Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nota Técnica
Data 05/2013 Paginação 1 de 11
1. INTRODUÇÃO
Temperatura é uma grandeza cujos valores não podem ser diretamente determinados, e, por isso,
sua mensuração é realizada a partir dos efeitos e estímulos que ela provoca nas propriedades físico-
químicas dos materiais. Nesta Nota Técnica são tratados os medidores de temperatura que operam
por efeitos mecânicos, ou seja, aqueles relacionados às variações de propriedades que causam
alterações dimensionais do elemento sensor, tanto a linear quanto a volumétrica, devido a dilatação
ou contração térmica.
Duas condições são impostas à operação dos medidores mecânicos de temperatura, que os levam à
classificação como medidores de contato:
• a necessidade do contato físico entre o elemento sensor e o objeto/meio cuja temperatura se
deseja medir;
• o alcance, no tempo, do adequado de equilíbrio térmico entre o elemento sensor e o
objeto/meio cuja temperatura se pretende medir.
Não obstante a grande expansão no uso de medidores de temperatura que nativamente operam com
base em sinais elétricos, tais como os que utilizam termopares, termoresistências e termistores como
elementos sensores, os medidores mecânicos também possuem certas características que os tornam
convenientes, adequados em diversas aplicações. Por exemplo, não dependerem de baterias ou
outras fontes de energia elétrica para alimentação; podem ter baixo custo, ou, ainda, podem ser os
mais adequados e insubstituíveis quando usados como dispositivos de redundância em processos
que exigem alta segurança operacional e imunidade eletromagnética.
Nos tópicos seguintes são apresentados os tipos mais comuns de medidores mecânicos. O nível de
detalhamento nesta NT-007 foi estabelecido com base na percepção do mercado que demanda cada
tipo de medidor. Nas referências bibliográficas são encontrados maiores detalhes para tipos
específicos desse grupo de termômetros.
Teoricamente, devido a existência dos termos de segunda e terceira ordens, esta relação é não
fielmente linear. Entretanto, para a maioria das aplicações práticas na termometria, os termos de
segunda e terceira ordens são desprezíveis, e, na prática, a relação pode a ser tomada como linear,
com aplicação da seguinte equação:
Vt = V0 [1+ β1 (Δt)]
Termômetro de Liquido em Vidro, conhecido em português pela sigla TLV, é um medidor mecânico
de temperatura que opera com base na dilatação volumétrica de um líquido, denominado líquido
termométrico.
Trata-se de um dispositivo com origem muito antiga, utilizado muito antes da descoberta da
eletricidade. O princípio funcional foi descoberto por Galileu Galilei por volta de 1590 e materializado,
no que passou para a história, como Termoscópio de Galileu. Há registros históricos de que o artefato
foi posteriormente bastante aprimorado por Ferdinando II (Duque da Toscana) e pelo professor da
Escola de Pádua, Santorio Santorii. Mas, notadamente, credita-se ao físico, comerciante e inventor
alemão-polonês Daniel Gabriel Fahrenheit (Amsterdã-1724) o mérito de tornar o dispositivo um
verdadeiro instrumento metrológico. O TLV talvez seja o artefato mais conhecido para medição de
temperatura entre a população leiga em termometria.
Não obstante ao crescimento dos outros tipos de termômetros, o TLV continua a ser um dispositivo
muito utilizado na ciência, nas atividades comerciais, e, com certas limitações, na indústria. É
instrumento básico em laboratórios químicos, clínicos e biológicos. Tem vasta aplicação no
seguimento dos alimentos e em atividades domésticas. Essa demanda se justifica pela pelo baixo
custo do artefato, pela facilidade de compra no mercado, e, notadamente, pela facilidade intuitiva de
uso. Outra característica importante do TLV é sua independência quanto a alimentação elétrica e pelo
o fato de integrar, no mesmo artefato, os elementos sensor e indicador.
TLV’s são medidores indicados para uso em diversos tipos de ensaios normalizados nas áreas de
física, química e biologia. É comum que essas especificações seja referenciadas a códigos de
entidades de normatização, tais como ABNT, ASTM, ASME, DIN, BS, dentre outras. A título de
exemplo, a ASTM tem cerca de duas centenas de termômetros indicados para ensaios normatizados,
nos quais a temperatura é grandeza a ser medida.
a) Bulbo. Reservatório que armazena o líquido termométrico, devendo estar totalmente cheio à
temperatura ambiente, sem conter qualquer bolha de gás.
b) Haste. Constitui o corpo principal do termômetro e envolve o capilar. Há termômetros de haste
simples (sólida), que são os mais comuns, onde a escala é gravada na superfície externa da
haste e o capilar é um furo interno central. Alguns termômetros possuem haste dupla (escala por
dentro): uma externa, que apenas serve capa-invólucro para uma segunda haste, interna, que
contém o capilar. Neste caso, a escala é gravada em régua auxiliar fixada entre as duas hastes. T
c) Câmara de Contração. É formada por um alargamento do capilar entre o bulbo e o início da
escala, ou entre o bulbo e a escala auxiliar. Serve para prevenir que o líquido termométrico
rotineiramente contraia inteiramente para dentro do bulbo, podendo gerar bolhas de ar na coluna
do líquido termométrico dento do capilar.
d) Câmara de Expansão. Alargamento do furo capilar após a escala (no topo do termômetro), que
serve para evitar a deformação ou a quebra por explosão do termômetro em decorrência de
sobre-pressão, caso ocorra um aquecimento acima da faixa do termômetro.
e) Menisco. Parte superior da coluna residual de mercúrio.
f) Escala Principal: Escala com graduação em unidades de temperatura, cobrindo a faixa de
temperatura em que o termômetro opera.
g) Escala Auxiliar: Escala secundária existente em alguns tipos de termômetros, normalmente nos
de melhor qualidade e desempenho, utilizada para verificação de sua conformidade metrológica
do termômetro no ponto de referência, tipicamente no ponto do gelo (0˚C). A escala auxiliar deve
possuir, no mínimo, cerca de 10 divisões equivalentes à resolução, sendo 5 acima e 5 abaixo.
Alguns aspectos construtivos dos TLV’s são relevantes quando se avalia a qualidade, o desempenho
e os dotes para determinadas aplicações. Para os fins desta NT-007 são destacados e discutidos os
seguintes aspectos:
• Aplicação.
• Forma construtiva.
• Classe de exatidão.
• Tipos, quanto ao modo de imersão.
• Tipos e características dos vidros utilizados na fabricação;
• Tipos e características dos líquidos frequentemente empregados;
• Uniformidade diametral do capilar;
• Faixas típicas de construção (range) e divisão (graduação) de escala (resolução).
• Formatos, comprimentos e proteção.
• Recomendações de Uso e Armazenamento.
• Calibração.
“classes de exatidão”, definidas por Norma. Por exemplo, a Organização Internacional de Metrologia
Legal (OIML), em sua recomendação R-133, define a a classificação mostrada no Quadro 2.1.1:
Cabe aos fabricantes de TLV definirem a faixa de medição para a qual a classe de exatidão é
aplicada, e, consequentemente, a graduação da escala deve refletir essa exatidão, inclusive em seus
extremos. Bons termômetros devem ter graduações que permitam uma estimativa do valor
equivalente a metade de uma divisão.
Deve-se salientar que existem termômetros de grande resolução (milésimos) e muito boa exatidão
(décimos e centésimos(, inclusive para uso como padrão em atividades de calibração e certificação
metrológica.
leitura. Caso um termômetro de imersão completa seja utilizado em condição de elevada pressão
hidrostática, os efeitos dessa pressão podem afetar seu desempenho e acarretar erros, que
dificilmente podem ser mensurados e corrigidos.
O tipo de vidro e os tratamentos físicos aos quais o vidro é submetido são fatores críticos para o bom
desempenho operacional dos termômetros. Vidros com baixo coeficiente de expansão térmica é
garantia de alta imunidade ao choque térmico. Vidros que apresentam elevando módulo de Young
assegura baixa deformação permanente e melhora a reprodutibilidade das medidas. Viscosidade, por
sua vez, é fator importante nos processos de produção. Quanto às boas práticas de preparação do
vidro, tratamentos térmicos de recozimento e de envelhecimento são técnicas que melhoram muito as
propriedades do vidro para seu melhor desempenho nos termômetros. Tradicionalmente,
termômetros feitos com vidros de alta qualidade, envelhecidos e termicamente bem tratados são mais
caros, e, como o preço impacta todo a cadeia de produção e de comercialização, esses termômetros
são aplicados em atividades mais nobres.
Alguns líquidos apresentam propriedades físico-químicas que os tornam mais adequados ao uso em
TLV’s, e, por serem tradicionalmente empregados nessa aplicação, são conhecidos em termometria
como “líquidos termométricos”. O álcool etílico e o mercúrio são os mais conhecidos, mas o tolueno, e
o pentano também são utilizados. Curiosamente, os primeiros termômetros foram enchidos com uma
bebida disponível à época, o spirit, e por isso, o nome “termômetro de spirit” ainda é encontrado em
fontes bibliográficas antigas.
Para o caso do mercúrio, cuja faixa normal é de - 38 a 350ºC, pode-se elevar este limite até 500ºC
mediante emprego de vidro adequado e injeção de um gás inerte sob pressão, o que evita a
vaporização do mercúrio. Vale salientar que o mercúrio é um metal tóxico, que sofre atualmente
sérias restrições de uso. O uso de termômetros de mercúrio deve ser cuidadoso e considerar que, no
caso de quebra, o mercúrio deve ser recolhido, armazenado e corretamente descartado. Se houver
vazamento, os resíduos do mercúrio devem ser eliminado capturados, sendo recomendado o uso de
técnicas amalgamento que são bem descritas na literatura. O álcool pode receber um corante para
melhorar a visualização da coluna e do menisco.
O tempo de resposta dos termômetros que utilizam líquidos orgânicos (álcool, tolueno, etc.) é sempre
maior que o dos que utilizam mercúrio. Isso se deve à maior força de adesão do líquido orgânico às
paredes do capilar, o que exige maior tempo para a drenagem e estabilização da coluna,
notadamente, em medições feitas em baixas temperaturas.
Por outro lado, como a sensibilidade dos termômetros é uma função dependente da relação entre o
volume do bulbo (reservatório) de o diâmetro do capilar, quanto maior for essa relação, maior será a
sensibilidade de do termômetro. TLV’s muito sensíveis possuem bulbos grandes e capilares finos,
combinação que leva a duas importantes observações: os termômetros ficam mais sujeitos a quebras
do bulbo devido a maior peso/quantidade de liquide armazenado, principalmente para termômetros
de mercúrio e maior dificuldade de leitura, devido a diminuição do diâmetro da coluna.
No Quadro 2.1.4, com base em padronização estabelecida pela STM, são apresentados alguns
exemplos de termômetros projetados para aplicações gerais e específicas, com informações sobre
códigos, faixas, graduações, tipos de imersão e campos de aplicação.
Notadamente, as graduações são unitária (1°C /°F); 1/2 grau (0,5˚C/˚F); 1/5 grau (0,2˚C/˚F); decimal
(0,1˚C/˚F) e centesimal (0,01˚C/˚F).
Quanto ao comprimento, os termômetros clínicos podem muito curtos, a exemplo dos termômetro
clínicos que variam em torno de 100mm, e longos como o termômetro de Beckman, que mede
640mm. Além de requisitos de aplicação, a faixa de medição e a graduação são variáveis que
condicionam o comprimento dos termômetros. No Quadro 2.1.4 pode ser observado termômetros
como comprimentos entre 175 e 640mm. Alguns tamanhos mais comuns são: (175; 217; 242; 280;
305; 310, 315; 327; 384; 390; 395; 310; 400; 425; 600 e 640) mm.
São termômetros que operam a partir da variação da pressão de um liquido dentro um circuito
fechado (volume constante), formado por um bulbo, um tubo capilar e um dispositivo indicador,
quando um liquido expande ou contrai, volumetricamente, devido a variações de temperatura. O
mecanismo indicador mais utilizado para esse fim e o tubo Bourdon para converter as variações da
pressão em movimento de giro de um ponteiro sobre uma escala graduada em temperatura.
Termômetros de expansão de liquido com capilar metálico são fabricados em diversos formatos,
com escalas compatíveis com o liquido termométrico utilizado. Como a força mecânica dos tubos
de Bourdon são expressivas, alguns modelos são dotados com chaves elétricas para
acionamentos, ponteiros de arraste para temperaturas máximas e mínimas e outros arranjos
operacionais. Certos modelos possuem recurso para ajuste da temperatura indicada, o que
permite a correção de erros sistemáticos e melhoria da exatidão da medida.
A maioria dos termômetros de expansão de liquido com capilar metálico têm seu circuito de
medição preenchido por líquido termométrico com propriedades físico-químicas adequadas, sendo
muito comum o uso de álcool, tolueno ou mercúrio. A uniformidade diametral do capilar é uma
característica importante para a linearidade e a exatidão do termômetro. O tempo de resposta desses
termômetros são longos, podendo a estabilidade demandar vários minutos.
As faixas de operação são condicionadas, principalmente, pelo tipo de liquido de enchimento. Assim
termômetros podem ser encontrados para uso entre -38˚C a 500˚C, porém, nunca com cobertura de
toda essa faixa. Termômetros enchidos com os líquidos orgânicos operam entre –100˚C a 200˚C,
com grande amplitude entre -100˚C a 100˚C.
Código NT-007
Nota Técnica Pág. 9 de 11
3. TERMÔMETROS A GÁS
Termômetros a gás são instrumentos que medem temperatura com base nos princípios
termodinâmicos, os mesmos utilizados para definição das temperaturas dos pontos fixos definidores
da Escala Internacional de Temperatura de 1990 (ITS-90). Quando projetados para uso industrial e
aplicações similares, mantêm os aspectos construtivos semelhantes aos dos termômetros de
expansão de líquido com tubo capilar, tendo como diferença fundamental o fluido de enchimento, que
deixa de ser um liquido e passa a ser um gás. Quando aplicados nos estudos e pesquisas
termodinâmicos no campo científico e da ciência básica, os instrumentos tomam forma de montagens
complexas, envolvendo muitos componentes.
Os termômetros à pressão de gás operam como base na lei dos gases ideais (gases perfeitos),
notadamente, a partir das simplificações e considerações propostas por J. A. C. Charles e L. J. Gay-
Lussac, cujos estudos demostraram que a pressão de um gás ideal é proporcional à sua temperatura
termodinâmica, desde que o volume de confinamento seja mantido constante. Uma característica
importante é esta lei, para os fins práticos, independe do gás, e a relação é substancialmente linear
ao longo de um amplo intervalo de temperatura. O mesmo não ocorre no caso da expansão térmica
dos líquidos, cujas características variam consideravelmente, tanto em função função da composição
de um líquido, quanto da temperatura.
Nota: Gás ideal é um gás virtual, com molécula de volume zero, que respeita a constante universal dos gases, matematicamente assim quantificada:
A equação matemática utilizada na termometria, que expressa a lei dos gases ideais, pode ser assim
parametrizada:
São termômetros (e acionadores) são instrumentos que operam a partir da dilatação ou contração
linear (variação do comprimento) dos materiais, normalmente os metais, em função da variação da
temperatura. A equação básica que descreve essa relação é descrita abaixo:
Lt = Lo (1 + α Δ t), onde:
t = temperatura do metal em ºC
t0 = temperatura de referência do metal em ºC (normalmente 0ºC)
L0 = comprimento do metal à temperatura de referência
Lt = comprimento do metal à temperatura t em ºC
α = coeficiente de dilatação linear
Δt = t – t0
5. BIBLIOGRAFIA
1. www.Wikipedia.org
2. Quinn, T. J.: Temperature. Academic Press: London, 1990
3. Nicholas, J. V. and White, D. R.: Traceable Temperatures. John Wiley & Sons.: Chichester,
England, 2001.
4. R.P. Benedict (1984) Fundamentals of Temperature, Pressure, and Flow Measurements, 3rd ed
5. BIPM: Techniques for Approximating the International Temperature Scale of 1990. 1990.
6. T.D. McGee (1988) Principles and Methods of Temperature Measurement.
7. Beattie, J.A., Oppenheim, I. (1979). Principles of Thermodynamics, Elsevier Scientific Publishing
Company, Amsterdam..
8. Lieb, E.H., Yngvason, J. (1999). The physics and mathematics of the second law of
thermodynamics, Physics Reports, 314: 1–96, p. 56.
9. BS1041-2.1:1985 Temperature Measurement- Part 2: Expansion thermometers. Section 2.1
Guide to selection and use of liquid-in-glass thermometer.