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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CAMPUS LAGOA DO SINO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA

ENGENHARIA AGRONÔMICA

FELIPE LIBERATORI COSTA - RA: 744089

HENRIQUE MANOEL DE OLIVEIRA SANTOS - RA: 744107

JOÃO PEDRO GASPARELLO – RA: 744112

JOSE CARLOS OLIVEIRA NETO – RA: 744114

RAFAEL SOUSA FERREIRA – RA: 744146

PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA AGROFLORESTAL EM


CAPÃO BONITO (SP) - ER 5

BURI (SP)

2021
Sumário
1. Introdução.................................................................................................................. 3
2. Local de produção ........................................................................................................ 6
2.1. Propriedade ............................................................................................................ 6
2.2. Município ............................................................................................................... 7
3. Produção ....................................................................................................................... 8
3.1. Funções Socioambientais da área colhida.............................................................. 9
3.2. Fatores de análise para a implantação .................................................................... 9
3.3. Planejamento do Arranjo Florestal ........................................................................ 9
3.4. Implantação do sistema ........................................................................................ 12
3.5. Manejo do sistema ............................................................................................... 14
3.4. Escalonamento da produção ................................................................................ 15
4. Administrativo ............................................................................................................ 15
4.1. Operações e Infraestrutura ................................................................................... 15
4.2. Balanço financeiro ............................................................................................... 16
5. Conclusão ................................................................................................................... 17
6. Referências bibliográficas .......................................................................................... 18
1. Introdução

Durante décadas, e principalmente após o término da Segunda Guerra Mundial, o


foco de muitos dos países era apenas o crescimento econômico, o qual era sustentado pelo
consumo desenfreado e abusivo dos recursos naturais não renováveis, sendo regida por
grandes latifúndios e monoculturas, as quais fossem de maior interesse.

Após anos de exploração, observou-se a necessidade de mudanças na forma de se


produzir, visto que se entendeu a nocividade de tais práticas a longo prazo, em 1972 em
Estocolmo capital sueca, aconteceu um dos marcos mais importantes para que essa ideia
fosse evidenciada, a Conferência de Estocolmo é considerada o marco inicial da
preocupação com a finitude dos recursos, e a preocupação com o meio ambiente, nela
foram discutidas o que é o desenvolvimento sustentável, o papel das empresas e das
pessoas, reservando o primeiro lugar para a busca da preservação ambiental (Sanches,
2009)

Uma das principais noções que se deve ter, é de que Desenvolvimento e


Crescimento econômico são termos diferentes, pois enquanto o desenvolvimento prega a
oportunidade e considera um crescimento justo e igualitário o crescimento econômico se
faz a contraproposta, muitas vezes somente enxergando suas próprias necessidades. O
fato é que se notou a urgência de mudanças, independente da visão, as mudanças se
mostraram necessárias, para além de restaurar o meio, fazer com que se encontre uma
equivalência na balança entre obtenção de lucro, preservação ambiental e
desenvolvimento justo (Costabeber; Caporal, 2003).

A agroecologia, surge como conceito regente de práticas juntamente com


conceitos afins de minimizar impactos gerados pelas práticas produtivas convencionais,
muitas vezes é interpretada de forma errônea, e faz com que o termo até os dias atuais,
sofra alguns tipos de represálias e preconceitos. A agroecologia, busca integrar os
conhecimentos empíricos dos pequenos produtores, com práticas tecnológicas menos
evasivas e prejudiciais ao meio ambiente, toda essa discussão, gira em torno do objetivo
de se alcançar a equidade entre a sustentabilidade e desenvolvimento social, propondo
um conjunto de elementos que contribuam para o novo modelo. Os conceitos e pilares
conhecidos hoje como agroecologia, partem de uma visão chamada Ecossocial, a qual
preza pela prudência tecnológica e considera a finitude dos recursos encontrados em
nosso planeta, e propõe estratégias que se baseiam na diversidade dos sistemas agrícolas
e na realidade dos produtores, seja social, econômica ou tecnologicamente falando
(Caporal, 2009).

A adaptação em prol dos pequenos produtores, é fundamental do ponto de vista


Agroecológico, uma vez que o sistema convencional é disparadamente mais beneficiado,
e sendo mais apoiado por auxílios e facilidades. A agricultura familiar no Brasil, é
representante de uma grande parcela da produção nacional, entretanto, carecem de
sistemas de produção adaptados à realidade encontrada, e a capacidade de investimento,
o tamanho e a disponibilidade de mão de obra.

Uma das técnicas utilizadas é denominada como agro florestas, ou sistema


agroflorestal, se mostra interessante, pois reúne as vantagens econômicas necessárias em
consórcio com a preservação ambiental, utilizando os recursos de maneira sustentável,
aliada a diminuição da dependência de insumos externos, tendo como resultados maior
segurança alimentar, por não apresentar resíduos de possíveis insumos químicos,
mostrando mais vantagens econômicas, tanto para agricultores, quanto para os
consumidores (Armando et al., 2002).

Nesse sistema alta diversidade convivem na mesma área, plantas frutíferas,


árvores madeireiras, plantas medicinais, forrageiras e até mesmo plantas ornamentais,
respeitando a necessidade de luz, espaçamento adequado para o desenvolvimento e
fertilidade, tem que ser cuidadosamente explorados.

Se planeja a implantação, a fim de que o produtor possa usufruir das colheitas,


desde o primeiro ano de SAF, obtendo renda de culturas anuais, como as frutíferas, e as
hortaliças ambas apresentando ciclo curto, e aguardando a maturação de espécies que
apresentem um ciclo mais longo, como espécies florestais e frutíferas de ciclo longo,
gerando desta forma um melhor aproveitamento do espaço, disponibilizando uma gama
de produtos, aptos a comercialização em diferentes épocas do ano, incrementando a renda
de diferentes formas ao longo do tempo (Armando et al., 2002).

Outro ponto destacável dessa prática é a reciclagem dos nutrientes feita através da
adubação verde, que a partir deposição da biomassa, depositada no solo pela queda de
folhas e ou como resultado da capina seletiva, melhora a oferta de nutrientes aos cultivos,
também favorecendo a atuação de microrganismos benéficos a vida do solo. Espécies
perenes são importantes, pois possibilitam a criação de animais, que também depositam
seus excrementos no solo, fazendo com que os nutrientes ali presentes, façam parte dessa
biótica do solo, ao mesmo tempo que protegem o solo de chuvas torrenciais, insolação,
dos ventos secos, os quais são problemas facilmente encontrados em climas tropicais
(ARMANDO et al., 2002).

As plantas frutíferas, florestais e as demais plantas que necessitem de uma maior


quantidade de nutrientes, também podem ser adubadas em cobertura, com a utilização de
biofertilizantes líquidos, ou farelados, produzidos na própria fazenda, o que também
reduz os custos produtivos, uma vez que não apresenta a necessidade de utilizar-se
enxadas ou tratores para o revolvimento do solo (ARMANDO et al., 2002).

A utilização de cercas vivas e ou quebra ventos é importante, pois agrega uma


série de fatores benéficos à qualidade do solo, podendo utilizar-se de inúmeras espécies
de acordo com as condições climáticas e necessidades. As vantagens são muitas, podendo
render produtos de valor econômico como, alimentos humano ou animal, produtos
medicinais e postes para cercas, os quais podem ser utilizados na propriedade, reduzindo
os gastos com possíveis reparos futuros (FRANCO, 2009).

Esses quebra ventos, geralmente duram por muito tempo, e possuem um baixo
custo de implantação, e tem uma contribuição importante para a produção agrícola,
especialmente em áreas extensas, trazendo efeitos positivos, como, a redução da umidade
do solo e a diminuição da temperatura, muito importante para regiões áridas e semiáridas
(FRANCO, 2009).

Em suma, a diversificação de produtos, uma maior segurança alimentar, a redução


nos custos de produção, a reciclagem de materiais vegetativos e excrementos animais em
função da adubação juntamente com a sustentabilidade ambiental, fazem com que os
sistemas Agroflorestais (SAFs), se mostrem como uma excelente alternativa para a
agricultura familiar.
2. Local de produção

2.1. Propriedade
A propriedade onde será realizado o sistema produtivo se localiza na cidade de
Capão Bonito, no interior do Estado de São Paulo. A propriedade conta 55 hectares como
mostra a Figura 1 abaixo, sendo 2 hectares destinados a implantação do SAF.
Figura 1. Imagem de satélite do local de produção

Fonte: Google Earth, 2020.

Segue a análise de solo de onde será implantado o sistema produtivo. A análise de solo
foi retirada na profundidade de 0 a 20 cm, os resultados seguem no Quadro 1, abaixo:

Quadro 1. Resultado da análise de solo.


+
C M N Al Al H C.T. V m
P M.O PH K a g a ³ ³ ° C S.B % %
mg/dm g/dm
³ ³ mmolc/dm³ %

6,3 2, 0, 46,
29 12 7 9 35 8 5 29 0 29 75,4 4 62 0

S B Cu Fe Mn Zn

mg/dm³

7 0,92 0,6 86 14,8 2,2

Fonte: Autoria própria, 2021

Como em diversas propriedades o local destinado ao SAF eram realizados duas


safras ao ano na primeira safra de setembro a março a semeadura, manejo e colheita da
soja e na segunda safra de maio a agosto a semeadura, manejo e colheita do trigo.
A mão de obra para o desenvolvimento das atividades de implementação do SAF
são de caráter familiar contando com um casal e dois irmãos que revezam as atividades
desde preparo e correção do solo, semeadura, tratos culturais e colheita dos alimentos.

2.2. Município

Na cidade de Capão Bonito há vários locais possíveis para comercialização dos


produtos, tais como, serrarias, feiras livres, mercadão local e venda direta ao consumidor.
Pensando em âmbito estadual temos atacados e Ceagesps. A Figura 2 abaixo representa
alguns pontos comerciais.
Figura 2. Pontos de comercialização no município de Capão Bonito - SP

Fonte: Google Earth, 2021

3. Produção

A fim de planejar sistemas agroflorestais que consigam equilibrar as funções


sociais e ambientais precisamos compreender melhor os caminhos apontados pela própria
natureza. A sucessão ecológica é a mola propulsora para o desenvolvimento dos
ecossistemas e avança no sentido de aumento dos recursos para a vida. Essa dinâmica se
dá em função das espécies terem diferentes ciclos de vida e necessidades ecofisiológicas
(condições ambientais propícias para o seu desenvolvimento – luz, umidade, temperatura,
nutrientes, etc.), e capacidades de colonização de ambientes.
Cada espécie ocupa um estrato, equivalente a um andar na vegetação, que se refere
à sua altura em relação às outras plantas e necessidades que a espécie tem de receber luz
do sol quando adulta. Quando diferentes espécies de diferentes estratos são combinadas,
otimiza-se a ocupação do espaço e permite-se o melhor aproveitamento dos recursos
(água, luz, nutrientes e organismos “companheiros”, como fungos e bactérias benéficos).
Assim, é possível ter mais sucesso no estabelecimento dos SAFs.
Portanto, precisamos considerar o ciclo de vida e o estrato que cada planta irá
ocupar para planejar os SAFs de forma que sejam eficientes, principalmente no
desenvolvimento das plantas que atendam os objetivos da família agricultora. Para isso
utilizamos a metodologia proposta por Peneireiro et al (2016) adaptando para nosso
Sistema Agroflorestal.

3.1. Funções Socioambientais da área colhida

Apropriação de uma área degradada da Fazenda Antártica; área total da fazenda: 50


ha. Área para a restauração florestal e implantação do Sistema Agroflorestal: 5 ha.

3.2. Fatores de análise para a implantação


• Conexões dentro da paisagem: observar onde há fragmentos de vegetação nativa
e tentar conectar essas áreas com desenho de SAFs;
• Sol: deve ser observada a direção do sol no posicionamento dos SAFs para que as
espécies que mais precisam de luz aproveitem mais que mesmo a pouca água
retida no solo possa ser mantida;
• Água: observar a direção em que a água corre, possíveis pontos de erosão e formas
de desviar a água, quando necessário, e assim aumentar a infiltração no lugar,
incluindo terraços ou pequenas bacias que contribuem para que a água infiltre e
permaneça no terreno;
• Declividade: observar a direção e grau do declive e planejar os SAFs de forma a
facilitar o plantio, manejo e colheita;
• Condições do solo: verificar a textura, se os solos são mais arenosos ou mais
argilosos.
• Logística: diz respeito ao acesso à – e dentro da – área para trazer insumos e escoar
produtos;

3.3. Planejamento do Arranjo Florestal

Tabela 1. Componentes do Sistema Agroflorestal

Ciclo Nome Nome científico Espaçamento Tempo Estrato


(m) de
colheita

Espécies Eucalipto Eucalyptus dunnii 3,0 x 2,0 6-7 Alto


Florestais anos
Mogno Khaya ivorensis 3,0 x 3,0 6-7 Alto
Africano anos

Culturas Feijão Phaseolus 0,5 x 0,2 70 dias Baixo


Anuais vulgaris

Milho Zea mays 1,0 x 1,0 4 meses Emergente

Abóbora Curcubita pepo 3,0 x 2,0 4 meses Baixo

Ciclo Curto Abacaxi Ananas comosus 1,0 x 0,4 2 anos Baixo

Inhame Dioscorea 1,2 x 0,7 3 meses Baixo


cayenensis

Mandioca Manihot esculenta 1,0 x 1,0 18 Alto


meses

Ciclo Banana da Musa x 3,0 x 3,0 14 Alto


Médio/Longo terra paradisiaca meses

Jabuticaba Plinia cauliflora 2,0 x 1,0 3 anos Baixo

Palmito Bactris gasipaes 6,0 x 6,0 4 anos Emergente


pupunha

Espécies Rosa de Echeveria elegans 0,2 x 0,2 - Rasteiro


Ornamentais pedra

Biopesticidas Andiroba Carapaguianensis 4,0 x 3,0 7 anos Médio

Nim Azadirachta 2,0 x 2,0 4 anos Alto


indica

Plantas de Feijão Cajanus cajan 0,5 x 0,2 70 dias Baixo


cobertura Guandú
Crotalária Crotalaria 0,3 x 0,3 130 dias Baixo
breviflora

Planta
Medicinal Espinheira Maytenus 2,0 x 1,0 - Alto
Santa ilicifolia

Fonte: Peneireiro et al., 2008

Para um Sistema Agroflorestal (SAF) ser considerado viável, tanto


economicamente como em função, é de suma importância seus componentes terem
diferentes funções que se complementam. No SAF proposto temos as seguintes funções.

As espécies florestais com o eucalipto, assim como o mogno africano, atuando


como quebra vento, principalmente para a jabuticaba. Além disso, o primeiro suporta
períodos de seca e sua madeira é adequada para lenha, carvão e celulose, já o mogno
africano tem potencialidade de ser utilizado tanto para setores madeireiros como para uso
medicinal (Valeri et al., 2004)

O consórcio de milho, feijão e abóbora é um dos mais recomendados em sistemas


agroecológicos. Suas principais vantagens são um maior aproveitamento da área
cultivada pela não competição de luz e espaço entre as culturas; a abóbora inibe o
crescimento, em 30 dias, de plantas espontâneas; o feijão por ser uma leguminosa,
portanto absorve nitrogênio do ar, repassa tal quantidade para o milho, uma cultura bem
exigente por esse nutriente; o solo fica protegido da perda de água (Silva, 2008).

Nas culturas de ciclo curto a escolha se deu por abacaxi por ser uma cultura de
alta rentabilidade e que esse pode ser aumentado com o consórcio de culturas pela
diminuição dos custos de produção. O inhame apresenta uma boa flexibilidade de
colheita, além de ser um alimento básico para muitas populações. A mandioca necessita
de solos férteis para seu desenvolvimento máximo e em um sistema como o SAF isso é
propiciado (Kato et al., 2011)

A escolha da jabuticaba, entre as culturas de ciclo médio/longo, se dá pela


possibilidade de entrega a cooperativas ou agroindústrias com o objetivo de produção de
geleias, com isso agregando valor na produção. As espécies florestais também propiciam
uma melhora na produção da banana pois esta diminui-se os danos causados pela
Mycosphaerella musicola (Vivan, 2002). O palmito pupunha, segundo Costa (2006) é
uma das culturas mais presentes nos SAFs e apresenta uma adaptabilidade por ter copa
aberta, auto-poda e apresentar diversas utilizações.

As ornamentais escolhidas são mais com o objetivo de explorar um novo mercado


e por se desenvolverem bem em locais sombreados.

Para seleção de biopesticidas optou-se por Andiroba e Nim. O primeiro é uma


planta apta a crescer em áreas de sombreamento e com um alto potencial para plantio de
enriquecimento do solo, tendo uma interferência positiva nos outros componentes do
SAF. O nim é utilizado no controle de pragas e também no uso de medicinais.

Com as plantas de coberturas foram escolhidos o feijão guandú e a crotalária por


terem um bom crescimento e propiciarem a adubação verde ao sistema.

3.4. Implantação do sistema

Solo com baixa fertilidade; baixa regeneração natural; predominância de


gramíneas e arbustos de estágios iniciais da sucessão como sapé, capim gordura,
braquiária e assa-peixe; monocultura intensa; solos bem drenados; Reserva Legal; bioma
Mata Atlântica; disponibilidade de mão de obra baixa (Agricultura Familiar); fácil acesso
ao mercado.

• Objetivo principal: restauração de uma área degradada.


• Objetivos secundários: segurança alimentar e comercialização local.

Recuperação de área degradada com SAF biodiverso plantado em faixas com


espécies que produzem grandes quantidades de biomassa, e que crescem bem em solos
com baixa fertilidade. O sistema apresenta baixa intensidade de manejo e produção
adequada para viabilizar a restauração florestal. A ênfase é dada para espécies perenes,
como banana e outras frutíferas, com produção de espécies anuais no estágio inicial do
SAF.

O modelo de implantação do sistema Agroflorestal irá seguir as bases propostas


por Armando et al (2002) com a divisão em quatro etapas.
Respeitando o espaçamento intraespécie, o plantio das mudas de biopesticidas e
espécies florestais nessa primeira etapa. Na área de 2 hectares teremos 988 unidades de
mogno africano, eucalipto e andiroba e 1.482 unidades de nim.

Para a segunda etapa temos a introdução de frutíferas de ciclo médio, temos 988,
494 e 1.482 unidades de, respectivamente palmito pupunha, jabuticaba e banana da terra.

Na terceira etapa temos a implantação das frutíferas de ciclo curto, as plantas


ornamentais e a planta medicinal. Nas de ciclo médio temos nos 2 hectares 4.446
unidades de abacaxi, 6.175 pés de inhame e 1.729 de pés de mandioca. Para as
ornamentais temos ao todo 33.318 pés de rosa de pedra. Por fim desta etapa temos 1.729
pés de espinheira santa.
Por fim, a última etapa de implantação (Figura 3) do sistema agroflorestal é a
adição das culturas anuais e as plantas de cobertura. Essas primeiras serão representadas,
na área total, com 4.446 pés de milho, 2.964 pés de feijão e 1.976 pés de abóbora;
enquanto as plantas de cobertura teremos 3.705 unidades de feijão guandú e a mesma
quantidade de crotolária.
Figura 3. Quarta etapa de implantação da groflorestal

Fonte: Adaptado de Armando et al (2002)


3.5. Manejo do sistema

Geralmente se faz o manejo no início da estação chuvosa, no meio da estação


chuvosa e no início da estação seca, podendo, ainda, haver mais um manejo durante a
estação chuvosa, dependendo do desenvolvimento das plantas. Os canteiros com espécies
agrícolas e árvores devem ser manejados mediante capina seletiva e podas. Devido ao
maquinário simples e a pouca mão de obra apresentada na fazenda, é recomendado fazer
a roçagem na faixa de espécies de cobertura com roçadeira. O material roçado deve ser
acumulado sobre os canteiros próximos às plantas que estão na linha central. O manejo
das bananeiras ocorre quando se colhe o cacho ou quando as touceiras já envelhecidas
precisam ser desbastadas. As árvores são podadas de acordo com a necessidade de
raleamento, formação ou sincronização das espécies.

Depois de aproximadamente 5 a 7 anos de manejo, as plantas de cobertura do


início (crotalárias e feijão guandu) serão sombreadas e a fonte de biomassa será de árvores
eficientes para essa função. As faixas das plantas de coberturas poderão então ser
enriquecidas com espécies de sub-bosque. E como mandioca é excelente criadora de
árvores, podem ser introduzidas sementes de árvores à frente de cada maniva de
mandioca.

Quadro 2. Matriz Síntese do Sistema Agroflorestal

Resiliência Bioma Área de Solo Necessidade


Ecológica preservação de Insumo

Baixa regeneração, Mata Reserva Legal Baixa Média


área degradada, Atlântica fertilidade,
monocultura intensa bem drenado

Acesso ao Disponibilidade Objetivo do Agricultor Tipo do sistema


mercado de m.d.o
Alta Baixa Restauração ecológica, Restauração de
segurança alimentar e áreas degradadas
comercialização local

*m.d.o = mão de obra Fonte: Autoria Própria, 2021

3.4. Escalonamento da produção


Em um Sistema Agroflorestal onde ocorre a produção escalonada, visa garantir a
colheita de seus produtos em diferentes épocas do ano, possibilitando colheitas diárias,
semanais ou quinzenais. O sistema agroflorestal em questão, após a implantação e
desenvolvimento do mesmo, nos permite a retirada das culturas anuais, como: feijão,
milho e abóbora, e das plantas de cobertura, como: feijão guandu e crotalária, no primeiro
ano de implantação. No segunda ano podemos colher espécies de ciclo curto, como:
abacaxi, inhame e mandioca, além das espécies ornamentais e medicinais. Conforme o
SAF vai se desenvolvendo, de 3 a 5 anos de implantação, já é possível a venda de culturas
de ciclo médio/longo, como: Jabuticaba e palmito Pupunha. Após o quinto ano de
implantação as espécies florestais já estarão com um desenvolvimento avançado, assim
como as espécies utilizadas como Biopesticidas, como: Nim e a Andiroba. Realizando o
correto manejo e os devidos tratos culturais o escalonamento da produção se alinha com
o decorrer do tempo possibilitando ao proprietário uma receita mensal lucrativa e um
sistema sustentável.

4. Administrativo

4.1. Operações e Infraestrutura


A propriedade tem à disposição dois galpões para serviços diversos,
acomodamentos de produtos ou implementos agrícolas, um curral com balança, tronco de
contenção e pulverizador, um silo artesanal para armazenamento de grãos, três casas
sendo uma sede e duas casas menores, um trator 75cv, grade niveladora e arado uma
roçadeira para trator, roçadeira manual, uma carreta de trator para transporte de produtos
e insumos.
4.2. Balanço financeiro

Quadro 3. Investimentos na implantação do SAF


Sementes/mudas Quantidade Preço R$ Investimento
total R$
Eucalipto 988 189,00/100 mudas. 1.867,32
Mogno 988 5,40 uni. 5.335,20
Abacaxi 4446 4,50 uni. 20.007,00
Inhame 6175 90,00/30uni 18.525,00
Mandioca 1729 13,50 uni. 23.341,50
Andiroba 988 40,00/12 sementes 3.293,33
Nim 1482 7,00 uni. 10.374,00
Feijão guandu 3705 300,00/25kg 300,00
Crotalaria 3705 2,60/100 sementes. 96,33
Jaboticaba 494 27,00 uni. 13.338,00
Palmito pupunha 988 23,90 uni. 23.613,20
Banana da terra 1482 12,00 uni. 17.784,00
Rosa de pedra 8398 19,00/10 sementes 15.956,20
Espinheira santa 1729 13,60 uni. 23.514,40
Feijão 2964 26,00/ 2kg/ pms260 26,00
Abobora 1976 170,00/1000 sement. 340,00
TOTAL - - 177.711,48

Quadro 4. Potenciais ganhos do SAF


Sementes/mudas Produtividade Preços Lucro
por ha de bruto em
vendas R$ dos
em R$ produtos
em 2 ha
Eucalipto 200m3 54,62 21.848,00
3
m
Mogno 20 m3 2.500,00 100.000,00
m3
Abacaxi 15 mil frutos 3,06 uni. 91.800,00
Inhame 10 ton. 4,08 kg. 81.600,00
Mandioca 12 ton. 1,45kg 34.800,00
Andiroba 4,435l 30,00/l 267,00
Nim 1250 kg 34,64 86.600,00
Feijão guandu 555 kg 2,30 kg 2.553,00
Crotalaria 750 kg 0,45 kg 675,00
Jaboticaba 3,7ton. 6,25kg 46.250,00
Palmito 1.700 kg 24,89 kg 84.626,00
pupunha
Banana da terra 17 ton. 4,25 kg 144.500,00
Rosa de pedra - 28,00 cx -
Espinheira santa 670kg. 35,00 kg 46.900,00
Feijão 1,3 ton. 280,00 12.133,00
sc
Abobora 25ton. 3,42 kg 171.000,00
TOTAL 925.552,00
Desconto de 20% decorrente de perdas 740.441,60

Com os valores citados acima, o lucro bruto obtido é de R$ 562.730,12 em um


ciclo de produção. Sendo que os primeiros investimentos serão cobertos pelas outras
atividades da fazenda.

5. Conclusão

Pelo proposto acima, vemos as diversas vantagens econômicas, ambientais,


sociais, financeiras e agronômica do sistema agroflorestal. No projeto podemos ter planos
de expansão do local destinado ao SAF; se adaptar e tirar o selo para produtos orgânicos,
garantindo novos mercados e um aumento do preço do produto; e adesão de novas
culturas conforme a necessidade do mercado.
6. Referências bibliográficas

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<https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/184803/1/ct016.pdf>. Acesso
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<http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=49&pg=1&n=3>. Acessado: 01
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COSTABEBER, J. A.; Caporal, F. R. “Possibilidades e alternativas do desenvolvimento
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