1

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Departamento de Engenharia Mecânica – Faculdade de Tecnologia
Programa de Pós-Graduação em Ciências Mecânicas

1ª Lista de exercícios – Fadiga de materiais

Anne Caroline de Paula Nascimento

Brasília, junho de 2019.

 2

1 Considerando os dados de teste de fadiga realizados na liga de alumínio 7075-t6

sob condições de razão de carregamento, r, igual a -1, faça o que se pede:
1.1 Represente o diagrama de dispersão dos resultados experimentais, trace duas curvas s-n,
uma usando a) escala linear-linear, b) log-linear e c) log10-log10.

Linear - linear
600

500 f(x) = 1267.84 x^-0.14

σMax (MPa)

400

300

200

100

0
0.00E+00 2.00E+05 4.00E+05 6.00E+05 8.00E+05 1.00E+06 1.20E+06 1.40E+06
Log vida (N)

Linear - log
600

500 f(x) = 1267.84 x^-0.14

σMax (MPa)

400

300

200

100

0
1.00E+02 1.00E+03 1.00E+04 1.00E+05 1.00E+06 1.00E+07
Log vida (N)

Log - log
1000

f(x) = 1267.84 x^-0.14

σMax (MPa)

100

10
1.00E+02 1.00E+03 1.00E+04 1.00E+05 1.00E+06 1.00E+07
Log vida (N)
 3

1.2 Determine utilizando a metodologia descrita na norma ASTM E739-10 a curva S-N
considerando:
1.2.1 Todos os dados (curva média)

Log - log
1000

f(x) = − 44.65 ln(x) + 782.63

σMax (MPa)

100

10
1.00E+02 1.00E+03 1.00E+04 1.00E+05 1.00E+06 1.00E+07
Log vida (N)

1.2.2 Os valores medianos de vida relacionados a cada nível de carregamento utilizado no

programa de testes (curva mediana)

Log - log
1000

f(x) = − 44.65 ln(x) + 782.63

σMax (MPa)

100

10
1.00E+02 1.00E+03 1.00E+04 1.00E+05 1.00E+06 1.00E+07
Log vida (N)

1.2.3 Os menores valores de vida observados em cada nível de tensão utilizado no programa
de testes (vida mínima).

Log - log
1000

f(x) = − 44.65 ln(x) + 782.63

σMax (MPa)

100

10
1.00E+02 1.00E+03 1.00E+04 1.00E+05 1.00E+06 1.00E+07
Log vida (N)
 4

1.3 Avalie quais vantagens ou desvantagens existem nos três sistemas de escalas.
Para a escala linear – linear, é possivel visualizar os valores de tensão e vida
facilmente, contudo a curva de ajuste não prevê de satisfatoriamente o comportamento do
material material dado um certo nível de tensão ou para uma vida em fadiga desejada pelo
método gráfico.
Utilizando a escala linear – log é possivel uma relação que se aproximadamente
linear entre a tensão aplicada e a vida em fadiga do material facilitando a previsão do
comportamento do material dado um certo nível de tensão ou para uma vida em fadiga
desejada. Entretanto a escala logarítmica é de difícil interpretação no diagrama. A grande
vantagem desse método é a junção das qualidades dos modelos em escala Linear-Linear e
escala Log-Log.
Com a escala log –log é possível estabelecer uma relação praticamente linear entre a
tensão aplicada e a vida em fadiga do material otimizando a previsão do comportamento do
material dado um certo nível de tensão ou para uma vida em fadiga desejada pelo método
gráfico. Entretanto a escala logarítmica é de difícil interpretação no diagrama.
1.4 Avalie qual relação de ajuste melhor representa os dados experimentais.
Linear - log
1.5 A partir do melhor modelo de ajuste e considerando as curvas média, mediana e mínima
determine:
1.5.1 O limite de fadiga - 159 MPa a uma vida em fadiga de 5 x 108 ciclos.
1.5.2 A resistência à fadiga em 5,24 x 105 ciclos

1.5.3 A vida de fadiga em Sa = 206 mpa.

 5

1.6 COMENTE OS RESULTADOS EM ESPECIAL COMO VOCÊ LIDARIA COM A

DISPERSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS.
Analisando os resultados considerando os resultados obtidos nos métodos de Curva
Média, de Curva Mediana e de Curva de Vida Mínima percebe-se que o primeiro possui
maior dispersão. Entre os métodos de Curva Mediana e de Curva de Vida Mínima o último
apresenta comportamento mais conservador, se tornando mais adequado na prevenção de
falhas por fadiga. Portanto, faria as análises utilizando o critério da Curva de Vida Mínima.
Acesse o site http://www.matweb.com, obtenha a resistencia a fadiga da liga
ensaiado e construa as curvas S-N utilizando as relações empíricas apresentadas em aula.
1.05E+07

7.55E+04

R s Max (MPa) Vida

NACA 2324

-1 344.74 1.30E+04
-1 275.79 4.50E+04
-1 275.79 5.54E+04
-1 275.79 6.68E+04
-1 241.32 1.35E+05
-1 241.32 1.11E+05
-1 227.53 2.70E+04
-1 224.08 7.30E+04
-1 206.84 1.30E+05
-1 206.84 2.63E+05
-1 206.84 1.65E+05
-1 206.84 4.78E+05
-1 206.84 1.49E+05
-1 189.61 1.21E+06
-1 451.36 2.99E+03
-1 312.09 1.02E+05
-1 287.15 2.56E+05
-1 259.43 4.14E+05
-1 500.58 1.26E+03
-1 500.93 5.94E+02
 6

2 O conjunto de dados apresentado nas tabelas abaixo também foram obtidas para o
alumínio 7075-t6, com o objetivo de avaliar o efeito da presença da tensão média
sobre o comportamento a fadiga.
1.05E+07 1.05E+07

7.55E+04 7.55E+04

R s Max (MPa) Vida R s Max (MPa) Vida

0.02 555.03 9.40E+03
0.6 555.03 1.45E+04
0.02 555.03 9.20E+03
0.6 555.03 7.17E+04
0.02 555.03 9.80E+03
0.6 555.03 6.83E+04 0.02 551.58 9.70E+03
0.6 555.03 9.90E+04 0.02 537.79 9.70E+03
0.6 544.69 1.62E+05 0.02 517.11 1.62E+04
0.6 544.69 1.82E+05 0.02 482.63 1.88E+04
0.6 517.11 5.86E+04 0.02 344.74 4.80E+04
0.6 482.63 8.81E+04 0.02 310.26 9.94E+04
0.6 482.63 4.33E+05 0.02 310.26 1.61E+05
0.6 482.63 1.14E+06 0.02 310.26 3.05E+05
0.5 448.16 8.90E+04 0.02 310.26 2.36E+04
0.4 555.03 2.36E+04 0.02 275.79 3.56E+05
0.4 555.03 2.32E+04 0.02 258.55 2.03E+05
0.4 555.03 2.00E+04 -0.6 517.11 1.16E+04
NACA 2324
NACA 2324

0.4 555.03 2.40E+04 -0.6 517.11 8.80E+03

0.4 537.79 2.76E+04 -0.6 517.11 9.40E+03
-0.6 448.16 1.10E+04
0.4 517.11 3.75E+04
-0.6 413.69 1.66E+04
0.4 482.63 3.91E+04
-0.6 413.69 1.91E+04
0.4 448.16 6.38E+04
-0.6 413.69 1.94E+04
0.4 413.69 9.92E+04
-0.6 379.21 2.46E+04
0.4 386.11 2.14E+05 -0.6 310.26 6.82E+04
0.4 344.74 1.73E+05 -0.6 296.47 6.38E+04
Considerando essa informação, combine os dados acima com os dados aparesentados
na tabela do exercício 1 em um único conjunto de dados e faça o que se pede:
2.1 Avaliar o nível de dispersão da curva σ max versus N
 7

Linear - Linear
600
f(x) = − 49.2 ln(x) + 927.32
500

400
σMax (MPa)

300

200

100

0
0.00E+00 2.00E+05 4.00E+05 6.00E+05 8.00E+05 1.00E+06 1.20E+06 1.40E+06
Vida (N)

Linear - Log
600
f(x) = − 49.2 ln(x) + 927.32
500

400
σMax (MPa)

300

200

100

0
1.00E+02 1.00E+03 1.00E+04 1.00E+05 1.00E+06 1.00E+07
Log Vida (N)

Log - Log
1000

f(x) = − 49.2 ln(x) + 927.32

Log σMax (MPa)

100
1.00E+02 1.00E+03 1.00E+04 1.00E+05 1.00E+06 1.00E+07
Log Vida (N)

Como esse conjunto de dados apresenta grande número de pares (σ max , N ), ocorre
grande dispersão nas curvas considerando as escalas Linear – Linear e Linear – Log10. Desta
forma, a escala Log10 – Log10 torna-se a mais adequada para analisar os dados.
 8

2.2 Considerando a relação de goodman, calcule a tensão alternada equivalente, σ ar, para
cada teste, construa o diagrama de dispersão entre σ ar e n, estime a curva σ ar-n e
compare as curvas de tendência obtidas no exercicio 1 - comente sobre o resultado da
comparação.
A relação de Goodman é dada por:
Sm
Sa =S ar ⋅ 1− ( Srt )
onde Sa é a tensão alternada, Sm é a tensão normal média, S ar é a tensão alternada
equivalente e Srt é o limite de resistência a tração.

Log - Log
1000.00
Log σar (MPa)

f(x) = − 58.52 ln(x) + 979.21

100.00
1.00E+02 1.00E+03 1.00E+04 1.00E+05 1.00E+06 1.00E+07
Log Vida (N)

Para este novo conjunto de dados e utilizando-se a relação de Goodman a relação da

tensão máxima e a vida em fadiga do material é dado pela equação:
SMAX = 2180,2.N-0,176
No exercício 1, utilizando o critério de Vida Mínima, a equação obtida foi:
SMAX = 1251,9.N-0,132
A partir da equação de Goodman obtem-se um modelo mais conservador, no qual a
tensão alternada assume valores relativamente próximos aos observados para a tensão
máxima. Além disso, ao se utilizar escala logarítmica para tensão e vida a dispersão dos
pontos na curva atinge um nível intermediário dentre todos os modelos utilizados, mas que
não dificulta a análise.
2.3 Proceda como em (b) considerando o modelo de morrow com ~
σ fB,
2
S
( ( ))
Sa =S ar ⋅ 1− ~ m
σ fB

onde Sa é a tensão alternada, Sm é a tensão normal média, S ar é a tensão alternada

equivalente e ~
σ é a constante de Basquin para R = -1.
fB

Para o modelo log - log a equação obtida é:

 9

SMAX = 1441,4.N-0,163
Com este modelo obtem-se o um modelo mais arriscado, no qual a tensão alternada
no caso de R = 0,6 assume valores próximos a 39% dos observados para a tensão máxima. A
dispersão dos pontos na curva atinge um nível elevado dificultando assim a análise.
2.4 Proceda como em (b) considerando o modelo de morrow com σ 'f ,
2
Sm
Sa =S ar ⋅ 1−
( ( ))
S'f

onde Sa é a tensão alternada, Sm é a tensão normal média, S ar é a tensão alternada

equivalente e S'f é a constante de Basquin para R = -1.
Para o modelo log - log a equação obtida é:
SMAX = 1284,5.N-0,160
Com este modelo obtem-se o modelo mais arriscado dentre os analisados, no qual a
tensão alternada no caso de R = 0,6 assume valores próximos a 26% dos observados para a
tensão máxima. A dispersão dos pontos na curva atinge o nível mais elevado dentre todos os
modelos utilizados, dificultando a análise.
2.5 Proceda como em (b) considerando o modelo de SWT,
2
σ a⋅
√ 1−R
=Sar

Onde σ a é o limite de fadiga na presença de σ m (tensão média normal), Sar é o limite

de fadiga para σ m = 0 e R é a razão de tensões.
Para o modelo log - log a equação obtida é:
SMAX = 1410,3.N-0,149
Utilizando este modelo a tensão alternada no caso de R = 0,6 assume valores
próximos a 45% dos observados para a tensão máxima. Nos casos onde R vale -0,6 e -0,8 a
tensão equivalente nesse modelo se aproxima mais dos valores de tensão máxima que o
modelo de Goodman e para valores intermediários de R a relação entre essas tensões se
aproxima. Dessa forma, esse modelo descreve melhor no geral o comportamento do material
do que o de Goodman e de Morrow. No entanto, deve-se ter em mente que a margem de
segurança desse modelo é menor quando o mesmo for adotado para projetos de novos
componentes ou estruturas. A dispersão dos pontos na curva nesse modelo atinge um nível
baixo facilitando a análise.
2.6 Proceda como em (b) considerando o modelo de walker, e
 10

1−γ
2
(
σ a⋅
1−R ) =Sar

onde σ a é o limite de fadiga na presença de σ m (tensão média normal), Sar é o limite

de fadiga para σ m = 0, R é a razão de tensões e γ é um parâmetro do material.
Para o modelo log – log a equação obtida é:
SMAX = 1549,1.N-0,144
Utilizando este modelo a tensão alternada no caso de R = 0,6 assume valores
próximos a 67% dos observados para a tensão máxima. Nesse modelo a previsão da vida em
fadiga se dá de forma mais precisa do que os anteriores. Entretanto, é interessante utilizar o
mesmo como confirmação da vida em fadiga ou da tensão equivalente de estruturas em
operação do que para o projeto de novas estruturas, pois a área segura do gráfico é menor. A
dispersão dos pontos na curva nesse modelo atinge um nível baixo facilitando a análise.
2.7 Proceda como em (b) considerando o modelo de fatemi-socie.
Fatemi e Socie (1988) propuseram um modelo inspirado no trabalho de Brown e
Miller, mas sugeriram que o termo associado à deformação normal deveria ser substituído
pela tensão normal. Segundo o modelo Fatemi-Socie, as deformações cisalhantes governam a
nucleação e o crescimento de microtrincas, enquanto as tensões normais favorecem o
crescimento delas. A base conceitual dessa abordagem é ilustrada na abaixo.

Figura 1 - Base conceitual do modelo de Fatemi-Socie (Socie e Marquis, 2000).

As tensões normais às faces de uma microtrinca tenderiam a separá-las e assim
reduzir o atrito entre elas, favorecendo dessa forma o crescimento da microtrinca.

onde ∆𝛾𝑚𝑎𝑥 é o valor máximo da gama da deformação cisalhante, 𝜎𝑛,𝑚𝑎𝑥 é a tensão

normal máxima no plano de máximo cisalhamento, 𝜎y é o limite de escoamento do material e
𝑘 é um parâmetro material.
Ajustando a equação acima a dados de fadiga obtidos sob torção totalmente
alternada, o modelo passa a ter o seguinte formato:
 11

Onde G é o módulo de cisalhamento, τ 'f é o coeficiente de resistência à fadiga

cisalhante, γ 'f é o coeficiente de ductilidade à fadiga cisalhante, b 0 e c0 são expoentes de

resistência a fadiga e ductilidade à fadiga. O parâmetro k é uma constante obtida a partir de
testes de fadiga uniaxiais e torcionais e é dada por:

Onde 𝜈𝑒 é o coeficiente de Poisson elástico, 𝜈𝑝 é o coeficiente de Poisson plástico, 𝜎y

é a tensão de escoamento e ε 'f é o coeficiente de ductilidade à fadiga axial.
Esse critério de análise da vida em fadiga em função da tensão nos dá resultados
ainda mais próximos da realidade principalmente quanto à falha por cisalhamento