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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

CRISTIANO SAULO DE SOUZA DE SOUZA


MATHEUS DA SILVA BEZERRA SEVERINO
TALLES GABRIEL GARCIA DE MELO
VANESSA CRISTINE RIBEIRO AMARAL

INDÚSTRIA PETROQUÍMICA

MACAPÁ
2021
CRISTIANO SAULO DE SOUZA DE SOUZA
MATHEUS DA SILVA BEZERRA SEVERINO
TALLES GABRIEL GARCIA DE MELO
VANESSA CRISTINE RIBEIRO AMARAL

INDÚSTRIA PETROQUÍMICA

Trabalho sobre os aspectos econômicos e pro-


cessos envolvidos na indústria petroquímica
apresentado ao curso de graduação em Enge-
nharia Química da Universidade do Estado do
Amapá - Campus UEAP I.

MACAPÁ
2021
Resumo

No começo do século XX, a indústria petroquímica se resumiu à refinaria petrolífera. No


entanto, após a Stardand Oil (New Jersey) produzir em escala industrial o isopropílico,
esse setor começou a ganhar importância no mundo. Pesquisas começaram a ser realiza-
das e essa indústria se tornou um segmento diferente da refinaria de petróleo e uma grande
variedade de conversões e produtos começaram a aparecer. No Brasil, a empresa Bras-
kem ganhou destaque como nona produtora de eteno com seus pólos em São Paulo, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia. Com os inúmeros produtos sintetizados por essa in-
dústria e a enorme aplicabilidade dos petroquímicos, esse setor tem crescido enormemente
e tende a crescer muito mais. Os produtos podem ser usados por exemplo, como substitutos
de metais em construções civis ou no lugar das borrachas naturais, a utilização é extensa.
Sem essa indústria muito provavelmente a economia seria extremamente afetada e não ve-
riamos a sociedade como é hoje. Outro ponto a se destacar são os materiais e conversões
químicas envolvidas na produção dos petroquímicos. Essa indústria é dividida em três ge-
rações, na primeira encontra-se os petroquímicos básicos, aqueles que vieram da refinaria
como o metano, eteno, propeno, buteno e aromáticos, a partir deles são sintetizados vários
produtos e assim segue-se para a segunda geração na indústria petroquímica, a qual envolve
a conversão desses produtos, como a polimerização, estes têm uma variedade extensa de
utilização em outros setores industrais. Por último, a terceira geração prepara os produtos
para a comercialização, por exemplo a embalagem de algo geralmente é feita nessas indús-
trias petroquímicas através do último estágio desse setor. Por fim, a indústria petroquímica
apresenta diversas conversões químicas extremamente interessantes. As conversões foram
estudadas ao longo dos anos, algumas criadas e outras melhoradas para a otimização da in-
dústria. A manipulação desses materiais desde a alquilação à polimerização, por exemplo,
pode gerar inúmeros produtos como acetona, explosivos, detergentes e entre vários outros.

PALAVRAS-CHAVE: Indústria petroquímica, petroquímicos, conversão química.


Abstract

At the beginning of the 20th century, the petrochemical industry was resumed to the petro-
leum refinary. However, after the Standard Oil (New Jersy) produce in scale the isopropyl
alcohol (isopropanol), this industry has begun to gain global priority. Researches has begun
to be done and this industry has become a business totally different from petroleum refinary
and a big diversity of conversions and products has begun to show up. In Brazil, the enter-
prise Braskem has gained importance as the ninth producer of ethylene with your poles in
São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia. With the uncountables synthesized
products for this industry and the huge aplicability of petrochemicals, this sector has been
growing up a lot and it will probably grown up more. The producs synthesized can be used
for example, as subtitutes of metals in the civil constructions or it can replace the natural
rubber, the utilization is large. Without this industry probably the economy would be dev-
astated and the society wouldn’t be known like today it is. Other point to discuss are the
materials e chemicals conversions related to production of the petrochemicals. This indus-
try is divided in three stages, in the first one can be found the basics petrochemicals, those
who were produce in the refinary as methane, ethylene, propylene, butylenes and cyclics,
a diversity of products can ben synthesized by these basics petrochemicals. In the second
generation, the conversions of the products are done , as the polymerization. These prod-
ucts are used in others chemicals industries as rubber and plastics industries. Finally, the
third generation prepares the products to commercialization, for example, the packaging
of some products are mades from this part of petrochemical industry. Lastly, the petro-
chemical industry presents a diversity of chemicals conversions extremely interesting. The
chemicals conversions were studied over the years, some have been created and others have
been optimized. The manipulation of theses materials since alkylation to polymerization,
for example, can generate uncountables products as acetone, explosives, detergents, etc.

KEYWORDS: Petrochemical Industry, petrochemicals, chemical conversion.


Contents
1 Introdução 4

2 Indústria Petroquímica 5
2.1 Aspectos Econômicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2 Máteria-primas e Petroquímicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2.1 Metano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.2.2 Etileno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2.3 Propileno e Butenos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.2.4 Aromáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.3 Conversões Químicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.3.1 Alquilação, Desalquilação e Hidrodesalquilação . . . . . . . . . . . . 14
2.3.2 Aminação mediante Amonólise e Redução . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.3.3 Craqueamento ou Pirólise Térmica e Catalítica . . . . . . . . . . . . . 15
2.3.4 Desidratação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.3.5 Esterificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3.6 Halogenação e Hidrohalogenação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.3.7 Hidratação e Hidrólise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.3.8 Hidrogenação e Desidrogenação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.3.9 Nitração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.3.10 Oxidação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.3.11 Oxoformilação ou Hidroformilação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.3.12 Polimerização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

3 Considerações Finais 25

4 Referências 26
4

1 Introdução
A indústria petroquímica é importante devido à geração de empregos, ao impulso econômico
gerado nos países, ao avanço tecnológico e científico através de pesquisas, entre outros motivos.
A matéria-prima utilizada nesse setor está ligada à competitividade e energia barata. Por essas
razões há investimento nesse setor e o consequente desenvolvimento de produtos petroquímicos
de qualidade em vários setores como na construção civil, automóveis e plásticos (EPE, 2018).
Os produtos petroquímicos são definidos como derivados do petróleo e gás natural. A in-
dústria petroquímica antecede o refino de petróleo e utiliza vários processos, os quais resultam
em produtos complexos com grande aplicação no mercado, como adesivos, álcool, explosivos,
fertilizantes etc. Grande parte da extração de matéria-prima do petróleo é feita por processos fí-
sicos de separação. Entretanto, na indústria petroquímica a maioria dos produtos com utilização
industrial são feitos a partir de conversões químicas (SHREVE e BRINK JR.,1997).
De acordo com Braskem (2019), a indústria petroquímica é uma parte da indústria química,
a qual utiliza matérias-primas da indústria de energia como a nafta (derivado do petróleo), lí-
quidos de gás natural e carvão. Esse setor é dividido em três gerações ou estágios. A primeira
geração configura-se pela petroquímica básica, a qual envolve a síntese dos produtos petroquí-
micos pelo eteno, propeno, butadieno etc. A segunda trabalha com a polimerização dos produtos
petroquímicos para produzir o polipropileno, polietileno, PVC etc. O terceiro estágio envolve a
conversão dos produtos do estágio anterior para serem comercializados.
Com o intuito de substituir produtos importados, como a borracha, os Estados Unidos foi
o precursor da indústria petroquímica conhecida até os dias atuais. Isso foi possível através de
pesquisas sobre a transformação de produtos naturais. Esse setor cresceu incrivelmente depois
da Segunda Guerra Mundial, pois houve a necessidade da substituição de materiais importa-
dos como pneus, condutores elétricos e, posteriormente, vários outros produtos petroquímicos.
Após esse período, o qual se passa por 1920, as indústrias petroquímicas se expandiram para
Europa e Japão, para chegar à América Latina por voltas dos anos 60 (MAIA, 2005).
Segundo TORRES (1997), em torno de 1960, não havia nenhuma proposta de inserção da
indústria química brasileira, apesar de desde os anos 50 as refinarias de petróleo estavam sendo
instalados no país. O Brasil consolidou a indústria petroquímica em São Paulo na década de
50, através do início da construção da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão
(SP). Em 1953, o Conselho Nacional de Petróleo viabilizou a construção de uma fábrica de
fertilizantes nitrogenados. A PETROBRAS foi criada 1953 e iniciou suas atividades em 1954.
Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo demonstrar um pouco sobre impacto econô-
mico que a indústria petroquímica tem no Brasil e no mundo, através das grandes importações e
exportações de produtos petroquímicos. As conversões químicas e os processos físicos de sepa-
ração também serão explicitados com um foco maior, com a intenção de demonstrar e esclarecer
a estrutura de uma indústria petroquímica e as operações que a compõem.
5

2 Indústria Petroquímica
Até há alguns anos, a principal fonte de matéria-prima para os petroquímicos era o petróleo.
Um combustível fóssil originado da decomposição de matéria orgânica, inflamável e consti-
tuído de uma mistura de hidrocarbonetos. Esse aglomerado orgânico passa pela refinaria para
ser extraído matérias-primas importantes para a síntese dos petroquímicos, como exemplo, o
metanol, etileno e propileno. Hoje, no entanto, essa indústria não está mais ligada apenas ao
petróleo, devido à descoberta de outras fontes como o carvão e o gás natural (SPEIGHT, 2006).
Um petroquímico é qualquer químico, diferente de combustível e produtos de petróleo,
feito a partir de conversões químicas e em menor escala de operações unitárias, do petróleo, gás
natural ou carvão e comercializado. As matérias-primas são classificadas em três grupos gerais:
olefinas (etileno, propileno e butadieno), aromáticos (benzeno, tolueno e isômeros do xileno) e
metanol. Um quarto grupo inclui síntese de gás (mistura de monóxido de carbono e hidrogênio)
e compostos inorgânicos (SHREVE e BRINK JR., 1997).
A indústria petroquímica é dividida da seguinte maneira: 1ª, 2ª e 3ª gerações. A primeira
geração é responsável pela transformação química de correntes petrolíferas (nafta, gás natural,
metanol etc.). A segunda geração produz de resinas termoplásticas (PE, PP e PVC). E o último
estágio constitui na transformação dessas resinas em produtos comercializáveis como embala-
gens, peças e utensílios para setores alimentícios, civil, automotivo etc. (Gomes et al., 2005).
A Figura 1 apresenta de forma ilustrativa essa divisão existente na indústria petroquímica.

Figura 1: Cadeia Petroquímica no Brasil.

Fonte: BRASKEM (2019).

Esse setor ganhou mais viabilidade econômica depois da utilização de conversões químicas
dos derivados de petróleo. Segundo ainda a Braskem (2019), já até se descobriu utilização do
etanol para produzir o eteno verde e o PE Verde® e contribuir com a preservação do ambiente.
Como será visto nesse trabalho, a indústria petroquímica, durante esse anos, incluiu várias
conversões químicas para gerar produtos complexos e assim, serem comercializados.
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2.1 Aspectos Econômicos


A origem dos produtos petroquímicos não foi espetacular, eles não tinham valor para
as companhias petrolíferas. Em torno de 1920, era feito a venda dos gases de rejeitos para
as companhias químicas, no entanto, a petroquímica em si, foi esquecida. A produção de 75
toneladas de álcool isopropílico pela Standard Oil (New Jersey), em 1925, destacou a indústria
petroquímica e em torno dos anos 80 foi responsável por 70% desse setor. E partir dai, o
crescimento econômico dos Estados Unidos influenciou outros países a investirem na indústria
petroquímica, tornando-a imprescindível na economia (SHREVE e BRINK JR., 1997).
De acordo com Viana (2019 apud NEXANT, 2016), uma visão global sobre esse setor mos-
tra que o Oriente Médio produz o etileno, a partir do etano, com menor custo mundialmente
visto. Por esse fator, essa região tem grande produção e mínimo gasto com os produtos pe-
troquímicos para a exportação. Outro país que se destaca é a China, o aumento do consumo dos
materiais petroquímicos se deu pela industrialização. Caracterizada pela síntese desses produtos
pelo carvão, a partir do metanol, a China também se destaca por utilizar essa matéria-prima
Apesar da queda dos preços do petróleo, em 2014. A indústria petroquímica global cresceu
fortemente por mais de 15 anos, a produção de etileno anual aumentou de 100 milhões de
toneladas em 2000, para quase 150 milhões de toneladas em 2016. A indústria petroquímica
teve ótima performance econômica comparada a outros setores químicos. Além disso, houve o
crescimento de produções mais limpas da Ásia nos últimos anos (CETINKAYA et al, 2018).
No Brasil, existem 4 unidades de craqueamento localizadas na Bahia, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul e São Paulo. Em 2017, esses pólos fizeram a Braskem se destacar tornando-a a
9ª produtora mundial de eteno, com 5 milhões de toneladas. Em 2019, teve lucros de R$ 5,9
bilhões e geração líquida de caixa de R$ 3 bilhões, tornando-se a maior indústria petroquímica
da Américas e líder na produção de biopolímeros (BRASKEM, 2019).
De acordo com Viana (2019), os produtos petroquímicos no Brasil (Classe CNAE) tiveram
uma instabilidade no crescimento das exportações no período 2009-2018. No ano de 2009,
houve uma queda com a crise econômica mundial e nos dois anos seguintes houve um cres-
cimento no número de exportações. Em 2016, teve novamente uma redução nesse número,
seguindo esse ritmo nos dois anos posteriores.
De acordo com Viana (2019), os principais países de exportação brasileira são os Estados
Unidos, Argentina e China. Países como Estados Unidos, Argentina, México, Bélgica, Espanha
tiveram um aumento no número de exportações de produtos químicos em 2013, no entanto,
em 2018 decaíram esses valores. Em contraste, China, Chile, Colômbia, Índia, Peru tiverem
um aumento no número de exportações de 2013 para 2018. Na Tabela 1 é apresentado de
forma ilustrativa essas informações sobre os principais países de destino das exportações de
petroquímicos.
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Tabela 1: Principais países de destino das exportações petroquímicos no Brasil em dólares.


Países 2009 2013 2018
Estados Unidos 732.057.378 1.164.710.581 923.575.765
Argentina 822.191.185 1.155.962.533 701.264.112
China 468.755.585 331.549.199 519.293.848
Chile 143.266.959 238.223.363 289.495.953
Colômbia 166.565.004 258.201.858 258.662.726
México 99.949.389 281.344.144 254.957.487
Ìndia 84.548.007 87.089.731 242.853.092
Bélgica 196.321.890 302.703.253 240.059.315
Peru 100.283.587 182.346.075 182.606.227
Espanha 75.669.450 182.400.835 151.361.025
Sub-total 2.889.608.434 4.184.531.492 3.764.126.550
Outros 1.804.208.288 2.416.761.195 1.594.340.680
Total 4.693.816.722 6.601.292.687 5.358.467.230

Fonte: Adaptado de FUNCEXDATA (2019). Elaboração do ETENE/BNB.

2.2 Máteria-primas e Petroquímicos


Um material petroquímico pode ser obtido através de qualquer hidrocarboneto. Esses
produtos são feitos a partir do que se disponibiliza na refinaria petrolífera. O GLP, gás natural,
gás dos processos de craqueamento, os destilados líquidos (C4 a C9), os destilados de processos
de craqueamento especiais e as frações cíclicas de aromáticos são fornecidas pelas refinarias
petrolíferas para sintetizar os produtos petroquímicos (SHREVE e BRINK JR., 1997).
No Brasil, as principais matérias-primas são a natfa, obtida do refino do petróleo, o gás
natural e o carvão. Esses materiais serão usados na indústria química para sintetizar os produtos
petroquímicos básicos como eteno, propeno, butadieno, aromáticos, amônia e metanol. A partir
dessa síntese, serão feitos uma grande varidedade de produtos intermediários para, assim, serem
transformados em produtos petroquímicos finais como polímeros, borrachas sintéticas, fibras
sintética. Esses produtos finais geralmente são produzidos com intuito de substituir algo, como
por exemplo, a borracha natural ou um metal (PETROBRAS, 2014).
Na indústria química, as olefinas e parafinas no estágios iniciais tem grande importância,
pois a partir dessas substâncias será produzidos uma grande variedade de produtos. Podem-se
se destacar o metano, eteno, propeno/buteno e petroquímicos cíclicos (SHREVE e BRINK JR.
1997). Na Tabela 2 é apresentado de forma detalhada as matérias-primas e produtos petroquí-
micos (básicos, intermediários e finais) da indústria petroquímica.
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Tabela 2: Petroquímicos do metano.


Matérias-primas da Precursores (produtos Intermediários por Produtos acabados por
destilação básicos) por conversão conversão conversão
Parafinas e cíclicos Olefinas, diolefinas, Diversos inorgânicos e Produtos inorgânicos e
acetileno, aromáticos orgânicos orgânicos
Gás natural Negro de fumo
Sulfetos Sulfeto de hidrogênio S Ácido sulfúrico
Hidrogênio Amônia
Metano Metanol
Formaldeído
Gases de refinaria Acetileno Ácido acético Acetatos
Isobuteno Anidrido acético Acetatos
Etano Eteno Isopreno Borracha
Propano Propeno Óxido de etileno etc. Borracha e fibra
n-Butano n-Butenos Butadieno Borracha
Hexano
Heptanos
Naftas de refinaria
Naftenos Ciclopentadieno Ácido adípico Fibras
(cicloparafinas)
Benzeno Etilbenzeno Estireno
Estireno Borracha
Cumeno Fenol acetona
Alquilbenzeno
Cicloexano
Tolueno Tolueno Fenol Plásticos
Ácido benzóico
Xilenos o, m, p-Xileno Anidrido ftálico Plásticos
Metilnaftenos Naftaleno Anidrido ftálico Plásticos

Fonte: Adaptado de SHREVE e BRINK JR. (1997).

2.2.1 Metano

O metano é um hidrocarboneto de fórmula CH4 que pode ser obtido através do gás natural.
Sua usabilidade no indústria petroquímica pode dar origem a vários produtos de larga utilização.
A partir do metano, pode-se produzir o metanol, clorometanos, aldeído fórmico, negro de fumo,
amônia, uréia, ácido nítrico, cloreto de vinila e entre outros (SHREVE e BRINK JR., 1997). Na
Tabela 3 são apresentados de forma detalhada esses derivados petroquímicos do metano.
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Tabela 3: Petroquímicos do metano.


Derivados básicos e fontes, % Produção anual em milhões de Empregos, %
libras
Amônia 32.000 Produtos químicos para a
agricultura (como sais de amônia,
uréia)
Fontes petrolíferas
Hidrogênio do metano Fibras, plásticos
Hidrogênio de refinaria Explosivos industriais
Hidrogênio eletrolítico, carvão Outros
Negro de fumo 3.511 Composições para borracha
Gás Natural Pigmentos, metalurgia
Petróleo líquido
Metanol 6.789 Aldeído fórmico (principalmente
para resinas)
Fontes petrolíferas Solventes
Metano Dimetiltereftalato
Propano-butano Exportações
Carvão Outros
Clorometanos 1.048 Solventes, agentes de limpeza
Cloração do metano Clorofluorocarbonos para
refrigerantes
Outras fontes aerossóis
Acetileno 443 Cloreto de vinila, acetato de vinila
Petróleo Acrilatos
Produtos acetilênicos
Acetato de vinila
Solventes clorados
Cianeto de hidrogênio 345 Metilmetacrilato

Fonte: Adaptado de SHREVE e BRINK JR. (1997).

2.2.2 Etileno

O eteno é a principal matéria-prima na indústria química, sua fórmula é C2H4 e pode ser
obtido através do petróleo. Assim como o metano, o eteno pode ser dar origem a muitos pro-
dutos importantes que são comercializados nos dias atuais. A partir do eteno, pode-se obter
óxido de etileno, etanol (industrial), polietileno, cloreto de etile e entre outros (SHREVE e
BRINK JR., 1997). A Tabela 4 apresenta de forma detalhada esses derivados do eteno obtidos
industrialmente.
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Tabela 4: Petroquímicos do eteno.


Derivados básicos e fontes, % Produção anual em milhões de Empregos, %
libras
Óxido de etileno 4.260 Glicóis
Oxidação direta Glicóis éteres
Mediante a cloridrina Etanolaminas
Detergentes não iônicos
Outros
Etanol (industrial) 2.000 Aldeídos
De eteno Outros produtos
De fermentação Solventes
Aromatizantes, cosméticos,
detergentes
Outros
Polietileno 8.450 Películas, folhas, moldagem e
extrusão
Estireno 6.400 Poliestireno
Do eteno e do benzeno Borracha SBR e látex
Diversas resinas
Outros
Cloreto de etila 659 Chumbo tetraetila
Eteno mais cloreto de hidrogênio Qtd. menor para outras etilações
Cloração do etano (como para a etilcelulose)
Dicloreto de etileno 9.300 Cloreto de vinila
Por cloração direta Coletores em fluido antidetonante
Co-produto da produção da Outros
etilenocloridina
Dibrometo de etileno 325 Coletores em fluido antidetonante

Fonte: Adaptado de SHREVE e BRINK JR. (1997).

2.2.3 Propileno e Butenos

O propeno e o buteno são hidrocarbonetos de fórmula igual a C3H6 e C4H8 respectiva-


mente, e podem ser obtidos através do refino do petróleo. Como o eteno e metano, suas usa-
bilidades são de grande escala na indústria petroquímica. A partir do propeno e do buteno, é
possível sintetizar a acetona, detergentes, neopreno, borrachas de estireno-butadieno, políme-
ros, glicerol, glicol propilênico e entre outros (SHREVE e BRINK JR., 1997). A Tabela 5
apresenta de maneira detalhada esses derivados do propileno e butenos.
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Tabela 5: Petroquímicos do propeno e dos butenos.


Derivados básicos e fontes, % Produção anual em milhões de Empregos, %
libras
Álcool isopropílico 1.951 Acetona
Do propeno Outros derivados
Acrilonitrila 1.711 Solventes e diversos
Polímeros
Dodeceno (tetrâmero) 600 Detergentes:
dodecilbenzenosssulfonatos
Noneno (trímero) 509 éteres nonilfenilpoliglicólicos
Cumeno 1.407 Fenol e acetona
Oxo álcoois 1.030 Glicerol, álcool alílico
Óxido de propileno 1.792 Glicol propilênico
Polipropileno 2.813 Películas, folhas, moldagens e
extrusão
borracha
Outros 1.584
Butadieno 4.200 Borrachas de estireno-butadieno
Dos butenos(gás de refinaria Neopreno
craqueado)
Borracha de acrilonitrila-butadieno
Do butano Borracha de polibutadieno
Diversos craqueamentos de Adiponitrila e
hidrocarbonetos hexametilenodiamina para náilon
Resinas e acrilonitrila, buteno,
estireno
Outros
Álcool butílico secundário 96 Metilacetona
Oxo álcoois (via aldeídos em C8) 67 Detergentes, plastificantes
álcool "isooctílico"
Borracha butílica (copolímero do Tubos internos, artefatos
isobuteno e isopropeno) mecânicos de borracha
Diisobuteno 110 Detergentes, plastificantes
Triisobuteno pequeno
Poliisobuteno 40 Adesivos, selantes, isolamento
elétrico,
aditivos de óleos lubrificantes
Álcool butílico terciário 30 Solvente

Fonte: Adaptado de SHREVE e BRINK JR. (1997).

2.2.4 Aromáticos

Os aromáticos chamados petroquímicos básicos são o benzeno, tolueno, xilenos e etilben-


zeno, sua fórmulas são, respectivamente, C6H6, C7H8, C8H10 e C8H10. Esses compostos
podem ser extraídos do refino do petróleo e carvão. A sua varidade de produção é de grande,
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porém em menor escala como os anteriores. A partir desses petroquímicos básicos é possível
produzir fenol via cumeno, estireno, explosivos, poliamidas e entre outros (SHREVE e BRINK
JR., 1980). A Tabela 6 apresenta de maneira esquematizada os derivados dos compostos aro-
máticos

Tabela 6: Petroquímicos aromáticos.


Derivados básicos e fontes, % Produção anual em milhões de Empregos, %
libras
Benzeno 11.648 Estireno
Do petróleo Fenol via cumeno
Cicloexano
Diversos produtos e outros usos
Tolueno 7.372 Gasolina automotiva e de avião
Do petróleo Explosivos e outros produtos
Do carvão Diisocianato de tolueno
Benzeno
Solventes para tintas
Xilenos 6.400 Revestimentos e solventes
Do petróleo Gasolina de aviação
Do carvão Separação dos isômeros (para
ácidos ftálicos)
Etilbenzeno 7.020 Estireno
Do benzeno Solvente
Direto, do reformado, pequena Exportações
Cicloexano 2.508 Poliamidas (náilons)
Das naftas do petróleo Exportações
Do benzeno, por hidrogenação Diversos

Fonte: Adaptado de SHREVE e BRINK JR. (1997).

2.3 Conversões Químicas


De acordo com Shreve e Brink Jr. (1997), a definição de conversão química é aplicação das
reações químicas no ambiente industrial. Elas são moldadas a partir da química fundamental
de cada reação química própria, o ambiente no qual a reação é realizada e a realização do
processo como um todo, visando o mínimo custo e o máximo lucro de maneira sustentável
e eficiente. Na indústria petroquímica há uma diversidade de conversões químicas, das quais
serão citadas, detalhadamente, as mais importantes para esse setor como exemplo: a alquilação,
o craqueamento, a esterificação e entre outros.
Para se produzir esses derivados do metano, é preciso realizar um processo industrial e de
acordo com o produto que se deseja obter, é realizado um processo. Por exemplo, para obtenção
de derivados do metano, pode ser realizado a combustão parcial para se obter o negro de fumo,
a pirólise para produzir hidrogênio ou negro de fumo, a cloração para sintetizar clorometanos
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e entre outros (SHREVE e BRINK JR. 1997). A Figura 2 apresenta de maneira esquematizada
as conversões químicas que o metano pode ser submetido.

Figura 2: Derivados Petroquímicos do metano.

Fonte: Adaptado de SHREVE e BRINK JR. (1997).

Os derivados petroquímicos do eteno também podem ser obtidos de vários processos dife-
rentes. Primeiro, o etano é craqueado para se tornar o eteno. A partir disso, o etileno pode
passar por uma oxigenação para obter o óxido de etileno e depois hidrolisado para produzir
glicol, cloração para produzir o cloreto de vinila ou cloreto de hidrogênio, hidrólise para obter
álcool etílico (SHREVE e BRINK JR., 1997).
14

Figura 3: Derivados Petroquímicos do etileno.

Fonte: Adaptado de SHREVE e BRINK JR. (1997).

2.3.1 Alquilação, Desalquilação e Hidrodesalquilação

Esse processo consiste na substituição do cátion hidrogênio por um radical alquila. A alqui-
lação para produzir aquilbenzenos foi descoberta pelo químico francês Charles Friedel, e seu
colaborador, James M. Crafts em 1877. Essa conversão química consiste em aclopar um radical
R (alquila) a um composto aromático (SOLOMONS e FRYHLE, 2001). A equação 1 apresenta
uma reação de alquilação de um benzeno.

C6H6 + R X C6H5R + HX {1}

Um produto comum na síntese por alquilação na indústria petroquímica é o cumeno. Para


sintetizar o isopropilbenzeno, o benzeno passa pela conversão química de alquilação na pre-
sença do catalisador de ácido fosfórico e propeno em fase vapor (a 250ºC e 6,8 atm). O benzeno
em excesso limita a poli-alquilação. O que não convertido pela vaporização como propano e
propeno são descartados. Cloreto de alumínio e ácido sulfúrico também podem ser usados
como catalisadores no lugar do ácido fosfórico. Se o caso é produzir aromáticos como benzeno,
tolueno, xilenos e naftaleno, a desalquilação pode ser adotada (SHREVE e BRINK JR., 1997).
A síntese do chumbo tetraetila também feita por alquilação. O chumbo é muito importante
15

e o principal agente antidetonante nas gasolinas. Com o intuito de diminuir as emissões de des-
carga dos automóveis, a utilização de conversões para purificar atmosfera cresceu. No entanto,
o chumbo tetraetila é um veneno para os catalisadores destes conversores. Sua preparação in-
dustrial é feita pela ação do cloreto de etila sobre o chumbo (SHREVE e BRINK JR., 1997). A
equação 2 demonstra a reação entre o cloreto de etila com a liga de chumbo.

4 PbNa + 4 C2H5Cl Pb(C2H5)4 + 3 Pb + 4 NaCl {2}

A autoclave para a reação deve ter um misturador, para agitar a liga de chumbo, um con-
densador de refluxo e uma camisa de aquecimento. A liga de chumbo deve estar bem dividida
e medir 70ºC. Esse sistema deve ser aquecido para depois passar um resfriamento até chegar
à temperatura de 40 a 60ºC. A destilação do excesso de cloreto de etila é feita e o chumbo
tetraetila é levado a vapor da mistura (SHREVE e BRINK JR., 1997).
De acordo ainda com Shreve e Brink Jr. (1997), devido ao envenenamento dos catalisadores
dos conversores, o tetrametila está substituindo o chumbo tetraetila. A sua características an-
tidetonantes melhores em motores de alta compressão, com gasolinas com grandes quantidade
de moléculas aromáticas, de alta octanagem. Além disso, o chumo tetrametila é muito mais
estável a altas temperaturas. A equação 3 apresenta esse processo eletrolítico de alquilação.

2 RMgCl + 2 RCl + Pb R4Pb + 2 MgCl2 {3}

2.3.2 Aminação mediante Amonólise e Redução

As reações químicas que sintetizam os amino compostos são chamadas de aminação por
amonólise, utilizando-se como agente ativo, amônia ou amônia substituída. Outro processo
utilizado é a redução de compostos nitro para também se obter aminas. As etanolaminas são
dividas em: monoetanolamina, dietanolamina e trietanolamina. Ela podem ser obtidas atráves
do borbulhamento do óxido de etileno em uma solução aquosa de amônia a 28%, a 30-40ºC
(SHREVE e BRINK JR., 1997). A equação 4 mostra de maneira clara como a aminação do
óxido de etileno ocorre para produzir dietanolamina.

C2H4O + NH3(excesso) (HOCH2CH2)2NH2 {4}

A metilamina, assim como as etanolaminas, tem muitas utilizações industriais. Elas podem
ser usadas como intermediárias para outra sínteses. A sua produção é feita pela amonólise do
metanol (SHREVE e BRINK JR., 1997).

2.3.3 Craqueamento ou Pirólise Térmica e Catalítica

O craqueamento é uma conversão química de quebra de molécula, o qual consiste em aplicar


calor ou catalisadores para transformar moléculas grandes em moléculas menores para formar
16

olefinas. No final ainda há uma polimerização no processo (SHREVE e BRINK JR., 1997). Na
Figura 4 as etapas do craqueamento são apresentadas de forma esquematizada.

Figura 4: Etapas da conversão química de craqueamento.

Fonte: SHREVE e BRINK JR. (1997).

O craqueamento já é utilizado lá no refino para dar origem às matérias-primas da indústria


petroquímica, como as olefinas. O principal produto produzido a partir da pirólise é o negro
de fumo. Outro produto também a se destacar é o isopropeno que pode ser feito também por
craqueamento ou síntese (SHREVE e BRINK JR., 1997).
Negro de fumo ou fuligem é produzido pelo craqueamento do petróleo e é utilizado como pi-
mento, pois tem qualidade de tingimento e recobrimento interessantes. Apesar disso, observou-
se que o negro de carvão, o qual se obtém obtido pelo resfriamento de uma chama gás numa
pedra de esteatita, tem qualidades aprimoradas em relação à fuligem (SHREVE e BRINK JR.,
1997).

2.3.4 Desidratação

A desidratação é um processo químico, a qual consiste em aquecer um álcool (grande parte


dos álcoois) na presença de um ácido forte para se produzir um alceno e água. Essa reação
é uma eliminação de um molécula (água) e funciona em ambientes com altas temperaturas
(SOLOMONS e FRYHLE, 2001). A equação 5 apresenta de forma ilustrativa essa conversão
química.
H3C CH2OH H2C CH2 + H2O {5}

Esse processo geralmente é utilizado quando se deseja obter éter a partir da desidratação de
álcoois em fase líquida ou a vapor, com o ácido sulfúrico ou alumina, respectivamente, como
catalisador. Os mais importantes a se destacar são o éter metílico, etílico e propílico. Além
disso, pode-se produzir éter a partir da hidratação de uma olefina, com um catalisador ácido. O
éter em excesso é reclicado para se ter maior quantidade álcool (SHREVE e BRINK JR., 1997).
17

2.3.5 Esterificação

A esterificação pode ser realizada de duas maneiras na indústria petroquímica: a esterifi-


cação por meio ácidos orgânicos ou através de ácidos inorgânicos. A primeira reação é uma
reação que envolve álcool interagindo com um ácido carboxílico. A segunda conversão se dá
por um ácido inorgânico reagindo com um álcool secundário ou terciário para produzir éster
e água (SOLOMONS e FRYHLE, 2001). A equação 6 apresenta de forma esquematizada a
conversão química de esterificação do metanol com um ácido orgânico.

C6H5COOH + CH3OH C6H5COOCH3 + H2O {6}

A importância dos ésteres com ácido inorgânico é grande para os solventes, plastificantes,
monômeros, remédios e perfumes. Ésteres nítricos como a nitroglicerina e nitrocelulose são
poderosos explosivos. Com a descoberta de como estabilizar e prolongar a vida da nitrocelulose,
logo a pólvora negra no área militar (SHREVE e BRINK JR., 1997). A equação 7 apresenta de
maneira ilustrativa a reação de obtenção da nitrocelulose

C6H7O2(OH)3 + 3 HONO2 C6H7O2(ONO2)3 + 3 H2O {7}

O primeiro alto-explosivo a ser comercializado em grande escala foi a nitroglicerina. Co-


nhecida como dinamite, ela é obtida através da adição de glicerina muito pura (99,9% ou mais).
O produto na verdade, é o trinitrato de glicerila e água utilizando o ácido sulfúrico como catali-
sador (SHREVE e BRINK JR., 1997). A equação 8 é apresentado essa reação química entre a
glicerina e o ácido nítrico catalisada pelo ácido sulfúrico.

CH2OH CHOH CH2OH + 3 HNO3 CH2ONO2 CHONO2 CH2ONO2 + 3 H2O {8}

Da esterificação dos ácidos orgânicos, pode-se destacar acetato de etila,de amila, butila,
isopropila e de vinila. O acetato de amila, de butila e de isopropila são produzidos a partir
do respectivos álcoois e ácido acético. O mais utilizado é acetato de butila e é o mais impor-
tante solvente do veniz de nitrocelulose. Os três são resistentes contra opacificação às películas
secantes de verniz (SHREVE e BRINK JR., 1997).
O acetato de vinila é feito a partir da oxigenação do ácido acético e o eteno. Essa é uma
reação exotérmica com rendimento de 91%. Já o acetato de etila é produzido pelo etanol e
o ácido acético, sendo catalisada pelo ácido sulfúrico (SHREVE e BRINK JR., 1997). As
equações 9, 10 e 11 mostram de forma detalhada a síntese do acetato de etila, acetato de vinila
e acetato de vinila e água, respectivamente, por meio do ácido do acético.

CH3CH2OH + CH3COOH CH3COOC2H5 + H2O {9}

CH CH + CH3COOH CH3COOCH CH2 {10}


18

1
CH2 CH2 + CH3COOH + O CH3COOCH CH2 + H2O {11}
2 2

2.3.6 Halogenação e Hidrohalogenação

Esse processo químico envolve a interação dos três primeiros membros da família halogê-
nio com a cadeia carbônica. A reação acontece quando um flúor, cloro ou bromo reage com
o hidrocarboneto tomando o lugar de cátion hidrogênio. Essa reação é de substituição e pode
ser chamada de hidrohalogenação pois haletos de hidrogênio participam dessa reação (SOLO-
MONS e FRYHLE, 2001). A equação 12 apresenta de forma ilustrativa uma conversão química
de halogenação genérica, sendo X o halogênio e R um hidrocarboneto qualquer.

R H + X2 R X + HX {12}

A halogenação diretas de cadeias carbônicas como o metano originam diversos produtos,


os quais são obtidos por pelas reações em fases vapor ou líquida, em várias temperaturas, com
ou sem catalisadores. Os clorometanos a se destacar são: cloreto de metila, diclorometano e
clorofórmio. Todos são obtidos pela cloração do metano/metanol. O cloreto de metila é usado
como reagente alquilante e refrigerante, o cloreto de metila como solvente desparafinante de
óleos e clorofórmio como solvente (SHREVE e BRINK JR., 1997). Na figura 5 é apresentado
de maneira esquematizada um fluxograma da cloração do metano.

Figura 5: Fluxograma da conversão do gás de síntese a metanol.

Fonte: SHREVE e BRINK JR. (1997).


19

A cloração do etano tem condições muito parecidas com a do metano. Essa reação sintetiza
um importante produto chamado cloreto de etila, o qual produz o chumbo de tetraetila visto
anteriormente no processo de alquilação. A halogenação de compostos insaturados sintetiza
vários derivados como dicloreto de etileno, dibrometo de etileno, dicloroetileno, o tricloroeti-
leno e o tetracloroetano. A conversão química do etano por cloração se dá pela reação entre o
cloro gasoso e o etano para produzir o cloreto de etila e ácido clorídrico. Esse ácido pode ser
utilizado na presença de um catalisador para converter o eteno em cloreto de etila (SHREVE,
1997). As equações 13 e 14 apresentam de forma detalhada a halogenação do etano e eteno,
respectivamente.
CH3CH3 + Cl2 CH3CH2Cl + HCl {13}

CH2 CH2 + HCl CH3CH2Cl {14}

O dibrometo de etileno é obtido através da adição de bromo ao eteno, esse processo na


indústria petroquímica consiste inicialmente da entrada do brometo de hidrogênio gasoso, eteno
gasoso e correntes de nitrogênio de purga para serem levados para um vaso de reação. A solução
obtida é transferida para um tanque de acúmulo e depois destilado. Logo após a solução é
neutralizada e secada para se obter o brometo de etila (SHREVE e BRINK JR., 1997). A
Figura 6 apresenta de forma ilustrativa esse processo industrial via radiação gama.

Figura 6: Fluxograma do processo via radiação gama para o brometo de etila.

Fonte: SHREVE e BRINK JR. (1997).


20

2.3.7 Hidratação e Hidrólise

A adição da molécula de água a uma molécula orgânica é chamada de hidratação. Nesse


processos, a ligação pi da dupla ligação da molécula orgânica é quebrada para adicionar-se uma
molécula de água. Essa reação é catalisada por ácido e é um método de preparação de álcoois
com baixo peso molecular (SOLOMONS e FRYHLE, 2001). A equação 15 apresenta de forma
ilustrativa uma reação genérica de hidratação .

H2C CH2 + HOH H3C CH2OH {15}

O etanol e outros álcoois são os principais produtos de obtenção para o propósito petroquí-
mico. Os processos sintéticos utilizados na indústria petroquímica são baseados no sulfato de
hidrogênio e etila, ou na hidratação direta em fase vapor. O processo direto de hidratação inicia
com a água sendo misturada ao eteno, essa solução é aquecida para ir e depois levada a um rea-
tor. Após isso, ela passa pelo separador, no qual parte da água sai pelo topo e o restante sai por
baixo para ser hidrogenado. Em seguida há uma redução do aldeído, para assim passar por duas
colunas de destilação. Na última coluna, no topo sai o etanol e por baixa os produtos pesados
(SHREVE E BRINK JR., 1997). A Figura 7 apresenta de forma esquematizada o fluxograma
da síntese do álcool etílico.

Figura 7: Fluxograma da síntese do álcool etílico a partir do eteno.

Fonte: SHREVE e BRINK JR. (1997).

O principal composto dos anticongelantes é o glicol etilênico. Esse produto é uma mistura
de propano e propeno e pode ser sintetizar por vários processos que envolvem a hidrólise. Essa
substância passar por duas reações para ser sintetizada, a etilenocloridrina, obtida pela reação
da água de cloro com o eteno, é tratada por uma solução de bicarbonato de sódio (SHREVE
E BRINK JR., 1997). As equações 16 e 17 apresentam essas reações do cloro com o eteno e
etileno cloridrina com o bicarbonato de sódio respectivamente.

CH2:CH2 + Cl2 + H2O CH2OH CH2Cl + HCl {16}

CH2OH CH2Cl + NaHCO3 CH2OH CH2OH + NaCl + CO2 {17}


21

2.3.8 Hidrogenação e Desidrogenação

A hidrogenação de um alceno é uma reação exotérmica, com entalpia de mais ou menos -120
kJ/mol. Essa conversão química consiste em reagir um hidrocarboneto com o gás hidrogênio.
A ligação pi da ligação dupla do hidrocarboneto é quebrada e substituída por hidrogênio para
formar um alcano ou alceno, no caso de ligações triplas. O processo inverso, ou seja, a síntese
de ligações duplas para gerar cátions hidrogênio é chamada de desidrogenação (SOLOMONS
e FRYHLE, 2001). A equação 18 mostra uma reação geral de hidrogenação em um alceno.

R CH CH R + H2 R CH2 CH2 R + calor {18}

O metanol é produzido pela hidrogenação do monóxido de carbono a alta pressão. O ca-


talisador mais comumente usado é a prata ou o cobre, sendo óxidos de zinco, de cromo, de
manganês ou de alumínio os promotores. O contato dos gases com o ferro quente é perigoso
para deixar acontecer e por isso usa-se reatores revestidos a cobre nessa reação. A mistura ga-
sosa é comprimida e essa alta pressão gerada provaca um equilíbrio químico mais favorável.
Depois da purificação do óleo, os gases são levados para o reator, no qual o rendimento chega
a 60%. Os gases são condensados em alta pressão. Logo após, são levadas a um separador para
separar o metanol do gás purgado (SHREVE e BRINK JR., 1997). Na figura 8 é apresentado
de maneira esquematizada o processo de obtenção do metanol.

Figura 8: Fluxograma da conversão do gás de síntese a metanol.

Fonte: SHREVE e BRINK JR. (1997).

O etibenzeno sintetiza o estireno por desidrogenação. Além disso, cetonas de baixa massa
molecular também são produzidas por desidrogenação do álcool correspondente. A cetona mais
importante para a indústria petroquímica é a acetona, ela é usada principalmente para o acetato
22

de celulose, em removedores de esmalte e outra substâncias. A acetona pode ser sintetizada


através da desidrogenação do álcool isopropílico (SHREVE E BRINK JR., 1997). A figura X
apresenta de forma ilustrativa essa reação da desidrogenação do álcool isopropílico a acetona.

2.3.9 Nitração

A nitração é um dos processos químicos mais importantes para a adição de nitrogenio às


moléculas orgânicas. Essa conversão química envolve a reação entre o ácido nítrico e uma
molécula orgânica catalisada por um ácido forte como o ácido sulfúrico, ela é mais rápida se
for realizada em altas temperaturas (SOLOMONS e FRYHLE, 2001). A equação 19 apresenta
de forma ilustrativa a reação de nitração entre o ácido nítrico e o benzeno.

C6H6 + HNO3 + H2SO4 C6H5NO2 + H3O+ + H2SO4– {19}

Um pequeno avanço no processo de nitração foi realizar esse processo a baixa pressão, dos
hidrocarbonetos alifáticos, como o propano. É uma qualidade desse processo o fato de a reação
poder em qualquer parte da cadeia carbônica inicial. Por esse fator, a produção de produtos
é muito diversificada. As nitroparafinas podem ser usadas como solventes e propelentes (SH-
REVE E BRINK JR., 1997). A equação 20 mostra a redução do nitropropano a aminas.

CH3CHNO2CH3 + 3 H2 CH3CHNH2CH3 + 2 H2O {20}

2.3.10 Oxidação

A oxidação é umas das conversões químicas mais imprescindível na indústria química. Exis-
tem tantas reações importantes que envolvem esse processo que uma reação típica é possível
existir. Geralmente o ar atmosférico é usado como reagente, porém pode ser substituído por
oxigênio pela garantia de menor custo e melhor rendimento. Essa reações geralmente são re-
alizadas em altas temperaturas e na fase líquida ou vapor. A oxidação parcial é utilizada para
elevar a temperatura e oxidar um hidrocarboneto (SHREVE E BRINK JR., 1997). A equação
21 apresenta a oxidação do etanol para se obter o aldeído acético e uma molécula de água.

1
C2H5OH (g) + O (g) CH3OH (g) + H2O (g) {21}
2 2

O aldeído acético também pode ser sintetizada a partir do eteno. Existe um processo cha-
mado Wacker, desenvolvido pela Hoechst, o qual consiste na oxidação direta do eteno, com o
ar atmosférico ou oxigênio a 99%. Uma solução de cloreto de cobre (promotor) e de cloreto de
paládio, através da qual passa o eteno com o ar, ou com o oxigênio. Para se retirar o aldeído
sintetizado dessa reação, é necessário fazer a vaporização da solução e depois absorver em água.
Depois o aldeído é destilado. O rendimento e a conversão são de 95% (SHREVE E BRINK JR.,
1997). Na figura 9 o processo Wacker é ilustrado através de um fluxograma.
23

Figura 9: Fluxograma do processo Wacker.

Fonte: SHREVE e BRINK JR. (1997).

O ácido acético e o anidrido acético são produzidos pela oxidação do aldeído acético pelo
oxigênio. A oxidação do acetaldeído ocorre pelo ar utilizando-se o acetato de metila como
diluente e acetato de manganês como catalisador. As configurações operacionais da reação são
de pressão igual a 4 atm e temperatura entre 50 a 70ºC. Os produtos dessa reação são separados
e purificados em colunas a bandejas borbulhadoras. O produto mais importante sintetizado pelo
anidrido acético é o acetato de celulose (SHREVE E BRINK JR., 1997).

2.3.11 Oxoformilação ou Hidroformilação

Nesse processo químico, as alfa-olefinas e gás de síntese são convertidos em aldeídos ou


álcoois contendo um átomo de carbono adicional. A mistura de hidrogênio e de monóxido de
carbono interage com a olefina líquida, sendo catalisadas pelo cobalto, para sintetizar aldeído
e uma parte de álcool. Grande parte do aldeído ou tudo é hidrogenado sobre um catalisador de
níquel, para produzir álcool. O propeno, copolímeros do propeno e do isobuteno são as princi-
pais olefinas usadas nesse processo (SHREVE E BRINK JR., 1997). A equação 22 apresenta
de forma ilustrativa a reação entre o propeno e o gás de síntese.

CH3CH CH2 + CO + H2 CH3CH2CH2CHO {22}

O C7 é o copolímero com mais destaque na indústria química, o qual pode resultar a uma
mistura de álcoois em C8. O grupo CO é acoplada à dupla ligação com uma ocorrência de 60%
24

estar no final da cadeia e 40% estar em posição secundária. Uma olefina típica C7H14 fornece
os seguintes álcoois isooctílicos: 3,4-dimetil 1-hexanol; 3,5-dimetil 1-hexanol; 4,5-dimetil 1-
hexanol; 3-metil 1-heptanol; 5-metil 1-heptanol e outros (SHREVE E BRINK JR., 1997).

2.3.12 Polimerização

Os polímeros são móleculas extensas que podem ser chamadas de macromoléculas, elas
são constituídas de várias subunidades chamadas de monômeros, os quais se repetem muitas
vezes para formar um polímeros. O processo polimerização é justamente isso, a união desses
monômeros através de adição ou condensação para formar uma macromolécula. Por exem-
plo, o etileno é um monômero, o qual é utilizado para sintetizar o polietielno (SOLOMONS e
FRYHLE, 2001). A equação 23 mostra de forma ilustrativa essa conversão, na qual m e n são
números grandes.

mCH2 CH2 − CH2CH2 (CH2CH2)n CH2CH2 − {23}

Um produto a se destacar nessa conversão química é a borracha sintética. Produzida in-


dustrialmente para substituir a borracha natural, a borracha sintética é um produto de grande
importância na indústria petroquímica. Os custos com o monômeros da produção do monô-
mero do polímero chegam de 60 a 80% da produção total. O estireno é exemplo de monômero
para obtenção do poliestireno, uma borracha sintética (SHREVE E BRINK JR., 1997).
25

3 Considerações Finais
Diante da produção desse trabalho, pôde-se apresentar e observar melhor sobre a indústria
petroquímica e a sua situação econômica em uma visão nacional e internacional. Esse setor se
mostrou de extrema importância para a economia brasileira e para as indústrias químicas, apesar
de no início do século XX esse setor tenha sido desvalorizado e resumido apenas à refinaria de
petróleo. Ela proporcionou ao Brasil o destaque como o nono produtor de petroquímicos pela
empresa Braskem e muitos produtos sintetizados nessa indústria são usados em vários outros
setores químicos. Ao finalizar esse trabalho, constatou-se que hoje grande parte dos produtos
petroquímicos são usados até no nosso dia a dia e utilizados também na substituição de metais
e borrachas por exemplo. Por esse fator, a vivência hoje em sociedade sem indústria estaria
impossibilitada e prejudicaria muitos setores que dependem dos petroquímicos.
Outro ponto importante foi a melhor compreensão dos materiais petroquímicos. Foi possí-
vel perceber a dinâmica existente dentro da indústria petroquímica, através da sua divisão em
gerações, elas mostram a finalidade do produto a ser sintetizado e como esse setor se orga-
niza. Além disso, pôde-se conhecer e compreender melhor as conversões químicas envolvidas
na indústria petroquímica. Percebeu-se a variedade de processos que essa indústria apresenta
juntamente à diversidade dos produtos que são sintetizados a partir dessas reações químicas.
26

4 Referências
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setor-petroquimico>. Acesso em: 28 julho 2021.
BRINK JR., J. A. ; SHREVE, R. N. Indústrias de Processos Químicos, 4. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara
Koogan LTDA, 1997.
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EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Panorama do Refino e da Petroquímica no Brasil. Rio de Janeiro,
RJ, 2018.
FRYHLE, CRAIG; SOLOMONS, G. QUÍMICA ORGÂNICA 1. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e
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SPEIGHT, J. G. The Chemistry and Technology of Petroleum. 4. ed. Miami: Taylor & Francis Group, 2007.
TORRES, E. M. M. A EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA PETROQUÍMICA BRASILEIRA. Porto Alegre, RS,
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VIANA, F. L. E. INDÚSTRIA PETROQUÍMICA. Banco do Nordeste, 2019.

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