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Universidade Estadual do Maranhão – UEMA

Curso: Licenciatura em Música – EaD

Professor: Edilson Fonseca Gusmão

Disciplina: Etnomusicologia

Tutor a Distância: José Flávio Pinheiro

Tutora Presencial: Antônia Thelma Araújo dos Santos

Zenaide Almeida Rocha

Atividade 2 - Visões Analíticas e Dialéticas – V Seminário de Educação Musical da UCS |


Fase 2: Heranças Indígenas

Caxias – MA

2020
V Seminário de Educação Musical da UCS | Fase 2: Heranças Indígenas. Disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=VrX7K0xAyfw&t=7763s

Zenaide Almeida Rocha

O vídeo resenhado é sobre V Seminário de Educação Musical da USC- Fase 2:


heranças indígenas, seminário este em comemoração aos 10 anos do curso de música
desta Universidade de Caxias do Sul, em formato virtual online por consequência da
Pandemia da covi-19. No vídeo foram abordados os seguintes temas: Ouvir, cantar,
sentir e pensar a diversidade sonora no mundo pela professora Magda Pucci (SP); A
pedagogia do maracá: música e ancestralidade indígena, nas falas do Edson Kaiapó
(AP) e A territorialidade da poética das águas – Povo Omágua, pela professora Márcia
Wayna Kambeba (AM). Realizado no dia 30 de setembro de 2020. Os temas abordados
foram debatidos com foco na Etnomusicologia observando os critérios etnográficos e do
relativismo cultural com uma pitada de criticidade ao etnocentrismo.

Deu-se início a abordagem do tema - Ouvir, cantar, sentir e pensar a


diversidade sonora no mundo pela professora doutora e pesquisadora na área de
música Magna Pucci, que em sua fala inicial diz: “o Brasil (povo) deve pensar a
diversidade musical dos indígenas brasileiros na perspectiva de inclusão destes
elementos culturais na sala de aula”. Percebe em sua fala que para que haja o resgate da
música indígena se faz necessário que ponto inicial deve ser a introdução de sua
significância no contexto escolar a partir das primeiras séries iniciais, e não ficar somente
a sua importância nas mãos de pesquisadores e no campo da Antropologia.

Em sua abordagem coloca as diversidades culturais existentes em todo mundo de


forma figurativa como se fosse “portas de diferentes modelos, uma paleta de cores”, pois
os contextos em que se concretizam como espaço de criação são os mais diversos,
portanto não se deve ter um olhar uniliteral, mas vários olhares para diferentes culturas.

Segundo Magda Pucci (2020), para inclui a música indígena na sala de aula, o
primeiro passo é “pesquisar para conhecer” os diferentes gêneros e seus contextos é sua
significação cultural para coletividade de criação, pois a música é uma manifestação
cultural independente do lugar onde surge, ainda ressalta em sua fala as influências das
vozes indígenas na música popular brasileira, advindas da multiplicidade de sons, estética
próprias, mesmo que este contexto seja permeado de negação desde seus primórdios.

A música indígena tornou-se um elemento tão somente de reaproveitamento


cultural para músicas dos povos não índios, essa desvalorização da música indígena em
detrimento de outras, ainda são heranças do colonizador, que a descrevia como
“pejorativa, gritos, rugidos” e outros adjetivos. As vozes indígenas exigem uma escuta
diferente, devido a sua multissonoridade. Observa-se certo estranhamento, pois a música
no mundo indígena é uma arte oral, não tem nome muitas das vezes, “o conceito de
música não existe, sim de canto”, ou seja, a música indígena não está coordenada com a
percepção do que é música para cultura ocidental. Portanto, o viés traçado pela normas
estruturadas pela cultural ocidental deixa de lado o relativismo das mais diversas etnias
culturais , perdurando nos contextos atuais ideias teocêntricas ,que por vistas se alargam
em suprimir ainda mais as diferentes diversidades culturais existentes no Brasil, no
mundo.

O segundo tema abordado no vídeo – A pedagogia do maracá: música e


ancestralidade indígena foi proferido pelo professor Doutor em História (PUC/SP) Edson
Kaiapó – o qual enfatiza em sua fala a importância do debate sobre a diversidade musical,
“ o mundo ocidental cria modelos musicais que deixam a margem a música indígena, mas
os povos indígenas resistem em defesa de nossa música”, pela força de sua fala ,
percebe-se o grau de comprometimento com o seu povo, sua gente, tão salutar para que
as culturais sobrevivem nesse universo hostil desde seus primórdios .

Edson Kaiapó (2020) destaca que os jesuítas diziam: “os povos indígenas não têm fé, têm
credulidade – ligada as forças demoníacas”, ignorando todo um contexto cultural religioso
e ritualístico existente na coletividade indígena. Marquês de Pombal e a coroa
portuguesa cria a política do índio cidadão no século XVIII , a qual estabelecia a
suplantação da cultura indígena em detrimento da cultura do homem branco, os índios
não podiam falar sua língua nativa, mas sim, o português, foram proibidos de usar seus
instrumentos musicais, deveriam morar em casas ( na cidade, vilas), com isso , o índio
teve sua cultura estripada, arrancada, pois o ritual foi proibido , com isso , a fragilidade
espiritual de aprofundou , principalmente entre os povos Tupinambás (PE).
Mas a resistência dos povos indígenas se manifesta com mais força através da
musicalidade (sonoridade) contra as mais diversas violências históricas como se percebe
até hoje nos contextos atuais. Ela se concretiza por meio dos cantos nas línguas originais,
danças, da predominância da retomada a cada tentativa de extermínio. Vale enfatizar,
pensar a temática indígena não com os olhos do colonizador, pautado em modelos
preestabelecidos, mas tendo com base estrutural a sua cultura original.

A aceitação da ancestralidade se faz necessária para reafirmar a importância da


musicalidade indígena (em seus gestos, cantos, narrativos e instrumentos musicais).
Enfatiza-se aqui a fala do professor Edison Kaiapó “a sensibilidade humana deve ser
despertada através da colaboração dos povos indígenas”.

O terceiro tema em voga no vídeo - A territorialidade da poética das águas – Povo


Omágua, pela professora mestre em Geografia, ativista das causas indígenas e
amazônicas, compositora e cantora, Márcia Wayna Kambeba , que em sua fala inicial ler
uma poesia, a qual destaca-se aqui, alguns versos: “Canto porque resisto/canto em
louvação/[...]/ o canto que tu ouves/ tem cultura, educação/trago um canto de rio/[...]/canto
minha memória/ [...]”. Nestes versos o grito de resistência dos povos indígenas expresso
pela fala do eu lírico, é cheio de significação, pois o canto para o indígena é a mola
propulsora que lhe conduz a persistir e a resistir em seu território, a defender a floresta, os
rios e manter acessa a chama da cultura e da educação ancestral.

A música representa para o território o sagrado, o templo cultural dos povos – o lugar
do saber , pois a música indígena é sentida, mesmo que pareça dissonante para outros.
Segundo Márcia Kambeba (2020) “as música do território são de resistência e que
precisam ser levadas as cidades e para as universidades para que todos possam
interagir”, pois conhecimento poderá quebrar determinados estigmas do teocentrismo
exacerbados que ainda persistem na sociedade.
Referência

https://www.youtube.com/watch?v=VrX7K0xAyfw&t=7763s

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