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Objetivos específicos: Justificar a necessidade do trabalho para o ser humano. Explicar como
solucionar o problema da miséria social.
Conteúdo básico:
■ A necessidade do trabalho é lei da Natureza? O trabalho é lei da Natureza, por isso mesmo
que constitui uma necessidade, e a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe
aumenta as necessidades e os gozos. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 674.
■ O trabalho se impõe ao ser humano como uma necessidade porque é um [...] meio de
aperfeiçoamento da sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria sempre na
infância, quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar
dependem do seu trabalho e da sua atividade. Ao extremamente fraco do corpo outorgou Deus
a inteligência, em compensação. Mas é sempre um trabalho. Allan Kardec: O livro dos espíritos,
questão 676.
■ Não basta se diga ao homem que lhe corre o dever de trabalhar. É preciso que aquele que tem
de prover à sua existência por meio do trabalho encontre em que se ocupar, o que nem sempre
acontece. Quando se generaliza, a suspensão do trabalho assume as proporções de um flagelo,
qual a miséria. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 685 – comentário.
■ Liberdade, igualdade, fraternidade. Estas três palavras constituem, por si sós, o programa de
toda uma ordem social que realizaria o mais absoluto progresso da Humanidade, se os princípios
que elas exprimem pudessem receber integral aplicação [...]. Allan Kardec. Obras póstumas.
Primeira parte, item: Liberdade, Igualdade, Fraternidade.
Subsídios:
O trabalho [...] é lei da Natureza, mediante a qual o homem forja o próprio progresso,
desenvolvendo as possibilidades do meio ambiente em que se situa, ampliando os recursos de
preservação da vida, por meio das suas necessidades imediatas na comunidade social onde vive.
Desde as imperiosas necessidades de comer e beber, defender-se dos excessos climatéricos até
os processos de garantia e preservação da espécie, pela reprodução, o homem vê-se coagido à
obediência à lei do trabalho. Sendo assim, o trabalho se impõe ao ser humano como uma
necessidade porque é um [...] meio de aperfeiçoamento da sua inteligência. Sem o trabalho, o
homem permaneceria sempre na infância, quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento,
sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade. Ao extremamente
fraco de corpo outorgou Deus a inteligência, em compensação. Mas é sempre um trabalho. O
trabalho, entendido como lei da Natureza, [...] é das maiores bênçãos de Deus no campo das
horas. Em suas dádivas de realização para o bem, o triste se reconforta, o ignorante aprende, o
doente se refaz, o criminoso se regenera. É [...] o guia na descoberta de nossas possibilidades
divinas, no processo evolutivo do aperfeiçoamento universal. Nele [...] a alma edifica a própria
casa, cria valores para a ascensão sublime. Os Espíritos Orientadores nos esclarecem que o
trabalho do homem [...] visa duplo fim: a conservação do corpo e o desenvolvimento da
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MÓDULO XII Lei de Sociedade e Lei de Trabalho
faculdade de pensar, o que também é uma necessidade e o eleva acima de si mesmo. O trabalho,
em tese, para o ser em processo de evolução, configura-se sob três aspectos principais: material,
espiritual, moral. Através do trabalho material, propriamente dito, dignifica-se o homem no
cumprimento dos deveres para consigo mesmo, para com a família que Deus lhe confiou, para
com a sociedade de que participa. Pelo trabalho espiritual, exerce a fraternidade com o próximo
e aperfeiçoa-se no conhecimento transcendente da alma imortal. No campo da atividade moral,
lutará, simultaneamente, por adquirir qualidades elevadas, ou, se for o caso, por sublimar
aquelas com que já se sente aquinhoado. Devemos considerar, porém, que não [...] basta se diga
ao homem que lhe corre o dever de trabalhar. É preciso que aquele que tem de prover à sua
existência por meio do trabalho encontre em que se ocupar, o que nem sempre acontece.
Quando se generaliza, a suspensão do trabalho assume as proporções de um flagelo, qual a
miséria. Refletindo a respeito desse assunto, entendemos que os conflitos sociais representam
uma das principais causas de sofrimento do mundo contemporâneo. Na verdade, é [...] bem
sabido que a maior parte das misérias da vida tem origem no egoísmo dos homens. Desde que
cada um pensa em si antes de pensar nos outros e cogita antes de tudo de satisfazer aos seus
desejos, cada um naturalmente cuida de proporcionar a si mesmo essa satisfação, a todo custo,
e sacrifica sem escrúpulo os interesses alheios, assim nas mais insignificantes coisas, como nas
maiores, tanto de ordem moral, quanto de ordem material. Daí todos os antagonismos sociais,
todas as lutas, todos os conflitos e todas as misérias, visto que cada um só trata de despojar o
seu próximo. Os conflitos sociais não resolvidos, ou incorretamente administrados, podem gerar
uma situação de pobreza generalizada, e todas as suas consequências calamitosas. Os espíritas,
sabemos que as desigualdades sociais existentes no Planeta estão vinculadas a dois pontos
fundamentais: a manifestação da lei de causa e efeito e a visão materialista da vida. No primeiro
caso, a pobreza e riqueza devem ser entendidas como instrumento de melhoria espiritual, pois
a [...] pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para
outros, a prova da caridade e da abnegação. A visão materialista da vida, alimentada pelo
orgulho e egoísmo, estimula a permissibilidade moral, causa do relaxamento dos usos e
costumes sociais. As pessoas tornam-se indolentes e omissas, nada fazendo para impedir ou
minimizar o estado de sofrimento material e moral reinante ao seu derredor. As desigualdades
humanas trazem implicações de ordem econômico-social, em geral decorrentes da má
distribuição de rendas, permitindo-se que uma minoria humana viva em abundância, e uma
maioria sofra os rigores da pobreza e da miséria. Uma sociedade estabelecida sob essas bases
está marcada pelos contrastes sociais, estimuladores do desemprego, da violência e da miséria.
A ciência econômica procura remédio para isso no equilíbrio entre a produção e o consumo.
Mas, esse equilíbrio, dado seja possível estabelecer-se, sofrerá sempre intermitências, durante
as quais não deixa o trabalhador de ter que viver. Há um elemento, que se não costuma fazer
pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento
é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à
educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute
hábitos, porquanto a educação é o conjunto de hábitos adquiridos. Considerando-se a aluvião
de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio
e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí
decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no
mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito
a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus
dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem
entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da
segurança de todos. Não podem os homens ser felizes, se não viverem em paz, isto é, se não os
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MÓDULO XII Lei de Sociedade e Lei de Trabalho
Anexo 1
O VALOR DO TRABALHO
* Humberto de Campos
— Mas, minha filha – objetava a genitora complacente –, não devemos adotar opiniões
tão extremistas. Não é o planeta inútil e mau assim. Não será justo interpretar nossa existência
terrena como fase de preparação educativa? Sempre notei que qualquer trabalho, desde que
honesto, é título de glória para a criatura...
mesmo que o maior esforço, por extinguir sofrimentos, seria igual ao de alguém que desejasse
apagar um vulcão com algumas gotas d’água. Tudo inútil. Estou convencida de que a Terra foi
criada para triste destinação. Só a morte física pode restituir-nos a liberdade. Transportar-nos-
emos a esferas ditosas, conheceremos paraísos iluminados e sem-fim.
— Prefiro crer, minha filha, que tanto a vela de sebo como a estrela luminosa,
representam dádivas de Deus às criaturas. E, se não sabemos valorizar ainda a vela pequenina
que está neste mundo, como nos atreveremos a invadir a grandeza dos astros?
E antes que a moça voltasse a considerações novas, a bondosa genitora corria à cozinha,
a cuidar do jantar.
Essa atitude influía vigorosamente no seu físico, e muito antes de trinta anos Cecília
regressava ao plano espiritual, absolutamente envolvida na atmosfera de ilusões. Por isso
mesmo, dolorosas lhe foram as surpresas da vida real.
Despertou além-túmulo, sem lobrigar vivalma. Depois de longos dias solitários e tristes,
a caminhar sem destino, encontrou uma Colônia espiritual, onde, no entanto, não havia
criaturas em ociosidade. Todos trabalhavam afanosamente. Pediu, receosa, admissão à
presença do respectivo diretor. Recebeu-a generoso ancião, em espaçoso recinto. Observando-
lhe, porém, as lânguidas atitudes, o velhinho amorável sentenciou:
— Minha filha, não posso hoje dispor de muito tempo ao seu lado, pelo que espero
manifeste seus propósitos sem delongas.
Estupefata ante o que ouvia, ela expôs suas mágoas e desilusões, com lágrimas
amargurosas. Supunha que após a morte do corpo não houvesse trabalho. Estava confundida
em angustioso abatimento. Sorriu o ancião benévolo e acrescentou:
— Essas fantasias são neblinas no céu dos pensamentos. Esqueça-as, bondosa menina.
Não se gaste em referências pessoais. E entremostrando preocupação de serviço, concluía:
— Por não termos descanso para hoje, gostaria dissesse em que lhe posso ser útil.
— Não disponho de auxiliares que possam ajudá-la, mas posso orientá-la quanto à
direção que precisa tomar. Colocada a caminho, Cecília Montalvão viu-se perseguida de
elementos inferiores; figuras repugnantes apresentavam-se na estrada, perguntando pelas
regiões de repouso. Depois de emoções amargas, chegou à antiga residência, onde os familiares
não lhe perceberam a nova forma. Ia retirar-se em pranto, quando viu alguém sair da cozinha
num halo de luz. Era o generoso Eliezer que a ela se dirigia com sorriso afetuoso. Cecília caiu-lhe
nos braços fraternais e queixou-se, lacrimosa:
— Sim, sim, de dias a dias coopero no serviço das verdades divinas, mas tenho outras
responsabilidades a atender.
— Devo auxiliar tua mãezinha nos encargos domésticos – ajuntou Eliezer brandamente
–, logo mais tenho serviço junto a irmãos nossos. Não te recordas do tintureiro da esquina
próxima? Preciso contribuir no tratamento da filha, que se feriu no trabalho, ontem à noite, por
excesso de fadiga no ganha-pão. Lembras-te do nosso Natércio, o pedreiro? O pobrezinho caiu
hoje de grande altura, machucou-se bastante e aguarda-me no hospital.
— Procura o conforto da prece. Não eras tão amiga de Teresa? Esquesceste-a? Essa
grande servidora de Jesus tem a seu cargo numerosas tarefas. Se puder, não te deixará sem a
luz do serviço.
Cecília ouviu o conselho e orou como nunca havia feito. Lágrimas quentes lavavam seu
rosto entristecido. Incoercível força de atração requisitou-a a imenso núcleo de atividade
espiritual, região essa, porém, que conseguiu atingir somente após dificuldades e obstáculos
oriundos da influência de seres inferiores, identificados com as sombras que lhe envolviam o
coração.
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Enquanto a voz da bondosa serva do Evangelho fazia uma pausa, Cecília ajuntou de mãos
postas:
— Os quadros dos meus serviços estão completos, mas tenho uma oportunidade a
oferecer-te. Requisitam minha atenção num velho asilo de loucos, na Espanha. Desejas ajudar-
me ali?
Cecília não cabia em si de gratidão e júbilo. E, naquele mesmo dia, voltava à Terra com
obrigações espirituais, convicta de que, auxiliando os desequilibrados, havia de encontrar o
próprio equilíbrio.
Anexo 2
Honra ao Trabalho
Múcio Teixeira