Você está na página 1de 8

A Fragilidade Humana e a Soberania Divina – Parte I

TEXTO ÁUREO
“E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu e o SENHOR o
tomou; bendito seja o nome do SENHOR.” (Jó 2.21)
 
VERDADE PRÁTICA
A despeito das grandes provações que se abatem em nossa vida, à luz do exemplo de Jó, devemos
permanecer fiel ao Senhor.
  
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Jó 1.13-15 A tragédia se abateu sobre Jó – Primeiro anúncio
Terça – Jó 1.16 A tragédia se abateu sobre Jó – Segundo anúncio
Quarta – Jó 1.17 A tragédia se abateu sobre Jó – Terceiro anúncio
Quinta – Jó 1.18,19 A tragédia sobre a família de Jó – Quarto anúncio
Sexta – Jó 1.20-22 Primeira reação de Jó diante da tragédia
Sábado – Jó 2.6-8 Satanás e a saúde de Jó
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Jó 1.13-22; 2.6-8

Jó 1
13 – E sucedeu um dia, em que seus filhos e suas filhas comiam e bebiam vinho na casa de seu
irmão primogênito,
14 – que veio um mensageiro a Jó e lhe disse: Os bois lavravam, e as jumentas pasciam junto a
eles;
15 – e eis que deram sobre eles os sabeus, e os tomaram, e aos moços feriram ao fio da espada; e
eu somente escapei, para te trazer a nova.
16 – Estando este ainda falando, veio outro e disse: Fogo de Deus caiu do céu, e queimou as
ovelhas e os moços, e os consumiu; e só eu escapei, para te trazer a nova
17- Estando ainda este falando, veio outro e disse: Ordenando os caldeus três bandos, deram sobre
os camelos, e os tomaram, e aos moços feriram ao fio da espada; e só eu escapei, para te trazer a
nova.
18- Estando ainda este falando veio outro e disse: Estando teus filhos e tuas filhas comendo e
bebendo vinho, em casa de seu irmão primogênito,
19 – eis que um grande vento sobreveio dalém do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, a qual
caiu sobre os jovens, e morreram; e só eu escapei, para te trazer a nova.
20 – Então, Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e
adorou,
21 – e disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu e o SENHOR o
tomou; bendito seja o nome do SENHOR.
22- Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.

Jó 2
6 – E disse o SENHOR a Satanás: Eis que ele está na tua mão; poupa, porém, a sua vida.
7 – Então, saiu Satanás da presença do SENHOR e feriu a Jó de uma chaga maligna, desde a
planta do pé até ao alto da cabeça. 8 E Jó, tomando um pedaço de telha para raspar com ele as
feridas, assentou-se no meio da cinza.  
8 – E Jó, tomando um pedaço de telha para raspar com ele as feridas, assentou-se no meio da
cinza.
 
OBJETIVO GERAL
Mostrar que Jó manteve sua fidelidade a Deus.
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por
exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
1 Revelar de que forma as tragédias que se abateram sobre Jó atingiram seus bens;
2 Explicar de que forma Jó teve sua família destroçada pelos ventos;
3 Demonstrar de que forma Jó teve sua saúde física e mental abalada.
 
Nesta lição veremos a calamidade que se abateu sobre a vida de Jó. A partir desse drama temos a
oportunidade de refletir a respeito do sofrimento e o modelo de comportamento que o cristão deve
ter para a própria vida diante das adversidades. A realidade de Jó, muitas vezes, pode tornar-se um
espelho na vida de muitos cristãos. O que nos deve levar a reagir conforme o que o Senhor Jesus
ensinou aos seus discípulos. Em nenhum momento nosso Senhor negou que teríamos sofrimento
na vida. Nesse aspecto, a grande diferença entre quem tem confiança em Cristo está na forma que
se passa pelo caminho do sofrimento. Assim, Jó é um grande exemplo de fé e paciência para os
cristãos.
 
INTRODUÇÃO
A provação de Jó fez com que sua vida se tornasse um verdadeiro drama. Nem mesmo os mais
aclamados cineastas seriam capazes de dramatizar algo semelhante. Da condição de homem mais
rico e admirado do Oriente, ele tornou-se, não apenas um pobre moribundo, mas, na visão de seus
amigos, “um pecador revoltado e arrogante”. De uma vida abastada, piedosa e fraternalmente
estruturada, Jó mergulhou em um mar de calamidades. De repente tudo se desmoronou. Os
rebanhos foram roubados e dizimados; os empregados foram assassinados e, outros, mortos em
desastres aparentemente naturais; os filhos, seu bem mais precioso, morreram. Cenas difíceis de
esquecer! Refletir sobre como Jó reagiu a tudo isso é o objetivo dessa lição.
 
PONTO CENTRAL
O sofrimento se abate sobre o justo.
 
I – TRAGÉDIA DE NATUREZA ECONÔMICA

   1. O sucesso na esfera comercial. O autor sagrado já havia sublinhado que Jó era “maior de
todos os do Oriente” (Jó 1.3). O respeito, a admiração, a riqueza e a prosperidade do homem de Uz
contribuíram para a construção dessa imagem. O autor já havia destacado a riqueza e a
prosperidade de Jó, medidas pela grande quantidade de animais e servos a serviço dele. O
comércio e a atividade do campo eram suas principais atividades. Devido à sua grande riqueza, não
são poucos os autores que igualam Jó a grandes industriais e empresários contemporâneos.
Enquanto as ovelhas proporcionavam lã para a produção têxtil, por outro lado os camelos e
jumentas estavam a serviço do transporte de cargas. Dessa forma, Jó se destacava no Oriente
como um homem de negócios.

   2. O sucesso na esfera do campo. A atividade do campo era, sem dúvida, o principal negócio de
Jó. O fato de que ele tinha tantas juntas de bois a seu serviço demonstra que ele era um agricultor
que possuía uma grande extensão de terras, e não um nômade como alguns autores supõem.
Estudiosos destacam o fato de que a palavra hebraica ‘abuddah, encontrada somente em Jó e em
Gênesis 26.14, é uma referência direta à lavoura e ao cultivo da terra. Os bois, e da mesma forma
as ovelhas, ofereciam a proteína animal. As ovelhas, juntamente com as jumentas, alimentavam a
produção de laticínios. Isso fazia de Jó um verdadeiro empreendedor no sentido moderno do termo. 

   3. O ataque do Diabo na esfera comercial. Satanás atingiu o centro das atividades comerciais
do patriarca. O Adversário procurou retirar aquilo que, graças ao trabalho duro, Jó havia
conquistado. Assim, destruiu os animais e o pessoal a serviço dele, desestabilizando-o
financeiramente. Seu negócio foi a bancarrota. Sem animais de carga, o transporte estava
prejudicado.

   4. O ataque do Diabo na esfera do campo. Da mesma forma que atingiu os negócios de Jó na
esfera comercial, Satanás o atingiu também na esfera do campo. Destruindo a sua fonte de
produção de proteínas e laticínios, o Diabo atingiu em cheio toda a fonte de sua riqueza. Era preciso
muito equilíbrio para não se desesperar diante de um quadro tão sombrio. Aqui é necessário fazer
uma ponderação. Evidentemente que nem sempre o empreendimento de alguém quebra por
investidura de uma ação maligna direta; muitas vezes é apenas um mau gerenciamento ou até
mesmo consequência de uma crise de mercado. Todavia, no caso de Jó, foi uma ação maligna e em
muitos casos hoje também o é.
 

SÍNTESE DO TÓPICO I
A tragédia de natureza econômica atingiu Jó tanto na esfera comercial quanto na esfera do campo.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Como introdução a esta lição, sugerimos que você faça um breve resumo para a classe a respeito
dos aspectos gerais do sofrimento de Jó, como o físico, social, emocional e espiritual. Para isso
considere este pequeno fragmento textual: “O sofrimento de Jó era multifacetado. Era físico, social,
emocional e espiritual. Estava em dor e tormento (13.25; 16.6; 30.17) e tinha grandes dificuldades
(’amal, ‘tristeza’, ‘desgraça’, 3.10; palavra também usada em 4.8; 5.6,7; 11.16; 15.35). No âmbito
físico, teve insônia (7.4), perdera peso (16.8), ficou com os olhos vermelhos e olheiras profundas
(v.16), emagreceu (17.7; 19.20), tinha calafrios (21.6), dores nos ossos (30.17), a pele enegrecera e
descascara (vv.28,30), tinha febre (v.30) e furúnculos que coçavam (2.7). Socialmente, as pessoas o
rejeitavam. Zombavam e escarneciam (12.4; 16.10; 17.2,6), e até as crianças debochavam dele
(30.1,9-11). Por isso, não tinha alegria (9.25; 30.31). Na sua angústia e amargura (7.11; 10.1), sentia
que estava na escuridão (19.8; 30.26) e em desespero (6.14,20). Todos os amigos e parentes o
abandonaram (19.17-29). Diante de Deus, Jó estava espiritualmente sem esperança (14.13; 19.10).
Deus estava parado e aparentemente desinteressado em Jó (19.7; 30.20), embora o sofredor
clamasse por ajuda (30.24,28)”.
 
II – TRAGÉDIA DE NATUREZA FAMILIAR

   1. Filhos. A tragédia que se abateu sobre Jó foi de fato catastrófica. Ele perdeu em um só dia
seus dez filhos de forma calamitosa – sete filhos e três filhas. O texto sagrado diz: “Estando teus
filhos e tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa de seu irmão primogênito, eis que um grande
vento sobreveio dalém do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre os jovens, e
morreram” (vv.18,19). Não haveria nada mais trágico do que esse acontecimento. Perder um filho é
calamitoso, mas perder todos de forma inexplicável é nefasto. A exemplo de Jó, o crente deve se
refugiar em Deus. É preciso que a família abra a Bíblia em casa e busque o Senhor em estudo e
devoção.

   2. Esposa. A frase “Amaldiçoa a Deus e morre” (Jó 2.9), atribuída à esposa de Jó, é uma das mais
chocantes do livro. Talvez por isso seja objeto de várias explicações. Muitos autores tentam suavizá-
la quando a interpretam como sendo uma ironia feita pela esposa de Jó. Nesse caso ela, de fato,
estaria dizendo: “Você continua aí com essa sua fé enquanto tudo desmorona à sua volta. Por que
tudo isso? Deixe de lutar por isso e aceite a morte”. Outros procuram atribuir um sentido ao texto o
qual ele não tem. Para estes, a esposa de Jó não estava mandando amaldiçoar a Deus, mas
orientando Jó a louvá-lo e morrer em paz. No entanto, as evidências do texto depõem contra esse
entendimento. A reação de Jó, ao dizer que sua esposa falava como qualquer louca, confirma esse
fato. 

    3. O fato. Um vento forte soprou sobre a família de Jó, devastando-a. Ainda hoje, “fortes ventos”
continuam a “soprar” em famílias inteiras.  O resultado desses “ventos” é a degradação familiar,
divórcios, drogas etc. A exemplo de Jó, o crente deve se refugiar em Deus. É preciso que a família
abra a Bíblia em casa e busque o Senhor em estudo e devoção.
 
SÍNTESE DO TÓPICO II
Jó perdeu dez filhos em um só dia e sua esposa instou-lhe a abandonar a fé em Deus.
 
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Seus bens mais queridos e mais valiosos era os seus dez filhos; e, para concluir a tragédia, uma
notícia lhe foi trazida ao mesmo tempo de que eles estavam mortos e enterrados em meio às ruínas
da casa na qual festejavam, junto com todos os criados que os serviam, exceto um que veio
rapidamente com essa notícia (vv.18,19). Esta foi a maior das perdas de Jó, e que o atingiu mais de
perto; e por isso o Diabo a reservou para o final, para que se outras contrariedades falhassem, esta
pudesse fazê-lo amaldiçoar a Deus. Nossos filhos são partes de nós mesmos; é muito difícil
separar-nos deles, e isso fere um bom homem de maneira mais profunda possível. Mas separar-se
de todos eles de uma vez, e o fato de estarem todos mortos, sim, aqueles que haviam sido por
tantos anos a sua preocupação e a sua esperança, era algo que o atingia realmente no âmago do
seu ser”.

 
III – TRAGÉDIA DE NATUREZA FÍSICA E PSICOLÓGICA

   1. O Diabo toca na saúde de Jó. Depois que o Diabo viu o seu plano fracassar, pois o patriarca
não sucumbiu à tentação, mesmo diante da dizimação de seus bens e familiares, o Adversário agora
tem a permissão divina para tocar na saúde de Jó. Essa nova prova é um drama muito distinto na
literatura do Antigo Testamento. Ela dará a tônica ao restante do livro.

   2. Saúde física. O texto sagrado diz que o Diabo “feriu a Jó de uma chaga maligna, desde a
planta do pé até ao alto da cabeça.” (Jó 2.6,7). Tratava-se de uma doença extremamente maligna,
capaz de provocar um grande sofrimento em Jó, a ponto de este sentar-se nas cinzas e pegar um
caco de barro para com ele raspar as feridas. Essa era uma prática que o homem antigo adotava
quando se via acometido de uma grande desgraça. Ele ia para o monte de cinzas (hb. mazbala), um
local considerado imundo, onde os inválidos e dementes costumavam ficar. Ali ele esperava a morte
entre cães, insetos e aves de rapina. Trágico!

   3. Saúde mental. Não há dúvida que, além do sofrimento físico, Jó também experimentou o
sofrimento psicológico. Embora não haja nada no texto que nos permita dizer que ele entrou em
depressão, não há como negar que Jó passou por uma grande tensão psicológica. Há vários textos
no corpo do livro que permite fazer essa dedução, mas já no início da sua fala é possível perceber
esse fato (Jó 3.1-14). Ainda que mantivesse sua fidelidade a Deus, o patriarca amaldiçoou o dia de
seu nascimento, não vendo mais razão para que fosse celebrado. Só debaixo de forte pressão
psicológica é que pessoas chegam a tal ponto.
 
SÍNTESE DO TÓPICO III
Além de perder bens e familiares, a tragédia atingiu a saúde física e mental de Jó.
 
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“[…] Foi o patriarca constrangido a suportar as dores mais terríveis e os piores desconfortos a que
um ser humano jamais fora submetido. Entretanto, reteve a sua integridade. Muitos são os servos de
Deus que estão a sofrer as mais terríveis enfermidades. Uns, à semelhança de Ezequias, enfrentam
um tumor maligno que, pouco a pouco, vão lhes consumindo as forças e o que lhes resta das
humanas feições. Outros, como o Lázaro da história narrada pelo Senhor Jesus, jazem cobertos de
uma chaga que os tornam repulsivos, embora espiritualmente sejam os mais puros dos homens.
Outros, ainda, tal como o jovem pastor Timóteo, veem-se às voltas com uma doença no estômago
que os fustiga com fortes ânsias”.
 
CONCLUSÃO
Nesta lição vimos o drama de Jó, que foi provado de uma forma dura no seu trabalho, família e
saúde. Somente um homem com uma fé inabalável mantém sua lucidez diante de tantas
catástrofes. Somente o Senhor pode manter o fiel de pé diante de calamidades dessa natureza. O
Diabo chegou ao ponto máximo de pressão contra Jó, mas não conseguiu executar o seu intento. O
patriarca permaneceu de pé diante da provação.
 
A Fragilidade Humana e a Soberania Divina – Parte II

TEXTO ÁUREO
“E vindo um dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio também
Satanás entre eles.” (Jó 1.6)
 
VERDADE PRÁTICA
Segundo as Escrituras, Satanás é um ser real, portador de personalidade e só o venceremos com
as armas espirituais.
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda: Jó 1.6 O Diabo se apresenta diante de Deus
Terça: Jó 1.7,8 Satanás e o testemunho de Deus a respeito de Jó
Quarta: Jó 1.9,10 Só é possível servir a Deus na bonança?
Quinta: Jó 1.11 A acusação do Diabo a Jó diante de Deus
Sexta: Jó 1.12 Deus impõe limites a Satanás
Sábado: Jó  2.4,5 O Diabo pede permissão para tocar na saúde de Jó
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Jó 1.6-12; 2.4,5

Jó 1
6 – E vindo um dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio
também Satanás entre eles.
7 – Então, o SENHOR disse a Satanás: De onde vens? E Satanás respondeu ao SENHOR e disse:
De rodear a terra e passear por ela.
8 – E disse o SENHOR a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra
semelhante a ele, homem sincero, e reto, e temente a Deus, e desviando-se do mal.
9 – Então, respondeu Satanás ao SENHOR e disse: Porventura, teme Jó a Deus debalde?
10 – Porventura, não o cercaste tu de bens a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de
suas mãos abençoaste, e o seu gado está aumentado na terra.
11- Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema de ti na tua
face!
12- E disse o SENHOR a Satanás: Eis que tudo quanto tem está na tua mão; somente contra ele
não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do SENHOR.

Jó 2
4 – Então, Satanás respondeu ao SENHOR e disse: Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará
pela sua vida.
5 – Estende, porém, a tua mão, e toca-lhe nos ossos e na carne, e verás se não blasfema de ti na
tua face!
 

OBJETIVO GERAL
Destacar que Satanás não é um ser autoexistente, mas criado; e que sua ação não se sobrepõe a
soberania de Deus.
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por
exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I – Explicitar que o Livro de Jó não procura explicar a origem de Satanás, mas que seus atributos
revelam quem ele é;
II – Afirmar que as obras do Diabo são visíveis e que o Livro de Jó revela sua natureza maligna;
III – Sublinhar o ocaso do Diabo, isto é, seus intentos sobre Jó não foram alcançados.
 
O Livro de Jó revela a realidade do Diabo. É o livro mais claro em relação ao assunto do Antigo
Testamento. Entretanto, de maneira equilibrada, podemos aprender que o Diabo tem determinada
ação no mundo, mas ele não é maior que Deus, nem muito menos exerce ação autônoma. O livro
mostra com clareza que o Diabo está submetido a Deus. Essa compreensão é alentadora, pois não
podemos ignorar a sua ação, mas também não devemos supervalorizá-la porque maior é Deus que
que nos salvou.
 
INTRODUÇÃO
Uma das constatações que o leitor logo chega ao ler o Livro de Jó é que o Diabo existe. Ele é um
ser real. Todo o mal descrito poeticamente no livro é visto a partir da realidade de Satanás. Todo
sofrimento experimentado pelo homem de Uz, mesmo sem a consciência histórica disso, foi
motivado por uma ação maligna. Ali, o Diabo assume o caráter pessoal de uma criatura. Nesse
aspecto, o livro mostra como o Diabo pode interferir na vida humana. Portanto, nesta lição
abordaremos algumas questões relativas à existência e à realidade de Satanás a partir do contexto
de Jó.
 
PONTO CENTRAL
O Diabo é um ser espiritual, mas não é autoexistente.
 
I – O LIVRO DE JÓ E A NATUREZA DE SATANÁS

 1. Um ser espiritual. O Livro de Jó não procura provar a origem do Diabo, mas o revela como um
ser real. O livro destaca algumas características da natureza de Satanás que nos permitem
conhecê-lo melhor. Em primeiro lugar, conforme o livro apresenta, o Diabo é um ser espiritual e
encontra-se na mesma categoria dos anjos, representada no texto pela expressão “os filhos de
Deus” (Jó 1.6). Os anjos são seres espirituais que não pertencem à dimensão natural, mas à
sobrenatural. Isso explica, por exemplo, a capacidade da rápida locomoção do Diabo quando
rodeava a Terra e passeava por ela (Jó 1.7).

   2. Um ser criado. Satanás é um ser criado. Mesmo sendo um anjo, dotado de natureza
espiritual, ele não é autoexistente. Ao contrário de Deus, que criou todas as coisas, o anjo que se
tornou Satanás teve uma origem. Nem sempre o Diabo foi Diabo. Ele fora um anjo bom como os
demais. Assim, ele é uma criatura, não o Criador. Por isso, o livro revela que Satanás tem suas
ações limitadas por Deus. Ele pode fazer muitas coisas, mas não tudo (Jó 1.12; 2.7). Como ele não
é autoexistente e, semelhante às outras criaturas que povoam o universo, não é um ser incriado, o
Diabo é uma criatura limitada.
Assim, Satanás usou de seu conhecimento e perspicácia para atacar Jó.

  3. Um ser dotado de personalidade. Além do fato de ser um ente espiritual, o Diabo é dotado


também de personalidade. Ele é uma pessoa e se apresenta como tal. No Livro de Jó o vemos
assumindo atributos de um ser pessoal. Ele fala e possui capacidade argumentativa (Jó 1.9-11).
Essa mesma característica aparece de forma mais explicita na tentação de Cristo (Mt 4.1-11; Lc 4.1-
13).
No livro, além de se expressar verbalmente, Satanás também demonstra possuir conhecimento. Ele
sabe o que se passa na Terra e como se comportam os homens. Ele conhecia a vida de Jó. Isso faz
dele um ser perspicaz. O apóstolo Paulo sabia que o Diabo é um ser que possui perspicácia quando
disse não lhe ignorar os “ardis” e que ele se valia de métodos sofisticados para atingir as pessoas (2
Co 2.11; Ef 6.11).  Assim, Satanás usou de seu conhecimento e perspicácia para atacar Jó.
 
SÍNTESE DO TÓPICO I
O Diabo é um ser espiritual criado e dotado de personalidade.
 
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Sugerimos que você inicie este tópico fazendo indagações acerca da natureza do Diabo. Pergunte
aos alunos o que eles acham acerca das características de Satanás: É um ser espiritual? É um ser
criado ou incriado? É dotado de personalidade? São perguntas importantes que devem levá-los à
compreensão de como a Bíblia revela a natureza do Diabo. Por isso, após ouvir atentamente as
respostas dos alunos, desenvolva o tópico levando em consideração que a palavra Satanás significa
“adversário”. Nas palavras de Myer Pearlman, essa palavra descreve a intenção persistente de o
Diabo obstruir os propósitos de Deus. É uma oposição que se revelou nas seguidas tentativas de
impedir o plano divino de cumprir a atividade predita em Gênesis 3.15: a vinda do Messias.
 

II – O LIVRO DE JÓ E AS OBRAS DE SATANÁS

   1. Dor e sofrimento. A introdução do Livro de Jó apresenta Satanás como um ser capaz de agir
contra o ser humano (Jó 1.12; 2.6). Através de suas ações é possível conhecer a natureza maligna
de suas obras. É da natureza do Diabo provocar dor e sofrimento aos seres humanos. No livro,
Satanás impõe ao patriarca um sofrimento, até então, sem precedentes, pois ninguém sofreu como
Jó no Antigo Testamento. Primeiramente, o Diabo atingiu as posses dele, o que fez o patriarca
sofrer ao ver o seu patrimônio destruído repentinamente. Da mesma forma, houve grande sofrimento
em Jó quando ele viu a tragédia se abater sobre sua casa, pois sua família foi devastada.
Entretanto, o sofrimento do homem de Uz não cessou com a perda da família. O Diabo o infligiu com
uma doença que o fez padecer dor e isolar-se de todos.

   2. Acusar. O Diabo é capaz de infligir dor e sofrimento, mas não só isso. Ele também acusa. Faz
parte de sua natureza acusar. Foi o que ele fez com Jó (Jó 1.10,11). O Diabo o acusou de praticar
uma religiosidade motivada por interesse. Assim como fez, posteriormente, com o apóstolo Pedro,
querendo cirandá-lo (Lc 22.31,32), o Diabo quis fazer o com Jó. O livro do Apocalipse mostra a
acusação como a missão do Diabo (Ap 12.10).

   3. Tentar. Por outro lado, devemos destacar a atuação de Satanás na tentação para o mal.
Também faz parte de sua natureza tentar pessoas. Pelo texto sagrado, podemos inferir que o Diabo
impulsionou os sabeus e os caldeus, povos até então nômades, a dizimarem os bens de Jó
(vv.12,14,17). É uma característica do Diabo incitar e tentar para o mal (1 Cr 21.1).
 
SÍNTESE DO TÓPICO II
No Livro de Jó, as obras de Satanás são representadas pela dor, sofrimento, acusação e tentação.
 
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Satanás […] ressalta que Jó tem sido recompensado de todas as formas possíveis – Porventura,
não o cercaste tu de bens a ele? (10). Ele e sua família eram protegidos de todo e qualquer tipo de
perigo, e Satanás conclui: A obra de suas mãos abençoaste, e o seu gado está aumentando. Um
sucesso incomum aparece em tudo que Jó realiza. Essa prosperidade, cobra Satanás, é a
recompensa de Deus pela fidelidade de Jó. Depois de acusar a Deus de comprar a lealdade de Jó,
Satanás o desafia dizendo que uma reversão na condição próspera de Jó redundaria em sua
deserção: Mas estende a tua mão […] e verás se não blasfema de ti em tua face (11). Isto é, ele
renunciaria completa e abertamente a Deus e sua forma piedosa de vida. Deus não abandona Jó
nas mãos de Satanás, mas Ele dá permissão para testar a disposição de Jó em permanecer leal e
devoto: Eis que tudo quanto tem está na tua mão (12). Observe, no entanto, que existe um limite
para o teste: Somente contra ele não estendas a tua mão. Com tal autorização, Satanás age
rapidamente para cumprir o seu propósito, confiante no sucesso de seu empreendimento”
(CHAPMAN, Milo L.; PURKISER, W. T.; WOLF, Earl C. (et al). Comentário Bíblico Beacon:Jó a
Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.29).
 
III – O LIVRO DE JÓ E O OCASO DE SATANÁS

   1. Queda e ruína de Satanás. O vocábulo “ocaso”, quando usado em sentido figurado, é definido
pelo Dicionário Aurélio como “fim, final, queda e ruína”. O Livro de Jó retrata de forma nítida o ocaso
final de Satanás. A vitória de Jó foi uma derrota para ele. Em quase todo o livro, Deus se mantém
em silêncio e oculto, mesmo o leitor tendo consciência que Ele está lá e que o seu silêncio fala alto.
Por outro lado, o Diabo não aparece mais a partir do capítulo 3 e não é mais mencionado no
restante do livro. Não é, pois, propósito do livro pô-lo em evidência, nem tampouco superestimar o
mal. O Livro de Jó mostra que Satanás não conseguiu o seu intento, que era fazer com que Jó
blasfemasse.
O Diabo é capaz de infligir dor e sofrimento, mas não só isso. Ele também acusa.

   2. Jó e o testemunho de Deus. O Livro tem um início dramático, mas um final apoteótico. Jó foi
submetido a uma prova de fogo, e mesmo sendo chamuscado pelas chamas do sofrimento, saiu
vivo e vitorioso. Deus nunca o abandonou. A graça estava oculta, mas estava lá. No momento
oportuno ela se manifestou (Jó 38.1). Da mesma forma que a graça de Deus se manifestou trazendo
salvação a todos os homens (Tt 2.11), ela também se manifestou trazendo alívio, paz e livramento a
Jó. Deus mesmo, no momento certo, testemunhou que Jó era o homem que Ele sempre disse que
era: justo, reto e temente a Deus (Jó 42.7,8).
 SÍNTESE DO TÓPICO III
O Livro de Jó mostra indiretamente o ocaso do Diabo, e, ao mesmo tempo diretamente, o
testemunho de Deus a respeito de Jó despertamento espiritual.
 
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
 “O termo hebraico (tam) usado na afirmação, este era homem sincero (perfeito, ou ‘íntegro’, ARA), é
de grande interesse para os teólogos da santidade. O significado principal da raiz é plenitude de
caráter. No caso de Jó, não significa perfeição no sentido absoluto. Jó afirma que ele é tam (27.5),
mas ele também admite suas fraquezas humanas (9.1ss; 13.26). Jó mantém a integridade básica do
seu caráter. Tudo faz parte de uma mesma disposição. Os olhos e o coração estão focados no que
é íntegro (cf. Mt 6.22; At 2.46). O coração de Jó não está dividido (Sl 12.2). A vontade de Jó
pertence a Deus e ele não abre mão disso (2.9,10; 27.5). Além de ser sincero (perfeito/íntegro),
também lemos que Jó era reto e temente a Deus; e desviava-se do mal. Não havia falta em Jó. Ele
preenchia todos os requisitos dos seus dias de um homem exemplar. Na narrativa, essas qualidades
em Jó não constituem a avaliação de homens, mas sim, a do próprio Deus”.
 
CONCLUSÃO
O Livro de Jó, mesmo poeticamente, apresenta Satanás de forma real, e a partir da revelação divina
na história bíblica. Dessa forma, Satanás é um ser dotado de personalidade. Ele possui grande
conhecimento e age com perspicácia. Não deve, portanto, ser ignorado. Todavia, mesmo o livro
tendo deixado esse fato em oculto, Jó sempre esteve debaixo das soberanas mãos de Deus. O
Maligno não o tocou como quis, mas apenas da forma que Deus permitiu. Isso nos lembra a
afirmação de João (1 Jo 5.18). Por isso devemos descansar em Deus.
 
 

Você também pode gostar