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MARANGUAPE- CE
2017
MARIA DAIANE DE SOUSA
MARANGUAPE- CE
2017
TERMO DE APROVAÇÃO
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Maria Daiane de Sousa
Comissão Examinadora:
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Orientadora: Profª. Ma. Dori Anne Frota de Carvalho Morais
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Prof. Esp. Horácio Cavalcante Neto
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Prof. Esp. Oliveira Rodrigues Pereira
Aos meus pais, Maria das Mercês e José
de Arimatéa, meus exemplos de vida, que
venceram todas as dificuldades para dar
aos filhos o pão de cada dia, a felicidade, a
saúde e acima de tudo o amor. E, embora
com pouco estudo, souberam nos oferecer
uma boa educação.
AGRADECIMENTOS
À minha irmã Maria Luana, que sempre me apoiou ao longo da minha vida.
Ao meu esposo João Evangelista, que sempre me apoiou para continuação dos
meus estudos após nosso casamento e esteve sempre comigo nos momentos
fáceis e difíceis dessa caminhada, dando força e incentivando para que nunca
desanimasse.
Por fim, agradeço a todos meus amigos que de forma direta ou indireta
contribuíram para a realização dessa pesquisa e para minha formação.
"Contar histórias é uma arte... e tão linda!!!
É ela que equilibra o que é ouvido com o
que é sentido, e por isso não é nem
remotamente declamação ou teatro... Ela é
o uso simples e harmônico da voz".
(ABRAMOVICH, 1997)
RESUMO
A narração de histórias é uma prática que faz parte da rotina das crianças nas
escolas e influencia em sua aprendizagem, possibilitando o encontro com novas
palavras, enriquecendo seu vocabulário e despertando o interesse por narrativas
e pela leitura. Mas se essas práticas já fazem parte da rotina das crianças, como
a professora as compreende? Com ênfase nessa questão surgiu esse trabalho
que se constitui como pesquisa monográfica e discute a importância da contação
e leitura de histórias para crianças como incentivo à leitura. Tem como objetivo
compreender as concepções de uma professora acerca das diferenças entre ler
e contar histórias para crianças através de um estudo de caso. Como objetivos
específicos procuro caracterizar as práticas de leitura e contação de histórias na
sala de aula; verificar como é estimulada a participação da criança na hora da
narrativa e como é a participação das mesmas, além de analisar a relação que
a professora estabelece entre as narrativas e o desenvolvimento e
aprendizagem das crianças. A pesquisa é qualitativa de caráter exploratório.
Para coleta de dados utilizou-se uma entrevista semiestruturada e observações
em sala de aula. Foi sujeito dessa pesquisa uma professora de uma turma de
infantil III de uma escola na comunidade de Mocambo de Cima do município de
Itapipoca. Para a análise de dados e composição do referencial bibliográfico
contamos com teóricos como: Cléo Busatto (2006), Betty Coelho (1999), Fanny
Abramovich (1997), Nelly Novaes Coelho (2000), entre outros. A respeito das
concepções da professora percebi que a mesma revela uma compreensão das
diferenças entre ler e contar histórias e da importância das duas na rotina da
criança. Ela faz uso de diferentes estratégias e garante os dois momentos, tanto
da leitura como da contação, percebendo seus aspectos positivos. Também
demonstrou haver a necessidade de as crianças aprenderem a ouvir a leitura de
história, e o caminho escolhido foi iniciar com a escuta durante a contação. Além
disso, os dados apontam para a concordância da professora participante da
pesquisa com a ideia de que tanto leitura como a contação de histórias
estimulam a prática da leitura, embora se deem como práticas diferentes.
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 9
APÊNDICES ........................................................................................................................... 50
9
INTRODUÇÃO
Este trabalho aborda as diferenças entre ler e contar história sem um olhar
psicopedagógico nasceu por já gostar de contar histórias e pelo desejo de ser
professora de crianças. Somado a isso, gostava da forma prazerosa que meus
professores ensinavam, incentivando ao aprendizado, com aulas dinâmicas que
sentia a cada dia vontade de aprender.
A respeito disso, Dinorah (1995) diz que, contar histórias é uma arte e nem
todo professor nasce com o esse privilégio. Mas ele pode aprender. Ela diz ainda que
alguns professores acham não ter jeito para contar histórias, mas, quando iniciam,
sentem-se gratificados. Para Dinorah, há pessoas com esse dom, sendo necessária
uma oportunidade para desenvolvê-lo. É preciso que o professor desenvolva a
contação de histórias porque aquieta a criança, asserena, prende a atenção, informa,
socializa e educa, além de ser alimento da imaginação, favorece a aceitação de
situações desagradáveis como na resolução de conflitos, dentre outras.
autores e novas obras; provocar a leitura com prazer porque só se aprende a gostar
do que faz quando se faz com amor, só sentirá prazer em ler quando gosta de ler. E
por fim, faz com que aprendamos a gostar de crianças, quanto mais se trabalha com
o público infantil, mais se aprende a gostar dos pequenos porque eles são
encantadores e capazes de nos atrair através de seu afeto e carinho.
Concordo com as ideias da autora porque tudo o que fazemos temos uma
finalidade, um propósito a chegar, não contamos histórias para uma criança
simplesmente por contar, temos um objetivo a alcançar como provocar sua
imaginação despertando-lhe futuramente o gosto em torná-la leitora, entre outros
objetivos a serem alcançados.
Diante disto, Gomes e Moraes (2012) nos falam que ao contarmos histórias
para um grupo de crianças, tentamos despertar nelas seu imaginário coletivo, que
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Para contar uma história é preciso memorizá-la. Essa memória, como diz
os autores citados, é o reencontro com a tradição, eles ainda afirmam que os contos
têm o poder de abrir a mente e expandir horizontes intelectuais.
Dinorah (1995) diz que o saudoso Lourenço Filho nos revela que uma
história contada com todos os requisitos proporciona atividade sadia como: Além de
desenvolver a imaginação permite que a criança se sinta a vontade para pensar como
quiser a respeito do que ouviu na história; Enriquece o vocabulário da criança, a partir
de cada história contada, a criança aprenderá novas palavras porque aquelas que não
sabem o significado vão em busca de conhecê-lo enriquecendo-o cada vez mais; O
narrador pode também observar os comportamentos, inquietações e angústias dos
ouvintes, tendo chance de orientá-los melhor a partir das observações. Além de poder
controlar as emoções e desenvolver a imaginação, isso são os valores educativos de
uma história que deverá atender a três finalidades que são: Comover a criança para
que ela goste da história e isso depende de como o contador conta; Instruir a criança
para a moral da história, mas, deixando que ela descubra sozinha essa lição de vida
que a história oferece; E por fim agradar as crianças com a história contada para que
levem a gostarem e a ouvirem outras histórias.
A autora citada vem nos dizer “De algo muito urgente para todas as escolas,
e cuja falta tanto vem contribuindo para o esvaziamento cultural do povo brasileiro: a
leitura. Os livros literários” (DINORAH, 1995, p.8). Denuncia a grande quantidade de
pessoas que não tem hábito de leitura e ressalta que muitos destes não tinham livros
que pudessem ler e a escola também não oferecia, isto fazia com que essas pessoas
não adquirissem o real gosto pela leitura. A autora defende que através do livro infantil
a criança penetra no mundo literário tornando-se leitora. Além disso, um vocabulário
ainda restrito deve ser enriquecido com a leitura destes livros.
Abramovich (1997) diz que devemos ler histórias para as crianças sempre,
que as histórias têm poder transformador. Através delas podemos ter a emoção de
“sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelas personagens, com a idéia do conto
ou com o jeito de escrever dum autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse
momento de humor, de brincadeira, de divertimento [...]” (ABRAMOVICH, 1997, p.17).
Ela diz ainda que:
parte que está sendo contada, tais como tristeza, raiva, irritação, bem-estar, medo,
alegria, pavor, insegurança, tranquilidade e vários outros. Pode ainda viver
profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem está ouvindo.
A autora fala do livro infantil como objeto que tem muito a se observar,
perceber, comentar, olhar, e opinar a respeito dele. Tem a capa, se ela é bonita,
colorida e atraente, ou se é feia e sem graça, nada a ver com a narrativa. Outro ponto
a observar é o título, que é o primeiro contato que se tem com o livro, ver se a partir
das imagens da capa dá para saber o título da história.
Para a autora, esta seria uma forma mais proveitosa para as crianças
porque fariam algo que gostam sem sentir o peso da obrigação de ter que fazê-lo.
A literatura infantil deveria estar presente na vida da criança como está o leite
em sua mamadeira. Ambos contribuem para o seu desenvolvimento. Um,
para o desenvolvimento biológico; outro, para o psicológico, nas suas
dimensões afetivas e intelectuais. A literatura infantil tem uma magia e um
encantamento capazes de despertar no leitor todo um potencial criativo
(OLIVEIRA, 1996, p.27).
A autora fala que desde muito cedo a criança deve entrar em contato com
a obra literária escrita, para que ela tenha uma compreensão de si e do outro,
desenvolva seu potencial criativo e amplie seus horizontes e seu conhecimento;
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criando uma visão melhor sobre o mundo e a realidade que a cerca. “A literatura
infantil reproduz nas histórias o mundo de uma forma simbólica, através da fantasia,
do fantástico, do sonho, do mágico” afirma. (OLIVEIRA, 1996, p.54). A literatura faz a
criança viver o mundo da fantasia através da própria imaginação.
Diante disto, através das histórias lidas ou ouvidas a criança vai ganhando
experiências. Essa experiência pode começar bem cedo. À medida que a mãe vai
conversando, contando e cantando para seus filhos, mais possibilidades eles terão de
se tornar um futuro leitor. De acordo com Gomes e Moraes:
Oliveira (1996) fala que ler não é uma prática constante de muitas crianças.
Para se tornar um leitor é preciso que a criança leia. “Mas no caso de leitores infantis,
tal exercício compreende algo mais do que simplesmente tomar um livro nas mãos e
decodificá-lo através da leitura” (OLIVEIRA, 1996, p. 18). Para esses leitores infantis
é necessário que sejam livros ilustrados, coloridos e atrativos para que gostem e se
interessem por ler, nem que seja só através das imagens, já é um começo para tornar-
se leitor pleno.
Como a autora diz, os pais também são responsáveis para que os filhos se
tornem leitores, isto não é só papel da escola. Entretanto, sabemos que existem
famílias que não tem condições de ter livros em casa para os filhos lerem. Somados
a essa condição, temos muitos casos de pais analfabetos e, mesmo valorizando a
leitura, não podem mediá-la integralmente, interferindo na formação leitora de seus
filhos.
De acordo com a autora a leitura que dá prazer é aquela que causa emoção
no leitor, que ele sinta vontade de ler várias vezes a mesma história, faz com que ele
viaje por vários mundos ao mesmo tempo, e tenha diversão nessas viagens cheias de
descobertas.
Entre os autores citados por Garcia (2000) podemos citar Ana Maria
Machado, Luiz Antônio Aguiar, Roger Melo, Roseana Murray. Ziraldo, entre outros,
enfatiza o papel da escola em relação à formação dos leitores. Luiz Antônio Aguiar diz
que “A escola tem um papel importante para a formação do leitor, porque em casa
não se forma mais leitores. Não há tempo, não existe o hábito, o gesto. Todo esse
prejuízo da não-leitura, hoje em dia, está dentro de casa” (GARCIA, 2000, p.90).
Roseana Murray diz que a escola deve buscar meios de chamar a atenção
dos alunos para a leitura, algo que os façam apaixonar-se. “Deveria haver maneira de
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envolver a leitura com outras matérias. Mas tudo é muito separado. Embora na moda,
a interdisciplinaridade nunca acontece” (Idem, 200, p. 155).
Com uma atitude crítica a criança formará sua opinião sobre determinada
história, levando-a a ler novamente ou, caso não goste, não vê-la mais. Entre este e
outros motivos a leitura para crianças deve ser atraente e agradável.
Devemos tomar alguns cuidados durante a leitura para sermos sempre fiéis
ao texto. Não substituir palavras e nem fazer interrupções durante a narrativa. Mudar
o tom de voz de acordo com os personagens. Depois da história convidar a turma para
comentar sobre o que ouviram e das ilustrações, abrirem espaços para perguntas.
Oferecer o livro para que manuseiem e analisem como o visual ajuda a contar o
enredo.
Antes de dar início à atividade, a autora orienta fazer uma introdução rápida
sobre o enredo e falar sobre a opção de contar aquela história. Também antecipar
possíveis dúvidas e informar que é importante o grupo se manter em silêncio para
ouvir a narração. As perguntas devem ser respondidas no término da história. Ter
cuidado em preservar os detalhes da história. Enriquecer a contação com movimentos
corporais, ficar atento à impostação de voz, respeitando o desenrolar da trama e as
características dos personagens. Depois que terminar a contação sugere que as
crianças apresentem suas opiniões sobre a história.
Como se percebe, a autora diz o que é preciso fazer antes, durante e depois
da história, sendo ela lida ou contada. Mas há diferenças de uma para a outra
estratégia na forma de narrar. As duas estratégias, seja qual for delas, sempre será
uma forma em que a criança terá para explorar seu imaginário, além de compreender
e enriquecer a linguagem literária. Ler e contar não são as mesmas coisas por mais
que pareçam, por isso que cada uma delas é preciso de uma postura e
comportamento diferenciado tanto por parte de quem está apresentando a narrativa e
até mesmo das crianças. Entretanto, um aspecto é comum às duas práticas narrativas:
quanto mais as crianças gostarem de ouvir histórias, mais vão gostar de lê-las. As
narrativas serão o impulso inicial para que sejam atraídas para o gosto pela leitura.
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Garcez (2008) diz que além das histórias lidas com o livro nas mãos, elas
podem ser contadas de forma espontânea, memorizadas, dramatizadas, com
fantoches, slides, filmes e que os livros sem textos são muito apreciados pelas
crianças. “Eles servem a atividades de coordenação da narrativa e de criação de
“histórias orais ou escritas” (GARCEZ, 2008, p.25). Quando usamos um livro que
contém só imagens e não textos, é necessário trabalhar de início, uma conversa
introdutória, falando sobre o ilustrador, e falar que a história é contada sem palavras,
mas podemos compreender através das figuras.
E contar sem o livro também é importante porque faz com que a criança
seja capaz de imaginar a história. Segundo Coelho (1999), além de proporcionar a
imaginação permite também que note as diferenças entre os personagens e isso
facilitará com que a criança compreenda alguns valores da conduta humana. Faz com
que enfrente e supere o medo dos perigos que sente em sua volta.
Coelho ainda diz que podemos e como devemos contar com o livro.
Há textos que requerem, indispensavelmente, a apresentação do livro, pois a
ilustração os complementa... Essa apresentação, além de incentivar o gosto
pela leitura (mesmo no caso dos ainda não alfabetizados), contribui para
desenvolver a seqüência lógica do pensamento infantil (COELHO, 1999,
p.32-33).
estar e permanecer neste processo escolar. É neste ponto que a contação de história
está incluída.
É neste momento que falamos a importância da contação de histórias na
educação infantil, fazendo uma análise psicopedagógica, compreendendo a
importância da contação de história para o desenvolvimento intelectual, psicológico e
moral da criança, incentivando-a a desenvolver sua criatividade de maneira
desafiadora e prazerosa. Dessa forma, uma abordagem psicopedagógica para uma
melhor aprendizagem é de grande valia, referenciando uma ação em busca da
identificação de situações problemas que venham interferir no processo de ensino e
aprendizagem, focalizando o estímulo para o gosto da leitura no processo da
educação infantil.
Nesse sentido a criança ao entrar nesse universo lúdico ela é estimulada a
comparar o real com o seu imaginário. Constrói aprendizagens novas, e ainda
reformula seus conhecimentos prévios através destas comparações. As crianças
vivenciarem a contação de história desde os primeiros anos de sua vida, com o passar
do tempo são transformadas em grandes leitores, tornando assim o ato de ler uma
prática constante, tornando-se seres críticos e reflexivos com relação à massificação
tecnológica. Fica claro, que a contação de história é peça fundamental para o contato
da criança com a leitura, oportunizando assim uma maior interação com os meios
culturais que lhes são expostos em seu convívio social.
Mas, diante de tudo isto, é preciso construir instrumentos e meios que
desenvolvam o senso crítico da criança em suas aprendizagens, pois acreditamos que
quanto mais oportunidades elas tiverem de ouvir, ver e sentir leituras, maior será seu
repertório para produção e reprodução das ideias e maior será ainda a sua
sensibilidade na interação com o outro.
A contação de história faz a criança assemelhar dados da realidade como
regras, conhecimentos sociais, e a trabalhar conflitos internos por intermédio da
representação simbólica, também contribui para o desenvolvimento infantil, uma vez
que resgata no lúdico a aprendizagem, proporcionando um contato prazeroso com a
linguagem escrita, sendo uma importante ferramenta não apenas para alfabetização
como também para o conhecimento de mundo além do alto conhecimento.
A contação de histórias se constitui como um mecanismo de auxílio da ação
psicopedagógica com as crianças que possuem dificuldade no processo de
aprendizagem, dessa forma, contribuindo assim, para a superação dessas
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dificuldades. Com isto, podemos realizar diversas composições de trabalho, como por
exemplo, leitura, contação de história, releituras, construções e apresentações de
teatro, contribuindo na construção de interpretações, construções, ampliação de
vocabulário, motivando a construção de suas próprias histórias.
Essas atividades garantem com que as crianças convivem com a escrita e
com a leitura e assim, serem estimuladas a gostarem de ler e a trabalhar com suas
dificuldades de forma lúdica e prazerosa.
A contação de histórias na educação Infantil, na sessão de psicopedagogia,
pode ter a finalidade de despertar na criança o gosto pelos livros, pelas letras e pela
leitura, reestabelecendo um vínculo que pó de ter se perdido com as dificuldades de
aprendizagem.
A psicopedagogia enquanto ciência que tem como objeto de estudo a
aprendizagem, busca por meio de seus profissionais a resolução dos possíveis
problemas que possam intervir no processo de ensino e aprendizagem, além de
desenvolverem ações preventivas nas instituições educacionais visando à diminuição
dos possíveis problemas nesse processo dedicam-se em sua atuação, a observação,
análise e intervenção quando necessário.
Com isto Fagali, (2008, p.9) ressalta sobre esta ciência, diz que: “A
psicopedagogia surgiu como uma necessidade de compreender os problemas de
aprendizagem, refletindo sobre as questões relacionadas ao desenvolvimento
cognitivo, psicomotor e afetivo, implícitas nas situações de aprendizagens”. Esses
estudos psicopedagógicos vêm no decorrer dos tempos desmistificando vários
problemas com relação ao ensino e aprendizagem, seja o psicopedagogo institucional
ou clínico, em junção com outros profissionais de áreas afins desenvolvem cada vez
mais excelentes trabalhos na área educacional. Por exemplo, Sargo (1994 apud
MOURA 2010 p.23) fala a respeito disso quando diz que:
O trabalho psicopedagógico nas escolas se caracteriza por possibilitar
reflexões, observações e mudanças examinando os diferentes
caminhos existentes na produção do conhecimento sem que se fixem
“culpados” pelo fracasso escolar, uma vez que o objetivo maior é o de
restaurar a relação fundamental entre ensinante-aprendiz na busca do
conhecimento [...].
“[...] no início, a leitura da história para eles é mais difícil, eles se concentram
menos, e ainda mais devido à faixa etária deles de três anos. Então no início
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“Acredito que existe sim uma relação entre as duas. A contação de histórias
estimula o pequeno leitor a sentir vontade de ler livros, percebendo que as
lindas histórias contadas em sala de aula encontram-se dentro de livros. Mas
para que eles percebam isto é importante que os professores não apenas
contem histórias, mas também leiam para os alunos. Em minha prática
procuro sempre fazer a mediação entre ler e contar. Pois as crianças novas
também sentem a necessidade de saber de onde vem a história, de conhecer
o livro, de manuseá-lo”.
rasquem, entendo que eles devem ter conhecimento da importância do livro, das
histórias para as crianças. Entendem que quanto mais cedo isso for instigado, mais
cedo a criança despertará para a leitura porque como foi visto, os livros contêm
ilustrações, e essas ilustrações podem ser lidas pelas crianças. A respeito disso,
Oliveira (1996) diz que:
Contar ou ler histórias para crianças desde seus primeiros anos de vida é
uma prática salutar que desabrocha dentro dela o gosto pela literatura. Dez a
quinze minutos por dia ou por semana dedicados à literatura serão de grande
importância para despertar o gosto pela leitura (OLIVEIRA, 1996, p. 30).
“Sim, a gente observa as diferenças né, quando a gente vai ler com o livro, a
gente tem que ter o maior cuidado de como eles vão está organizado na sala
para que todos possam ver. A gente também observa que eles gostam muito
também da leitura da história porque eles gostam de ver o livro, de ver as
imagens, de ver de onde saiu. Com o decorrer do tempo, eles no início,
gostam da história contada, mas quando eles começam a apreciar a leitura
de ver as imagens e ter o contato com o livro”.
palavras dessas histórias são “grávidas de mundo”. Ele nos faz refletir que “a leitura
do mundo precede a leitura da palavra” (FREIRE, 1988, p. 20).
A intervenção do psicopedagogo faz uma aproximação do psicopedagogo
em frente às crianças e adolescentes, inicialmente pode ser uma relação frágil, sem
confiança. Nesse sentido, a leitura ou o ato de contar uma história para Busatto (2005)
é uma experiência de interação com o contador e o ouvinte, aproximando os sujeitos
envolvidos, além de tratar de diversos aspectos do cotidiano infantil e juvenil.
Para que seja criada uma relação de parceria, é necessário estabelecer um
vínculo afetivo, em que o livro pode aparecer como recurso. Além de ser usado para
questões de dificuldades de aprendizagem e interação social, são múltiplas as
potencialidades que uma literatura pode auxiliar e desenvolver. O contar história é
cantar com a voz e o psicopedagogo deve reconhecer seu estilo e atuar nesta arte.
No momento da finalização da leitura ou contação das histórias não devem
ser apresentadas as partes principais, ensinamentos edificantes ou opiniões. Para
cada ouvinte a história tem uma parte significativa para sua vida, assim ocorre à
transferência para o que necessita ser trabalhado de forma psicopedagógica.
Com isto, podemos pensar que cada indivíduo tem suas necessidades que
são questionadas internamente no momento da contação e interpretação dessas
histórias, que deslizam naturalmente. O que pode ser feito é instigar com
questionamentos, sobre o sentido daquela história na sua vida, ou para aquele grupo.
Seguindo essa ideia foi indagada a professora sobre qual das duas
maneiras, contar ou ler histórias chama mais a atenção das crianças e com qual elas
se envolvem mais.
perguntas sobre a história, “o que será que vai acontecer agora?”. Citava o nome de
alguma criança e direcionava a pergunta, chamando sua atenção, modificando sua
voz de acordo com cada personagem, usando fantasias ou outros adereços de acordo
com a história.
ficou folheando e depois cruzou as pernas e colocou o livro em cima delas. Ele ficou
quieto olhando para aquele livro como se fosse um adulto lendo. Assim como diz
Moraes (2012) que as ilustrações dos livros favorecem a memorização das histórias,
através dessas ilustrações as crianças podem contar toda a história mesmo sem saber
ler ainda. Há uma necessidade em que as crianças acompanhem essa leitura a partir
das imagens, para aos poucos ir desenvolvendo seu hábito, despertando seu gosto
por narrativas.
de uma maneira simples, como se realmente aquilo fizesse parte do planejado. Uma
vez, na hora da história ela disse ter uma surpresa para eles dentro de uma caixa e
passou pela cadeira de cada um balançando a caixa para que eles ouvissem o
barulho, provocando sua curiosidade. Ela abriu uma caixa cheia de livros e tirou de
dentro um. Só que demorou um pouquinho para encontrar o livro que procurava, então
ela disse “a surpresa estava difícil”, e continuou com o que tinha planejado.
“Com certeza contribui ao incentivo à leitura. Eu tiro por mim, que quando eu
era criança, eu lembro assim, que eu sempre gostei de escutar histórias, de
ler histórias, ai eu lembro que quando eu saia com meu pai, a gente ia para
uma sorveteria, lá tinha na parede como se fosse uma estante cheia de livros
para vender, e eu chorava para o pai comprar. Não era sempre que ele
comprava, mas a maioria das vezes ele comprava, revista em quadrinho ele
comprava. Então eu tiro por mim que o estímulo que me foi dado quando eu
era criança me despertou a vontade de ler. E eles com três anos já estão
sendo estimulados, e não vai ser um estimulo, assim inativo porque meu pai
me estimulava mas ele num tinha um objetivo, hoje quando a gente bota eles
para ler a gente têm um objetivo que eles se tornarem leitores, eles
entenderem o que está ali, para quando eles chegarem no processo de
letramento deles, eles realmente compreenderem, eles fazem a leitura da
imagem, eles não leem formalmente, convencionalmente, eles leem as
imagens, que é o que encanta a gente”.
... A criança é introduzida no mundo da leitura desde o seu primeiro olhar para
o mundo, que em geral dirigi-se à imagem materna. Assim, uma criança
acalentada e embalada pela voz, pelo olhar morno e desejoso da mãe que
canta as canções de ninar, como também reproduz versinhos e lengalengas
exercitando a linguagem do afeto e da cultura, tem uma grande possibilidade
de ser alguém potencialmente estimulado para o universo da leitura
(CAVALCANTI, 2002, p.68).
É desde muito cedo que as crianças têm que criar o hábito pelo ouvir, para
só depois esse gostar de ouvir se torne em hábito de leitura. Para isso é necessário
que os pais comecem desde cedo a contar histórias para suas crianças, cantar
canções de ninar, para que eles se acostumem com esse universo e quando
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CONCLUSÃO
com a leitura ou histórias. Ela deve ser estimulada desde cedo, em casa ou na escola,
para aos poucos ir despertando o gosto por ouvir histórias e despertar o gosto pela
leitura. Pude compreender também as concepções da professora sobre diferenças de
ler e contar histórias. Quando as crianças ouvem as narrativas, participam de forma
ativa, a professora também estimula essa participação para que as mesmas se
envolvam. A professora utiliza tanto a contação como a leitura de histórias, a narrativa
faz parte da rotina das crianças.
Os resultados expressam a relevância da narrativa para a formação leitora
das crianças quando se observam comportamentos leitores entre elas, a escolha dos
livros e o reconto aos seus companheiros. Além disso, aponta para a concordância da
professora participante da pesquisa com a ideia de que tanto a contação como a
leitura de histórias estimula a prática da leitura, embora se dêem como práticas
diferentes.
O psicopedagogo pode contribuir para o desenvolvimento da
aprendizagem com aspectos afetivo/emocionais, auxiliando a criança ou adolescente
na compreensão de mundo, favorecendo o intercâmbio dinâmico entre a realidade, o
que é significativo e a fantasia. Portanto, o que é possível no campo da aprendizagem
e de intervenção psicopedagógica é o despertar do indivíduo. Independente do papel
que desempenhe, sendo ouvidor, leitor ou criador de histórias, sempre será trabalhada
a organização das suas experiências, para que possa (re) contá-las de maneira
significativa e estruturando as possíveis intervenções realizadas.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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OLIVEIRA, Maria Alexandre de. Leitura prazer: interação participativa com a literatura
infantil na escola. São Paulo: Paulinas, 1996.
YUNES, Eliana & PONDÉ, Glória. Leitura e leituras da literatura: por onde começar?
São Paulo: Editora FTD, 1988.
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APÊNDICES
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ROTEIRO DE ENTREVISTA
DADOS DE IDENTIFICAÇAO
Nome:_____________________________________________________
Formação Inicial:_______________________________Local:________
Sala em que atua:___________________________________________
Tempo como professora:______________________________________
Tempo de experiência na educação infantil:_______________________
É concursada (efetiva) nessa área ou em outra (qual):_______________
Fez cursos de formação continuada nessa área (quais) _____________
__________________________________________________________
Fez algum curso de formação sobre contação de histórias:___________
____________________________________Local:_________________
Perguntas:
1. Você conta histórias para as crianças? E também lê histórias?
2. O que prefere oferecer para as crianças, a leitura ou a contação de histórias?
Por quê?
3. Acha que as crianças se envolvem mais com a leitura ou com a contação de
histórias?
4. Há diferenças no comportamento da criança na forma de ouvir a histórias sendo
ela contada ou lida? Qual dessas situações chama mais a atenção da criança
para sua participação?
5. Acha que a contação de histórias influencia na qualidade de aprendizagem da
criança? De que forma? Acha que pode influenciar no incentivo à leitura?
Como?
ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO