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Texto 3
Os negócios rurais têm incorporado cada dia mais as diversas práticas tradicionalmente
relacionadas às organizações industriais, comerciais e prestadoras de serviço tipicamente
urbanas.
Citando Marion (2000), classicamente, as empresas rurais são definidas como aquelas que
exploram a capacidade produtiva do solo através do cultivo da terra, da criação de animais e
da transformação de determinados produtos agrícolas. Essas empresas podem explorar três
categorias diferentes de atividades, que são:
1. Atividades Agrícolas;
2. Atividades Zootécnicas;
3. Atividades Agroindustriais.
Para identificar o tamanho de uma empresa rural, Valle (1985) apresenta um conjunto de
elementos que devem ser tomados em consideração:
Por outro lado, eles apresentam menos possibilidade de mecanização das operações e menor
especialidade de mão de obra na execução das operações, pagam preços mais elevados pelos
insumos e recebem menores preços pelos vendidos.
Já as grandes empresas possuem maior facilidade para obter mão de obra especializada,
aproveitam a superfície do solo de forma mais eficiente, aplicam processos mais racionais na
execução das operações, obtêm créditos com maior facilidade e dispõem de uma posição
vantajosa tanto na compra de insumos como na venda de produtos, mas apresentam maior
sujeição aos riscos da oscilação de preços.
Sobre a dimensão as empresas rurais, estudos indicam que com muita frequência se acredita
que o agricultor é tanto mais incapaz d dirigir sua empresa quanto menor ela for. E acrescenta
que a experiência demonstra que a capacidade de dirigir não é proporcional à dimensão da
empresa, mas depende da mentalidade do empresário.
Estas referências tradicionais vinculam as empresas rurais à divisão das atividades econômicas
em três setores convencionais, a saber: setor primário, setor secundário e setor terciário.
Desta forma, todas as atividades relacionadas ao meio rural estavam classificadas como
referentes ao setor primário. A evolução das dinâmicas sociais, tecnológicas e econômicas
alterou de maneira significativa os padrões e referenciais técnicos, comerciais e
organizacionais das empresas rurais. Araujo (2003) destaca o seguinte sobre essas mudanças:
Perda de auto-suficiência;
Dependência cada vez maior de insumos e serviços de outras organizações;
Aumento da especialização em determinadas atividades;
Geração de excedentes de produção comercializáveis em mercados cada vez mais
distantes;
Recebimento de informações do ambiente externo;
Crescente necessidade de infra estrutura (armazéns, estradas, portos, softweres,
bolsas de mercadorias, pesquisas, fertilizantes, novas técnicas);
Conquista de novos mercados;
Globalização da economia.
A maior parte das atividades rurais desenvolve-se geralmente de forma irregular durante o
exercício, e a administração enfrenta o desafio de atenuar ou remediar a irregularidade
natural do curso dos trabalhos, intensificando outras atividades conexas (beneficiamento ou
industrialização dos produtos colhidos) ou reparando as benfeitorias.
Nas empresas rurais, assim como nas industrias, a gestão administrativa abrange dois aspectos
principais: o processo produtivo e as atividades comerciais. Os aspectos sobre o processo
produtivo se desenvolvem no âmbito da empresa enquanto os aspectos sobre as atividades
comerciais se desenvolvem entre a empresa e o ambiente externo. As atividades que podem
ser consideradas tipicamente internas são as seguintes:
Por outro lado, os aspectos mais relevantes associados às atividades que podem ser
tipicamente caracterizados como atividades externas são:
A gestão agroindustrial deve considerar não somente os aspectos financeiros, mas também as
demais questões de grande importância para formular, reformular ou avaliar o processo
administrativo, bem como um meio para cumprir os fins produtivos e sociais da empresa.
3. COMPETITIVIDADE E O AGRONEGÓCIO
Uma compreensão mais ampla sobre esta rede e variáveis que estão relacionadas ao ambiente
competitivo do agronegócio torna-se vital para a elaboração de políticas públicas específicas
que criem as condições favoráveis, incluindo instrumentos legais, financeiros e técnicos a fim
de tornar possível o desenvolvimento de estratégias organizacionais que incorporem os
fatores associados ao risco.
Sobre a integração do gerenciamento de riscos corporativos, Duarte Jr. (2004) comenta sobre
as dificuldades de identificação dos tipos de risco presentes em determinada situação,
afirmando que eles podem variar dependendo da ótica sob a qual o problema esteja sendo
observado.
Uma análise mais aprofundada sobre os principais aspectos relacionados ao atual contexto do
agronegócio trará novas perspectivas para a sistematização dos diversos componentes de risco
presentes, bem como o entendimento de seus desdobramentos para assegurar o
desenvolvimento econômico e tecnológico do setor.
4. A TOMADA DE DECISÕES NO AGRONEGÓCIO
De acordo com Santos, Marion e Segatti (2002), os centros de responsabilidades são definidos
como a menor unidade da área de responsabilidade em que se acumulam os custos, em uma
propriedade rural. Os centros de responsabilidade são classificados da seguinte forma:
Uma tomada de decisão sofre influência das previsões de resultados futuros relativos às
diversas alternativas, mas nem todos os custos futuros são necessariamente relevantes a dada
decisão. Serão relevantes os custos que se comportem de maneira diferente nas alternativas
disponíveis.
Neste ambiente, o gestor deve estar apto a identificar eventuais ameaças e oportunidades que
estejam surgindo em seu horizonte gerencial para subsidiar a elaboração de um plano
estratégico. Este deve ser cada vez mais contextualizado, considerando as especificidades de
cada setor econômico, principalmente no que se refere à dinâmica industrial de sua cadeia
produtiva.
Perda de autossuficiência;
Dependência de insumos e serviços de terceiros;
Maior especialização em certas atividades;
Distanciamento entre os centros produtores e consumidores;
Logística mais sofisticada e diversificada;
Integração internacional dos mercados.
Desta forma, as perspectivas das práticas gerenciais adotadas para o agronegócio, têm
considerado, principalmente, estratégias operacionais e mercadológicas elaboradas a partir da
expectativa sobre a agregação de valor aos seus diversos produtos e serviços, onde
historicamente o referencial dominante estava associado à busca do menor custo como
elemento principal de referencia para sua inserção, expansão e consolidação no mercado.
Na tomada de decisão, as informações sobre custos devem ser utilizadas como parâmetro,
mas a falta de precisão em sua apuração e controle comprometerá a qualidade das decisões
tomadas.
O controle dos custos parciais de cada atividade poderá orientar o gestor desta empresas da
seguinte maneira:
É imprescindível que as empresas rurais implantem uma organização contábil definida para
facilitar o acompanhamento das alterações patrimoniais ocorridas. Isto somente ocorrerá
quando os gestores destas empresas compreenderem a importância da contabilidade de
custos para seu desenvolvimento.
Referencias
COUFFIN, Calixte. Gestión delas empresas agrárias Y desarrollo rural. Barcelona: Vicens-Veves,
1970.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Rural. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 1998.
(CALLADO, Antônio André Cunha (Org.). Agronegócio. São Paulo: Atlas, 2005)