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A linha da Vida

Linha da Vida: o mapa natal do Tarot

Texto de

Maria Celeste Rodrigues

autora de Tarot - Uma proposta de vida. Ed. Mauad

A Linha da Vida, segundo os Arcanos do Tarot, é um estudo da


personalidade feito a partir da relação alfa-numérica entre nome, data de
nascimento e os Arcanos do Tarot. Desses cálculos resultam cinco cartas que
representam nossa vida. As três primeiras estão relacionadas ao nosso
karma, nossas qualidades inatas e os dois últimos ao nosso dharma, conjunto
de pensamentos, palavras e atos que determinarão o nosso próximo karma.
Considerando que estamos todos submetidos à lei cósmica do Livre Arbítrio,
os arcanos são determinados e não determinantes. Conhecer a Linha da Vida
torna-se, assim, uma ferramenta bastante significativa no caminho do auto-
conhecimento.

Acrescentei o arcano da Alma à Linha da Vida original, pois representa os


reais anseios do ser imortal que nos habita. A Linha da Vida acrescida do
arcano da alma aponta o caminho que precisa ser trilhado para que se
alcance o objetivo de evolução da identidade imortal e não apenas do
personagem que representamos nesta existência.

Uma experiência interativa: astrologia e tarô

Tomei conhecimento da Linha da Vida no início dos anos 80 e desde então,


tenho me perguntado por que este instrumento valioso não é utilizado, ou é
sub-utilizado, por tarólogos e astrólogos. Tão logo tomei conhecimento do
método e o usei para mim mesma, intui que tinha em mãos algo precioso. Ao
longo dos anos calculei por volta de 500 linhas da vida e sempre obtive
respostas precisas e mais que compensadoras.

Muitas vezes ao interpretar um mapa natal comparava-o com a Linha da


Vida e as respostas dessa combinação superavam as expectativas, não só
minhas, mas de meus clientes. Aponto, entre outros, seu valor na análise de
mapas de gêmeos que têm praticamente o mesmo horário de nascimento,
tornando complexa a diferenciação de suas personalidades. Para quem
desejar estudar a fundo a validade da Linha da Vida aconselho a procurar
gêmeos e acompanhar o seu crescimento à luz da interpretação dos arcanos
da Linha da Vida. É um trabalho excitante e surpreendente.

Considero este trabalho tão confiável que nas minhas aulas costumo dizer
que a Linha da Vida está para o Tarot assim como o Mapa Natal está para a
Astrologia. Como também acredito que a leitura de uma tiragem de cartas
possui a mesma função que um trânsito astrológico. Sempre me pareceu que
uma leitura de tarot, baseada nos diversos jogos existentes, é limitada por
tempo e espaço e acreditava que de algum modo o Tarot deveria e poderia
nos fornecer algo mais abrangente, um caminho, um mapa da viagem da
existência como o é o mapa natal astrológico.

Tarot terapêutico

Quando surgiu o que chamo de boom terapêutico e a palavra terapia


começou a designar quase tudo que se referia a auto-conhecimento e
cuidado do outro, mais me perguntava se não estaríamos forçando a mão ao
falar de Tarot terapêutico ou Taroterapia baseados em tiragens que variavam
a cada momento, que definiam (e bem) um momento, uma situação, mas
sem averiguar profundamente as causas (hábitos, traumas, complexos,
traços de personalidade etc.) que levaram a atitudes conscientes e/ou
inconscientes que geraram esse momento; as raízes profundas das crises e
dificuldades que precisavam ser cuidadas, curadas para que eventos iguais
ou parecidos pudessem ser evitados, não se repetissem. Essa é a função do
Mapa Astral: perceber as dificuldades e as saídas para elas. Sem isso
teríamos apenas diagnósticos sem tratamento e assim, na minha opinião, o
instrumento diagnóstico torna-se inútil, pois só nos resta esperar o desfecho
do destino já escrito. E então, voltamos à questão crucial em todo o trabalho
que desenvolvo: onde fica a lei maior do Livre Arbítrio? Se nada posso fazer,
por que saber?

Para não ferir suscetibilidades deixei de falar em Tarot Terapêutico e


assumi, como professora que sou, a tarefa de mostrar que o Tarot, como
outras artes, tem função pedagógica e que esse caminho de aprendizado
pode trazer conhecimento e auto-conhecimento comprovadamente
terapêuticos. O conhecimento e, acima de tudo, o auto-conhecimento não só
liberta, mas também cura.

Por mais de vinte anos fui agregando conhecimento de psicologia,


mitologia e diversas correntes arquetípicas até chegar a uma metodologia
própria. Assim, aliado às já descritas observações de Dicta e Françoise, que
apresentaram a Linha da Vida em sua obra Le Tarot de Marseille, incorporei
pontos do trabalho de mitologia pessoal de Stanley Kripner e as etapas da
jornada mítica de Joseph Campbell, sempre sob a perspectiva Junguiana.
Inicialmente usei os cinco arcanos originais, mas, com o tempo, estudo e
experiência, acrescentei à Linha da Vida o arcano da Alma (conforme
terminologia de Angeles Arrien), que é baseado na data completa de
nascimento e que alguns autores no Brasil chamam de Arcano Pessoal.

Cálculo do arcano da Alma

Calculamos o arcano da Alma somando a data completa de nascimento e


reduzindo-o até um número não superior a 22.

Exemplo de uma pessoa que nasceu no dia 13-06-1980:

1 + 3 + 6 + 1 + 9 + 8 + 0 = 28 >> 2 + 8 = 10.

O arcano da Alma é 10, a Roda da Fortuna.

Embora a redução se faça até um número inferior a 22 (inclusive), na


interpretação deve-se levar em consideração suas relações numéricas. No
exemplo acima, o arcano da Alma é a Roda da Fortuna. Entretanto, se
reduzirmos mais ainda o 10, teremos: 1 + 0 = 1, o Mago. Podemos ainda
relacionar o 1 ao 19, que reduzido é: 1 + 9 = 10 (Roda) que reduzido é: 1 + 0
= 1 (Mago). Assim, numa interpretação bem básica, poderíamos dizer que
esta pessoa tem dificuldades em perceber as oportunidades que lhe são
oferecidas (Roda), por não reconhecer e direcionar seus talentos (Mago),
deixando de usufruir da fonte de crescimento, abundância e prosperidade
(Sol) que o universo oferece.

Menciono estas conexões numéricas no meu livro Tarot: Uma Proposta de


Vida e sugiro a leitura da teoria das nove constelações arquetípicas no tarot
de Angeles Arrien (bibliografia).

Os mitos pessoais

Cada par desse conjunto de 6 arcanos corresponderiam, na terminologia


de Stanley Kripner, aos mitos obsoletos, aos mitos emergentes e aos novos
mitos.Esta será a base para o trabalho terapêutico, de auto conhecimento,
que visa investigar as causas de hábitos, atitudes, compulsões, medos ou
traumas que afetam o nosso crescimento e bem estar. Estas pistas ou
hipóteses de trabalho devem ser usadas pelo facilitador de acordo com sua
experiência profissional. Como psicopedagoga criei um roteiro de trabalho
que inclui atividades com contos de fada, bibliografia baseada nos 6 arcanos,
exercícios com imaginação ativa e interativa etc.

Mitos passados: obsoletos (1º e 2º arcanos)


1º arcano: Traços inatos de caráter, bagagem trazida de vidas passadas

2º arcano: Momento e ambiente do nascimento. Vantagens e desvantagens

O 1º e 2º arcanos da Linha da Vida são os símbolos dos obstáculos à


evolução. Indicam talentos, mas também as dificuldades inconscientes, os
impulsos que levam a agir e reagir de forma automática, instintiva e que
precisam ser trabalhados para que possamos desenvolver o potencial
indicado pelos arcanos seguintes. Impulsos inconscientes, memórias e
decisões infantis nos levam a criar scripts de vida que precisam ser
reavaliados, pois muitas vezes são causa de agressividade, de baixa auto-
estima, de crenças que podem ter nos ajudado no passado, mas que não
mais nos ajudam a resolver os conflitos do presente. Por isso são chamados
de mitos obsoletos, memórias ou fatos que relegados à sombra impedem que
a personalidade se desenvolva na direção da autonomia, do caminho de
individuação.

Mitos presentes: emergentes (3º e 4º arcanos)

3º arcano: O desenvolvimento da personalidade, a escolha do Caminho

4º arcano: A Maturidade: Uma reflexão de vida até então.

O 3º e 4º arcanos representam mitos que precisam emergir para que a


personalidade se torne independente, livre das imposições internas de
hábitos e mesmo traumas adquiridos em experiências passadas (os 2
primeiros arcanos). Para que a personalidade emergente escolha o seu
caminho e o trilhe com confiança precisa se libertar dos automatismos, dos
gatilhos inconscientes (bagagem + infância) para encontrar o verdadeiro EU,
aprender a diferenciar o que tem que ou deve fazer e o que realmente
deseja, livrando-se das dependências e tornando-se maduro e seguro. Um ser
independente, autônomo – no real sentido da palavra – que sabe auto
nomear-se, que conhece seu próprio nome, que sabe quem é.

Novos Mitos (5º arcano e arcano da alma)

5º arcano: O propósito de vida, o significado da existência

Arcano da alma: O anseio de evolução, o desejo do ser imortal.

O 5º arcano e o arcano da alma simbolizam o significado da própria


existência, o propósito de vida que, se compreendido e acolhido, nos leva a
uma existência mais plena e gratificante. O 5º arcano remete ao propósito da
personalidade, a razão de estarmos aqui, neste tempo e espaço.
Compreender o significado da existência e cumpri-lo, estaremos aptos a dar o
salto evolutivo simbolizado pelo arcano da alma, que nos indica o que o
nosso ser imortal necessita para poder evoluir.
Em suma

A Linha da Vida nos aponta um caminho de crescimento e evolução. Um


mapa do caminho da individuação que começa pelo resgate de valores
passados, passa pela superação de conflitos e nos leva à realização do nosso
propósito, do nosso sacro oficio, o trabalho sagrado da evolução humana.

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Linha da Vida

Apresentação de

Constantino K. Riemma

Um bom exemplo de aplicação do Tarô com o propósito de traduzir o perfil da


trajetória individual é a Linha da Vida, apresentada por Dicta e Françoise no
livro Tarot de Marseille. As autoras sugerem um particular sistema
numerológico para encontrar os cinco arcanos que representam a vida de
uma pessoa.

Apesar dos reparos que podem ser feitos quanto a certos aspectos da técnica
da Linha da Vida (os valores numéricos atribuídos às letras; a exclusão do
sobrenome materno) ela tem se mostrado elucidativa para os profissionais e,
ainda, uma fonte de exercícios para estudantes do Tarô, em especial quando
praticados em grupo para desenvolver o pensamento simbólico. Essa é a
opinião de quem utiliza, há muitos anos, a Linha da Vida para estimular o
envolvimento nos cursos básicos sobre os Arcanos Maiores.

Para apresentar a técnica, fizemos a tradução do texto original de Dicta e


Françoise. Além da apresentação dos aspectos técnicos, as autoras incluem a
descrição de um pequeno ritual que utilizam para trabalhar as cartas da
Linha da Vida nas noites dos solstícios de inverno e de verão
(simbolicamente, dias de São João).

Uma alternativa que tem se mostrado útil é a de incluir no cálculo o


sobrenome da mãe, como é o usual nas práticas brasileiras com a
numerologia.

O Cálculo da Linha da Vida

Dicta e Françoise
in Tarot de Marseille, Ed. Mercure de France.

Tradução de Constantino K. Riemma

Os quatro primeiros arcanos do Tarô, cálculados para descrever a Linha da


Vida, correspondem, para cada indivíduo:

(1) à sua personalidade,

(2) ao seu meio de nascimento,

(3) às metas às quais pode aspirar e

(4) à reflexão, quando chegar à maturidade, de tudo o que viveu


anteriormente.

O quinto arcano, que resulta da soma dos valores dos quatro primeiros,
representa o cumprimento de todos os dons recebidos.

O conhecimento destas etapas, no caminho de nossa vida, permitirá tirar


maior proveito da existência. É certo que não podemos evitar as dificuldades,
mas devemos trabalhar de tal forma que elas nos sirvam de experiência. O
sentido desses arcanos será tríplice: físico, mental e metafísico. Nosso nome
de nascimento ressoa como um poder vibrante e é utilizado por muitas
tradições.

Para calcular a linha da vida tomaremos o nome, o sobrenome do pai e o ano


em que viemos ao mundo. No caso de mulheres casadas se utiliza o nome de
solteiras. Um pseudônimo pode ser também empregado, mas apenas no que
diz respeito à profissão para o qual foi escolhido.

Esse cálculo foi uma das revelações de minha avó. Alguns autores chamam
essa numeração do alfabeto com “roda de Pitágoras”.

Tabela dos valores da letras: "A Roda de Pitágoras"

A=1

H = 28

O=8

V=9

B=2

I = 15

P = 77
W=9

C=4

J = 15

Q = 27

X = 13

D=5

K=8

R = 11

Y = 50

E=3

L = 21

S = 20

Z = 70

F=8

M = 19

T=6

G = 10

N = 26

U=9

A tradição atribui essa correspondência numérica a épocas muito antigas e


sua transmissão se realizou, portanto, boca a boca. A primeira informação
escrita encontramos através de um livro de M. Lenormand, a célebre vidente.
De onde ela obteve esse alfabeto? É um mistério a mais na história dessa
mulher surpreendente. Georges Saint-Bonnet, curador e sábio de nossa
época, também usava este sistema numérico que, segundo ele, provinha dos
Rosa-cruzes. A lei do silêncio parece encobrir sua verdadeira origem, já que
minha avó, por sua parte, sempre negou revelar suas fontes. Ela também
chegou a mencionar os Rosa-cruzes, mas sem precisar mais nada.

Nota sobre a “Roda de Pitágoras”: M. Lernormand atribui o valor 16 à letra K,


enquanto que Saint-Bonnet atribui 8. Durante anos trabalhamos este
sistema, com centenas de nomes célebres do passado, conhecidos por suas
obras ou por suas vidas, utilizando as duas notações. A que transcrevemos
aqui (K = 8) é a que nos proporcionou os resultados mais satisfatórios.

Relação numérica dos 22 Arcanos Maiores

1. O Mago 2. A Papisa

3. A Imperatriz 4. O Imperador

5. O Papa 6. Os Namorados

7. O Carro 8. A Justiça

9. O Eremita 10. A Roda da Fortuna

11. A Força 12. O Pendurado

13. Sem Nome 14. A Temperança

15. O Diabo 16. A Casa de Deus (Torre)

17. A Estrela 18. A Lua

19. O Sol 20. O Julgamento

21. O Mundo Sem nº: O Louco (0 ou 22)

Um exemplo de cálculo

Vejamos agora um exemplo para explicar o sistema de cálculo: Marie


Demaison, nascida em 1935.

1º - Substituímos cada uma das letras do nome e sobrenome pelo valor


correspondente: M = 19, A = 1, R = 11, I = 15, E = 3, e assim por diante. A
soma do nome é 49 e a do sobrenome 97. Reunindo os dois resultados
obtemos: 49 + 97 = 146. A seguir, fazemos a redução teosófica, ou seja: 1 +
4 + 6 = 11. Este será o primeiro arcano da linha da vida de Marie Demaison:
A Força. (Para saber qual carta corresponde a cada número, veja a tabela,
acima).

No caso de resultado superior a 22 será necessário continuar reduzindo o


número pelo sistema teosófico. (Veja exceção abaixo)
2º - Tomamos o ano de nascimento e o reduzimos: 1 + 9 + 3 + 5 = 18. Isso
dará o segundo arcano: A Lua. (Se a soma for superior a 22, veja abaixo a
Exceção 1ª).

3º - Efetuamos a redução do segundo resultado para obter o terceiro: 1 + 8 =


9, que é O Eremita. (Veja exceção abaixo)

4º - A operação seguinte consiste em somar o primeiro arcano ao terceiro: 11


+ 9 = 20, O Julgamento. Se o número for maior que 22 recorremos à redução
teosófica.

5º - Finalmente, somamos os valores dos quatro arcanos obtidos: 11 + 18 + 9


+ 20 = 58, que reduzido, 5 + 8 = 13, corresponde à quinta carta da linha da
vida, o Arcano Sem Nome.

Exceções na redução do ano e no valor 22

1ª - Se a redução do ano de nascimento (como é o caso de 1986, 1+9+8+6


= 24), for superior a 22 é necessário fazer mais uma redução teosófica para
encontrar o segundo arcano, ou seja: 2 + 4 = 6. Quando isso acontecer,
obteremos o terceiro arcano acrescentando o mês de nascimento. Neste
caso, para obter o 4º arcano, somaremos o valor da segunda e não o da
terceira carta.

2ª - Se uma redução der 22, o arcano respectivo será O Louco. Caso se


encontre na segunda posição, (a do ano de nascimento), daremos o valor
quatro à terceira (22 -> 2 + 2 = 4). Porém, na soma para obter a quinta
carta, atribuímos valor zero para segunda carta.

O papel de cada carta

São as seguintes as significações dos Arcanos na Linha da Vida:

1º - representa nossa personalidade, os dons físicos e morais e tudo o que


nos foi concedido por nascimento.

2º - relaciona-se ao ambiente familiar, à época em que viemos ao mundo e às


vantagens e dificuldades que esse meio irá proporcionar.

3º - nos mostra as metas que podemos esperar e a evolução do nosso caráter


até chegar a idade adulta; indica também o caminho escolhido.

4º - corresponde à realização, à opinião de si mesmo na maturidade e o olhar


retrospectivo sobre nossa vida até então

5º - se vincula à reencarnação, ao cumprimento dos fins específicos de nossa


vida, sempre e quando tenhamos trabalhado de forma constante para chegar
a isso.
Exemplo de interpretação

No exemplo de cálculo encontramos: a Força, a Lua, o Eremita, o Julgamento


e o Arcano sem nome.

A Força, no começo da vida, se apresenta como uma carta muito saudável e


bela Outorga instintos apaixonados, agressivos, mas também nos dá o poder
de dominá-los e canalizá-los. A infância não será tranqüila, mas será
acompanhada de saúde física e moral e de uma necessidade de liberdade
que terá influência pelo resto da vida. Desde o início a luta será dominante.

A Lua, como reveladora do meio social (ou o local de nascimento) é, neste


caso, instável e incerto. Isso permitirá que se apresentem muitas viagens e
experiências. Este arcano indica também um ambiente imaginativo, artístico,
que pode às vezes ser um obstáculo inicial à vida prática. A impetuosidade
da natureza vai se exteriorizar, no sentido positivo, sob a forma de uma visão
poética do universo ou, ao contrário, se expressará numa personalidade
instável e vagabunda.

O Eremita, como símbolo da escolha de um caminho, indica que, neste caso,


a solidão foi escolhida como uma etapa necessário para o próprio progresso.
Isso também poderia significar um divórcio ao chegar à maturidade. Mas,
então, isso não terá conseqüências de juma catástrofe, já que este arcano
permite superar as provas e aproveitarmos delas para finalidades interiores.

O Julgamento, enquanto significador das realizações, oferece a possibilidade


de voltar a começar a partir do zero. É também símbolo de amor, de respeito
e de excelente reputação num ofício.

O Eremita e o Julgamento se equilibram entre si: são dois arcanos vinculados


à realização interior e exterior.

O Arcano sem nome, indica que o objetivo moral ao qual há que se chegar
não é muito fácil. A lei que rege esta carta é a de fazer desaparecer todas as
coisas inúteis, tudo aquilo que não seja essencial. Na velhice, neste caso, se
mostra agitada, com ciclos sucessivos de inspiração e de lutas positivas. Esta
carta é muito ativa e obriga, numa idade em que a pessoa poderia aspirar ao
descanso, a um movimento incessante, em meio a múltiplas mudanças. É
este o único inconveniente deste arcano, o qual, ao encontrar-se nesta
posição, simboliza uma preparação ao porvir.

Em resumo, esta existência tomada como exemplo será suficientemente


agitada e violenta, e estará em relação com lutas de natureza social, em
diferentes períodos da vida. As provas se acontecerão do final do trajeto têm
a ver, fundamentalmente, com o aspecto espiritual.

Meditações
Para atravessar as diferentes etapas de sua existência, o consulente deverá
se apoiar sobre dos dons dos quatro primeiros arcanos. O tempo de
transcurso de um período ao outro pode variar. Aqui, o tempo não é um fator
importante. Mas cada arcano continuará influenciado sua vida, até que sua
lição tenha sido assimilada.

É preciso interpretar primeiro cada carta em separado, para passar em


seguida às relações existentes entre elas. Os arcanos podem ser
complementares ou também opostos. Finalmente, é necessário relacionar o
primeiro ao quinto, já que o estudo de suas semelhanças e diferença poder
dar frutos muito importantes.

Se numa linha da vida se repetem duas vezes o mesmo arcano, o consulente


deverá considerar dois níveis desta cara: o físico e o mental. Estar alerta e
tratar de compreender todos os ensinamentos desse arcano o levará a uma
melhor realização de si mesmo. Recusá-los, significará insucesso.

Uma pessoa pode ter repetido três vezes um mesmo arcano em sua linha da
vida e isso pode ser favorável ou, bem ao contrário, pode constituir um
obstáculo que terá que ultrapassar. Mas, seja como for, essa tríplice
representação marca sempre um destino fora do comum. No caso de duas
cartas idênticas é mais comum e assinala, em geral, um esforço para ser
realizado sobre dois planos: o físico e mental.

Um estudo muito interessante pode ser feito a partir dos nomes e


sobrenomes de outros membros de nossa família. Por exemplo, pode
acontecer que alguém calcule a linha da vida de sua avó e encontre que a
primeira posição corresponde ao Imperador, enquanto que para ela própria,
que faz o cálculo, este mesmo arcano se encontre na quinta posição. Isso
pode ser interpretado como uma forma de destino familiar ou como uma
mensagem que se transmite de uma pessoa à outra, estando a última delas
em linha obrigatória de cumprir o recado dado.

O papel de cada carta

Há duas meditações que podem ser feitas com os cinco arcanos de nossa
linha da vida: a primeira durante o São João de inverno, no dia 27 de
dezembro (no hemisfério norte) e, a segunda, no São João de verão, no dia
21 de junho (no hemisfério norte).

Na noite mais longa do ano, que simboliza nosso afastamento da luz


espiritual, os iniciados meditam, pois foi ensinado que a inspiração desce
sobre aquele que pede quando mergulhado na mais profunda obscuridade
noturna. Dispõe-se as cinco cartas sobre um pano: as quatro primeiras
formando um a linha e a última abaixo delas. Nos detemos em cada uma
delas, pela ordem, e uma oração pode ser proferida. Depois, misturam-se as
cinco cartas, que são colocadas viradas sobre o pano, com o objetivo de ser
escolhida uma delas. A carta escolhida será como que uma mensagem sobre
a qual deveremos meditar.

Para o São João do verão podemos proceder da mesma maneira,


contemplando as quatro cartas iniciais e fazendo uma oração. Em seguida,
nos concentramos sobre a quinta carta. A noite de São João de verão é a
mais curta do ano e é um símbolos das realizações que foram meditadas ou
planejadas durante o inverno e executadas na primavera. Durante este
período contamos com a ajuda de força invisíveis.

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