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FRENTE 1 Biologia dos Protistas e Fungos – Ecologia

MÓDULO 19 Reinos: Plantae e Fungi

1. OS LIQUENS (LÍQUENES)

Os liquens são associações entre


algas e fungos. Essas associações con-
sistem o mutualismo ou simbiose.
As algas, também chamadas go-
nídios, são unicelulares (cianofíceas
ou clorofíceas). Realizam fotossíntese
e fornecem alimento ao fungo. Os
fungos podem ser ascomicetos ou
basidiomicetos; envolvem as algas,
protegendo-as e absorvendo água e
íons minerais do substrato. São seres
pioneiros. Vivem sobre rochas, tron-
cos de árvores etc. Reproduzem-se
apenas assexuadamente, formando Alga parda.
os sorédios, fragmentos do líquen
que contêm algumas células de algas ❑ Rodofíceas
envolvidas por hifas do fungo. (algas vermelhas)
Pluricelulares e bentônicas. A
Algas verdes unicelulares. quase totalidade vive no meio mari-
nho. Seus plastos possuem clorofila,
ficoeritrina (vermelha) e ficocianina
(azul), e algumas espécies produzem
uma mucilagem chamada ágar (ou
ágar-ágar), muito utilizada como meio
de cultura para micro-organismos e na
fabricação de laxantes. O carragim é
outra mucilagem extraída de algas
vermelhas e utilizada na fabricação
de sorvetes.

BIOLOGIA A
Alga verde pluricelular.

❑ Feofíceas (algas pardas)


Pluricelulares. Algumas atingem
grandes dimensões. Os cloroplastos
possuem clorofilas e fucoxantina
Aspecto de um líquen (amarelo-pardacenta). Seu corpo é
sobre tronco de árvore.
formado por “esboços” de raiz, caule
e folhas, denominados, respectiva-
2. OS VEGETAIS
mente, rizoides, filoides e cauloides.
INFERIORES: (TALÓFITAS)
Muitas formam vesículas que se en-
❑ Clorofíceas (algas verdes) chem de ar, funcionando, assim, co- Alga vermelha.
Unicelulares ou pluricelulares. mo flutuadores. O corpo dessas algas
Cloroplastos com clorofilas a e b, é revestido por uma mucilagem cha- 3. OS FUNGOS
xantofilas e carotenos. Reserva repre- mada algina, que pode ser extraída
sentada por amido. Parede celular dessas algas para a fabricação de São todos aclorofilados e com nu-
formada por celulose. Vivem na água balas, sorvetes e cosméticos. Algu- trição heterótrofa, podendo ser sapró-
doce, no mar e em ambientes ter- mas espécies de algas pardas são fitos ou parasitas. Os saprófitos vivem
restres úmidos. comestíveis. São bentônicas. à base de matéria orgânica morta, em
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decomposição, sendo, portanto, muito ❑ Eumicetos mento), ou pluricelulares, como o


importantes no reaproveitamento da São unicelulares ou pluricelulares. Pennicillium. Nesse caso, produzem
matéria. Os fungos parasitas obtêm Neste último caso, são formados por hifas celulares com um único núcleo
alimento tanto dos vegetais quanto filamentos entrelaçados chamados por célula (hifas unicarióticas).
dos animais, inclusive do homem, hifas. O conjunto de hifas forma o • Basidiomicetos: são os co-
provocando-lhes doenças. micélio. Podem ser saprófitos ou pa- gumelos e as orelhas-de-pau. As hi-
Os fungos podem ser mixomice- rasitas. fas são celulares e, por apresentarem
tos e eumicetos. Os eumicetos são divididos em dois núcleos em cada célula, são
quatro grupos: chamadas dicarióticas.
❑ Mixomicetos • Ficomicetos: são os bolores, • Deuteromicetos ou fun-
São seres constituídos por um fungos formados por hifas cons- gos imperfeitos: são fungos cuja
único citoplasma multinucleado (plas- tituídas por um único citoplasma plu- posição sistemática é incerta. Dentro
módio). Movem-se por emissão de rinucleado. desse grupo incluem-se as espécies
pseudópodes e vivem em ambientes • Ascomicetos: fungos unice- que causam micoses no homem
terrestres úmidos. São saprófitos. lulares, como o Saccharomyces (fer- (sapinhos, frieiras etc).

Orelhas-de-pau: fungos decompositores.

Cogumelo de chapéu: fungo decompositor. Fungos parasitas.

MÓDULO 20 Introdução ao Estudo da Ecologia


BIOLOGIA A

1. CONCEITO DE ECOLOGIA 2. NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO comunidades, ecossistemas e bios-


A palavra ecologia foi criada em fera.
Os seres vivos podem ser subdi-
1869 pelo biólogo alemão Ernest vididos, de maneira quase arbitrária, ❑ População
Haeckel, e deriva de duas palavras em unidades estruturais caracterizá- É o conjunto de indivíduos da
gregas: oikos, que significa casa e, veis especificamente, segundo os mesma espécie vivendo juntos no
num sentido mais amplo, ambiente, e níveis de organização. Das uni- mesmo espaço e na mesma unidade
logos, que quer dizer ciência ou estu- dades mais simples até as mais com- de tempo.
do. Assim, ecologia significa ciência plexas, temos: macromoléculas → cé- ❑ Comunidade
do ambiente ou, numa definição mais lulas → tecidos → órgãos → sistemas É o conjunto de populações inter-
completa, a ciência que estuda as (= aparelhos) → indivíduos → po- dependentes, no tempo e no espaço.
relações entre os seres vivos e o am- pulações → comunidades → ecossis- ❑ Ecossistema
biente em que vivem. Também pode temas → biosfera. É o conjunto formado pela comu-
ser definida como a ciência que estu- Em ecologia são analisados es- nidade e pelo ambiente físico que ela
da os ecossistemas. pecificamente os níveis: populações, habita.

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❑ Biosfera ❑ Nicho ecológico alguma espécie de inseto para a


É o conjunto dos ecossistemas O nicho ecológico define o polinização. O extermínio de tal inse-
da Terra. papel que o organismo desempenha to também provocará a extinção da
no ecossistema. A partir do conheci- espécie vegetal.
3. O CONCEITO DE mento do nicho ecológico, sabe-se o
ECOSSISTEMA que a espécie come, por quem é co- 5. A DIVISÃO DA ECOLOGIA
Ecologia é a ciência que estuda mida e como se reproduz. Distinguimos em ecologia três
os ecossistemas. Podemos definir grandes subdivisões: a autoecologia,
ecossistema como um conjunto 4. EQUILÍBRIO a demoecologia e sinecologia.
formado por um ambiente físico (so- ECOLÓGICO
lo, ar, água) e pelos seres vivos que o Os ecossistemas são sistemas ❑ Autoecologia
habitam. No ecossistema, conside- equilibrados. Assim, por exemplo, um Estuda as relações de uma única
ramos dois componentes: um físico ecossistema consome certa quanti- espécie com o ambiente.
ou abiótico, a que chamamos de dade de gás carbônico e água, en-
biótopo, e outro vivo ou biótico, que quanto produz um determinado
ocupa o primeiro, chamado de bio- volume de oxigênio e alimento. ❑ Demoecologia
cenose ou comunidade. Qualquer mudança na entrada ou Estuda a dinâmica das popula-
na saída desses elementos desequi- ções, descrevendo as variações
Ecossistema = biótopo + quantitativas das espécies, bem co-
libra o sistema, alterando a produção
de alimento e oxigênio. mo a causa de tais variações.
+ biocenose
Cada espécie viva tem o seu
papel no funcionamento do ecossis- ❑ Sinecologia
❑ Habitat tema a que pertence. Por exemplo: Estuda as correlações entre as
O termo habitat indica o lugar quase todo vegetal que se reproduz espécies e as relações destas com o
onde o organismo vive. por meio de flores necessita de meio ambiente.

MÓDULO 21 Cadeia e Teias Alimentares

1. RELAÇÕES TRÓFICAS ❑ Níveis tróficos 4. CONSUMIDORES


EM UMA COMUNIDADE Na cadeia alimentar, distinguem-se SECUNDÁRIOS OU
Comunidade é o conjunto de po- os seguintes níveis tróficos ou alimen- DE SEGUNDA ORDEM
pulações interdependentes no tempo tares: Vivem às expensas dos herbívoros,
e no espaço. A interdependência sendo representados por carnívoros.
observada deriva das relações trófi- 2. PRODUTORES Acham-se nos mais variados grupos.
cas entre as populações que a cons- São os vegetais autótrofos ou clo-
tituem, relações evidenciadas por rofilados que, por meio da fotossínte- 5. CONSUMIDORES
meio das cadeias alimentares. se, fixam a energia luminosa, utilizam TERCIÁRIOS OU DE
substâncias inorgânicas simples TERCEIRA ORDEM
❑ Cadeia alimentar (água e gás carbônico) e edificam São os carnívoros maiores que se

BIOLOGIA A
Cadeia alimentar, ou cadeia trófi- substâncias orgânicas complexas alimentam de carnívoros menores, co-
ca, é uma sequência de seres vivos (glicose, amido). No meio terrestre, os mo é o caso de um gavião que come
na qual uns comem aqueles que os principais produtores são os faneró- uma cobra.
antecedem na cadeia, antes de se- gamos (vegetais com flores); no meio De maneira idêntica, poderíamos
rem comidos por aqueles que os se- aquático marinho, principalmente as definir consumidores de quarta or-
guem. A cadeia mostra a transfe- algas microscópicas; na água doce, dem, quinta ordem etc.
rência de matéria e energia através as algas e os fanerógamos. Normalmente, devido ao desperdí-
de uma série de organismos. cio de energia, como veremos adian-
te, as cadeias alimentares não ultra-
3. CONSUMIDORES
passam 5 ou 6 níveis.
PRIMÁRIOS OU DE
PRIMEIRA ORDEM
São os organismos que comem
os produtores, sendo heterótrofos e
geralmente herbívoros. Também são
consumidores primários os parasitas
de vegetais. No meio terrestre, temos
os herbívoros, principalmente insetos,
Esquema geral de uma cadeia alimentar. roedores e ungulados. Exemplos de cadeias alimentares.

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6. DECOMPOSITORES
Finalizando a cadeia trófica,
aparecem os decompositores, tam-
bém chamados biorredutores ou sa-
prófitas, micro-organismos represen-
tados por bactérias e fungos. Tais or-
ganismos atacam os cadáveres e os
excrementos, decompondo-os. São
muito importantes, visto que realizam
o reaproveitamento da matéria, devol-
vendo os elementos químicos ao am-
biente.

7. TEIAS ALIMENTARES
Em um ecossistema, as cadeias
alimentares interagem, formando re-
des alimentares. Na teia, representa-
mos o máximo de relações tróficas
existentes entre os diversos seres vi-
vos do ecossistema. Na teia, obser-
vamos que um animal, por exemplo,
pode pertencer a níveis tróficos dife-
rentes. É o caso dos omnívoros, que
consomem simultaneamente animais
e vegetais; e dos carnívoros, que ata-
cam variadas presas. Como observa-
mos, a seguir, a rede ou teia alimentar
resulta do entrelaçamento das ca-
deias alimentares.

MÓDULO 22 O Fluxo de Energia e Pirâmides Ecológicas


1. NECESSIDADES disponível para as necessidades me- energia química, contida em com-
ENERGÉTICAS tabólicas do ser vivo. postos orgânicos, produzida pelos
Todo ser vivo necessita de ener- vegetais fotossintéticos por unidade
gia, que é utilizada para 2. A PRODUTIVIDADE NA de área e tempo, é o que se denomina
1. construção do organismo; CADEIA ALIMENTAR produtividade primária bruta.
2. realização de suas atividades ❑ Produtividade Primária
(manutenção de temperatura, rea- Bruta (PPB) ❑ Produtividade Primária
BIOLOGIA A

ções químicas etc.). Como sabemos, toda a energia uti- Líquida (PPL)
Os seres vivos são constituídos lizada pelos seres vivos vem da luz É a produtividade primária bruta
por moléculas orgânicas, ou seja, ma- solar. menos a quantidade de energia con-
cromoléculas, formadas por extensas No capítulo anterior verificamos sumida pelo vegetal na respiração (R).
cadeias de carbono. Quanto maior que, através da fotossíntese, as plan-
for a molécula, maior será a quan- tas verdes captam a energia lumino- PPL = PPB – R
tidade de energia nela armazenada e sa do sol, transformando-a em

Diagrama do fluxo de energia.

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❑ Produtividade Secundária 5. PIRÂMIDES ECOLÓGICAS


Bruta (PSB) Pirâmides ecológicas são repre-
É a quantidade de energia obtida sentações gráficas das cadeias ali-
pelos consumidores primários ao co- mentares. A seguinte pirâmide é
merem os produtores. constituída por uma série de degraus
ou retângulos superpostos, represen-
❑ Produtividade Secundária tando os diversos níveis tróficos da
Líquida (PSL) cadeia.
Trata-se da produtividade secun-
dária bruta menos a energia dispendi-
da na respiração dos consumidores.
PSL = PSB – R

Existem três tipos de pirâmides:


❑ Produtividade Terciária pirâmide de números, pirâmide de
Bruta (PTB)
biomassa e pirâmide de energia.
É a quantidade de energia obtida
pelos consumidores secundários ao
❑ Pirâmide de números
comerem os produtores.
A pirâmide de números é edifica-
da com a superposição de retângulos
❑ Produtividade Terciária horizontais da mesma altura, sendo o
Líquida (PTL) comprimento proporcional ao número
É a produtividade terciária bruta de indivíduos existentes em cada nível
menos a energia consumida na respi- trófico.
ração dos carnívoros. Na típica pirâmide de números, o
número de indivíduos diminui a cada
3. DIAGRAMA DO FLUXO nível trófico. São necessários vários
DE ENERGIA produtores para alimentar um peque-
no número de herbívoros, que, por sua
No diagrama, as caixas represen- vez, servirão de alimento a um número
tam os elos da cadeia alimentar, R menor de carnívoros.
representa a energia perdida na
respiração e eliminada sob a forma
de calor, e NA, a energia que não é
absorvida na passagem de um nível
ao outro.
Somente uma parte da luz total
(LT) recebida pela planta é absorvida A forma de uma pirâmide de nú-
pela clorofila. Uma parte da energia meros pode ser muito variada. Assim,
absorvida é eliminada na forma de uma árvore pode ser o produtor que

BIOLOGIA A
calor, além da perda correspondente nutre numerosos insetos, que servem
à respiração. de alimento a algumas aves. Neste
caso, tem-se a pirâmide esquematiza-
4. CARACTERÍSTICAS DO da na figura a seguir.
FLUXO ENERGÉTICO

1. O sol é a fonte de energia para


os seres vivos.
2. A maior quantidade de energia
está nos produtores. Uma pirâmide invertida pode
3. À medida que nos afastamos ocorrer quando uma planta é parasi-
do produtor, o nível energético vai di- tada por pulgões, que, por sua vez,
minuindo. são parasitados por protozoários.
4. A energia que sai dos seres vi- A pirâmide de números não tem
vos não é reaproveitada. muito valor descritivo, porque dá igual
5. O fluxo energético é unidirecio- importância aos diversos indivíduos,
nal. sem considerar o tamanho e o peso.
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Porém, há exceções encontradas o caso do fitoplâncton, ou em cen-


em ecossistemas marinhos, nos quais tenas de anos, como ocorre em uma
o fitoplâncton possui uma biomassa floresta.
inferior à do zooplâncton, mas com
uma velocidade de renovação (re-
❑ Pirâmide de energia
produção) muito rápida.
A melhor representação da cadeia
❑ Pirâmide de biomassa
alimentar é a pirâmide de ener -
Nesta pirâmide é indicada, em
gia, em que cada nível trófico é re-
cada nível trófico, a biomassa dos or-
presentado por um retângulo, cujo
ganismos correspondentes. Por bio-
comprimento é proporcional à quan-
massa entendemos a massa orgânica
tidade de energia acumulada no
do ecossistema. Geralmente, a pirâ- A pirâmide de biomassa é melhor
nível. Tal pirâmide apresenta sempre
mide de biomassa apresenta o vérti- que a de números, por indicar, para
o vértice para cima.
ce voltado para cima. cada nível trófico, a quantidade de
matéria viva presente. Contudo, tal pi-
râmide atribui a mesma importância
aos diversos tecidos, embora tenham
valores energéticos diferentes. Não
se leva em conta o fator tempo, uma
vez que as biomassas podem ter sido
acumuladas em alguns dias, como é

MÓDULO 23 Os Ciclos Biogeoquímicos: H2O, CO2 e O2

1. O CICLO DA ÁGUA da água é eliminada através de três me de evapotranspiração ao con-


fenômenos: respiração, transpiração junto de dois fenômenos: água eva-
❑ Importância e gutação, que devolvem o precioso porada do solo e a eliminada na
A água é a substância mais abun- líquido para a atmosfera. transpiração vegetal. Os animais in-
Grande parte sai das folhas du- gerem água diretamente do meio
dante na constituição da célula, sen-
rante o processo de transpiração, (rios, lagos etc.), ou, então, comendo
do vital para a atividade metabólica.
retornando à atmosfera. Damos o no- os vegetais.
Não existe vida na ausência de água.

❑ O ciclo curto
ou geoquímico
Na Terra, os maiores depósitos de
água são os oceanos. Sofrendo eva-
poração constante, a água dos oce-
anos passa à atmosfera na forma de
vapor. Ali se condensa e constitui as
BIOLOGIA A

nuvens, voltando para a superfície da


Terra por meio de precipitação, na
forma de chuva, neve, granizo etc. A
água, assim precipitada, acaba for-
mando nascentes e rios, retornando,
por fim, aos oceanos. O padrão es-
crito representa o ciclo curto da água.

❑ O ciclo longo
ou biogeoquímico
No ciclo biogeoquímico, os vege-
tais e animais entram no ciclo da
água em vários pontos.
A água existente no solo é absor-
vida pelas raízes dos vegetais; a se-
guir, através do caule, atinge as fo-
lhas. Ali, uma pequena parte (1%) é
usada na fotossíntese. A maior parte O ciclo da água.

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Essa água pode voltar ao am- vidos na estrutura celular e na ativi- ra a formação de compostos orgâ-
biente por respiração, transpiração, dade metabólica são orgânicos e, nicos.
excreção e egestão. portanto, apresentam carbono na sua O carbono das plantas pode se-
Salienta-se, ainda, que a água constituição. A reciclagem desse ele- guir três caminhos:
contida nos tecidos vegetais e ani- mento é fundamental para a manuten- 1. por meio da respiração é de-
mais volta ao ambiente, quando eles ção da vida. volvido ao ambiente na forma de CO2;
morrem, pela ação dos decompo- 2. passa para os animais herbívo-
sitores.
❑ O carbono nos vegetais ros e, depois, para os carnívoros;
2. O CICLO DO CARBONO O CO2 atmosférico ou dissolvido 3. com a morte e a decomposi-
❑ Importância na água é absorvido pelos vegetais ção, volta na forma de CO2.
Quase todos os compostos envol- e, através da fotossíntese, usado pa-

BIOLOGIA A

O ciclo do carbono.

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O ciclo do carbono.

❑ O carbono nos animais bertas por lama e sujeitas a grandes de respiração aeróbica, que ocorre
O carbono dos animais, como pressões. É desse modo que os resí- na maioria dos organismos.
nos vegetais, pode seguir três duos podem originar os combustíveis
caminhos: fósseis, como o carvão e o petróleo. ❑ A produção de oxigênio
1. por meio da respiração é de- Aprisionado por longo tempo, o car- Todo o oxigênio existente na at-
volvido como CO2; bono, existente no carvão e no pe- mosfera é produzido pela fotossínte-
2. passa para outros animais tróleo, é devolvido à atmosfera como se. Sabemos que na fase inicial
através da nutrição; CO2 por combustão. desse processo ocorre a fotólise da
3. volta ao estado de CO2, com a água, ou seja, a decomposição dela
morte e a decomposição. em H2 e O2, que são liberados na at-
3. O CICLO DO OXIGÊNIO
mosfera. Os seres vivos fixam o O2 du-
❑ A fotossíntese
O material vegetal pode ser ❑ Importância rante a respiração. Em síntese, o ciclo
depositado nos fundos de lagos e O oxigênio é fundamental para a do oxigênio constitui uma alternância
mares, em camadas compactas reco- vida na Terra, por atuar no processo entre a fotossíntese e a respiração.
BIOLOGIA A

O ciclo do oxigênio.

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FRENTE 2 Genética

MÓDULO 19 A Herança Quantitativa

1. CONCEITO Aa e Bb. A tabela abaixo apresenta os 3. OS GENES ADITIVOS


Na herança quantitativa, dois ou genótipos e fenótipos. OU CUMULATIVOS
mais pares de genes atuam sobre o Na herança quantitativa não exis-
mesmo caráter, somando seus efeitos Genótipos Fenótipos tem genes dominantes e recessivos,
e determinando diversas intensida- como ocorre na herança qualitativa.
des fenotípicas. Tal herança também aabb branco Existem alelos contribuintes ou aditi-
é conhecida por herança multifatorial vos, representados por letras maiús-
ou poligênica ou polimeria. Aabb mulato claro culas, e alelos não contribuintes ou
aaBb não aditivos, simbolizados por letra
Os genes envolvidos são desig-
nados cumulativos, aditivos, políme- minúscula. Os efeitos de cada alelo
AAbb
ros ou polígenes. aaBB mulato médio contribuinte são aditivos ou cumulativos.
A polimeria é o tipo de herança AaBb
que intervém em caracteres que va- 4. A CONTRIBUIÇÃO
riam quantitativamente, como peso, AABb DO GENE ADITIVO
mulato escuro
altura, intensidade de coloração e ou- AaBB Dividindo-se a diferença quantita-
tros. Tais caracteres, cuja variação é tiva entre os tipos extremos pelo nú-
AABB negro
quantitativa, são designados métricos. mero total de genes envolvidos, ob-
tém-se o valor, ou seja, a contribuição
2. EXEMPLO DE HERANÇA O cruzamento de negro com de cada gene aditivo. Assim, temos:
QUANTITATIVA branco produz em F1 mulatos médios.
Segundo Davenport, a herança da Do cruzamento de mulatos médios
cor na pele humana é um caso típico resulta uma F2 com a seguinte pro- diferença entre os extremos
de herança quantitativa. Assim, a quan- porção: 1/16 negro, 4/16 mulato es- Valor do gene aditivo = ———––––––––––––––—
––——————————
número total de genes
tidade de melanina na pele é condicio- curo, 6/16 mulato médio, 4/16 mulato
nada por dois pares de genes aditivos: claro e 1/16 branco.

BIOLOGIA A

5. NÚMERO DE GENÓTIPOS E FENÓTIPOS

Número de Proporção de um dos tipos Número de Número de


pares de genes extremos em F1 genótipos fenótipos
2 1/16 ou 1/42 9 5
3 1/64 ou 1/43 27 7
4 1/256 ou 1/44 81 9
5 1/1024 ou 1/45 243 11
n 1/4n 3n 2n + 1

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MÓDULO 20 Ligação Fatorial (Linkage) e Permutação (Crossing-over)

1. A SEGREGAÇÃO 2. LIGAÇÃO FATORIAL 3. A REPRESENTAÇÃO


INDEPENDENTE (LINKAGE) DO GENÓTIPO
Os genes não alelos, situados em Quando existe ligação gênica, os
cromossomos diferentes, distribuem-se Quando dois ou mais genes estão genótipos podem ser assim represen-
nos gametas segundo todas as com- localizados no mesmo cromossomo, tados:
binações possíveis. Assim, um diz-se que estão ligados.
diíbrido (AaBb) pode formar, em pro- Os genes ligados (ligação fa- AB AB
==== ou —— ou AB/ab
porções idênticas, quatro tipos de torial) não sofrem a segregação inde- ab ab
gametas: AB, Ab, aB e ab, esquema- pendente, ficando juntos durante a
tizados na figura. formação dos gametas. 4. HÍBRIDO CIS
E TRANS
Um di-híbrido, quando apresenta
os dois genes dominantes, ligados no
cromossomo homólogo, forma a cha-
mada posição CIS.

A B
—————————————
• •
—————————————
• •
a b
Quando o di-híbrido apresenta um
gene dominante e um gene recessivo,
ligados ao mesmo cromossomo, e
outro dominante ligado ao outro
recessivo, no cromossomo homólogo,
forma a posição TRANS.

A b
—————————————
• •
A segregação independente. —————————————
• •
a B

5. RECOMBINAÇÃO
OU PERMUTAÇÃO
BIOLOGIA A

(CROSSING-OVER)
Durante a meiose, os cromos-
somos duplicados formam pares (si-
napse) e entre eles pode ocorrer a
chamada permutação ou crossing-over.
Tal fenômeno consiste na troca de
segmentos entre duas cromátides ho-
mólogas. O processo envolve so-
mente dois dos quatro fios e ocorre em
qualquer ponto dos cromossomos.
Observe que dois dos gametas
(AB e ab) têm os genes ligados da
mesma forma em que se encontra-
vam ligados nos cromossomos paren-
tais. Tais gametas são resultantes das
cromátides que não se envolveram na
permuta e são designados tipos
A ligação fatorial completa. parentais.
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Os outros dois gametas (Ab e aB), produzidos através da permuta, apresentam combinações diferentes daquelas
encontradas nos pares e são denominados tipos recombinantes. Assim, temos:

A permutação.

MÓDULO 21 Mapas Cromossômicos

1. FREQUÊNCIA Frequência de permutação = Assim, por exemplo, se a porcen-


DE PERMUTA N.o de recombinantes tagem (frequência) de permuta entre
Considere como frequência de = ———————————— x 100 dois genes for de 10%, eles distarão
permuta entre dois genes a porcen- N.o total de 10 unidades no mapa genético. A
tagem de gametas recombinantes. ou seja: Frequência de permutação = citada unidade foi chamada de mor-
No esquema abaixo, a frequência ganídeo, em homenagem a Morgan,
98 + 102
de permutação é de 10%. = ————— x 100 = 10% principal responsável por tais con-
AB – 45% 2000 ceitos.

{
{
Parentais
3. CONSTRUÇÃO DE
ab – 45% 4. EXEMPLOS PRÁTICOS
Gametas MAPAS GENÉTICOS
OU CROMOSSÔMICOS Os genes A, B, C e D estão

{
Ab – 5%

BIOLOGIA A
Recombinantes Construir um mapa genético é situados no mesmo cromossomo e
aB – 5% determinar a posição relativa dos ge- permutam, entre si, com as seguintes
nes no cromossomo. Para tanto, frequências:
2. DETERMINAÇÃO partimos de dois princípios básicos.
DA FREQUÊNCIA OU 1.o Os genes dispõem-se linear- Frequência
Genes
TAXA DE PERMUTAÇÃO mente ao longo dos cromossomos. de permuta
Determina-se a frequência de per- 2.o A permutação ocorre em qual-
mutação por meio dos resultados obti- quer ponto do cromossomo e, por- AeB 16%
dos num cruzamento-teste (AB/ab x tanto, quanto maior a distância entre
x ab/ab), como exemplificamos a seguir: dois genes, maior será a probabi- BeC 8%
lidade de ocorrer permuta entre eles;
Cruzamento Geração
por outro lado, entre genes próximos AeD 10%
AB/ab – 903 diminui a probabilidade de permuta.
Ab/ab – 98 Convencionou-se que a frequên- DeC 14%
AB/ab x ab/ab cia de permuta entre dois genes é
aB/ab – 102
igual à distância que os separa no BeD 6%
ab/ab – 897 cromossomo.
– 111
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A partir desta tabela, construímos o seguinte mapa cromossômico:

MÓDULO 22 A Determinação do Sexo

1. DETERMINAÇÃO DO SEXO O sexo masculino é chamado he- senta o cromossomo Y. Nesses ca-
POR CROMOSSOMOS terogamético, porque o homem pode sos, fala-se em fêmea XX e macho
SEXUAIS formar dois tipos de espermatozoi- XO. Tal sistema é designado XO.
Em numerosas espécies vivas, os des, produzidos em números iguais,
sexos são separados. Existe um sis- metade contendo o cromossomo X e
tema genético de determinação do metade, o cromossomo Y.
sexo condicionado por cromossomos O sexo feminino é homogamético,
especiais, designados cromossomos porque cada óvulo produzido pela
sexuais. fêmea conterá apenas um cromos-
Nesse tipo de determinação se- somo X. O sexo do filho é determi-
xual destacamos quatro tipos: XY, XO, nado no momento da fecundação do
ZW e ZO. óvulo. Se ele for fertilizado por um
espermatozoide portador de um
❑ Tipo XY cromossomo Y (além dos 22 autos-
O tipo XY ocorre nos mamíferos e somos), o zigoto terá um X e um Y e
em numerosos insetos, entre os quais se desenvolverá em um macho. Se o
os dípteros. óvulo for fertilizado por um esperma- ❑ Tipo ZW
Vejamos o caso do homem. Os cro- tozoide portador de um X, o zigoto No sistema ZW os cromossomos
mossomos humanos são classifi- terá dois cromossomos X e se desen- sexuais são invertidos; o macho apre-
cados em dois grupos: autossomos e volverá em uma fêmea. senta dois cromossomos sexuais
heterocromossomos. Os autossomos iguais, designados ZZ, enquanto a
são os mesmos em ambos os sexos fêmea apresenta dois diferentes, um
BIOLOGIA A

e estão sempre aos pares. Os hetero- Z e outro W. Tal sistema ocorre em


cromossomos, também designados lepidópteros (borboletas, mariposas),
cromossomos sexuais e alossomos, peixes e aves.
são de duas categorias: o cromos- Nos sistemas XO e ZW, a deter-
somo X e o cromossomo Y. A fêmea minação segue o esquema da figura.
apresenta dois cromossomos X e o
macho, um X e um Y. Portanto, pode-
mos caracterizar os dois sexos assim:

XX = mulher
XY = homem

Os cromossomos sexuais ❑ Tipo XO


segregam na meiose, da mesma Em algumas espécies de insetos,
forma que os outros pares e isto hemípteros (percevejos) e ortópteros
significa que cada gameta recebe (gafanhotos, baratas), além de nema-
apenas um cromossomo sexual. toides (vermes), o macho não apre-

112 –
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❑ Tipo ZO O corpúsculo de Barr é formado da fora da colmeia no chamado voo


No sistema ZO os machos são por um cromossomo X da mulher que nupcial; dependendo da espécie ela
homogaméticos com dois cromosso- aparece condensado na interfase. é fecundada por um ou vários zan-
mos Z. Nas fêmeas heterogaméticas O número de corpúsculos de Barr gões. Os óvulos são haploides (n) e
só existe um cromossomo Z. é igual ao número de cromossomos X quando fecundados originam ovos
Ocorre em galinhas e répteis. menos 1. diploides (2n) que se transformam em
larvas. As larvas que recebem como
alimento mel e pólen transformam-se
em operárias; já as que recebem uma
secreção glandular produzida pelas
obreiras, chamada de geleia real,
evoluem para rainhas. Os óvulos não
fecundados, por meio de um proces-
so designado partenogênese (evolu-
ção de óvulo virgem), originam os
zangões, que durante o desenvolvi-
mento recebem o mesmo alimento
(a) célula masculina. das operárias.
(b) célula feminina com o corpúsculo de
Barr.
2. A DETERMINAÇÃO SEXUAL (c) célula feminina com dois corpúsculos
de Barr.
PELA CROMATINA SEXUAL
Até agora identificamos o sexo
pelo exame de cromossomos sexuais 3. A DETERMINAÇÃO
presentes no cariótipo e só evidencia- DO SEXO POR
dos nas células em divisão. HAPLODIPLOIDISMO
Todavia, mesmo em células em Nos himenópteros (abelhas, ves-
interfase, nas quais não se distinguem pas e formigas), a determinação sexual
os cromossomos individualmente, po- não envolve cromossomos sexuais.
demos determinar e identificar o sexo. Na sociedade das abelhas, distin-
Com efeito, as mulheres normais apre- guem-se três castas: a rainha, o
sentam, em alta proporção, nos nú- zangão e as operárias.
cleos das células interfásicas, um cro- A rainha é a única fêmea fértil da
mocentro (grânulo de cromatina) maior colônia (saliente-se que em cada co-
que os demais e aposto à membrana lônia existe apenas uma rainha). Os
nuclear. Tal grânulo, que identifica o zangões são os machos férteis, en-
sexo feminino, é designado cromatina quanto as operárias ou obreiras são
sexual, ou corpúsculo de Barr. fêmeas estéreis. A rainha é fecunda-

BIOLOGIA A
MÓDULO 23 Herança dos Genes dos Cromossomos Sexuais

1. OS CROMOSSOMOS X E Y 2. HERANÇA LIGADA dicionam cor vermelha (B) e cor bran-


Os cromossomos X e Y apresen- AO SEXO ca (b) situam-se no cromossomo X,
tam um segmento homólogo, conten- É a herança de genes situados no possibilitando os seguintes genótipos
do genes alelos e duas regiões não segmento não homólogo do cromos- e fenótipos:
homólogas, com genes não alelos. somo X. Tais genes são exclusivos do
Genótipos Fenótipos
cromossomo X; não existem no cro-
mossomo Y e sua herança é tida co- XBXB XBXb olho vermelho
mo ligada ao sexo. Exemplificaremos
tal herança em drosófila e no homem. XbXb olho branco

❑ A cor dos olhos em XBY olho vermelho


drosofila XbY olho branco
Em drosófila, os genes que con-
– 113
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Como as fêmeas têm dois cromossomos X, elas podem ser tanto homozigotas (XBXB) quanto heterozigotas (XBXb)
para um gene ligado ao sexo.
Como o macho possui apenas um desses genes, ele é conhecido como hemizigoto.

❑ Daltonismo
O daltonismo é uma anomalia ligada à percepção de cores.
O daltônico tem deficiência na distinção das cores vermelha, verde e azul. A anomalia é condicionada por um
gene recessivo (d) ligado ao sexo, sendo a visão normal condicionada por gene dominante (D). Assim, teremos:

Genótipos Fenótipos Genótipos Fenótipos

XDXD normal XHXH normal

XDXd normal portadora XHXh normal portadora

XdXd daltônica XhXh hemofílica

XDY normal XHY normal

XdY daltônico XhY hemofílico

❑ Hemofilia 3. HERANÇA HOLÂNDRICA contém genes alelos. A herança de


A hemofilia é uma anomalia con- OU RESTRITA AO SEXO tais genes é chamada de herança
dicionada por um gene recessivo h. Os chamados genes holândricos parcialmente ligada ao sexo.
Caracteriza-se pela falta de coagu- situam-se na parte não homóloga do
lação do sangue, fazendo com que cromossomo Y. Tais genes só ocorrem 5. HERANÇA INFLUENCIADA
mesmo um pequeno ferimento possa nos indivíduos de sexo masculino e PELO SEXO
provocar a morte por hemorragia. Es- passam de geração a geração, sem- É aquela em que os genes se
tudos genéticos indicam que a hemo- pre pela linhagem masculina. comportam como dominantes em um
filia, geralmente, só atinge os homens,
Como exemplo, no homem, po- sexo e recessivos no outro. Tais genes
sendo as mulheres apenas portado-
demos citar o responsável pela hiper- não se localizam nos heterocromos-
ras do gene.
tricose, que é a presença de pelos somos, mas sim nos autossomos. O
A ausência de mulheres hemo-
fílicas é determinada pela baixa fre- longos nas orelhas. caso típico é o gene da calvície: no
quência do gene h, que é igual a homem, o gene C, condicionador da
1/10 000. Isto significa que um em ca- 4. HERANÇA PARCIALMENTE calvície, é dominante, enquanto nas
da 10 000 homens é afetado. A pro- LIGADA AO SEXO mulheres, é recessivo. Todo indivíduo
babilidade de uma mulher ser afetada Os cromossomos X e Y apresen- CC será calvo, qualquer que seja o se-
é igual a 1/10 000 x 1/10 000, ou seja, tam um segmento, comum aos dois, xo, enquanto o indivíduo Cc será calvo
situação extremamente rara. designado segmento homólogo, que somente se for do sexo masculino.
BIOLOGIA A

Dessa maneira, podemos estabelecer os seguintes genótipos e fenótipos:

Genótipos Fenótipos

Mulher Homem

CC calva calvo

Cc normal calvo

cc normal normal

114 –
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FRENTE 3 Biologia Animal

MÓDULO 19 Poríferos e Celenterados


2. HABITAT 5. ORGANIZAÇÃO
Poríferos ESTRUTURAL
São animais aquáticos, predomi- DO TIPO ÁSCON
1. CARACTERES GERAIS nantemente marinhos. Vivem nos ma-
DOS PORÍFEROS res, em qualquer profundidade, fixa- A forma primitiva dos espongiá-
dos em rochas ou no solo submarino. rios é a de um tubo ou vaso, fixado no
❑ Morfologia Apenas uma família, a Spongilidae, substrato. Na extremidade apical apa-
Animais sésseis, de forma varia- vive na água doce, em grande dis- rece uma grande abertura – o ósculo
da, assimétrica ou com simetria ra- tribuição. – que serve para a saída da água que
diada. Paredes do corpo com nu-
merosos poros. Ausência de órgãos e continuamente atravessa o corpo da
3. ESQUELETO esponja. A parede do corpo é provida
apêndices.
de um grande número de poros (daí o
É o principal caráter para a clas-
❑ Sistema tegumentário sificação das esponjas. É interno, si- nome porífera), através dos quais pe-
Externamente, o corpo é revestido tuando-se entre as duas camadas netram água e partículas alimentares.
por uma camada de células acha- celulares. Pode ser mineral e/ou or-
tadas, os pinacócitos. 6. ORGANIZAÇÃO
gânico.
CITOLÓGICA DO ÁSCON
❑ Sistema esquelético ❑ Esqueleto mineral
No áscon, bem como nos outros
Possuem um esqueleto interno É constituído por espículas calcá-
dois tipos, não existem órgãos dife-
(endoesqueleto) formado por espícu- rias e silicosas.
renciados, mas distinguem-se diver-
las cristalinas ou fibras orgânicas sos tipos celulares adaptados a de-
❑ Esqueleto orgânico
(espongina). terminadas funções. A parede do cor-
É constituído por uma rede de
fibras de espongina (uma esclero- po é formada por duas camadas ce-
❑ Sistema digestório proteína). A esponja de banho é ape- lulares. A camada mais externa é a
Não existe. A digestão é exclusi- nas o esqueleto orgânico da esponja. dermal, e a mais interna, denominada
vamente intracelular. gastral. Entre as duas camadas celu-
Apresentam coanócitos. lares, há um mesênquima gelatinoso.
4. TIPOS DE ESTRUTURA
A cavidade central do corpo é cha-
mada átrio ou espongiocela. Nas duas
❑ Sistema excretor Entre os poríferos distinguem-se
Não existe. As células eliminam diversos tipos de organização estru- camadas celulares e no mesênquima,
por difusão seus catabólitos, direta- tural. O tipo mais simples é chamado encontramos os seguintes tipos ce-
lulares:

BIOLOGIA A
mente para o meio externo. ÁSCON, o intermediário, SÍCON, e o
mais evoluído, LÊUCON ou RÁGON. ❑ Pinacócitos
❑ Sistema respiratório São células achatadas que, jus-
Não existe. A respiração é aeró- tapostas, formam a camada dermal.
bica. Cada célula realiza diretamente
com o meio as trocas respiratórias. ❑ Coanócitos
São células flageladas e providas
❑ Sistema circulatório de um colarinho, uma formação mem-
Não existe. branosa que envolve o flagelo. Re-
vestem a cavidade atrial e constituem
a camada gastral.
❑ Sistema reprodutor
Assexuado, feito por brotamento, ❑ Porócitos
regeneração e gemulação; sexuado, São células tubulosas, percor-
produzindo uma larva ciliada (anfi- ridas por uma perfuração cônica. São
blástula). estas perfurações dos porócitos que
constituem os numerosos poros que
❑ Sistema nervoso ligam o átrio ao meio externo.
Não existe. Áscon – aspecto geral.

– 115
C5_Curso A_Teoria_Tony_2012 04/04/12 15:43 Page 116

Cortada longitudinalmente, apre-


senta a parede do corpo espessa e
com uma série de dobras, formando
curtos canais horizontais. Distingui-
mos dois tipos de canais: inalantes e
exalantes. Os primeiros abrem-se na
superfície externa e termi nam em
fundo cego. Os canais exalantes são
internos e desembocam no átrio.

8. ORGANIZAÇÃO
CITOLÓGICA DO SÍCON
Corte longitudinal do áscon.
A superfície externa e os canais Lêucon (organização).
❑ Miócitos
São células alongadas e contrác- inalantes são revestidos pela cama-
da dermal, formada por pinacócitos. 10. ORGANIZAÇÃO
teis que formam esfíncter em torno
A espongiocela também é revestida CITOLÓGICA DO LÊUCON
dos poros e do ósculo.
por pinacócitos, ficando os coanó-
❑ Amebócitos citos limitados aos canais exalantes. Os coanócitos só aparecem nas
No mesênquima, aparecem nu- câmaras vibráteis. Os pinacócitos re-
O mesênquima gelatinoso é bem mais
merosos amebócitos, isto é, células vestem a superfície externa, o átrio e
desenvolvido do que no áscon: con-
que possuem movimento ameboide, os diversos canais. No desenvolvi-
tém amebócitos e espículas.
realizando várias funções e podendo mento do mesênquima, encontramos
ser divididos em amebócitos e espículas.
– escleroblastos – células que
secretam as espículas minerais. Cada
eixo de espícula é formado por um
escleroblasto;
– arqueócitos – amebócitos que
realizam várias funções: recebem, di-
gerem e fazem circular o alimento,
além de formar elementos reproduti-
vos: espermatozoides, óvulos e gê-
mulas.

7. ORGANIZAÇÃO
ESTRUTURAL
DO TIPO SÍCON Organização citológica do sícon.
Observada externamente, apre-
senta-se como uma urna alongada fi-
xada pela extremidade inferior. O 9. ORGANIZAÇÃO Organização citológica do lêucon.
BIOLOGIA A

ósculo, bem alargado, aparece na ex- ESTRUTURAL DO


tremidade superior, circundado por TIPO LÊUCON 11. SISTEMÁTICA
uma coroa de espículas longas e afi-
❑ Phylum Porífera
ladas. A superfície do corpo possui É o tipo mais evoluído. O átrio é
numerosas elevações ou papilas, das Animais pluricelulares, sempre
reduzido, enquanto a parede do cor-
quais saem pequenas espículas. aquáticos e sésseis; em geral formam
po é bastante desenvolvida e percor-
Entre as papilas aparecem os poros. colônias de forma variada; parede do
rida por um complicado sistema de
corpo com duas camadas celulares e
canais e câmaras. Os coanócitos en-
perfuradas por numerosos poros; ca-
contram-se revestindo câmaras esfé-
ricas, também denominadas câmaras vidades internas revestidas por coanó-
vibráteis, interpostas num sistema de citos; esqueleto calcário, silicoso ou
canais. Os canais que partem dos po- córneo; 5.000 espécies.
ros e atingem as câmaras transpor-
tando água são denominados ina- Classe 1
lantes ou aferentes. Calcária (Calcispongiae)
Das câmaras, saem os canais Esponjas com esqueleto calcário
exalantes ou eferentes que atingem o formado por espículas monoaxô-
Organização do sícon. átrio. nicas, trirradiadas e tetraxônicas.
116 –
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Classe 2 ❑ Sistema excretor 2. HABITAT


Hexactinellida ou Não existe. As células eliminam
Triaxônica (Hyalospongiae) diretamente no meio externo as subs- São todos marinhos ou de água
Esponjas com espículas silicosas tâncias da excreção. doce. Geralmente vivem em colônias
triaxônicas. fixas ou móveis.
Ex.: Euplectella aspergillium ❑ Sistema circulatório
(vulgarmente chamada de cesto de Não existe. 3. TAMANHO
vênus).
❑ Sistema nervoso Os pólipos são geralmente mi-
É do tipo difuso, constituído por croscópicos, e os maiores não ultra-
Classe 3 uma rede de células nervosas, situa- passam alguns milímetros. As me-
Demospongiae das na mesogleia. Primeiros animais dusas variam de 10 milímetros de diâ-
Esqueleto de espículas silicosas, que apresentam o arco reflexo. Exis- metro até 2 metros.
de fibras de espongina ou de ambos. tência de células fotossensíveis e es-
Ex.: Esponja sp (esponja de tatocistos.
banho).

Celenterados
ou Cnidários
1. CARACTERES GERAIS
DOS CELENTERADOS

Animais de simetria radiada. Dis-


tinguem-se neste grupo animais de
dois tipos morfológicos: o pólipo (ge-
ralmente sedentário) e a medusa (ge-
ralmente livre).
Hydra sp.
❑ Morfologia Sistema nervoso da Hydra.
São diblásticos; o corpo apresen- 4. METAGÊNESE
ta duas camadas celulares, uma epi- ❑ Reprodução
DA OBELIA sp
derme externa (ectoderma) e uma Geralmente é feita por alternância
gastroderme interna (endoderma). de geração (metagênese), em que o
Na Obelia sp ocorre uma alter-
Entre as duas, encontramos me- pólipo representa a fase assexuada
nância de gerações ou metagênese.
sogleia, de consistência gelatinosa. e a medusa, a fase sexuada. Espé-
As hidromedusas constituem a fase
Presença de cnidoblastos nas duas cies monoicas e dioicas; fecundação
sexuada. São dioicas e formam as
camadas celulares. externa e interna; existência de gôna-
gônadas, junto dos canais radiais. A
das, desprovidas de ductos genitais;
fecundação é externa. O zigoto de-
❑ Sistema tegumentário presença de larva ciliada chamada
senvolve-se originando uma larva

BIOLOGIA A
Epiderme formada por uma cama- plânula.
ciliada, denominada plânula. A plâ-
da celular contendo fibras muscu- nula fixa-se e dá origem a um pólipo,
lares. que, por brotamento (assexuada-
❑ Sistema esquelético mente), forma nova colônia.
Os antopólipos podem secretar
um exoesqueleto córneo ou calcário. 5. ESTRUTURA DA
AURELIA AURITA
❑ Sistema digestório
Boca circundada por tentáculos e
É chamada vulgarmente de
ligada a uma ampla cavidade di-
água-viva. A água-viva, provavelmen-
gestória, saculiforme, simples ou divi-
te, é a cifomedusa mais frequente nas
dida por septos; ausência de ânus,
costas brasileiras.
digestão extra e intracelular.
Tais medusas flutuam nos mares,
❑ Sistema respiratório ou então nadam lentamente, por con-
Não existe. As células realizam as trações da umbela.
trocas respiratórias diretamente com São dioicas e apresentam fecun-
o meio externo. A respiração é sem- dação interna. Possuem a larva plâ-
pre aeróbica. Reprodução assexuada. nula.
– 117
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uma vesícula cheia de ar, funcionan- CLASSE 2 –


do como órgão flutuador. SCYPHOZOA
– Gastrozoide Tem como forma predominante as
É um pólipo usado para a cifomedusas, originadas de um esta-
apreensão do alimento. do poliploide, a partir de um proces-
– Nectozoide so de estrobilização.
É um medusoide, funcionando O cifopólipo possui quatro septos
na propulsão da colônia. internos dividindo o ênteron: é des-
provido de estomodeu. As cifome-
– Dactilozoide
Possui cnidoblastos. dusas sem véu, com braços orais,
possuem gônadas formadas a partir
– Filozoide
Ciclo reprodutivo da Aurelia sp. da gastroderme. O estado de pólipo
Pólipo protetor de outros indiví-
pode faltar completamente, desenvol-
6. SISTEMÁTICA DOS duos da colônia.
vendo-se do ovo, diretamente, nova
CELENTERADOS – Gonozoide medusa. Exemplo: Aurelia aurita.
❑ Phylum Coelenterata Pólipo encarregado da repro-
CLASSE 1 – HYDROZOA dução da colônia.
CLASSE 3 –
Ordem 1 – Hydroida – Pólipos ANTHOZOA
sempre bem desenvolvidos e geral- Não apresenta medusa. Ocorrem
mente coloniais; medusas reduzidas. pólipos isolados ou coloniais. Na or-
Hydra e Obelia. dem actinária, encontramos as actí-
Ordem 2 – Siphonophora – nias (anêmonas-do-mar), que vivem
São colônias natantes polimórficas, isoladamente e não apresentam es-
com vários tipos de medusas; ma- queleto.
rinhas (principalmente em mares Na ordem madreporária, encon-
quentes). A colônia adulta apresenta tramos os verdadeiros corais. Os co-
os seguintes indivíduos: rais são coloniais, com esqueleto
– Pneumatóforo calcário e responsáveis pela for-
É uma medusa. Apresenta Organização básica de um sifonóforo. mação dos recifes, barreiras e atóis.
BIOLOGIA A

Cnidoblastos, células urticantes dos cnidários. Metagênese na Obelia sp.

Formação de um atol coralino, segundo Darwin.

118 –
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Polimorfismo nos celenterados. Presença de uma forma lem-


brando um tubo, o pólipo, e de outra lembrando a parte superior
de um paraquedas aberto, a medusa.
Metridium sp (cortes: longitudinal e transversal).

Medusas de Aurelia sp. São móveis por jatopropulsão.

BIOLOGIA A

Colônia polimórfica de caravela.

Pólipos de antozoários (corais).

– 119
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MÓDULO 20 Platelmintos

1. GENERALIDADES A planária é carnívora e apre- glios cerebrais, sugerindo um proces-


senta uma faringe protráctil, além de so de cefalização.
Os platelmintos são vermes com um intestino ramificado. Há cordões nervosos longitu-
corpo achatado dorsoventralmente. A solitária não possui sistema dinais ligados entre si por comissuras
digestório. transversais.
2. SISTEMA TEGUMENTÁRIO O sistema nervoso é do tipo gan-
5. SISTEMA EXCRETOR glionar.
Sua epiderme é constituída por Estudos realizados com a planá-
um epitélio simples, ciliado na pla- Os platelmintos são os primeiros ria evidenciam uma grande capa-
nária e recoberto por uma cutícula no animais da escala zoológica que cidade de responder a estímulos
esquistossomo e na tênia. apresentam um sistema excretor e luminosos (fototactismo); corrente de
cujo órgão fundamental é o sole- águas (reotactismo); alimentos (qui-
3. SISTEMA MUSCULAR nócito ou célula-flama. miotactismo) e a estímulos mecânicos
(tigmotactismo).
A parede do corpo do platelminto
é constituída pela epiderme e pelo
tubo musculodermático, formado por
três camadas musculares: circular, lon-
gitudinal e dorsoventral ou oblíqua.
Não apresentam sistema esque-
lético.

Planária – sistema nervoso.


Planária – sistema excretor.
9. REPRODUÇÃO
6. SISTEMA RESPIRATÓRIO
Os platelmintos são animais ge-
Não existe. As espécies de vida ralmente hermafroditas. Possuem gô-
nadas providas de ductos e órgãos
livre têm respiração aeróbica, e as
acessórios.
trocas gasosas ocorrem entre a epi-
Planária – corte transversal. A fecundação é interna, o desen-
derme permeável e o meio ambiente.
volvimento é direto na planária e indi-
Nas espécies parasitas, a respi-
BIOLOGIA A

4. SISTEMA DIGESTÓRIO reto no esquistossomo e na tênia, com


ração é anaeróbia.
um ou vários estágios larvais em que
É do tipo incompleto, pois não é frequente a pedogênese.
possui abertura de egestão, que é 7. SISTEMA CIRCULATÓRIO
A planária é hermafrodita; repro-
realizada pela boca. duz-se sexuadamente por fecunda-
Não existe. A distribuição dos ali- ção cruzada e assexuadamente por
mentos é realizada pela ramificação bipartição transversal, devido à sua
do intestino, por difusão nas células alta capacidade de regeneração.
da parede intestinal.
Na solitária, o alimento penetra
10. CARACTERÍSTICAS
diretamente através da pele.
GERAIS DOS
PLATELMINTOS
8. SISTEMA NERVOSO
Os platelmintos são animais que
São os primeiros animais da es- apresentam o corpo achatado (Platy
cala zoológica dotados de um siste- = chato e Helminte = verme), com
ma nervoso central. Há maior concen- simetria bilateral, triblásticos e acelo-
Planária – sistema digestório. tração de células nervosas nos gân- mados.
120 –
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O corte parcial
na região A bipartição
cefálica pode origina
originar uma indivíduos
planária com geneticamente
muitas idênticos
cabeças. (clones).

Seres primitivos
A fecundação possuem
cruzada elevada
aumenta a capacidade de
biodiversidade. regeneração.

Anatomia da planária:
a) Sistema excretor;
b) Sistema nervoso apresentando
um início de cefalização;
c) Sistema reprodutor.

11. SISTEMÁTICA carneiro, boi, cabra e outros herbí- São endoparasitas do homem e

BIOLOGIA A
Classe 1 voros. Vive nos canais biliares, deter- causam a esquistossomose ou
Turbelaria: Planária (Dugesia minando ações tóxicas e irritativas, barriga-d'água. Esta doença pro-
tigrina). não existindo medicação eficiente pa- voca hemorragias, intoxicação e infla-
Classe 2 ra o seu tratamento. mação do cólon, reto, pâncreas, fíga-
Trematoda: Fasciola hepatica, Raramente ocorre no homem. do, baço etc. Nem sempre a doença
Schistosoma mansoni. O ciclo vital inicia-se pela elimina- é fatal, mas causa vários problemas,
Classe 3 ção de ovos junto com as fezes do
debilitando as vítimas, que apresentam,
Cestoda: Taenia sp. animal infectado. Tem como hospedei-
geralmente, o abdômen volumoso.
ro intermediário um caramujo do gê-
O homem é o hospedeiro definiti-
12. ESTUDO DOS PRINCIPAIS nero Lymnaea, da classe Gastropoda,
PARASITAS do filo Molusca. vo do Schistosoma mansoni, que se
❑ Fasciola hepatica instala no sistema porta-hepático e
Tem o corpo achatado e foliáceo ❑ Schistosoma mansoni nas veias mesentéricas. O hospedei-
(± 30mm). Possui duas ventosas (oral É um verme platielminte, cujo ma- ro intermediário é um caramujo de no-
e ventral). A ventosa ventral é usada cho, de pequena extensão (9 a 22mm), menclatura controvertida: Planorbis,
para a fixação junto ao hospedeiro. possui um profundo sulco, o canal gi- Australorbis ou Biomphalaria. São en-
É um verme endoparasita, cau- necóforo, no qual se instala a fêmea contrados em água doce pouco cor-
sando a fasciolose no fígado de longa e delgada (14 a 26mm). rente ou estagnada.

– 121
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Ovo, miracídio e cercária


de Schistosoma mansoni. Platielmintos.
A pessoa doente elimina ovos do
Schistosoma juntamente com as fe-
zes, atingindo a água. Saem dos ovos
embriões ciliados, os mirací dios,
que após algumas horas penetram
no caramujo.
No caramujo, o miracídio trans-
forma-se em esporocisto, que pro-
duz cercárias, sempre por pedogê-
nese.
As cercárias saem do caramu-
jo e nadam livremente, podendo pe-
netrar ativamente na pele do homem,
durante os banhos em rios e lagos.
O diagnóstico é feito pelo exame
de fezes, onde são encontrados ovos
Ciclo biológico da Fasciola hepatica.
portadores de espinho.
A penetração das larvas produz
irritação cutânea, daí o nome “lagoas
de coceira” dado vulgarmente aos lo-
cais infestados por esquistossomo.
A profilaxia indicada consiste em
não nadar em locais desconhecidos;
evitar a penetração de larvas na pele;
tratar as pessoas doentes para im-
BIOLOGIA A

pedir a distribuição geográfica da


doença; promover o extermínio do
caramujo e o saneamento básico.

Taenia solium – aspecto geral. Ciclo biológico do Schistosoma mansoni.


122 –
C5_Curso A_Teoria_Tony_2012 04/04/12 15:43 Page 123

❑ Taenia solium delgado do homem, que elimina em muscular e epilepsia. É uma doen-
Pertence à classe Cestoda; pos- suas fezes anéis do animal, contendo ça mais grave do que a teníase.
sui o corpo alongado, delgado e cha- ovos fecundados (de 30 mil a 50 mil O homem pode adquirir esta doen-
to, dividido em três porções: cabeça por anel). ça por autoinfestação interna, externa
ou escólex, colo e estróbilos ou pro- Os ovos contêm embriões dota- e também por heteroinfestação.
glotes. dos de seis tentáculos (hexacanto),
A cabeça ou escólex é a por- denominados oncosfera. ❑ Taenia saginata
ção anterior destinada à fixação da O porco, hospedeiro intermediá- Tem ciclo vital semelhante ao da
Taenia na superfície da mucosa intes- rio, ingere os ovos, que, ao atingir o in- Taenia solium. Porém seu hospedeiro
tinal do hospedeiro. testino do animal, libertam a oncos- intermediário é o boi, e em sua ca-
Apresenta quatro ventosas e um fera que, através da circulação san- beça não há ganchos quitinosos.
rostro ou rotellum com 26 a 28 guínea, é distribuída para a muscu- Possui aproximadamente 2 mil
ganchos quitinosos, para a fixação no latura sublingual, diafragma, cérebro proglotes. Os últimos anéis são elimi-
organismo do hospedeiro. etc. Nesses locais, evolui um estágio nados isoladamente, forçando o esfínc-
O pescoço, ou colo, é a parte larval, denominado cisticerco. ter anal, fora das evacuações.
mais fina e não segmentada, e liga a O homem sofre a infestação, quan- Produz a larva Cisticercus bovis,
cabeça ao corpo. É a região onde são do ingere a carne de porco crua, ou que não causa cisticercose no homem.
produzidos novos anéis ou proglotes mal cozida, contendo cisticercos vivos.
por estrobilização. A cisticercose é uma enfermi-
O estróbilo, ou corpo, é consti- dade causada pela presença de um
tuído por uma série de anéis (± 800), cisticerco no organismo. Esta doen-
divididos em imaturos, maduros e, no ça pode ocorrer no homem, quando
final, os anéis grávidos. este ingere ovos de Taenia solium.
A teníase ou solitária deve-se A casca dos ovos é digerida no
à presença do animal adulto no intes- intestino, os embriões são transporta-
tino, causando uma série de pertur- dos pela corrente sanguínea, atingindo
bações gerais. os olhos, a musculatura e o cérebro,
A Taenia adulta vive no intestino causando cegueira, fraqueza Taenia saginata.

BIOLOGIA A

Taenia solium – ciclo biológico.


– 123
C5_Curso A_Teoria_Tony_2012 04/04/12 15:43 Page 124

MÓDULO 21 Asquelmintos ou Nematelmintos


1. CARACTERÍSTICAS 8. SISTEMA RESPIRATÓRIO
GERAIS Não existe. Nas formas de vida li-
vre, o oxigênio difunde-se através do
Os asquelmintos são animais de tegumento. Nas formas parasitas, a
corpo cilíndrico, não segmentado, que respiração é anaeróbia e realizada a
possuem simetria bilateral; distinguem-se partir do glicogênio existente nas cé-
dos platelmintos, principalmente por lulas.
apresentar pseudoceloma e tubo
digestório completo. 9. SISTEMA EXCRETOR
Os asquelmintos possuem dois
2. CLASSIFICAÇÃO tipos de sistema excretor: o simples e
o duplo.
A principal classe é a nematoda.
O sistema simples aparece em
nematoides de vida livre e é consti-
3. TEGUMENTO Nematoide – sistema digestório.
tuído de uma grande célula ventral an-
O corpo é revestido por uma cu- terior.
tícula elástica e flexível, acelular, se- 7. SISTEMA CIRCULATÓRIO No sistema duplo, também conhe-
cretada pela epiderme, que é de Não existe. Os alimentos absorvi- cido por tipo em "H", existem dois tubos
natureza sincicial, sendo desenvolvi- dos pelas células da parede intestinal que correm ao longo das linhas late-
da nas espécies jovens, e atrofiada caem no líquido que preenche o pseu- rais, e que recolhem por osmose os
nas espécies adultas. doceloma, sendo assim distribuídos catabólitos, lançando-os por um poro
para as demais células. que se abre na linha mediana ventral.
4. SISTEMA MUSCULAR

Apresentam apenas a muscula-


tura longitudinal abaixo da epiderme.

Cortes histológicos dos asquelmintos.


BIOLOGIA A

Ascaris lumbricoides.
5. CAVIDADE DO CORPO
Entre a camada muscular e a pa-
rede intestinal há uma cavidade, o
pseudoceloma. Esta cavidade não re-
presenta um celoma verdadeiro, por-
que não é revestida totalmente pelo
mesoderma.

6. SISTEMA DIGESTÓRIO
É do tipo completo e contém bo-
ca, faringe, esôfago (faz a sucção), in-
testino, ânus terminal ou subterminal.
Nos machos há uma cloaca. A diges-
tão é extracelular; o alimento é digeri-
do por ação enzimática, na cavidade
intestinal, e é absorvido por células das
paredes do intestino. Enterobius vermicularis.

124 –
C5_Curso A_Teoria_Tony_2012 04/04/12 15:43 Page 125

Os vermes adultos vivem na luz lando no útero até o seu rompimento


do intestino delgado. As fêmeas pos- na luz intestinal, quando os ovos
suem grande fertilidade, chegando a embrionados são libertados.
pôr 200 mil ovos por dia, que podem A transmissão é feita por via oral,
ser eliminados com as fezes. Em con- através da ingestão dos ovos embrio-
dições ótimas, a evolução dura de 10 nados por auto ou heteroinfestação,
a 12 dias, formando-se uma pequena podendo também ocorrer retroinfesta-
larva do tipo rabditoide, que em uma ção, determinada pela eclosão de
semana sofre uma muda, transfor- larvas na mucosa anal e posterior mi-
Nematoide – sistema excretor. mando-se numa larva infestante rab- gração para as partes superiores do
ditoide. A infestação ocorre quando intestino.
o hospedeiro ingere ovos embrio- O verme adulto no intestino pro-
10. SISTEMA NERVOSO nados, que sofrem uma digestão no
É constituído de um anel em volta duz inflamações, náuseas, catarro in-
duodeno, libertando as larvas, que testinal, vômitos e dores intestinais. O
do esôfago e por vários cordões lon- passam pelo fígado, coração, pul-
gitudinais que dele partem. sintoma mais típico da enterobiose é
mões, traqueia, esôfago, estômago e o intenso prurido anal, ativado à noite
intestinos, reiniciando um novo ciclo. pelo calor do leito, quando o hos-
11. REPRODUÇÃO A nova postura ocorrerá após dois
A maioria dos nematoides possui pedeiro se deita.
meses e meio.
sexos separados, e o sistema reprodu- O verme provoca perturbações
tor apresenta estrutura simples. na fase de larva migratória e na fase Ancylostoma duodenale
Os machos são sempre menores e adulta, localizada no intestino. e Necator americanus
de vida curta; distinguem-se das fê- Quando em grande número, os ver- Vermes de corpo cilíndrico, afilado
meas pela extremidade posterior, que mes chegam a provocar oclusão in- nas duas extremidades da fêmea e
se enrola em espiral ou se expande em testinal. apenas na extremidade anterior do
bolsa copuladora, com duas espículas
macho.
quitinosas que servem para agarrar-se
Enterobius vermicularis Medem cerca de 15mm e pos-
à abertura genital das fêmeas.
(Oxyuris vermicularis) suem uma cápsula bucal, dotada de
É um verme pequeno (3 a 12mm) dentes e placas cortantes.
12. HABITAT com boca trilabiada e causador da Com pequenas diferenças, as
Existem nematoides de vida livre oxiuríase ou enterobiose. duas espécies realizam o mesmo ci-
na água e no solo. Numerosas espé- Parasitam o ceco e o apêndice clo. Os ovos, eliminados pelas fezes
cies vivem como parasitas de animais cecal. As fêmeas grávidas não depo- do hospedeiro, evoluem em 24 horas
e vegetais. Muitos parasitas vivem ba- sitam os ovos e estes vão-se acumu- até chegar à larva rabditoide.
nhados pelos sucos digestórios do
hospedeiro e resistem à ação diges-
tória, provavelmente por causa da cu-
tícula, ou ainda pela produção de
antienzimas, substâncias que inibem
a ação das enzimas digestórias do
hospedeiro.

BIOLOGIA A
Galhas são intumescências de ra-
mos vegetais infestados por asquel-
mintos.

13. ESTUDO DOS PRINCIPAIS


NEMATOIDES PARASITAS
❑ Monogenéticos
ou monóxenos
Têm evolução em um só hospe-
deiro, o definitivo.
Ascaris lumbricoides
Também denominada lombriga, é
um verme cilíndrico e afilado nas duas
extremidades. Possui boca trilabial, e
o macho mede de 15 a 35cm, en-
quanto a fêmea mede de 35 a 40cm.
Vive no intestino delgado dos verte-
brados, causando a ascaridíase. Ancylostoma duodenale e Necator americanus.

– 125
C5_Curso A_Teoria_Tony_2012 04/04/12 15:43 Page 126

Esta larva, após 48 horas, trans-


for ma-se em filarioide, que em uma
semana torna-se infestante. A infesta-
ção pode ser ativa ou passiva. A pri-
meira é cutânea: ativamente as larvas
atravessam a pele, principalmente a
dos pés, caem na circulação e atin-
gem o coração e os pulmões, onde
sofrem a terceira muda. A seguir, mi-
gram através dos brônquios, traqueia,
esôfago e intestino delgado, onde so-
frem a quarta muda, transformando-se
em adulto. Na penetração passiva, as
larvas podem chegar por meio de
água contaminada ao estômago, on-
de sofrem a terceira muda; daí pas-
sam ao intestino, ocorrendo a quarta
muda, que caracteriza o estágio
adulto.
São causadores da ancilosto-
mose, amarelão, opilação ou
mal da terra, provocando no hos-
pedeiro uma anemia intensa, variando
a gravidade com o grau de infestação.
Ciclo biológico do Necator americanus.
Ancylostoma caninum
Parasita normal do cão, raramen- a doença conhecida por elefantía-
te encontrado no homem. se, caracterizada pela hipertrofia de
alguns órgãos, como o escroto, mem-
Ancylostoma brasiliensis bros inferiores, os seios e os lábios da
É um parasita do cão e do gato. vulva.
Quando suas larvas (Larva migrans) No sistema linfático do hospedei-
penetram na pele do homem, causam ro, as fêmeas colocam os ovos, que
a dermatose serpiginosa ou, co- se transformam em microfilárias.
mo é popularmente conhecida, o bi- Durante a noite, as larvas deslocam-se
cho geográfico. para o sangue periférico, sendo então
ingeridas por mosquito do gênero
Culex. Nos insetos, as larvas sofrem
❑ Digenéticos ou várias mudas, transformando-se nas
di-heteroxenos formas infestantes, que vão até a
São parasitas com dois hospedei- trompa do mosquito.
BIOLOGIA A

ros, o intermediário e o definitivo. Quando o inseto pica a vítima,


transmite a larva, que atinge o siste-
Wuchereria bancrofti ma linfático, tornando-se adulta e re-
É um verme de diâmetro muito pe- Doente apresentando elefantíase, doença começando o ciclo.
queno e de aspecto filamentoso, sen- cujo agente etiológico é a Wuchereria No ciclo da Wuchereria bancrofti,
do por esta razão denominado bancrofti. o homem é o hospedeiro definitivo e o
filária; os machos atingem 4cm e as Esses vermes parasitam os gân- mosquito vetor é o hospedeiro inter-
fêmeas, 10cm de comprimento. glios linfáticos do homem, causando mediário.

126 –
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MÓDULO 22 Anelídeos

1. CARACTERÍSTICAS 5. SISTEMA DIGESTÓRIO 6. SISTEMA CIRCULATÓRIO


GERAIS É do tipo completo, tubuloso e re- É do tipo fechado, independente
Os anelídeos são animais vermi- tilíneo. Inicia-se pela boca no prostô- do celoma e consiste, principalmente,
formes, cujo corpo é composto de seg- mio, que contém, às vezes, maxilas ou em dois vasos sanguíneos longitudi-
mentos ou metâmeros, semelhan- estiletes quitinosos; segue-se a farin- nais, colocados dorsal e ventralmente
tes entre si, em forma de anel, exceção ge, às vezes protrátil, que se comuni- em relação ao tubo digestório. O vaso
feita aos dois primeiros e ao último seg- ca com o esôfago, podendo este dorsal é contrátil, impelindo o sangue
mento, denominados, respectivamen- formar um papo e uma moela forte- de trás para diante. Já no vaso ventral,
te, prostômio, peristômio e pigídio. mente musculosa, que serve para o sangue circula em sentido inverso.
São triblásticos com simetria bila- macerar os alimentos; segue-se o in- O sangue é constituído de um
teral e a segmentação é tipicamente testino, às vezes com um par de sa- plasma que contém amebócitos livres
homônoma. cos intestinais (tiflosolis), os quais e hemoglobina dissolvida. Há também
servem para aumentar a superfície de um pigmento verde, a clorocruerina,
2. SISTEMA TEGUMENTÁRIO absorção; o intestino terminal é em ou vermelho, a hemoeritrina, em outros
A epiderme é um epitélio simples, geral curto e abre-se para o exterior, anelídeos.
com células sensoriais, glândulas mu- através do ânus.
cosas e recoberto por uma cutícula Na parede do tubo digestório,
permeável. Nos oligoquetos (minhoca), existem células de peritônio que au-
há fileiras de cerdas de quitina dis- mentam consideravelmente seu volu-
postas na região ventral. Nos polique- me, servindo para o acúmulo de
tos (Eunice), há um feixe de cerdas, substâncias de reserva e que rece-
apenas nos parapódios. bem o nome de cloragógenas.

Sistema circulatório.

7. SISTEMA RESPIRATÓRIO
A respiração é cutânea. Nos poli-
quetos há brânquias ramificadas na
região dorsal dos parapódios, com
Sistema digestório. rede capilar.
Organização do parapódio.

Parapódios são expansões der-

BIOLOGIA A
momusculares laterais que servem co-
mo remos, permitindo a natação dos
poliquetos.

3. SISTEMA MUSCULAR
Logo abaixo da epiderme, encon-
tra-se a musculatura principal do cor-
po, composta de uma camada ex-
terna circular e uma interna longitudi-
nal, constituindo o tubo musculodér-
mico, que forma a parede corpórea.

4. CAVIDADE DO CORPO
Os anelídeos são animais que
apresentam uma cavidade geral se-
cundária espaçosa, o celoma, divi-
dido por septos transversais e longi-
tudinais.
– 127
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8. SISTEMA EXCRETOR
A excreção é feita por nefrídios,
dispostos em um par por segmento.
Cada nefrídio é formado por três par-
tes: nefróstoma, um funil ciliado que
recolhe os catabólitos na cavidade ce-
lomática; nefroduto, um canal sinuo-
so, internamente ciliado, que atraves-
sa o anel e desemboca no nefridió-
poro, um poro excretor situado no anel
seguinte.

Nereis sp, verme marinho com aproximadamente 45cm e 220 metâmeros.

Estrutura do nefrídio.

9. SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso é ganglionar.
Há dois gânglios cerebrais e um gran-
de gânglio subfaríngeo, ligados por
um anel nervoso ao redor da faringe,
de onde sai um longo cordão nervoso Lumbricus terrestris – morfologia externa.
ventral, com dois gânglios por anel.
A importância da minhoca em re- ❑ Fecundação
Nas minhocas há células tácteis,
lação aos solos é bastante conhecida. cruzada da minhoca
foto e quimiorreceptoras, dispersas no
Elas melhoram a oxigenação e a repo- Na fecundação cruzada da mi-
epitélio, especialmente nos primeiros
sição de minerais, a partir dos detritos nhoca, os animais colocam-se em po-
segmentos.
orgânicos que comem. O verme Eunice sição invertida, unindo-se pelas
viridis (palolo) serve de alimento aos extremidades anteriores. Cerdas es-
nativos das ilhas Samoa e Fuji. peciais penetram mutuamente nos
BIOLOGIA A

No passado, as sanguessugas dois parceiros, mantendo-os ligados


(Hirudo medicinalis) foram largamen- enquanto o clitelo secreta um muco
que envolve os dois parceiros. Em
te empregadas em processo de san-
cada animal forma-se um par de sul-
gria, além do aproveitamento da
cos seminais, indo do 15º. anel até o
hirudina, uma substância anticoagu- clitelo, através do qual os esperma-
lante, de interesse médico, produzida tozoides de um animal passam para o
em suas glândulas salivares. receptáculo seminal do outro, carac-
terizando a fecundação cruzada se-
Sistema nervoso. 11. REPRODUÇÃO guida da separação dos animais.
São monoicos ou dioicos, com ou Logo após, o clitelo secreta o có-
10. HABITAT sem clitelo; a reprodução sexuada con, ou casulo, onde são depositados
Em relação ao habitat, os anelí- ocorre com frequência por fecunda- os óvulos. O cócon desloca-se para a
deos podem ser aquáticos, marinhos ção cruzada; o desenvolvimento pode frente e, ao passar pelo receptáculo
ou de água doce, e terrestres, viven- ser direto ou indireto com larva trocó- seminal, os óvulos são fertilizados pe-
do em lugares úmidos, debaixo de fo- fora (nos poliquetos). Há reprodução los espermatozoides, que já estavam
lhas, ou escavando galerias no solo, assexuada por brotamento e regene- depositados. O cócon, que agora
onde passam a viver. ração. contém ovos, sai do animal medindo

128 –
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cerca de 7mm; apenas um ovo se de- Ordem 2 – Sedentária corpo de forma achatada e segmen-
senvolve. Fixos, em tubos calcários ou em tado, porém a segmentação externa
Notamos que a fecundação do escavações, na areia; possuem brân- não corresponde à segmentação in-
óvulo é feita no cócon ou casulo, por- quias na cabeça. terna. Cabeça não distinta do corpo,
tanto definimos como um caso de Ex.: Arenicola e Sabellaria. ausência de cerdas, tentáculos e pa-
fecundação externa e desenvolvi- rapódios. Possuem duas ventosas e
mento direto. Classe 2 – Oligoquetos têm o celoma obliterado, são herma-
São animais de corpo alongado, froditas com clitelo.
12. SISTEMÁTICA cilíndrico, com segmentações externa Ex.: Hirudo medicinalis, sangues-
DOS ANELÍDEOS e interna bem nítidas, cabeça não dis- suga europeia, ectoparasitas, hemató-
O filo Annelida é constituído apro- tinta do corpo, raras cerdas implanta- fagos, ocasionais no homem e em
xidamente de 8.700 espécies, agrupa- das diretamente na cutícula, não animais domésticos. Vivem em água
das em três classes: Polychaeta, possuem parapódios, têm respiração doce, principalmente em brejos.
Oligochaeta e Hirudinea. cutânea, hermafroditas com clitelo e
sem larvas.
Classe 1 – Poliquetos Ex.: Lumbricus terrestris (minhoca
Possuem o corpo com metameri- comum ou europeia); Pheretima
zações externa e interna bem nítidas. hawaiana (minhoca-louca); Glossos-
Cada metâmero possui um par de ex- colex giganteus (minhocuçu).
pansões laterais, os parapódios,
que têm funções na respiração Classe 3 – Hirudíneos
branquial e na locomoção. Ca- É formada de organismos com o Sabellaria sp.
beça distinta do corpo, sexos se-
parados, com fecundação externa e
desenvolvimento indireto, através da
larva trocófora. São quase exclusiva-
mente marinhos.

Ordem 1 – Errantia
Vida livre e brânquias nos para-
pódios.
Ex.: Eunice sp e Nereis sp. Sanguessuga locomovendo-se.

MÓDULO 23 Artrópodos

1. ARTRÓPODES classes, como: classe 1 – Crustacea; ❑ Morfologia Externa


❑ Caracteres Gerais classe 2 – Insecta; classe 3 – Arachnida; A cabeça é formada pela fusão
Os artrópodes (arthros = articula- classe 4 – Chilopoda; classe 5 – de cinco segmentos, cada um deles
ção, e podos = pés) são organismos Diplopoda. com um par de apêndices bifurcados.

BIOLOGIA A
que se caracterizam por apresentarem Há dois pares de antenas (tetráceros),
apêndices e patas articuladas. 2. CLASSE CRUSTACEA um par de mandíbulas e dois pares de
São metazoários, de simetria bi- maxilas.
lateral, com o corpo segmentado, ❑ Caracteres Gerais O tórax apresenta segmentos
triblásticos, protostômios e ce- A classe Crustacea (do latim com números variáveis, podendo estar
lomados; possuem um exoesquele- crusta = casca) é formada de orga- fundidos ou não. Seus apêndices são
to quitinoso, que só permite o cresci- nismos com o corpo revestido por uma divididos em dois grupos: maxi-
mento do animal por mudas (ecdises). cutícula quitinosa espessa e rígida, lípedes e pereiópodes. Os maxi-
Suas 830.000 espécies apresen- formando o exoesqueleto, que é im- lípedes servem para a apreensão de
tam um elevado grau de complexida- pregnado de carbonato de cálcio. alimentos e ainda funcionam como
de, são encontradas na maior diver- Apesar de existir uma grande va- elementos tácteis, quimiorrecep-
sidade de hábitats e podem ingerir riedade de formas, pode-se dividir o tores e respiratórios. Os pe-
uma quantidade de alimento muito corpo em cabeça, tórax e abdômen, reiópodes, ou patas locomotoras,
maior que os representantes de qual- ocorrendo, nas formas evoluídas, a formam, nos primeiros segmentos, a
quer outro filo. fusão dos anéis torácicos com a ca- pinça ou quela, usada para ataque ou
beça, ficando o corpo dividido em ce- defesa.
❑ Classificação falotórax e abdômen, como, por No abdômen, os segmentos não
Os artrópodes apresentam várias exemplo, observamos no camarão. são fundidos e seus apêndices são

– 129
C5_Curso A_Teoria_Tony_2012 04/04/12 15:43 Page 130

pleiópodes e urópodes. Os pleió-


podes são natatórios e, nos machos, o
primeiro par é transformado em órgão
copulador. Os urópodes são chama-
dos também natatórios, formados por
lâminas alargadas que, nas fêmeas,
protegem os ovos. O último segmento
é o telso.

❑ Sistema Digestório
É completo e a digestão é extra-
celular. É comum a existência de um Camarão – morfologia externa.
estômago mastigador: o moli-
nete gástrico. Nos crustáceos mais
simples (microcrustáceos), há eficien-
tes mecanismos de filtragem de água
para a coleta de nutrientes e de orga-
nismos do fitoplâncton.

❑ Sistema Respiratório
A respiração é branquial. As brân-
quias localizam-se sobre as patas torá-
cicas. Nos microcrustáceos, as trocas
gasosas são feitas através da super- Os representantes do filo Arthropoda.
fície do corpo.
Classes Crustáceos Insetos Aracnídeos Quilópodos Diplópodos
❑ Sistema Circulatório Exemplos camarão mosquito aranha lacraia piolho-de-cobra
É do tipo aberto ou lacunar. Pos- Número de tetráceros díceros áceros díceros díceros
suem coração dorsal, que recebe das antenas 4 2 0 2 2
brânquias o sangue arterial, depois decápodos 10 muitas; muitas;
Número de hexápodos octópodos
distribuído para o corpo. O sangue ge- (1 par por (1 par por (2 pares por
patas 6 8
ralmente contém um pigmento respi- segmento) segmento) segmento)
ratório, a hemocianina. As lacunas são cabeça,
Divisão do cefalotórax cabeça, tórax cefalotórax cabeça e
celomáticas (hemocelas). tórax curto
corpo e abdômen e abdômen e abdômen corpo longo
e corpo longo

❑ Sistema Excretor Respi- cutânea;


cutânea,
traqueal traqueal, traqueal traqueal
A excreção se faz por glândulas ração branquial
filotraqueal
verdes ou antenárias, cujo poro ex-
tubo digestório tubo digestório
cretor abre-se na base da antena. completo;
tubo
completo;
tubo tubo
Tais glândulas recolhem os catabóli- Digestão digestório digestório digestório
molinete digestão
BIOLOGIA A

completo; completo completo


tos do celoma e do sangue. gástrico extracorpórea
aberta; aberta,
Circulação aberta aberta aberta
❑ Sistema Nervoso hemocianina hemocianina
Apresenta gânglios cerebroides e glândula tubo de
tubo de
tubo de tubo de
uma cadeia nervosa ganglionar ven- Excreção Malpighi;
verde Malpighi Malpighi Malpighi
glândula coxal
tral.
Sistema
ganglionar ganglionar ganglionar ganglionar ganglionar
❑ Sistema Sensorial Nervoso
Os órgãos sensoriais são bem de- Sexos dioicos dioicos dioicos dioicos dioicos
senvolvidos. Os olhos podem ser sim- Desenvol- direto ou direto ou direto ou direto ou direto ou
ples ou compostos, sésseis ou pe- vimento indireto indireto indireto indireto indireto
dunculados. Os compostos são for- Habitat
maioria principalmente principalmente
terrestre terrestre
mados por muitas unidades, os oma- aquático terrestre terrestre
tídeos. glândulas não são
Há órgão de equilíbrio, os esta- partenogênese; asas; venenosas; forcípulas venenosas;
Obser- venenosas abdômen
tocistos, na base das antenas, e ór- vações
autotomia; partenogênese; quelíceras;
15 a 181 com 9 a 100
gãos tácteis e olfativos, espe- heteromorfose poliembrionia fiandeiras; segmentos segmentos
partenogênese duplos
cialmente na região da cabeça.
130 –
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❑ Habitat
São animais predominantemente
aquáticos, marinhos e dulcaquícolas.
Podem viver na areia das faixas litorâ-
neas (caranguejo), em terra úmida (ta-
tuzinho-de-jardim), na lama do mangue
(caranguejo maria-mulata) e fixos às Eucypris sp.
rochas, pilares de pontes, cascos de
navios etc. (cracas).

❑ Sistemática
A classe dos crustáceos, com cer-
Aparelho reprodutor do lagostim. Note
ca de 25 mil espécies, apresenta dois
que o ovário se abre no terceiro par de grupos: entomocrustáceos (primi-
pereiópodos da fêmea, e o testículo no tivos) e malacrustáceos (evoluí-
quinto par de pereiópodos do macho. dos).
Entomocrustáceos são crustá-
ceos inferiores, geralmente microscó-
picos.

Subclasse 1
Branquiopoda
Microscópicos, quase todos de Cirripédios.
água doce, e adaptados à natação. Subclasse 4
Ex.: Daphnia pulex, a pulga-d’água. Cirripedia
São animais fixos e protegidos
por uma carapaça calcária, que vi-
vem em ambiente marinho, cobrindo
Estágios larvais do camarão: A - Nauplius; rochas, madeira de cais, cascos de
B - Zoea; e C - Mysis, o último estágio larval. navios, carapaças de siris, lagostas,
moluscos e até a pele de cetáceos.
❑ Reprodução Ex.: Mitella e Balanus, as cracas.
A maioria é unissexuada, e as aber-
turas genitais encontram-se na parte Daphnia pulex. Subclasse 5
ventral. Malascrostaca
Há o dimorfismo sexual, e a fe- Subclasse 2 São crustáceos evoluídos, todos
cundação é interna. Nos microcrustá- Copepoda macroscópicos.
ceos é comum a partenogênese. Há Também microscópicos, com mui- Dividem-se em três ordens: lso-
muitas larvas e a mais simples é Nau- tos representantes parasitas de peixes. poda, Amphipoda e Decapoda.
plius, com apenas três pares de pa- Ex.: Cyclops sp, vetor do botrio-
tas. Nos crustáceos superiores, além céfalo e filária de Medina.

BIOLOGIA A
Ordem 1
dessas, há também Protozoea, Zoea lsopoda
e Mysis. Têm o corpo comprimido dorso-
Observamos grande capacidade ventralmente.
de regeneração no camarão jovem, Ex.: Armadillidium sp (tatuzi-
que se reduz nos adultos. A hetero- nho-de-jardim) e Ligia sp (barati-
mor fose é a regeneração de uma nha-de-praia).
parte diferente daquela que foi perdi-
da. Assim, retirando-se apenas o olho
do camarão e deixando o pedúnculo,
ocorrerá a regeneração normal de um Cyclops sp.
novo olho; porém, se olho e pedún-
culo forem retirados, aparecerá em Subclasse 3
seu lugar uma antena. Ostracoides
A autotomia é um excelente Organismo com o corpo protegi-
meio de defesa, pois consiste na auto- do por uma “concha” bivalve, que en-
amputação e posterior regeneração de cerra também a cabeça. Vivem em
um segmento torácico, que fica com água doce e no mar.
o agressor enquanto o animal foge. Ex.: Eucypris sp. Isópodos.

– 131
C5_Curso A_Teoria_Tony_2012 04/04/12 15:43 Page 132

Ordem 2
Amphipoda
Têm o corpo comprimido lateral-
mente, vivem na água salgada e rara-
mente na água doce.
Ex.: Gammarus; Caprella e Hyalella.

Ordem 3
Decapoda
É constituída de organismos late-
ralmente comprimidos ou achatados;
o abdômen em geral é maior que o
cefalotórax. Alguns vivem em água do-
ce; poucos são terrestres; e a maioria
é de ambiente marinho.
Ex.: Crangon; Penaeus – cama-
rão; Panulirus – lagosta; Pagurus –
eremita (vive em concha de caramu-
jos); Cancer – caranguejo comestível;
Callinectes – siri comestível. (Amphipoda).

3. DIFERENCIAÇÃO ENTRE SIRI E CARANGUEJO

Siri
Cefalotórax elíptico com a margem anterior denteada.
Tem o último par de patas transformado em remos.

Caranguejo
Cefalotórax quadrado, trapezoide ou arredondado.
O último par de patas não é transformado em remos.

4. CLASSE DOS INSETOS órgãos quimiorreceptores, que tos: protórax, mesotórax, metatórax,
apresentam também as funções com um par de patas por segmento.
❑ Caracteres Gerais olfativas e tácteis. Cada pata é constituída pelos seguin-
A classe lnsecta (do latim in = den- Os olhos podem ser de dois tipos: tes artículos: coxa, trocanter, fêmur,
tro, secare = dividir) tem como carac- simples (ocelos) e compostos (face- tíbia e tarso.
BIOLOGIA A

terísticas: um par de antenas (dí- tados). As asas são estruturas vivas liga-
ceros); três pares de patas (hexápo- Os olhos simples são no máximo das ao tórax (meso e metatórax), mas
des); corpo nitidamente dividido em três, enquanto os olhos compostos não são membros verdadeiros, e sim
cabeça, tórax e abdômen. são dois, porém formados por 15 mil uma expansão lateral do tegumento.
a 25 mil unidades visuais, os omatí- Em suas nervuras passam vasos, tra-
deos. queias e lacunas sanguíneas.

Inseto.

❑ Morfologia Externa
A cabeça é o centro sensorial do Olhos dos insetos.
animal. Nela estão localizados seus
principais órgãos dos sentidos: as O tórax é o centro locomotor dos
antenas e os olhos. As antenas são insetos. É formado por três segmen- Pata de inseto.

132 –
C5_Curso A_Teoria_Tony_2012 04/04/12 15:43 Page 133

❑ Respiração ❑ Sistema Excretor


É do tipo traqueal. Entre os inse- A excreção é feita por tubos de
tos aquáticos, há os que respiram o Malpighi, que eliminam especialmen-
oxigênio da atmosfera, subindo de te ácido úrico.
tempos em tempos; outros apresen-
tam um sistema traqueal fechado, utili-
Asa membranosa. zando o O2 dissolvido na água.
Os tipos de asas são:
a) Membranosas:
Finas e transparentes (moscas).
b) Pergamináceas:
Finas, opacas, flexíveis e colo-
Tubo digestório da barata. Observe que
ridas (barata).
os túbulos de Malpighi recolhem o mate-
c) Élitros: rial de excreção do celoma e o lançam no
Espessas e opacas (besouro). tubo digestório.

d) Hemiélitros: ❑ Sistema Nervoso


São élitros na base e membra- O cérebro é anterior e está ligado
nosas na ponta (percevejo). aos gânglios subesofagianos por um
O abdômen é o centro de nutrição anel nervoso; há ainda a cadeia ner-
dos insetos, desprovido de apêndices vosa ventral.
e com uma segmentação nítida. Os Sistema traqueal.
últimos segmentos nas fêmeas for-
mam o ovopositor. Existem abertu- ❑ Sistema Circulatório
ras laterais das traqueias, denomina- A circulação é aberta ou lacunar.
das opérculos. Nas abelhas e ves- O coração é um órgão tubuloso, dor-
pas existem os ferrões. sal ao abdômen, e apresenta peque-
nas câmaras contrácteis, as ventri-
❑ Sistema Digestório culites.
É do tipo completo. O sangue é incolor e não trans-
Possui boca, faringe, esôfago, pa- porta gases respiratórios; serve para
po, moela, estômago, intestino, ânus a distribuição de alimentos. Sistema nervoso.
e, como órgãos anexos, as glândulas
salivares. ❑ Sistema Sensorial
O aparelho bucal é adaptado A visão dos insetos (olhos simples
e compostos) distingue cores até ultra-
ao tipo de alimentação do animal:
violeta; a sensibilidade auditiva
a) mastigador ou triturador
se dá através dos pelos e órgãos cor-
(gafanhoto);
dotonais das patas; a sensibilidade
b) lambedor (abelha); olfativa situa-se nas antenas; e a
c) sugador (borboleta); sensibilidade táctil, em cerdas de

BIOLOGIA A
d) picador-sugador (pulga); apêndices.
e) picador-não sugador (mos-
ca doméstica). Circulação do inseto. ❑ Reprodução
São animais dioicos, com dimor-
fismo sexual; (as fêmeas são sempre
maiores). A fecundação é interna e o
desenvolvimento pode ser direto ou
indireto, com metamorfose. Há casos
de partenogênese (afídeos); de neo-
tenia (térmitas) e poliembrionia (hime-
nópteros).

❑ Sistemática
A classe dos insetos apresenta
cerca de 750 mil espécies, sendo ani-
mais de grande sucesso evolutivo.
Subclasse 1 – Apterigota
Insetos sem asas e sem metamor-
Esquemas de tipos de aparelhos bucais. fose (ametábolos).
– 133
C5_Curso A_Teoria_Tony_2012 04/04/12 15:43 Page 134

Ordem 1 – Thysanura
Ex.: traça-dos-livros.
Subclasse 2 – Pterigota
lnsetos com asas e metamorfose.
São divididos em dois grupos:
1.o Grupo – Hemimetábolos
Com metamorfose parcial: ovo –
ninfa – imago (adulto).
Ordem 2 – Orthoptera
Ex.: gafanhoto, barata, bicho-pau,
grilo, louva-a-deus.
Ordem 3 – Ephemeroptera
Ex.: siriruia.
Ordem 4 – Dermaptera
Ex.: lacrainha.
Ordem 5 – Odonata
Ex.: libélula.
Ordem 6 – lsoptera
Ex.: cupim, térmita.
Ordem 7 – Anoplura
Ex.: piolho (Pediculus humanus),
“chato” (Phthirius pubis).
Ordem 8 – Hemiptera
Ex.: barbeiro, percevejo-do-mato,
baratinha-d’água.
Ordem 9 – Homoptera
Ex.: cigarra, afídeos, jequitirana-
bóia. Esquema de alguns representantes das ordens mais importantes da classe dos insetos.

Glossina palpalis – vetor da doen-


2.o Grupo – Holometábolos
ça do sono.
lnsetos com metamorfose comple-
Drosophila melanogaster – mos-
ta: ovo – larva – pupa – imago (adulto).
ca-da-fruta.
Nas borboletas e mariposas, as fases
são determinadas: ovo – lagarta – cri- Dematobia hominis – a mos-
sálida – adulto. ca-do-berne (é a larva do inseto).
Ordem 10 – Lepidoptera Ordem 12 – Siphonaptera
Ex.: borboleta, mariposa, bi- Ex.: pulga (Pulex irritans); bi-
cho-da-seda, traça-de-roupa. cho-de-pé (Tunga penetrans); pulga
Ordem 11 – Diptera do rato (Xenopsylla cheops), vetora
Apresenta duas subordens: Ne- da peste bubônica.
BIOLOGIA A

matocera e Brachicera. Ordem 13 – Coleoptera


Demodex folliculorum.
Subordem 1 – Nematocera Ex.: besouro, joaninha.
Conhecidos como mosquitos; pos- Ordem 14 – Hymenoptera ❑ Morfologia Externa
suem antenas longas. Ex.: abelha, vespa e formiga. O cefalotórax possui seis pares de
Ex.: Cullex sp – principal vetor das apêndices: o primeiro par apresenta
filárias de W. bancrofti, causadoras 5. CLASSE ARACHNIDA as quelíceras, que servem para cap-
da elefantíase. turar a presa e, na maioria dos repre-
Aedes aegypti – vetor da febre ❑ Caracteres Gerais sentantes da classe, terminam por uma
amarela (virose) e da dengue. A classe Arachnida é formada de pinça; o segundo par de apêndices
Anopheles sp – vetor da malária. organismos cujo corpo divide-se em apresenta os pedipalpos, que servem
Phlebotomus intermedius – vetor cefalotórax e abdômen; não possuem para a apreensão; e há também qua-
da úlcera de Bauru. antenas (áceros) e têm quatro pares tro pares de patas. O abdômen nunca
Simulidium – mosquito borrachudo. de patas (octópodes). apresenta apêndices.
Subordem 2 – Brachicera É o terceiro grande grupo dos ar- Nas aranhas, o abdômen tem ven-
Conhecidos como moscas; pos- trópodes. São na maioria terrestres, vi- tralmente as aberturas das filotraqueias
suem antenas curtas. Ex.: mosca do- vem sob troncos, pedras, buracos no e o poro genital. Posteriormente, ficam
méstica – grande transmissora me- solo, em vários habitat, desde o nível o ânus e as fiandeiras, que tecem os
cânica de germes. do mar até altas montanhas. fios da teia.
134 –
C5_Curso A_Teoria_Tony_2012 04/04/12 15:43 Page 135

A aranha não devora uma presa, Vítimas de acidentes com aranhas


pois apenas pode absorver líquidos. e escorpiões devem ser imediatamen-
lnjeta-lhe saliva e depois aspira o líqui- te socorridas. O veneno de certas es-
do resultante da digestão dos órgãos pécies pode resultar em consequên-
da presa. cias graves, até a morte, quando as
vítimas, principalmente crianças, não
❑ Sistema Respiratório são devidamente socorridas. Para isso
A respiração é feita por filotra-
existem soros antiescorpiônicos e an-
queias (pulmotraqueias), onde ocor-
tiaracnídeos.
re a hematose (troca de gases
respiratórios). Em alguns ácaros, a
respiração é cutânea ou traqueal. ❑ Glândulas Sericígenas
Localizam-se no abdômen da ara-
❑ Sistema Circulatório nha e terminam nas fiandeiras, onde
A circulação é lacunar e o cora- produzem o fio utilizado para tecer a
ção é dorsal no abdômen. O “sangue” teia.
é formado por um plasma, contendo
amebócitos e hemocianina como pig- ❑ Reprodução
mento respiratório. É comum chamar São animais de sexos separados,
de hemolinfa o líquido circulatório dos com dimorfismo sexual e fecundação
artrópodes. interna. Nas aranhas, o macho utiliza
o pedipalpo como órgão copulador.
❑ Sistema Excretor São ovíparos e vivíparos (escorpiões).
A excreção é feita por um par de
Possuem desenvolvimento direto,
tubos de Malpighi, que se ramificam
ocorrendo partenogênese entre al-
e ainda ficam situados no assoalho
do cefalotórax (excretam por ductos guns ácaros.
Aranha – morfologia.
que se abrem entre as pernas).
Nos escorpiões, existe um pós- ❑ Sistemática
abdômen, cujo último artículo é inocu- ❑ Sistema Nervoso Os aracnídeos têm, aproximada-
lador de veneno. Apresentam um cérebro, que está mente, 30 mil espécies. As principais
Nos ácaros, não há uma nítida se- ligado por um anel nervoso a uma ca- ordens são:
paração entre cefalotórax e abdômen. deia ganglionar ventral, semelhante
aos insetos. Ordem 1 – Araneídeos
❑ Sistema Digestório
Engloba todas as espécies de
É do tipo completo e a digestão é ❑ Sistema Sensorial aranhas, venenosas ou não. Os ór-
extracelular e extraintestinal, nas ara- Como órgãos visuais há os oce-
nhas, sendo seus sucos digestórios gãos inoculadores de veneno são as
los, com função tátil; os pedipalpos e quelíceras.
injetados no corpo das presas (onde as células quimiorreceptoras ficam nos
é feita a digestão do animal). Ex.: Dugesiella (tarântula); Latro-
apêndices.
dectus (viúva-negra); Lycosa; Salticus

BIOLOGIA A
(aranha papa-moscas); Tenus (arma-
❑ Glândulas Venenosas
Nas aranhas estão localizadas nas deira).
quelíceras; nos escorpiões localizam-se
no telso, que tem a forma de um Ordem 2 – Escorpionídeos
aguilhão inoculador. São os escorpiões; todos são ve-
nenosos.
Ex.: Tytyus bahiensis – escorpião
preto ou vermelho encontrado no
campo.

Ordem 3 – Acarídeos
São os carrapatos parasitas da
pele de mamíferos.
Ex.: Sarcoptes scabiei – causa-
Aranha capturando suas presas que fica-
ram unidas à teia. Essas presas fornece- dor da sarna; Demodex folliculorum –
rão energia e os nutrientes necessários à é o “cravo” do rosto; Amblyomma ca-
continuidade da vida desse aracnídeo. Produção da teia. fennense – é o carrapato.
– 135
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6. MIRIÁPODOS O primeiro par de patas é trans-


Constituem um grupo de artró- formado em forcípulas (estruturas ino-
podos com o corpo alongado e com culadoras do veneno). Têm poro
inúmeros pares de patas. Possuem genital na região posterior do corpo.
um par de antenas, respiram por São ovíparas, com ou sem larvas.
traqueia e excretam por túbulos de As centopeias são animais pre-
Malpighi. Compreendem duas clas- dadores de insetos. Sua picada no
ses: Chilopoda e Diplopoda. homem é perigosa. São de hábitos
noturnos.
❑ Classe Chilopoda
Ex.: centopeias ou lacraias. ❑ Classe Diplopoda
São venenosas, carnívoras, de Ex.: embuá, “piolho-de-cobra” e
movimentos rápidos, não se enrolam, gongolos.
possuem secção corporal achatada, Não são venenosos, possuem
suas antenas são longas, e têm um hábitos herbívoros, têm movimentos
par de patas por segmento. lentos, enrolam-se em espiral e pos-
suem secção corporal cilíndrica. Suas
antenas são curtas, e em cada seg-
mento há dois pares de patas curtas.
Não possuem forcípulas. Têm poro ge-
Alguns ácaros. nital na região anterior. São ovíparos
com desenvolvimento direto.

Morfologia externa da lacraia.

Anatomia interna da lacraia. O piolho-de-cobra.


BIOLOGIA A

Artrópodo da classe dos diplópodes, denominado piolho-de-cobra. Apresenta o corpo


cilíndrico, formado por um grande número de segmentos. Muitos possuem uma
coloração brilhante. Na cabeça há numerosos olhos simples e um par de antenas
Escorpião – morfologia externa. curtas (díceros). Há quatro patas articuladas, por segmento do corpo.

136 –
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FRENTE 4 Biologia Vegetal

MÓDULO 19 Transpiração nos Vegetais

1. TRANSPIRAÇÃO volume de água absorvido pelo ramo


É a eliminação de água sob for- e admite que a água absorvida seja
ma de vapor. As plantas possuem conduzida pelo xilema e transpirada
transpiração estomatar e cuticu- pelo vegetal.
lar, que, somadas, formam a trans-
piração total. 4. MÉTODO GRAVIMÉTRICO
DE PESAGENS RÁPIDAS
Transpiração Transpiração Transpiração Uma folha deve ser retirada do
= +
Total Estomatar Cuticular
vegetal e imediatamente pesada em
uma balança de precisão. Uma vez
A chamada transpiração estoma- MECANISMO DE ABERTURA
feita a primeira, devem-se repetir as
tar é um processo fisiológico impor- E FECHAMENTO
pesagens em intervalos curtos de
tante, regulado pela planta, enquanto DOS ESTÔMATOS
tempo. A diferença entre as suces-
a cuticular é um fenômeno físico de eva-
sivas pesagens indica a quantidade de
poração, não controlado pela planta. água perdida no intervalo de tempo por 6. INTRODUÇÃO
Os estômatos são estruturas for- transpiração (cuticular e estomatar). Todos os movimentos de abertura
madas por duas células-guarda, que e fechamento dos estômatos são
delimitam um poro chamado ostíolo. 5. FATORES QUE INFLUEM devidos às variações de turgor sofri-
Esse poro põe em comunicação o das pelas células estomáticas
NA TRANSPIRAÇÃO
meio externo com o meio interno, per- (células-guarda).
❑ Externos
mitindo a troca gasosa entre a planta – temperatura Assim, o aumento de turgor (ga-
e o meio ambiente. – umidade do solo nho de água) na célula-guarda pro-
– umidade do ar move a abertura do ostíolo.
2. MECANISMO DA – ventilação A célula estomática ganha H2O.
TRANSPIRAÇÃO – luz A água pressiona as paredes celula-
ESTOMÁTICA ❑ Internos res. A parede delgada se distende
1. A água evapora-se a partir das – superfície de evaporação rapidamente, enquanto a parede es-
células dos parênquimas clorofilianos – espessura da cutícula pessa sofre uma flexão, promovendo
(paliçádico e lacunoso). – grau de abertura dos estômatos a abertura do ostíolo.
2. O vapor de água circula pelos – concentração dos vacúolos
A diminuição do turgor (perda de
celulares
espaços intercelulares. água) na célula-guarda promove o
– pelos
3. O vapor de água sai através das fechamento do ostíolo.
fendas estomáticas, por difusão, se-

BIOLOGIA A
guindo o gradiente de pressão de vapor. 7. MECANISMO HIDROATIVO
Depende de uma certa disponibi-
3. MEDIÇÃO DA lidade de água no vegetal. Assim,
TRANSPIRAÇÃO / quando uma planta está bem suprida
MÉTODO DO POTÔMETRO com água, a tendência é ocorrer a
Mede indiretamente a velocidade abertura dos ostíolos. Por outro lado,
de transpiração de um ramo vegetal. se ocorrer uma diminuição da quanti-
O método é indireto, porque mede o dade de água no vegetal, a tendên-

– 137
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cia será acontecer o fechamento dos 1. Enzimática; • A fosforilase agora converte


ostíolos. Dessa maneira, a planta res- 2. Transporte ativo de potássio. a glicose em amido.
tringe a transpiração e economiza água. • Em consequência, diminui o
❑ Hipótese enzimática valor da pressão osmótica.

{
Bom suprimento Abertura do
⎯→ Presença de luz • A célula-guarda perde água e
hídrico ostíolo
Planta • A célula estomática realiza fo- o ostíolo se fecha.
fechamento tossíntese consumindo CO2 (H2CO3); ❑ Hipótese do transporte
deficit hídrico ⎯→
do ostíolo em consequência, o meio fica alcalino. ativo de K+
• A enzima fosforilase age Presença de luz
sobre o amido da célula-guarda, trans- Íons potássio são bombeados;
8. MECANISMO FOTOATIVO
formando-o em glicose. com o gasto de energia, das células
Esse mecanismo ocorre quando
• A transformação do amido em anexas para o interior das célu-
a planta possui um bom suprimento
hídrico. Nesse caso, segundo o me- glicose aumenta a pressão osmótica las-guarda, aumenta a concentração
canismo hidroativo, os estômatos es- das células-guarda. intracelular, facilitando o ganho de
tão abertos. Agora, se a planta for • Estas células retiram água das água e a abertura do ostíolo.
exposta à luz, o grau de abertura dos células vizinhas e o ostíolo se abre. Ausência de luz
estômatos aumentará. Se a planta for Íons potássio são bombeados das
levada ao escuro, haverá diminuição Ausência de luz células-guarda para as anexas, redu-
do grau de abertura dos estômatos. • A célula estomática só respira zindo a concentração intracelular, per-
Duas hipóteses procuram expli- eliminando CO2 (H2CO3) e o meio fica mitindo a perda de água e o fecha-
car o mecanismo fotoativo: ácido. mento do ostíolo.

MÓDULO 20 Transporte de Seiva Bruta (Mineral)

1. XILEMA OU LENHO mortas, e as paredes lignificadas. A teúdo é sólido, representado princi-


lignina deposita-se, formando anéis, palmente por sais, mas, às vezes, en-
BIOLOGIA A

É constituído por:
espirais etc. contram-se açúcares, aminoácidos e
❑ Traqueídes alcaloides.
São formadas por células mortas ❑ Parênquima lenhoso A seiva bruta circula predominan-
com paredes lignificadas. A lignina Constitui-se de células vivas as- temente no sentido ascendente, per-
deposita-se, formando anéis, espirais sociadas com as traqueídes e ele- correndo as células do xilema (tra-
etc. Ao longo das paredes celulares mentos dos vasos. queídes e elementos dos vasos).
aparecem pontuações, sendo a mais
❑ Fibras lenhosas
importante a pontuação areolada das
São fibras esclerenquimáticas de 3. TEORIA DE DIXON OU
coníferas.
sustentação. TEORIA DA SUCÇÃO DAS
❑ Elementos dos vasos FOLHAS OU TEORIA DA
(traqueias) 2. SEIVA BRUTA SUCÇÃO-TENSÃO-COESÃO
São formados por células alonga- OU MINERAL E ADESÃO
das que se dispõem em fileiras, for- Seiva bruta, mineral ou inorgâni- É a teoria mais aceita, atualmen-
mando os vasos lenhosos (traqueias). ca é uma solução de água e sais mi- te, para explicar o movimento de sei-
As paredes transversais dessas célu- nerais que a planta absorve do solo. va bruta nos vegetais e baseia-se
las são perfuradas ou completamen- O exame da seiva bruta mostra fundamentalmente no processo da
te reabsorvidas. As células são que entre 0,1% e 0,4% do seu con- transpiração.

138 –
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Fundamentos da Teoria de Dixon: da é explicada pelas forças de coe-


• O vegetal transpira. são das moléculas de água e adesão
• A transpiração eleva o valor de da água nas paredes do vaso lenhoso.
D.P.D. nas células das folhas, origi- A água penetra na raiz, principal-
nando a sucção das folhas. mente através dos s absorventes, por
• A seiva bruta é retirada dos osmose.
vasos lenhosos.
Os íons minerais são absorvidos
• Sujeita à força da sucção, a
continuamente, por transporte ativo,
água circula desde as raízes até as fo-
lhas, numa coluna contínua e em es- garantindo uma pressão osmótica
tado de tensão. elevada e facilitando a penetração de
• A continuidade da coluna líqui- água por osmose.

Movimento da água no vegetal.

MÓDULO 21 Transporte de Seiva Elaborada (Orgânica)

1. TRANSPORTE DE SEIVA ❑ Seiva Elaborada – Os osmômetros são mergulha-


ELABORADA (ORGÂNICA) ou Orgânica dos em recipientes contendo água.
Representa uma solução de subs- O osmômetro A, mais concentra-
❑ Líber ou Floema tâncias orgânicas, principalmente do, absorve mais água do que o B.
Está constituído por açúcares produzidos durante a fotos- A água circula pelo tubo C, ar-
síntese. O açúcar mais frequente é a rastando com ela o soluto. A pressão
• Vasos liberianos sacarose. hidrostática aumenta no osmômetro
São formados por células vivas B, e a água é forçada a sair deste
dispostas em fileiras, anucleadas e ❑ Teoria do Transporte osmômetro, circulando pelo tubo D.
com paredes celulares primárias. A em Massa de Münch

BIOLOGIA A
parede transversal da célula é dotada A teoria de Münch procura explicar • Conclusão

BIOLOGIA A
de uma grande quantidade de poros, a condução da seiva elaborada. Münch A seiva elaborada circula dos ór-
formando a placa crivada. Através idealizou o seguinte sistema físico: gãos de maior pressão osmótica para
destes poros, passam pontes cito- – Dois osmômetros A e B são os órgãos de menor pressão osmó-
plasmáticas. A parede do poro é ligados por um tubo de vidro C. tica.
revestida por calose.

• Células anexas
São células parenquimáticas es-
peciais relacionadas com a manuten-
ção das células dos vasos liberianos,
vivas.

• Fibras liberianas
São elementos esclerenquimáti-
cos de sustentação mecânica.

• Parênquimas liberianos
São células vivas.

– 139
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Assim, na época vegetativa, a seiva elaborada é mente, a planta não mostra nenhuma alteração. A seiva
descendente, deslocando-se das folhas para as raízes bruta sobe pelo xilema e chega às folhas. Estas realizam
(órgãos produtores para os de consumo ou de reserva). fotossíntese, produzindo a seiva orgânica que se des-
Na época de floração, as matérias armazenadas na loca, para baixo, através do floema. Na região do anel, a
raiz são hidrolisadas, a raiz aumenta a pressão osmótica seiva não consegue passar, acumulando-se na parte
e a seiva elaborada é ascendente. superior. As raízes, à medida que os dias passam,
gastam as reservas e depois morrem. Cessa então a
absorção de água, as folhas murcham e a planta morre.

❑ Anel de Malpighi ou Cintamento Morte de uma planta, provocada pela retirada do anel da casca.
Este experimento consiste em retirar a casca de uma (I) Retirada do anel contendo o floema.
árvore ou arbusto formando um anel completo em torno (II) A seiva elaborada não chega às raízes, que começam a
de seu caule. A casca retirada contém os tecidos morrer.
periféricos e o floema. Resta, na planta, o xilema. Inicial- (III) As raízes deixam de absorver água e a planta morre.

MÓDULO 22 Hormônios Vegetais: Auxinas

1. HORMÔNIOS VEGETAIS Além dessa substância, existem 5. DESTRUIÇÃO DO AIA


(FITORMÔNIOS) outras denominadas auxinas sinté- Algumas enzimas (peroxidases e
Fitormônios correspondem a uma ticas, que agem de maneira seme- fenoloxidases) são capazes de des-
série de compostos que agem em lhante ao AIA. Entre elas, podemos truir o AIA, transformando-o em com-
muitos fenômenos vegetais, tais como citar ácido indolbutírico, ácido nafta- postos inativos.
crescimento, floração, divisão celular, lenoacético, ácido 2-4 diclorofenoxia-
amadurecimento de frutos, dormência ❑ Descoberta das auxinas
cético etc.
de gemas etc. F. W. Went, em 1928, descobriu
definitivamente as auxinas, basean-
São exemplos de fitormônios: ácido 3. PRODUÇÃO DE AIA do-se em experiências de outros in-
indolilacético (auxina), giberelinas, eti- O vegetal produz o AIA em várias vestigadores que o precederam. Os
leno, citocininas, ácido abscísico etc. regiões do corpo, especialmente experimentos foram realizados em co-
– ponta do caule (gema apical); leóptilo de aveia.
2. AUXINAS
– folhas jovens e adultas; Quando se colocam grãos de ar-
BIOLOGIA A

Foram os primeiros hormônios


– ponta da raiz; roz, milho, aveia, trigo etc. (gramí-
descobertos nos vegetais. As auxinas
– frutos; neas) para germinar, observa-se que
correspondem a um grupo de subs-
– ponta de coleóptilos; a primeira estrutura que cresce é um
tâncias que agem no crescimento das
– embriões das sementes. elemento tubuloso e oco que recobre
plantas e controlam muitas outras e protege o caulículo da nova planti-
Os maiores centros produtores de
atividades fisiológicas. nha; essa estrutura é o coleóptilo. O
AIA no vegetal são o ponto vegetativo
A auxina natural do vegetal é o coleóptilo cresce até uma certa altura
ácido indolilacético (AIA), um com- caulinar e as folhas jovens. O AIA pro-
duzido nessas regiões é transportado e depois cessa o crescimento. O epi-
posto orgânico simples, com a se- cótilo, que vem crescendo por dentro,
guinte fórmula: para outras partes do vegetal, ajudan-
do na coordenação do crescimento acaba por rasgar o coleóptilo e então
de toda a planta. surgem as primeiras folhas da nova
planta.
4. TRANSPORTE DE AIA
O deslocamento dessa auxina no
corpo vegetal é polarizado, isto é,
O vegetal produz o AIA trans- desloca-se do ápice para a base da
formando um aminoácido conhecido planta. As causas dessa polarização
por triptofano. ainda são desconhecidas.
140 –
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Várias foram as experiências rea- 6. AÇÃO DAS AUXINAS é controlado pelo teor relativo de
lizadas por Went para chegar à des- ❑ Célula auxinas entre a folha e o caule. Assim,
coberta de um hormônio que contro- De um modo geral, o AIA aumen- 1) o teor de auxina na folha é
lasse o crescimento por distensão ta a plasticidade da parede celular, fa- maior do que no caule ⇒ a folha
das células de coleóptilo. cilitando a distensão da célula. permanece unida ao caule;
O AIA influencia também a multi- 2) o teor de auxina na folha é
plicação celular. menor do que no caule ⇒ a folha des-
taca-se e cai (abscisão). Quando tal
❑ Caule fato acontece, forma-se na base do
O AIA pode agir como estimula- pecíolo uma camada especial de cé-
a) Coleóptilo crescendo normal- dor ou inibidor da distensão celular, lulas (camada de abscisão) que
mente (controle). dependendo da concentração. apresentam paredes celulares finas e
b) Coleóptilo decapitado: cessa o em desintegração. Essa camada é
crescimento. ❑ Raiz responsável pela separação da folha
c) Coleóptilo decapitado com um O AIA também pode ser estimu- em relação ao caule.
bloco de ágar: também cessa o lador ou inibidor do crescimento, de-
crescimento. pendendo da concentração. ❑ Frutos
d) Coleóptilo decapitado. A pon- A análise do gráfico a seguir mos- O fruto origina-se a partir do de-
ta é colocada em contato com o bloco tra que a raiz é muito mais sensível ao senvolvimento do ovário. Para acon-
de ágar durante algum tempo. O AIA do que o caule. tecer a formação do fruto, é indis-
bloco de ágar é colocado sobre o pensável a polinização e a fecunda-
Pequenas concentrações de AIA
coleóptilo. Este reinicia o crescimento.
estimulam o crescimento radicular, ção, pois foi provado que o tubo po-
Em uma experiência definitiva,
mas à medida que a concentração línico e os embriões das sementes em
Went cortou coleóptilos e colocou as
aumenta, o AIA passa a inibir o cres- desenvolvimento produzem AIA, que
pontas sobre bloquinhos de ágar. De-
pois de algumas horas, retirou as pon- cimento da raiz. será recebido pela parede do ovário,
tas e colocou os bloquinhos (unila- No caule, as concentrações que estimulando o seu crescimento.
teralmente) sobre os coleóptilos de- promovem o crescimento máximo de- Ovários que não são polinizados
capitados. vem ser muito altas. normalmente caem e não originam
Se existisse uma substância pro- frutos.
motora do crescimento, esta sairia do Pode-se provar o fato aplicando-se
ágar e induziria o crescimento das cé- auxinas em ovários não fecundados.
lulas de um lado só, o que acarretaria Estes se desenvolvem e acabam
uma curvatura do coleóptilo. A ex- formando frutos partenocárpicos
periência funcionou e Went chegou à (sem sementes).
certeza da existência de uma subs- A partenocarpia ocorre tam-
tância produzida na ponta do co- bém naturalmente na banana. O ová-
leóptilo que se desloca para a base, rio da banana produz auxina em quan-
influenciando o crescimento. A subs- tidade suficiente para provocar o seu
tância de crescimento foi chamada desenvolvimento sem fecundação.
auxina (do grego aux = crescer). A
natureza química da auxina só foi ❑ Gemas laterais

BIOLOGIA A
conhecida por volta de 1940 como o O AIA produzido nas gemas api-
ácido indolilacético. cais desloca-se polarizado para a ba-
se. As gemas laterais (axilares),
recebendo esse hormônio, ficam ini-
bidas no seu desenvolvimento. Dize-
mos que o AIA produzido na gema
apical provoca a dormência das ge-
mas laterais, fenômeno conhecido por
dominância apical.
Quando podamos uma planta,
retiramos as gemas apicais. Dessa O AIA também controla a perma-
maneira, cessa-se a inibição e, rapi- nência do fruto no caule ou a sua que-
damente, as gemas laterais se desen- da (abscisão), da mesma maneira
volvem.
como ocorre com a folha.
❑ Folhas
❑ Câmbio
O AIA controla a permanência da
folha no caule ou a sua queda (absci- O AIA estimula as atividades das
são). De um modo geral, o fenômeno células do câmbio.
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7. APLICAÇÃO ARTIFICIAL
DE AUXINAS
❑ Estacas
Quando auxinas são aplicadas
na porção inferior de uma estaca
(caule cortado), estimulam-se as divi- Foi o primeiro herbicida utilizado
sões celulares e a produção de raí- pelo homem.
zes adventícias. Tal fato é muito O 2-4-D é usado para eliminar
comum em horticultura. Plantas que dicotiledôneas herbáceas (plantas
com folhas largas). O fato interessan-
dificilmente se propagariam por es-
te é que as gramíneas (plantas com
tacas podem facilmente enraizar
folhas estreitas) são imunes ao 2-4-D.
quando tratadas com auxinas, espe-
Quando uma plantação de gramí-
cialmente o ácido indolbutírico e o neas (milho, arroz, trigo etc.) é tratada
ácido naftalenoacético. com esse herbicida, as ervas dico-
tiledôneas são eliminadas. O 2-4-D
absorvido pelas raízes e pelas folhas
altera todo o metabolismo, acabando
por levar o vegetal à morte. O 2-4-D
inibe o crescimento da raiz, prejudi-
cando a absorção de água e sais.
Induz a formação de raízes adventí-
cias a partir do caule e a formação de
tumores originados por divisões ce-
lulares irregulares.
❑ Auxinas e floração
As auxinas não são os hormônios
promotores da floração nos vegetais.
Mas existem algumas espécies, como
o abacaxi, que têm a floração regula-
da pelas auxinas.
Quando plantações de abacaxi
❑ Auxinas e herbicidas são pulverizadas com auxinas (espe-
Muitas auxinas têm sido usadas cialmente o ácido naftalenoacético), a
como herbicidas seletivos, isto é, floração inicia-se e a produção dos
atacam algumas plantas e outras não. frutos ocorre praticamente ao mesmo
Dentre eles podemos citar o áci do tempo em toda a plantação, o que
2-4 diclorofenoxiacético (2-4-D). facilita consideravelmente a colheita.
BIOLOGIA A

❑ Flores
Aplicadas no ovário ou no estig-
ma de flores não fecundadas, as
auxinas estimulam o desenvolvimento
do ovário para a formação de frutos
partenocárpicos.

❑ Frutos
O AIA, aplicado em frutos jovens,
evita a formação de camadas de abs-
cisão.
Dessa maneira, pode-se obter
melhor rendimento nas colheitas.

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MÓDULO 23 O Pigmento Fitocromo


Quimicamente, o fitocromo é uma AÇÃO DO FITOCROMO: quídeas, bromélias, begônias, certas
proteína de cor azul ou azul-verde. variedades de alface etc.
O fitocromo é um pigmento capaz 1. ESTIOLAMENTO Tais sementes só conseguem ger-
de absorver a radiação vermelha com Quando plantas crescem no es- minar na superfície do solo, onde pos-
comprimento de onda por volta de curo, observamos que os caules tor- sam receber luz.
660 nm. nam-se exageradamente longos e as Nesse caso, as sementes são cha-
Quando isso ocorre, o fitocromo folhas pequenas, fenômeno conheci- madas fotoblásticas positivas.
transforma-se numa espécie de enzi- do por estiolamento. Se iluminar- Existem outras sementes que só
ma que inicia uma série de reações mos agora as plantas com luz germinam na ausência completa de
metabólicas no vegetal. O fitocromo vermelha (660 nm), notaremos que o luz, como acontece com algumas va-
fica ativado. crescimento do caule torna-se vaga- riedades de sementes de melancia.
O fato importante é a reversibilida- roso e as folhas crescem mais rapida-
Nesse caso, as sementes são cha-
de desse pigmento. Assim, quando mente, cessando o estiolamento. Se a
madas fotoblásticas negativas.
ele absorve luz vermelha por volta de luz for de 730 nm, ocorre o inverso. O
Aqui também o sistema fitocromo
730 nm, o efeito iniciado com a luz de pigmento envolvido no caso é o fito-
tem participação ativa.
660 nm torna-se nulo, e o fitocromo cromo, e a sua ação ainda não está
fica novamente inativo. bem esclarecida. Uma experiência realizada com
No escuro, o fitocromo ativado sementes fotoblásticas positivas (alfa-
volta também lentamente ao estado 2. FOTOBLASTISMO ce) mostrou os seguintes resultados:
inativo. GERMINAÇÃO DE a) A radiação de 660nm (V.C.) de-
Pelo gráfico, observa-se que o SEMENTES sencadeia um processo que resulta
fitocromo absorve intensamente a Nem todas as sementes dispõem na germinação das sementes.
radiação de 660 nm (vermelho curto – de reservas suficientes para germinar b) A radiação de 730nm (V.L.) ini-
V.C.) e a radiação de 730 nm (verme- a certas profundidades no solo. be a germinação.
lho longo – V.L.). Existem, no entanto, sementes de c) Quando se faz um tratamento
algumas plantas que são pequenas e alternado de 660-730nm (V.L.), o re-
geralmente desprovidas de reserva, sultado depende do último tratamento
como ocorre com as sementes de or- aplicado.

BIOLOGIA A

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d) A radiação de 660nm desenca- – Se uma folha de uma planta florescer.


deia o processo de germinação, que é que recebeu o fotoperíodo indutor for Foi observado que a interrupção
revertido pela radiação de 730nm. enxertada em outra planta que não do período de claridade por períodos
recebeu o fotoperíodo indutor, esta escuros não traz problemas para a
FOTOPERIODISMO passa a florescer. floração.
A luz é importante para as plantas b) A folha deve sintetizar um hor-
também com relação à duração, isto mônio que ainda não foi isolado. Esse d) O fitocromo também interfere
é, a duração do dia e duração da hormônio é conhecido por florígeno. na floração.
noite. Tais fenômenos são conhecidos O florígeno, produzido na folha, deslo- Assim, se uma planta de dia curto
por fotoperiodismo. ca-se até as gemas do vegetal, receber luz com comprimento de
O fotoperiodismo é essencial para provocando a sua transformação em onda por volta de 660 nm (V.C.),
vários processos fisiológicos do gemas florais. enquanto passa pelo período escuro,
vegetal, entre eles: floração, abscisão c) Nas plantas sensíveis ao foto- ela não floresce. Nesse caso, o fito-
das folhas, formação de raízes tube- período, foi observado que é de gran- cromo ativado pelo V.C. deve inibir a
rosas, formação de bulbo (como ocor- de importância a continuidade da noite. produção do florígeno.
re na cebola, fechamento dos folíolos Assim, se uma planta de dia cur- Se, após o tratamento com 660 nm,
das leguminosas etc.). to receber luz enquanto passa pelo irradiarmos com 730 nm, a planta flo-
período escuro, essa planta deixa de rescerá.
FLORAÇÃO
É a transformação das gemas
vegetativas em gemas florais.
Muitas plantas, para florescer,
dependem do fotoperiodismo e são
normalmente divididas em
a) plantas de dias curtos;
b) plantas de dias longos;
c) plantas indiferentes (neutras).
❑ Plantas de dias curtos
Só florescem quando o tempo de
exposição à luz for inferior a um valor
crítico. Como exemplos, podemos citar
crisântemos, orquídeas, feijão, soja etc.
❑ Plantas de dias longos Comportamento de planta de dia curto, como o crisântemo. O dia crítico para essa
planta está em torno de 14 – 14,5 horas. As plantas que recebem luz abaixo do valor
Só florescem quando o tempo de crítico florescem, enquanto as demais permanecem no estado vegetativo.
exposição à luz for superior a um valor
crítico. Exemplos: espinafre, rabanete,
cravo.

❑ Plantas indiferentes
Florescem independentemente do
BIOLOGIA A

tempo de exposição à luz. Exemplos:


milho, tomate etc.
Do que sabemos atualmente so-
bre a floração de plantas sensíveis
aos fotoperíodos, pode-se dizer:
a) As folhas são responsáveis pe-
la percepção do comprimento do dia
e da noite.
Vários experimentos comprovam
tal fato. Comportamento de uma planta de dia longo, como o espinafre. O dia crítico para essa planta
– Se uma única folha da planta está em torno de 13 – 14 horas. As plantas que recebem luz acima do valor crítico florescem,
receber o fotoperíodo indutor, a planta enquanto as demais permanecem no estado vegetativo.
floresce.

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