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Há dois momentos chave a serem analisados, o primeiro quando da delação do paradeiro de criminoso pelo
protagonista e o segundo da peça em que o protagonista acusa a si mesmo.
Leve-se o planejamento da ação coletiva contra a ilegalidade e abusos da prática do plea bargaining somente
como elemento constituitivo da figura do protagonista enquanto profissional e idealista utópico.
Tracemos portanto um perfil do protagonista, um homem, americano, negro, a volta dos 60 anos, advogado
militante pelos direitos civis, atuando frequentemente pro bono, ativo e habilidoso em sua área mas bastante
alienado, não sabendo mesmo como se sustenta o escritório militante em que atua, administrado por um
figurão dos direitos civis.
Ensimesmado e atravancado no anacronismo das questões de meados do século XX, mantém-se tecnicamente
capaz mas sem acompanhar de fato as novas dinâmicas, o surgimento de novas identidades globalizadas, a
mutação da advocacia de interesse público, da nova militância pelos direitos civis e mesmo a figura do
criminoso, longe da visão romântica de Roman, este é muitas vezes ente ativo e consciente do glamourizado
crime organizado.
Quando seu patrono morre, Roman se vê à frente de uma realidade que não conhece ou não aceita e se choca
violentamente.
Sobre o primeiro momento, já á luz da simples análise dos fatos não resta dúvida, houve gravíssima nódoa na
conduta do advogado, ao se utilizar de informação privilegiada para auferir recompensa ofende a ética comum
da profissão, vê-se o escândalo que se dá quando tal fato se noticia e atente-se ao fato de que tal ato possui
tipicidade penal.
Aprofundando-se, e levando-se em conta o perfil dado, vê-se que o ato ultrapassa seus antigos conceitos ético-
militantes, note-se ainda que a prepotência de Roman o faz ter problemas de relacionamento e conduta, além
deste ponto grave de que falamos, sua ingerência foi responsável, mesmo que por causas segundas, pela morte
do mesmo cliente; ao destratar a representante do Ministério Público, aliás, de maneira sexista, Roman acabou
por mantê-lo num regime de prisão que lhe era perigoso, e de fato, o cliente foi assassinado. Note-se que
Roman não teria nem mesmo a incumbência de responder á Promotoria sobre qualquer assunto.
Num segundo momento vemos a artimanha de Roman para se safar de seus malfeitos, urde, pois, uma peça
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que em verdade é uma chicana, em que acusa a si mesmo de ter traído a seus ideais, dando-se como réu
confesso de tal feito.
Em suma, o protagonista é figura de muito má conduta, que torce e retorce a ética e a lei.
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