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Processos Oxidativos Avançados, comumente abreviado para POAs , são definidos como

processos cujos formam radicais livres com elevado poder oxidante, tais como o radical
hidroxil - ·OH, sendo aplicado em diversas áreas dentro do campo da Química, especialmente
no que tange à eficiência na degradação de contaminantes orgânicos, uma vez que os
transformam, em sua maioria, em dióxido de carbono (CO2 ), água e ânions inorgânicos.
Esta técnica possui diversos usos sendo algumas das áreas de pesquisa mais usuais seriam
nas matrizes de solos, efluentes líquidos, mineralização de compostos orgânicos e inativação
de microrganismos patógenos.
O processo é baseado na geração de radicais livres de tal modo que estes radicais gerados
possuem um potencial de redução elevado em relação a agentes oxidantes fortes utilizados no
trabalho cotidiano no laboratório como Permanganato de Potássio (KMnO 4) e peróxido de
hidrogênio(H2O2). Como citado acima, o radical hidroxil é um dos mais usuais nessas técnicas e
a título de exemplificação seu potencial de redução é de 3,03 V na literatura, perdendo apenas
para o Flúor(F). Antes dessa técnica, o processo de transferência de fases era majoritariamente
utilizada no tratamento de efluentes.
Estes radicais são formados a partir de reações com substâncias de alto poder oxidante,
como o ozônio (O3 ), a água oxigenada (H2O2 ), semicondutores (TiO2 e ZnO) - óxido de zinco
como um dos principais componentes dos filtros solares - , além de radiação ultravioleta (UV).
Estes processos são classificados em heterogêneos ou homogêneos, conforme a presença de
catalisadores no estado sólido ou não. Sistemas heterogêneos são os quais possuem os
catalisadores sólidos, enquanto os demais que não os possuem, sendo os denominados
sistemas homogêneos. Logo, segue-se uma tabela com a classificação e a reação de POA
principal.

Tabela 1 - Sistemas Típicos de Processos Oxidativos Avançados. Fonte: Huang et alii, 1993. N

Nos sistemas denominados homogêneos há, basicamente, duas técnicas utilizadas para a
degradação dos contaminantes orgânicos, sendo eles:
● Fotólise direta com radiação ultravioleta (UV), na qual a luz é a responsável pela
degradação. Entretanto, esse mecanismo possui em geral uma menor eficiência em relação
aos demais. Por esta razão, comumente se utiliza a luz como um dos componentes de um
conjunto como {H2O2 + UV}, {O3 + UV} e { H2O2 + UV}. Apesar da baixa eficiência para a
destruição desses poluentes, essa técnica pode ser amplamente utilizada para a desinfecção
da água, por exemplo.
● Geração de radical hidroxila , uma vez que o mesmo é um poderoso oxidante e pode ser
gerado a partir de diversas técnicas, como: oxidação eletroquímica, radiólise, feixe de
elétrons , plasma e ultrassom, além da combinação com peróxido de hidrogênio ou ozônio, na
presença ou não de irradiação. Na oxidação eletroquímica, formam-se radicais livres a partir da
aplicação de uma corrente elétrica alta ( entre 2 e 20 A), em uma solução aquosa contendo
dois eletrodos sendo, geralmente, um eletrodo metal-íon metálico, o qual além de oferecer
superfície para a ocorrência da reação, também pode participar da mesma, e um eletrodo
inerte, como o grafite, que só oferece superfície de contato. Quando se coloca como eletrodo
um ânodo de sacrifício como o metal ferro, denomina-se como Eletro- Fenton, técnica que
possui maior eficiência frente à oxidação eletroquímica “comum”. Nos processos de feixe de
elétrons e radiólise, formam-se os radicais a partir da perda de energia, por meio das colisões,
das ondas eletromagnéticas emitidas, gerando espécies com alta reatividade. Já o plasma é
gerado a partir de uma descarga elétrica ou bombardeio de um gás, cujos elétrons possuem
altos valores energéticos, na faixa de 10 eletrovolts (eV), que proporciona temperaturas
elevadas. No ultrassom de alta potência, esses radicais são gerados através da formação e
rompimento de bolhas de gás em temperatura e pressão elevados, ocorrendo as reações por
meio de 3 mecanismos principais: o da pirólise direta, pelas reações radicalares e pela água
supercrítica. Já os sistemas heterogêneos, que possuem como catalisadores (substâncias que
aumentam a velocidade das reações sem serem consumidos na reação) os semicondutores,
possuem reações nomeadas como catalíticas.
Catalizadores fotoquímicos, assim como os catalizadores comuns, tem como função
diminuir a energia de ativação da reação química a fim de aumentar a cinética da reação só
que estes funcionam apenas na presença de luz. A eficácia deste tipo de catálise depende da
competição entre os processos de retirada do elétron da superfície do semicondutor e o de
recombinação do par elétron/lacuna. Caso ocorra migração para a superfície, ele pode sofrer
recombinação externa e sofrer reações redox. Segue-se agora uma representação imagética da
fotoativação dos metais semicondutores:

Figura 3 - Esquema simplificado da fotoativação de semicondutores.


Fonte: Suri et alii, 1993.
Compostos como o Percarbonato de Sódio, originário da reação entre Carbonato de Sódio
(Na CO3) e peróxido de hidrogênio (H 2O2) age como agente oxidante e por isso e largamente
utilizado como alvejante em produtos de limpeza pois assim como o peróxido ele decompõe
em meio aquoso gerando oxigênio ativo onde este atua como agente oxidante de forma que
ela reaja com as manchas de forma promover o remoção das mesmas. O pH dessa reação
ocorre na faixa > 7,0 mas não é nocivo ao meio ambiente.
Agora a fim de elucidar o uso de determinadas substâncias nesse processo segue algumas
delas, e o seu funcionamento na forma de tópicos:
Ozônio - Substância com alto poder oxidante, tem sido largamente utilizada para
tratamento de água e efluentes provenientes de indústrias, uma vez que além de destruir
moléculas orgânicas poluentes, é capaz de destruir vírus e bactérias. Pode ser utilizado em
conjunto com a radiação ultravioleta (UV), ou seja, com irradiação, ou com peróxido de
hidrogênio (H2O2 ) como oxidante auxiliar, pois acaba gerando um maior número de radicais
hidroxila e, portanto, uma maior eficiência. O O3 pode ser utilizado em fase líquida ou gasosa.
Além disso, em pH > a 7, pode ocorrer a reação com o OH- .
Fotocatálise heterogênea utilizando dióxido de titânio (TiO2 ) - Se apresenta como um
competente processo para destruição de diversos compostos orgânicos voláteis, além de ser
capaz de degradar alcanos, organoclorados, álcoois, ácidos carboxílicos, fenóis, clorofenóis,
herbicidas, surfactantes e corantes, levando a mineralização desses poluentes e gerando
dióxido de carbono, água e íons do heteroátomo presente como produtos. Para a ocorrência
de fotocatálise, é necessário a ativação de semicondutor, como TiO2 ou ZnO, que através da
diferença de potencial positivo existente na lacuna, é capaz de gerar radicais hidroxila a partir
de moléculas de água adsorvidas em sua superfície, radical este capaz de oxidar o
contaminante orgânico e destruí-lo.
Reagente de Fenton - Solução contendo peróxido de hidrogênio e um sal de ferro (Fe2+
ou Fe3+ ) no qual, em meio ácido, gera radicais hidroxila com alto poder oxidante. Esses
reagentes podem ser classificados em: reagente de Fenton, reagente Foto-Fenton (com hV),
Fenton modificado e Foto-Fenton modificado. Eles têm sido largamente utilizados para a
destruição de contaminantes orgânicos variados.
Também em forma de tópicos segue se vantagens e desvantagens do uso POAs:

As principais vantagens são:


● Mineralização do poluente;
● Transformação de produtos refratários em compostos biodegradáveis;
● Utilizados para compostos orgânicos recalcitrantes;
● Possuem alto poder oxidante, com cinética de reação elevada;
● Não formam subprodutos quando utilizados a quantidade correta;
● Seus produtos de reação não são tóxicos: CO2 e H2O, basicamente;
● Não apresentam seletividade;
● A maioria dos tratamentos pode ser in situ.

Algumas desvantagens:
● Algumas operações possuem custos elevados;
● A não seletividade pode oxidar espécies indesejadas e mudar estados de oxidação dos
metais

Por fim, segue-se algumas aplicações dos processos oxidativos avançados:

● Branqueamento de papel;
● Indústria têxtil;
● Produção de água potável;
● Manufatura de alimentos;
● Indústria petroquímica, eletrônica;
● Remediação de solos contaminados;
● Tratamento de efluentes;
● Oxidação de resíduos de lixiviação de aterro;

- Referências bibliográficas:

1- TEIXEIRA, C.P.A.B.; JARDIM, W.F. Caderno temático: Processos Oxidativos Avançados –


Conceitos teóricos. Campinas: UNICAMP, 2004. 3v. Disponível em:
http://lqa.iqm.unicamp.br/cadernos/caderno3.pdf . Acesso em: 30 out. 2019.
2- SILVA, Paula Tereza de Souza. Estudo dos Processos Oxidativos Avançados para o
Tratamento dos Solos Contaminados por Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos.
2007. Tese (Doutorado em Química) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife -
PE, Março/2007.Disponível em:
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/9811/1/arquivo9552_1.pdf. Acesso
em: 30 out. 2019.
3- Disponível em : <https://polyorganic.com.br/percarbonato-de-sodio-substitui-o-
perborato-de-sodio/> Acesso em: 1 nov. 2019
4- Disponível em : <http://quimicaeducacao.blogspot.com/2008/10/httpwww.html>
Acesso em: 1 nov, 2019.
Instituto de Química
UFF- Universidade Federal Fluminense
GQI – Departamento de Química Geral e Inorgânica
Química Inorgânica Experimental I

Processos Oxidativos Avançados


(POA)

Aluno: Gabriel Garcia


Profa: Aline
Data: 01/11/2019

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