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Manejo de Irrigação

6ª Aula - Necessidades hídricas dos cultivos

Prof. José Dantas Neto


Necessidades hídricas dos
cultivos
Evapotranspiração
O Boletim FAO 56 propôs uma padronização nos conceitos
relativos à evapotranspiração (ET)
Evapotranspiração de referência (ETo):
Se refere à taxa de evapotranspirométrica em uma superfície de
referência, independente do tipo de cultura, do seu estágio
vegetativo e das práticas de manejo adotadas em seu cultivo
Evapotranspiração
O Boletim FAO 56 propôs uma padronização nos conceitos
relativos à evapotranspiração (ET)
Evapotranspiração da cultura em condições padrão (ETc):
Se refere à taxa de evapotranspiração de uma cultura qualquer
em pleno estágio de desenvolvimento, sem nenhum tipo de
restrição nutricional ou hídrica para determinada condição
climática
Evapotranspiração
O Boletim FAO 56 propôs uma padronização nos conceitos
relativos à evapotranspiração (ET)
Evapotranspiração da cultura em condições não padronizada
(ETcaj):
Se refere à taxa de evapotranspiração de uma cultura fora das
condições padrão ou seja com restrição nutricional, e/ou
hídrica, e /ou fitossanitárias
DETERMINAÇÃO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO
DE UMA CULTURA
ENVOLVE TRÊS ETAPAS:
1) Determinação da ET de
referência (ETo)
2) Determinação do
coeficiente de cultivo
(Kc)
3) Multiplicação do Kc pela
ETo
EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE UMA CULTURA

Diferenças na evaporação e transpiração entre campos


cultivados e a superfície gramada podem ser representadas
por um único kc ou separadas em dois coeficientes:
coef. Basal (kcb) e o coef. de evaporação do solo (ke)

Kc = Kcb + Ke
Kcb é a razão entre ETc e ETo quando a camada superficial
do solo se encontra seca, mas não há déficit hídrico.
Ke representa a evaporação do solo úmido.
Kc = Kcb + Ke, que representa a média temporal dos efeitos
conjugados da evaporação e da transpiração;
EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE UMA CULTURA

kc representa a soma das quatro características


principais que diferencia a cultura de uma grama:

- altura da planta

- albedo da superfície

- resistência
aerodinâmica

- evaporação do solo
(quando exposto)
EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE UMA CULTURA

ETc representa a evapotranspiração dos cultivos sob


determinadas condições padrão; não há limitação do
crescimento devido a deficiência hídrica, densidade de
plantio, doença, qualidade da semente etc.

Caso essa situação


não esteja presente,
há necessidade da
estimativa de uma
ETcaj,
(Evapotranspiração
da cultura em
condições não
padronizada)
EVAPOTRANSPIRAÇÃO
DE UMA CULTURA
Fatores determinantes no coeficiente de cultivo

1-Tipo de cultura Valores típicos de


Kc para cultivos já
desenvolvidos
Devido as diferenças no
albedo, altura do cultivo Maçãs
, propriedades
aerodinâmicas, assim
como nas características
dos estômatos e folhas =Abacaxi Pêssegos
da planta haverá
diferença entre a ET de
um cultivo bem
desenvolvido e irrigado
e a ETo
Fatores determinantes no coeficiente de cultivo
Valores extremos de Kc para cultivos
2- Clima completamente desenvolvidos, em resposta as
variações climáticas e meteorológicas
As variações na
velocidade do vento
afetam o valor da
resistência
aerodinâmica dos
cultivos e por tanto os
valores do Kc,
especialmente em
cultivos com alturas
maiores
Fatores determinantes no coeficiente de cultivo
3- Evaporação
do solo

O efeito da
evaporação no Kc.

A linha horizontal representa Kc quando o a superfície do solo é


mantida constantemente umedecida. A linha curva corresponde aos
valores de Kc quando a superfície do solo permanece seca, mas o cultivo
recebe água suficiente para manter a transpiração máxima
Fatores determinantes no coeficiente de cultivo
4- Etapas do crescimento do cultivo
Fatores determinantes no coeficiente de cultivo
4- Etapas do crescimento do cultivo
Fatores determinantes no coeficiente de cultivo
4- Etapas do crescimento do cultivo
Fatores determinantes no coeficiente de cultivo
4- Etapas do
crescimento
do cultivo

Faixas típicas
esperadas do
valor Kc para as
quatro fases de
crescimento
COEFICIENTE DE CULTIVO

Quociente existente entre a evapotranspiração máxima (ou


potencial), em uma dada fase do plantio, e o valor da
evapotranspiração de referencia.
ETC
Kc 
ETo
ETc  K c .ETo
A FAO desenvolveu uma tabela com valores de Kc para
diferentes culturas, em diferentes estádios de
desenvolvimento e para duas condições atmosférica.
Valores de Coeficiente De cultivo (Kc) Único
URmin >70% URmin <20%
Vento (m/s) Vento (m/s)
Culturas Estádio
0 a5 5a8 0 a5 5a8
Todas (inicial)1 Use Fig. 2.15 Use Fig. 2.15
Todas (Intermediário)2 Interpolação Interpolação
Feijão Verde 3 0,95 0,95 1,00 1,05
4 0,85 0,85 0,90 0,90
Feijão Grãos 3 1,05 1,1 1,15 1,20
4 0,30 0,30 0,25 0,25
Milho Verde 3 1,05 1,1 1,15 1,20
4 0,95 1,00 1,05 1,10
Milho Grãos 3 1,05 1,1 1,15 1,25
4 0,55 0,55 0,60 0,60
Soja 3 1,00 1,05 1,10 1,15
4 0,45 0,45 0,45 0,45
COEFICIENTE DA CULTURA ÚNICO
Coeficiente de Cultivo Único
Na abordagem do coeficiente de cultura única, os efeitos
da transpiração da cultura e a evaporação do solo são
combinados em um único coeficiente Kc.

Este coeficiente integra as diferenças na evaporação no


solo e na taxa de transpiração da cultura, entre a cultura
e a superfície da cultura de referência (grama).

Como a evaporação no solo pode flutuar diariamente


como resultado da chuva ou irrigação, o coeficiente único
para a cultura é apenas uma expressão dos efeitos
médios ao longo do tempo (vários dias), da
evapotranspiração da cultura.
Coeficiente de Cultivo Único: Fase inicial
No período específico da semeadura ou do plantio e durante o
estádio seguinte de crescimento vegetativo, a frequência de
chuva ou irrigação (F) é um parâmetro que influencia muito o
Kc nessa fase (Kc-ini).
Também o tipo de preparo de solo (convencional ou plantio
direto) pode interferir nesse coeficiente. É sabido que a palhada
(restos culturais provenientes da cultura antecessora num
sistema de plantio direto) mantida sobre o solo pode reduzir a
evaporação na fase inicial do ciclo da cultura e também diminuir
o valor do Kc-ini para um patamar de até 50%.
Portanto, refinamentos dos valores usados para o Kc-ini
deveriam ser sempre utilizados. Para umedecimentos frequentes,
tais como irrigação por aspersão ou chuva de alta frequência, os
valores do Kc-ini podem aumentar significativamente.
Coeficiente de Cultivo Único: Fase inicial

Valor médio de Kcin relacionado ao nível ETo e intervalo de tempo entre


irrigações ou chuvas significativas durante a fase inicial de crescimento,
para qualquer tipo de solo, quando os eventos de molhamento são leves a
médios (3-10 mm por evento) FAO 56
Coeficiente de Cultivo Único: Fase inicial
Para facilitar a escolha do valor de Kc-ini, pode-se contar com o
auxílio da seguinte equação, de acordo com a evapotranspiração
de referência (ETo) e com a frequência de irrigação (F) escolhida
para essa fase:

Em que: Kcini = coeficiente de cultura para a fase 1 do ciclo


vegetativo de qualquer cultura de ciclo curto;
ETo = evapotranspiração de referência reinante na época da
fase 1 (mm/dia, 1 ≤ ETo ≤ 10 mm/dia);
F = frequência de irrigação na fase 1 (dias, 1 ≤ TI ≤ 20 dias).
A equação de Kcin foi gerada através de ajuste realizado por Albuquerque e
Andrade (2001) nas curvas apresentadas de Kc × ETo × F por Doorenbos e
Pruitt (1977), para a estimativa dos valores de Kc para qualquer cultura de
ciclo curto na fase 1 do seu ciclo de desenvolvimento.
Coeficiente de Cultivo Único: Fase inicial
Exemplo: Determinada cultura se encontra na fase inicial de cultivo.
Sabendo que a frequência (F) de irrigação é de 2 dias e que a ETo do
período é de 4,5 mm/dia calcule: a) A ETc para essas condições; b) A
ETc mantendo F=2, se a ETo do período for de 3 e 5 mm/dia; c) A ETc
mantendo ETo do período é de 4,5 mm/dia , se a F for de 1 e 4 dias;
Resolução:
a)

Substituindo os valores de e ETo= 4,5 mm/dia e de F= 2 dias na


equação temos:
Kcini=0,88 e ETc= ETo x Kcini= 4,5 mm/dia x 0,88 = 3,98
mm/dia
Coeficiente de Cultivo Único: Fase inicial
Exemplo: continuação

b) Substituindo os valores de e ETo= 3 e 5 mm/dia e de F= 2 dias na


equação temos: para ETo= 3 mm/dia
Kcini=0,97 e ETc= ETo x Kcini= 3 mm/dia x 0,97 = 2,91 mm/dia
para ETo= 5 mm/dia
Kcini=0,86 e ETc= ETo x Kcini= 5 mm/dia x 0,86 = 4,29 mm/dia
c) Substituindo os valores de e ETo= 4,5 mm/dia e de F na
equação temos: para F= 1 dia
Kcini=0,98 e ETc= ETo x Kcini= 4,5/dia x 0,98 = 4,42 mm/dia
para F= 4 dia
Kcini=0,71 e ETc= ETo x Kcini= 4,5 mm/dia x 0,71 = 3,18 mm/dia
Coeficiente de Cultivo Único: Kc-mid
As diferenças nas
propriedades
aerodinâmicas entre a
área de referência de
grama e culturas
agrícolas não são apenas
específicas para cada
cultura, mas também
variam com as condições
climáticas e a altura da
cultura.
Climas de maior aridez e com condições de maior velocidade do
vento se traduzirão em maiores valores de Kc med. Por outro
lado, climas com maior umidade e condições com menor
velocidade do vento se traduzem em menores valores de Kc med.
Coeficiente de Cultivo Único: Kc-mid

O valor do coeficiente de cultura relativo à fase de florescimento ou


reprodutiva (Kc-mid) se refere à fase 3 e na data de maturação se refere
a um valor pontual no fim da fase 4 (Kc-end).
Segundo Allen et al. (1998), para fazer ajustes ao Kc-mid e ao Kc-end,
quando a umidade relativa mínima (URmin) for diferente de 45% ou a
velocidade do vento (u2 ) for maior ou menor do que 2 m/s, é necessária
a seguinte equação:

em que:
Kc = serve para calcular Kc-mid ou Kc-end;
Kc(tab) = valor do Kc-mid ou Kc-end apresentados em Tabela;
u2 = valor médio da velocidade do vento diário a 2 m da superfície, durante a fase
3 (para Kc-mid) ou a 4 (para Kc-end);
URmin = valor médio da umidade relativa mínima diária durante a fase 3 (para
Kc-mid) ou a 4 (para Kc-end);
h = altura média da planta durante a fase 3 (para Kc-mid) ou a 4 (para Kc-end).
Coeficiente de Cultivo Único: Kc-mid
Exemplo: Considerando a cultura do milho Kcmédio(tab)=1,20 e h=2 m,
verifique a influência do clima no seu coeficiente de cultivo Kcmédio na fase
reprodutiva. Para isso considere u2 de 1,0, 2,0 e 4,0 m/s e URmin de 25%
(clima árido e semiárido) de 45% (clima subúmido) e de 80% (clima úmido).

Aplicando a equação e substituindo os valores temos os


seguintes valores de Kcmédio
U2(m/s)
URmin (%) 1,0 2,0 4,0
25 1,20 + 0,04 1,20 + 0,07 1,20 + 0,14
45 1,20 - 0,04 1,20 + 0,00 1,20 + 0,07
80 1,20 - 0,16 1,20 - 0,12 1,20 - 0,05
As correções variaram de -0,16 a +0,14
proporcionando Kc médio de 1,08 e 1,34
Coeficiente de Cultivo Único: Kc-mid

Os valores de Kc determinados com a equação são ajustes médios


para a fase reprodutiva (Kc-mid) e de maturação (Kc-end). Os
valores para as variáveis u2 e URmin devem ser tomados como os
médios para aqueles períodos. Também os limites impostos para
ambas variáveis e h devem ser observados.
No caso de Kc-end, a equação deve ser aplicada somente quando os
valores tabulados do Kc excederem 0,45. A equação reduz o valor
do Kc-end com o aumento da URmin. Essa redução é característica
de culturas que são colhidas verdes, ou antes que se tornem
completamente secas (ou seja, Kc-end > 0,45).
Nenhum ajuste é necessário quando Kc-end(tab) < 0,45 (isto é, Kc-
end = Kc-end(tab)). Quando as culturas são deixadas senescendo e
secando no campo (como evidenciado por Kc-end < 0,45), u2 e
URmin têm menos efeito sobre o Kc-end e o ajuste é desnecessário
Tabela. Coeficientes de cultivo único, Kc, e alturas máximas médias de plantas, para
cultivos sob condição padrão (culturas bem manejadas, não estressadas, em clima
subúmido (URmin* = 45% e u2 * = 2 m/s) (ALLEN et al. , 1998)
Tabela. Coeficientes de cultivo único, Kc, e alturas máximas médias de plantas, para
cultivos sob condição padrão (culturas bem manejadas, não estressadas, em clima
subúmido (URmin* = 45% e u2 * = 2 m/s) (ALLEN et al. , 1998)

*URmin = umidade relativa mínima diária; u2 = velocidade


do vento a 2 m da superfície.
1- O primeiro valor é para colheita fresca e o segundo, para
colheita de grãos secos.
2- Algumas vezes são utilizadas estacas com 1,5 a 2,0 m de
altura, assim o valor de Kc-mid pode atingir 1,20.
3-Os valores mais baixos referem-se a condições chuvosas
com menor densidade populacional.
4-O primeiro valor para Kc-end é para colheita com alta
umidade nos grãos. O segundo valor para Kc-end é para
cultura colhida após o grão estar seco (cerca de 18% de
umidade à base de peso úmido).
5- O valor mais alto é para colheita manual.
Curva do Coeficiente Cultivo Único
Após a seleção do procedimento de cálculo, a determinação
dos comprimentos das fases de desenvolvimento e os
coeficientes de cultura correspondentes, é possível proceder à
elaboração da curva do coeficiente de cultura.
Esta curva representa mudanças no coeficiente de cultura ao
longo da estação de crescimento da cultura.
A forma da curva representa mudanças na vegetação e o grau
de cobertura do solo durante o desenvolvimento e maturação
da planta, sendo que ambos afetam o quociente entre ETc e
ETo.
A partir desta curva, o valor pode ser derivado do coeficiente
Kc e, consequentemente, o valor de ETc, para qualquer
período da estação de crescimento.
curva do coeficiente de cultura
Somente os valores de Kc-ini, Kc-mid e Kc-end são necessários
para descrever e construir a curva do Kc de uma cultura.
Passos:
Determinar a duração total do ciclo de desenvolvimento e a
duração de cada fase a partir de informações locais;
O estádio inicial (fase 1): prever a frequência de irrigação ou de
chuva; para um valor predeterminado de ETo, obter o Kc-ini
oriundo de equação ou gráfico e plotar o seu valor (Kc fixo e
igual ao Kc-ini)
O estádio de desenvolvimento vegetativo (fase 2): para uma
conhecida condição de clima (umidade relativa e vento),
selecionar o valor de Kc-mid por equação ou Tabela, para a fase
3, e plotá-lo para a fase 2 como uma linha reta entre o valor da
fase 1 (Kc-ini) e o da fase 3 (Kc-mid);
curva do coeficiente de cultura (cont.)
O estádio reprodutivo (fase 3): para uma conhecida condição de clima
(umidade relativa e vento), selecionar o valor de Kc-mid conforme o item
anterior e assumi-lo como uma linha reta (valor constante) até o início da
fase 4;
O estádio de maturação (fase 4): também obter o Kc-end (valor pontual)
por equação ou Tabela e plotá-lo como o último valor do ciclo (maturação
completa ou ponto de colheita) e ligar esse valor com uma linha reta até o
final da fase 3.
Equações para obter Kc fase 2 e fase 4
Kci (fase 2) =Kcini+[(Kcmid - Kcini)/(Lfase + 1)].i;

Kci(fase 4) =Kcmid+[(Kcend - Kcmid)/(Lfase)].i

Em que:
Kci=Valor de Kc para o dia i, na respectiva fase;
Lfase= duração da fase 2 ou fase 4, em dias;
i= número correspondente ao dia dentro da fase 2 ou fase 4.
curva do coeficiente de cultura
curva do coeficiente de cultura
Exemplo. Construir a curva de Kc para a cultura do feijão, com
o ciclo de 95 dias, considerando os seguintes dados:
Kc-inicial=0,40; Kc-médio=1,15 e Kc- final=0,35.

Estádio Duração (dias) Fases (dias)


Inicial 15 1 - (1º até 15º)
Desenvolvimento 25 2 - (16º até 40º)
Vegetativo
Reprodução 35 3- (41º até 75º)
Maturação 20 4 - (76º até 95º)
Total 95
curva do coeficiente de cultura
Exemplo (continuação) aplicando as equações:
Kci (fase 2) =Kcini+[(Kcmid - Kcini)/(Lfase + 1)].i;
Kci(fase 4) =Kcmid+[(Kcend - Kcmid)/(Lfase)].i
Em que:
Kci=Valor de Kc para o dia i, na respectiva fase;
Lfase= duração da fase 2 ou fase 4, em dias;
i= número correspondente ao dia dentro da fase 2 ou fase 4.
Foram obtidos os valores de Kc para a fase 2 e fase 4, conforme quadro
próximo. Na fase 1, o valor é fixo e igual a 0,40; na fase 3 o valor é de 1,15 e o
valor final é de 0,35

Obs. No exemplo em questão não foi usado as equações:

Caso seja fornecidas as informações relativas ao clima da região elas


deveriam ser utilizadas. No caso específico do Kc –fim, este não seria
corrigido por ser inferior a 0,45.
curva do coeficiente de cultura
Valores de Kc para diferentes datas ao longo do ciclo da cultura
Fase 2 Fase 4
Dia Kc Dia Kc Dia Kc Dia Kc
16 0,43 29 0,80 76 1,11 89 0,59
17 0,46 30 0,83 77 1,07 90 0,55
18 0,49 31 0,86 78 1,03 91 0,51
19 0,52 32 0,89 79 0,99 92 0,47
20 0,54 33 0,92 80 0,95 93 0,43
21 0,57 34 0,95 81 0,91 94 0,39
22 0,60 35 0,98 82 0,87 95 0,35
23 0,63 36 1,01 83 0,83
24 0,66 37 1,03 84 0,79
25 0,69 38 1,06 85 0,75
26 0,72 39 1,09 86 0,71
27 0,75 40 1,12 87 0,67
28 0,78 88 0,63
curva do coeficiente de cultura do feijão

Kc=1,15

Kc=0,40
Fase 2 Kc=0,35
Fase 3 Fase 4
Fase1
Coeficiente de Cultivo duplo (Kcb + Ke)
De acordo com a abordagem de coeficiente de cultivo duplo,
neles são determinados separadamente os efeitos da
transpiração e evaporação da cultura no solo.
Se utilizam dois coeficientes: o coeficiente basal da cultura
(Kcb) para descrever a transpiração da planta, e o coeficiente
de evaporação da água do solo (Ke) para descrever a
evaporação que ocorre na superfície do solo.
O coeficiente único Kc é substituído por:
Kc = Kcb + Ke
Onde:
Coeficiente Kcb basal da cultura,
Coeficiente Ke de evaporação da água no solo.
Curvas de coeficiente de cultivo mostrando curvas Kcb (linha
grossa), evaporação no terreno Ke (linha fina) e a curva
correspondente de Kc = Kcb + Ke (linha pontilhada)
Coeficiente de Cultivo duplo (Kcb + Ke)
O procedimento de coeficiente de cultura duplo é mais complicado e requer
mais cálculos do que o procedimento de coeficiente de cultivo único (Kc).
Se recomenda o uso deste procedimento quando estimativas mais precisas
do valor de Kc são necessárias, por exemplo determinar a programação de
irrigação diária para campos individuais.
O procedimento de cálculo para evapotranspiração da cultura, ETc,
consiste em:
1.Identifique as durações dos estágios de desenvolvimento da cultura e
selecione os valores Kcb correspondentes;
2. ajustar os valores dos coeficientes Kcb selecionados de acordo com as
condições climáticas em cada etapa;
3. construir a curva do coeficiente basal da cultura (que permite
determinar os Valores de Kcb para qualquer período durante a estação de
crescimento);
4. determinar os valores diários de Ke para a evaporação na superfície do
solo;
5. Calcule ETc como o produto de ETo e (Kcb + Ke).
Coeficiente Basal do Cultivo-Kcb
O coeficiente basal da cultura (Kcb) é definido como a relação
entre a evapotranspiração da cultura e a evapotranspiração de
referência (ETc / ETo) quando a superfície do solo está seca
mas a transpiração mantém sua taxa potencial, ou seja, onde a
transpiração não é limitada pela ausência de água.
O Kcb também inclui a evaporação residual produzida pela
difusão da água do solo que está abaixo da superfície seca do
solo.
Como o valor de Kc único inclui os efeitos da evaporação da
superfície do solo, o valor de Kcb será menor que o valor de
Kc.
No boletim FAO 56 encontram-se tabelas para valores de
Kcb.
Coeficiente Basal do Cultivo-Kcb
Em climas onde ajustes são necessários, ou seja, onde o valor
URmin é diferente de 45% ou onde a velocidade do vento é
maior ou menor que 2 m / s, os valores Kcb-med e Kcb-fin que
são maiores que 0,45 devem ser ajustado. usando a seguinte
Equação:

Onde
KcbTab= valor de Kcb med ou Kcb final (se for ≥ 0,45) retirado de Tabela,
u2 = valor médio da velocidade diária do vento a 2 m de altitude na
grama durante os estágios do meio ao final da temporada (m/s) para 1 m
s-1 ≤ u2 ≤6 m s-1,
HRmin+= Valor médio da umidade relativa mínima diária durante o
estágios de meio a fim da temporada [%], para 20%≤ HRmin ≤80%,
h = Altura média das plantas durante os estágios intermediários final da
temporada [m] (Tabelado), para 20%≤ HRmin ≤80%,
Valores de
coeficientes de
cultivo Basal (Kcb)
para algumas
culturas , em
cultivos em
condição padrão.
Em climas sub
úmidos
(URmin ≈ 45%, u2 ≈
2 m/s)
Quadro do Boletim FAO 56 para encontrar valores do Kcb
curva do coeficiente de cultura
Exemplo. Determine os coeficientes de cultura basal (Kcb) para
a cultura do feijão, considerando-se u2=2,5 m/s, UR mín =65%,
h=0,40m. Em seguida construir a curva de Kcb com o ciclo de
95 dias.

Estádio Duração (dias) Fases (dias)


Inicial 15 1 - (1º até 15º)
Desenvolvimento 25 2 - (16º até 40º)
Vegetativo

Reprodução 35 3- (41º até 75º)


Maturação 20 4 - (76º até 95º)
Total 95
curva do coeficiente de cultura
Exemplo (continuação)
Observando a tabela 17 da FAO 56, selecionam-se os valores de
Kcb-inicial=0,15; Kcb-médio=1,10 e Kc- final=0,25. Como Kcb
final é menor do que 0,45 vamos utilizar a equação seguinte
para corrigir o valor de Kcb méd.

Kcbméd=1,10+ [0,04(2,5-2,0)-0,004 (65-45)] x ( 0,4/3)0,3= 1,07


curva do coeficiente de cultura
Exemplo (continuação)

Kcb=0,15 Kcb=0,25

Fase 1
Fase 3 Fase 4
Fase 2
Coeficiente de Evaporação Ke
O coeficiente de evaporação Ke representa o componente de
evaporação no valor ETc.
Quando a superfície do solo está molhada, após irrigação ou
chuva, o valor de Ke será máximo.
Quando a superfície do solo está seca, o Ke será pequeno ou
mesmo zero quando não houver água remanescente na superfície
do solo para evaporar.
Procedimento de cálculo:
Quando o solo está úmido, a evaporação do solo ocorre em uma
taxa máxima. No entanto, o valor do coeficiente de cultura (Kc =
Kcb + Ke) não pode exceder um valor máximo, Kc max.
Este valor será determinado pela quantidade de energia disponível
para o processo de evaporação na superfície do solo (Kcb + Ke)
≤Kc max, ou Ke ≤ (Kc max - Kcb).
Coeficiente de Evaporação Ke
À medida que a superfície do solo seca, menos umidade estará
disponível para evaporação, então a evaporação começará a diminuir
em função da quantidade de água remanescente na camada superficial
do solo, ou seja:

Onde:
Ke = Coeficiente de evaporação no solo;
Kcb= Coeficiente basal da cultura;
Kcmax= valor máximo de Kc após irrigação ou chuva;
Kr= Coeficiente de redução de evaporação adimensional, dependente da
lâmina acumulada de água esgotada (evaporada) da camada superficial do
solo,
few=fração do solo que é simultaneamente exposta e umedecido, ou seja, a
fração da superfície do solo onde ocorre a maior parte da evaporação.
Coeficiente de Evaporação Ke

Após a chuva ou irrigação, o valor de Kr será igual a 1 e a


evaporação será limitada apenas pela quantidade de energia
disponível para o processo de evaporação.
Conforme a superfície do solo seca, o valor de Kr será menor
que a unidade e a evaporação será reduzida. O valor de Kr será
igual a zero quando não houver água para evaporar na camada
superficial do solo.
O procedimento de cálculo consiste em determinar: o limite
superior Kc max; o coeficiente de redução da evaporação no
solo; e a fração exposta e umedecida do solo, few.
Estimar o valor de Kr requer o cálculo de um balanço de
umidade diário no solo superficial.
Limite superior Kcmax
O valor de Kc max representa o limite superior de evaporação e
transpiração que pode ocorrer em uma área cultivada. O valor de
Kc max possui uma faixa que oscila em torno de 1,05 a 1,30,
quando utilizada a grama como evapotranspiração de referência
ETo.

Onde:
h- altura máxima média das plantas durante o período de cálculo
considerado (estágio inicial, desenvolvimento, meados de temporada ou
final) [m];
Kcb - Coeficiente basal da cultura;
Max()- valor máximo dos parâmetros entre parênteses {}que são separados
por vírgulas
A Equação acima garante que o valor de Kc max é sempre maior ou igual à
soma de Kcb + 0,05. Isso significa que a presença de uma superfície úmida
aumentará o valor de Kcb em 0,05 após o molhamento completo da
superfície do solo, mesmo em situações de cobertura vegetal completa.
Coeficiente de redução da evaporação do solo (Kr)
Quando a superfície
do solo é úmido, o
valor de Kr é igual a
1. Quando o teor de
água na parte
superior do solo
passa a ser limitante,
o valor de Kr
diminui, chegando a
zero quando toda a
água estiver
esgotada.

Pode-se supor que a evaporação que ocorre na parte exposta do solo ocorre
em dois etapas: uma etapa limitado pela quantidade de energia disponível e
outra etapa onde a taxa de evaporação é gradualmente reduzida.
Coeficiente de redução da evaporação do solo (Kr)
Quantidade máxima de água evaporável
Neste procedimento simples de simulação de evaporação, assume-se
que o conteúdo de água na camada evaporável corresponde à
capacidade do campo, logo após um grande evento de
umedecimento e que o solo pode secar a um teor de umidade
intermediário entre a secagem em forno (sem água remanescente) e
o ponto de murcha permanente. Portanto, a quantidade de água
que pode ser esgotada por evaporação durante um ciclo completo é
estimada como:

Onde:
AET= Água evaporável total= lâmina máxima de água que pode ser
evaporada no solo, quando a camada superficial do mesmo tenho sido
completamente umedecido [mm];
θFC= teor de umidade do solo na capacidade de campo [m3 m-3];
θwp= teor de umidade no ponto de murcha permanente [m3 m-3];
Ze =A profundidade da camada do solo que está sujeita a secagem através
da evaporação [0,10-0,15 m].
Coeficiente de redução da evaporação do solo (Kr)
Etapa 1: Limitado pela energia disponível.
No início de um ciclo de secagem, após uma grande chuva ou
irrigação, o teor de umidade na camada superficial do solo
corresponderá à capacidade de campo e a quantidade de água do
solo perdida pela evaporação, De, será igual a zero.
Durante a etapa 1 do processo de secagem, a superfície do solo
permanecerá úmida e é assumido que a evaporação na superfície
exposta do solo ocorrerá em uma taxa máxima, o que será limitado
apenas pela quantidade de energia disponível na superfície do solo.
Esta etapa é mantida até a lâmina de evaporação acumulada, De,
aumentar a um ponto onde as propriedades hidráulicas da parte
superior do solo tornam-se limitantes e a umidade não pode ser
transportada para a superfície do solo a uma taxa que pode atender
a demanda potencial de evaporação. Durante essa etapa de secagem
1, Kr = 1.
Coeficiente de redução da evaporação do solo (Kr)
Etapa 2:redução da taxa de evaporação
Essa etpa (onde a taxa de evaporação diminui gradualmente) é chamada de
“etapa de redução da taxa de evaporação", que começa quando o valor de
De excede o AFE.
Neste ponto, a superfície do solo será visivelmente seca e a evaporação da
parte exposta do solo será reduzida em proporção à quantidade de água
remanescente na camada superficial do solo:

Onde: Kr= coeficiente adimensional de redução de evaporação, dependente do


esgotamento de umidade (lâmina acumulada evaporação), na parte superior do solo (Kr =
1 quando De, i-1≤ AFE),
De = lâmina acumulada de evaporação (esgotamento) na camada superficial do solo no
final do dia i-1 (no dia anterior) [mm];
AET= Lâmina máxima acumulada de evaporação (esgotamento) no solo superficial
quando Kr = 0 (AET = água evaporável total) [mm];
AFE=Lâmina de evaporação acumulada no final da fase 1(AFE = água facilmente
evaporável) [mm]
Coeficiente de redução da evaporação do solo (Kr)
A lâmina de evaporação acumulada, De, no final etapa1 de secagem será igual
um AFE (água facilmente evaporável), que representa a camada máxima de
água que pode ser evaporado sem restrições da camada superficial do solo
durante essa etapa 1. Esta lâmina normalmente varia de 5 a 12 mm, sendo
geralmente maior para solos de textura média e fina. A Tabela a seguir mostra
os valores típicos de AFE

Características típicas de umidade para diferentes tipos de solo


Coeficiente de redução da evaporação do solo (Kr)

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