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Material Teórico
O golpe militar e os governos militares – Implicações para o
Serviço Social no Brasil
Revisão Textual:
Profa. Ms. Rosemary Toffoli
O golpe militar e os governos militares:
Implicações para o Serviço Social no
Brasil
Nesta unidade, explicaremos de que forma o Serviço Social foi prejudicado em seu
desenvolvimento pelo processo de ditadura militar, ocorrido no Brasil, após o golpe militar de
1964, partindo da análise conjuntural do processo histórico social econômico e político brasileiro.
Você vai perceber que a expansão do modo de produção capitalista no período da ditadura
militar ampliou o processo de produção e oprimiu a classe trabalhadora no Brasil.
Vamos identificar como a postura do regime totalitário e antidemocrático prejudicou o movimento
de reconceituação do Serviço Social, e a forma como o conservadorismo estagnou a produção
teórica e prática do Serviço Social.
Você poderá compreender que, por meio da luta pela redemocratização no país, o Serviço
Social acabaria por se aproximar dos movimento sociais de luta por melhores condições e, por
consequência, iniciaria o processo de ruptura com o conservadorismo.
Neste processo de aprendizado, será muito importante a sua participação no fórum de discussão
online e também na realização dos exercícios no ambiente virtual.
Lembramos a você a importância de realizar todas as atividades propostas dentro do prazo
estabelecido. Dessa forma, você evitará o acúmulo de conteúdo e problemas ao final do semestre.
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Unidade: O golpe militar e os governos militares – Implicações para o Serviço Social no Brasil
Contextualização
O período do regime militar foi um dos momentos mais nefastos da história do Brasil,
principalmente, pelo fato do atraso no desenvolvimento econômico e social do país.
Estudar este período significa procurar compreender de que forma o regime militar contribuiu
para o atraso do desenvolvimento social e econômico do país, aumentando o processo de
dependência econômica em relação ao monopólio capitalista.
Neste período, o Serviço Social mantém uma posição de neutralidade, seguindo a cartilha
da burocracia e do funcionalismo em sua ação teórica e prática.
Com o golpe militar de 1964, o Serviço Social adquire uma tendência conservadora indo
ao encontro dos princípios reacionários do sistema vigente desse período.
Este processo de repressão coloca momentos de crescimento econômico, mas não social,
o que acaba por gerar a má distribuição de renda e a desvalorização da classe trabalhadora.
Como consequência, a sociedade ira lutar pela redemocratização e aumentar o movimento
da luta social, quando o Serviço Social buscará a identificação e iniciará o movimento de
ruptura com o conservadorismo.
Diante de um período de reorganização dos movimentos sociais e da mobilização da classe
trabalhadora por melhores condições salariais e de vida, o Serviço Social renova o seu aspecto
teórico metodológico contribuindo para a reorganização da prática profissional e para a formação
de um projeto ético-político, construindo as bases para a contemporaneidade da profissão.
Bom estudo a todos!
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Os significados do golpe de 1964
O período do regime militar foi um dos momentos mais nefastos da história do Brasil,
pelo fato de ter gerado: atraso no desenvolvimento econômico do país; falta da formação de
uma geração de intelectuais oriundas de todas as camadas sociais; impedimento de avanços
importantes na área da educação e da saúde e falta de liberdade e transparência dos governos
desse período.
Para entender de que forma o golpe militar impactou a vida do Brasil até os nossos dias
atuais, é necessário retomar a caminhada da organização golpista que desencadeou na
instauração da ditadura no país.
Os militares no Brasil tinham uma característica de intensa experiência para a organização
de levantes, uma vez que muitos dos comandantes que participaram do golpe militar de 1964
também participaram de alguns momentos históricos de sublevações, ou seja, fizeram parte, em
algum período da história do País, de rebeliões militares, por exemplo, como participantes do
movimento tenentista, da coluna Prestes, acontecimentos da década de 1920 ou, então, como
colaboradores na Revolução de 1930, que empossou Getúlio Vargas na presidência da República.
Desde o final da II Guerra Mundial, os militares, apoiados pelo governo norte-americano,
organizaram uma instituição denominada Escola Superior de Guerra (ESG), criada para
desenvolver uma elite conservadora, apoiada pelo capital estrangeiro.
Esta elite pensaria formas de implantação de um sistema de monopólio capitalista, em que
o liberalismo prevalecesse e que a população, como um todo, não pudesse encontrar meios de
se organizar e se aproximar das ideias socialistas, ou que organizasse uma revolução popular,
mesmo que não houvesse interferência direta das ideias de esquerda no Brasil.
Outras organizações também foram apoiadas pelo governo dos Estados Unidos, desenvolvidas
para a desestabilização do regime democrático até o golpe de 1964. Dentre elas, podemos
citar o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) e o Instituto de Pesquisas e Estudos
Sociais (IPÊS).
O IBAD foi fundado no fim da década de 1950 com ajuda de empresários do Brasil e do
exterior, que viam no comunismo uma ameaça real de conquista do poder no Brasil. Para
eles, a conduta de governo de Juscelino Kubitschek denotava uma ação populista e, assim, era
necessário haver a disseminação de uma postura conservadora nas discussões da economia,
da política e da sociedade no Brasil.
Além da ação planejada de influência na sociedade brasileira, o IBAD também desenvolvia
um trabalho de propaganda, no rádio, na TV e em publicações em jornais, das ideias
conservadoras contra o mandato de João Goulart.
Já o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPÊS) foi criado em 1962, quando as oligarquias
brasileiras encontravam-se preocupadas com a tendência populista e de aproximação com os
ideais comunistas de um governo pós Jânio Quadros, tendo como pano de fundo a preocupação
com a inflação e a falta de planejamento econômico futuro.
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Unidade: O golpe militar e os governos militares – Implicações para o Serviço Social no Brasil
A adesão da classe burguesa a essa instituição foi de grande expressão, o que facilitou a
insubordinação da elite ao regime democrático e ao apoio ao golpe militar de 1964, com o
desenvolvimento de campanhas difamatórias ao governo de João Goulart, publicando artigos
nos jornais de grande circulação do país, além de distribuir livros e materiais de divulgação de
propaganda anticomunista, visando, também, influenciar a comunidade universitária na época.
Além do conteúdo escrito, o IPÊS elaborou e exibiu para a população mais de dez filmes conceituais
para popularizar a necessidade de combater o comunismo e as ideias de esquerda no Brasil.
Além do trabalho de divulgação das ideias conservadoras, o IPÊS organizou trabalhadores,
organizações religiosas e a sociedade civil de um modo geral para a organização contrária ao
regime democrático do governo até o golpe militar.
Tanto o IPÊS, quanto o IBAD, foram investigados em 1963 por uma Comissão Parlamentar
de Inquérito (CPI), porém ambas instituições não sofreram grandes penalidades por sua atuação
antidemocrática. Após o golpe militar, no ano de 1966, o IPÊS foi considerado “órgão de
utilidade pública”.
Como visto, as forças para a ampliação do conservadorismo no Brasil foram organizadas
em um clima de intensa pressão nos governos considerados populistas ou que beneficiassem
em demasia os anseios da população por melhores condições de trabalho e melhoria salarial.
Da mesma forma, a elite conservadora apoiaria os donos do latifúndio rural no sentido de
impedir a organização do homem do campo pelo direito à terra, condenando, veementemente,
a luta pela reforma agrária.
Politicamente, os militares e a elite conservadora encontraram o apoio político necessário
na União Democrática Nacional (UDN), partido político conservador criado para fazer
oposição ao período de governo de Getúlio Vargas e, posteriormente, aos governos Juscelino
Kubitschek e João Goulart.
A organização da elite conservadora burguesa e rural contribuiu para as conspirações
que desencadearam no suicídio de Getúlio Vargas em 1954, que quase impediram a posse
de Juscelino em 1955, que impulsionaram e destituíram Jânio Quadros em 1961 e que
impediriam a posse de João Goulart como presidente constitucional de fato e de direito,
levando o país ao parlamentarismo e posteriormente quando enfim, após o plebiscito que
retornou o presidencialismo, reconduzindo João Goulart à presidência com poderes de chefe
executivo, o impedindo de governar com o golpe de 1964.
Dado o golpe militar, parte da sociedade civil, que apoiou a intervenção militar no país,
esperando o retorno da democracia, acabou se decepcionando, pois o golpe militar de 1964
instituiu a ditadura, os atos institucionais e a privação dos direitos de organização social.
Após o golpe, a luta popular por melhores condições de vida, a organização da classe
trabalhadora, a luta popular por moradia e a luta dos camponeses por reforma agrária foram
duramente reprimidas.
As prisões, as torturas e os assassinato das lideranças dos movimentos populares
desarticularam e reprimiram a organização dos movimentos sociais.
Com a instituição do regime militar não era possível a contestação do arrocho salarial, do
desemprego, do aumento da inflação ou de qualquer outro meio de opressão social.
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Após o golpe, o país passou a ser governado por presidentes eleitos indiretamente por um
colégio eleitoral, composto de deputados e senadores.
Em 1968, o Congresso Nacional seria fechado e somente retornaria a suas atividades 10
meses depois.
De 1964 a 1969, o governo rasgaria a constituição de 1946 e atuaria por meio de
atos institucionais, quando foram extintos os partidos políticos antigos, e criado o sistema
bipartidarista, sob a representação da ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e do MDB
(Movimento Democrático Brasileiro).
Após a instituição do Ato Institucional nº 5 (AI-5), o direito a qualquer tipo de organização
popular foi proibido, uma vez que nem a reunião de pessoas em público era permitida.
A alegação do regime militar para a censura, para a perseguição da oposição e para a
instauração de um regime linha-dura era de que o Brasil passava por um processo de guerra
interna, que ameaçava a segurança nacional e, assim, era necessário acabar com o inimigo
invisível, que tentava sabotar a soberania nacional.
Para tanto, o regime militar criou uma lei denominada Lei de Segurança Nacional, que
previa até a pena de morte em caso de estado de sítio no país.
Os opositores do regime, na forma de resistência armada, ou no campo das ideias, eram
considerados, pelo governo, como agentes de ação subversiva, terrorista e representantes do
comunismo internacional.
Segundo essa lógica, todo movimento de oposição, não consentido pelo governo deveria
ser exterminado, exilado, calado ou censurado.
Para a ação prática, a prisão, a tortura e o extermínio de inimigos do regime militar foram dados
como formas de ação do governo para a manutenção da ditadura militar. A prática dos métodos
de tortura era apoiada pelo serviço de inteligência dos Estados Unidos da América (CIA).
Com o golpe militar, o país deixou de ter um desenvolvimento natural no curso do caminho
democrático, e perdeu em 21 anos a livre condição de se organizar, de desenvolver políticas
de ação de crescimento sustentável que permitisse menos dependência da influência do
monopólio do capital estrangeiro, ou seja, deixou de alcançar índices de crescimento social
equivalentes ao crescimento econômico.
Dessa forma, as conquistas e avanços sociais tiveram sua efetivação décadas após o golpe,
criando um grande abismo social, que hoje impera em nosso dia a dia nas expressões da questão
social, como a violência, o tráfico de drogas, a miséria, a falta de moradia, entre outras.
No campo das forças armadas, os Estados Unidos deram a retaguarda de apoio aos militares
brasileiros com a aproximação de seus navios encouraçados e porta-aviões, próximos a costa
do país. Em caso de uma possível força de resistência legalista combater os golpistas, esta frota
seria acionada e poderia, em questão de horas, juntar-se aos militares brasileiros.
Pela agência de inteligência dos Estados Unidos (CIA), a polícia repressiva do regime militar
foi treinada para a prática de tortura da população civil, organizada na resistência à ditadura.
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Unidade: O golpe militar e os governos militares – Implicações para o Serviço Social no Brasil
A ditadura militar no Brasil ocorreu em seu início como uma virada ideológica para a direita,
inclusive sendo idealizada como a restauração da democracia, por meio da intervenção militar
provisória e curta.
Os verdadeiros vencedores, além dos militares, no período da ditadura, foram os donos
do monopólio do capital estrangeiro, uma vez que idealizaram um sistema de exploração
no desenvolvimentismo, ampliando o consumo, fazendo o Brasil ampliar a sua dependência
econômica, fazendo com que a economia local crescesse de tal maneira que, mesmo em caso
de uma crise econômica, os donos do capital estrangeiro pudessem lucrar com os juros de
períodos de recessão.
A ditadura militar, portanto, era a garantia liquida e segura da continuidade de uma elite
econômica subserviente do capitalismo internacional, sob a liderança da política dos Estados
Unidos, assim como em seu domínio pelos demais países da América Latina.
Esse processo de dependência econômica acarretou a perda de poder aquisitivo da classe
trabalhadora, ao mesmo tempo em que garantiria aos grandes industriais o crescimento e
a expansão da produção, no que compreenderá o primeiro período de 1965 até 1973 nas
bases para o chamado “milagre econômico”, quando, segundo o governo, seria necessário
crescer o “bolo” da economia para distribuir as riquezas para todos.
Em ações governamentais, o primeiro período da ditadura criou alguns órgãos no sentido
de minimizar e justificar ações de combate a questão social.
Algumas delas seriam ideologicamente em contraponto às propostas defendidas pelo ex-
presidente João Goulart.
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Todas as ações da ditadura militar foram concebidas e instituídas por funcionários
burocratas, sem a participação da sociedade civil.
Para a sociedade civil, composta de uma pequena elite burguesa, pela classe média e pela
ampla maioria da classe trabalhadora menos favorecida, restava o lema: “Brasil, ame ou deixe-o”.
Nessa perspectiva, a reforma agrária seria encabeçada pelo Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (INCRA), ao passo que se justificaria a exploração e o desmatamento da
Amazônia legal, em áreas de assentamento, que depois seriam anexadas por grandes latifundiários
amigavelmente e, na maioria das vezes, pelo extermínio dos assentados e seus familiares.
O território dos assentamentos de colonização delimitado pelo INCRA, compreendia, na maioria
das vezes, os estados do Maranhão, Pará, Amazonas, Mato Grosso, Goiás (atual Tocantins).
Esta região também presenciou a construção da rodovia Transamazônica, rodovia que, até
hoje, em sua maior extensão, sobrevive de forma precária, sem nenhum tipo de pavimentação.
Nessas terras, abriu-se condições para a exploração indiscriminada da madeira, para a
poluição dos rios com o mercúrio utilizado nos garimpos, e para a expulsão e extermínio de
populações indígenas de suas terras de origem.
Também nesse período foram construídas obras de grande impacto, como a construção da
ponte Rio-Niterói, e da Usina Hidroelétrica de Itaipu. Após a crise do petróleo, muitas delas
seriam abandonadas.
No nordeste, a ação viria através da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
(SUDENE), um órgão que acabaria por se perder na burocracia e no empreguismo dos parentes
e amigos de coronéis da região, sem fazer o planejamento básico de criar e executar programas
de combate à seca, o que ampliou o êxodo rural e a expulsão de pequenos agricultores os quais,
sem rumo, acabavam por se instalar em palafitas nas capitais nordestinas ou em barracos nas
capitais do sudeste, ampliando, assim, a massa suburbana nas grandes cidades do país, em um
crescimento demográfico em territórios sem o mínimo de infraestrutura.
No item habitação, a ditadura militar criou o Banco Nacional da Habitação (BNH) que
financiava a construção de pequenas casas e apartamentos para as camadas de média e baixa
renda da população em áreas periféricas e distantes dos grandes centros urbanos.
Eram locais onde apenas haviam sido construídos os edifícios, sem o devido planejamento
de criação de escolas, indústrias, comércios, postos de saúde, ou qualquer outro tipo de serviço
para os moradores. Muitos deles eram desalojados de cortiços ou favelas próximas a projetos
de condomínios de alto padrão, ou grandes centros comerciais.
Na questão dos direitos dos trabalhadores, no período do regime militar, houve uma
importante alteração na Consolidação das Leis Trabalhistas. Alguns anos após ser registrado,
o trabalhador brasileiro perderia o direito à estabilidade, podendo ser demitido sem justa causa
pelo empregador.
Como medida compensatória, o governo instituiu uma poupança na qual trabalhador e
empregador contribuiriam em uma conta comum chamada de fundo de garantia por tempo
de serviço (FGTS). Segundo a nova proposta, quando demitido, o funcionário poderia sacar o
dinheiro como uma forma indenizatória pela sua demissão.
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A inércia e imobilidade de ação de controle da economia, o abandono das ações básicas
de melhoria das condições sociais da população fizeram com que, nas eleições municipais,
permitidas pelo governo, houvesse um expressivo recado de que a ditadura já não tinha o
apoio da classe média, e que as organizações da sociedade civil retomariam o sentido da
reorganização e da luta pela redemocratização.
Este movimento que inicialmente se organizou sob o apoio da igreja católica progressista,
logo tomaria a forma de mobilizações nos centros acadêmicos estudantis, e na luta da classe
trabalhadora, mobilizada nas greves a partir de 1978, no ABC paulista.
As medidas impopulares de racionamento e aumento do combustível importado
desencadearam um processo inflacionário e uma recessão nunca antes ocorrida no país.
Após a lei da Anistia, no final da década de 1970, o país passaria por um processo de
renovação política nos anos 1980 que organizaria diversos protestos contra o regime militar,
cujo momento maior foi a campanha pelas eleições diretas para presidente, em 1984,
denominada Diretas Já!
Após a derrubada da proposta de emenda que previa a eleição direta para presidente, o colégio
eleitoral definiu a eleição de Tancredo Neves do PMDB como o novo presidente civil do país.
Embora eleito, Tancredo Neves não chegou a assumir a presidência, sendo substituído por
José Sarney, político que apoiou o golpe militar de 1964 e que, na maior parte da ditadura,
fez parte da base de apoio político do regime militar.
De forma apagada e sem nenhuma homenagem, a ditadura militar saiu da história do Brasil
pela porta dos fundos do poder, sem que em nenhum momento desse período algum militar
do poder fosse visto com bons olhos pela população brasileira.
Era o começo de um novo momento: a Nova República.
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Ações como o Projeto Rondon, que levava assistência médica e social a famílias em locais
de difícil acesso no Brasil, permitiam um conhecimento diferenciado da realidade cotidiana da
prática profissional nos grandes centros urbanos.
A condição funcionalista e burocrática do Serviço Social no período da ditadura militar,
somado a prática do primeiro-damismo, levou o Serviço Social para uma posição de perca de
sua identidade, e da real função do profissional em sua prática cotidiana.
A Legião Brasileira de Assistência - LBA transformaria-se em órgão símbolo de corrupção,
desvio de dinheiro, corrupção e assistencialismo, privilegiando pessoas ligadas a políticos
influentes nas regiões de atuação profissional.
Essa situação de alinhamento com as instituições tem a intenção de ruptura no final da
década de 1970, o marco que vai criar a identidade da profissão, com o rompimento da
categoria ao tradicionalismo.
A partir da intenção de ruptura, o Serviço Social vai marcar uma nova fase de posicionamento
teórico, metodológico e prático, construindo um projeto ético-político, criando alicerces para a
intervenção nas expressões da questão social, ao tentar compreender as relações dos sujeitos
atendidos nos serviços da Assistência Social, na saúde, no trabalho, na comunidade, entre
outros locais de atuação profissional.
A partir da redemocratização do país, o Serviço Social escolhe o marxismo como base
teórica do materialismo dialético, como forma de ação de estudo das relações dos sujeitos,
avançando, assim, na luta por melhores condições da classe trabalhadora e da sociedade de
uma maneira geral.
É a partir do rompimento das amarras da ditadura militar que o Serviço Social se consolida
como uma profissão independente, consciente e ligada ao trabalho do Assistente Social, na
busca por um país com menos injustiças.
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O período do regime militar foi um dos momentos mais nefastos da história do Brasil, por
diversos motivos, dentre eles, o fato do atraso no desenvolvimento econômico e social do país.
Dado o golpe militar, parte da sociedade civil que apoiou a intervenção militar no país,
esperando o retorno da democracia acabou se decepcionando, pois o golpe militar de 1964
instituiu a ditadura, os atos institucionais e a privação dos direitos de organização social.
Com a instituição do regime militar não era possível a contestação do arrocho salarial, do
desemprego, do aumento da inflação ou de qualquer outro meio de opressão social.
Os verdadeiros vencedores além dos militares no período da ditadura, foram os donos do
monopólio do capital estrangeiro, uma vez que estes, idealizaram um sistema de exploração
no desenvolvimentismo, ampliando o fator consumo, fazendo o Brasil ampliar a sua
dependência econômica.
O processo de dependência econômica, acarretou a perda de poder aquisitivo da classe
trabalhadora, ao mesmo tempo em que garantiria aos grandes industriais o crescimento e a
expansão da produção, no que compreenderá o primeiro período de 1965 até 1973.
Este período foi denominado de “milagre econômico”, onde segundo o governo, seria
necessário crescer o bolo da economia para distribuir as riquezas para todos.
Após 1973, o vigor do milagre econômico do início da ditadura militar foi trocado por um
estado que prometia mas não cumpria.
A ditadura militar conservadora no Brasil desencadeou diversos atrasos, passando do atraso
tecnológico ao atraso de direitos e conquistas sociais no Brasil de forma a contribuir para
o aumento da violência, do tráfico de drogas, do analfabetismo, da segregação social, e da
elitização cada vez maior no país.
O atraso tecnológico contribuiu para a falência de diversas empresas na década de 1990,
quando na Nova República, o então presidente Fernando Collor abriu o mercado econômico.
A neutralidade do Serviço Social no período da ditadura militar arrastou a profissão para o
pensamento conservador neste período.
A condição funcionalista e burocrática do Serviço Social no período da ditadura militar,
somado a prática do primeiro-damismo, levou o Serviço Social para uma posição de perca de
sua identidade, e da real função do profissional em sua prática cotidiana.
De forma apagada e sem nenhuma homenagem a ditadura militar saiu da história do Brasil
pela porta dos fundos do poder, sem que em nenhum momento deste período, algum militar
do poder fosse visto com bons olhos pela população do Brasil.
É a partir do rompimento das amarras da ditadura militar, na intenção de ruptura, que o
Serviço Social se consolida como uma profissão independente, consciente e ligada com o
trabalho do Assistente Social, na busca por um país com menos injustiças.
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Material Complementar
Para melhor aproveitamento de seu estudo, sugerimos os recursos didáticos dos vídeos
a seguir.
Vídeos:
Filme 1: Cabra Marcado para Morrer:
https://www.youtube.com/watch?v=JE3T_R-eQhM
Filme 2: O ano em que meus pais saíram de férias:
https://www.youtube.com/watch?v=yplwrQIWgIw
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Referências
NETTO, J. P. Ditadura e Serviço Social. Uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64.
8ªed. São Paulo. Ed. Cortez. 2005.
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Anotações
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