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UNIDADE NEONATAL
Rotinas Assistenciais da Maternidade Escola
da Universidade Federal do Rio de Janeiro
O Serviço de Nutrição da Maternidade Escola da UFRJ, em toda a sua trajetória, contribuiu para o
cuidado perinatal por meio da atuação de nutricionistas: na gerência da produção de refeições coletivas;
no Pré-natal de baixo risco ou especializado; no Alojamento Conjunto e no Banco de Leite Humano e
Lactário. Em 2011, a unidade neonatal surgiu como novo campo de atuação para o nutricionista, fruto da
demanda de residentes vinculados à Residência Integrada Multiprofissional em Saúde Perinatal da ME-
UFRJ. Desde então, o cuidado nutricional neonatal, sob a perspectiva do nutricionista, vem sendo
construído.
Sabe-se que o cuidado nutricional neonatal está centrado no recém-nascido e contempla etapas como
planejamento, prescrição, processamento, administração, monitoramento e reavaliação e necessita,
portanto, da participação de toda a equipe interdisciplinar (Braga; Sena, 2010).
O nutricionista busca integrar a equipe e contribuir com o diagnóstico nutricional e propostas de terapia
nutricional do recém-nascido, apoiar o aleitamento materno e orientar à nutriz quanto a sua alimentação.
O principal objetivo da equipe neonatal é ofertar uma nutrição ótima a cada recém-nascido, de forma a
favorecer que ele seja capaz de alcançar crescimento pós-natal em uma taxa semelhante ao intra-útero,
sem produzir deficiências nutricionais, efeitos metabólicos indesejáveis ou toxicidades decorrentes de
uma exagerada oferta nutricional (Oliveira et al., 2008).
A avaliação nutricional do recém-nascido é o primeiro passo para o planejamento da nutrição ótima e
compreende a anamnese com a mãe, com ênfase na história perinatal; a avaliação das condições de
nascimento e o diagnóstico clínico do recém-nascido.
HISTÓRIA PERINATAL: colher informações sobre a história de vida e de saúde materna (idade,
escolaridade, ocupação, condições de moradia, composição familiar, rede de apoio, história gestacional,
enfermidades crônicas), pré-natal (unidade de saúde, número de consultas, acompanhamento com
nutricionista, intercorrências clínicas) parto (vaginal, fórcipe, operação cesariana, único/gemelar) e
puerpério (tempo de internação, intercorrências clínicas e história da amamentação).
CONDIÇÃO AO NASCER
Classificação segundo a idade gestacional (IG) ao nascer
IG ao nascer Classificação
< 28 semanas Prematuridade extrema
28 – 30 semanas Prematuridade grave
31 – 33 semanas Prematuridade moderada
34 - 36 semanas Prematuridade tardia
PN Classificação
< 1000g RN de extremo baixo peso (RNEBP)
1000 – 1499 RN de muito baixo peso (RNMBP)
1500 – 2499g RN de baixo peso (RNBP)
≥ 4000g RN com macrossomia
Fonte: adaptado de SBP, 2009
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Classificação segundo peso e IG ao nascer
o A classificação do peso segundo a idade gestacional ao nascer pode ser realizada considerando-se
a curva internacional padrão de crescimento pós-natal de recém-nascidos prematuros e a termo,
INTERGROWTH (Villar et al., 2014; Villar et al., 2015), proposta pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), e descrita a seguir:
o Estudo populacional multicêntrico realizado em oito países (inclusive no Brasil – Pelotas, RS), com
dados de peso, comprimento e perímetro cefálico de 20.486 recém-nascidos, no período de 2009 –
2013. Foram construídas tabelas gênero-específicas de 33 a 42 e 27 a 64 semanas, baseadas nos
critérios de percentis. Os recém-nascidos podem ser classificados conforme o quadro a seguir:
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
Objetivos:
Avaliar as relações entre crescimento fetal intra-uterino, estado nutricional e morbimortalidade perinatal,
predizendo a evolução pós-natal.
Avaliar o crescimento pós-natal;
Avaliar a terapia nutricional implementada.
MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS:
Peso - padrão ouro: sua alteração indica distúrbios perinatais agudos e crônicos. (MS, 2011; Cloherty
et al., 2015; Manual do Canguru, MS, 2015)
o Aferir uma vez por dia.
o Perda de peso fisiológica ao nascer pode variar de 5 a 10%, podendo chegar a 15% em RN
prematuros, sendo inversamente proporcional a idade gestacional.
o A recuperação do PN ocorre em média no período de 10 a 14 dias, podendo chegar até 21 dias em
RN prematuros.
o Ganho de peso diário esperado, em oferta nutricional adequada, conforme as curvas de
crescimento intra-uterino: 10 a 20g/kg ou 10 a 30g por dia. Na fase de catch-up, o ganho de peso
pode chegar a 40 a 45g/dia.
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Comprimento: é o melhor indicador de crescimento linear, reflete a massa corpórea magra e é
determinado pelo potencial genético (Brock; Falcão, 2008).
o Aferir uma vez por semana.
o Crescimento esperado, conforme as curvas de crescimento intra-uterino: 1 cm por semana.
o Estimativa do comprimento pelo comprimento recumbente na incubadora: o bebê deverá estar
em decúbito dorsal (deitado, de ventre para cima). Marca-se o lençol na altura da extremidade da
cabeça e da base do pé no lado direito e mede-se a distância entre as marcas utilizando uma fita
métrica.
Perímetro cefálico: apresenta relação direta com o tamanho do encéfalo, seu aumento proporcional
indica crescimento adequado e melhor prognóstico neurológico (Brock; Falcão, 2008).
o Aferir uma vez por semana.
o É a primeira medida que cresce ao se atingir uma oferta protéico-calórica plena.
o Crescimento esperado, conforme as curvas de crescimento intra-uterino: 1 cm por semana.
Perímetro braquial: avalia a massa muscular e a quantidade de gordura do braço (Brock; Falcão,
2008).
o Realizar avaliação seriada.
o Aferir uma vez por semana.
o Técnica: medir no ponto médio entre o acrômio e o olécrano.
o Em prematuros é a medida mais acurada do que o peso e o comprimento, quando em avaliações
seriadas.
Relação entre PB e PC: ao nascimento representa a nutrição fetal, portanto tem relação com a
morbidade perinatal. Na avaliação seriada fornece informações sobre a proporcionalidade do
crescimento, e é utilizada como indicador do estado nutricional protéico-calórico neonatal. (Brock;
Falcão, 2008)
o Realizar avaliação seriada, 1 vez por semana.
≥ 3 e < 15 ≥ -2 e -1
Eutrofia
≥ 15 e ≤ 85
≥ -1 e ≤ +1 P adequado/I
> 85 e ≤ 97
> +1 e ≤ +2 Risco SBP E adequada/I
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RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
RECÉM-NASCIDO PREMATURO
Energia
Proteína
Carboidrato
Lipídio
o Em caso de pneumopatia, a oferta de lipídeos pode chegar até 60% do VET, evitando sobrecarga
de carboidratos e, consequentemente, da função respiratória (SBP, 2012).
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RECÉM-NASCIDO A TERMO
Fator estresse:
Estresse metabólico Fator Estresse
Leve 1,1
Moderado 1,2
Grave 1,3
Aspen, 2002
Idade Taxa calórica
0 – 1 ano 90 – 120 kcal/kg/peso
1 – 7 ano 75 - 90 kcal/kg/peso
*taxas em kg de peso atual
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Energia – Nutrição por via oral: peso (kg) x FAO, 2004 x 1,15 - 1,30
Comitê Lipídio
FAO, 2010 0 – 6m 40 - 60% VET
6 - 24m 35% VET
*taxas em kg de peso atual
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Vitaminas e minerais (IOM, 2001 e 2002 - DRIs)
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ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA NA UNIDADE NEONATAL:
Colher a história perinatal com a mãe e familiares.
Registrar o peso de cada criança, consultando a mapa de peso diário.
Verificar na prescrição do dia anterior a dieta (tipo, volume, fracionamento e via) e o registro da equipe
de Enfermagem (resíduo gástrico, episódios de regurgitação, evacuação e intercorrências clínicas
como febre, apnéia, etc).
Atualizar o protocolo de cada criança através da consulta do prontuário e do livro de ocorrências.
Realizar a avaliação nutricional de cada RN.
o Colher a IG ao nascer, se o RN for prematuro, indicar se é extremo (IG < 28 semanas).
o Classificar o peso segundo a IG (AIG, PIG ou GIG), por Intergrowth.
o Avaliar o percentual de perda de peso em relação ao peso de nascimento, até recuperá-lo.
Identificar o dia de vida em que recuperou o peso ao nascer.
o Avaliar o ganho/perda de peso diário.
o Quando o lactente atingir o termo, realizar a avaliação nutricional pela OMS. Preencher a curva para
anexar ao prontuário.
o Aferir a circunferência do braço e o comprimento uma vez por semana.
Avaliar e planejar a terapia nutricional de cada RN.
o Definir o método a ser utilizado para o cálculo do VET, dependendo do tipo de terapia nutricional e
IG ao nascimento.
o Identificar o tipo de terapia nutricional atual: NPT exclusiva ou associada à NET, NE em
progressão ou plena, com LHO e/ou fórmula infantil, amamentação ao seio em fase de estimulação
ou estabelecida.
o Analisar a evolução da terapia nutricional: quantos dias em dieta zero; se recebeu nutrição
parenteral, em que dia de vida iniciou a NET e quando atingiu a NE plena.
o Avaliar diariamente a terapia nutricional parenteral e enteral. Utilizar como parâmetro a taxa de
progressão de 20ml/ kg/dia, analisando cada caso individualmente, para sugerir condutas.
o Verificar se foi iniciado a sucção não-nutritiva e se o RN já está sendo acompanhado pela
Fonoaudiologia.
o Colher a história da amamentação. Acompanhar quando foi iniciada a ordenha de LH no BLH,
assim como, a amamentação ao seio.
Promover e apoiar o aleitamento materno em parceria com o Banco de Leite Humano.
Acompanhar e orientar a alimentação da nutriz, inclusive quanto a realização de refeições na
instituição.
Aprazar as prescrições das dietas do dia e evoluir em prontuário.
Realizar orientação nutricional de alta hospitalar e encaminhar ao ambulatório de nutrição no Follow
up.
Participar de round e contribuir com a equipe no processo de cuidado.
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