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Métodos e

Técnicas de
Pesquisa
Robson Braga de Andrade
Presidente da Confederação Nacional da Indústria - cni

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – senai

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial –
senai

Glauco José Côrte


Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina –
fiesc

Sérgio Roberto Arruda


Diretor Regional do senai/sc

Antônio José Carradore


Diretor de Educação e Tecnologia do senai/sc

Marco Antônio Dociatti


Diretor de Desenvolvimento Organizacional do senai/sc
É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem
o prévio consentimento do editor. Material em conformidade com a nova ortografia da
língua portuguesa.

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Núcleo de Educação – NED

Ficha Catalográfica
__________________________________________________________________
C583m

Claas, Lilian Elci


Métodos e técnicas de pesquisa / Lilian Elci Claas. Florianópolis : SENAI/DR,
2013.
117 p. : il. ; 30 cm

ISBN

1. Metodologia. 2. Pesquisa. I. Título

CDU: 001.8
___________________________________________________

SENAI/SC — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial


Rodovia Admar Gonzaga, 2.765 – Itacorubi – Florianópolis/SC
CEP: 88.034-001
Fone: (48) 0800 48 12 12
www.sc.senai.br
Prefácio

Você faz parte da maior instituição de educação profissional do estado.

No SENAI, o conhecimento a mais é realidade. A proximidade com as ne-


cessidades da indústria, a infraestrutura de primeira linha e as aulas teóri-
cas, e realmente práticas, são a essência de um modelo de Educação por
Competências que possibilita ao aluno adquirir conhecimentos, desenvol-
ver habilidades e garantir seu espaço no mercado de trabalho.

Com acesso livre a uma eficiente estrutura laboratorial, com o que existe de
mais moderno no mundo da tecnologia, você está construindo o seu futuro
profissional em uma instituição que, desde 1954, se preocupa em oferecer
um modelo de educação atual e de qualidade.

É nesse contexto que este livro foi produzido e chega às suas mãos. Todos
os materiais didáticos do SENAI Santa Catarina são produções colaborati-
vas dos professores mais qualificados e experientes, e contam com ambien-
te virtual, miniaulas e apresentações, muitas com animações, tornando a
aula mais interativa e atraente.

Mais de 1,6 milhões de alunos já escolheram o SENAI. Você faz parte des-
te universo. Seja bem-vindo e aproveite por completo a Indústria do
Conhecimento.
Orientações

Parabéns! Você está recebendo o livro didático da disciplina Métodos e


Técnicas de Pesquisa. Este material está estruturado de forma a lhe propor-
cionar a construção de novos conhecimentos e, por isso, ao desenvolvê-lo
levamos em consideração seu perfil e suas necessidades de formação.

A disciplina está sempre em construção, por isso contribua com sugestões


e oportunidades de melhoria, quando houver necessidade, por meio do
Ambiente Virtual de Aprendizagem – afinal, esta é a essência da melhoria
contínua e que deverá permear todos os momentos desta disciplina.

É importante que, antes de iniciar os estudos, você organize uma agenda


pessoal, garantindo assim boa produtividade no seu aprendizado.

Lembre-se de que você não está sozinho nesta caminhada, pois a equipe do
SENAI estará sempre à sua disposição.

Siga em frente e bons estudos!


Apresentação

Você está iniciando mais uma disciplina do seu curso superior que tem o
objetivo de despertar em você o gosto pela pesquisa e pela produção e de-
senvolvimento de conhecimento. Muitos professores ouvem reclamações
de seus acadêmicos quando lhes solicitam que produzam um trabalho aca-
dêmico. Não são raras as reclamações e inseguranças apresentadas pelos
estudantes, porque pouco se tem feito nas séries iniciais e secundárias da
educação brasileira no sentido de ensinar o jovem a pesquisar e a escrever.

Ao adentrar no ensino superior, muitos se ressentem quando lhes é solicita-


do que produzam um trabalho acadêmico, ora porque não sabem formatá-
-lo, ora porque não sabem o que escrever em cada elemento constitutivo de
uma obra. Para suprimir essa dificuldade, estamos disponibilizando a você
este livro didático com informações significativas para que possa desenvol-
ver uma pesquisa de modo adequado e, posteriormente, uma produção
técnico-científica.

É nossa intenção auxiliá-lo a desenvolver pesquisas escolhendo os métodos


mais apropriados, as técnicas e os instrumentos para que as informações
coletadas sejam fidedignas e capazes de dar suporte a sua obra. Além disso,
este livro didático permitirá que você aplique as regras e as normas de um
trabalho acadêmico, configurando-o para que ele seja considerado uma
obra significativa.

Bom estudo!
Índice de Ilustrações

Figura 1: Passos de utilização do método hipotético-dedutivo


proposto por Popper· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·36
Figura 2: Esquema do método dialético· · · · · · · · · · · · · · · · · 36
Figura 3: Página da web para criação de pesquisas eletrônicas · · · · ·52
Figura 4: Ficha de indicação bibliográfica: obra (ou título) · · · · · · · 69
Figura 5: Ficha de transcrição · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 70
Figura 6: Ficha de apreciação· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·70
Figura 7: Ficha de citações· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 71
Figura 8: Ficha de resumo descritivo · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·72
Figura 9: Estrutura de um trabalho acadêmico · · · · · · · · · · · · · 95

Tabela 1: Alunos matriculados em Santa Catarina· · · · · · · · · · · ·56


Tabela 2: Orçamento · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·89
Tabela 3: Cronograma · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 89

Quadro 1: Quadro multiconceitual dos procedimentos de pesquisa · · 25


Quadro 2: Competências do profissional · · · · · · · · · · · · · · · · 56
Quadro 3: Principais bibliotecas on- line do mundo· · · · · · · · · · ·75
Quadro 4: Modalidades para apresentação de trabalhos
técnicos e científicos· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·79
Quadro 5: Estrutura de um projeto de pesquisa· · · · · · · · · · · · ·85
Quadro 6: Regras gerais de apresentação de uma citação· · · · · · · ·99
Quadro 7: Aspectos elencados para cada público-alvo · · · · · · · · 112
Quadro 8: Tese, argumentos e conectivos empregados· · · · · · · · 113

Gráfico 1: Porcentagem da população a favor e contra


a pena de morte· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·50
Gráfico 2: Influência· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·51
Gráfico 3: Alunos matriculados em Santa Catarina (2012) · · · · · · · 57
Gráfico 4: Alunos matriculados em Santa Catarina (2012) · · · · · · · 57
Gráfico 5: Alunos matriculados em Santa Catarina (2012) · · · · · · · 58
Sumário

1 Tipos de conhecimento e de pesquisa · · · · · · · · · · 17


1.1 Ciência· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 19
1.1.1 Tipos de conhecimento · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 20
1.2 O que é pesquisa?· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 23
1.2.1 Tipos de pesquisa· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 27
Resumindo · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 30

2 Métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa· · · · · · 31


2.1 Métodos de pesquisa · · · · · · · · · · · · · · · · · · 33
2.1.1 Métodos de abordagem· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 34
2.1.2 Métodos de procedimento· · · · · · · · · · · · · · · · · · · 37
2.2 Técnicas de pesquisa· · · · · · · · · · · · · · · · · · 38
2.3 Instrumentos de pesquisa· · · · · · · · · · · · · · · · 41
Resumindo · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 45

3 Interpretação de dados e apresentação de resultados


de pesquisa· · · · · · · · · · · · · · · · · · · 47
3.1 Coleta e tabulação de dados· · · · · · · · · · · · · · 49
3.2 Análise e interpretação dos dados· · · · · · · · · · · 53
3.3 Apresentação dos dados · · · · · · · · · · · · · · · · 55
Resumindo · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 59

4 Pesquisa bibliográfica e suas etapas · · · · · · · · · · · 61


4.1 Etapas da pesquisa bibliográfica · · · · · · · · · · · · 63
4.2 Estratégias de pesquisa e qualidade da
informação na internet · · · · · · · · · · · · · · · · · 73
4.3 Ética na pesquisa (postura)· · · · · · · · · · · · · · · 75
4.4 Eventos técnicos e científicos· · · · · · · · · · · · · · 78
Resumindo · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 80

5 Elaboração de projeto de pesquisa· · · · · · · · · · · · 81


5.1 Estrutura do projeto de pesquisa· · · · · · · · · · · · 83
5.2 Desenvolvimento do projeto de pesquisa· · · · · · · 85
5.3 Como redigir o projeto de pesquisa · · · · · · · · · · 90
5.3.1 Aspectos gráficos do texto· · · · · · · · · · · · · · · · · · · 91
Resumindo · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 92

6 Elaboração de trabalho acadêmico· · · · · · · · · · · · 93


6.1 Estrutura e redação do trabalho acadêmico · · · · · · 95
6.1.1 Citações · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 99
6.1.2 Referências · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 103
6.1.3 Resumos· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 110
6.2 Formas de apresentação· · · · · · · · · · · · · · · · 115
Resumindo · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 117

Palavras da Autora· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 119

Sobre a Autora· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 121

Referências· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 123
Tipos de
1
conhecimento e de
pesquisa

Você já deve ter ouvido vários anúncios na televisão e em jornais so-


bre produtos milagrosos capazes de fazer qualquer pessoa perder
peso em pouco tempo, consumindo esse ou aquele produto, não é
mesmo? Normalmente o apelo feito para que o consumidor compre
determinado produto reside no fato de que o mesmo foi testado e
cientificamente comprovado. E aí? Você compraria um produto que
garante que você vai perder 10 kg em 15 dias só porque o anúncio
afirma que ele foi cientificamente testado e sua eficiência comprova-
da? Será que foi? Será que é eficiente para todos os tipos de metabo-
lismo? Será que não há outras regras que precisam ser seguidas para
que o resultado seja o propalado pela mídia? Será que realmente foi
seguido um método científico?
A grande maioria das pesquisas científicas, que seguem um método
que pode ser repetido à exaustão obtendo sempre o mesmo resulta-
do, pode garantir a sua eficácia, entretanto, isso exige tempo, méto-
do, experimentos e pesquisas teóricas e, ainda assim, podem existir
brechas na teoria formulada. Para compreendermos esse assunto,
precisamos estudá-lo detalhadamente. Por isso, os objetivos deste
capítulo de estudos são:
a) classificar os tipos de pesquisa científica;
b) descobrir o que vem a ser ciência;
c) identificar como se desenvolve o conhecimento.
Agora você é convidado a iniciar esta importante etapa do seu es-
tudo. Embarque nessa trajetória e explore todos os conhecimentos
aqui apresentados.
1 Tipos de conhecimento e de pesquisa 17

1.1 Ciência
Quando o homem enfrenta um problema ou uma dificuldade, ele sem-
pre busca de uma forma ou outra encontrar uma solução, não é mes-
mo? Ou seja, o ser humano é curioso por natureza e aprende com as
suas experiências e a de outros. Você já ouviu uma pessoa dizer que
vai chover quando o dia amanhece com o céu avermelhado? Você se
pergunta: como ele sabe isso? Ora, ele sabe porque observou por vários Empírico
anos o mesmo cenário e o resultado sempre era o mesmo: chuva! Então, Que se apoia exclusivamente
a conclusão é que se o dia amanhece com o céu avermelhado, choverá! na experiência e na observação.
Mas isso pode falhar, não é mesmo? Claro que pode porque essa infor- Relativo às coisas que as
mação é fruto de um conhecimento empírico, ou seja, da observação. pessoas aprendem vivendo.

Shutterstock (2012)

Você já parou para pensar sobre como foi descoberta a cura de várias
doenças? Você deve ter estudado na escola sobre a “peste negra” que
assolou a Europa no século XIV, não é mesmo? Esse é o nome com que
ficou conhecida a peste bubônica.

Naquela época, essa doença não tinha cura e milhares de pessoas mor-
riam em função da falta de um medicamento capaz de eliminar a bac-
Shutterstock (2012)

téria que provoca a enfermidade. Atualmente, a peste negra é facilmen-


te tratada com antibióticos, entretanto, se não o for, pode levar à morte
porque ainda não se desenvolveu uma vacina para eliminá-la. Então, se
não tivessem pesquisado cientificamente essa bactéria, ainda hoje não
haveria tratamento para a doença.

Segundo Cervo, Bervian e Silva (c2007), a ciência atual é fruto de mui- Ciência
tas descobertas ocasionais feitas pelo homem ao longo de sua existên-
É o conjunto organizado de
cia. Com o passar dos anos, as pesquisas se tornaram mais metódicas e
conhecimentos relativos a
cada período histórico assimilou os resultados científicos das gerações certas categorias de fatos ou
anteriores, desenvolvendo e ampliando aspectos novos. fenômenos.
18 Métodos e técnicas de pesquisa

A grande revolução científica ocorreu entre os séculos XVI e XVII com


Copérnico, Bacon, Galileu, Descartes entre tantos outros cientistas. O
método científico se desenvolveu a partir das descobertas ocasionais e
empíricas e foi aperfeiçoado pelo desenvolvimento de métodos de pes-
quisa. Desta forma, a ciência possui métodos objetivos e exatos, com
um grau de precisão surpreendente. “A evolução das ciências tem como
mola propulsora os métodos e os instrumentos de investigação aliados
à postura científica, perspicaz rigorosa e objetiva.” (CERVO; BERVIAN;
SILVA, c2007, p. 4).

Ficou claro por que a pesquisa científica é muito importante para o de-
senvolvimento e manutenção de nossa sociedade, desde que feita den-
tro de certos limites e parâmetros? Vamos então seguir em frente e com-
preender que existem vários tipos de conhecimento.

1.1.1 Tipos de conhecimento


Antes de falarmos sobre os vários tipos de conhecimento, é preciso
compreender o que significa conhecer. Segundo Cervo, Bervian e Silva
(c2007, p. 5), conhecer “[...] é uma relação que se estabelece entre o sujei-
to que conhece e o objeto conhecido.”

Dica!
A palavra conhecer deriva do latim cognoscere, que
significa ter a ideia, a noção mais ou menos precisa de
alguma coisa.

Aranha e Martins (2005 apud Nogueira, [200-?], p. 1) definem conheci-


mento como “[...] o ato, o processo pelo qual o sujeito se coloca no mun-
do e, com ele, estabelece uma ligação”.

Segundo Cás (2008, p. 42), na elaboração do conhecimento interagem


três elementos:

a) Sujeito: ser pensante estimulado por um objeto ou por um fato.


b) Objeto: é o estímulo que desencadeia as funções mentais.
c) Pensamento: gera a ideia; o conjunto de ideias constitui a teoria e
ela, por sua vez, é resultante das atividades mentais.

Dessa forma, para que o conhecimento possa ser gerado pelo sujeito é
preciso que haja uma série de atividades mentais como reflexão, pes-
1 Tipos de conhecimento e de pesquisa 19

quisa, entendimento e assimilação sobre o objeto, fenômeno ou fato,


gerando assim uma teoria ou uma doutrina.

Para Cervo, Bervian e Silva (c2007, p. 6) existem quatro tipos de conhe-


cimento:

a) conhecimento empírico;
b) conhecimento científico;
c) conhecimento filosófico;
d) conhecimento teológico.

Acompanhe a seguir o que vem a ser cada um desses tipos de conheci-


mento e quais suas características principais.

Conhecimento empírico: é o conhecimento subjetivo, adquirido pelo


indivíduo através de suas experiências ou pela transmissão de outrem
de geração a geração. Ele é o resultado de experiências repetidas basea-
das em erros e acertos, sem que se tenha empregado uma metodologia
ou feito uma verificação sistemática. Por isso, esse tipo de conhecimen-
to é considerado ametódico, assistemático, intuitivo, acrítico, impreci-
so, autocontraditório, inexato, imediatista, desprovido de cientificida-
de (BRAGA, [200-?]).

Acompanhe a seguir um exemplo de conhecimento


empírico:

Um pescador, após observar o céu, o mar e a di-


reção do vento, afirma que vai chover apesar de
o céu estar claro, sem indicações de mudança no
clima. De fato, pouco tempo depois, chove. Shutterstock (2012)

O pescador adivinhou a previsão do tempo? Não.


Ele utilizou dos conhecimentos adquiridos pela sua
vivência e observação. Ele demonstrou ter conheci-
mento empírico.

Conhecimento científico: esse tipo de conhecimento é obtido de for-


ma racional por meio de um procedimento científico que segue padrões
rígidos de observações e experimentos daquilo que se pode ver, ouvir e
tocar. Ele pode ser provado e é confiável porque não está baseado em
suposições ou preferências pessoais do pesquisador. Dessa forma, o co-
nhecimento científico tem suas suposições ou hipóteses confirmadas
ou não por meio da experimentação. Há um padrão ordenado logica-
20 Métodos e técnicas de pesquisa

mente para se chegar a conhecimentos que não são dispersos ou desco-


nexos, entretanto suas verdades podem não ser definitivas ou absolutas
– por isso, é considerado como um conhecimento aproximadamente
exato (ASSIS, [200-?]). Acompanhe a seguir um exemplo de conheci-
mento científico:

O chá de boldo, muito usado para a cura da dor estomacal, a princí-


pio era utilizado devido ao conhecimento empírico. Após alguns pro-
cedimentos científicos comprovou-se a eficácia dos princípios ativos
dessa erva. Hoje, o chá de boldo é indicado para dor estomacal devido
aos conhecimentos científicos alcançados.

Conhecimento filosófico: trata-se de um conhecimento que provém


da capacidade de raciocínio e reflexão do ser humano sobre os seus pro-
blemas para poder discernir entre o que é certo e o que é errado, basean-
do-se unicamente na própria razão humana. Por isso o conhecimento
filosófico é valorativo, uma vez que suas hipóteses não estão sujeitas à
observação. Ele não é verificável porque seus resultados não podem ser
confirmados nem rejeitados, uma vez que são oriundos da experiência
do pesquisador, entretanto são racionais porque têm lógica, sua análise
e estudo são feitos de forma sistemática – por isso esse conhecimento é
considerado infalível e exato (ASSIS, [200-?]). Você nunca se perguntou
se a máquina tomará o lugar do homem? Pois é, se você já se perguntou
sobre isso, com certeza, está filosofando! Ou, então, já se perguntou
sobre o que é verdade? A minha verdade é a mesma que a sua? Quem
está com a verdade? O que é verdade? Percebe que a filosofia procura
encontrar respostas para seus problemas por meio do raciocínio lógico?

Conhecimento teológico: esse tipo de conhecimento procura apresen-


tar respostas às questões para as quais o ser humano não tem respostas,
Shutterstock (2012)

ou seja, é um conhecimento revelado por “deuses” ou em seu nome, por


isso são aceitos pela fé e considerados como respostas satisfatórias a
suas indagações. Portanto, o conhecimento teológico é valorativo, ins-
piracional, infalível, sistemático, não verificável e exato, ou seja, indis-
cutível (ASSIS, [200-?]). Você já ouviu alguém relatar que foi curado
Intercessão pela fé divina e intercessão de algum santo? Pois é, esse é um exemplo
de um conhecimento teológico.
Servir de intermediário.
Então, como vimos, buscamos incansavelmente o conhecimento, en-
tretanto ele é cheio de limitações e o que nos predispomos a estudar é
complexo e cheio de variáveis. Mas por que almejamos tanto o conheci-
mento? Ora, porque buscamos encontrar respostas para as nossas dú-
vidas. Queremos saber se somos fruto da evolução de uma espécie ou
1 Tipos de conhecimento e de pesquisa 21

se somos uma criação divina. Se vivemos sozinhos no universo ou se


existem outros seres em outros planetas. Se estamos no caminho certo
ou se estamos errados. Se esse ou aquele alimento é bom para isso ou
aquilo. Enfim, buscamos evidências, verdades e certezas. E você sabe
qual é o caminho para buscá-las? A pesquisa! Esse é o tema da próxima
seção de estudos. Ficou interessado? Então siga em frente!

1.2 O que é pesquisa?


Você já desenvolveu alguma pesquisa? Acredito que
sim! Como somos curiosos por natureza, com cer-
teza realizamos muitas pesquisas ao longo de nos-
sa vida, sem que necessariamente tenhamos tido
consciência disso. Quer ver como somos pesquisa-
dores natos? Como você sabe que a água e o azeite
não se misturam? Que ao acender uma vela e colo-
car um copo virado sobre ela, a chama se apaga? E
que se colocar o dedo no fogo, queima? Como você
fez essas descobertas? Pesquisando!

Na escola provavelmente você realizou uma pesqui-


sa em função de uma pergunta do seu professor: O

Shutterstock (2012)
que é preciso para que um grão de feijão germine?
Se você realizou essa experiência, seu professor que-
ria que você descobrisse que um pouco de água, um
pouco de algodão para manter a umidade e a ação
do sol promovem a germinação dos grãos de feijão.
Então, o que você fez foi, de forma simples, uma
pesquisa. Paralelamente à experiência prática, provavelmente seu pro-
fessor realizou algum tipo de debate e trouxe alguns textos sobre o as-
sunto para que você pudesse ler, na teoria, o que estava experimentando
na prática. Além disso, talvez ele tenha solicitado que você escrevesse um
pequeno relatório sobre o que você observou. Então, você percebeu como
a pesquisa faz parte de nossa vida e como ela é importante para nós por-
que o seu objetivo é descobrir as respostas para as nossas indagações.
22 Métodos e técnicas de pesquisa

Shutterstock (2012)
Você percebeu que a sua pesquisa com o grão de feijão levou em con-
sideração a experiência realizada na prática, o estudo teórico, a refle-
xão sobre os acontecimentos e a anotação de suas conclusões. Portanto,
a pesquisa “é um procedimento formal, com método de pensamento
reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no cami-
nho para se conhecer alguma coisa ou para descobrir verdades parciais.”
(MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 15).

Fique atento!
Uma pesquisa sempre parte de uma pergunta ou dúvi-
da em que são aventadas várias hipóteses que a mesma
pode ou não confirmá-las.

Pesquisa é o procedimento racional e sistemático que tem como ob-


jetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A
pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente
para responder ao problema, ou então quando a informação dispo-
nível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser ade-
quadamente relacionada ao problema. (GIL, 2002, p. 17).

Então, pode-se concluir que a pesquisa é uma atividade direcionada


para a investigação de problemas teóricos e práticos por meio de mé-
todos e processos científicos visando encontrar respostas ou soluções
para os mesmos. (CERVO; BERVIAN; SILVA, c2007). Veja a seguir o
quadro multiconceitual dos procedimentos de pesquisa:
1 Tipos de conhecimento e de pesquisa 23

Termo Ação Assunto Procedimento Resultado


Verdade => teoria
Investigação Fato histórico Métodos
Solução do problema
Busca Problema Técnicas
Conhecimento
Pesquisa é: Inquisição Fenômeno Procedimentos
Descoberta
Exploração Fato novo Instrumentos
Correção de erro ou
Reflexão Dúvida Outros recursos
Procedimento / lacuna
Quadro 1: Quadro multiconceitual dos procedimentos de pesquisa
Fonte: CÁS (2008, p. 34).

Para realizar uma pesquisa, um pesquisador deve possuir algumas qua-


lidades pessoais:

a) conhecimento do assunto a ser pesquisado;


b) curiosidade;
c) criatividade;
d) integridade intelectual;
e) atitude autocorretiva;
f) sensibilidade social;
g) imaginação disciplinada;
h) perseverança e paciência;
i) confiança na experiência (GIL, 1987, p. 20 apud ANDRADE, 2003,
p. 122).

Além das qualidades pessoais mencionadas, um pesquisador deve ter


tempo para dedicar-se a sua pesquisa, dispor de todos os equipamentos,
instrumentos e insumos necessários para que ela possa ser desenvolvi-
da, ter acesso a várias e boas fontes referenciais e, dependendo do caso,
verba para remuneração dos serviços prestados por outras pessoas.

Segundo Cervo, Bervian e Silva (c2007), a pesquisa não é a única forma


para se obterem conhecimentos e fazer descobertas. Pode-se ter acesso
ao saber por meio de consultas bibliográficas e documentais, entretanto
essas atividades não podem ser enquadradas como pesquisas científicas
porque elas dispensam o emprego de processos rigorosos de investigação.
24 Métodos e técnicas de pesquisa

Shutterstock (2012)
No Brasil, em função da organização do ensino, podem-se relacionar al-
guns tipos de pesquisa de acordo com o grau de complexidade, sem que
isso se configure necessariamente uma pesquisa científica. Acompanhe!

a) Trabalho de conclusão de curso: exigido ao final de cursos de gra-


duação, de especialização e de mestrado profissional. Consiste
basicamente em pesquisa bibliográfica para atualizar o estado da
arte sobre determinado tema de interesse profissional para o for-
mando; pressupõe a elaboração de um projeto de pesquisa, como
antecedente, e um relatório final, como resultado, por vezes apre-
sentado diante de uma banca examinadora.
b) Dissertação de mestrado: a apresentação de um projeto de pes-
quisa é pré-requisito fundamental para o ingresso na pós-gradua-
ção stricto sensu na maioria das universidades brasileiras, deven-
do-se obedecer rigidamente aos prazos definidos para o exame de
qualificação (apresentação do relatório parcial) e a defesa (apre-
sentação final da dissertação com os resultados da pesquisa).
c) Tese de doutorado: a apresentação de um projeto de pesquisa é pré-
-requisito fundamental para o ingresso na pós-graduação stricto
sensu na maioria das universidades brasileiras, devendo-se obedecer
rigidamente os prazos definidos para o exame de qualificação (apre-
sentação do relatório parcial) e a defesa (apresentação final da tese
com os resultados da pesquisa). (CERVO; BERVIAN; SILVA, c2007,
p. 59-60).

Além disso, esses mesmos autores apontam que existem ainda a pes-
quisa pura e a aplicada. Na pesquisa pura busca-se o saber e na pesqui-
sa aplicada o investigador procura encontrar soluções para problemas
concretos. Gil (2002) classifica as pesquisas segundo razões de ordem
intelectual e de ordem prática. As pesquisas por razões de ordem inte-
1 Tipos de conhecimento e de pesquisa 25

lectual têm o objetivo de conhecer pela própria satisfação de conhecer,


e as de ordem prática decorrem do desejo de conhecer com o objetivo de
fazer algo de maneira mais eficiente ou eficaz.

Fique atento!
Note que esses dois tipos de pesquisa não se opõem
nem se excluem, se complementam. Cabe ressaltar que
ambos são imprescindíveis para o progresso do ser
humano e do conhecimento.

A perseverança e a curiosidade também influenciaram você a estudar


este conteúdo, não é mesmo? Então mantenha a concentração porque o
próximo assunto vai mostrar que as pesquisas podem ser classificadas
de diferentes maneiras.

1.2.1 Tipos de pesquisa


Segundo Andrade (2003), as pesquisas podem ser classificadas segun-
do seus objetivos, sua natureza, seus procedimentos e seu objeto.

Pesquisa quanto aos objetivos: em relação aos objetivos, a pesquisa se


subdivide em exploratória, descritiva e explicativa.

• A pesquisa exploratória tem o objetivo de proporcionar infor-


mações sobre determinado assunto, facilitar a delimitação do
tema, definir os objetivos ou formular as hipóteses e se constitui
no trabalho inicial ou preparatório para outro tipo de pesquisa.
Segundo Lopes (2012, p. 10), a pesquisa exploratória “[...] envolve
levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram
experiências práticas com o problema pesquisado. Assume, em
geral, as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso.”

• A pesquisa descritiva, por outro lado, tem o objetivo de obser-


var os fatos de uma determinada população ou fenômeno, regis-
trá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los. Nesse tipo de
pesquisa o pesquisador deve tomar o cuidado para não manipu-
Shutterstock (2012)

lar ou interferir nos dados para que os resultados sejam confiá-


veis. Segundo Lopes (2012, p. 10), a pesquisa descritiva “[...] visa
descrever as características de determinada população ou fenô-
meno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Assume
em geral, a forma de levantamento (coleta) de dados.”
26 Métodos e técnicas de pesquisa

• Por fim, a pesquisa explicativa, além de registrar, analisar e in-


terpretar os fenômenos estudados, procura identificar as causas
que desencadearam o fenômeno em questão. Esse tipo de pes-
quisa emprega o método experimental com a “manipulação e o
controle das variáveis, com o objetivo de identificar qual a variá-
vel independente que determina a causa da variável dependente”
(ANDRADE, 2003, p. 125). Lopes (2012, p. 10) afirma que a pes-
quisa explicativa “[...] explica o porquê das coisas. Nas ciências
Ex-post facto naturais, requer o uso do método experimental e, nas ciências
sociais, requer o uso do método observacional. Assume em geral
A partir do fato passado. as formas de pesquisa experimental e pesquisa de ex-post facto.”

Pesquisa quanto aos procedimentos: as pesquisas diferem na manei-


ra como se obtêm os dados. Pode ser por meio de uma pesquisa de cam-
po ou uma pesquisa documental ou bibliográfica.

A pesquisa bibliográfica utiliza fontes secundárias como livros e ou-


tros documentos bibliográficos, a pesquisa documental baseia-se em
documentos primários, originais. Exemplo: documentos históricos,
dados estatísticos etc. [...] A pesquisa de campo baseia-se na obser-
vação dos fatos tal como ocorrem na realidade, [...] no local da ocor-
rência dos fenômenos. (ANDRADE, 2003, p. 125).

Pesquisa quanto ao objeto: uma pesquisa pode ser bibliográfica, de


laboratório ou de campo. A pesquisa bibliográfica pode ser um traba-
lho independente ou o passo inicial para outra pesquisa. Na pesquisa
de laboratório, por outro lado, o pesquisador tem a possibilidade de
provar, produzir e reproduzir fenômenos, em condições de controle, e
o registro dos dados é feito por escrito conforme as normas gerais de
um trabalho científico. A pesquisa de campo não tem por objetivo pro-
duzir ou reproduzir os fenômenos estudados porque seus dados são co-
letados “em campo”, onde os fenômenos ocorrem
espontaneamente sem que o pesquisador interfira
sobre eles.

Pesquisa quanto à natureza: a pesquisa pode


constituir-se em um trabalho científico original ou
um resumo de um assunto. O trabalho científico
original é aquele em que o assunto foi pesquisado
pela primeira vez e que contribui para a evolução
Shutterstock (2012)

do conhecimento científico. O resumo é um tipo


de pesquisa que não é original e não possui rigor
científico. Esse tipo de pesquisa é muito comum
nos cursos de graduação porque contribui para a
1 Tipos de conhecimento e de pesquisa 27

ampliação da bagagem cultural do estudante. “A diferença entre tra-


balho científico original e resumo de assunto, portanto, não se funda-
menta nos métodos adotados, mas nas finalidades da pesquisa.” (AN-
DRADE, 2003, p. 123).

Lopes (2012) ainda classifica as pesquisas quanto à forma de aborda-


gem do problema: pesquisa quantitativa ou qualitativa.

a) Pesquisa quantitativa: traduzir em números opiniões e informa-


ções para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de técnicas
estatísticas.
b) Pesquisa qualitativa: considera que há uma relação dinâmica en-
tre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre
o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser
traduzido em números:
• i nterpretação dos fenômenos e a atribuição dos significados são
básicas no processo dessa pesquisa;
• pesquisador é o instrumento chave;
• é descritiva;
• análise feita de forma indutiva. (LOPES, 2012, p. 9).
Shutterstock (2012)

Conclui-se, dessa forma, que a pesquisa qualitativa não requer o empre-


go de métodos e técnicas estatísticas e a pesquisa quantitativa traduz
em números as opiniões e as informações para poder classificá-las e
analisá-las, empregando para isso técnicas estatísticas como a porcen-
tagem, a média, mediana, desvio padrão etc.
28 Métodos e técnicas de pesquisa

Resumindo
Você encerrou o primeiro capítulo de estudos da disciplina de Métodos e
Técnicas de Pesquisa. Aqui teve a oportunidade de aprender que ciência é um
conjunto organizado de conhecimentos relativos a certas categorias de fatos ou
fenômenos e que a ciência atual é fruto das descobertas ocasionais feitas pelo
homem ao longo de sua existência.
Por meio do estudo deste material didático, você também identificou que, com o
passar do tempo, as pesquisas se tornaram mais metódicas e cada período his-
tórico assimilou os resultados científicos das gerações anteriores, desenvolvendo
e ampliando aspectos novos. Além disso, você aprendeu que, para desenvolver
conhecimento, é preciso que ocorra uma série de atividades mentais como a re-
flexão, a pesquisa, o entendimento e a assimilação sobre o objeto, fenômeno ou
fato, gerando assim uma teoria ou uma doutrina. Por fim, você ainda compreen-
deu que, para gerar conhecimento, é preciso que sejam realizadas pesquisas
científicas e elas podem ser classificadas segundo os seus objetivos, sua nature-
za, seus procedimentos e seu objeto.
Gostou do assunto deste capítulo? Que tal agregar ainda mais conhecimento?
No próximo capítulo você vai conhecer os vários métodos, técnicas e instrumen-
tos empregados no desenvolvimento de uma pesquisa e como eles são relevantes
para a produção do conhecimento.
Métodos, técnicas
2
e instrumentos de
pesquisa

Neste capítulo você terá a oportunidade de conhecer os vários mé-


todos empregados no desenvolvimento de uma pesquisa e como eles
são relevantes para a produção do conhecimento. Você verá que exis-
tem os métodos de abordagem e os de procedimentos. Além disso,
conhecerá os vários tipos de pesquisa baseados na documentação
direta e indireta e quais são os principais tipos de instrumentos de
pesquisa. Ao final do capítulo você terá subsídios para:
a) classificar os tipos de pesquisa científica;
b) escolher métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa;
c) conhecer e estudar os instrumentos para a coleta, análise e
interpretação de dados.
Avance para explorar os conceitos apresentados aqui sobre esse tema
tão importante para o desenvolvimento de uma pesquisa.
2 Métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa 31

2.1 Métodos de pesquisa


Como já mencionado anteriormente, o homem é curioso por natureza
e, a cada fato ou experiência nova vivida, se questionava sobre o porquê Método
das coisas. Queria descobrir por que determinado fato ocorria, entre-
“É a ordem que se deve impor
tanto, a observação, muitas vezes, não era suficiente para conseguir as
aos diferentes processos
respostas para suas dúvidas. Por isso, ele precisou desenvolver uma for- necessários para atingir certo
ma para descobrir como as coisas aconteciam, ou seja, desenvolveu um fim ou resultado esperado”
método para pesquisar e encontrar as respostas pelas quais tanto an- (CERVO; BERVIAN; SILVA,
siava. Assim, ele descobriu que empregando sempre um mesmo método, c2007, p. 28).
obteria sempre os mesmos resultados.

Shutterstock (2012)

Então, pode-se concluir que método é um conjunto de etapas que de-


vem ser seguidas de forma sistemática para se encontrar a verdade.

Fique atento!
Note que a verdade pode ser validada pela ciência, en-
tretanto, a verdade absoluta jamais será alcançada, uma
vez que se surgir um resultado contrário ao que foi afir-
mado até então, essa teoria científica será derrubada.
32 Métodos e técnicas de pesquisa

Existem vários métodos de pesquisa que podem ser empregados para


desenvolver um conhecimento. Andrade (2003) aponta que existem
dois métodos: os métodos de abordagem e os métodos de procedimen-
tos. Dessa forma, os métodos de abordagem são essencialmente racio-
nais e referem-se ao plano de trabalho, aos seus fundamentos lógicos,
ao processo de raciocínio adotado. Por isso, “conforme o tipo de racio-
cínio empregado, os métodos de abordagem classificam-se em: dedu-
tivo, indutivo, hipotético-dedutivo e dialético.” (ANDRADE, 2003, p.
131). Por outro lado, os métodos de procedimentos, na área das ciências
sociais, têm caráter mais específico, relacionando-se com as etapas da
pesquisa e podem ser divididos em: método histórico, comparativo, es-
tatístico, funcionalista, estruturalista, monográfico ou estudo de caso.
Esses métodos de pesquisa serão abordados com mais profundidade
nos próximos itens de estudo. Acompanhe!

2.1.1 Métodos de abordagem


Conforme mencionado anteriormente, os métodos de abordagem clas-
sificam-se em: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo e dialético. Va-
mos analisá-los individualmente a partir de agora.

Método dedutivo: como o próprio nome sugere, baseia-se na dedução,


ou seja, no raciocínio lógico e procura confirmar as hipóteses a todo
custo. Esse método parte da generalização para uma questão parti-
cularizada e sua premissa geral ou universal apresenta-se como sendo
verdadeira porque já foi validada pela ciência. Acompanhe o exemplo
a seguir, que apresenta um raciocínio lógico entre a premissa geral e
a particular. Note que se uma das premissas for inválida, a conclusão
também será.

Um gato é um animal. (premissa maior)


Garfield é um gato. (premissa menor)
Logo, Garfield é um animal. (conclusão)

Na lógica, as três frases do exemplo são consideradas pro-


posições, onde a primeira é a premissa maior por apresen-
tar uma visão universal ou geral sobre o fato. A segunda
é uma premissa menor por referir-se a alguém, fato ou
Shutterstock (2012)

característica em particular, e a última premissa é a con-


clusão das premissas anteriores. Agora acompanhe um
exemplo onde o raciocínio lógico não foi observado ade-
quadamente.
2 Métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa 33

Os pássaros voam. (premissa maior)


Os pássaros são animais. (premissa menor)
Logo, os animais voam. (conclusão)

Segundo AGUILERA ([200-?]), “raciocinar com acerto é um cuidado a


ser tomado. Mais do que isso, é uma obrigação”, e o método dedutivo
trabalha essencialmente com as leis do pensamento lógico.

Método indutivo: esse método é a antítese do método dedutivo porque


as constatações particulares é que levam às teorias e leis gerais a partir
da experimentação. Acompanhe o exemplo a seguir para compreender
como acontece o raciocínio no método indutivo.

O calor dilata o ferro. (premissa menor/particular)


O calor dilata o bronze. (premissa menor/particular)
O calor dilata o cobre. (premissa menor/particular)
Logo, o calor dilata todos os metais. (premissa maior/geral ou univer-
sal) (ANDRADE, 2003, p. 132)

O mesmo autor afirma que o método indutivo possui as etapas de:

Shutterstock (2012)
• Observação: manifestações da realidade, espontâneas ou
provocadas.
• Hipóteses: tentativa de explicação.
• E xperimentação: observa-se a reação de causa-efeito, imaginada na
etapa anterior.
• Comparação: classificação, análise e crítica dos dados recolhidos;
• Abstração: verificação dos pontos de acordo e de desacordo dos
dados recolhidos.
• Generalização: consiste em estender a outros casos, da mesma espé-
cie, um conceito obtido com base nos dados observados. (ANDRA-
DE, 2003, p. 132).

Método hipotético-dedutivo: é considerado lógico por excelência por-


que “[...] não se limita à generalização empírica das observações reali-
zadas, podendo-se, através dele, chegar à construção de teorias e leis”
(ANDRADE, 2003, p. 132). Esse método procura unir o método hipoté-
tico ao dedutivo, acrescentando a racionalização do método dedutivo à
experimentação do método indutivo. Segundo Lopes (2012, p. 20), “[...]
este método tem o objetivo de procurar evidências para tornar falsas as
consequências deduzidas das hipóteses.”
34 Métodos e técnicas de pesquisa

Karina Silveira (2012)


Falseamento das Comprovação ou não
Problema Hipóteses
hipóteses das hipóteses

Figura 1: Passos de utilização do método hipotético-dedutivo proposto por Popper


Fonte: Adaptado de MEIRELES (2007, p. 17).

Método dialético: esse método pressupõe que a verdade estabelecida


deva ser contraditada e confrontada por outras teorias ou realidades
para formar uma nova conclusão ou teoria. Esse método permite ao
pesquisador averiguar com mais rigor e profundidade os fenômenos,
fatos ou objetos de análise porque eles são colocados frente a frente
com o teste de suas contradições possíveis. Conforme Andrade (2003,
Shutterstock (2012)

p. 133), o método dialético “[...] é contrário a todo conhecimento rígido:


tudo é visto em constante mudança, pois sempre há algo que nasce e se
desenvolve e algo que se desagrega e se transforma.”

Friedrich Hegel, filósofo alemão, é o propagador da dialética, que iden-


tificou que o desenvolvimento do pensamento é composto por uma tese
(pretensão da verdade), a antítese (negação da tese apresentada) e a sín-
tese (surge do embate teórico entre a tese e a antítese).

Dica!
Dialética é a arte do diálogo, ou seja, de argumentar e
contra-argumentar sobre um determinado assunto que
não pode ser demonstrado.
Karina Silveira (2012)

Tese Antítese Síntese (nova tese)

Figura 2: Esquema do método dialético


Fonte: Adaptado de Hengel (apud MEIRELES, 2007, p. 17).

Na dialética é possível comprovar uma tese por meio da argumentação,


de tal forma que se consiga distinguir, com clareza, os conceitos em
discussão.
2 Métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa 35

2.1.2 Métodos de procedimento


Como mencionado anteriormente, os métodos de procedimentos têm
caráter mais específico e relacionam-se com as etapas da pesquisa, sub-
dividindo-se em: método histórico, comparativo, estatístico, funciona-
lista, estruturalista, monográfico ou estudo de caso. Vamos conhecer
cada um desses métodos detalhadamente.

Método histórico: elaborado por Franz Boas, esse método investiga


os acontecimentos, processos e instituições do passado para compreen-
der e explicar a sua influência sobre a sociedade atual. Segundo Cantini
([200-?], p. 10), “[...] muitos problemas contemporâneos podem ser ana-
lisados e entendidos a partir de uma perspectiva histórica. E a partir da
análise, evolução e comparação históricas se podem traçar perspectivas.”

Método comparativo: como o próprio nome su-


gere, esse método de pesquisa realiza comparações
com o intuito de verificar regularidades ou seme-
lhanças e explicar discrepâncias ou divergências,
permitindo ao pesquisador “a construção de mo-
delos e tipologias, identificando continuidades e
descontinuidades, semelhanças e diferenças, escla-
recendo as determinações generalizadas que regem
os fenômenos sociais.” (SCHNEIDER; SCHMITT,
1998 apud VALERETTO, 2010, p. 83).

Método estatístico: desenvolvido por Quetelet,


esse método é aplicado em pesquisas quantitativas

Shutterstock (2012)
porque trabalha com elementos de caráter mate-
mático. As conclusões obtidas a partir do empre-
go desse método de pesquisa “apresentam grande
probabilidade de ser verdadeiras, embora admitam
certa margem de erro.” (ANDRADE, 2003, p. 134).
O emprego desse método permite ao pesquisador
quantificar matematicamente os inúmeros fatos, que reduzidos a nú-
meros “permitem o estabelecimento de relações e correlações existentes
entre eles, prestando-se tanto para que sejam inferidas como deduzidas
as consequências dos fatos analisados.” (CANTINI, [200-?], p. 12).

Método funcionalista: tem sua origem positivista com Herbert Spen-


cer (1820-1903) e Émile Durkheim (1858-1917), mas foi consolidado por
Bronislaw Malinowski (1884-1942). Preconiza o estudo da cultura de
uma sociedade do ponto de vista da função de cada unidade da cultura
36 Métodos e técnicas de pesquisa

no contexto global. Segundo Andrade (2003, p. 134), “[...] o método fun-


cionalista enfatiza as relações e o ajustamento entre os diversos com-
ponentes de uma cultura ou sociedade.” Esse método baseia-se mais
na interpretação dos fatos do que propriamente na investigação destes.

Método estruturalista: foi desenvolvido pelo etnólogo francês Claude


Lévi-Strauss em 1971 com o objetivo de analisar toda a diversidade do
mundo, levando em conta tanto os aspectos lógicos como empíricos.
Segundo Andrade (2003, p. 134), esse método de pesquisa “[...] parte do
concreto para o abstrato, e vice-versa, dispondo, na segunda etapa, de
um modelo para analisar a realidade concreta dos diversos fenômenos.”
Shutterstock (2012)

Lévi-Strauss procurou uma ponte entre o lógico e o empírico, um fun-


damento que pudesse dar conta da diversidade do mundo, um instru-
mental que fosse deduzido, ele também, do real. Algo que não fosse
a simples descrição do empírico imediato, que não resvalasse para o
devaneio, para a pura abstração. Que fosse uma teoria do possível.
(THIRY-CHERQUES, 2006, p. 40).

Método monográfico ou estudo de caso: desenvolvido por Frederico


Le Play com o objetivo de fazer generalizações, uma vez que se entende
que qualquer objeto de estudo aprofundado é representativo de casos se-
melhantes. O método permite o estudo de grupos de indivíduos, institui-
ções, comunidades, profissões, partindo do estudo de pequenos grupos
como, por exemplo, uma pequena aldeia indígena, até alcançar dimen-
sões maiores como o estudo de todas as aldeias indígenas de um país.

2.2 Técnicas de pesquisa


As técnicas de pesquisa estão relacionadas com a coleta de dados e fa-
zem parte da prática da pesquisa. Segundo Andrade (2003, p. 135), “[...]
a técnica é a instrumentação específica da coleta de dados.” As técnicas
de pesquisa se subdividem em: documentação direta e indireta.

Documentação Direta: o levantamento dos dados é feito no próprio


local onde o fenômeno de estudo ocorre, podendo ser tanto em campo
como em laboratório. Segundo Andrade (2003), as modalidades de ob-
servação direta podem ser intensivas ou extensivas.

Conforme Andrade (2003, p. 136 e 137), as modalidades de observação


direta intensiva, se subdividem em:
2 Métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa 37

a) Sistemática: quando planejada, estruturada.


b) Assistemática: não estruturada.
c) Participante: quando o pesquisador limita-se à observação dos
fatos.
d) Individual: realizada por um pesquisador apenas.
e) Em equipe: pesquisa desenvolvida por um grupo de trabalho.
f) N
 a vida real: os fatos são observados “em campo” ou em ambiente
natural.
g) E
 m laboratório: os fatos são observados em salas, laboratórios,
ou seja, em ambiente artificial, embora o pesquisador procure,
muitas vezes, reproduzir o ambiente real do fenômeno.
h) Entrevista: [...] a mais eficiente para obtenção das informações,
conhecimentos ou opiniões sobre um assunto. (ANDRADE, 2003,
p. 136 e 137).

A observação direta extensiva é feita com a aplicação de formulários,


questionários ou narrativas de experiências de vida, sendo muito em-
pregadas na coleta de dados das pesquisas de campo.

Documentação Indireta: refere-se à obtenção de dados por meio da


pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. Segundo Marconi e La-
katos (2006, p. 62 a 71), as principais fontes de dados são:

Arquivos públicos: nacionais, estaduais e municipais. Nesses locais


podem ser encontrados:
a) D
 ocumentos oficiais: anuários, editoriais, leis, atas, relatórios,
ofícios, correspondências, alvarás, panfletos etc.
b) Documentos jurídicos: são documentos oriundos de cartórios,
registros gerais de falência, inventários, testamentos, escritu-
ras de compra e venda, hipotecas, nascimentos, casamentos,
mortes etc.

Arquivos particulares: representados pelos:


a) domicílios particulares;
b) instituições de ordem privada;
c) instituições públicas, do tipo delegacias, postos etc.

Fontes estatísticas: IBGE, departamentos estaduais e municipais de


estatística, IBOP (Instituto Brasileiro de Opinião Pública), Instituto
Gallup etc.
Outras fontes:
a) iconografia (gravuras, estampas, desenhos, pinturas);
b) fotografias;
c) objetos;
38 Métodos e técnicas de pesquisa

d) canções folclóricas;
e) vestuário;
f) folclore.

Shutterstock (2012)
Por outro lado, Marconi e Lakatos (2006, p. 33) acrescentam às técnicas
anteriormente mencionadas outras, como segue:

a) coleta documental;
b) observação;
d) entrevista;
e) questionário;
f) formulário;
g) medidas de opinião e de atitudes;
h) técnicas mercadológicas;
i) testes;
j) sociometria;
k) análise de conteúdo;
l) história de vida.
2 Métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa 39

2.3 Instrumentos de pesquisa


Para realizar uma pesquisa é preciso lançar mão de certos instrumen-
tos capazes de coletar os dados relativos ao fenômeno ou assunto a ser
estudado. Os principais instrumentos de pesquisa são: a observação, a
entrevista, os questionários e os formulários.

Observação: é uma técnica de coleta de dados que emprega de forma


criteriosa os sentidos (ver e ouvir), sendo utilizada normalmente como
complemento aos demais procedimentos metodológicos. Segundo
Marconi e Lakatos (2006, p. 88), “a observação ajuda o pesquisador a
identificar e a obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os in-
divíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento.”

Para Selltiz (1965, p. 233 apud MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 88), a


observação torna-se científica à medida que:

a) convém a um formulado plano de pesquisa;


b) é planejada sistematicamente;
c) é registrada metodicamente e está relacionada a proposições mais
gerais, em vez de ser apresentada como uma série de curiosidades
interessantes;
d) está sujeita a verificações e controles sobre a validade e segurança.

Entrevista: é um instrumento de pesquisa mui-


to empregado no campo das ciências sociais e tem
por objetivo a obtenção de informações do entre-
vistado sobre determinado assunto ou problema.
Segundo Cás (2008, p. 124), na entrevista “[...] o
pesquisador e o entrevistado ficam frente a frente
e, à luz de um roteiro de questões metodologica-
mente elaborado, estabelecem um relacionamento
Shutterstock (2012)

pessoal para a obtenção de respostas (escritas ou


gravadas)[...].”

As entrevistas variam de acordo com o objetivo do


entrevistador e podem ser classificadas em: estru-
turada, não estruturada e painel. Veja cada uma delas:

a)  Segundo Marconi e Lakatos (2006), a entrevista estruturada é


aquela onde o entrevistador faz perguntas predeterminadas ao
entrevistado o que permite que as respostas sejam comparadas
posteriormente.
40 Métodos e técnicas de pesquisa

Fique atento!
Nesse tipo de entrevista o entrevistador não tem liber-
dade para adaptar as perguntas, fazer novas pergun-
tas e tão pouco, alterar a ordem dos tópicos a serem
questionados.

b)  Na entrevista não estruturada o pesquisador tem a liberdade


para conduzi-la da forma que achar mais conveniente a situa-
ção. Normalmente as perguntas são abertas o que permite que
sejam respondidas de maneira informal.

Fique atento!
Nesse tipo de entrevista o pesquisador precisa estar
muito bem preparado, ter segurança e mais presença
de espírito, ou seja, mais competência para conduzi-la
adequadamente e obter os dados de que necessita.

c)  O painel é um tipo de entrevista onde o pesquisador repete de


tempos em tempo às mesmas perguntas, entretanto com for-
mulações um pouco diferentes, para identificar a
evolução da opinião do entrevistado em períodos
curtos.

Questionários: é um instrumento de pesquisa


empregado para coletar dados e suas perguntas
devem ser elaboradas de tal forma que obtenham
a totalidade ou uma parte significativa do assun-
to pesquisado. O questionário deve ser respondido
Shutterstock (2012)

pelo entrevistado por escrito e, por isso, as pergun-


tas devem ser muito bem formuladas, pois o res-
pondente não poderá contar com explicações adi-
cionais do pesquisador.

Fique atento!
“A linguagem empregada deve ser compreensível, clara,
objetiva e adequada ao nível cultural da população,
objeto da pesquisa.” (CÁS, 2008, p. 121).
2 Métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa 41

As perguntas de um questionário podem ser elaboradas de forma aber-


ta, fechada ou mista. Veja cada uma delas:

a)  As questões abertas permitem que o entrevistado responda da


forma que lhe convier, ou seja, de acordo com a sua interpreta-
ção e a qualidade da informação que deseja transmitir. “As per-
guntas abertas dão mais liberdade de resposta, proporcionam
maiores informações, mas têm a desvantagem de dificultar mui-
to a apuração dos fatos” (ANDRADE, 2003, p. 149). Ex.: Qual(is)
foi(ram) o(s) motivo(s) que levou(aram) você a trocar de emprego?

b)  As questões fechadas são aquelas em que o entrevistado deve op-


tar por uma das alternativas postadas no documento. Esse tipo
de questão permite que os dados coletados sejam facilmente ta-
bulados.

Ex: O Brasil deve instituir a pena de morte?

( ) sim

( ) não

c)  As questões mistas são elaboradas de forma a introduzir uma


aberta numa série de perguntas fechadas. A combinação desse
tipo de questão permite que o pesquisador obtenha um grande
número de informações, sem dificultar demasiadamente a ta-
bulação.

Ex: Você torce para qual time de futebol?

( ) Flamengo

( ) Vasco

( ) Fluminense

( ) São Paulo

( ) Grêmio

( ) Outro. Qual? __________________________

Segundo Marconi e Lakatos (2006, p. 99), “[...] o pesquisador deve co-


nhecer bem o assunto para poder dividi-lo, organizando uma lista de
10 a 12 temas, e, de cada um deles, extrair duas ou três perguntas. [...]
Os temas escolhidos devem estar de acordo com os objetivos geral e
específico.”
42 Métodos e técnicas de pesquisa

Fique atento!
É importante observar que o questionário não pode ser
nem muito extenso nem muito curto, pois se for longo,
pode causar fadiga e desinteresse do entrevistado e, se
for muito curto, pode não oferecer informações sufi-
cientes para alcançar o objetivo da pesquisa.

Formulários: são empregados quando se pretende obter respostas


mais amplas e com maior número de informações. Andrade (2003, p.
151) destaca as seguintes vantagens na aplicação desse tipo de instru-
mento de pesquisa, a saber:

a) O formulário pode ser aplicado para qualquer tipo de informante,


seja alfabetizado ou não, uma vez que pode ser respondido pelo
pesquisador.
b) Apresenta mais flexibilidade, pois o pesquisador pode reformular
perguntas, adaptando-as a cada situação, modificando itens ou
tornando a linguagem mais clara.
c) O pesquisador pode explicar melhor os objetivos da pesquisa, escla-
recer o significado de termos ou explicar melhor o objeto da questão.
d) O formulário possibilita a coleta de dados mais complexos e mais
numerosos que o questionário.
e) O pesquisador preenche ou orienta o preenchimento, proporcio-
nando mais uniformidade na anotação das respostas.

Como você pôde observar na leitura deste capítulo, é muito importan-


te conhecer os vários instrumentos de pesquisa e coleta de dados para
poder escolher aquele que mais se adapta à sua proposta de trabalho.
Se você fizer a escolha certa, provavelmente seus resultados serão a base
para a formulação de suas conclusões e formulação de suas teses. En-
tão, escolha adequadamente para que sua pesquisa apresente os resul-
tados esperados por você.
2 Métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa 43

Resumindo
Como você estudou, o homem, curioso por natureza, procura respostas para
suas indagações e, como só pela observação não consegue obter todas as
respostas, precisa lançar mão de métodos de pesquisa para descobrir como as
coisas acontecem. Os principais métodos desenvolvidos pelo homem são os mé-
todos de abordagem e o de procedimentos, além disso, as técnicas de pesquisa e
os instrumentos são bastante variados e devem ser escolhidos de acordo com as
necessidades de cada situação.
Por meio dos conhecimentos repassados neste capítulo você entendeu que entre
os métodos de abordagem estão: o dedutivo, que baseia-se no raciocínio lógico
com o objetivo de confirmar as hipóteses consideradas pelo pesquisador; o mé-
todo indutivo, que parte de constatações particulares para levar a teorias e leis
gerais; o método hipotético-dedutivo, que procura evidências para tornar falsas
as consequências deduzidas das hipóteses visando à comprovação ou não das
hipóteses levantadas para o problema estudado; e, por fim, o método dialético,
que é a arte do diálogo, permite ao pesquisador verificar a validade da tese por
meio da confrontação das hipóteses a fim de encontrar possíveis contradições.
Os métodos de procedimentos subdividem-se em: método histórico, que investi-
ga os acontecimentos passados para compreender e explicar a influência sobre a
sociedade atual; o método comparativo, que faz comparações visando encon-
trar as semelhanças e discrepâncias entre os fenômenos para construir modelos
e explicar as generalizações desses fenômenos sociais; o método estatístico, que
permite quantificar matematicamente os inúmeros fatos, que reduzidos a núme-
ros, permitem estabelecer relações e correlações entre os fenômenos estudados;
o método funcionalista, que estuda a cultura de uma sociedade do ponto de vis-
ta da função de cada unidade da cultura no contexto global; o método estrutu-
ralista, que tem o objetivo de analisar toda a diversidade do mundo levando em
conta tanto os aspectos lógico como empíricos; e, por fim, o método monográ-
fico, que tem o objetivo de estudar grupos pequenos para fazer comparações e
generalizações com grupos mais abrangentes.
Quanto às técnicas de pesquisa, elas se subdividem em pesquisas de documen-
tação direta, que são feitas com base na observação direta intensiva ou extensi-
va (pesquisa de campo em laboratório), e de documentação indireta, feitas por
meio da pesquisa bibliográfica e a documental.
Os instrumentos de pesquisa mais empregados para coletar dados e embasar
sua pesquisa são a observação, a entrevista, os questionários e os formulários,
e cada um desses instrumentos têm características e aplicações distintas que
precisam ser observadas para que os dados coletados sejam relevantes para o
assunto da pesquisa.
Ficou claro até aqui? No próximo capítulo você vai identificar como interpretar e
apresentar os dados de uma pesquisa.
Interpretação de dados
3
e apresentação de
resultados de pesquisa

Neste capítulo você terá a oportunidade de conhecer como se deve


proceder para coletar, tabular, analisar, interpretar e apresentar os
dados e os resultados de uma pesquisa. Você vai descobrir que a
antes de aplicar o instrumento de coleta de dados é preciso testá-lo
para verificar se, com o instrumento escolhido, se obterão as infor-
mações que se deseja. Além disso, você aprenderá que é preciso defi-
nir com clareza como será feita a pesquisa, quem será o público-alvo
e onde e quando será feita a pesquisa, pois se isso não ficar claro,
toda a pesquisa pode não ser efetiva. Vamos conhecer alguns objeti-
vos de aprendizagem do capítulo? Confira:
a) conhecer instrumentos para a coleta e tabulação de dados de
uma pesquisa;
b) entender como se faz análise e interpretação de dados de uma
pesquisa;
c) identificar como deve ser feita a apresentação dos resultados
de uma pesquisa;
d) identificar os recursos computacionais adequados ao desen-
volvimento de pesquisas.
Pronto para iniciar mais esta etapa de estudos? Vamos em frente!
3 Interpretação de dados e apresentação de resultados de pesquisa 47

3.1 Coleta e tabulação de dados


Como você estudou no capítulo anterior, existem vários instrumentos
para coleta de dados e, de acordo com o objetivo, deve-se optar por um
ou outro instrumento, certo?

Fique atento!
Antes de aplicar o instrumento para toda a população
ou amostra escolhida para a pesquisa, sugere-se que
o instrumento seja testado, ou seja, que um pequeno
grupo de voluntários responda às questões propostas
para verificar se ele está adequado e se as informações
a se obter serão as esperadas.

Depois de escolhido e testado o instrumento é preciso que o pesqui-


sador seja capaz de responder as questões: Como fazer? Com quem
fazer? Onde fazer? e Quando fazer? Essa fase é conhecida como o
detalhamento dos procedimentos metodológicos da pesquisa.

Para responder a questão “Como fazer?”, o entrevistador


deve definir quem será o objeto da pesquisa e qual a re-
gião física ou geográfica onde ela será aplicada. Para res-
ponder à questão “Com quem fazer?”, o pesquisador de-
verá definir a amostra que pretende estudar, uma vez que
para fazer uma pesquisa com a totalidade de uma popu-
lação pode ser muito caro e levar muito tempo, por isso
empregam-se as técnicas de estatística que justificam o
uso de planos amostrais.

Então, uma vez que você escolheu o instrumento mais ade-


quado para a sua pesquisa, é chegada a hora de coletar as
informações de que necessita para realizar a sua pesquisa.

Os estudos bibliográficos, exploratórios, descriti-


vos e experimentais dependem da coleta de dados.
Os dados e informações coletados em publicações,
cadastros, fichas... são denominados dados secun-
dários e, portanto, exigem a identificação precisa
da fonte. Os dados obtidos diretamente com o in-
Shutterstock (2012)

formante através de questionário ou entrevista são


chamados dados primários, e são obtidos por instru-
mento cuja cópia deve ser parte do relatório final da
pesquisa. (MARTINS, 2010, p. 54).
48 Métodos e técnicas de pesquisa

Fique atento!
As pesquisas bibliográficas serão estudadas detalhada-
mente no próximo capítulo e, por isso, neste momento
nos deteremos ao estudo da coleta e tabulação de
dados obtidos diretamente dos informantes.

Antes de aplicar o instrumento de pesquisa, é preciso identificar quem


aplicará a pesquisa e, caso o pesquisador não seja o único a aplicar o
instrumento, os demais entrevistadores precisam ser devidamente trei-
nados para que as informações colhidas sejam precisas, fidedignas e
corretamente registradas.

De posse do material coletado, dá-se início ao processo de tabulação


dos dados. Segundo Cás (2008), existem três tipos de tabulação: a ma-
nual, com dupla entrada e a eletrônica. Vejamos a seguir como é feita a
tabulação dos dados por meio dessas três formas:

a)  Manual: somam-se todas as alternativas escolhidas por ques-


tão, ou seja, a frequência de cada ocorrência. Observe o exemplo:

Você é a favor da pena de morte?


( ) sim ( ) não

De uma população de 150 respondentes, 35 responderam “sim”


e 115 responderam “não”.

Caso seu desejo seja transformar essa informação em um gráfi-


co, ela pode ser assim representada:
FabriCO (2012)

Gráfico 1: Porcentagem da população a favor e contra a pena de morte


Fonte: Da autora (2012).
3 Interpretação de dados e apresentação de resultados de pesquisa 49

b)  Com dupla entrada: “Na tabulação com dupla entrada, o


pesquisador trabalha com duas variáveis ligadas a questão
pertinente ao grupo objeto da pesquisa em questão ou da
amostragem.” (CÁS, 2008, p. 135). Observe o exemplo:

Quais são os fatores que contribuem para que um profissional


tenha sucesso?
Idade: ( ) adulto ou ( ) jovem
Sexo: ( ) masculino ou ( ) feminino
Educação: ( ) prática ou ( ) escolaridade

Os resultados obtidos com a alternativa idade foram: 107 adul-


tos e 43 jovens, 62 do sexo masculino e 78 do feminino; e quan-
to à escolaridade, foram 12 prática e 138 pela escolaridade. De
posse desses dados, você pode organizá-los de forma conjunta,
como por exemplo:
FabriCO (2012)

Gráfico 2: Influência
Fonte: Da autora (2012).

c)  Eletrônica: esse sistema é feito por meio da leitura óptica do


cartão de respostas e o próprio computador totaliza os dados e
elabora os gráficos. Esse sistema é rápido e fácil de ser emprega-
do, otimizando o tempo do pesquisador. O próprio Google ofe-
rece uma ferramenta para realizar pesquisas totalmente on-line:
50 Métodos e técnicas de pesquisa

FabriCO (2012)
Figura 3: Página da web para criação de pesquisas eletrônicas
Fonte: Google.

Andrade (2003) define que a elaboração dos dados compreende as fases


de: seleção, categorização e tabulação.

Seleção: “[...] visa à exatidão das informações obtidas. Caso seja verifi-
cada alguma falha ou discrepância, torna-se indispensável averiguar se
houve lapso ou inabilidade do pesquisador ao coletar os dados” (AN-
DRADE, 2003, p. 152). E, se assim o for, faz-se necessário reaplicar o
instrumento de pesquisa.

Categorização: a categorização dos dados realiza-se mediante um sis-


tema de codificação. Essa fase compreende a transformação dos dados
em símbolos que facilitam a contagem e tabulação dos resultados obti-
dos (ANDRADE, 2003).

Tabulação: consiste em dispor os dados em tabelas, para maior facili-


dade de representação e verificação das relações entre eles.

Normalmente a representação dos dados obtidos é feita por meio de


tabelas e gráficos, isto é, são submetidos a um tratamento estatístico.

Percebeu como é importante coletar dados e de forma adequada e orga-


nizada? Se você cumprir essa etapa com cuidado, obterá bons resulta-
dos e, consequentemente, a análise e a interpretação dos mesmos serão
mais fáceis.
3 Interpretação de dados e apresentação de resultados de pesquisa 51

3.2 Análise e interpretação dos dados


Segundo Andrade (2003), a análise e a interpretação são dois processos
diferentes, mas inter-relacionados. Esse processo de análise e interpre-
tação de dados inicia-se pela apresentação e descrição dos dados coleta-
dos. A análise procura verificar se existem correlações entre os fenôme-
nos, os limites da validade dessas relações e os esclarecimentos sobre as
origens dessas relações.

Dica!
Os dados em si não têm muita importância, porque
a sua relevância está na possibilidade de se chegar a
conclusões.

O objetivo da análise é organizar, classificar e extrair dos dados às res-


postas para o problema ou hipóteses levantadas. A interpretação, por
outro lado, procura estabelecer relações entre os resultados da pesqui-
sa. Entretanto, é preciso que não sejam feitas confusões entre os fatos e
afirmações, uma vez que se faz necessário que as afirmações sejam com-
provadas antes de serem aceitos os fatos (ANDRADE, 2003).

Marconi e Lakatos (2006, p. 33) afirmam que “[...] an-


tes da análise e interpretação, os dados devem seguir
os seguintes passos: seleção, codificação e tabulação.”

Seleção: nessa fase o pesquisador deve submeter os


dados a uma verificação crítica visando detectar pos-
síveis falhas que possam prejudicar o resultado a
pesquisa.
Shutterstock (2012)

Codificação: nessa fase os dados são transformados


em símbolos, podendo ser tabelados e contados. Ini-
cialmente classificam-se os dados, agrupando-os em
categorias e em seguida atribui-se um código, número
ou letra, cada um com significados.

Tabulação: nessa fase dispõem-se os dados em tabelas, o que facilita a


verificação das inter-relações entre eles. “É uma parte do processo técni-
co de análise estatística, que permite sintetizar os dados de observação
conseguidos pelas diferentes categorias e representá-los graficamente.”
(MARCONI; LAKATOS 2006, p. 33).
52 Métodos e técnicas de pesquisa

Uma vez que os dados foram tabulados, é preciso analisá-los. Segundo


Marconi e Lakatos (2006, p. 35), essa etapa é feita em três níveis: inter-
pretação, explicação e especificação.

a) Interpretação: verificação das relações entre as variáveis indepen-


dente e dependente, e da variável interveniente (anterior à depen-
dente e posterior à independente) a fim de ampliar os conhecimen-
tos sobre o fenômeno (variável dependente).
b) E xplicação: esclarecimento sobre a origem da variável dependente
e necessidade de encontrar a variável antecedente (anterior às va-
riáveis independente e dependente).
c) Especificação: explicitação sobre até que ponto as relações entre
as variáveis independente e dependente são válidas (como, onde, e
quando).

Na análise o pesquisador procura encontrar respostas para suas inda-


gações e estabelecer relações entre os dados encontrados e as hipóteses
aventadas no início da pesquisa, comprovando-as ou refutando-as. Na
interpretação, o pesquisador deve procurar expor o verdadeiro signifi-
cado do material apresentado em relação aos objetivos e ao tema que
originaram a pesquisa. “Na interpretação dos dados da pesquisa é im-
portante que eles sejam colocados de forma sintética e de maneira clara
e acessível.” (MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 35).

Uma vez que foram feitas todas as análise e interpretações, deve-se or-
ganizar os resultados para que os mais relevantes sejam apresentados.
Cabe ressaltar que “[...] as conclusões devem estar vinculadas às hipóte-
ses de investigação, cujo conteúdo foi comprovado ou refutado.” (MAR-
CONI; LAKATOS, 2006, p. 38).

Você percebeu que os autores, Andrade (2003), Marconi e Lakatos


(2006) possuem, aparentemente, interpretações diferentes para o que
vem a ser a análise e a interpretação dos dados. Isso ocorre porque Mar-
coni e Lakatos consideram que há a necessidade de se desmembrarem
essas etapas em mais fases, porque consideram que a organização dos
dados é uma etapa anterior à análise e à interpretação.

Para clarificar o entendimento dos termos, vamos conhecer o que os


dicionários determinam que seja análise e interpretação.

Análise: exame minucioso de uma coisa em cada uma das suas partes.

Interpretação: sentido em que se toma o que se ouve ou o que se lê, e


que se julga ser o verdadeiro. Explicação.
3 Interpretação de dados e apresentação de resultados de pesquisa 53

Para esses autores, antes da análise e interpretação é pre-


ciso selecionar, codificar e tabular os dados e só depois se
procede à análise. Essa análise é feita em três níveis: inter-
pretação, explicação e especificação, onde se procura en-
contrar respostas para as dúvidas estabelecendo relações
entre os dados para comprovar ou rejeitar uma tese. E, por
interpretação, esses autores entendem que é a fase onde o
pesquisador explicar o verdadeiro significado dos dados
em relação aos objetivos que deram origem à pesquisa.

Shutterstock (2012)
3.3 Apresentação dos dados
Os dados coletados podem ser apresentados por meio de
tabelas, quadros ou gráficos. As tabelas permitem que os
dados sejam apresentados em colunas verticais e fileiras horizontais.
Quanto melhor for a apresentação dos dados, mais fácil será a com-
preensão e interpretação dos mesmos, por isso quanto mais simples for
a tabela ou quadro, mais claros e objetivos eles o serão. Para alguns
autores há uma distinção entre quadros e tabelas. Segundo Marconi
e Lakatos (2006 p. 37), a tabela “[...] é construída utilizando-se dados
obtidos pelo próprio pesquisador em números absolutos e/ou percen-
tagens. Quadro é elaborado tendo por base dados secundários, isto é,
obtido de fontes como o IBGE e outros. Inclusive revistas etc.”

Oliveira (2005) argumenta que o quadro geralmente apresenta-se em


forma de texto, com resultados qualitativos ou dados secundários, sen-
do mencionado com frequência no capítulo que apresenta o “referen-
cial teórico”. Por outro lado, a tabela apresenta dados primários, ou seja,
dados quantitativos.

Segundo França e Vasconcellos (2008, p. 116), “[...] a disposição dos


dados numa tabela deve permitir a comparação e ressaltar as relações
existentes, destacando o que se pretende demonstrar.”

Acompanhe a seguir um modelo de tabela e de quadro.


54 Métodos e técnicas de pesquisa

Fase escolar Número %


Creche 120.995 18
Pré-escola 153.334 11
Ensino fundamental – anos iniciais 473.644 34
Ensino fundamental – anos finais 391.687 28
Ensino médio 250.779 9
Total 1.390.439 100

Tabela 1: Alunos matriculados em Santa Catarina


Fonte: MEC/INEP 2011 apud TODOS pela Educação (2012).

Saberes Conceituações
Saber agir Saber o que e por que faz. Saber julgar, escolher e decidir.
Saber mobilizar recursos de pessoas, financeiros, materiais, criando
Saber mobilizar
sinergia entre eles.
Compreender, processar, transmitir informações e conhecimentos,
Saber comunicar
assegurando o entendimento da mensagem pelo outro.
Trabalhar o conhecimento e a experiência. Rever modelos mentais.
Saber aprender
Saber desenvolver-se e propiciar o desenvolvimento dos outros.
Saber engajar-se e comprometer-se com os objetivos da
Saber comprometer-se
organização.
Saber assumir Ser responsável, assumindo riscos e as consequências de suas ações,
responsabilidades e ser, por isto, reconhecido.
Conhecer e entender o negócio da organização, seu ambiente,
Ter visão estratégica
identificando oportunidades e alternativas.
Quadro 2: Competências do profissional
Fonte: Fleury; Fleury (2001, p. 5).

Gráficos representam dados em forma de figura, o que facilita a visua-


lização e compreensão dos dados apresentados. Segundo França e Vas-
concellos (2008, p. 114), “[...] os gráficos são desenhos construídos de
traços e pontos, numerados com algarismos arábicos.” Acompanhe nos
gráficos a seguir os dados da tabela acima e perceba como é fácil a vi-
sualização das informações, o que permite que se chegue rapidamente
a conclusões. Os mesmos dados podem ser organizados de diferentes
maneiras. Acompanhe!
3 Interpretação de dados e apresentação de resultados de pesquisa 55

Gráfico 3: Alunos matriculados em Santa Catarina (2012) Denis Pacher (2012)

Fonte: MEC/INEP 2011 apud TODOS pela Educação (2012).

Dica!
A melhor ferramenta para elaboração de gráficos é o
Excel. Aprenda a utilizá-la e seu trabalho será facilitado.
Denis Pacher (2012)

Gráfico 4: Alunos matriculados em Santa Catarina (2012)


Fonte: MEC/INEP 2011 apud TODOS pela Educação (2012).
56 Métodos e técnicas de pesquisa

Denis Pacher (2012)


Gráfico 5: Alunos matriculados em Santa Catarina (2012)
Fonte: MEC/INEP 2011 apud TODOS pela Educação (2012).

Então, ficou claro que existem várias maneiras de se apresentar os da-


dos obtidos em uma pesquisa? Marconi e Lakatos (2006, p. 38) desta-
cam que, além dos gráficos apresentados, ainda existem os seguintes:
“[...] circular ou de segmento, de setores, diagramas, pictóricos, carto-
gramas, organogramas etc.” Não deixe de usá-los, pois dão credibilida-
de aos resultados e conclusões de sua pesquisa.
3 Interpretação de dados e apresentação de resultados de pesquisa 57

Resumindo
Conforme você estudou neste capítulo, o processo de coleta de dados exige o
emprego de um instrumento de pesquisa, que deve ser testado antes de ser apli-
cado para verificar sua efetividade. Uma vez que isso foi checado, procede-se à
aplicação do instrumento pelo pesquisador ou por seus auxiliares, que devem ser
devidamente capacitados para que não ocorram inconsistências nos resultados.
A tabulação dos dados coletados pode ser feita de forma manual, com dupla
entrada ou de forma eletrônica, e a elaboração dos dados possui três fases: a
seleção, a categorização e a tabulação. Uma vez que os dados foram tabulados,
é preciso que eles sejam representados em forma de tabelas, quadros ou gráfi-
cos. Lembre-se de que os dados em si não têm muita importância porque a sua
relevância reside na possibilidade de se chegar a conclusões.
Após a tabulação procede-se à análise e interpretação dos dados de forma que
se possa organizar, classificar e extrair os dados necessários para responder às
indagações que deram origem à pesquisa. Nessa fase também se deve procurar
estabelecer relações entre os dados encontrados e as hipóteses, comprovando-
-as ou refutando-as. Os resultados devem ser apresentados porque uma pesqui-
sa sem a publicação de seus resultados não serve para nada.
Preparado para agregar ainda mais conhecimento? No próximo capítulo você
estudará as etapas de uma pesquisa bibliográfica. Prepare-se!
Pesquisa bibliográfica
4
e suas etapas

Agora conheceremos como proceder para realizar uma boa pesquisa


bibliográfica. Você ainda vai identificar que, para realizá-la, é preciso
seguir uma série de etapas e lançar mão de uma ou várias estratégias
para que ela se concretize. Além disso, você vai perceber que nem
toda informação disponível na internet tem qualidade e que não é
possível copiar informações de um documento, seja de livro, revista,
jornal, blog, artigo etc. sem citar a sua fonte. Ao final do capítulo
você será capaz de:
a) localizar, identificar e selecionar fontes de informação ade-
quadas à realização de trabalhos acadêmicos e de pesquisa
científica;
b) realizar a leitura e a interpretação de textos acadêmicos;
c) conhecer eventos técnicos e científicos e formas de participação.
Pronto para iniciar os estudos e aprender como desenvolver um bom
projeto de pesquisa? Então vamos lá!
4 Pesquisa bibliográfica e suas etapas 61

4.1 Etapas da pesquisa bibliográfica


Saber realizar uma pesquisa bibliográfica é importante para os estu-
dantes dos cursos de graduação porque ela se constitui no primeiro
passo para todas as atividades acadêmicas. Para realizar qualquer tra-
balho acadêmico, como um seminário, painel, resumo crítico, resenha,
debate, monografia, é preciso realizar uma pesquisa bibliográfica.

Shutterstock (2012)

Segundo Trujullo (1974, p. 230 apud LAKATOS; MARCONI, 2001, p.


43 e 44), a pesquisa bibliográfica pode ser assim entendida como:

[...] levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de


livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade
é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi
escrito sobre determinado assunto, com o objetivo de permitir ao
cientista “o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipu-
lação de suas informações”.

Dessa forma, pode-se concluir que a pesquisa bibliográfica procura es-


clarecer as dúvidas ou problemas a partir de referenciais teóricos.

Segundo Gil (2002, p. 59-60), a pesquisa bibliográfica possui as seguin-


tes etapas.

a) escolha do tema;
b) levantamento bibliográfico preliminar;
c) formulação do problema;
62 Métodos e técnicas de pesquisa

d) elaboração do plano provisório de assunto;


e) busca das fontes;
f) leitura do material;
g) fichamento;
h) organização lógica do assunto;
i) redação do texto.

• Escolha do tema

Antes de iniciar a pesquisa propriamente dita, faz-se necessário esco-


lher o tema. O tema pode surgir de um interesse particular ou profis-
sional, de algum estudo ou leitura e o pesquisador deve levar em conta
o material bibliográfico que deve ser suficiente e disponível (CERVO;
BERVIAN; SILVA, c2007). O tema deve ser bem delimitado para que
não seja amplo ou complexo demais, portanto, deve-se definir sua ex-
tensão e profundidade.

Após a escolha do assunto, o passo seguinte é a sua delimitação. É ne-


cessário evitar a eleição de temas muito amplos que ou são inviáveis
Shutterstock (2012)

como objeto de pesquisa aprofundada ou conduzem a divagações,


discussões intermináveis, repetições de lugares-comuns ou “desco-
bertas” já superadas. (LAKATOS; MARCONI, 2001, p. 45).

Acompanhe nos exemplo a seguir a diferença entre um tema amplo de-


mais e um devidamente delimitado.

• Exemplo de tema amplo: carros.

Note que se você escolher esse tema para realizar


sua pesquisa, terá que desenvolver um trabalho
extenso, uma vez que não há nenhuma limitação,
por isso ele pode ficar extenso e superficial ao mes-
mo tempo. Com um tema assim você terá que fa-
lar tudo sobre carros, desde a sua história, evolu-
ção, tecnologia, modelos, até os tipos de carros que
serão lançados em um futuro longínquo. Ou seja,
você apresentará um pouco de tudo e não estudará
nada em profundidade.
Shutterstock (2012)

Agora, se você delimitar adequadamente o seu


tema, poderá realizar uma pesquisa focada e rele-
vante para o desenvolvimento do seu conhecimen-
to. Acompanhe o exemplo de um tema delimitado.
4 Pesquisa bibliográfica e suas etapas 63

• Exemplo de tema delimitado: modelos de carros de passeio pro-


duzidos no Brasil na década de 1970.

A partir dessa definição, você sabe bem o que pesquisar, não é verdade?
Você não vai pesquisar sobre os modelos de carros esportivos ou então
sobre os modelos produzidos desde a década de 1900 até os dias atuais.
Sua pesquisa estará focada e o tema poderá ser explorado em profundi-
dade. Além disso, é preciso levar em conta a sua “relevância e exequibi-
lidade, isto é, a possibilidade de desenvolver bem o assunto, dentro dos
prazos estipulados [...].” (ANDRADE, 2003, p. 59).

• Levantamento bibliográfico preliminar

O levantamento preliminar da bibliografia existente nada mais é do que


um estudo exploratório que tem por objetivo proporcionar ao pesqui-
sador familiaridade com a área de estudo na qual está interessado. Essa
etapa permite ao pesquisador delimitar o tema de sua pesquisa ou então
mudar o propósito inicial em função da dificuldade de tratá-lo adequa-
damente ou, então, por já ser um assunto estudado exaustivamente.

O mais importante é identificar fontes fidedignas, confiáveis, de auto-


res renomados e considerados autoridades no assunto que se vai estu-
dar. (ANDRADE, 2003, p. 44).

• Formulação do problema

Após o levantamento bibliográfico preliminar, o


pesquisador deve elaborar o problema da pesqui-
sa. Segundo Gil (2002, p. 62), existem algumas per-
guntas que podem auxiliar o pesquisador a formu-
lar o problema de sua pesquisa. Acompanhe:

a) O tema é de interesse do pesquisador?


b) O problema apresenta relevância teórica e
prática?
d) A qualificação do pesquisador é adequada
para seu tratamento?
e) E
 xiste material bibliográfico suficiente e
disponível para seu equacionamento e
solução?
f) O problema foi formulado de maneira clara,
Shutterstock (2012)

precisa e objetiva?
g) O pesquisador dispõe de tempo e outras
condições de trabalho necessárias ao de-
senvolvimento da pesquisa?
64 Métodos e técnicas de pesquisa

Como na definição e delimitação do tema, é preciso definir com clareza


o que se quer saber sobre o assunto escolhido.

Retornando ao exemplo anterior sobre a pesquisa dos modelos de car-


ros de passeio produzidos no Brasil na década de 1970, para se definir
o problema a ser pesquisado é preciso identificar sob que enfoque pre-
tende-se abordar esse assunto. O tema pode ser estudado sob o enfoque
econômico, político, social, antropológico, jurídico, biológico, psicoló-
gico etc. (GIL, 2002). Então, um exemplo de problema para o tema cita-
do anteriormente pode ser:

• Identificar os impactos sociais que a produção de vários mode-


los de carros de passeio provocou na sociedade brasileira na dé-
cada de 1970.

Assim fica claro que a identificação do problema direciona a pesquisa.


Desta forma, além de desenvolver uma fundamentação teórica sobre os
modelos fabricados no Brasil na década de 1970, é preciso analisar qual
foi o impacto social que eles geraram.

Após a elaboração do problema e da definição dos objetivos da pesquisa,


faz-se o levantamento bibliográfico, o que pode levar o pesquisador a
reformular o problema, até que ele seja ade-
quado à investigação.

• E
 laboração do plano provisório de
assunto

Na elaboração do plano provisório de assun-


to define-se uma estrutura lógica de trabalho,
onde as partes devem vincular-se. Essa fase é
importante para direcionar as pesquisas, en-
Shutterstock (2012)

tretanto, em função do pouco conhecimento


do assunto a ser pesquisado, não se estabelece
um plano definitivo de trabalho, que só será
elaborado no final da coleta dos dados.

• Busca de fontes

Uma vez que o plano provisório de assunto foi elaborado, faz-se necessá-
rio identificar as fontes capazes de fornecer as respostas ao problema pro-
posto para a pesquisa. Uma parte dessa tarefa já foi desenvolvida no le-
vantamento bibliográfico preliminar, entretanto, agora é preciso definir
com clareza quais são as fontes bibliográficas adequadas para a pesquisa
que podem ser artigos científicos, livros, normas, leis, patentes, dicioná-
4 Pesquisa bibliográfica e suas etapas 65

rios, enciclopédias, índices. Além disso, Gil (2002) afirma que existem
muitas fontes de interesse para a pesquisa bibliográfica além dos livros,
tais como: obras de referência, teses e dissertações, periódicos científicos,
anais de encontros científicos e periódicos de indexação e de resumo.

• Leitura do material

A maioria dos conhecimentos que desenvolvemos ao longo de nossa


vida é obtida por meio da leitura, entretanto é preciso diferenciar os
elementos mais importantes dos que não o são, por isso é preciso saber
escolher o que ler. Ler significa conhecer, interpretar, decifrar e, para
que desenvolvamos o saber, é preciso que a leitura seja uma atividade
corriqueira e que os conteúdos lidos sejam assimilados.

Segundo Andrade (2003), uma vez que foram identificadas as obras


mais significativas para a sua pesquisa, faz-se necessário localizar as
informações úteis através das leituras: prévia, seletiva, crítica/analítica
e a interpretativa.

Leitura prévia: na leitura prévia o pesquisador faz a


leitura do sumário, prefácio, contracapa, orelhas do
livro, títulos e subtítulos visando à identificação das
informações desejadas. Também é aconselhável fa-
zer uma leitura rápida de algumas páginas para se ter
uma ideia sobre o conteúdo da obra. Por meio dessa
pré-leitura faz-se a seleção das obras que serão exami-
nadas com mais profundidade.

São duas as finalidades dessa leitura: em primeiro


lugar, permitirá ao estudante selecionar os docu-
mentos bibliográficos que contêm dados ou infor-
mações suscetíveis de serem aproveitados na fun-
damentação de seu trabalho; em segundo lugar,
dará ao estudante uma visão global do assunto
focalizado, visão indeterminada, mas indispensá-
vel para poder progredir no conhecimento. (CER-
VO; BERVIAN; SILVA, c2007, p. 84).

Leitura seletiva: nesse tipo de leitura o pesquisador


verifica se as obras pré-selecionadas realmente abor-
dam os assuntos que são o foco de sua pesquisa, ou
Shutterstock (2012)

seja, realiza-se uma nova seleção. Como o próprio


nome sugere, “[...] selecionar é eliminar o dispensável
para fixar-se no que realmente é de interesse.” (CER-
VO; BERVIAN; SILVA, c2007, p. 84).
66 Métodos e técnicas de pesquisa

Leitura crítica/analítica: nesse tipo de leitura faz-se a interpretação


do texto, a apreensão do conteúdo que será submetido à análise e à
interpretação.

É uma fase de estudos, isto é, de reflexão deliberada e consciente


(processo de aprendizagem); de percepção dos significados, o que en-
volve um esforço reflexivo que se manifesta por meio das operações
de análise, comparação, diferenciação, síntese e julgamento (pro-
cesso de apreensão); de apropriação dos dados rerentes ao assunto
ou problema (processo de assimilação). (CERVO; BERVIAN; SILVA,
c2007, p. 85).

Leitura interpretativa: procura-se estabelecer relações, confrontar


ideias, refutar ou confirmar opiniões.

• Fichamento

Quando você faz uma pesquisa bibliográfica, é preciso que as principais


ideias e conceitos encontrados na literatura sejam devidamente registra-
dos porque, com o tempo e a quantidade de leituras feitas, pode acon-
tecer de você não saber mais onde foi que você as encontrou. Como nos
livros que você consulta em bibliotecas escolares ou públicas não é pos-
sível fazer anotações ou registros, o melhor instrumentos para fazer as
anotações é em fichas. Segundo Andrade (2003, p. 61), “[...] a vantagem
de se utilizar o método de fichamento para a documentação dos dados
está na possibilidade de obter-se a informação exata, na hora necessária.”

Shutterstock (2012)
4 Pesquisa bibliográfica e suas etapas 67

Fique atento!
Não adianta nada anotar os assuntos em fichas se não
souber usá-las e organizá-las. Por isso, as fichas devem
ter indicações precisas do conteúdo, obra e finalidade.

Como a maior parte do material consultado não pertence ao pesquisa-


dor, as fichas permitem:

a) identificar as obras;
b) conhecer seu conteúdo;
c) fazer citações;
d) analisar o material;
e) elaborar críticas (LAKATOS; MARCONI, 2001, p. 51).

Acompanhe a seguir os principais tipos de ficha que podem ser utiliza-


dos pelo pesquisador para que as informações não se percam ao longo
de toda a atividade.

Figura 4: Ficha de indicação bibliográfica: obra (ou título)


Fonte: Da autora (2012).
68 Métodos e técnicas de pesquisa

Figura 5: Ficha de transcrição


Fonte: Da autora (2012).

Figura 6: Ficha de apreciação


Fonte: Andrade (2003, p. 68).
4 Pesquisa bibliográfica e suas etapas 69

Figura 7: Ficha de citações


Fonte: Silva (2003, p. 3).
70 Métodos e técnicas de pesquisa

Figura 8: Ficha de resumo descritivo


Fonte: Silva (2003, p. 8).

Dependendo do tamanho e padronização das fichas, pode-se armaze-


ná-las verticalmente em um fichário ou então em arquivo eletrônico. O
importante é ter as informações organizadas e devidamente registra-
das para que, quando chegar a hora de elaborar o texto do relatório da
pesquisa, elas estejam disponíveis e acessíveis.

• Organização lógica do assunto

Antes de partir para a redação do texto é preciso construir o trabalho


de forma lógica, ou seja, organizar as ideias de forma a atender os obje-
tivos ou testar as hipóteses elaboradas no início da pesquisa. Parte des-
sa atividade já foi desenvolvida na elaboração do plano provisório de
assunto, entretanto é bem possível que durante o desenvolvimento da
Shutterstock (2012)

pesquisa, outros temas tenham sido pesquisados e, por isso, é necessá-


rio fazer uma análise cuidadosa para que o assunto fique estruturado,
“para que ele possa ser entendido como uma unidade dotada de sentido.”
(GIL, 2002, p. 84).
4 Pesquisa bibliográfica e suas etapas 71

Fique atento!
Para que o desenvolvimento do texto seja mais fácil,
é preciso que os textos, recortes de revistas e jornais,
fichas de anotações estejam devidamente organizados e
disponíveis.

• Redação do texto

A última etapa do relatório de uma pesquisa bibliográfica é a elabo-


ração do texto propriamente dito. Esse assunto será abordado mais
adiante, nos capítulos 5 e 6, quando estudaremos como redigir um pro-
jeto de pesquisa e qual é a estrutura e redação do trabalho acadêmico.

4.2 Estratégias de pesquisa e qualidade da


informação na internet
Um pesquisador, como já mencionado anteriormente, precisa lançar
mão de várias fontes de consulta e atualmente, com a popularização da
rede mundial de computadores, ela se tornou um extraordinário acer-
vo de dados nas mais diversas áreas do conhecimento. Entretanto, o
pesquisador precisa escolher muito bem suas fontes de dados, uma vez
que, assim como existem informações valiosas, muita coisa ruim tam-
bém está disponível. Pela facilidade e comodidade, a internet eliminou
barreiras de tempo e espaço na consulta de obras nas mais diferentes
áreas. Segundo Severino (2002, p. 138), “como se trata de uma enorme
rede, com um excessivo volume de informações, sobre todos os domí-
nios e assuntos, é preciso saber garimpar, sobretudo dirigindo-se aos
endereços certos”.

Para as pesquisas acadêmicas e científicas, os endereços das bibliotecas


das grandes universidades são fontes inestimáveis de consultas, pois é
possível consultar obras digitalizadas, mesmo a muitos quilômetros de
distância. Assim como as bibliotecas, sites de periódicos como revistas e
jornais podem ser consultados on-line. Acompanhe, no quadro a seguir,
as principais fontes de consulta de on-line:
72 Métodos e técnicas de pesquisa

Entidade Endereço O que encontrar


Biblioteca eletrônica com periódicos cien-
SciELO http://www.scielo.br
tíficos brasileiros.
Banco de Teses – resumos de teses e dis-
CAPES http://www.capes.gov.br sertações apresentadas no Brasil desde
1987.
Biblioteca Digital de Textos integrais de parte das teses e dis-
http://www.teses.usp.br
Teses e Dissertações sertações apresentadas na USP.
Serviço que oferece alguns e-livros gratui-
Cultvox http://www.cultvox.com.br
tamente e vende outros.
http://www.dearreader. Clube virtual que envia por e-mail trechos
Dearreader.com
com de livros.
http://www.ebooksbrasil. Livros eletrônicos gratuitos em diversos
eBooksbrasil
com formatos.
Biblioteca Virtual do http://www.bibvirt.futuro. Especializada em literatura em língua por-
Estudante Brasileiro usp.br tuguesa.
Biblioteca Digital de http://www.obrasraras. Livros completos digitalizados, como um
Obras Raras usp. br de Lavoisier editado no século 19.
Biblioteca do Sena- http://www.senado.gov.br/ Sistema de busca nos 150 mil títulos da bi-
do Federal biblioteca blioteca.
Biblioteca Mário de http://www.prefeitura.sp. Acervo, eventos e história da principal bi-
Andrade gov.br/mariodeandrade blioteca de São Paulo.
Virtual Books http://virtualbooks.terra. E-livros gratuitos em português, inglês,
Online com.br francês, espanhol, alemão e italiano.
Considerada a maior e uma das melhores
Biblioteca do
bibliotecas do mundo, é referência inter-
Congresso http://www.loc.gov
nacional, com conteúdos trabalhados e
americano
relacionados.
O site é referência para todas as bibliote-
Biblioteca cas do país, com farta documentação e
http://www.bn.br
Nacional (Brasil) imagens digitalizadas, além de informa-
ções e serviços.
A cidade tem a maior rede de bibliotecas
públicas do país, e uma visita ao site é im-
http://www4.prefeitura.sp.
Bibliotecas da prescindível para conhecer suas coleções
gov.br/biblioteca/PaginaI-
cidade de São Paulo e serviços, com destaque para as obras e
nicial.asp
imagens digitalizadas da Biblioteca Mário
de Andrade.
4 Pesquisa bibliográfica e suas etapas 73

Grande referência na área de bibliotecas


Bibliotecas virtuais
virtuais é o site mais importante no Brasil
do sistema MCT/ http://www.prossiga.br
de informação e comunicação sobre ciên-
CNPq/Ibict
cia e tecnologia.
O consórcio Cruesp/Bibliotecas interli-
Bibliotecas das ga Unesp, Unicamp e USP, e o internauta
http://bibliotecas-cruesp.
universidades pode consultar as mais importantes bi-
usp. br
públicas paulistas bliotecas universitárias do país, referências
para diferentes campos da pesquisa
Quadro 3: Principais bibliotecas on- line do mundo
Fonte: Adaptado da Biblioteca Municipal “Poeta Paulo Bomfim” (2009).

Segundo Ferreira (c2011, p. 12), a internet, apesar de ser uma grande


fonte de informação, possui algumas limitações que precisam ser con-
sideradas pelo pesquisador, como a “grande insegurança relativa ao
tempo de disponibilidade das informações divulgadas. [...] e pelo fato
de que qualquer pessoa pode publicar pela internet, o que decidir, não
estando sujeito à aprovação de um conselho científico.”

4.3 Ética na pesquisa (postura)


Você deve estar se perguntando por que este material didático apresen-
ta uma seção dedicada exclusivamente à ética na pesquisa. Pois bem, a
seção pretende discutir a questão da ética na pesquisa no que se refere
ao direito à propriedade intelectual do autor e à postura diante dos
documentos disponibilizados na rede mundial de
computadores. Entretanto, antes de iniciarmos a
discussão sobre o tema, vejamos o que vem a ser
ética.

A palavra ética vem do grego ethos, original-


mente tinha o sentido de “morada”, “lugar em
que se vive” e posteriormente significou “cará-
ter”, “modo de ser” que se vai adquirindo du-
rante a vida. O termo moral procede do latim
mores que originariamente significava “costu-
me” e em seguida passou a significar “modo
de ser”, “caráter”. Portanto, as duas palavras
têm um sentido quase idêntico. (CORTINA;
Shutterstock (2012)

MARTÍNEZ, 2005, p. 3).

Apesar de as palavras moral e ética terem sentido


quase idêntico, a moral baseia-se na obediência aos
74 Métodos e técnicas de pesquisa

costumes e hábitos de um grupo social, e a ética procura fundamentar


as ações morais pela razão. Além disso, alguns autores também consi-
deram a ética como um conjunto de princípios e normas que um grupo
estabelece para si.

A nossa sociedade também tem normas e princípios estabelecidos e que


devem ser seguidos, por isso cabe refletir sobre a confiabilidade das in-
formações disponibilizadas na rede mundial de computadores e sobre
a questão do respeito aos direitos autorais. Veja o que Débora Diniz
descreve sobre a questão dos direitos autorais.

Minha argumentação focaliza dois interditos comuns e inerentes a


todas as áreas do conhecimento: o reconhecimento da autoria e o
registro das fontes. Os interditos compõem aquela parcela de regras
da comunicação científica que jamais deve ser violada. Transgredir es-
sas regras é, por sua vez, a mais grave infração ética na comunicação
científica. De acordo com os dois interditos, qualquer pesquisa tem
de reconhecer a autoria das ideias e argumentos anteriores, assim
como deve utilizar e citar somente as fontes de fato analisadas. A
desobediência a qualquer um desses interditos conduz a dois crimes:
para o não reconhecimento da autoria, há o crime de plágio; para o
não registro das fontes, há o crime de falsidade argumentativa. (DI-
NIZ, 2008, p. 1).

Leia e reflita
Você sabia que existe uma Lei do Direito Autoral? Sim, é
verdade! É a Lei nº 9.610/98! O artigo 22 dessa lei afirma
que “pertencem ao autor os direitos morais e patri-
moniais sobre a obra que criou.” (BRASIL, 1998, p. 6).
Você pode consultar essa lei no site <http://www.bn.br/
portal/arquivos/pdf/Lei%209.610%20de%2098.pdf> e
conhecer em detalhes o que essa lei preconiza.

Além da Lei do Direito Autoral, a nossa Constituição, o Código Civil e


o Código Penal também tratam desse assunto. Acompanhe a seguir os
itens que abordam essa questão.

A Constituição Federal Brasileira, em seu artigo 5º, capítulo XXVII,


afirma que: “aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, pu-
blicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo
tempo que a lei fixar.” (BRASIL, 1998). Já o Código Civil, em seu artigo
186, determina que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, ne-
gligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
4 Pesquisa bibliográfica e suas etapas 75

que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” (BRASIL, 2002). E no


artigo 927 foi acrescentado ainda que “aquele que, por ato ilícito (arts.
186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.” Além disso,
o Código Penal, em seu artigo 184, afirma que aquele que “violar direi-
tos de autor e os que lhe são conexos: Pena - detenção, de 3 (três) meses
a 1 (um) ano, ou multa.” (BRASIL, 1940). E, acrescenta os incisos 1 a 4
determinado as penas que se aplicam a cada caso. Acompanhe:

§ 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com in-


tuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de
obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autori-
zação expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do pro-
dutor, conforme o caso, ou de quem os represente. Pena - reclusão,
de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro
direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz
no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra
intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de au-
tor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do
produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra
intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares
dos direitos ou de quem os represente.
§ 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante
cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que per-
mita ao usuário realizar a seleção da
obra ou produção para recebê-la em
um tempo e lugar previamente deter-
minados por quem formula a demanda,
com intuito de lucro, direto ou indireto,
sem autorização expressa, conforme o
caso, do autor, do artista intérprete ou
executante, do produtor de fonograma,
ou de quem os represente. Pena - re-
clusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
multa.
§ 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não
Shutterstock (2012)

se aplica quando se tratar de exceção


ou limitação ao direito de autor ou os
que lhe são conexos, em conformidade
com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de
fevereiro de 1998, nem a cópia de obra
intelectual ou fonograma, em um só
exemplar, para uso privado do copista,
sem intuito de lucro direto ou indireto. (BRASIL, 1940).

Como você pôde ler, o direito autoral está assegurado e aquele que des-
cumprir a lei sofrerá as sanções cabíveis, portanto, além de ser consi-
derado crime, é antiético. Diniz (2008) ainda destaca que conhecer as
regras de difusão do conhecimento é relativamente fácil e que o desafio
76 Métodos e técnicas de pesquisa

está em incorporá-las como fundamento ético na produção intelectual


do mundo acadêmico. Por isso não é possível coletar informações em
qualquer site e acreditar que sejam confiáveis só porque todas as pes-
soas têm acesso a elas. Textos que não possuem autoria declarada po-
dem ser fruto de plágio, ou então, não ter base científica alguma. Por
isso, fica a dica: escolha bem suas fontes de pesquisa para que seu tra-
balho não seja considerado de pouca qualidade. Como já mencionamos
na seção anterior, para fazer pesquisas de qualidade na rede mundial
de computadores é preciso saber escolher as fontes mais confiáveis e
respeitar o direito autoral, sendo dessa forma, ético.

4.4 Eventos técnicos e científicos


Os trabalhos ou pesquisas podem e devem ser divulgados porque per-
mite a difusão do conhecimento e confere ao autor prestígio e direito
de propriedade intelectual. A disseminação do conhecimento pode ser
feita por meio de publicações em periódicos ou eventos técnicos e cien-
tíficos, com o objetivo de:

[...] disseminar o conhecimento; conferir a propriedade intelectual ao


autor, ou a prioridade de autoria; servir de memória, fonte educacio-
nal e histórica do conhecimento produzido; servir como instituição
social atribuindo prestígio e reconhecimento a autores, a instituições,
a editores e avaliadores sendo imprescindíveis na definição e legitima-
ção de novos campos do conhecimento. (RIBEIRO, 2006, p. 7).

As principais modalidades empregadas para a apresentação de traba-


lhos técnicos e científicos são: congressos, seminários, cursos, palestras,
feiras, exposições, mesas redondas, simpósios, painéis, fóruns, confe-
rências, ciclo de palestras etc. Acompanhe no quadro a seguir as carac-
terísticas de cada um desses eventos.

Modalidade Característica
Reunião ou encontro de entidades de classe ou associações para a apresenta-
Congresso
ção de conferências. Os congressos podem ser científicos ou técnicos.
Reunião de um grupo de estudos que centraliza debates de assuntos expos-
tos pelos participantes. Trata-se de uma exposição oral para participantes que
Seminário
possuam algum conhecimento prévio do assunto a ser debatido. A sessão divi-
de-se em três partes: fase de exposição, fase de discussão, fase de conclusão.
Conjunto de matérias ou lições ministradas em aulas, conferências
Curso
ou palestras.
4 Pesquisa bibliográfica e suas etapas 77

Palestra Conversa, apresentação de ideias ou conceitos sobre determinado assunto.


Demonstração pública. Pode ser organizada por um órgão, como, por exem-
Feira plo, as feiras da Editora da UNICAMP ou a Feira de Tecnologia de iniciativa da
administração central.

Exposição Exibição pública de produção artística, industrial, técnica e científica.

É preparada e conduzida por um coordenador, que pode ser denominado pre-


sidente e funciona como elemento moderador, orientando a discussão para
que ela se mantenha em torno do tema principal. Os participantes geralmente
Mesa redonda são especialistas que apresentam seus pontos de vista sobre o tema, com tem-
po-limite para a exposição. Após as exposições, os participantes são levados a
debater entre si os vários pontos de suas teses, podendo haver a participação
dos presentes na forma de perguntas.
Reunião de iniciativa de determinada classe técnica, artística ou científica para
debates ligados a um assunto específico e a discussão de tema afim a seus in-
Simpósio
teresses. O simpósio é derivado da mesa-redonda; nele os participantes não
debatem entre si.
Forma de reunião limitada a um pequeno número de especialistas, em que os
Painel expositores debatem entre si o assunto em pauta. O público não tem direito
de formular perguntas à mesa.
Tipo de reunião menos técnica cujo objetivo é conseguir a efetiva participação
Fórum
de um público numeroso, que deve ser motivado.
Trata-se de uma preleção pública sobre determinado assunto técnico, artístico,
científico ou literário. O conferencista expõe um tema previamente escolhido
Conferência
por um tempo determinado, e em seguida responde às perguntas formuladas
por escrito pelo auditório e dirigidas à mesa. É comum a figura do moderador.
Derivado da conferência, difere desta pelo fato de poder estar vinculado a
Ciclo de
uma série de palestras pronunciadas por professores e especialistas na matéria
palestras
abordada.
Reunião de determinados grupos de profissionais realizada periodicamente,
com o objetivo de discussão em congressos. São pequenos congressos, diferin-
Jornada
do destes por se tratar de reuniões de grupos de determinada região em épo-
cas propositadamente não coincidentes.
Quadro 4: Modalidades para apresentação de trabalhos técnicos e científicos
Fonte: Adaptado de Unicamp (2012).

Os trabalhos de conclusão de curso são normalmente apresentados em


bancas de TCC para avaliação e socialização do conhecimento desen-
volvido ao término do curso de graduação.
78 Métodos e técnicas de pesquisa

Resumindo
Concluímos aqui mais um capítulo de estudos, que se dedicou a relacionar as
etapas de uma pesquisa bibliográfica e as principais estratégias empregadas
para realizá-la. Agora você já sabe que é preciso localizar, identificar, selecionar,
ler e interpretar adequadamente boas fontes de informação para que seus traba-
lhos acadêmicos tenham qualidade.
Além disso, tivemos a oportunidade de refletir sobre a ética na pesquisa e a
qualidade da informação disponibilizada na rede mundial de computadores,
ficando evidente que existem leis e regras que precisam ser respeitadas para que
não incorramos em crime ou ato antiético. Aqui você também conheceu quais
são os principais eventos técnicos e científicos existentes e sua importância para
a difusão do conhecimento produzido.
Interessante o assunto discutido neste capítulo, não é mesmo? No próximo você
estudará como elaborar um projeto de pesquisa. Siga em frente!
Elaboração de projeto
5
de pesquisa

Estamos iniciando mais um capítulo em nossos estudos, que aborda-


rá a questão da elaboração de um projeto de pesquisa. Aqui você vai
conhecer a estrutura de um projeto de pesquisa, como desenvolvê-
-lo, como redigi-lo e quais são os aspectos gráficos que devem ser
observados. Dessa forma, quando você precisar fazer um projeto de
pesquisa, saberá como proceder e o que deve constar para que sua
pesquisa seja aprovada e que seu trabalho alcance os resultados es-
perados. Ao final do capítulo você terá subsídios para:
a) aplicar as normas da ABNT na elaboração de trabalhos aca-
dêmicos;
b) elaborar projetos de pesquisa;
c) redigir um projeto de pesquisa.
Então, ficou interessado no assunto? Vamos lá!
5 Elaboração de projeto de pesquisa 81

5.1 Estrutura do projeto de pesquisa


Antes de desenvolvermos uma pesquisa, faz-se necessário planejá-la,
certo? Sim, porque isso evita improvisação e dá segurança ao pesquisa-
dor. Brenner e Jesus (2007, p. 27 apud MEDEIROS c2009, p. 190) afir-
mam que “fazer uma pesquisa sem elaborar um projeto implica impro-
visações, tornando o trabalho difícil e seu resultado confuso e incerto,
gerando insegurança e duplicação de esforços.”

Shutterstock (2012)

Mas o que vem a ser um projeto de pesquisa? Pare e pense: se você pre-
tende construir uma casa, qual a primeira coisa que você faz? Faz um
desenho da casa que você sonha, certo? Apesar de ser apenas um esbo-
ço, deixa claro o tipo de casa que você quer: quantos quartos, banhei-
ros, sala, cozinha, área de serviço, um ou dois pavimentos etc. Somente
a partir dessa definição é que você iniciará a construção, não é verda-
de? Claro, porque você não saberia nem por onde começar nem quan-
to tempo ou dinheiro precisaria. Então, como o próprio nome sugere,
projeto de pesquisa é a descrição detalhada de um assunto que você
pretende estudar.

Projeto de pesquisa é um texto que define e mostra, com detalhes, o


planejamento do caminho a ser seguido na construção de um traba-
lho científico de pesquisa. É um planejamento que impõe ao autor or-
dem e disciplina para execução do trabalho de acordo com os prazos
estabelecidos (MARTINS; THEÓPHILO, 2007, p. 209 apud MEDEI-
ROS, c2009, p. 190).
82 Métodos e técnicas de pesquisa

Então, como você pode perceber o projeto de pesquisa descreve os procedi-


mentos e ações que serão desenvolvidas na futura pesquisa. Dessa forma,
fica evidente que ele possui uma estrutura definida. E você sabe qual é?
Não? Então fique atento: segundo a ABNT NBR 15.287 (2011), a estrutura
de um projeto de pesquisa compreende a parte externa e a parte interna.

PARTE EXTERNA
As informações devem ser apresentadas na seguinte ordem: nome
da entidade para o qual o projeto será submetido, nome do(s)
Elemento
Capa autor(es), título e subtítulo (se houver), número do volume (se
opcional
houver), local (cidade) da entidade onde o projeto será apresenta-
do e ano de depósito (da entrega).
Elemento
Lombada Elaborada conforme a ABNT NBR 12225.
opcional
PARTE INTERNA: Elementos pré-textuais
As informações devem ser apresentadas na seguinte ordem: nome
do(s) autor(es), título e subtítulo (se houver), número do volu-
Folha de Elemento me (se houver), tipo de projeto de pesquisa e nome da entidade
rosto obrigatório a que deve ser submetido, nome do orientador, coorientador ou
coordenador(se houver), local (cidade) da entidade onde deve ser
apresentado, ano de depósito (da entrega).
Elaborado de acordo com a ordem apresentada no texto, desig-
Listas de Elemento
nado por seu nome específico, travessão, título e respectivo núme-
ilustrações opcional
ro da folha ou página.
Lista de Elemento Elaborado de acordo com a ordem apresentada no texto, com o
símbolos opcional devido significado.
Elaborado de acordo com a ordem apresentada no texto, desig-
Lista de Elemento
nado por seu nome específico, acompanhado do respectivo núme-
tabelas opcional
ro da folha ou página, abreviaturas e siglas e símbolos.
Lista de Consiste na relação alfabética das abreviaturas e siglas utilizadas
Elemento
abreviaturas no texto, seguidas das palavras ou expressões correspondentes
opcional
e siglas grafadas por extenso.
Elemento
Sumário Deve ser elaborado conforme a ABNT NBR 6027.
obrigatório
PARTE INTERNA: Elementos textuais
O texto deve ser constituído de uma parte introdutória, na qual de-
vem ser expostos o tema do projeto, o problema a ser abordado, a(s)
hipótese(s), quando couber(em), bem como o(s) objetivo(s) a ser(em)
Elemento obrigatório
atingido(s) e a(s) justificativa(s). É necessário que sejam indicados o
referencial teórico que o embasa, a metodologia a ser utilizada, assim
como os recursos e o cronograma necessários à sua consecução.
5 Elaboração de projeto de pesquisa 83

PARTE INTERNA: Elementos pós-textuais


Elemento
Referências Elaborado conforme a ABNT NBR 6023.
obrigatório
Elemento
Glossário Elaborado em ordem alfabética.
opcional
Deve ser precedido da palavra APÊNDICE, identificado por letras
Elemento maiúsculas consecutivas, travessão e pelo respectivo título. Utili-
Apêndice
opcional zam-se letras maiúsculas dobradas, na identificação dos apêndi-
ces, quando esgotadas as letras do alfabeto.
Deve ser precedido da palavra ANEXO, identificado por letras
Elemento maiúsculas consecutivas, travessão e pelo respectivo título. Utili-
Anexo
opcional zam-se letras maiúsculas dobradas, na identificação dos anexos,
quando esgotadas as letras do alfabeto.
Elemento
Índice Elaborado conforme a ABNT NBR 6034.
opcional
Quadro 5: Estrutura de um projeto de pesquisa
Fonte: Adaptado de ABNT NBR 15.287 (2011).

Segundo Gil (2007, p. 161 apud MEDEIROS, c2009, p. 195), um projeto


de pesquisa não tem um roteiro rígido e, por isso, “[...] é possível, no en-
tanto, oferecer um modelo relativamente flexível, mas que considere os
elementos considerados essenciais e possibilite a inclusão dos itens ine-
rentes à especificidade da pesquisa”. A ABNT NBR 15287 traz uma di-
retriz dos itens essenciais ao desenvolvimento de projetos de pesquisa,
no entanto o SENAI/SC, buscando padronizar, desenvolveu um “Guia
para Elaboração de Trabalhos Acadêmicos” com as etapas considera-
das essenciais, bem como disponibiliza um formulário padrão (mode-
lo) que servirá como um norteador. Todos os documentos necessários
para o desenvolvimento do trabalho encontram-se disponíveis no Por-
tal do Aluno e será disponibilizado pelo docente no Ambiente Vir-
tual de Aprendizagem.

5.2 Desenvolvimento do projeto de pesquisa


A primeira etapa do seu projeto de pesquisa é a definição do tema. O
tema deve responder à pergunta: Qual é o assunto? Este, portanto,
deve expressar de forma clara, objetiva e direta o conteúdo temático do
trabalho como, por exemplo: Influência da família na educação escolar
das crianças de 7 a 10 anos da escola fundamental Beatriz Castro Neves
localizada na cidade de Jaraguá do Sul – SC.
84 Métodos e técnicas de pesquisa

Fique atento!
Caso exista alguma dúvida ainda, consulte novamente o
capítulo 4, que abordou esse assunto detalhadamente.

Uma vez que o pesquisador definiu o tema de seu interesse, faz-se


necessário identificar e descrever o problema a ser resolvido. Dada
sua importância, o problema deve ser elaborado de forma clara e
precisa, em forma de pergunta e passível de solução. O problema
deve responder à pergunta: O que resolver? Ou seja, é preciso iden-
tificar as causas, delimitando e circunscrevendo o tema x problema.
Shutterstock (2012)

Ex.: A participação da família na educação da criança consegue


influenciar o desempenho escolar?

Dica!
Na redação do problema, além de escrever a pergun-
ta à qual você quer responder, é importante relatar
sinteticamente como chegou ao tema objeto da
investigação, ou seja, qual a origem do problema, as
conjunturas que interferiram nesse processo e por que
fez tal opção.

Além disso, é importante construir hipóteses, definir objetivos e delimi-


tar o assunto analisando a relevância da pesquisa que será desenvolvida
justificando-a dessa forma, porque, se ela não acrescenta ou permite o
avanço da ciência, é inútil. (MEDEIROS, c2009).

Os objetivos e as hipóteses devem responder à pergunta: Para quê? Per-


ceba que objetivo é diferente de hipótese. Um objetivo descreve o que
você pretende alcançar e a hipótese é uma suposição que você quer des-
cobrir se é verdadeira ou não.

Objetivo: identificar a influência da participação da família no desem-


penho escolar da criança.

Hipótese: “Há uma correlação entre o aumento da participação da


família na educação da criança e a melhoria do desempenho escolar.”
(FERREIRA, c2011, p. 63).
5 Elaboração de projeto de pesquisa 85

A justificativa, por sua vez, deve descrever as consequências, respondendo


à pergunta: Por quê?, relatando, dessa forma, a contribuição que a sua
pesquisa trará, bem como sua importância e relevância. Veja um exemplo:

As crianças com idade escolar ente 7 e 10 anos da escola fundamen-


tal Beatriz Castro Neves, localizada na cidade de Jaraguá do Sul – SC,
têem apresentado desempenhos muito diferentes nos últimos 3 anos.
Observou-se que o desempenho de alguns alunos mudou radicalmente
depois que houve um movimento da coordenação pedagógica no sen-
tido de conscientizar os pais sobre a importância do seu envolvimento
na educação dos filhosvuais foram os fatores que desencadearam esse
aumento tão expressivo e se o preponderante é a influência dos pais.
Essa pesquisa justifica-se, pois dependendo dos resultados, a direção da
escola pode ou não alocar mais recursos financeiros e materiais para a
coordenação pedagógica.

Shutterstock (2012)

A próxima etapa compreende a descrição da metodologia que responde


a pergunta: Como? Nessa etapa você deve descrever os procedimentos
metodológicos e técnicos que serão empregados no desenvolvimento do
projeto. Deixe claras as etapas que irão compor o seu processo de inves-
tigação para atingir o objetivo. Acompanhe o exemplo:
86 Métodos e técnicas de pesquisa

Exemplo de descrição de metodologia


Para estudar essa questão serão analisados os boletins escolares,
dos últimos 3 anos, de 120 crianças de 7 a 10 anos que foram
escolhidas de forma aleatória. A pesquisa procurará identificar o
desempenho das mesmas e se elas melhoraram após a interferência
da coordenação pedagógica que ocorre no início de cada ano letivo.
Em seguida será aplicada uma pesquisa qualitativa com os pais
dessas 120 crianças para identificar se a família tem acompanhado
o desempenho escolar dessas crianças e de que forma. Os 3 profes-
sores dessas 120 crianças, a coordenação pedagógica e a direção da
escola também serão entrevistados para identificar se houve ou não
mudança no desempenho das mesmas em função da maior partici-
pação dos pais na educação de seus filhos.

Uma vez que essas questões foram elaboradas, deve-se desenvolver o re-
ferencial teórico apresentando uma revisão geral da literatura. Segun-
do Medeiros (c2009, p. 192), “se o pesquisador não domina a área de
conhecimento em que pretende atuar, sua investigação não poderá re-
dundar em progresso da ciência. Por isso, é necessário que o referencial
teórico seja consistente, exaustivo e atual.” Além disso, no desenvolvi-
mento do referencial teórico faz-se necessário apresentar os principais
conceitos sobre o tema objeto da pesquisa descrevendo-se a relação que
existe entre os conceitos com os problemas ou hipóteses arroladas. No
desenvolvimento dessa etapa usam-se citações diretas e indiretas. Nes-
sa etapa é preciso ser capaz de responder à pergunta: Quais os princi-
pais conceitos e seus autores?

Um projeto de pesquisa carece de um orçamento, ou seja, é preciso iden-


tificar quais serão os gastos a serem realizados com a pesquisa. Essa
identificação é necessária para que não se fique no meio do caminho
da pesquisa, por falta de verba (MEDEIROS, c2009). O orçamento deve
ser capaz de responder à pergunta: Quanto? Ou seja, quanto você irá
gastar para realizar os seus estudos. Confira um exemplo de orçamento
na tabela a seguir:
5 Elaboração de projeto de pesquisa 87

Tabela 2: Orçamento

Verba
Etapa (R$)
Pesquisa dos boletins 100,00
Entrevista com os pais 1.000,00
Entrevista com diretor, professores e coordenação
250,00
pedagógica
Total 1.350,00
Fonte: Do Autor (2012).

Outro aspecto que deve ser considerado e elaborado é o cronograma.


Este deve definir quando a pesquisa será iniciada, até que datas as vá-
rias atividades serão realizadas (ex.: leitura, aplicação da pesquisa, aná-
lise dos resultados, redação, acabamento, entrega) e quando o pesquisa-
dor dará suas atividades por encerradas. O cronograma deve responder
à pergunta: Quando? Ou seja, deve descrever as etapas que serão per-
corridas e quanto tempo será necessário para cumpri-las.

Tabela 3: Cronograma

Etapa Período Observações


Pesquisa nos documentos
Pesquisa dos boletins 5 a 30/04
escolares
02/04 a Entrevista na casa dos
Entrevista com os pais
12/05 pais
Entrevista com diretor, professores 13/05 a
Entrevista na escola
e coordenação pedagógica 02/06
02/06 a
Tabulação e compilação dos dados
10/06
11/06 a
Análise dos dados
20/06
E demais etapas necessárias...

A última etapa é a definição das referências, respondendo a pergunta:


onde? Ou seja, você deve arrolar os principais títulos que serão utiliza-
dos no desenvolvimento da pesquisa. Para elencar as referências faz-se
necessário consultar a ABNT NBR 6023 ou consultar o próximo capítulo.
88 Métodos e técnicas de pesquisa

5.3 Como redigir o projeto de pesquisa


Agora que já conhecemos qual é a estrutura e o desenvolvimento de um
projeto de pesquisa, faz-se necessário verificar como se redige um proje-
to de pesquisa. Você já definiu o tema, o problema, as possíveis hipóte-
ses, a justificativa, a revisão da literatura, a metodologia, o cronograma
e os custos do projeto. Agora é preciso organizar as informações em um
documento único.

A primeira coisa a fazer são as páginas iniciais do projeto, compostas pe-


los elementos pré-textuais como: folha de rosto, lista de ilustrações, sím-
bolos, tabelas, abreviaturas e siglas e o sumário. Em seguida elaboram-
-se os elementos textuais. Segundo Medeiros
(c2009, p. 194), “o projeto não é apresentado
numa sequência de seções, mas discursiva-
mente. Em alguns momentos, o texto será
descritivo, em outros narrativo, em outros
dissertativo, como normalmente são os textos
com os quais tomamos contado no dia a dia.”

Por isso, após os elementos pré-textuais, de-


senvolve-se a introdução apresentando o
tema, o problema, as hipóteses, os objetivos,
Shutterstock (2012)

a justificativa e a metodologia. Em seguida


apresenta-se o texto do referencial teórico,
inclusive com citações diretas e indiretas,
como já apontado anteriormente. Após essa
etapa apresenta-se o orçamento, o cronogra-
ma e a lista de referências. Caso seja necessário incluir anexos e apên-
dices, estes vêm após a lista de referências das obras consultadas, que
fazem parte dos elementos pós-textuais.

Outro aspecto que deve ser analisado na redação de um projeto de pes-


quisa é a linguagem, que deve levar em conta a coerência e a coesão. A
aplicação das regras gramaticais e a lógica na argumentação são muito
importantes no desenvolvimento de um projeto de pesquisa porque “a
falta de gramaticidade interfere na leitura dos examinadores, que po-
dem considerar desleixo do autor, ou simplesmente, desconhecimento
de regras elementares para a realização de frases compreensíveis. Um
texto mal escrito é meio caminho para o insucesso.” (MEDEIROS,
c2009, p. 195).
5 Elaboração de projeto de pesquisa 89

Na redação do seu projeto, recomenda-se o emprego de uma linguagem


impessoal e escrevendo-se sempre na terceira pessoa do singular. Em
vez de empregar uma frase como “eu pesquisei” recomenda-se escrever
“a pesquisa realizada”. Não escreva “meu projeto”, mas sim “este proje-
to”; e, no lugar de “eu considero”, empregue “considera-se.” (MEDEI-
ROS, c2009).

Outros aspectos que devem ser observados na redação de um projeto de


pesquisa são a simplicidade, objetividade e clareza, ou seja, escreva de
forma simples, direta e sem rodeios. E, como afirma Medeiros (c2009,
p. 196), “um texto acadêmico deve primar, sobretudo pela simplicida-
de. Não se escreve um TCC, [...] para impressionar. Todavia, não se caia
no extremo oposto que é o da vulgarização, ou uso de coloquialidade
indevida do tipo pega ele, para mim examinar, fazem dez dias, haviam
muitos cientistas.”

5.3.1 Aspectos gráficos do texto


Segundo a ABNT NBR 15.287 (2011), o projeto de pesquisa deve ser
digitado:

a)  na cor preta, sendo somente as ilustrações coloridas;

b)  no formato A4 (21 cm X 29,7 cm);

c)  fonte 12 para todo o texto, excetuando-se as citações de mais de


três linhas, notas de rodapé, paginação, legendas e fontes das
ilustrações e das tabelas, que devem ser em tamanho menor e
uniforme.

Os elementos pré-textuais devem iniciar no anverso da folha e os ele- Anverso


mentos textuais e pós-textuais devem ser digitados no anverso e verso
Parte da frente de um
das folhas.
documento ou de um objeto.
Face.
As margens devem ser:
Verso
a)  Anverso: esquerda e superior de 3 cm e direita e inferior de 2 cm.
Página posterior de uma folha
b)  Verso: direita e superior de 3 cm e esquerda e inferior de 2 cm. ou segunda folha de uma
página. Costas.
Para elaborar as citações você deve consultar a ABNT NBR 10520 e a
ABNT NBR 6023 para as referências.
90 Métodos e técnicas de pesquisa

Resumindo
Você teve a oportunidade de compreender como elaborar um bom projeto de
pesquisa. Você descobriu que antes de começar a fazer uma pesquisa, é preciso
planejá-la e que existe uma estrutura mínima que deve ser respeitada. Além disso,
você aprendeu como desenvolver um projeto de pesquisa, formatando o texto e o
documento dentro de certos padrões estabelecidos pelas normas da ABNT.
Outro aspecto que foi apresentado neste capítulo foi a redação do texto do
projeto de pesquisa. Você viu que a linguagem deve ser simples, direta e objetiva,
respeitando sempre a coerência e a coesão. Portanto, aprimore a sua capaci-
dade de redigir bons textos para que suas pesquisas alcancem os resultados
esperados.
No próximo capítulo você vai aprender a elaborar um trabalho acadêmico. Siga
em frente com determinação e persistência visando à apreensão dos conheci-
mentos disponibilizados.
Elaboração de
6
trabalho acadêmico

Agora serão apresentados os aspectos relativos à estrutura e a reda-


ção de um trabalho acadêmico. É sabido que muitos estudantes têm
receio de desenvolver um trabalho acadêmico porque não sabem o
que e como escrever, muito menos como apresentá-lo. Este conteú-
do foi construído com o objetivo de esclarecer as principais dúvidas
sobre esse assunto, de forma que o estudante possa desenvolver e
apresentar seus trabalhos acadêmicos de acordo com as principais
regras da ABNT. Conheça agora alguns objetivos de aprendizagem
do capítulo:
a) conhecer a estrutura de um trabalho acadêmico;
b) estudar os elementos de um trabalho acadêmico;
c) elaborar resumos;
d) aplicar as normas da ABNT na elaboração de trabalhos aca-
dêmicos.
Avance para aprofundar seus conhecimentos sobre esse tema tão im-
portante em seu estudo.
6 Elaboração de trabalho acadêmico 93

6.1 Estrutura e redação do trabalho


acadêmico
Frequentemente os professores solicitam aos estudantes que produzam
documentos acadêmicos relatando as atividades ou conhecimentos de-
senvolvidos ao longo de uma disciplina, semestre ou curso. Por isso, o
acadêmico precisa saber desenvolver trabalhos acadêmicos padroniza-
dos e de acordo com as regras prestabelecidas que estão descritas nas
normas da ABNT. Segundo a ABNT (2011, p. 5), a NBR 14724 “especifi-
ca os princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos (teses,
dissertações e outros), visando sua apresentação à instituição (banca,
comissão examinadora de professores, especialistas designados e/ou
outros)”. Ela também define como deve ser a estrutura de um trabalho
acadêmico. Acompanhe na figura a seguir quais são os elementos que
compõe um trabalho acadêmico.

Capa (obrigatório)
Parte externa
Lombada (opcional)
Folha de rosto (obrigatório)
Errata (opcional)
Folha de aprovação (obrigatório)
Dedicatória (opcional)
Agradecimentos (opcional)
Epígrafe (opcional)
Elementos
Resumo da língua vernácula (obrigatório)
pré-textuais
Resumo da língua estrangeira (obrigatório)
Lista de ilustrações (opcional)
Lista de tabelas (opcional)
Lista de abreviaturas e siglas (opcional)
Parte interna Lista de Símbolos (opcional)
Sumário (obrigatório)

Introdução
Elementos
Desenvolvimento
textuais
Conclusão
Referências (obrigatório)
Glossário (opcional)
Elementos
Apêndice (opcional)
pós-textuais
Anexo (opcional)
Índice (opcional)
Figura 9: Estrutura de um trabalho acadêmico
Fonte: ABNT (2011, p. 9).

Como já mencionado no capítulo anterior, o SENAI/SC, possui um pa-


drão para formatação de trabalhos acadêmicos e projeto de pesquisa
94 Métodos e técnicas de pesquisa

que está descrito no “Guia para Elaboração de Trabalhos Acadêmicos”


e todos os documentos necessários para o desenvolvimento do traba-
lho encontram-se disponíveis no Portal do Aluno e será disponibili-
zado pelo docente no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Por isso,
além de conhecer as regras gerais, não deixe de consultar o guia para
desenvolver seus trabalhos acadêmicos, segundo as regras estabeleci-
das pelo SENAI/SC.

Uma vez que está clara a estrutura de um trabalho acadêmico, faz-


-se necessário aprender como redigir trabalhos acadêmicos. Ferreira
(c2011, p. 16) afirma que “redigir um escrito científico é essencialmente
realizar um trabalho de organização e exposição de informações”. Por
isso, quanto melhor for a organização das informações coletadas ao
longo da pesquisa nos referenciais teóricos e/ou experimentos realiza-
dos, melhor será a redação do texto propriamente
dito. Sugere-se que o autor de um texto científico
elabore um esquema ou roteiro geral identificando
os tópicos principais e secundários para que o mes-
mo não se perca na discussão de questões irrele-
vantes e se concentre nos assuntos essenciais a sua
pesquisa. Como todo e qualquer texto, o trabalho
acadêmico também precisa ser claro, objetivo, pre-
ciso, conciso e de fácil compreensão, portanto, sem
Shutterstock (2012)

adornos ou exageros estilísticos.

A revisão da literatura, normalmente a parte mais


extensa de um trabalho acadêmico, precisa estabe-
lecer uma continuidade lógica e coerente entre os
referenciais teóricos pesquisados e a pesquisa que está sendo desenvol-
vida, por isso as citações que são apresentadas ao longo do texto preci-
sam apoiar os conceitos mais relevantes da sua pesquisa.

Na próxima seção você aprenderá a fazer citações segundo o que está


estabelecido nas normas da ABNT.

Ferreira (2011, p. 32) afirma que “a atividade científica pressupõe a ela-


boração de teorias alicerçadas sobre o pensamento lógico e alguma for-
ma de evidência e comprovação de fatos da realidade empírica”. Por-
tanto, a missão de um pesquisador é relatar, por escrito, o fenômeno
estudado e descrever suas implicações, sendo claro, objetivo, não valo-
rativo, explicitando suas ideias da melhor forma possível e facilitando a
interpretação de seus termos.
6 Elaboração de trabalho acadêmico 95

Cabe ainda destacar que a redação de um texto científico pressupõe o


conhecimento das normas da língua portuguesa, bem como o signifi-
cado correto das palavras empregadas no texto para que não ocorram
discrepâncias entre o que se deseja transmitir e o que o leitor entende.

Fique atento!
Lembre-se de que todo parágrafo é composto por
introdução, desenvolvimento e conclusão, assim como
qualquer outro texto. Portanto, ao escrevê-lo você
precisa atentar para essa estrutura para que seu texto
tenha coerência e coesão. Além disso, é preciso que os
parágrafos possuam articulação entre si, onde cada um
contém ideias que evoluíram do parágrafo anterior e
que preparam para o seguinte.

Agora que já compreendemos como devemos redigir um texto científico,


precisamos ainda aprender o que descrever em cada um dos elementos
textuais de um trabalho acadêmico.

Segundo Medeiros (c2009, p. 221) a introdução deve apresentar:

Características de conteúdo:
a) objeto do trabalho e sua delimitação (estabelecimento claro
dos limites da pesquisa);
b) estágio de desenvolvimento do assunto;
c) objetivo;
d) problema/problematização;
e) hipóteses e variáveis;
f) justificativa;
g) metodologia utilizada na pesquisa;
h) destaque de fontes bibliográficas utilizadas;
i) referências às partes do trabalho;
j) possibilidade de contribuição da pesquisa desenvolvida, sem
anunciar conclusões ou soluções.
Características formais e de redação:
a) brevidade;
b) uso de apenas uma pessoa gramatical (em geral terceira pessoa);
c) correção gramatical.
96 Métodos e técnicas de pesquisa

Dica!
A introdução é a última parte do trabalho a ser escrita
pelo pesquisador, pois ele só poderá apresentar nesse tex-
to o que será detalhado no desenvolvimento do mesmo.

O desenvolvimento corresponde ao corpo do trabalho e deve ser estrutu-


rado conforme as necessidades da obra, e suas subdivisões em capítulos,
seções, subseções etc. devem seguir a lógica e a clareza da explanação do
tema. Segundo Tomasi e Medeiros (c2008, p. 18), “o desenvolvimento
de um texto dissertativo envolve: análise (divisão em partes para ressal-
tar pormenores) enumeração de pormenores relevantes, discussão de
hipóteses, demonstração por meio de documentação e, busca de argu-
mentos de validade intrínseca (domínio do assun-
to, demonstração da tese).”

O desenvolvimento faz uma exposição ordenada e


pormenorizada do assunto da pesquisa, apresenta
as ideias e analisa os prós e contras de cada teo-
ria pesquisada procurando convencer sobre a tese
apresentada, sendo, portanto, imperativo exami-
nar e interpretar imparcialmente os fatos, não dei-
Shutterstock (2012)

xando nada subentendido. (MEDEIROS, c2009).

A conclusão deve retomar as pré-conclusões que fo-


ram apresentadas ao longo do desenvolvimento e
suas características são:

a) brevidade;
b) espontaneidade;
c) reafirmação das ideias principais;
d) restrição ao corpo da exposição. (MEDEIROS, c2009, p. 227).

Ferreira (c2011) afirma que a essência de um documento científico é


conduzir o leitor a compreender os fenômenos observados, portanto,
apresenta as conclusões relevantes da pesquisa que devem estar relacio-
nadas aos objetivos e as hipóteses arroladas na introdução. Esse mesmo
autor ainda afirma que a conclusão tem o objetivo de recapitular os re-
sultados obtidos na pesquisa e resumir e agregar os novos conhecimen-
tos adquiridos, sob a forma de uma exposição geral e integrada.
6 Elaboração de trabalho acadêmico 97

6.1.1 Citações
Uma pesquisa científica só tem credibilidade se ela for embasada por
bons referenciais teóricos, por isso no corpo de um trabalho é preciso
fazer citações de autores renomados na sua área de pesquisa, embasan-
do dessa forma os conceitos apresentados por você. Entretanto, fazer ci-
tações no corpo de um trabalho sem seguir algumas regras de apresen-
tação podem se configurar em plágio ou desleixo do autor da pesquisa.

Segundo a NBR 10520:2002, a citação é uma “menção de uma informa-


ção extraída de outra fonte” e pode aparecer no corpo do texto ou então
em notas de rodapé. Elas se subdividem em:

a) Citação de citação: citação direta ou indireta de um texto em que


não se teve acesso ao original.
b) Citação direta: transcrição textual de parte da obra do autor con-
sultado.
c) Citação indireta: texto baseado na obra do autor consultado.
d) Notas de referência: notas que indicam fontes consultadas ou
remetem a outras partes da obra onde o assunto foi abordado.
e) Notas de rodapé: indicações, observações ou aditamentos ao tex-
to feitos pelo autor, tradutor ou editor, podendo também aparecer
na margem esquerda da mancha gráfica.
f) Notas explicativas: notas usadas para comentários, esclarecimen-
tos ou explanações, que não possam ser incluídos no texto. (ABNT,
2002, p. 1).

Acompanhe no quadro a seguir as regras gerais de apresentação de uma


citação.

Citações de até 3 linhas Citações com mais de três linhas

• escrita entre aspas • deve aparecer em parágrafo isolado

• transcrita no texto • escrito em espaço simples

• é incorporada ao parágrafo. • com recuo de 4 cm da margem esquerda

Obs: Quando o sobrenome do autor • letra menor que a do texto


estiver incluído na frase este deve ser • sem aspas
escrito com letras minúsculas sendo • colocar entre parênteses e após a citação o SOBRENO-
que somente o ano e a página devem ME DO AUTOR com letras maiúsculas, o ano da publi-
estar entre os parênteses. cação e a página onde se encontra o texto original.
Quadro 6: Regras gerais de apresentação de uma citação
Fonte: Do autor (2012).
98 Métodos e técnicas de pesquisa

a)  Exemplo de citação com até 3 linhas

Por fim, o último argumento destaca que “ao proceder assim


o aluno estará trabalhando de maneira inteligente e racional,
realizando simultaneamente todas as dimensões da aprendiza-
gem.” (SEVERINO, 2002, p. 29).

b)  Exemplo 2 (citação com menos de 3 linhas):

Segundo Severino (2002, p. 157) “a realização das várias etapas


de um trabalho monográfico pressupõe, naturalmente certo
amadurecimento.”

c)  Exemplo de citação com mais de 3 linhas


O trabalho técnico, ou científico, pressupõe vasta consulta biblio-
gráfica que, muitas vezes, somente se esgota com a frequência assí-
dua à biblioteca [...], para consulta exaustiva de obras que sirvam de
sustentação às ideias que se pretende expor. Há quem afirme que o
estudioso lê e só depois inicia sua redação, e há quem diga que um
escritor de obras científicas, técnicas, didáticas lê e escreve conco-
mitantemente. Num caso e noutro a decisão de escrever pressupõe
reflexão demorada sobre o assunto. (MEDEIROS, c2009, p. 43).

d)  Exemplo de citação onde há supressões no texto

Quando o autor da obra atual desejar suprimir partes de uma


citação deve lançar mão dos colchetes [...] indicando que há su-
pressões no texto.

Ex.: Severino (2002, p. 149) afirma que “a ciência [...] só se pro-


cessa como resultado da articulação do lógico com o real, da
teoria com a realidade.
Shutterstock (2012)


6 Elaboração de trabalho acadêmico 99

e)  Exemplo de citação onde há interpolações, acréscimos ou


comentários
Interposto
Quando o autor da obra atual desejar incluir interpolações,
acréscimos ou comentários deve colocá-las entre colchetes [ ] in- Encaixado, inserido,
dicando o que foi interposto, acrescido ou comentado. introduzido.

Ex.: “Citação é a menção em uma obra de informação colhi-


da de outra fonte para esclarecer, comentar, [subsidiar] ou dar
como prova uma autoridade no assunto.” (MEDEIROS,
c2009, p. 172).

f)  Exemplo de citação com aspas duplas e simples

Ex.: Segundo Severino (2002, p. 28), “a documentação como


prática do trabalho científico é a maneira mais adequada e
sistemática de “tomar apontamentos”. As informações colhi-
das nas aulas expositivas [...] são assimiladas, num primeiro
momento, de maneira precária e provisória, nos cadernos de
anotações.”

Note que as aspas simples (“ “) são usadas quando a citação já


contém aspas duplas.

g)  Exemplo de citação com grifos

Os grifos são empregados para destacar partes de uma citação.


Quando essa alteração for feita pelo autor da obra consultada,
acrescenta-se a expressão “grifo do autor”, entretanto se o grifo
na citação for feito pelo autor na obra atual, deve-se acrescentar
a expressão “grifo nosso”.

Ex.: Resenha é “[...] um relato minucioso das propriedades de


um objeto, ou de suas partes constitutivas; é um tipo de reda-
Shutterstock (2012)

ção técnica que inclui variadas modalidades de textos: descri-


ção, narração e dissertação.” (MEDEIROS, c2009, p. 145,
grifo nosso).

Ex.: “A NBR 10520:2002 define ainda notas de referência, que


são notas que indicam fontes consultadas ou remetem a outras
partes da obra onde o assunto é tratado.” (MEDEIROS, c2009,
p. 173, grifo do autor).
100 Métodos e técnicas de pesquisa

h)  Exemplo de citação com sobrenomes de autores iguais

Quando houver coincidência de sobrenomes de autores deve-se


acrescentar as iniciais de seus prenomes e, se ainda coincidirem,
colocam-se os pronomes por extenso.

Ex.: (MEDEIROS, C., 2008). (MEDEIROS, Carlos, 2008).


(MEDEIROS, O., 2008). (MEDEIROS, Olavo, 2008).

i)  Exemplo de citação do mesmo autor em um mesmo ano

Quando houver diversos documentos de um mesmo autor que fo-


ram publicados no mesmo ano, as citações são distinguidas acres-
centando-se letras minúsculas após a data e sem espaçamento.

Ex.: De acordo com Severino (2002a) ou (SEVERINO, 2002b).

j)  Exemplo de citação de citação

Quando você fizer menção de uma citação que já está referencia-


da na obra consultada, é preciso inserir a expressão “apud”, que
significa “citado por”.

Ex.: Paráfrase “consiste em produzir, no interior de um mes-


mo discurso, uma unidade discursiva que seja semanticamente
equivalente a uma outra unidade produzida anteriormente.”
(GREIMAS; COURTÉS, 1989, p. 325 apud MEDEIROS,
c2009, p. 167).

Além dos vários tipos de citações, podem-se citar obras fazendo o uso
da paráfrase, que nada mais é do que a interpretação de um texto com
as próprias palavras, mantendo-se, entretanto, a ideia original do au-
tor. Parafrasear é a arte de transcrever, com outras palavras, as ideias
centrais de um texto incluindo comentários e interpretações de quem a
parafraseia. Veja o exemplo:

Texto original: “A natureza limitada do ser humano torna o conheci-


mento científico altamente enigmático.” (FERREIRA, c2011, p. 1).

Texto parafraseado: Ferreira (c2011) afirma que o ser humano possui


uma natureza limitada e, por isso, o conhecimento científico é
misterioso.

Caso você ainda tenha dúvidas sobre como citar alguma obra consul-
tada durante a sua pesquisa, consulte a NBR 10520:2002, disponível
6 Elaboração de trabalho acadêmico 101

na biblioteca da sua escola. Na próxima seção você aprenderá como re-


ferenciar adequadamente as obras consultadas para realizar sua pes-
quisa, bem como fazer a inserção de notas de rodapé. Fique atento às
regras para que seus trabalhos científicos sigam um padrão e sejam
considerados relevantes e com bom embasamento teórico.

6.1.2 Referências
Todas as obras consultadas e mencionadas no corpo de um trabalho
acadêmico devem ser referenciadas ao final da obra. Para que elas não
fiquem incompletas ou sem organização, a ABNT NBR 6023:2002 de-
termina “a ordem dos elementos das referências e estabelece conven-
ções para transcrição e apresentação da informação originada do docu-
mento e/ou outras fontes de informação” (ABNT, 2002, p. 1). É muito
importante que o pesquisador conheça essa norma porque o leitor, ao
ler sua obra, pode querer consultar a obra original mencionada no cor-
po do trabalho para se aprofundar mais no assunto citado por você.

E você sabe quais são os elementos básicos que compõem uma referên-
cia? Não? Então acompanhe as explicações a seguir!

Exemplo 1: Elementos essenciais para livro, monografia, dicioná-


rio etc.

Os elementos essências são: autor, título da obra, edição (mencionada


somente a partir da segunda), editora e data de publicação. Quando
houver necessidade, deve-se inserir informações complementares para
melhor identificar o documento. Veja:

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22.


ed. São Paulo: Cortez, 2002. 335 p.

Fique atento!
Atente para a formatação e a pontuação empregada
no exemplo citado acima, porque todas as referências
devem seguir esse padrão básico.
102 Métodos e técnicas de pesquisa

INSTITUTO MOREIRA SALLES. São Paulo de Vincenzo Pastore:


fotografias: de 26 de abril a 3 de agosto de 1997, Casa de Cultura de
Poços de Caldas, Poços de Caldas, MG. [S.l.], 1997. 1 folder. Apoio
Ministério da Cultura: Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Fonte: ABNT (2002, p. 3).

Dica!
A expressão [S.I.] significa sine loco e é empregada quan-
do não foi possível determinar o local da publicação.

As referências devem seguir um padrão e se você optar por incluir ele-


mentos complementares em uma referência, deverá acrescentá-los em
todas as demais constantes na lista ao final do documento.

Exemplo 2: Elementos essenciais para monografia no todo em


meio eletrônico

As referências relativas a monografia, livro, dicionário etc. em meio


eletrônico devem seguir os mesmos padrões estabelecidos para o meio
físico, acrescidos das informações relativas à descrição física do meio
eletrônico.

Quando se tratar de obras consultadas on-line, também são essen-


ciais as informações sobre o endereço eletrônico, apresentado entre
os sinais < >, precedido da expressão Disponível em: e a data de aces-
so ao documento, precedida da expressão Acesso em:, opcionalmen-
te acrescida dos dados referentes a hora, minutos e segundos. (ABNT,
2002, p. 4).

KOOGAN, André; HOUAISS, Antonio (Ed.). Enciclopédia e dicioná-


rio digital 98. Direção-geral de André Koogan Breikmam. São Paulo:
Delta: Estadão, 1998. 5 CD-ROM.
Ou
ALVES, Castro. Navio negreiro. [S.l.]: Virtual Books, 2000. Dispo-
nível em: <http://www.terra.com.br/virtualbooks/freebook/port/
Lport2/navionegreiro.htm>. Acesso em: 10 jan. 2002, 16:30:30.

Fonte: ABNT (2002, p. 3).


6 Elaboração de trabalho acadêmico 103

Exemplo 3: Elementos essenciais para partes de revistas, boletins


etc.

As referências de volumes, fascículos, números especiais e suplementos


sem título próprio devem apresentar os seguintes elementos essenciais:
“título da publicação, local de publicação, editora, numeração do ano e/
ou volume, numeração do fascículo, informações de períodos e datas
de sua publicação.” (ABNT, 2002, p. 5). Caso seja necessário, podem-se
incluir elementos complementares à referência.

DINHEIRO. São Paulo: Ed. Três, n. 148, 28 jun. 2000.


Ou
DINHEIRO: revista semanal de negócios. São Paulo: Ed. Três, n.
148, 28 jun. 2000. 98 p.

Fonte: ABNT (2002, p. 5).

Exemplo 4: Elementos essenciais para artigo e/ou matéria de revis-


ta, boletim etc. em meio eletrônico

As referências para artigo e/ou matéria de revista, boletim etc. em meio


eletrônico devem possuir: autor(es), título da parte, artigo ou matéria,
título da publicação, local de publicação, numeração corresponden-
te ao volume e/ou ano, fascículo ou número, paginação inicial e final,
quando se tratar de artigo ou matéria, data ou intervalo de publicação
e particularidades que identificam a parte (se houver) acrescidas das
informações relativas à descrição física do meio eletrônico (disquetes,
CD-ROM, on-line etc.) e/ou as informações sobre o endereço eletrônico,
apresentado entre os sinais < >, precedido da expressão Disponível em:
e a data de acesso ao documento, precedida da expressão Acesso em:,
opcionalmente acrescida dos dados referentes a hora, minutos e segun-
dos. (ABNT, 2002).

SILVA, M. M. L. Crimes da era digital. Net, Rio de Janeiro, nov.


1998. Seção Ponto de Vista. Disponível em: <http://www.brazilnet.
com.br/ contexts/brasilrevistas.htm>. Acesso em: 28 nov. 1998.

Fonte: ABNT (2002, p. 5).


104 Métodos e técnicas de pesquisa

Exemplo 5: Elementos essenciais para documentos jurídicos em


meio eletrônico

As referências de elementos essenciais para documentos jurídicos como


Constituição, emendas constitucionais, leis complementares, decretos
etc., devem possuir: jurisdição (ou cabeçalho da entidade, no caso de se
tratar de normas), título, numeração, data e dados da publicação. No
caso de Constituições e suas emendas, entre o nome da jurisdição e o
título, acrescenta-se a palavra Constituição, seguida do ano de promul-
gação, entre parênteses, acrescidas das informações relativas à descri-
ção física do meio eletrônico (disquetes, CD-ROM, on-line etc.) e/ou as
informações sobre o endereço eletrônico, apresentado entre os sinais
< >, precedido da expressão Disponível em: e a data de acesso ao do-
cumento, precedida da expressão Acesso em:, opcionalmente acrescida
dos dados referentes a hora, minutos e segundos. (ABNT, 2002).

BRASIL. Lei n. 9.887, de 7 de dezembro de 1999. Altera a legislação


tributária federal. Diário Oficial [da] República Federativa do Bra-
sil, Brasília, DF, 8 dez. 1999. Disponível em: <http://www.in.gov.br/
mp_leis/leis_texto.asp?ld=LEI%209887>. Acesso em: 22 dez. 1999.

Fonte: ABNT (2002, p. 9).

Além dos elementos essenciais, faz-se necessário ainda compreender


como proceder para formatar a referência corretamente. A seguir você
conhecerá como formatar corretamente o nome dos autores, títulos,
edição, local, editora e a data.

A NBR 602:2002 determina que os autores sejam indicados citando-


-se primeiramente o último sobrenome, em letras maiúsculas, seguidos
do(s) prenome(s) e outros sobrenomes. Os nomes dos autores devem ser
separados por ponto e vírgula, seguido de espaço.

Exemplo 6: Referência com mais de 3 autores

Quando existir mais do que 3 autores, cita-se apenas o primeiro e acres-


centa-se a expressão et al.

URANI, A. et al. Constituição de uma matriz de contabilidade so-


cial para o Brasil. Brasília, DF: IPEA, 1994.

Fonte: ABNT (2002, p. 14).


6 Elaboração de trabalho acadêmico 105

Exemplo 7: Referência com indicação explícita de responsabilidade

Segundo a NBR 6023:2002, uma referência com indicação explícita de


responsabilidade “pelo conjunto da obra, em coletâneas de vários auto-
res, a entrada deve ser feita pelo nome do responsável, seguida da abre-
viação, no singular, do tipo de participação (organizador, compilador,
editor, coordenador etc.), entre parênteses.” (ABNT, 2002, p. 14).

FERREIRA, Léslie Piccolotto (Org.). O fonoaudiólogo e a escola.


São Paulo: Summus, 1991.

Fonte: ABNT (2002, p. 14).

Exemplo 8: Referência quando o autor é uma entidade

Quando uma das obras for de responsabilidade de uma entidade como


órgãos governamentais, empresas, associações, congressos, seminários
etc. faz-se a entrada pelo próprio nome da instituição por extenso.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520:


informação e documentação: citações em documentos: apresenta-
ção. Rio de Janeiro, 2002.

Fonte: ABNT (2002, p. 15).

Exemplo 9: Referência quando a autoria é desconhecida

Quando a referência não possuir autoria declarada, a entrada deve ser


feita pelo título da obra.

DIAGNÓSTICO do setor editorial brasileiro. São Paulo: Câmara


Brasileira do Livro, 1993. 64 p.

Fonte: ABNT (2002, p. 15).

Exemplo 10: Formatação dos títulos das obras

Os títulos e subtítulos de uma obra devem ser destacados ou em negri-


to, ou em itálico ou em grifo, separados por dois pontos. Lembre-se de
empregar apenas uma forma de destaque, padronizando assim a sua
lista de referências.
106 Métodos e técnicas de pesquisa

PASTRO, Cláudio. Arte sacra: espaço sagrado hoje. São Paulo:


Loyola, 1993. 343 p.

Fonte: ABNT (2002, p. 15).

Exemplo 11: Formatação da edição das obras

“Quando houver uma indicação de edição, esta deve ser transcrita utili-
zando-se abreviaturas dos numerais ordinais e da palavra edição, ambas
na forma adotada na língua do documento” (ABNT, 2002, p. 16). Obser-
ve que após o número coloca-se um ponto final e o mesmo ocorre após a
abreviatura da palavra edição, que deve ser escrita em letras minúsculas.

PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. 6. ed. Rio de Janeiro: L.


Cristiano, 1995. 219 p.

Fonte: ABNT (2002, p. 16).

Exemplo 12: Formatação do local, cidade, da publicação das obras

O local da publicação das obras deve ser incluído na referência tal como
aparece no documento original, entretanto quando a cidade não apa-
rece no documento, mas pode ser identificada, coloca-se a mesma entre
colchetes. E, como já mencionado anteriormente, quando não for pos-
sível determinar o local, emprega-se a expressão [S.l.] entre colchetes.

ZANI, R. Beleza, saúde e bem-estar. São Paulo: Saraiva, 1995. 173 p.


Ou
LAZZARINI NETO, Sylvio. Cria e recria. [São Paulo]: SDF Editores,
1994. 108 p.
Ou
KRIEGER, Gustavo; NOVAES, Luís Antonio; FARIA, Tales. Todos os
sócios do presidente. 3. ed. [S.l.]: Scritta, 1992. 195 p.

Fonte: ABNT (2002, p. 16).

Exemplo 13: Formatação da editora da publicação das obras

O nome da editora deve ser indicado tal como aparece “no documen-
to, abreviando-se os prenomes e suprimindo-se palavras que designam
a natureza jurídica ou comercial, desde que sejam dispensáveis para
6 Elaboração de trabalho acadêmico 107

identificação. [...] Quando a editora não puder ser identificada, deve-


-se indicar a expressão sine nomine, abreviada, entre colchetes [s.n.]. [...]
Quando o local e o editor não puderem ser identificados na publicação,
utilizam-se ambas as expressões, abreviadas e entre colchetes [S.l.: s.n.]”
(ABNT, 2002, p. 16).

FRANCO, I. Discursos: de outubro de 1992 a agosto de 1993. Brasí-


lia, DF: [s.n.], 1993. 107 p.
Ou
GONÇALVES, F. B. A história de Mirador. [S.l.: s.n.], 1993.

Fonte: ABNT (2002, p. 16-17).

Exemplo 14: Formatação da data da publicação das obras

A data de publicação deve ser indicada em algarismos arábicos, entre-


tanto, se nenhuma data puder ser determinada, registra-se uma data
aproximada entre colchetes, conforme indicado:

• [1971 ou 1972] um ano ou outro


• [1969?] data provável
• [1973] data certa, não indicada no item
• [entre 1906 e 1912] use intervalos menores de 20 anos
• [ca. 1960] data aproximada
• [197-] década certa
• [197-?] década provável
• [18--] século certo
• [18--?] século provável (ABNT, 2002, p. 17).

FLORENZANO, Everton. Dicionário de ideias semelhantes. Rio de


Janeiro: Ediouro, [1993]. 383 p.

Fonte: (ABNT, 2002, p. 17).

Conforme a NBR 6023:2002, as referências devem estar alinhadas so-


mente à margem esquerda, possuir espaço simples entre linhas e devem
ser separadas entre si por espaço duplo.
108 Métodos e técnicas de pesquisa

Leia e reflita
Apesar de a ABNT NBR 14724 (2011, p. 10) mencionar
que as referências “devem ser separadas entre si por
um espaço simples em branco,” deve-se seguir o que
preconiza a ABNT NBR 6023:2002 porque é ela que
define como deve ser feita a formatação de referências.

A mesma situação se repete com as notas de rodapé, que segundo a NBR


14724:2011 devem ser digitadas:

[...] dentro das margens, ficando separadas do texto por um espaço


simples de entre as linhas e por filete de 5 cm, a partir da margem es-
querda. Devem ser alinhadas, a partir da segunda linha da mesma nota,
abaixo da primeira letra da primeira palavra, de forma a destacar o ex-
poente, sem espaço entre elas e com fonte menor (ABNT, 2011, p. 10).

Entretanto, deve-se seguir as regras estabelecidas pela NBR 6023


(ABNT, 2002, p. 3), que determina que as referências que aparecerem
em notas de rodapé “serão alinhadas, a partir da segunda linha da mes-
ma referência, abaixo da primeira letra da primeira palavra, de forma a
destacar o expoente e sem espaço entre elas.”

Além de todas as informações apresentadas, ainda é necessário conhecer


como ordenar as referências que são arroladas no final do documento.
As referências das obras consultadas devem ser ordenadas por ordem
alfabética ou numérica. Normalmente emprega-se o sistema alfabético.

Caso você ainda tenha dúvidas sobre como referenciar alguma obra
consultada durante a sua pesquisa, verifique a NBR 6023:2002, dispo-
nível na biblioteca da sua escola.

6.1.3 Resumos
O resumo é uma das atividades acadêmicas mais importantes, pois é soli-
citado com muita frequência pelos docentes nas mais diferentes discipli-
nas e serve de base para a elaboração de resenhas, artigos, relatórios etc.
Muitos textos que aparecem em diversas situações de comunicação apre-
sentam informações selecionadas e resumidas de outros textos, e cada um
possui características distintas. (LOUSADA, ABREU-TARDELLI, 2004).

Nesta seção você receberá uma série de dicas que permitirão a elabora-
ção de bons resumos. Antes de iniciarmos o estudo, faz-se necessário
6 Elaboração de trabalho acadêmico 109

conceituar resumo. Você sabe o que é um resumo? Segundo Ferreira


(2011, p. 48), “o resumo consiste numa apresentação concisa e objetiva
dos pontos principais de uma publicação científica. Proporciona todas
as informações básicas e essenciais sobre um trabalho, permitindo ao
leitor avaliar sua relevância dentro de sua linha de interesse.” Ou seja,
um resumo é um texto sobre outro texto.

Antes de conhecermos as regras para produção de resumos acadêmicos,


vamos aprender a resumir frases, ou seja, fazer a sumarização. Apren- Sumarização
der a sumarizar auxilia o estudante a produzir textos simples, diretos
É a redução de um texto
e objetivos, apresentando dessa forma apenas a ideia central. Observe a retirando partes que agregam
frase a seguir: pouco valor à ideia principal
da obra.
No portão de casa, João encontrou Maria, que estava amargurada
porque carregava sacolas pesadas depois de fazer as compras no mer-
cado da esquina.
Sumarização: João encontrou Maria.
Informações excluídas: situações que envolvem o fato e a descrição da
personagem.

Dependendo do objetivo, o resumo pode ser elaborado de diferentes


formas. Veja o exemplo a seguir:

Percorrendo a casa
Os dois garotos correm até a entrada da casa.
– Veja, eu disse a você que hoje era um bom dia para brincar aqui – disse Eduardo. – Mamãe nunca está em
casa na quinta-feira – acrescentou.
Altos arbustos escondiam a entrada da casa; meninos podiam correr no jardim extremamente bem cuidado.
– Eu não sabia que sua casa era tão grande – disse Marcos.
– É, mas ela está mais bonita agora, desde que meu pai mandou revestir com pedras essa parede lateral e
colocou uma lareira.
Havia portas na frente e atrás e uma porta lateral que levava à garagem, que estava vazia, exceto pelas três
bicicletas com marcha guardadas aí. Eles entraram pela porta lateral. Eduardo explicou que ela ficava sem-
pre aberta para suas irmãs mais novas entrarem e saírem sem dificuldade.
Marcos queria ver a casa... Então, Eduardo começou a mostrá-la pela sala de estar. Estava recém-pintada,
como o resto do primeiro andar. Eduardo ligou o som: o barulho preocupou Marcos.
– Não se preocupe, a casa mais próxima está a meio quilômetro daqui – gritou Eduardo. Marcos se sentiu
mais confortável ao observar que nenhuma casa podia ser vista em qualquer direção além do enorme jardim.
110 Métodos e técnicas de pesquisa

A sala de jantar, com toda a porcelana, prata e cristais, não era lugar para brincar: os garotos foram para a
cozinha, onde fizeram um lanche.
Eduardo disse que não era para usar o lavabo, porque ele ficara úmido e mofado, uma vez que o encana-
mento arrebentara.
– Aqui é onde o meu pai guarda suas coleções de selos e de moedas raras – disse Eduardo, enquanto eles
davam uma olhada no escritório. Além do escritório, havia três quartos no andar superior da casa.
Eduardo mostrou a Marcos o closet de sua mãe cheio de roupas e o cofre trancado onde havia joias. O
quarto de suas irmãs não era tão interessante, exceto pela televisão com o Atari. Eduardo comentou que o
melhor de tudo era que o banheiro do corredor era seu, desde que um outro fora construído no quarto de
suas irmãs. Não era tão bonito como de seus pais, que estava revestido de mármore, mas para ele era a me-
lhor coisa do mundo (traduzido e adaptado de PITCHERT, J. & ANDERSON, R. Taking different on a story.
Journal of Psychology, n. 69, 1977. In: KLEIMAN, A. 1989. Texto e leitor. Campinas: Pontes Editores.

Fonte: Lousada, Abreu-Tardelli (2004, p. 29-31).

Lendo o texto e levando em consideração as características mais impor-


tantes da casa, é possível elencar aspectos diferentes para cada público-
-alvo a que o futuro texto se destina. Acompanhe:

Para um possível Para um assaltante Para seu professor


comprador da casa
Casa grande arborizada Arbustos escondem a en- Arbustos escondem a entrada da casa
Jardim bem cuidado e trada da casa grande Jardim bem cuidado e grande
grande A porta lateral fica sem- Casa grande e isolada
Parede revestida de pedra pre aberta Parede lateral revestida de pedras e
com lareira 3 bicicletas na garagem com lareira
Garagem com acesso in- Casa isolada Portas na frente e atrás e porta late-
terno à casa Lareira ral de acesos à garagem
Sala de estar recém-pinta- Porcelana, prata e cris- Sala de estar recém-pintada
da tais, coleções de selos 1º andar recém-pintado
Lavabo e moedas raras, muitas Sala de estar
Casa isolada roupas; cofre com joias
no closet; televisão com Cozinha
Escritório Lavabo úmido e mofado
Atari num dos quartos
3 quartos (2 suítes) Encanamento do lavabo arrebentado
Banheiro da suíte princi-
1 banheiro no corredor pal revestido de mármore Escritório
Banheiro da suíte principal 3 quartos no andar superior (2 suítes)
revestido de mármore closet com cofre
Closet
1 banheiro no corredor e o banheiro
da suíte principal é revestido de
mármore
Quadro 7: Aspectos elencados para cada público-alvo
Fonte: Lousada, Abreu-Tardelli (2004, p. 63-64).
6 Elaboração de trabalho acadêmico 111

Como você pode perceber, dependendo do público-alvo, é possível se-


lecionar informações diferentes e, consequentemente, escrever textos
diferentes. Então, ao resumir um texto, é importante levar em conside-
ração para quem ele se destina e qual seu objetivo. O mesmo acontece
com textos literários, por isso é importante compreender o texto a ser
resumido, conhecer a posição ideológica ou teórica do autor, seus argu-
mentos mais relevantes e as conclusões do mesmo.

Também é importante identificar quais são os elementos de conexão


que o autor usou para estabelecer a relação entre as ideias, que podem
ser de explicação, de causa, de consequência, de explicação, de conclusão
etc. (LOUSADA, ABREU-TARDELLI, 2004). Você lembra o que são ele-
mentos conectivos? São palavras ou expressões que facilitam a ligação
entre as ideias, quer seja em um mesmo parágrafo ou em outros. Exem-
plos: logo, portanto, desse modo, porém, todavia, embora, mas, logo etc.

Agora que você já conheceu quais são os aspectos mais importantes


para resumir um texto, vamos analisar o exemplo a seguir:

Não acredite em nenhum “método” ou (pior) “metodologia” para


fazer críticas de textos – não porque os métodos ou as metodolo-
gias sejam intrinsecamente maus, mas simplesmente porque eles o
impedem de pensar de modo independente e de desfrutar sua liber-
dade intelectual em uma dimensão que não admita regularidades
rígidas (adaptado de Hans Ulrich Gumbrecht, crítica. In: Folha de S.
Paulo, Caderno Mais, domingo, 13 out. 2002)

Fonte: Lousada, Abreu-Tardelli (2004, p. 44).

Acompanhe no quadro a seguir a tese do autor, os argumentos que sus-


tentam a sua tese e quais são os conectivos empregados no texto que
deixam claro o que ele quis dizer:

Não acredite em nenhum “método” ou (pior) “metodologia”


Tese para fazer críticas de textos
porque eles o impedem de pensar de modo independente e de
Argumentos que desfrutar sua liberdade intelectual em uma dimensão que não
sustentam a tese admita regularidades rígidas.
“mas porque” o que é introduzido por “mas” é
Conectivo que introduz aceito pelo autor. “Não porque” introduz um
os argumentos argumento possível, mas negado.
Quadro 8: Tese, argumentos e conectivos empregados
Fonte: Lousada, Abreu-Tardelli (2004, p. 67).
112 Métodos e técnicas de pesquisa

Agora que você já compreendeu como proceder para fazer bons resumos,
vamos conhecer a ABNT NBR 6028 (2003), que estabelece os requisitos
para redação e apresentação de resumos. Segundo essa NBR, um resu-
mo é a “apresentação concisa dos pontos relevantes de um documento”
(ABNT, 2003). Ou seja, em um resumo devem-se apresentar as princi-
pais ideias do autor de um texto. Medeiros (c2009, p. 128) afirma que “o
resumo abrevia o tempo dos pesquisadores; difunde informações de tal
modo que pode influenciar e estimular a consulta do texto completo”.

Segundo a NBR 6028, existem três tipos de resumo, como segue:

a) Resumo crítico: resumo redigido por especialistas com análise crí-


tica de um documento. Também chamado de resenha. Quando
analisa apenas uma determinada edição entre várias, denomina-se
recensão.
b) Resumo indicativo: indica apenas os pontos principais do docu-
mento, não apresentando dados qualitativos, quantitativos etc.
De modo geral, não dispensa a consulta ao original.

c) Resumo informativo: informa ao leitor finalidades, metodologia,


resultados e conclusões do documento, de tal forma que este pos-
sa, inclusive, dispensar a consulta ao original (ABNT, 2003, p. 1).

Em trabalhos acadêmicos emprega-se o resumo indicativo porque des-


creve de forma sucinta o que foi realizado e, por isso, aconselha-se o
emprego de frases concisas, afirmativas e “descritivas com suporte nos
tópicos que formam o sumário do documento monográfico, obedecen-
do a sua sequencia de apresentação” (FERREIRA, 2011, p. 49). A NBR
6028 ainda salienta que “deve-se empregar o verbo na voz ativa e na
terceira pessoa do singular” (ABNT, 2003, p. 2). Esses resumos devem
ser escritos em parágrafo único contendo de 150 a 500 palavras, sendo
que ao final do mesmo, deve-se acrescentar palavras-chave que refletem
os principais temas abordados no corpo do trabalho. Essas palavras
devem ser antecedidas da expressão “palavras-chave”, separadas entre
si por ponto e finalizadas também por ponto. Veja o exemplo a seguir:

Palavras-chave: Treinamento. Conhecimento. Competência.

Os resumos informativos são empregados em publicações científicas e,


por isso, devem apresentar o objetivo, o método, os resultados e as con-
clusões do documento. Por ser empregado na disseminação de infor-
mações, como por exemplo em congressos ou reuniões científicas, esse
tipo de resumo deve ser precedido de sua referência.
6 Elaboração de trabalho acadêmico 113

Dica!
O resumo é a última coisa a ser elaborada em um tra-
balho acadêmico porque só pode apresentar informa-
ções que estão citadas no corpo do trabalho.

Em função da análise crítica de um documento, os resumos críticos


não possuem limite de palavras (ABNT, 2003).

6.2 Formas de apresentação


Nesta seção mostraremos como apresentar seu trabalho acadêmico se-
gundo as normas estabelecidas pela ABNT. Assim como o projeto de
pesquisa, o trabalho acadêmico também possui regras específicas para
sua formatação.

Segundo a ABNT NBR 14724 (2011), o trabalho acadêmico deve ser


digitado:

a)  na cor preta, sendo somente as ilustrações coloridas;

b)  folha no formato A4 (21 cm x 29,7 cm);

c)  os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais devem iniciar


no anverso da folha;

d)  dados internacionais de catalogação na publicação devem vir no


verso da folha de rosto;

e)  fonte 12 para todo o texto, excetuando-se as citações de mais


de três linhas, notas de rodapé, paginação, legendas e fontes
das ilustrações e das tabelas, que devem ser em tamanho me-
nor e uniforme;

f)  texto digitado com espaçamento 1,5 entre as linhas excetuando-


-se as citações de mais de três linhas, notas de rodapé, referên-
cias, legendas das ilustrações e das tabelas, natureza (tipo de tra-
balho, objetivo, nome da instituição a que é submetido e área de
concentração), que devem ser digitados em espaço simples;

g)  na folha de rosto e na folha de aprovação, o tipo do trabalho, o


objetivo, o nome da instituição e a área de concentração devem
ser alinhados do meio da mancha gráfica para a margem direita;
114 Métodos e técnicas de pesquisa

h)  títulos e subtítulos devem ser precedidos de algarismos arábicos,


alinhados à esquerda, separados por um espaço de caractere;

i)  os títulos das seções primárias devem começar em página ím-


par, na parte superior da mancha gráfica e ser separados do tex-
to que os sucede por um espaço entre as linhas de 1,5;

j)  os títulos das subseções devem ser separados do texto que os


precede e que os sucede por um espaço entre as linhas de 1,5;

k)  títulos que não possuem indicativo numérico devem ser cen-
tralizados: errata, agradecimentos, listas de ilustrações, lista de
abreviaturas e siglas, lista de símbolos, resumos, sumário, refe-
rências, glossário, apêndices, anexos, índices;

l)  as folhas pré-textuais devem ser contadas, mas não numeradas;

m)  todas as folhas, a partir da folha de rosto, devem ser contadas se-
quencialmente, entretanto a numeração deve aparecer somente
a partir da primeira folha da parte textual;

n)  a numeração deve ser colocada no canto superior direito da fo-


lha, a 2 cm da borda superior, ficando o algarismo a 2 cm da
borda direita da folha;

o)  as ilustrações devem ser identificadas, sendo que esssa identifi-


cação deve aparecer na parte superior, precedida da palavra de-
signativa (desenho, esquema, fluxograma, gráfico etc.);

p)  na parte inferior da ilustração deve constar a fonte consultada.

As margens devem ser:

a)  anverso: esquerda e superior de 3 cm e direita e inferior de 2 cm;

b)  verso: direita e superior de 3 cm e esquerda e inferior de 2 cm.


6 Elaboração de trabalho acadêmico 115

Resumindo
Encerramos aqui o último capítulo de estudos, cujo foco foi apresentar a estru-
tura de um trabalho acadêmico e seus elementos constitutivos. Você teve a opor-
tunidade de conhecer que um trabalho acadêmico possui elementos pré-tex-
tuais, textuais e pós-textuais e que cada um deles possui regras específicas para
sua elaboração. Além disso, você aprendeu a fazer resumos e o que deve constar
na introdução, no desenvolvimento e na conclusão de um trabalho acadêmico.
Outro aspecto apresentado foi a formatação de citações, referências e aparência
geral de um trabalho acadêmico. Seguindo as regras aqui mostradas, seus tra-
balhos acadêmicos atenderão às exigências escolares e de produção científica,
elevando ainda mais a sua competência e conhecimentos porque aquele que lê,
escreve e produz conhecimento tem mais chances de se destacar no mercado de
trabalho. Bom trabalho!
Palavras da Autora

Caro estudante!
Chegamos ao final de mais uma disciplina, que se dedicou exclusivamente a
conduzi-lo na arte do desenvolvimento de uma pesquisa para produção de
conhecimento técnico-científico. Neste livro didático estão postadas uma
gama de informações capazes de dar suporte para você adentrar no mun-
do da pesquisa técnico-científica, visando o desenvolvimento do saber e da
produção de conhecimento.
Sabemos que o caminho é longo e que para desenvolver a competência
para pesquisar e produzir conhecimento é necessário muito treino e horas
de estudo. Entretanto, aqui está um norte para você se sentir mais seguro
quando tiver que desenvolver um trabalho acadêmico. Além das informa-
ções aqui contidas, não deixe de consultar outras obras e de trocar ideias
com seus professores e colegas, porque o assunto é vasto e não se encerra
somente nestas poucas páginas.
Desejo a você um bom trabalho e que você desenvolva o gosto pela pesqui-
sa e produção do conhecimento, pois aquele que lê, assimila, interpreta e
se apropria do conhecimento é capaz de produzir novos a partir de experi-
mentos para provar hipóteses ou responder a indagações. Seja você tam-
bém um profissional capaz de alavancar o desenvolvimento da indústria
brasileira com a produção de novos conhecimentos, contribuindo dessa
forma para o fortalecimento do nosso país.
Um forte abraço!
Lilian
Sobre a Autora

Lilian Elci Claas é graduada em Pedagogia com habilitação em Supervi-


são Escolar, pós-graduada em Administração de Recursos Humanos (FAE/
UNERJ) e em Consultoria Empresarial (UFSC/SENAI). Participou de mais
de 1.100 h/aula de capacitações e treinamentos empresariais em diversas
áreas de formação técnica profissional e de relacionamento interpessoal.
Atua, desde 1988, com a formação e o desenvolvimento de lideranças, me-
lhoria das relações humanas, resolução de conflitos, melhoria nos métodos
de trabalho e no ensino correto de um trabalho. Atualmente, é instrutora
no SENAI-SC, na unidade de Jaraguá do Sul, ministrando as disciplinas de
Comunicação Oral e Escrita, Metodologia Científica, Metodologia da Pes-
quisa e Gestão de Processos. Desenvolve trabalho de consultoria empresa-
rial na área de gestão de pessoas e treinamento; orienta TCCs nos cursos
Técnicos e de Tecnologia; e elabora materiais didáticos para os cursos téc-
nicos presenciais e a distância do SENAI.
Referências

AGUILERA, Valdir. Conceitos elementares de lógica. 200? Disponível em:


<http://www.valdiraguilera.net/logica-menor.html>. Acesso em: 25 set. 2012.
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho cientí-
fico: elaboração de trabalhos na graduação. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 174 p.
ASSIS, Maria Cristina de. Metodologia do Trabalho Científico. 200? Disponível
em: <http://portal.virtual.ufpb.br/biblioteca-virtual/files/pub_1291081139.pdf>.
Acesso em: 24 set. 2012
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14724:2011
– Informação e documentação – Trabalhos acadêmicos – Apresentação. Rio de
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SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL SC

Thiago Geremias de Oliveira


Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional

Morgana Machado Tezza


Coordenação do Projeto

Daiani Machado
Coordenação de Desenvolvimento de Recursos Didáticos

Lilian Elci Claas


Autora

FabriCO
Design Educacional, Ilustrações e Tratamento de Imagens, Diagramação

Patrícia Correa Ciciliano


CRB-14/752
Bibliotecária

FabriCO
Revisão Ortográfica e Gramatical e Normatização

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