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Sexualidade do idoso

PROFA. ME. ISABELLA CAMPOS


 O que é sexo?
Biologicamente, é o conjunto de características estruturais e funcionais pelas quais um
ser vivo é definido como macho ou fêmea e desempenha o papel determinado de uma
dessas condições na reprodução da espécie.

 E sexualidade, o que é?
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, sexualidade é uma energia que
motiva para encontrar amor, contato, ternura, e intimidade; integra-se no modo como
nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ser-se sexual. A
sexualidade influencia pensamentos e a saúde física e mental (OMS, 2001);
 Forma de expressão presente em todas as fases da vida do ser humano – infância,
adolescência, idade adulta e idade adulta tardia ou terceira idade. É forma de
expressão e, expressão não tem idade, é mais do que um corpo apto para procriar.
Apresentar desejos sexuais inclui as dimensões fisiológicas, psicológicas e sociais dos
indivíduos;
 Por acreditar que seu corpo está fora dos padrões de beleza, o idoso não se vê como
pessoa atraente e isso repercute em sua autoestima.
Sexualidade do idoso

 Considerando o aumento do número dessa população é necessário que a sexualidade do idoso também seja
abordada e, por conseguinte, tratada com maior atenção;
 A sexualidade também se transforma com o passar dos anos, uma vez que o corpo muda e se transforma e, ao se
recusar o processo natural do envelhecimento, a vivência da sexualidade é negada;
 A vivência da sexualidade não está exclusivamente baseada na relação sexual, é necessário compreender que
existem outros comportamentos ou práticas igualmente promotoras de prazer;
 Desconhecimento, preconceito e discriminação fazem com que o comportamento sexual dos idosos seja visto como
inadequado, imoral, e até mesmo anormal, até pelos próprios idosos, pois a relação sexual é considerada uma
atividade própria dos jovens, com boa saúde e fisicamente atraentes;
 A ideia de que os idosos também possam manter relações sexuais não é culturalmente muito aceita, preferindo-se
ignorar e fazer desaparecer do imaginário coletivo a sexualidade da pessoa idosa. Apesar desses tópicos culturais, a
velhice conserva a necessidade sexual, não havendo, pois, idade na qual a atividade sexual, os pensamentos sobre
sexo ou o desejo se esgotem;
 A crença de que o avançar da idade e o declinar da atividade sexual estejam inexoravelmente ligados pode ser um
dos fatores responsáveis pela forma negligenciada om que lidamos com a qualidade de vida nesta população;
 Atualmente, são fatores que estimulam o prolongamento da atividade sexual: maior expectativa de vida saudável,
incremento da vida social e, consequentemente, da vida sexual, em decorrência de novas drogas para a disfunção
erétil, medicamentos que minimizam os efeitos da menopausa, lubrificantes vaginais, próteses, correção e
prolongamento peniano, cirurgias plásticas estéticas, exames preventivos de câncer de próstata, crescente difusão
da prática de exercícios físicos (musculação, hidroginástica, yoga etc), turismo direcionado para esse segmento,
dentre outros recursos.
Sexualidade do idoso

 Estudos mostram que 74% dos homens e 56% das mulheres casadas mantêm vida sexual
ativa após os 60 anos;
 Alguns problemas comuns podem afetar o desempenho sexual: artrites, diabetes,
fadiga, medo de infarto, efeitos colaterais de fármacos e álcool;
 Embora a frequência e a intensidade da atividade sexual possam mudar ao longo da
vida, problemas na capacidade de desfrutar prazer nas relações sexuais não devem ser
considerados como parte normal do envelhecimento;
 As mulheres após a menopausa, principalmente, após os 60 anos, normalmente
apresentam algum desconforto nas relações sexuais com penetração vaginal, devido
às condições de hipoestrogenismo e, consequentemente, hipotrofia dos tecidos genitais.
A utilização de um creme vaginal à base de estriol, 2ml, uma a duas vezes por semana,
permite uma manutenção do trofismo do epitélio (mucosa), favorecendo uma melhoria
nas condições genitais para o exercício pleno da sexualidade. Para o início de sua
utilização, é necessário a realização dos exames preventivos para o câncer
ginecológico e mamário, conforme protocolos vigentes, recomendados nessa faixa
etária.
Envelhecimento e sexualidade

 Com o envelhecimento, o que muda no corpo da mulher?


• Desejo sexual pode diminuir;
• Perda da capacidade reprodutiva;
• Dificuldade de excitação;
• Ausência de orgasmo;
• Dor relacionada com o ato sexual.
 Com o envelhecimento, o que muda no corpo homem?
• Qualidade e duração da ereção;
• Diminuição de testosterona;
• Diminuição de esperma;
• Período maior para conseguir nova ereção;
• Ejaculação retardada.
 O que essas mudanças podem acarretar?
• Depressão;
• Baixa autoestima;
• Vergonha e sentimento de culpa;
• Dificuldade em falar sobre essas mudanças;
• Monotonia.
Idosos institucionalizados

 Em geral, o ambiente institucional acarreta limitações da


sexualidade do idoso influenciadas por:
• Barreiras físicas;
• Falta de conhecimento de alguns profissionais acerca desta
matéria;
• Comportamentos de repressão da sexualidade;
• Baixa autoestima;
• Ausência de parceiro;
• Atitudes extremamente conservadoras dos profissionais.
Qual o papel do cuidador mediante a
sexualidade dos idosos?
• Criar um ambiente de confiança e entendimento para o idoso;
• Compreender que sexualidade não é sinônimo de relação sexual; a sexualidade é bem complexa e está
relacionada ao carinho, ao diálogo, ao compartilhar entre as pessoas;
• Propiciar um momento de escuta para a discussão desse tema;
• Motivar o idoso a cuidar da higiene, utilizar roupas bonitas, maquiagem e perfume que mais gosta,
manter-se penteados;
• Motivar o idoso a dançar, cantar, tocar o outro e sorrir, entre outros;
• Respeitar a privacidade, a independência, a autonomia, e o direito de escolha, promovendo a
individualidade do idoso;
• Enxergar o idoso como pessoa, o que tornará mais fácil admitir a sua sexualidade e, consequentemente,
perceber que o idoso pode sentir desejos e sentimentos sexuais que precisa expressar;
• Refletir sobre a importância que a pessoa idosa dá ou não à sexualidade;
• Conhecer as alterações relativas ao processo de envelhecimento – e a sexualidade está incluída – para
sugerir adaptação adequada a estas mudanças;
• Contribuir para que o idoso aceite a sua imagem corporal, perda de capacidade física e mudanças
fisiológicas na sexualidade;
• Auxiliar e promover o bem-estar físico e emocional do idoso.
Envelhecimento e AIDS

 A epidemia de HIV e AIDS em idosos no Brasil tem emergido como um problema de


saúde pública, nos últimos anos, devido a dois aspectos: incremento da notificação
de transmissão do HIV após os 60 anos e envelhecimento de pessoas infectadas
pelo HIV;
 A incidência de AIDS entre idosos está em torno de 9,3 casos/100 mil habitantes
(2016), sendo a relação sexual a forma predominante de infecção pelo HIV;
 Há uma crescente evidência de que esse grupo está se infectando cada vez mais
não só pelo HIV, mas também, por outras infecções sexualmente transmissíveis
como sífilis, gonorréia, etc.
 O avanço das tecnologias de diagnóstico e assistência em HIV/AIDS, associado à
política brasileira de acesso universal à terapia antiretroviral (TARV) e à
implementação de rede de serviços qualificada para o acompanhamento,
promove o aumento da sobrevida e da qualidade de vida das pessoas que vivem
com HIV ou com aids
Prevenção da infecção pelo HIV

 Avaliação das vulnerabilidades individuais, sociais e programáticas nas quais os sujeitos estão inseridos. O
profissional pode conduzir um processo de de aconselhamento, testagem e orientações de prevenção
para que o usuário dos serviços possa incorporá-las em sua vida cotidiana;
 As intervenções de prevenção dirigidas aos idosos devem focar:
• Estímulo ao acesso e utilização correta dos preservativos masculino e feminino e a lubrificantes.
• Testagem, diagnóstico e tratamento com procedimentos que levem em consideração as necessidades
desse grupo populacional.
• Inclusão da prevenção de DST-HIV/AIDS focando as especificidades desse grupo, na rede de Atenção
Básica.
• Fomento da mobilização de organizações da sociedade civil e do protagonismo, para a realização de
trabalhos preventivos específicos para idosos.
• Articulação intra e intersetoriais para a garantia de ampliação e continuidade das ações.
 O serviço de saúde deve garantir confidencialidade e acesso humanizado para o usuário que deseja
realizar o teste para o HIV e para o portador de DST/HIV/aids. A pessoa idosa deve se sentir acolhida sem
discriminação, independente de sua atividade profissional, orientação sexual ou estilo de vida. É importante
e necessário reforçar o acolhimento destes segmentos populacionais no serviço como um direito de
cidadania.
Aconselhamento e testagem

 O aconselhamento desempenha um papel importante no diagnóstico da infecção pelo HIV/outras DST e na qualidade da
atenção à saúde. Contribui para a promoção da atenção integral, possibilitando avaliar riscos com a consideração das
especificidades de cada usuário ou segmento populacional. Inclui cuidar dos aspectos emocionais, tendo como foco a saúde
sexual, a saúde reprodutiva, avaliação de vulnerabilidades e Direitos Humanos;

 É estratégia que se insere em vários momentos do atendimento e em diversos contextos dos serviços no SUS: Centro de
Testagem e Aconselhamento (CTA);

 Se fundamenta na interação e na relação de confiança que se estabelece entre o profissional e o usuário. O papel do
profissional sempre é da escuta das preocupações e dúvidas do usuário, desenvolvendo habilidade em perguntar sobre a
vida íntima, com a finalidade de propor questões que facilitem a reflexão e a superação de dificuldades, adoção de práticas
seguras, na busca da promoção da qualidade de vida. Para que todos esses objetivos sejam alcançados, é fundamental que,
durante todo o atendimento, a linguagem utilizada seja acessível ao usuário.

 Aconselhamento pré-teste – (coletivo e/ou individual)


Estabelecimento de vínculo, o mapeamento de situações de vulnerabilidade e a orientação sobre o teste. O grau de
aprofundamento da abordagem desses conteúdos irá depender do conhecimento das DST/aids, percepção de risco e
disponibilidade de tempo de cada usuário.
É importante que o profissional estabeleça um ambiente favorável para o diálogo e esteja atento para:
• Assegurar privacidade mínima.
• Destacar o objetivo do atendimento.
• Reforçar a garantia do sigilo.
• Estimular a fala do usuário identificando fatores de vulnerabilidade e risco.
Concluindo...
Bibliografia

 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Especializada e Temática. Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. 5. ed.
Brasília, DF: [s. n.], 2018. PDF. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_pessoa_idosa_5ed.pdf.
Acesso em: 12 ago. 2021.
 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília, DF: Ministério da
Saúde, 2006. PDF. (Série A. Normas e Manuais Técnicos). (Cadernos de Atenção
Básica, n. 19). Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/evelhecimento_saude_pessoa_idosa.pdf.
Acesso em: 12 ago. 2021.
 PIUVEZAM, G.; NUNES, V. M. A. (org.). Guia prático de cuidado à saúde da pessoa
idosa. Natal, RN: EDUFRN, 2016. PDF. Disponível em:
https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/20367. Acesso em: 12 mai. 2021.

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