentes


tivo e na vida e carreira dos/as ridade obrigatória de 6 anos (e com o Decreto-Lei 513-M1/79,
docentes. estava longe de ser cumprida de 27 de dezembro - Artigo 1.º
12
Umas das primeiras medidas integralmente) e discriminatória - 1 - A carreira docente dos pro-
Digital
fessores da educação pré-esco-
lar e do ensino primário oficiais
desenvolve-se em quatro fases.
A luta por um Estatuto da Car-
A LUTA FOI DURA E LONGA,
reira Docente foi sempre um
objetivo de luta dos professores FEITA DE MUITAS AÇÕES!
e educadores, expressamente
a partir de 1971 (reivindicação As alterações à carreira dos/as professores/as e educadores/as não foram
dos Grupos de Estudo). Foi
acompanhadas de medidas de valorização das pensões dos/as docentes que
uma longa luta que só veio a
concretizar-se em 1990, através
já se encontravam em situação de aposentação. A FENPROF desenvolveu
do Decreto-Lei n.º 139-A/90, de uma longa luta pela indexação das pensões às remunerações dos docentes
28 de Abril, que consubstancia no ativo.
a carreira única. Desde 1990 (ano da publicação do ECD) que vinha crescendo um enorme
Só num dos anos de luta fizemos movimento de docentes aposentados, no qual a FENPROF teve um papel
13 dias de greve! determinante, face à gravíssima injustiça em que se encontravam, pois as
pensões não tinham acompanhado a valorização profissional dos pro-
NOTA – No aniversário dos fessores no ativo, sobretudo as dos mais idosos que chegavam a auferir
25 anos do 1ª Congresso dos 35% a 40% dos vencimentos em vigor.

SPGL. 47 anos a construir Educação


Professores Aposentados, o
Também, aqui, a luta dos/as professores/as aposentados/as, organizada pela
Departamento de Professores
FENPROF, foi determinante! O 1º Congresso dos Professores Aposentados,
Aposentados da FENPROF de-
cidiu também aproveitar esta co- que ocorreu a 26 e 27 de novembro de 1993, na Aula Magna da Reitoria da
memoração para lançar um olhar Universidade de Lisboa, transbordou de professores aposentados e determi-
sobre a evolução da situação dos nados em levar por diante a luta por uma aposentação digna para todos.
docentes, ao longo dos anos, Logo após o 1º Congresso, em janeiro de 1994, os/as professores/as aposen-
organizando uma exposição com tados/as enchem as galerias da Assembleia da República. Ia ser discutida a
vários objetivos: Petição, promovida pela FENPROF, sobre as questões da aposentação, no
- Recordar a herança que, em Plenário da Assembleia da República.
matéria de educação, como em A 8 e 9 de outubro de 1996, realiza-se o 2ª Congresso de Professores Apo-
outras, o país recebeu do regime sentados com o lema - Justiça, Dignidade, Solidariedade.
fascista, a 25 de abril de 1974;
A Assembleia da República, a 8 de abril de 1999, aprovou uma Lei que
- Chamar a atenção como se
processaram as grandes altera-
atualiza as pensões da carreira docente.
ções, no que se refere à profis- Foram 10 longos anos de luta da FENPROF, envolvendo muitos docentes
são, acabando progressivamente aposentados. Debates, reuniões, contactos institucionais, manifestações,
com a sua desvalorização em iniciativas pessoais, anúncios em jornais, com pedidos de emprego, etc.(!)
relação a outros trabalhadores foram algumas das muitas e variadas ações desenvolvidas.
da administração pública com Em 1997, o DL nº 115/97 de 19 de setembro vem, finalmente, determinar
habilitações idênticas; – “Os educadores de infância e os professores dos ensinos básico e se-
- Salientar o reconhecimento do cundário adquirem a qualificação profissional através de cursos supe-
que era o trabalho docente, que riores que conferem o grau de licenciatura, organizados de acordo com as
não se restringia ao horário leti-
necessidades do desempenho profissional no respectivo nível de educação
vo, mas a muitas outras tarefas
e ensino.”
fundamentais, que ocupavam
o seu quotidiano, sem as quais Em 2002 aposentei-me e continuei
ficaria comprometido o funcio- sindicalizada no meu sindicato –
namento das próprias escolas; SPGL e como dirigente envolvida
- Recordar os progressos con- nas várias lutas que tivemos de
seguidos, quer na carreira, quer fazer para eliminarmos os cortes
nas condições da aposentação, concretizados pela troica. Não es-
bem como os enormes retro- quecermos que Paços Coelho, do
cessos que marcaram a nossa governo PSD/CDS, no Orçamento
existência, sobretudo a partir de de Estado de 2014 previa um corte
2005.
Informação

definitivo nas pensões em mais de


No texto o que está a itálico foi
retirado dos materiais desta
10%.
Uma vida de luta,
ESCOLA

exposição.
mas que valeu
a pena. 13

Digital
SPGL. 47 anos a construir Educação

Para uma Escola Inclusiva


• Belmira Fernandes
IDirigente SindicalI

“A educação inclu-
siva não tem a
ver com a igual-
dade. Tem a ver
com um mundo
onde as pessoas
são diferentes. Tem a ver com
dos possam aprender e participar.
Os docentes também têm de es-
tar comprometidos garantindo a
aprendizagem de todos os alunos.
As funções dos docentes, neste
âmbito, consistem em identificar
e interpretar problemas educa-
necessários são muito escassos.
Podemos dar como exemplo o
número de alunos por docente
de educação especial. Em mui-
tos agrupamentos, senão na sua
maioria, um docente de educação
especial apoia cerca de 18, 20 ou
aquilo que podemos fazer para tivos, intervir face às diferenças em alguns casos até mais alunos.
celebrar essas diferenças, atra- entre os alunos das suas turmas Ora, se o docente tem 22 horas de
vés da nossa aproximação uns e procurar soluções devendo ser componente lectiva, quantos mi-
aos outros” (Irene Lopez, 1999). capazes de adequar as estratégias nutos terá de apoio cada criança?
Muito se fala do tema da Esco- de ensino às diferenças indivi- O tempo de apoio é manifesta-
la Inclusiva mas, na realidade, duais dos seus alunos. Acredita- mente insuficiente para colmatar
quando pensamos sobre isso a mos que temos em Portugal um as dificuldades destes alunos e
primeira ideia que nos chega está conjunto de docentes motivados quando se expõe o caso a resposta
intimamente ligada às crianças e para concretizar os objectivos de que recebemos é que não nos são
jovens com necessidades educa- uma escola inclusiva e que tudo dados mais professores, ficando
tivas específicas. Esta ideia não farão para arranjar novas parce- assim prejudicados os alunos.
poderia estar mais incorrecta. rias, procurar formação e inven- Parece-nos imprescindível que o
Uma escola inclusiva contempla tar novas formas de actuação em Estado proporcione as condições
todo o universo escolar e para prol de todos os seus alunos. necessárias nas escolas para que
ser efectiva tem de envolver toda Os princípios implícitos ao con- a Inclusão seja o presente e não
a comunidade educativa, pro- ceito de Escola Inclusiva, afigu- o futuro e que os professores te-
Informação

fessores, assistentes operacio- ram-se equilibrados, no entanto nham condições para desenvolver
nais, famílias, autarquias entre torna-se difícil a sua operacio- o seu trabalho com os recursos
ESCOLA

muitos outros. Deve respeitar as nalização, porque o número de humanos e materiais suficientes
diferenças individuais de cada alunos por turma é excessivo, os para uma efectiva concretização
um promovendo o direito a uma programas são muito extensos e da Inclusão.
14
educação de qualidade, onde to- os recursos humanos e materiais
Digital
Luta contra a precariedade
Os ganhos conseguidos através
da luta devem ser valorizados
• João Pereira
I Coordenador da Comissão de Professores
e Educadores Contratados e Desempregados do SPGL I

A
luta contra a
precariedade

SPGL. 47 anos a construir Educação


tem sido uma
das prioridades
do SPGL, desde
a sua fundação,
ao assumir um papel principal
na defesa dos direitos de to-
dos os docentes. A constituição
das Comissões de Professores e
Educadores Contratados e De-
sempregados no final dos anos
noventa do século passado foram
um passo importante na vida do
sindicato e um passo fulcral no
combate à precariedade, tendo
servido como impulsionador e
aglutinador de várias frentes e
reivindicações. O trabalho exer-
cido pelo sindicato e comissões
tem sido intenso e o envolvimen-
to dos docentes contratados tem
sido fundamental nas conquistas
alcançadas ao longo dos anos. As
sinergias criadas entre sindica-
tos, particularmente os afetos à
FENPROF, e docentes foram im-
portantíssimas nas vitórias con-
seguidas ao longo dos últimos
trinta anos.
A precariedade continua a ser
uma realidade entre os docentes,
contudo os ganhos conseguidos
através de lutas intensas e pro-
longadas devem ser valorizados. PLENÁRIO
A conquista do direito ao subsí- de Professo
re
Educado s e
dio de desemprego é um exce- Contrat
res
lente exemplo da importância da ados e
Desemp
Informação

regados
luta dos docentes contratados. A
Sede do
atribuição do subsídio aos do- Rua FiaSPGL
lho de Al
ESCOLA

(junto ao meida
Corte Ing nº 3

centes contratados não estava


14 Novembro
lés)

prevista na legislação até 2000 e de 2009


(sábado)

só a participação ativa de muitos 15h00


colegas contratados e desem- 15

Digital
pregados, e a pressão exercida,
3 de setembro . 17h . sede SPGL

32667.14
conseguiu forçar à resolução do GREVE
O CONTRATADOS
problema. PLENÁRI e DESEMPREGADOS AO SERVIÇO
À PACC
Durante anos lutámos por elimi-
1. Eleição da Comissão de Contratados e Desempregados
2. Análise das colocações de agosto
3. Que futuro? - Ação reivindicativa

nar uma Prova de Ingresso que 4. Outros assuntos (caducidade; prova de ingresso;
oferta de escola...)
19 DEZ. 2014
rego
d esemp

surge em 2008 e é retomada em


esso
de ingr
p rova
p recari
edade
Esta prova
2012 como Prova de Avaliação é um insulto
de Conhecimentos e Competên- a toda a classe
cias (PACC). Uma prova injusta docente
e injustificável que tinha como O governo insiste, mas os professores não desistem!

objetivo humilhar toda uma clas- Participa!


Quem luta pode ganhar ou perder

se profissional, em particular os FENPROF SPGL mas quem não luta perde sempre!

docentes envolvidos na realiza- Professores


Plenário de
ção da prova, e afastar milhares
e Educadores
Professores Contratados
e Educadores
Com a S indicalização
e P articipação e Desempregados
de professores e educadores da Contratados
e Desempregados G anham-se
as L utas
profissão. Foram entregues pro-
19 de setembro
vidências cautelares, pedidas www.spgl.pt

2019
|17h30|Sede do SPGL|

audiências à presidência da As-


Contra
sembleia da República e grupos de
|ORDEM DE TRABALHOS|

Design Gráfico: D. Petinha . SPGL D.I.P. 2019 . Foto: designed by Freepik


arieda
a Prec
|1| Concursos: ponto de situação;
SPGL. 47 anos a construir Educação

SINDICATO DOS PROFESSORES

e a tua
DA GRANDE LISBOA
|2| Segurança Social;

Defensdsão
|3| Atividades de Enriquecimento Curricular; Contactos:

parlamentares, enviados ofícios |4 |Ação reivindicativa;


|5|Eleição da Comissão de Professores
e Educadores Contratados
Sede
Rua fialho de Almeida, 3
1070-128 Lisboa
Tel: 213 819 100
Profi

para a provedoria da justiça, foi


e Desempregados. Fax: 213 819 199
Correio eletrónico: spgl@spgl.pt
Direção: spgldir@spgl.pt
Apoio a Sócios: apoiosocios@spgl.pt
SINDICATO DOS PROFESSORES

entregue uma petição com mais


DA GRANDE LISBOA

de doze mil e seiscentas assi-


numa batalha contra uma preca-
naturas, realizados dezenas de
riedade nos vínculos laborais que
plenários de norte a sul do país
se prolonga durantes demasia-
e apresentadas queixas junto de
dos anos. Apesar de ter sido uma
instâncias europeias. Foi o en-
conquista importante para os do-
volvimento de milhares de do-
centes, a forma como a diretiva
centes, de quadro e contratados,
foi transposta tem sido ineficaz
que permitiu eliminar esta prova
para alcançar os seus propósitos da compensação por caducidade
sem nexo.
e, como tal, temos de continuar a do contrato; a remuneração pelo
A transposição da Diretiva comu-
exigir que se apliquem as normas índice 167; a manutenção de um
nitária 1999/70/CE para a legis-
gerais de vinculação a todos os procedimento nacional cíclico
lação portuguesa demorou anos
docentes, independentemente do de colocações ao longo de todo
até ser alcançada em 2014. Foi
grupo de recrutamento, tipo de o ano letivo; a reversão da deci-
necessário desenvolver várias
horário ou área de ensino. são do Ministério da Educação
frentes de lutas sindicais, des-
O fim das Bolsas de Contratação em terminar os contratos a 31
de político-sindicais a jurídicas
de Escola foi outra vitória muito de julho e antes da apresentação
(nacionais e internacionais), e
importante. Estas bolsas consti- do professor titular em horários
envolver os docentes contratados
tuíam um mecanismo perverso temporários; a regularização dos
de colocação arbitrária de docen- pagamentos nas Atividades de
A precariedade tes que criou inúmeras injustiças Enriquecimento Curricular e a
continua a ser uma que prevalecem até à atualidade. contagem do tempo de serviço a
As bolsas permitiam que cente- relevar para a 2.ª prioridade nos
realidade entre os nas de Agrupamentos de Escolas, concursos; entre outras.
docentes, contudo os com contrato de autonomia e em Foram conquistas em que o papel
ganhos conseguidos Territórios Educativos de Inter- fundamental tem sido desempe-
venção Prioritária, pudessem es- nhado pela ação de sindicatos e
através de lutas colher livremente os critérios de envolvimento dos docentes. Sem
intensas e prolongadas seleção dos docentes a contratar. esta conjugação de forças o com-
devem ser valorizados. Com o seu términus voltou a pre- bate à precariedade fica fragiliza-
valecer a graduação profissional do, assim como o poder negocial
A conquista do direito na ordenação dos candidatos. de quem realmente nos defende:
ao subsídio de desem- Estes são quatro exemplos impor- os sindicatos da classe.
Informação

prego é um excelente tantes da luta exercida contra a Da nossa parte o empenho é total
precariedade. Ao longo dos anos na defesa dos direitos e na luta
exemplo da importância
ESCOLA

temos tido outras vitórias impor- contra a precariedade. Contamos


da luta dos docentes tantes, nomeadamente: a realiza- com o vosso apoio e dedicação
16
contratados. ção de concursos de integração nas lutas atuais e futuras. Contem
extraordinários; o pagamento com o SPGL.
Digital
A defesa do estatuto da

Educação
construir Educação
carreira docente é fundamental.

anos aa construir
É um problema que diz
respeito a todos

47 anos
SPGL. 47
SPGL.
• Sofia Vilarigues e Lígia Calapez
(a partir da exposição de Anabela Delgado, a quem pertencem as citações ao longo do texto)
IJornalistasI

“Ao longo do tempo, nós sempre outra é a estrutura da carreira, o ficada em fases. Enquanto não
fomos resistindo. De diferentes desenho da carreira e a respetiva houve estatuto, a progressão das
formas. Mas sempre fomos re- carreira remuneratória. E a equi- fases era equiparada ao tempo de
sistindo. E é essa a mensagem paração da carreira à carreira téc- serviço, vigoravam as diuturnida-
que importa passar – desistir é nica superior”. des. E, nesta altura, estabelece já
que não”. Esta, de algum modo, os salários para os educadores de
a conclusão da exposição sobre De 1975 a 1986: infância, que só vieram a existir
o ECD, de Anabela Delgado, na rede pública em 1978/79. Foi
a luta dos professores desde logo determinado que os
membro da Comissão Executiva,
que integrou, em representação conquistas importantes educadores de infância acompa-
do SPGL, a comissão negocia- e melhorias salariais nhariam a carreira dos profes-
dora das revisões do estatuto em sores do então chamado ensino
99/2000, em 2005 e em 2010. Antes do Estatuto da Carrei- primário. Relativamente aos ho-
Nesta perspetiva, a importância ra Docente (ECD), mas após o rários, é interessante, “tendo em
da reflexão – que teve lugar dia 25 de Abril, o primeiro diploma conta aquilo que fazem agora aos
29, na sede do SPGL - sobre “o que surgiu foi o Decreto-lei nº professores quanto aos horários,
que foi o caminho para o estatuto 290/75. Fazia o reajustamento nomeadamente quanto à com-
Informação
Informação

e dos vários estatutos, para per- de categorias de vencimentos do ponente não letiva, o preâmbulo
ceber que há determinados aspe- pessoal docente dos ensinos pri- do mesmo diploma: O facto de
A
OLLA

tos que o Ministério da Educação mário, preparatório, secundário, o horário de serviço obrigatório
CO

tenta sempre colocar entraves. médio, etc. A carreira estrutura- do pessoal docente ser, em regra,
ESSC

Um deles é sobre as questões do va-se em 7 níveis, de acordo com inferior ao do restante funciona-
E

ingresso na carreira docente. A as habilitações. Estava estrati- lismo não elimina, nem sequer 17

Digital
atenua, relevantemente essa dis-
paridade, pois àquele se torna
necessário, para além das aulas
que ministra, ocupar ainda largo
tempo na respetiva preparação”.
Em 78, com o DL nº 74/78, na
educação pré-escolar e no ensi-
no primário havia 4 fases, o topo
atingia-se aos 20 anos, com a
letra E (os salários dos trabalha-
dores da administração pública
eram organizados por letras, de
A a Z, sendo que a A era a letra
do topo). No ciclo preparatório
e secundário havia 3 fases e o
topo era a letra D. No ciclo pre-
paratório e secundário o tempo
para atingir o topo dependia do
número de anos que os professo-
SPGL. 47 anos a construir Educação

res tinham de esperar até serem


chamadas a fazer estágio ou pro-
fissionalização, porque só a partir
daí é que contava. Os professo-
res do preparatório e secundário
passaram a ter direito a redução
da componente letiva (o máximo
eram 4 horas). Para o 1º ciclo po-
dia haver redução nas situações
em que o regime de apoio à mo-
nodocência o permitisse.
-escolar e o 1º ciclo, ascenderam contagem de tempo de serviço.
Houve um diploma intermédio
à letra D e à letra C. Os 2º e 3º Surge também a ideia dos topos
em 79, o DL 513-M1/79, que
ciclo e secundário passaram a ter condicionados – “um condicio-
cria a letra C para o ensino pre-
o tempo contado antes da profis- namento que vai tendo várias
paratório e secundário e altera o
sionalização. Este diploma previa designações ao longo do tempo”
tempo de permanência nas fases
ainda a valorização da carreira do – aparece a prova de candidatura.
para todos.
pré-escolar e do 1º ciclo, em fun- “A revolta foi enorme. É convo-
ção das alterações que tinha havi- cada uma greve para 11 de maio.
1986: equiparação O estatuto foi debatido em todas
do à formação inicial (é a altura
às carreiras técnica em que surgem as Escolas Supe- as escolas e houve concentrações
a nível nacional. No Dia E – dia
e técnica superior: uma riores de Educação - ESE, com
as quais passa a haver formação do estatuto – o SPGL, com esco-
grande vitória dos las de toda a Grande Lisboa, en-
ao nível de licenciatura para estes
professores níveis de ensino). cheu o Campo Pequeno”.
Com o DL 139/90 de 28/4, fica
1986 foi o ano da equiparação à definido o 1º ECD, com uma es-
carreira técnica superior. O DL Etapas de um processo trutura que, no fundamental, se
nº 100/86, foi uma grande vitória sempre difícil mantém até hoje.
dos professores; foi o resultado Fica definida uma carreira
de 10 anos de luta. Houve a reva- Com o DL nº 184/89, referente única – um grande avanço em
lorização da carreira, que passou à reforma do sistema retributivo termos de carreira. Por carreira
a acompanhar, no ingresso e no da Função Pública, os professo- única entende-se que ela é igual
topo, a carreira técnica e técnica res são enquadrados em corpos para todos os docentes com a
superior da função pública. Foi especiais. mesma qualificação académica,
Informação

a introdução de 2 novas fases, as Dá-se então a primeira tentati- independentemente do nível onde
letras B e A, que eram os topos da va de recuo na paridade da car- lecionem, com exceção do ensino
ESCOLA

carreira dos 2º e 3º ciclo e secun- reira docente com a carreira superior.


dário, a letra B para aqueles que técnica superior. Nalguns casos Entretanto, o acesso ao 8º es-
tinham bacharelato e a letra A os propunha-se mesmo a redução de calão e seguintes fica condi-
18
que tinham licenciatura. O pré- salários. Há uma tentativa de não cionado à prestação de uma
Digital
prova pública de candidatura
– “a ideia, tal como hoje, é que
ao topo da carreira não chegam
todos”. Há uma perda de tempo
de serviço na transição das fases
para os escalões – “uma outra
constante”. Os maiores impulsos
salariais, são a partir do 8º es-
calão - apesar da FENPROF ter
vindo a exigir impulsos salariais
idênticos em todos os escalões,
isso nunca se conseguiu alterar.
Pela primeira vez, aparece uma
avaliação de desempenho em que
se prevê formação contínua cre-
ditada.
Em relação aos horários, o esta-
tuto definiu uma redução da com-
ponente letiva até às 8 horas, mas

SPGL. 47 anos a construir Educação


com início apenas aos 40 anos de o governo de Passos Coelho.
idade e 10 anos de serviço. No Apareceu outra forma de acesso
que respeita às atividades no âm- condicionado ao topo, através da
bito da componente não letiva, divisão da carreira por categorias
as substituições por ausências de – professor titular e professor.
curta duração eram remuneradas A avaliação de desempenho de 2 lizadora”, com “os professores
como trabalho extraordinário. em 2 anos (objetivos individuais assoberbados na componente não
“Seguiram-se 10 anos de luta, e evidências) – que deu origem a letiva de estabelecimento – com
até alcançar a revisão do es- grandes lutas e às duas maiores atividades inúteis ou com ativi-
tatuto em 1999-2000”, período manifestações de professores de dades que de facto são com os
em que se realizaram as maiores que há memória. A obtenção de alunos e, como tal deviam ser le-
greves de que há memória, o que Muito Bom ou Excelente podia tivas”. Problema que ainda hoje
levou à obtenção de um compro- antecipar o acesso à categoria de está longe de ser resolvido.
misso dos partidos, designada- titular. Os professores reagiram,
mente do PS, de abolir a prova de
candidatura. A pressão sindical
impediu a intenção do governo
PS em tentar adiar a sua abolição
que se consumou efetivamente
em 1999-2000. 10 anos de luta
que valeram mesmo a pena!
Para além disso - com a 1ª revi-
são do ECD – DL 1/98 - a dura-
ção da carreira passa a 26 anos,
mantém-se com 2 desenvolvi-
mentos (licenciados e bacharéis),
foi negociada a recuperação fa-
seada do tempo de serviço e a va-
lorização salarial (“outra vitória
bastante significativa”).
A 2ª revisão do ECD – DL
15/2007 – tem lugar com a mi-
nistra Lurdes Rodrigues. Com ficando conhecido o “slogan”: A alteração introduzida ao artigo
esta revisão o primeiro índice categoria há só uma - professor 82º do ECD – DL 15/2007 – reti-
Informação

da carreira passou a ser o 167 e e mais nenhuma. rou às atividades de substituição


foi introduzida e exigência de As alterações então introdu- de docentes o caráter de trabalho
ESCOLA

realização da PACC (Prova de zidas nos horários levaram à extraordinário e aumenta o nú-
Avaliação de Conhecimentos e “desregulamentação completa mero de atividades que os pro-
Capacidades), que só foi aplica- da profissão”. Uma situação “al- fessores podem desenvolver na
da uma única vez, em 2014, com tamente injusta, altamente pena- componente não letiva. 19

Digital
A 3ª revisão do ECD – DL Fruto da enorme e persistente luta paridade da carreira docente com
75/2010 – com a ministra Isabel dos professores, a Assembleia da a carreira técnica superior da ad-
Alçada, acaba finalmente com República aprovou, em 2019, por ministração pública.
a divisão da carreira em cate- maioria, apenas com o voto con- “A defesa do estatuto da carrei-
gorias. Mas são criadas vagas tra do PS, a contagem integral do ra docente é fundamental”. Os
de acesso ao 5º e 7º escalões. “O tempo de serviço, medida invia- professores deixaram de ter qual-
que, com as quotas de avaliação, bilizada posteriormente devido à quer controle sobre a sua própria
faz acumular um número bastan- alteração de posição do PSD e do carreira. A manter-se a situação,
te significativo de professores, no CDS face à ameaça de demissão deixa de haver quaisquer pers-
4º e no 6º escalão – à espera de apresentada pelo 1º ministro. petivas de chegar ao topo da
vaga para atingirem o 5º e o 7º”. Neste momento, relativamente a carreira. Com reflexos graves no
Com o governo de Passos Coelho negociações com este ministério, presente e mesmo em termos de
tem lugar a 4ª revisão do ECD. em particular com o ministro, aposentação.
É então aplicada, pela primeira e nada tem acontecido… Ao contrário do que muitos pen-
única vez, a PACC. sam, “a luta pelo direito a uma
Houve uma alteração mínima e A situação atual carreira digna e valorizada é
pontual ao regime de avaliação um problema que diz respeito
desempenho (Alteração dos rit- Atualmente, como problemas a todos”.
SPGL. 47 anos a construir Educação

mos de aplicação da Avaliação de fundamentais, destacam-se: O


Desempenho Docente – uma úni- acesso condicionado aos 5º e Nota: O ECD vem sofrendo
ca avaliação por escalão, no ano 7º escalões; A não contagem de várias alterações através de
anterior à progressão). Manti- tempo de serviço – 6 anos, 6 me- diversos diplomas, desde leis
veram-se as quotas e as vagas de ses e 23 dias; as ultrapassagens do orçamento de Estado
acesso ao 5º e 7º escalões. Como, de docentes por outros com me- a diplomas incidindo sobre
entretanto, a progressão na car- nos tempo de serviço; as conse- matérias variadas. Neste texto
reira foi suspensa, tal alteração quências da eventual imposição apenas se assinalam as revisões
não foi então verdadeiramente de uma tabela remuneratória do ECD consideradas
sentida pelos docentes. Só em única que volte a pôr em causa a mais significativas.
2018 com o descongelamento das
progressões os professores pas-
sam a sentir verdadeiramente o
efeito das quotas da avaliação de
desempenho: uma barreira mera-
mente administrativa na progres-
são na carreira.
Foi imposto um regime de mobi-
lidade especial e requalificação
no âmbito da racionalização de
recursos, que viria a afetar os pro-
fessores com menos de 6 horas de
componente letiva atribuída.
Entre 2016 e 2019 registaram-
-se várias alterações pontuais ao
ECD, sem, contudo, resolver as
questões mais problemáticas.
Em síntese: A Lei 12/2016 revo-
gou o processo de requalificação
e mobilidade; em 2017 dá-se um
primeiro passo para o desconge-
lamento das progressões; é re-
gulamentado o acesso às vagas
do 5º e 7º escalões; é finalmente
publicada a portaria sobre repo-
Informação

sicionamento na carreira (que


deu origem a ultrapassagens, pro-
ESCOLA

cesso que se encontra em tribu-


nal); e – “depois de muita guer-
ra” – finalmente a recuperação de
20 apenas 2 anos, 9 meses e 18 dias.
Digital
Cidadania

As raízes políticas autoritárias


do neoliberalismo

E
Joaquim Jorge Veiguinha

m 1958, Ludwig von del realismo”, ‘El País’, 3.03.2021). se destaca implicitamente nestas
Mises dirigiu esta Mises (1881-1973) foi um economis- considerações é que as massas são
elucidativa missiva à ta ultraliberal da Escola Austríaca de incapazes de iniciativa própria e que
norte-americana Ayn economia do período posterior à Pri- todas as suas alegadas conquistas se
Rand: “Tens a cora- meira Guerra Mundial, que emigrou devem a uma minoria, a uma elite
gem de dizer às mas- para os EUA em 1940. Ayn Rand é que pensa por elas ou que as dirige.
sas o que nenhum político lhes disse: uma escritora norte-americana de Já antes de Mises, o italiano Vilfredo
sois inferiores e todas as melhorias origem judaico-russa, muito aprecia- Pareto (1848-1923), economista e so-
das vossas condições que simples- da pela ala mais direitista do Partido ciólogo, talvez uma das fontes mais
mente dais por estabelecidas devem- Republicano, autora do romance fidedignas do neoliberalismo e muito
Informação

-se a homens que são melhores do “A rebelião do Atlas” (‘Atlas shru- mais perspicaz do que Mises, defen-
que vós. Se isto é arrogância, como gged’), publicado em 1957, também dia no seu “Compêndio de Sociolo-
ESCOLA

alguns dos teus críticos observaram, defensora das teses ultraliberais e gia” (1920) que o povo é basicamen-
continua a ser verdade” (cit. por: forte opositora do Estado social e te irracional, movido exclusivamente
Cano Germán – “El discreto encanto das medidas redistributivas. O que pelas emoções e os sentimentos que
21
Cidadania

o tornam incapaz de entender “as nos sistemas económicos é em si através de uma repressão brutal, e
questões gerais”, formuladas pelas mesma um elemento da liberdade que aplicou as políticas da Escola
elites políticas e, consequentemente, entendida na sua aceção mais ampla de Chicago que se estenderam à
de governar-se a si próprio, pois “um e, por conseguinte, a liberdade privatização da segurança social, da
regime em que o povo exprime o seu económica é um fim em si”. Mas se saúde e da educação. Mas quanto a
«querer» (…) é unicamente um pio “a liberdade económica é um fim em isto Friedman nada tem a dizer, pois
desejo dos teóricos e não se observa si”, acabará por sobrepor-se à liber- estas são perfeitamente compatíveis
na realidade”. Este existe para ser dade política, qual filha de um “deus com a constituição de um ‘estado de
governado por alguns, as elites polí- menor”, o que significa que esta pode exceção’ que suprime transitoriamen-
ticas, que dispõem da racionalidade ser sacrificada sempre que aquela for te as liberdades individuais e políti-
e da astúcia para o persuadirem a posta em causa por medidas ‘socia- cas para, paradoxalmente, preparar o
aceitar consensualmente o seu poder. lizadoras’. Todo o programa político caminho para o restabelecimento da
Pareto foi nomeado senador por de Friedman e da sua escola é uma liberal-democracia: “O Chile – diz
Mussolini. ofensiva contra o Estado social e as ele – não é um sistema politicamente
medidas de redistribuição da riqueza, livre, e eu não posso perdoar este sis-
Milton Friedman pois, tal como o seu colega Hayek, tema. Mas as pessoas são mais livres
e a Escola de Chicago mas de forma mais rudimentar, do que nas sociedades comunistas,
considera que a procura da justiça porque o governo desempenha um
O testemunho de Mises e Pareto social é uma restrição da liberdade papel menor (…) As condições das
foi recolhido por Milton Friedman que reduz a soberania da liberdade pessoas tornaram-se melhores e não
(1912-2006), norte-americano, ven- económica: defesa de uma taxa única piores, tornar-se-ão ainda melhores
cedor do prémio Nobel de Economia de 23,5% sobre o rendimento, redu- quando se desembaraçarem da junta
em 1976, que juntamente com o ção dos impostos sobre as grandes e forem capazes de terem um sis-
austríaco Friedrich Hayek (1899- fortunas, defesa da responsabilidade tema democrático” (Fonte: https://
1992), que o venceu dois anos antes, dos gestores apenas perante os acio- en.wikipedia.org/wiki/Milton_Frie-
constitui um dos pilares ideológicos nistas, cortes drásticos nas despesas dman).
do neoliberalismo. Fundador da Es- e programas sociais, oposição ao Poder-se-á perguntar: mas o sistema
cola de Chicago, onde desenvolveu sistema de aposentação baseado no que o golpe militar fascista de Pino-
as suas teses ultraliberais, defende princípio da solidariedade entre clas- chet derrubou não era um sistema
no seu ensaio “Capitalismo e Liber- ses e gerações, defesa dos seguros de democrático? O Presidente Salvador
dade” (Edição portuguesa, Coimbra, capitalização e de uma taxa ‘natural’ Allende não tinha sido eleito demo-
Almedina, 2014), que “a liberdade de desemprego, contra as políticas craticamente? Também von Mises
keynesianas de pleno emprego, forte escreveu no seu livro significati-
oposição aos sindicatos responsabili- vamente intitulado “Liberalismo”
zados pelo aumento da inflação. (1927) que “não se pode negar que
o fascismo e movimentos seme-
Eis como os estados de
O apoio à ditadura de Pinochet lhantes, visando o estabelecimento
exceção que suprimem de ditaduras, estão cheios de boas
a democracia política e as Numa carta endereçada ao ditador intenções e que a sua intervenção em
liberdades para alegadamente chileno Augusto Pinochet, Fried- dado momento salvou a civilização
as restabelecerem mais tarde, man aconselhou-o a que o preço europeia” (Fonte: pt.wikipedia.org/
quando as massas já a pagar para debelar uma taxa de wiki/Ludwig_von_Mises). Eis como
renunciaram aparentemente inflação entre 10 e 20 por cento é os estados de exceção que suprimem
a autogovernar-se ou foram a aceitação plena de uma taxa de a democracia política e as liberdades
massacradas pela sua ousadia desemprego mais elevada através da para alegadamente as restabelece-
supressão das leis que restringiam rem mais tarde, quando as massas
‘socialista’, se transformam
os despedimentos, o que foi gran- já renunciaram aparentemente a
em salvadores da pátria e da demente facilitado pela ilegalização autogovernar-se ou foram massacra-
Informação

civilização: o neoliberalismo dos sindicatos e a perseguição dos das pela sua ousadia ‘socialista’, se
no máximo do seu sindicalistas, mas que está plena- transformam em salvadores da pátria
ESCOLA

ofuscante esplendor mente de acordo com a sua defesa e da civilização: o neoliberalismo


de uma taxa natural de desemprego, no máximo do seu ofuscante
22 projeto que, em países como o Chile esplendor.
da época, só poderia ser concretizado
Reportagem
Paul de Manique
Tanto os jovens como a população em geral
adotaram aquele ecossistema. Isso foi
o maior ganho que tivemos até agora

• Lígia Calapez
Paul de Manique em abril de 2013.
Fonte:AFoto do Paul de Manique exigia mais do
luta
Josépela preservação
Ramalho. Os primórdios
que o muito que já estava a ser feito.
do Paul de Manique, na e os passos já dados
“Eu, sozinho, ficava com os meus
Azambuja, tem uma história Foi em 2011, através da Câmara alunos e com aquilo que eu sabia. Já
que já vem de 2011, quando Municipal da Azambuja e das antigas foi bom – identifiquei muitas plantas,
Águas do Oeste, que o Projeto Rios(1) muitos animais. Mas, entretanto, achei
deu os primeiros passos veio propor à escola de Manique a que isto devia ir mais longe. Continuei
através do Projeto Rios, sua participação num movimento que a fazer pressão durante anos – desde
e que prossegue hoje envolve a proteção e conservação 2015 – junto da JF de Manique, que
– envolvendo a escola e a dos ecossistemas ribeirinhos, no caso envolve três freguesias. E eles ficaram
com foco no ecossistema do Paul de sensibilizados. Mas as coisas andam
comunidade e muitos outros Manique(2). Na altura, também outras muito devagarinho”.
parceiros - com um objetivo escolas do concelho foram convida- É então que a história deste projeto
bem claro: a classificação das, adotando uma zona húmida para se tornou também numa história de
do Paul como área protegida estudar e investigar. Atualmente, só a encontros que frutificam. Na sequên-
escola de Manique se mantém ativa. cia de uma formação, como professor,
de âmbito local. Desde então, a história deste projeto na área da geologia, José Ramalho
Uma história que nos foi tem sido uma história de implica- apresentou um trabalho centrado no
contada – em jeito de ção de múltiplos atores, a começar, Paul de Manique, quer na sua vertente
testemunho pessoal – por naturalmente, pela própria escola. “Eu geológica quer na vertente biológica.
envolvi os meus alunos. Eles gostam Trabalho que despertou o interesse
José Ramalho, “um simples
muito. Andaram metidos dentro de de Anabela Cruces, da Universidade
professor numa escola básica água - a atualizar os parâmetros físico- Lusófona. Um encontro que iria abrir
integrada de Manique -químicos da água, a registar o aspeto novas perspetivas e um alargado apoio
do Intendente, no alto da água, o cheiro, a temperatura, tudo ao projeto. “Expliquei-lhe que andava
Informação

e mais alguma coisa – durante vários à procura de encontrar alguém que


do concelho de Azambuja”,
anos. Depois, tudo aquilo que eles soubesse mais que eu, para podermos
como a si próprio
ESCOLA

faziam era apresentado no centro am- ter mais poder para convencer aqueles
se apresenta. biental do concelho de Azambuja”. que decidem a fazer qualquer coisa de
Entretanto, o trabalho de preservação mais oficial para preservar o Paul de
23
Reportagem

Manique”.
Na sequência deste encontro, mais
pessoas se juntaram ao projeto. Em
2017, a Câmara da Azambuja procede
à compra de 9 dos 18 hectares do Paul
de Manique. Era um novo e importan-
te passo para a sua preservação.
Entretanto, novos avanços se vão
conseguindo. O concurso a diferentes
projetos, nomeadamente de fundo
ambiental (em conjunto com as auto-
ridades municipais e a Universidade
Lusófona), permitiu construir diversas
estruturas no Paul, de um passadiço a
um posto de observação de aves. E ad-
quirir material essencial para a escola,
como máquina fotográfica a binóculos.

Múltiplas atividades Turma do 9ºA e professor José Ramalho. Turma pioneira no estudo da zona húmida do Paul de Manique integrando o Projeto Rios.
5
A foto assinala o início do Projeto Rios na E.B.I. de Manique do Intendente em 2011.
e a demanda de um barco
Tudo isto tem sido possível por uma ro)”, esclarece o nosso entrevistado. – com turmas daqui, com turmas de
confluência de vontades e de empenho Neste momento há vários projetos a outros sítios”.
dos muitos que têm vindo a colaborar concorrerem, e a esperança de José “Eles envolvem-se de uma forma
com o projeto. “Temos vários cola- Ramalho é que ganhe o projeto barco. espontânea e voluntária para proteger
boradores muito interessados – pro- “Precisamos de um barco insuflável, aquilo que não conheciam” – subli-
fessores da Universidade Lusófona, de fundo rígido, para poder ir para nha José Ramalho. “Não iam para
fotógrafos profissionais que, com a dentro de água investigar. Porque já ali brincar, não conheciam o valor
ajuda de outros especialistas, vêm aqui tivemos que pedir um barco a vá- daquilo. E agora, como as espécies são
identificar plantas, animais. O ICNF rias entidades, para pesquisar vários divulgadas nas redes sociais – e eles
(Instituto da Conservação da Natureza parâmetros da água, para analisar são especialistas disso -, estão sempre
e das Florestas) está connosco desde várias espécies, analisar a água, o em cima do acontecimento. Sobretu-
2017 e vem fazer várias ações – anie- fundo do Paul. E termos que o pedir é do, tornaram aquele espaço o espaço
lagem de aves, para as crianças, para um bocadinho complicado e envolve deles. E isso é uma coisa espontânea.
os adultos, para as outras escolas”. uma logística difícil. E, se nós tivés- Tanto os jovens como a população em
Um trabalho que, sem tais apoios, semos um barco, era tudo muito mais geral. Adotaram aquele ecossistema –
não teria sido possível. E que engloba fácil – quer para os investigadores das isso foi o maior ganho que tivemos até
agora múltiplas atividades. universidades, quer para nós, enquan- agora. Eles adotaram aquela zona, por
De entre as principais atividades que to escola de Manique, colaborarmos. via do conhecimento e da paixão”.
têm vindo a ser realizadas, José Rama- Com os nossos alunos, com os alunos Isto reflete-se e é alimentado, an-
lho destaca, nomeadamente, os cursos da faculdade (que já cá vieram, já tes do mais, na própria dinâmica de
de formação para anielagem de aves, explicaram coisas aos nossos alunos, aprendizagem na escola. Exemplos
dados pelo ICNF, em que participam todos eles participam)”. não faltam. A professora de infor-
alunos da escola de Manique e todas mática ajuda os alunos a divulgar os
as pessoas que quiserem. E também as Eles adotaram aquela zona, por seus trabalhos sobre o Paul na página
ações de limpeza do ecossistema, con- da escola. A professora de educação
tribuição para renovação de espécies
via do conhecimento e da paixão
visual faz, com eles, trabalhos em pi-
do ecossistema, controle de invasoras. De zona completamente desconhecida, rogravura acerca de espécies do Paul.
“São atividades que já foram muitas o Paul de Manique é hoje uma zona Com o professor de matemática, são
vezes feitas”, conclui. adotada pela população “como coisa os trabalhos quantitativos sobre o nº
Um outro contributo pode vir do sua”. Para a escola, para os alunos, de espécies, sobre o volume de água
orçamento participativo(3), um projeto para os professores, isso é um facto do Paul. Os professores de português
ESCOLA INFORMAÇÃO

alargado a toda a comunidade. A esco- particularmente evidente. “O Paul e inglês elaboram testes sobre o Paul.
la de Manique também tem orçamento serve para todos os anos de escolarida- “Toda a gente faz alguma coisa sobre
participativo, com um fundo de 500 de. Para os miúdos fazerem trabalhos. o Paul”.
euros. “É uma escola pequeníssima, Os professores vão com eles até ao Para José Ramalho, como professor
familiar – tem cento e tal alunos. Os Paul, para explicar-lhes coisas. Outras de ciências naturais – a matéria do 7º
24 miúdos – desde o 5º ano até ao 9º - fa- vezes temos pessoas associadas a este ano é geologia e a do 8º, ecossistemas
zem projetos (com a nossa ajuda, cla- projeto que explicam coisas do Paul -, “o ecossistema de Paul de Manique
CAMPANHA ,EM OUTUBRO DE 2019, DE RECOLHA
DE PLÁSTICO DEIXADO EM CERCA DE 9 HECTARES
DO PAUL PELAS CULTURAS DE MELÃO (ENTRE
Reportagem
OUTRAS) QUE SE PRATICARAM ATÉ CERCA DE 1993

serve para tudo. E, quando lhes peço


para fazerem algum trabalho – tem de
envolver o Paul de Manique”.
Reflete-se ainda em ações concretas de
preservação e defesa do ecossistema.
“O Paul era zona de plantio – melão
e uvas – e, para que as ervas daninhas
não atrapalhassem o crescimento da
planta do melão, colocavam plástico
(o melão era plantado nos orifícios do
plástico). Em 1983 foi a última cultura
de melão que se fez ali no Paul. Mas
o plástico ficou todo. Quase 9 hecta-
ESPÉCIE AMEAÇADA, PROTEGIDA POR LEI E SÍMBOLO DO PROJETO
res de plástico. Então, uma das ações PAUL DE MANIQUE.
que nós fizemos – envolveu toda a
comunidade do concelho e de outros OS ALUNOS DA E.B.I. DE MANIQUE

concelhos limítrofes – foi retirar uma


EM MONITORIZAÇÃO
DAS ÁGUAS DA VALA DO PAUL

parte do plástico. E isso foi feito com


a ajuda de muitos alunos daqui”.
“Eles adoram estas ações”, afirma.
“Todas as ações que tenham a ver com
o Paul, adoram. Andamos já também
a plantar árvores de zona húmida – e
eles envolveram-se muito no plantio
dessas árvores. Ou a apanhar lixo à
volta do Paul. Em qualquer ação des-
tas, aparecem sempre muitas pessoas”.
ESPÉCIE AMEAÇADA, PROTEGIDA POR LEI E SÍMBOLO DO PROJETO Família: JUNCACEAE. 7
PAUL DE MANIQUE. Espécie. Juncus

Temos tudo aquilo que é preciso valvatus.


Nome vulgar: Junco.
20

para a classificação do Paul Prof.ª Dr.ª ANABELA CRUCES E ALUNOS DA FACULDADE DE ENGENHARIA (Universidade Lusófona) A
INVESTIGAREM OS SEDIMENTOS DO PAUL (10,11 de maio 2019).

“Nunca perdemos o nosso fim – que é


a classificação como área protegida”.
Um processo longo, uma luta siste-
mática. Por vezes alimentada até por
episódios que se poderiam considerar
fortuitos. “Descobri uma espécie de
plantas – um junco – que eu sabia que
era uma espécie rara e estava prote- Família: JUNCACEAE.

gida por lei. Tirei fotos e informei a


Foto: José Ramalho.
António Caiado
Espécie. Juncus 15
valvatus. Família: CICONIIDAE 20
Espécie: Plegadis falcinellus.

professora Anabela Cruces, da Lusófo-


Nome vulgar: Junco.
Nome vulgar: Íbis-preto.
Estatuto de conservação: regionalmente extinto.
Observação: Março a setembro.

na, a Câmara, a Junta de Freguesia.


Aparecem no Paul de Manique desde há 3 anos.

Passado algum tempo de eu descobrir sobre aquele ecossistema. Há investi- está feito pela equipa – é uma enge-
esta espécie – isto foi antes da compra gadores de universidades que já foram nheira da Câmara (Diana Loureiro),
do Paul, em 2017 – alguém põe dois ao Paul e que estudaram aquela zona. é o ICNF através do Dr. Vítor Encar-
cavalos no Paul e os cavalos comeram Isto tudo grátis, ninguém lhes pagou nação, sou eu, que represento a escola
o junco. Escrevi para o presidente da nada. Foram eles que vieram por sua de Manique, e é a professora Anabela
Junta de Freguesia de Manique do conta, com os seus aparelhos, cedidos Cruces, da Universidade Lusófona, e é
Intendente, escrevi para a Câmara, voluntariamente pela universidade, o fotógrafo, que está connosco desde
mostrando o resultado de a zona não que compreenderam a importância 2018, o Paulo Rocha”.
ser classificada. Há tantos anos que desta zona e vieram para aqui estudar, “Este núcleo duro não perde o centro
eu andava a pedir – classifiquem esta para inventariar as espécies – animais, da questão – que é a classificação”,
zona. E tiveram ali aquela prova de vegetais. Temos centenas e centenas conclui.
que tinham que classificar a zona. Ain- de espécies estudadas, temos a geo-
Informação

da não o fizeram, mas já perceberam logia do Paul conhecida. Temos tudo


que têm de vigiar”.
(1)
https://enea.apambiente.pt/content/projeto-
aquilo que é preciso para justificar
ESCOLA

-rios?language=pt-pt
Dados não faltam, para a classificação uma classificação”. (2)
http://paulnatura.pt/%20
do Paul. “O mais importante era haver “Vamos lá ver quando se decidem”, (3)
https://pt.wikipedia.org/wiki/
conhecimento técnico e científico comenta. “O trabalho mais complexo Or%C3%A7amento_participativo_em_Portugal
25
Reportagem

“Sem uma ligação afetiva,


é mais difícil cuidarmos”
• Sofia Vilarigues

A EI esteve à conversa com Íris Silva,


coordenadora do Projeto Rios,
da ASPEA – Associação Portuguesa
de Educação Ambiental, que falou
deste projeto e de outras iniciativas
da associação, defendeu a importância
da conservação dos ecossistemas
e afirmou que sem uma ligação afetiva,
é mais difícil cuidarmos.

O que é o Projeto Rios? mais proativa na conservação destes Como é que nasceu o Projeto?
O Projeto Rios é um projeto que tem ecossistemas. O Projeto nasceu em 1997, na Catalu-
como objetivo alertar as pessoas para a O Projeto Rios basicamente consiste nha, portanto este é um projeto ibérico.
importância da conservação dos ecos- na adoção do troço de um rio. Pode Aqui em Portugal é coordenado pela
ESCOLA INFORMAÇÃO

sistemas ribeirinhos, e que pretende in- ser feita por qualquer grupo, pode ser ASPEA, neste momento. O Projeto
cluir a sociedade, incluir todas as pes- um grupo de amigos, uma câmara mu- veio para cá em 2006, já temos 15 anos
soas, na proteção destes ecossistemas. nicipal, uma escola. Temos várias en- do Projeto Rios. E nasceu desta neces-
Alertar para os problemas de degrada- tidades envolvidas no Projeto Rios. O sidade de trazer a população e envolver
ção, de perda de biodiversidade, intro- grupo vai adotar o rio e, como quem os cidadãos para a proteção dos rios e
26 dução de espécies exóticas invasoras. adota um animal, vai cuidar e proteger ribeiras e alertar para a problemática da
E instigar as pessoas a ter uma ação este rio. degradação destes ecossistemas.
Reportagem
Mantêm a ligação com Espanha? pessoas podem vir fazer um curso con-
Sim, não tanto se calhar como há al- nosco, de 16 horas, em que aprendem
guns anos, mas continuamos a colabo- como deve ser feita a monitorização,
rar com os parceiros espanhóis. quais os materiais a serem utilizados, e
então ficam certificados enquanto mo-
E que ligação é que estabelecem? nitores do Projeto Rios.
Muito ao nível de comunicação, de Além disso, nós temos também alguns
partilha de experiências. monitores, espalhados pelo país, que
acompanham saídas de campo. Temos
Qual é a metodologia de Projeto Rios? escolas que dizem: “Vamos fazer uma
Primeiro de tudo, um grupo tem de de- saída de campo com os nossos alu-
cidir qual é o troço, a parte do rio que nos, pode vir alguém da coordenação
quer adotar. Nós pedimos sempre que do Projeto Rios ou um outro monitor
seja um grupo no mínimo de 4 pessoas, acompanhar e ajudar?”. Normalmente
para realmente haver um envolvimen- para os alunos também é mais interes-
to. Normalmente temos os grupos que sante ter alguém de fora, que vem, que
estão interessados e que perguntam: ajuda e que explica.
“Qual é que é a melhor parte? Qual é Temos também um kit que disponibili-
que é o melhor troço do rio? O que é zamos por um preço e que tem todos os
que vocês sugerem?”. Nós dizemos materiais que são utilizados na saída de
sempre que deve ser uma parte do rio campo, tem os manuais, como fazer a
que lhes diga alguma coisa. Tentamos saída de campo, as redes, os termóme-
trazer esta parte emocional, esta liga- tros, tem vários materiais.
ção, porque sem uma ligação afetiva, é Neste momento, os dados ou são en-
mais difícil cuidarmos. Então primeiro viados para nós ou são recolhidos atra-
dizemos: “Escolham um troço de que vés de um formulário online, e depois
tenham uma memória, que passe perto são disponibilizados numa plataforma,
da vossa casa, do vosso trabalho, e que que temos vindo a desenvolver. Ain-
vos diga alguma coisa”. da não foi feita a apresentação oficial,
Depois, devem contactar a coordena- mas está para breve. Nesta campanha
ção do Projeto Rios para perceber se de Primavera os grupos já estão a in-
aquele troço já está adotado ou não. E, serir os dados nessa plataforma, que
quando têm a luz verde, devem preen- depois vai ficar disponível. Temos um
cher a ficha de inscrição, que está no mapa, e no mapa nós vamos conseguir
site do Projeto Rios (dentro do site da ver no troço adotado os dados da saí-
ASPEA uma secção do Projeto Rios). da de campo deste ano, por exemplo, e troca de experiências entre os professo-
E, a partir daí, devem realizar no mí- na próxima saída de campo os grupos res, partilhar algumas metodologias ou
nimo duas ações de monitorização, voltam a colocar. Portanto vamos ter algumas dificuldades que tenham tido,
uma na Primavera e a outra no Outono, a georreferenciação dos dados, e va- e partilhar também alguns recursos.
e uma ação de melhoria. Esta ação de mos poder ir a esta plataforma e fazer E, depois, o que também fazemos são
melhoria pode ser uma limpeza do rio, a comparação entre os rios em partes encontros de grupos. Ou seja, numa
pode ser uma campanha, pode ser uma diferentes do país, ao longo do tempo. região convidamos os grupos todos e
ação de sensibilização, uma palestra, É um recurso muito interessante e que fazemos uma ação. Então é mais neste
uma conferência, portanto qualquer nós estamos a desenvolver agora. sentido que vamos juntando os profes-
ação que traga atenção àquele rio. sores e as escolas.
Isto é o mínimo que nós pedimos. De- E vai estar disponível online?
pois há grupos que fazem mais, que fa- Neste momento ainda não decidimos Os alunos também?
zem outras atividades à volta dos rios, como é que vai ser, mas sim, a ideia Sim, sim. Nestes encontros de grupos
que fazem mais saídas de campo. será depois ter a plataforma no site do a ideia é virem também os alunos. Nós
Na monitorização, temos uma ficha de Projeto Rios, portanto qualquer pessoa tivemos um, penso que foi há 2 anos,
campo, que deve ser preenchida, com pode visualizar, mas apenas os grupos 2019, foi em Braga - em Braga nós te-
as informações. Devem ser analisados podem inserir os dados. mos o rio Este todo adotado - e tivemos
os parâmetros físico-químicos, há re- uma palestras, os alunos todos juntos.
colha de macroinvertebrados, há ob- Tem havido ligação entre escolas, É muito interessante conseguir reunir
servação de fauna e flora, observação contactos entre as escolas ligadas ao toda a gente.
se existe poluição, se não, também que Projeto?
Informação

património existe ali naquela zona dos Sim. Nós normalmente fazemos todos Mas é a nível nacional?
500 metros do rio. E depois essa infor- os anos um encontro de monitores, e aí Não, aqui nós fazemos por regiões.
ESCOLA

mação é enviada para o Projeto Rios. todos os monitores que são professores Porque temos quase 600 grupos ins-
Para ajudar estas monitorizações, dis- estão em contacto. Estes encontros de critos, desde o início do Projeto Rios,
ponibilizamos cursos de monitores. As monitores têm muito a ver com uma penso que são 597 em todo o território,
27
Reportagem
todologias que foram adap- quilómetros de rio ou ribeira que fo-
tadas para o projeto. ram adotados. E já tivemos 51 cursos
Uma foi adaptada pela Uni- de monitores. Até à data formámos 790
versidade de Coimbra. As- monitores.
sim só explicando muito Nós temos ainda outro projeto que é o
brevemente a metodologia: LIFE INVASAQUA, é sobre espécies
é feita a recolha de folhas exóticas invasoras aquáticas, é um pro-
de amieiro, essas folhas jeto ibérico, e que penso que vai ter-
são secas, são colocadas minar em 2023, portanto ainda temos
nuns saquinhos de rede e alguns anos, e também envolvemos es-
são colocadas as redes no colas. As escolas também fazem saídas
rio, e durante 4 semanas o de campo, e aqui muito mais viradas
conjunto de redes é tirado, para sensibilizar para a temática das es-
são pesadas as folhas, e são pécies exóticas invasoras, porque é que
inseridos os dados numa fo- devemos privilegiar as espécies autóc-
lha Excel. E dá-nos o valor tones. É um projeto muito interessante.
da integridade, portanto da
saúde do rio, com aquele Há mais alguma iniciativa da ASPEA
valor nós conseguimos per- que gostasse de destacar?
ceber se o rio tem boa quali- Nós temos um projeto que é o CareFo-
dade, se tem má qualidade, rest, também é um projeto internacio-
qualidade média. Também nal, cujo objetivo é trazer as escolas,
temos uma plataforma que trazer os professores para trabalhar so-
está disponível no site, que bre a temática das florestas, para perce-
mostra um mapa e nós con- ber a sua importância. Abordamos não
seguimos ver nos vários só a biodiversidade, mas por exemplo
países a qualidade daqueles a questão dos incêndios florestais. Te-
rios. mos alguns recursos que estão a ser
E depois temos a outra par- trabalhados, incluindo um e-book, que
portanto são muitos grupos para con- te, que é a parte do patri- depois vai ser disponibilizado para
seguir juntar, então nós tentamos sec- mónio, em que os alunos estão a fazer os professores utilizarem em sala de
cionar. Um encontro assim nacional, recolha de materiais de património ma- aula, com atividades, com conteúdos
neste momento só mesmo o encontro terial, imaterial e de memórias orais, a teóricos. Envolvemos as escolas, faze-
de monitores. fazer entrevistas à população. Estamos mos caminhadas na floresta, palestras,
a trabalhar num arquivo colaborativo, portanto atividades envolvendo as flo-
Quantos municípios estão em que vamos ter nos quatro rios o pa- restas. Os recursos irão sair até ao fim
envolvidos no Projeto? trimónio material, o património imate- deste mês ou início de maio e vão es-
Temos 141 municípios envolvidos. rial e histórias, memórias de pessoas. tar disponíveis no site do projeto, em
Também está a ser muito interessante inglês e português e nas línguas dos
O Projeto Rios já ganhou prémios envolver os alunos do ensino secundá- parceiros.
inclusive, não foi? rio. Mesmo até com a covid, nós temos E, só para finalizar, vamos ter as Jor-
Exatamente, sim, sim. Desde o Green os professores a dizerem: “Está a ser nadas Pedagógicas de Educação Am-
Project Awards, também ganhámos difícil, mas nós queremos continuar a biental agora em junho, 18 a 20, vão
uma menção honrosa no Prémio Na- trabalhar e queremos continuar a pro- ser presenciais, em Castelo de Vide, no
cional de Ambiente “Fernando Perei- curar”. Houve professores que até inte- Parque de São Mamede. Vão ser as vi-
ra”, Prémio Dragona Iberia, portanto graram nas suas unidades curriculares, gésimas sétimas. Vamos ter palestras,
temos alguns. em vez de fazerem outros trabalhos fa- vamos ter workshops, saídas de campo,
ziam trabalhos de ter de recolher entre- também há a possibilidade de as pes-
Há também o Living River… vistas, ter de procurar património. Os soas virem apresentar os seus projetos.
O Living River é um projeto interna- próprios alunos escrevem histórias ou Nós convidamos todos os professores,
cional e que teve um bocadinho como memórias que eles tenham ou memó- todos os interessados a vir, acho que
base o Projeto Rios, é um projeto cuja rias da família sobre uma parte do rio. é muito interessante esta troca de opi-
metodologia se inspirou no Projeto A ideia depois, o projeto termina em niões sobre assuntos de ambiente, e é
Rios. Temos quatro países que es- agosto, é que estas metodologias tam- sempre bom, ficamos a conhecer tam-
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tão envolvidos – Portugal, Espanha, bém estejam disponíveis (de forma não bém que recursos
Roménia e Turquia – e em cada país obrigatória) para os grupos do Projeto e que projetos
adotámos também um rio. No caso de Rios. estão a ser im-
Portugal é o rio Mondego. E nós envol- plementados em
vemos as escolas, escolas secundárias. Quantos troços de rios e ribeiras Portugal. É sem-
28 Cada escola adotou também um troço foram adotados pelo Projeto Rios? pre algo muito
do rio e estão a implementar duas me- Neste momento temos cerca de 296 valioso.
Educação
para a
cidadania
O porquê
e o como
Porque é que a educação
para a cidadania
é tão importante?
E que caminhos, que
metodologias são mais
adequadas? Estes,
no fundo, os grandes eixos
presentes nas
apresentações e debate
de mais um encontro
promovido pelo Museu
algum tipo de violência (que pode não
do Aljube, em 24 Dois universos ser violência física) e 58% já terão
de março, no quadro da fundamentais - o escolar sofrido pelo menos um comportamen-
e o familiar to de agressão. Dados a que se somam
“Cidadania, porque sim”. outros, relativos a bullying, consumos
Desta feita com o tema Quais as circunstâncias atuais em que e delinquência juvenil. Indicadores
se inscrevem dois universos funda- que, frisou, “me parecem perfeita-
“Igualdade, cidadania mentais - o escolar e o familiar? Par- mente claros em relação a porque
e pedagogia” e as tindo de dados concretos, José Mor- não devemos hesitar um segundo em
gado, do ISPA, reportou-se a alguns considerar imprescindível e incon-
intervenções de aspetos relevantes da realidade atual, tornável a educação para a cidadania
José Morgado reafirmando o quanto é imprescindível – quer do ponto de vista escolar quer
a educação para a cidadania. familiar – nas suas inúmeras vertentes
e Rita Ramalho. Um primeiro conjunto de dados, e dimensões”.
particularmente significativo: um Abordando os universos distintos da
estudo da UMAR, de 2020, em torno educação familiar e da escola, José
• Lígia Calapez da violência no namoro, envolvendo Morgado começou por se focar na
4598 jovens, do 7º ao 12º ano, com família. Um olhar centrado “naquilo
uma média de idades de 15 anos, que são as circunstâncias atuais”, que
indica que 67% consideram normal envolvem alterações significativas nos
estilos de vida, com a mãe e o pai a fissional bem-sucedido”. Hoje, “pelo essas abordagens mais integradas”.
trabalhar e muitas exigências do ponto nível de desenvolvimento das socie- “A flexibilidade curricular é uma coisa
de vista do trabalho. dades, uma pessoa que sai da escola que está ao lado da educação para a
A resposta da sociedade foi uma over- sem qualificação profissional fica sem cidadania? Integra a educação para
dose de escola. “Hoje, de acordo com uma ferramenta de inscrição no mundo a cidadania?”, questionou. O Desen-
o quadro legal, se considerarmos os do trabalho”. “Este é um desafio a volvimento para a Cidadania tem
tempos curriculares, as componentes que não podemos fugir”, realça. Tanto 17 domínios - “Como é que isto se
de apoio à família e as atividades de mais que “a exclusão da escola é muito integra?” De que recursos dispomos,
enriquecimento curricular, há crianças provavelmente a primeira etapa da quando “nem sequer temos computa-
que podem ir ao limite de 11h horas de exclusão social”. dores em todas as escolas para todos
presença na escola, diárias”. Outra vertente do papel da escola é ga- os miúdos”?
“Não tem que ser assim”, defendeu rantir a construção pessoal. E garantir Tudo isto “tem que ser pensado de
José Morgado. Em causa está uma or- qualificação e construção pessoal para uma forma integrada. E, sobretudo,
ganização social do trabalho diferente. todos. Na perspetiva de que “a essên- deve ser integrado, simplificado e
“Não é obrigatório que todos tenhamos cia ética da democracia é o respeito desburocratizado”.
estes horários como hoje. Há muita pela diferença, a defesa dos direitos,
hipótese de teletrabalho que agora a equidade e igualdade de oportunida- O entendimento intercultural
pandemia tragicamente veio tornar des”. Um aprendizado que necessa-
evidente, por exemplo – que pode obs- riamente passa pela educação, pela e a amizade como um passo
tar a que as famílias continuem a não escola. Não fica só confinado à família. essencial para a paz
ter qualquer margem de ajustamento Antes de avançar para o COMO mundial
no seu tempo”. Por outro lado, muitas implementar uma educação para a
vezes os recursos existentes não são cidadania, José Morgado alertou para Voluntária numa organização não
aproveitados – “Alternativas que po- uma tendência preocupante. “Receio governamental que tem como objetivo
deriam evitar as crianças estarem tanto que nos estejamos a encaminhar para o a educação para a paz – o CISV(1), Rita
tempo nas escolas”. declínio da educação e a soberania da Ramalho começou por uma breve nota
Acresce que as famílias não são todas aprendizagem. Ou seja – a ideia de que sobre a história dessa organização.
iguais nem têm os mesmos meios. São a educação compete apenas às famílias Criado depois da 2ª guerra mundial,
óbvias as desigualdades/assimetrias e que o problema da escola é o pro- por Doiris Allen, psicóloga americana
– económicas sociais e culturais. “Se blema da aprendizagem”, considerou. que desenvolveu o conceito de uma
vemos algumas vulnerabilidades no Muito embora esta tendência ainda não organização que promoveria o entendi-
que diz respeito aos contextos familia- seja tão sentida em Portugal, os riscos mento intercultural e a amizade como
res, não temos que os substituir, mas existem e “há uma sobrevalorização do um passo essencial para a paz mundial,
temos que fazer chegar aos miúdos resultado em detrimento do processo”. o CISV nasce em 1950, oferecendo,
aquilo que é imprescindível para o seu “É preciso lutar por uma educação que hoje, uma variedade de atividades
desenvolvimento saudável”. não seja só centrada na aprendizagem. locais – campus internacionais, inter-
Este um quadro em que “aquela ideia É evidente que é essencial que todos câmbios familiares e projetos comu-
de que a escola instruía e a família aprendam as competências desenhadas nitários. Chegou a Portugal em 1971
educava, não funciona”. Porque “nem compatíveis com cada ano de escola- e está atualmente presente em mais de
a família consegue, só por si, educar, ridade. Mas eu defendo também uma 60 países.
nem a escola consegue meramente educação para os valores. Uma cons- Numa intervenção em que salientou o
instruir”. ciência ética. Uma relação ética com o paralelismo entre a Estratégia Na-
E a escola: qual o seu papel neste mo- conhecimento. Que a escola também cional de Educação para a Cidadania
mento? Que desafios e respostas? tem que passar”, salientou. (ENEC) e a visão do próprio CISV,
Numa sociedade cujo desenvolvimento E o COMO? Disciplinarizando? Para Rita Ramalho começou por considerar
S C O LINFORMAÇÃO
A Informação

exige cada vez mais qualificação, esta José Morgado, o caminho a seguir é que a educação para a paz, tal como a
é naturalmente uma vertente incontor- outro. “Acho preferível que consiga- educação para a cidadania, incentiva-
nável do papel da escola. mos trabalhar com abordagens mais -nos a olhar para uma ampla gama de
ESCOLA

A qualificação, sublinha José Mor- integradas. E, sobretudo, pensar se, de questões. Questões que nos ajudam a
gado, é “um bem imprescindível à facto, a estrutura, a organização e con- obter uma melhor compreensão, quer
E

30
30 construção de um projeto de vida pro- teúdos curriculares são amigáveis para da nossa própria identidade, quer dos

Digital
direitos humanos básicos, dos confli- dos fogos florestais em Portugal. E a tendo na base uma visão holística da
tos e como eles podem ser causados, maneira como eles depois concretiza- pessoa”.
evitados e resolvidos, das soluções ram isto foi: foram à procura de dados Por último, Rita Ramalho destacou um
sustentáveis para questões ambientais estatísticos sobre os fogos em Portu- ponto da estratégia nacional de educa-
e de desenvolvimento. gal; criaram um jogo de verdadeiro ção para a cidadania, “onde é referido
Estes quatro temas são abordados pelo ou falso para partilhar com os outros que a conceção e desenvolvimento de
CISV em quatro principais áreas de participantes estes dados estatísticos projetos, assentes nas necessidades e
conteúdo. “A diversidade – ao explo- um pouco chocantes e, depois, dividi- recursos e potencialidades da comu-
rar a própria identidade, os participan- ram o grupo em grupos mais pequenos nidade, corporizam situações reais de
tes descobrem a sua posição dentro (de 8), para simular uma reunião de vivência da cidadania”, para o destacar
de uma comunidade e da sociedade, uma câmara municipal, como é que como um modelo também utilizado na
enquanto percecionam as identidades uma câmara municipal poderia agir organização do CISV: os estágios de
diferentes dos outros. Os direitos hu- em relação a este problema dos fogos desenvolvimento de um grupo.
manos – ao sentirem a influência dos florestais. Escolheram personagens A ideia seria pensar numa turma como
direitos humanos na própria vida, os específicas para atribuir aos participan- uma microcomunidade, com necessi-
participantes começam a descobrir e a tes (uns seriam presidentes da câmara, dades e potencialidades específicas. E,
perceber a importância dos direitos hu- outros ativistas, outros diretores de nesse sentido, “perceber em que fase
manos na vida dos outros e a relacio- uma fábrica de papel)”. Este passo de desenvolvimento do grupo estão e
ná-la com problemas como a violência corresponde ao fazer atividade, para ajustar e ajudar a adaptar as ativida-
e a pobreza. Conflito e resolução – que depois se poder refletir. “Porque é des e dinâmicas que queremos fazer
ajuda os participantes a compreen- que isto é um problema? Que atitudes, e, consequentemente, potencializar o
der como os conflitos podem surgir competências e conhecimentos é que impacto que estas podem ter”.
(deliberadamente ou não) e o que podemos retirar daqui para generalizar O modelo de estádios de desenvolvi-
pode ser feito para se chegar a uma para outro contexto? (nesta discussão, mento envolve cinco fases. “A pri-
solução pacífica. E por fim, mas não já no grupo grande, falámos também meira corresponde à própria formação
menos importante, o desenvolvimento nos fogos na Austrália, na Califórnia). do grupo. É um momento em que os
sustentável – em que os participantes E como é que atitudes semelhantes alunos ainda não se conhecem bem,
desenvolvem estratégias para procurar podem ser soluções para este problema pode haver algum constrangimento. O
estabilidade económica e social, com – e esse seria o passo aplicar”. que nos leva à segunda fase – que cha-
base em processos e atitudes susten- Relembrando os eixos definidos pela mamos de conflito, porque é isso que
táveis e responsáveis perante o meio estratégia nacional de educação para a a carateriza – é mesmo um momento
ambiente”. cidadania – atitude cívica individual, para definir papéis e esclarecer as ne-
A metodologia da organização é relacionamento interpessoal e relacio- cessidades para que o grupo possa evo-
“aprender fazendo”. Ou seja, “Come- namento social e intercultural – Rita luir para a fase da normalização, onde
çamos por fazer uma atividade; depois Ramalho considerou que, apesar de ser a dinâmica começa a ser um pouco
refletimos sobre que atitudes, com- possível identificar aqui uma sequên- mais fluida, mas ainda assim o grupo
petências e conhecimentos podemos cia – passar de algo mais individual ainda não atingiu o seu potencial. Isso
retirar desta atividade; generalizamos e mais íntimo para um contexto em acontece só na fase da execução - nesta
para um contexto diferente ou como que já há interação, para um contexto fase o grupo está alinhado e produtivo.
esta nova aprendizagem pode ser apli- ainda maior de sociedade – “não existe Por fim, a fase de dissolução do grupo
cada; o que nos leva ao último passo – necessariamente uma ordem porque – separação que, na escola, acontece
aplicar efetivamente e pôr estes novos deve ser trabalhada”. E exemplificou: no fim do ciclo escolar”.
conhecimentos em ação”. “Para gerir conflitos, por exemplo, é No CISV, concluiu Rita Ramalho,
Para ilustrar esta metodologia, Rita preciso o diálogo e uma comunicação “temos muito em atenção em que fase
Ramalho referiu um exemplo concre- cuidada e autonomia individual. Mas, de desenvolvimento do grupo os parti-
to: uma atividade desenvolvida por por outro lado, para desenvolvermos cipantes se encontram e as atividades
participantes de 14 anos, na Dina- a nossa identidade cidadã, precisamos que planeamos são sempre adaptadas,
Informação
Informação

marca, num contexto intercultural, de comunicação e de estar inseridos para garantir a eficácia das mesmas”.
num campo com participantes de 10 num contexto de sociedade”. Ou seja, (1)
https://pt.cisv.org/
ESCOLA

países diferentes. “Os participantes “todos os domínios a trabalhar devem


portugueses queriam falar do problema ser vistos como intercomunicantes,
31
Digital
Escola/Professores
Escola/Professores

Professores na rua pela dignificação


da carreira docente
No passado dia 24 de abril, organizada pela FENPROF, decorreu uma
concentração de professores e educadores nos jardins de Belém,
próximo do Centro Cultural de Belém, sede da presidência portuguesa
da União Europeia. Objetivo central: denunciar a política de ausência de
negociação protagonizada pelo Ministério da Educação num momento
em que graves problemas afetam a carreia docente e a vida das escolas.
Coube a cada um dos sindicatos do continente a abordagem de um dos
temas que mais preocupam a classe docente.

J
osé Feliciano Costa, presiden- serviço para vincular, em 2019 esse nú- sidade permanente tem sempre de cor-
te do SPGL debruçou-se sobre mero passou para 15 anos e em 2020 já responder um vínculo laboral efetivo”.
a precariedade na profissão do- era de 16 anos”. Manuela Mendonça, coordenado-
cente começando a sua interven- Para inverter esta situação, é indispen- ra do SPN, abordou a necessidade de
ção classificando a precariedade como sável, disse, um investimento adequado dignificação da carreira docente como
“essa chaga que é um dos maiores para a Educação no Orçamento de Esta- condição de futuro. Denunciou a deses-
problemas da profissão docente, que do e a abertura de negociações em torno truturação da carreira como resultado
impede projetos de vida, que fragiliza, da revisão da legislação de concursos, da não contagem de 6 anos, 6 meses e
que permite abusos, ilegalidades, que do reforço da dotação de quadros das 23 dias de serviço prestado, das ilegais
perpetua os salários mais baixos e as escolas, da revisão da “norma-travão”, ultrapassagens por força dos mecanis-
piores condições de trabalho (…)”. Re- da reafirmação do carater nacional dos mos de transição da carreira na revisão
ferindo-se à chamada “norma-travão”, concursos com respeito pela graduação de 2009, da limitação de progressão
José Costa sublinhou que “ela continua profissional dos docentes, da redução resultante das quotas e vagas de acesso
Informação

a não impedir que milhares de docentes da área geográfica dos QZP e do aces- ao 5º e 7º escalões. E sublinhou que a
continuem, repetida e consecutivamen- so à totalidade das vagas dos Quadros valorização da carreira docente é “fun-
ESCOLA

te, a serem contratados a termo durante De Agrupamento e de Escola e dos damental para a atratividade da profis-
5, 10, 15, 20 anos de serviço”. E apre- Quadros de zona pedagógica, abertas são”, indispensável para rejuvenescer o
sentou números elucidativos do agravar a concurso para todos os candidatos ao corpo docente. “A falta de professores
32 do problema: “Se em 2018 um docen- concurso interno e externo. Orientação que hoje já se faz sentir em Portugal
te precisava em média de 13,5 anos de sintetizada na afirmação “A uma neces- não acontece por acaso” - sublinhou.
Escola/Professores

Anabela Sotaia, coordenadora do que, com implicação até na vida pes- ção com muitas e boas provas dadas”.
SPRC, sublinhou a necessidade de me- soal, afetam a vida profissional dos do- Insistiu na posição não negocial do
lhorar as condições de exercício da pro- centes (…)”. Denunciou a política anti M.E. face às propostas concretas já en-
fissão docente, nomeadamente a regula- negocial do M.E., considerando que tregues, em quatro momentos diferen-
rização dos horários de trabalho. Depois “por cá, diálogo e negociação são, so- tes, pela FENPROF, considerando que
de recordar que os docentes deram uma bretudo, produtos de propaganda para além da falta de vontade política para
excecional resposta à crise desenca- o exterior com raro consumo interno”. negociar há também um ”pensamento
deada pela pandemia, adaptando rapi- Sintetizou a desregulação da carreira economicista.”. Quanto à necessidade
damente a sua prática às condições do docente, explicitada nas intervenções de recuperação das aprendizagens per-
ensino a distância, mas também garan- anteriores, com a expressão “não há didas com a pandemia, Mário Noguei-
tindo a abertura das escolas sempre que carreira docente, mas apenas uma es- ra defendeu que devem ser as escolas a
tal foi preciso e possível, Anabela Sotaia trutura que serve de referência a uma decidir as medidas que cada uma julgue
recordou a intervenção do diretor-geral progressão que desrespeita a vida pro- mais apropriadas. Terminou anuncian-
da OIT no Dia Mundial dos Professo- fissional dos docentes”. Considerou que do a continuação da luta através de
res, que chamou a atenção para a im- o rejuvenescimento da classe docente ações específicas a desenvolver duran-
portância do trabalho da classe docen- facilitaria o uso das novas tecnologias te o mês de maio junto as Conselho de
te e para a necessidade de os governos digitais, sublinhando, contudo, que os Ministros.
os apoiarem. Enunciou como questões que agora são mais velhos “é uma gera- https://www.spgl.pt/manifestacao-de-docen-
urgentes a negociar com o M.E. a eli- tes-frente-ao-centro-cultural-de-belem
minação dos abusos e ilegalidades nos
horários de trabalho dos docentes (…), Resolução
“a distinção clara e objetiva entre o que Diálogo e negociação para dar futuro à profissão docente,
é considerado atividade letiva e ativida- estabilidade à Escola Pública e qualidade à Educação e ao Ensino
de não letiva”, a inclusão na compo-
nente não letiva individual das horas de Confirmando a entrega e o profissionalismo de sempre, professores e educadores tudo fize-
ram para, neste tempo de pandemia, exercendo a sua atividade presencialmente, a distância
redução previstas no artigo 79 do ECD,
ou em regime misto, nenhum aluno ficar para trás. Com o mesmo empenho, estão disponíveis
a redução do número de alunos, a redu- para, com o seu trabalho, contribuírem para a recuperação de aprendizagens prejudicadas
ção das tarefas burocráticas por turma, pela situação anómala que se tem vivido.
a dotação de equipas multidisciplinares Esse exemplar cumprimento dos deveres profissionais, contudo, não teve, da parte da tutela,
necessárias aos processos de inclusão e o devido reconhecimento, designadamente respeitando os seus direitos, melhorando as suas
a colocação de assistentes operacionais condições de trabalho e, de uma forma geral, valorizando a profissão docente.
Rejeitando negociar medidas importantíssimas para os professores, resolvendo problemas
em número necessário.
que os penalizam, o que temos é a imposição de um regime de avaliação de desempenho que
Manuel Nobre, presidente do SPZS, gera conflitos, mina o trabalho colaborativo, fundamental para a boa organização e o normal
debruçou-se sobre o envelhecimento na funcionamento das escolas, e provoca, também devido às quotas, profundas injustiças.
profissão docente, que considerou “ Os professores são dos poucos trabalhadores da Administração Pública que mantêm os cor-
”. Referiu que tes salariais, agora decorrentes da não contagem integral do seu tempo de serviço e do
“mais de 85% dos docentes portugue- regime de vagas para progressão a escalões intermédios da carreira; o envelhecimento da
profissão docente é visível, mas o governo rejeita as propostas que visam instituir um regime
ses têm acima de 40 anos de idade, 50%
de aposentação justo ou mesmo aplicar a já anunciada pré-reforma; as condições de traba-
já passaram os 50 anos; mais de 12% lho nas escolas não melhoram e os professores veem-se confrontados com turmas numero-
estão além dos 60 anos; e os docentes sas, com todo um trabalho burocrático que retira tempo para o essencial da profissão e com
que têm até 30 anos de idade não che- horários que ultrapassam, em muito, os limites que a lei estabelece; os jovens são afastados
gam a 0,3%”. de uma profissão que tem sido desvalorizada, quer do ponto de vista social, quer material,
Defendeu que a proposta que urge ne- e na qual a precariedade subsiste ao longo de muitos anos, por vezes uma e duas décadas.
Estes são, entre outros, problemas para os quais a FENPROF tem apresentado propostas e
gociar com o M.E. assenta em “quatro
reclamado processos negociais, porém, os responsáveis do Ministério da Educação recu-
aspetos fundamentais” - a aprovação de sam- nos, impondo, há anos, um verdadeiro bloqueio negocial, mal disfarçado pela marcação
um regime específico de aposentação de uma ou outra reunião avulsa de que não resulta qualquer solução para os problemas que
dos docentes, a aposentação voluntária, são causa de grande desgaste e descontentamento de todos, levando, mesmo, ao abandono
sem penalização por idade, dos docen- de alguns.
tes com 40 anos de serviço, a aplicação Na Assembleia da República e, principalmente, em fóruns internacionais, o Ministro da Edu-
cação (re)afirma valorizar e praticar o diálogo social. Não é verdade. O diálogo social, em
do regime de pré-reforma aos docentes
particular na Educação em Portugal, é produto de exportação, com raro consumo interno,
e a consideração do tempo de serviço pelo que os professores presentes na Ação Nacional de Luta promovida pela FENPROF, em
não contabilizado para a carreira para 24 de abril de 2021, voltam a denunciar esse facto ao país, mas, desta vez, também ao es-
efeito de despenalização da aposentação trangeiro, daí a sua presença junto à sede da Presidência Portuguesa do Conselho da União
antecipada. Europeia.
Informação

Coube ao secretário-geral Mário No- Os professores e os educadores exigem diálogo, negociação e soluções para os problemas
que afetam e põem em causa o futuro da sua profissão; exigem respeito pelos seus direitos e
gueira encerrar as intervenções, come-
melhoria das condições de trabalho, certos de que essas são condições necessárias à afir-
ESCOLA

çando por reafirmar que a ação de luta mação da Escola Pública enquanto promotora de uma Educação e um Ensino de qualidade
pretendeu “reclamar o direito à nego- para todas/os as crianças e jovens.
ciação de soluções para os problemas Lisboa, 24 de abril de 2021
33
Escola/Professores

Mais tempo na escola


ou rentabilizar o tempo da escola?
organizem esses cursos de verão para de abril, “mais do que programas de
António Avelãs
Dirigente do SPGL
quem os puder pagar… recuperação de aprendizagens, preci-
Uma outra solução avançada defende a samos de clarividência para preparar
Os estudos já publicados fornecem da- antecipação, logo para o início de se- o futuro da Educação, instrumento vi-
dos inquestionáveis: o chamado “ensi- tembro, do ano letivo. Poderá tentar-se. tal para promover o acesso a melhores
no à distância” traduziu-se num signifi- Mas também aqui há que conciliar esta condições de saúde, empregabilidade e
cativo atraso nas aprendizagens, sendo pretensão com os exames nacionais desenvolvimento económico e social”.
que este prejuízo se agravou, como que ainda decorrem a esse tempo e ter Temo que esta necessidade colida com
sempre, nos alunos das classes sociais em atenção que, para muitos docentes, dois obstáculos “de monta”: a falta de
económica e culturalmente mais dé- setembro significa uma escola nova e professores (que já se vai fazendo sen-
beis. Tentar minimizar esta situação é isso exige uma cuidada preparação do tir) e de outros técnicos necessários e
um dever para quem ainda não desis- ano letivo com os seus novos colegas a alegação de que não há verbas sufi-
tiu de procurar alternativas sólidas e de turma, de grupo, etc. Poderemos an- cientes (será necessário certamente re-
viáveis ao liberalismo extremista para tecipar alguns dias, mas não muitos. duzir o número de alunos por turma, ou
quem estas situações são o fruto na- De facto, há que ter coragem de enca- criar pequenas turmas que permitam as
tural da lógica mercantilista: os mais rar de frente o problema e avançar não recuperações essenciais). A que acres-
débeis são os culpados da sua própria com paliativos (por úteis que pontual- centaria outra condição: a necessidade
fraqueza e mantê-los assim é uma “jus- mente possam ser), mas por medidas de centrar o trabalho dos professores
tiça natural”. estruturais e sistémicas. E o primeiro e educadores na vertente pedagógica,
Não se questiona a boa vontade que grande princípio é respeitar a autono- libertando-os da asfixia burocrática, de
pode estar na base de algumas propos- mia das escolas/agrupamentos. Cada papelada a preencher e de plataformas
tas “remediadoras” apresentadas: é o uma delas terá de encontrar a solução informáticas que recolhem dados cuja
caso de poder reduzir o tempo das cha- mais adequada para a comunidade es- utilidade não é nada clara, mas que can-
madas “férias grandes”, uma espécie de colar que engloba. A situação não é sam e exasperam os docentes.
cursos especiais de verão (para quem? igual de escola para escola, varia com Se quisermos tranquilizar a nossa cons-
com que custos? dados por quem?). Di- os diferentes níveis de ensino e mesmo ciência, fiquemos pelos paliativos; se
ficilmente serão viáveis face à neces- com as disciplinas dos cursos. queremos mesmo que todos possam
sidade de realizar em boas condições A cada escola/agrupamento compete recuperar as aprendizagens, e que a Es-
os exames nacionais, face à necessida- fazer o levantamento e propor solu- cola cumpra o seu papel, lancemo-nos
de de respeitar as férias dos docentes, ções viáveis, isto é, pode não ser pos- em medidas a sério! E como escreve
dos alunos e, aliás, dos próprios pais e sível recuperar todos os atrasos, há que Santana Castilho, mais importante do
familiares dos jovens estudantes. Em hierarquizar as recuperações de modo que mais tempo de ensino “é optar pela
nome de uma liberdade que potencial- que os alunos possam continuar o seu rentabilização do tempo de ensino”
mente agrava as desigualdades terei de percurso académico. Como escreve (ibidem)
aceitar que uns ricos colégios privados Santana Castilho no Público do dia 28

A escola exige presença


Viva a escola!
Por razões de precaução que se aceitam, o regresso à “escola presencial” deu-se
faseadamente. Primeiro os mais novos e a 19 de abril os alunos do secundário. O
ESCOLA INFORMAÇÃO

SPGL e a FENPROF saudaram este regresso com a presença de dirigentes na Es-


cola Artística António Arroio, associando esta abertura à longa luta pela vincula-
ção dos docentes contratados de “técnicas especiais” das escolas especializadas
do ensino artístico. O secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, chamou
a atenção para a necessidade de garantir as condições de segurança sanitária no
interior das escolas de modo a possibilitar que não haja mais “interrupções” no
34
ano letivo que resta.
25 de Abril
Escola/Professores

Desfile em Lisboa

Como sempre, o SPGL participou nas iniciativas populares de comemoração do 25 de Abril, integrando
a manifestação que desceu a Avenida da Liberdade. A construção da Escola Pública para Todos e de Qualidade
e de uma profissão docente valorizada são valores de Abril que urge continuar e aprofundar, como condições
estruturais para uma sociedade mais justa, mais igual e mais solidária.

EXPOSIÇAO AJA
ASSOCIAÇÃO JOSÉ AFONSO
Informação
ESCOLA

Na sede da Associação José Afonso (AJA), na Rua de S. Bento,


170, Lisboa, está patente uma exposição de desenhos alusivos ao
25 de Abril feitos por alunos da EB1 Rainha Santa Isabel. 35
Pode ser visitada às 2ª, 4ª e 6ª das 15 às 19 horas.
Escola/Professores

46 anos, 46 escolas por Abril


No 47º aniversário
da Revolução do 25
de Abril de 1974,
a Federação Nacional
dos Professores
(FENPROF) e o Município
de Peniche inauguraram
o Mural “O 25 de Abril
nas Escolas” em frente
ao Museu Nacional
Resistência e Liberdade,
em Peniche.

O
mural é composto por
46 painéis de azulejos,
elaborados por professo- Na inauguração, além do Secretário- ao ideal democrático que o impul-
res e alunos de 46 Agru- -geral da FENPROF, intervieram - o sionou. Procurando simbolizar esse
pamentos de Escolas e Escolas não Presidente da Câmara Municipal de projeto, a FENPROF decidiu assinalar
agrupadas de todo o país e que foi, Peniche, Henrique Bertino Batista os 46 anos de Abril juntando futuro às
inicialmente, projetado para assinalar Antunes; a Ministra da Cultura, Graça memórias e, nesse sentido, propôs a
os 46 anos do 25 de Abril, em 2020. Fonseca; Marília Vilaverde Cabral, 46 agrupamentos de escolas e escolas
A inauguração foi inviabilizada nessa da União de Resistentes Antifascistas não agrupadas que elaborassem um
data pelas medidas então vigentes, no Portugueses (URAP); Pedro Pires, painel que, no conjunto, edificará um
âmbito do combate à pandemia. autor do desenho selecionado pela Mural que olhará de frente um dos
Este mural foi promovido pela Federa- Escola Secundária do Fundão; Sérgio espaços em que o fascismo encarce-
ção Nacional dos Professores (FEN- Branco, da Comissão Executiva da rou ideais, cultura, arte, liberdades e
ESCOLA INFORMAÇÃO

PROF), com o apoio do Município CGTP-IN. ceifou vidas”.


de Peniche e da Faculdade de Belas Na sua intervenção, o Secretário- O mural ficará permanentemente
Artes da Universidade de Lisboa, em -geral da FENPROF, Mário Noguei- exposto em frente ao Museu Nacional
parceria com o CENCAL (Caldas ra, sublinhou: “Homenagear Abril, Liberdade e Resistência, no Forte de
da Rainha), a União dos Resistentes ontem, hoje e sempre, não se deve Peniche.
36 Antifascistas Portugueses (URAP) e a esgotar em memórias, mas projetar-se
Associação 25 de Abril. no futuro, dando, assim, continuidade https://web.fenprof.pt/mural-por-abril
Escolas da Região da Grande Lisboa
que participaram no mural
AE Alapraia AE Marquesa de Alorna EB José Cardoso Lopes EB Vialonga
(Cascais) (Lisboa) (Amadora) (Vila Franca de Xira)

ES Lumiar ES Sebastião da Silva AE Mouzinho da Silveira


ES Peniche
(Lisboa) (Oeiras) (Moita)

AE Venda do Pinheiro Colégio São José AE Benavente


Mural Peniche
(Mafra)) (Restelo) (Santarém)

Pelo direito à mobilidade dos Técnicos Superiores do Ministério da Educação


O SPGL recebeu, de um conjunto de Técnicos Superiores vinculados ao Ministério da Educação (Psicólogos,
Assistentes Sociais, Terapeutas da Fala, Terapeutas Ocupacionais, Fisioterapeutas, Psicopedagogos, Psicomotricistas,
Técnicos de Intervenção Local, Técnicos de Orientação, Reconhecimento e Validação de Competências, Mediadores,
Educadores Sociais, Animadores Socioculturais e Intérpretes de Língua Gestual Portuguesa), o pedido de divulgação
de uma petição pública - PELO DIREITO À MOBILIDADE DOS TÉCNICOS SUPERIORES DO MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO (peticaopublica.com) com o objetivo de fazer “justiça em relação a estes profissionais de Educação
e que o Estado Português acautele um sistema de mobilidade justo, transparente e exequível, pautado por critérios
de transparência e justiça”.
Escola/Professores

Trabalhadores científicos em luta


Mais de cem trabalhadores
científicos manifestaram-se
em frente ao Ministério da
Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior (MCTES) no dia
16 de abril, num protesto
convocado pela FENPROF
e pela ABIC - Associação
dos Bolseiros de Investigação
Científica, exigindo respostas
para os sérios problemas
que enfrentam.

Prorrogação de todas as bolsas Abertura de novas edições dos


Margarida Ferreira
Departamento de Ens. Superior e Investigação de investigação Concursos Estímulo ao Emprego
do SPGL Como salientou Bárbara Carvalho, di- Científico (CEEC) e de Projetos
rigente da ABIC, “muitos ficaram sem de IC&DT em 2021
Como se pode ler na resolução subscri- trabalho durante este ano. Os bolseiros Embora tanto a FENPROF como a
ta por várias organizações e  aprovada nem direito a subsídio de desemprego ABIC tenham questionado a FCT so-
por unanimidade nesta ação, “os traba- têm, tiveram e continuam desprotegi- bre o adiamento dos prazos de candi-
lhadores científicos com vínculos pre- dos. Outros ficaram com os seus tra- datura ao CEEC 2021 e aos Projetos
cários – contratos de trabalho a termo, balhos hipotecados.” Teresa Santos, de IC&DT, estes não foram suspensos.
contratos de bolsa e vínculos pontuais doutoranda na FCUL, referiu que nesta Esta suspensão era justa e necessária,
– foram profundamente afetados pelas instituição “foi feito um inquérito no face às dificuldades que os investiga-
medidas de resposta ao surto sanitá- final de fevereiro deste ano, ao qual dores, e particularmente as investiga-
rio”: pelo encerramento das institui- responderam 40% dos doutorandos, doras, estavam a ter em assegurar o
ções, pelas restrições à circulação, que quase 200 pessoas. Mais de 90% re- trabalho normalmente previsto, ao qual
impediram a realização de trabalho de portaram que foram afetados pela pan- acrescia a exigente elaboração destas
campo e no estrangeiro e a participação demia (…). Quase metade espera ter o candidaturas, dificuldades devidas so-
em reuniões e, finalmente, pela neces- trabalho atrasado em pelo menos três bretudo à necessidade de prestarem
sidade de prestarem apoio a familiares meses.” E concluiu que “se é certo que apoio a familiares, especialmente aos
dependentes. o apoio da ciência é fundamental para filhos, durante o período de encerra-
Mais de um ano após o início da epide- que o país ultrapasse a crise, também é mento das escolas. A FENPROF e a
mia e perante a falta de respostas por certo que o apoio do país é fundamen- ABIC consideram que se tratou de uma
ESCOLA INFORMAÇÃO

parte do MCTES e da Fundação para tal para que a ciência e os cientistas manobra inaceitável da FCT para redu-
a Ciência e a Tecnologia (FCT) aos possam sobreviver.” Para dar respos- zir artificialmente as taxas de insucesso
problemas dos trabalhadores, eviden- ta a estes problemas é necessária, e já destes concursos e defendem a abertura
ciados e agravados durante este perío- muito tarda, a prorrogação de todas as de novas edições em 2021, para repor a
do, das principais reivindicações que bolsas de investigação, como é exigido justiça aos investigadores que não pu-
38 levaram a este protesto destacam-se as no abaixo-assinado lançado pela ABIC deram submeter as suas candidaturas
seguintes. em março deste ano. por motivos que lhes são alheios.
Escola/Professores

Integração de todos os reforçou que “os bolseiros, nomeada- autênticas offshores que servem para
trabalhadores aprovados para mente os bolseiros de doutoramento, prolongar e agudizar estas desigualda-
fazem investigação, produzem ciên- des.”
regularização no PREVPAP,
cia”, afirmando que “está na hora de
tanto nos Laboratórios do Estado, vincular estes milhares de trabalhado- Uma delegação da ABIC e da FEN-
como nas restantes instituições res, de acabar com as bolsas (…).” PROF foi recebida pelo ministro Ma-
académicas e científicas nuel Heitor, tendo por objetivo entre-
Como afirmou António Matos, diri- Integração dos trabalhadores gar o abaixo-assinado pela prorrogação
gente da FENPROF, o PREVPAP não de todas as bolsas, lançado pela ABIC,
científicos nas respetivas
resolveu o problema da precariedade que contava na altura com mais de
neste setor. Ainda assim, a somar ao in-
carreiras
2700 assinaturas, e a resolução apro-
Só por este meio se conseguirá pôr fim
sucesso do PREVPAP na regularização vada no protesto. Do relato detalhado
ao flagelo da precariedade na ciência.
da situação dos trabalhadores precários das conclusões da audiência, salienta-
António Matos afirmou que “a inves-
das instituições tuteladas pelo MCTES, -se que o ministro se comprometeu a
tigação que se faz em Portugal é em
dos poucos trabalhadores aprovados concertar com a FCT um mecanismo
grande medida suportada por bolsei-
para regularização neste processo (ca. que permita a prorrogação das bolsas;
ros, suportada por investigadores com
400 de ca. 3200 requerentes), muitos pretende fazer a revisão dos regula-
contrato a termo” e concluiu que “é
continuam à espera da efetiva integra- mentos de projetos da FCT e mostrou
tempo de dizer que basta de precarie-
ção. abertura para o lançamento de um
dade, é necessário dignificar a carreira,
O mesmo se verifica no IPMA, labora- concurso para projetos exploratórios
é necessário colocar estes investigado-
tório do estado onde 38 investigadores ainda em 2021; garantiu que as verbas
res, seja os com contratos a termo seja
receberam a homologação dos parece- relativas ao PREVPAP para as institui-
os bolseiros (…)”. Teresa Rodrigues
res positivos em julho de 2018, conti- ções tuteladas pelo MCTES já foram
frisou ainda que “a carreira de investi-
nuando, no entanto, 25 investigadores transferidas; e propôs um Pacto para a
gação em Portugal está estagnada e em
a aguardar a integração na carreira de Capacitação das Carreiras Científicas,
acelerada degradação.”
investigação científica, como expli- que incluirá a revisão do Estatuto da
Simone Tulumello, da Rede de Inves-
cou Teresa Rodrigues, que se encontra Carreira de Investigação Científica.
tigadores Contra a Precariedade Cien-
nesta situação. E afirmou que “passa-
tífica, salientou que este problema é
dos mais de três anos após o início do Vale a pena lutar. A serem cumpridos
multifacetado e está relacionado não
processo legislativo que desencadeou estes compromissos, assistiremos a
só com a necessidade de financiamen-
o PREVPAP, é urgente concluir aquilo um avanço relevante face aos proble-
to e a vontade da tutela, mas também
que é de mais elementar justiça, a re- mas mais imediatos dos trabalhadores
com resistências das instituições em
gularização da situação contratual e a científicos, sobretudo precários. No en-
integrarem os investigadores precários,
integração destes 25 investigadores no tanto, como estamos habituados a pro-
salientando a necessidade de os inves-
quadro da instituição”. messas vãs e malabarismos de palavras
tigadores se unirem e organizarem den-
e números do ministro Manuel Heitor,
tro das instituições, tal como a FEN-
temos de continuar alerta e intensifi-
Revogação do Estatuto PROF e a ABIC têm vindo a defender.
car a luta. Por outro lado, como afir-
do Bolseiro de Investigação José Vicente, do Núcleo de Investiga-
mou Ana Ferreira, dirigente do SPGL
Bárbara Carvalho e António Matos rei- dores do IST, afirmou que “hoje as ins-
e da FENPROF, referindo-se à reunião
teraram esta reivindicação da ABIC e tituições públicas do SCTN parece que
com o ministro, “temos algumas diver-
da FENPROF. As bolsas de investiga- continuam a olhar não para o capital
gências de base que não conseguimos
ção não conferem um vínculo laboral, humano e o seu pleno potencial, mas
ultrapassar, nomeadamente em termos
traduzindo-se no total desprovimento sim para os expedientes mais baratos
de considerar os bolseiros trabalhado-
de direitos laborais e proteção social e mais flexíveis com que podem dis-
res, em termos de o que é a precarieda-
dos trabalhadores que exercem a sua por desses recursos. São agora muitas
de (…)”, e Bárbara Carvalho reiterou
atividade com este tipo de vínculo. vezes as entidades privadas sem fins
que “há divergências de fundo, diver-
Os bolseiros de investigação são tra- lucrativos os elementos preferenciais
gências mesmo muito profundas sobre
balhadores científicos e têm direito a para continuar a alimentar o sistema
aquilo que deve ser o SCTN e aquilo
um contrato de trabalho, independente- público de ciência e tecnologia, en-
que deve ser o emprego científico, em-
mente de estarem em formação. quanto se esvaziam as carreiras de in-
prego de facto.” Ora, só aumentando
No entanto, como lembrou Bárbara vestigação. Portanto (…) é necessário
a participação e reforçando a luta
Carvalho, “o MCTES, através das suas acabar com estas desigualdades entre
poderemos alcançar a substituição
intervenções que raramente respondem colegas que servem juntos o mesmo
das bolsas de investigação por con-
àquilo que nós perguntamos, continua bem público, desigualdades económi-
Informação

tratos de trabalho, a integração dos


a afirmar que as bolsas de investigação cas, sociais, e até de participação na
investigadores na carreira e a sua
dão liberdade científica. (…) E, além vida democrática das instituições, tal
ESCOLA

valorização.
disso, continua a dizer que as bolsas como aconteceu recentemente no IST
são o objeto privilegiado para quem (…). É necessário pôr travões, por via
está em formação.” António Matos legislativa também, à utilização destas
39
Escola/Professores

O Departamento de Professores
e Educadores Aposentados
do SPGL participou na passada
sexta-feira, dia 16 de abril,
na Casa do Alentejo, na IX
Conferência Nacional da
Inter- Reformados / CGTP-IN
com o lema: “Direito dos
Trabalhadores a Envelhecer
com Direitos - Organizar,
Defender, Reivindicar e Lutar -
Afirmar a Solidariedade
Intergeracional”.

IX Conferência Nacional
da Inter-Reformados da CGTP-IN
Em discussão estiveram diversos docu- dos e as consequências da pandemia. lares, fora do seu conforto, e da necessi-
mentos: O Departamento de Professores e Edu- dade de um maior reforço no apoio do-
• “Relatório de Atividades da Inter-Re- cadores Aposentados do SPGL teve miciliar e da figura do cuidador formal.
formados (Mandato 2017-2021)”; oportunidade de trabalhar os documen- Foi eleita nova Direção Nacional, para
• “Ação Reivindicativa e Reivindica- tos em análise e, após algumas reuniões o mandato 2021 a 2025, com 35 cama-
ções Imediatas “; on-line, enviou o seu contributo para a radas aposentados de diversos Sindica-
• “A Organização Sindical dos Refor- melhoria dos mesmos, quer no relató- tos, Uniões e Federações de todo o país,
mados”; rio de atividades quer no documento da na qual foi eleito o camarada Rui Capão
• Resolução “Situação Social dos Re- Ação reivindicativa e Reivindicações recentemente aposentado, em substitui-
formados: Segurança Social – Serviço imediatas. ção da camarada Isabel Gaspar.
Nacional de Saúde – Causa e Efeitos da Participaram nesta conferência 135 de- Continuaremos, assim, presentes e
Pandemia”; legados, guardando as devidas distân- atuantes na Direção Nacional da Inter-
• Moção “Pela Paz – Contra a Guerra e cias e orientações da DGS. -Reformados da CGTP, determinados
a Ingerência”; O SPGL participou com uma delegação a que esta organização tenha a visibi-
• Moção “Trabalhadores têm direito a de quatro delegados, a que tinha direito, lidade e projeção que merece como a
Envelhecer com Direitos: Rede Públi- bem como a representante que perten- organização mais representativa dos
ca de Lares e de Residência de Idosos cia à Direção da IR. trabalhadores Reformados/Aposenta-
– Cuidados Continuados e Paliativos – Tivemos duas intervenções na Con- dos deste país, com 2 milhões e 800 mil
ESCOLA INFORMAÇÃO

Apoio Domiciliário – Fruição Cultural ferência, a do coordenador Bráulio reformados, assumindo, na sua ação
e de Lazer”; Martins, que versou a importância dos reivindicativa, um conjunto de priori-
• Documento de Apoio. Realizado pelo departamentos de aposentados nos sin- dades, assentes no esclarecimento, na
gabinete e estudos da CGTP-IN versan- dicatos e um pouco da nossa história, intervenção e na luta pelo direito a uma
do: A população reformada e o valor organização e atividade, e da colega reforma digna e com direitos.
40 das pensões; O direito à Segurança So- Almerinda Bento, de Setúbal, que nos
cial; As condições de vida; Os reforma- falou da problemática dos idosos nos
1º de Maio
Escola/Professores

Desfile em Lisboa

As dificuldades e limitações resultantes da pandemia Covid 19 não impediram a CGTP-IN de assinalar


convictamente o 1º de Maio, o Dia do Trabalhador. O SPGL marcou uma boa presença, desfilando entre
o Campo Pequeno e a Alameda D. Afonso Henriques, reafirmando as suas reivindicações e solidarizando-se
com os grandes objetivos da classe trabalhadora: a defesa de um trabalho com direitos, a revisão
da legislação laboral, a exigência de uma contratação coletiva que defenda quem trabalha.

Informação
ESCOLA

41
Opinião

Almerinda Bento
M.A.G. do SPGL
Daniel Sampaio
Um testemunho

E
ste meu texto é confessa que se apagou da família, dos amigos foi ele e para toda a família.
escrito no dia e que a entrevista acabou o que o salvou. Ele não A família, o seu grande
em que mais por ser um testemunho de pára de agradecer ao SNS, suporte de vida que aqui
uma fase do des- Daniel Sampaio e da sua como aliás já há alguns mais uma vez se revelou
confinamento da terrível experiência de 50 dias de meses tinha feito Isabel do e reforçou. Lê-se em toda
terceira vaga da pandemia hospitalização por essa Carmo que também nos a entrevista/testemunho
ocorreu em Portugal. O doença a que chamou a deu a conhecer o seu tes- um agradecimento enorme
dia está lindo, soalheiro, “doença do desamparo” temunho. Jovens médicos ao SNS e a intenção de
os e as jovens do secun- e em que descobriu em si alguns que tinham sido escrever um pequeno livro
dário regressaram às mesmo um homem que seus alunos, enfermeiros, sobre o que passou. Fica-
escolas, a maior parte dos/ não conhecia. pessoal de apoio, sempre mos a aguardar.
as docentes e do pessoal Um homem experiente, atentos com todos os pa- “Vamos lá ver se con-
das escolas já recebeu a culto, da área da medicina cientes, incentivando-os a seguimos que não haja
primeira dose da vacina, e da ciência reconhece lutar pela vida, a tratá-los outra vaga.” Diz Daniel
o 25 de Abril este ano já que foi “displicente” e por “amor” e “querido”, Sampaio quase a terminar.
pode ser feito na rua e não que no meio do seu muito sem desfalecerem, mesmo O dia está lindo. Abril e
à janela com a Grândola, trabalho se descuidou. “É exaustos. Num ambiente Maio estão aí. Vamos para
como no ano passado e o necessário respeitar as em que só há o pessoal a rua, vamos viver a vida,
1º de Maio também vai regras”. Depois de quinze hospitalar, em que o con- vamos lutar pelos nossos
ter maior participação e a dias terríveis no ambiente tacto com o exterior só é direitos, mas vamos cuidar
força de estarmos na rua. dos cuidados continuados possível através de meios que não haja outra vaga.
A confiança de melhores em que o barulho das tecnológicos, o compa-
dias, mas o dever de man- máquinas é omnipresente nheirismo dos pacientes Nota: este meu texto é
ter todos os cuidados. e em que a barreira entre da enfermaria (aqui o uma homenagem à minha
A força do testemunho do a vida e a morte é muito sportinguismo foi maiori- prima Maria Teresa Dias
psiquiatra Daniel Sam- ténue, a saga hospitalar tário), a literatura, as men- Roldão Bento, sócia do
paio (“Expresso” 16 de prolongou-se devido a sagens de encorajamento, nosso sindicato, educado-
Abril de 2021) devia ser uma bactéria que o atin- os pequenos passos, o ra no jardim-de-infância
divulgada massivamente. giu. “Houve momentos em primeiro banho, a voz da Brejoeira, Agrupamen-
As notícias que nestes que achava que me devia dos netos, a alegria que to de Escolas de Azeitão,
Informação

tempos são difundidas deixar morrer” é o título transmitiam, ajudaram-no infelizmente levada no
são tão contraditórias, da notícia a duas páginas a perceber as forças que final do mês de Janeiro
ESCOLA

negativas e tóxicas, que o do “Expresso” mas aos tinha e que nunca tinha pela covid-19.
exemplo vivido e relatado momentos de desespero e descoberto.
pelo próprio acaba por desamparo, a força que lhe O regresso a casa foi num
42 ser um oásis de positivi- vinha constantemente do dia simbólico - o Dia do
dade. A própria jornalista pessoal da equipa do SNS, Pai. Inesquecível para
Digital
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Legislação Departamento de Professores e Educadores Aposentados

“O Meu Livro
I Série

• Decreto-Lei n.º 22-D/2021159869158


Estabelece medidas excecionais e temporárias relativas à
pandemia da doença COVID-19 na área da educação
• Portaria n.º 73-A/2021160534625
Quer Outro
Segunda alteração à Portaria n.º 272-A/2017, de 13 de
setembro, alterada pela Portaria n.º 245-A/2020, de 16 de Livro”
outubro, que regulamenta os critérios e a respetiva fórmula O Departamento de Professores Aposen-
de cálculo para a determinação da dotação máxima de
referência do pessoal não docente, por agrupamento de
tados do SPGL realizou, na tarde de dia
escolas ou escolas não agrupadas 23 de abril, mais uma sessão de O meu
• Lei n.º 14/2021160893668 Livro quer outro Livro, com a apresenta-
Regime transitório para a emissão de atestado médico de ção de “As Longas Noites de Caxias” de
incapacidade multiúso para os doentes oncológicos Ana Cristina Silva. Foi uma sessão com
• Portaria n.º 80/2021161014478 um duplo significado, pois lembrando
Regulamenta as condições e procedimentos relativos ao
pagamento em prestações à segurança social para regula-
esta data como o Dia Mundial do Livro
rização de dívida de contribuições e quotizações e dos Direitos de Autor, quis também co-
• Lei n.º 19/2021161091059 memorar o 25 de Abril e a memória da resistência contra a ditadura e a
Define as condições para a acumulação das prestações PIDE.
por incapacidade permanente com a parcela da remunera- A apresentação do livro ficou a cargo de Julieta Monginho, escritora e
ção auferida pelos trabalhadores em caso de incapacidade magistrada do Ministério Público, que na sua intervenção assinalou a
parcial resultante de acidente ou doença profissional,
alterando o Decreto-Lei n.º 503/99, de 20 de novembro, que
data, não esquecendo os livros censurados e a autocensura a que quem
aprova o regime jurídico dos acidentes em serviço e das escrevia no tempo da ditadura tinha de se sujeitar. Valorizou a obra em
doenças profissionais no âmbito da Administração Pública análise pela importância e urgência do resgate da memória, face ao mo-
• Decreto-Lei n.º 27/2021161518656 mento perigoso que se vive, fruto dos populismos emergentes e dos dis-
Adequa e moderniza o regime de incentivos à cooperação cursos de ódio que pululam na nossa sociedade.
das instituições de ensino superior com a Administração Ana Cristina Silva, a autora de “As Longas Noites de Caxias”, que era
Pública e as empresas e o apoio à diversificação da oferta
formativa e a aprendizagem ao longo da vida
uma menina de 8 anos quando se deu o 25 de Abril, quis com este livro
• Resolução da Assembleia da República n.º homenagear os resistentes antifascistas e deixar este testemunho que há
124/2021162244833 que passar aos filhos, aos netos, aos alunos tendo consciência de que há
Recomenda ao Governo a elaboração de um plano integra- um preocupante desconhecimento, por parte das novas gerações, do que
do de preparação do regresso aos contextos escolares foi o fascismo e da brutalidade dos métodos de que o regime se servia
para se perpetuar. Esta realidade do que foi a nossa história recente preci-
II Série
• Despacho n.º 3866/2021 161521475
sa de ser divulgada e o objetivo pedagógico esteve na base das intenções
Cria o grupo de trabalho com a missão de apresentar da autora quando decidiu agarrar numa pessoa real e escrever sobre atos
sugestões e recomendações no âmbito da definição do que de facto aconteceram, apesar de os nomes e situações do livro terem
plano de recuperação e consolidação de aprendizagens sido ficcionados.
destinado aos alunos dos ensinos básico e secundário Foram muito ricos o debate e os testemunhos de vida de várias colegas
• Parecer n.º 4/2021 161861737 que intervieram numa sessão que contou com 31 presenças, incluindo
Parecer sobre Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)
• Portaria n.º 163/2021 161904563
colegas do SPN.
Fixa os montantes do subsídio anual por aluno concedido A sessão iniciou-se com informações sobre a atividade sindical, nomea-
ao abrigo de contratos simples de apoio à família e de damente, a participação de quatro delegados do departamento e a ca-
contratos de desenvolvimento de apoio à família marada que representa o SPGL na Direção cessante da IR-CGTP na 9ª
• Aviso n.º 7777-A/2021 162199940 Conferência Nacional da IR Nacional da CGTP, realizada no dia 16 de
Abertura de procedimento concursal para constituição de Abril, onde foi eleito Rui Capão para a sua direção; a concentração de
reserva de recrutamento de pessoal docente do ensino
Informação

português no estrangeiro para os cargos de professor e de


professores em Belém na tarde do 24 de Abril, pelas 15h, junto à sede
leitor da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, no Centro
Cultural de Belém, para denunciar e exigir o fim do bloqueio negocial
ESCOLA

• Despacho n.º 4272-A/2021 162199941


Adequação dos prazos do ciclo avaliativo previsto no imposto pelo Ministério da Educação; o 25 de Abril e do 1º de Maio,
Decreto Regulamentar n.º 26/2012, de 21 de fevereiro, e no este ano já na rua; a inauguração, em Peniche, do Mural “O 25 de Abril
Despacho n.º 12567/2012, de 26 de setembro, bem como nas Escolas”; e a concentração de professores contratados no dia 6 de
os44procedimentos de natureza excecional inerentes à
formação contínua dos educadores de infância e dos do-
Maio.
Digitaldos ensinos básico e secundário, relativos aos anos
centes
escolares de 2019-2020 e 2020-2021
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Consultório Jurídico
FÁTIMA ANJOS
FÁTIMA ANJOS
Advogada
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Licença sem vencimento de longa


duração e Regresso ao serviço
no decurso do ano escolar

N
esta rubrica do “Escola Informação” vai origem para umas das vagas existentes no seu grupo
ser abordado o regime jurídico da Licença de docência; ou
sem vencimento de longa duração (artigo b) Não existindo vaga naquele quadro, pode requerer
107º do ECD) e ainda a matéria relativa ao a integração na 1ª vaga que ocorrer no quadro a que
Regresso ao serviço no decurso do ano escolar por pertence.
decorrência de Licença sem vencimento de longa du- Embora o legislador não refira que esta vaga tenha
ração na sequência de doença (artigo 99º do ECD), por que ser no seu grupo de docência deve-se entender
existir entre elas uma relação. que, por razões de ordem pedagógica, o docente deve
1) O Regime geral de licença sem vencimento de ser colocado num grupo para o qual possua habilita-
longa duração encontra-se previsto nos artigos 280º ção.
e 281º da Lei Geral de Trabalho em Funções Públicas, É de referir que o constante nas alíneas a) e b) supra
aprovada pela Lei nº 35/2014, de 20 de junho. não impede o docente de se apresentar a concurso
Contudo, o regime especial da referida licença apli- para obter uma colocação em lugar do quadro se não
cada ao pessoal docente consta do artigo 107º do existir vaga no seu quadro de origem. Contudo, caso
Estatuto da carreira Docente (doravante ECD). De não obtenha colocação no mencionado concurso
acordo com este quadro legal, esta licença só pode manter-se-á em situação de licença sem vencimento
ser concedida a docentes do quadro de nomeação de longa duração com direito a recorrer às situações
definitiva com, pelo menos, 5 anos de serviço docente supra mencionadas.
efetivo devendo entender-se que estes podem ter sido 2) No que respeita à matéria constante do artigo 99º do
prestados seguida ou interpoladamente. Conforme re- ECD que tutela o “Regresso ao serviço no decurso do
sulta do disposto no artigo 99º do mesmo ECD, o início ano escolar” e regula a situação de Licença sem ven-
e o termo da licença sem vencimento de longa dura- cimento de longa duração na sequência de doença
ção são obrigatoriamente coincidentes com as datas há que referir que o que decorre desta norma constitui
de início e termo do ano escolar exceto na situação de um regime especial relativamente ao regime geral su-
licença de longa duração por motivo de doença. pra enunciado. E isto porquê? Porque, tendo em conta
O nº 4 deste mesmo preceito legal tutela o regresso ao que o serviço letivo é distribuído no início do ano es-
quadro de origem dos docentes na referida situação colar, o objetivo do legislador foi evitar que o regresso
determinando que os mesmos deverão apresentar um de um docente nesta situação, no decurso do mesmo,
requerimento, para o efeito, até ao final do mês de acarrete perturbações ao seu normal funcionamento.
setembro do ano letivo anterior àquele em que preten- Assim, prevê a referida norma que, o regresso ao ser-
dem regressar. (Por ex: um docente que se encontre viço dos docentes em questão depende de parecer
a gozar a licença sem vencimento de longa duração favorável da junta médica competente. Para além
desde o início do ano letivo de 2018/2019 e pretenda disso e para evitar as eventuais perturbações do nor-
regressar ao serviço no ano escolar de 2021/2022 mal funcionamento dos serviços, cabe ao órgão de
deverá apresentar requerimento para regressar ao administração e gestão do estabelecimento de ensino
quadro de origem até ao final do ano de 2019). É im- atribuir, aos docentes nessa situação, as funções que
portante salientar que o docente nestas circunstân- exercerão até ao início do ano escolar seguinte as
Informação

cias deve gozar as férias a que tem direito no ano civil quais deverão ser de natureza não letiva que consti-
de passagem à situação de licença sem vencimento tuam funções de apoio.
de longa duração e antes do início da mesma. Relembra-se que, para eventuais esclarecimentos so-
ESCOLA

No que respeita ao regresso ao serviço dos docen- bre as matérias abordadas, poderão os destinatários
tes nesta situação, os nºs 3, 5 e 6 do quadro legal em recorrer aos serviços de Apoio a sócios e de Conten-
questão determinam o seguinte: cioso do SPGL.
a) Um docente pode requerer o regresso ao quadro de 45
Digital

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