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Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto- USP.

Av. Bandeirantes, 3900. Monte Alegre, CEP 14040-901, Ribeirão Preto, SP.

Síntese da cicloexanona: Oxidação de álcoois a compostos carbonílicos por


métodos de Química verde.
*Camila de Oliveira Murari, Gabriela dos Reis de Souza e Marco Aurélio Teodoro da Silva.
Departamento de Química, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto- USP. Av. Bandeirantes, 3900.
Monte Alegre, CEP 14040-901, Ribeirão Preto, SP. *camilaomurari@usp.br

Palavras-chave: síntese orgânica, oxidação, química verde.


norte-americana Environmental Protection Agency
Introdução
A oxidação em química orgânica corresponde, (EPA). Isso ocorreu após a criação de uma lei

normalmente, ao aumento do grau de ligação do nacional de prevenção à poluição.

carbono a um átomo eletronegativo. Os dois definiram a Química Verde como sendo

Uma das reações mais importantes que os o “desenvolvimento de produtos químicos e

álcoois sofrem é a oxidação, pois os produtos processos que buscam a redução ou eliminação do

carbonílicos produzidos por essa transformação são uso e da geração de substâncias perigosas”. Esse

amplamente aplicados industrialmente. conceito foi aceito pela IUPAC em 1993.

Álcoois primários são oxidados aldeídos ou a Dessa forma, a Química Verde apresenta os

ácidos carboxílicos, já os secundários podem ser seguintes objetivos:

oxidados a cetonas e os terciários não reagem com  Redução de consumo de energia;

maioria dos agentes oxidantes devido à falta de  Redução dos dejetos (materiais que são
hidrogênio ao carbono hidroxilado. descartados na natureza);
Na literatura é descrito um grande número de  Redução da toxicidade;
reagentes para oxidação de álcoois, principalmente a  Redução do uso de fontes não renováveis;
base de cromo, que apesar de apresentarem  Redução dos riscos de poluição ao meio
rendimentos satisfatórios ofertam risco ambiental ambiente;
muito grande. Dado aplicação da química verde, tais  Redução do uso de matéria-prima.
reagentes vêm sendo substituídos por substancias Para tentar resolver a problemática gerada pelas
que ofertam risco menor ao meio ambiente e a saúde ações do homem ao longo do tempo na natureza, a
humana. Química Verde busca incessantemente o
desenvolvimento de novas tecnologias e reações
químicas que não gerem poluição a do meio
ambiente. Para isso, existem algumas ações que são
obrigatórias dentro da Química verde:
 Utilizar reagentes alternativos e renováveis;
 Utilizar reagentes que diminuam a perda de
materiais;
 Substituição dos solventes tóxicos;
 Aprimorar processos naturais de síntese;
 Desenvolver novas substâncias que não
Resultados e Discussão
poluam o meio ambiente;
A Química Verde é um ramo da Química que foi
definido pela primeira vez em 1991, por John Warner
e Paul Anastas, membros da agência ambiental

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 Desenvolvimento de condições para que as Figura 1. Reação de 1-propanol oxidando a ácido


reações químicas tenham maior rendimento e propanoico.
produzam menos impurezas;
 Minimizar o consumo de energia.
Consoante a isto, a oxidação de álcoois é
considerada uma das principais transformações
químicas na indústria, e já estão sendo utilizadas
Fonte: Professor Ufop – Química Orgânica Ambiental.
técnicas que atendam os princípios da química
verde.
Outrossim, na oxidação de um álcool primário à
Existem alguns métodos menos prejudiciais que
aldeído o produto formado deve ser removido por
são utilizados para oxidação de álcoois. Porém,
destilação, uma vez que os aldeídos são facilmente
tratando-se dos métodos convencionais, sabe-se
oxidados aos ácidos carboxílicos correspondentes
que o produto formado a partir da oxidação de álcoois
devem-se remover o mais rápido possível o aldeído
depende tanto do agente oxidante utilizado, bem
que vai sendo formado.
como a natureza do álcool de partida. Por exemplo,
Enquanto isso, um álcool secundário é oxidado a
os álcoois primários, por meio de oxidação
uma cetona. Nesse caso, também se utiliza uma
controlada, produzem aldeídos. Dessa forma, a
solução de K2Cr2O7 + H2SO4. O 2-pentanol é oxidado
oxidação é feita com uma solução de Dicromato de
então a 2-pentanona, seguindo a reação abaixo
potássio, em água e em meio ácido, porém, torna-se
mostrada:
necessário utilizar um sistema de destilação para
realizar a remoção do aldeído que também é
Figura 2. Reação de álcool secundário oxidado a
formado, visto que os aldeídos são facilmente
uma cetona com utilização de uma solução de
oxidados aos ácidos carboxílicos correspondentes.
K2Cr2O7 + H2SO4.
Portanto, em alguns casos, a utilização de Dicromato
de potássio é excessiva e pode-se utilizar aldeídos
para sua remoção. No entanto, apesar de ser um
processo relativamente barato e simples, a amostra Fonte: Professor Ufop – Química Orgânica Ambiental.

pode ser contaminada com os ácidos carboxílicos


produzidos pela redução do Dicromato. Além disso, É importante ressaltar que os álcoois

se pode produzir cetonas nesse processo também, secundários se oxidam apenas em cetonas, que não

dificultando a purificação e aumentando o custo da passam por uma nova oxidação, enquanto que como

oxidação. Nesse sentido, tem-se que o 1-propanol, já dito os álcoois primários podem se oxidar a

em condições controladas, irá se oxidar a propanal, aldeídos e a ácidos carboxílicos. Isso comprova que

conforme reação abaixo. as reações de oxidação de álcoois secundários

3CH3CH2CH2OH + 2K2Cr2O7 → CH3CH2CHO + 4Cr apresentam melhores rendimentos. É possível

Quando a reação de um álcool primário com o realizar a oxidação de um álcool secundário

Dicromato de potássio ocorre em condições não utilizando como agente oxidante o ácido crômico

controladas, ocorre a formação principalmente do (H2CrO4). Sabe-se que o ácido crômico é preparado

ácido carboxílico correspondente, de modo que o 1- pela adição do óxido crômico (CrO3) ou dicromato de

propanol irá oxidar a ácido propanóico: sódio (Na2Cr2O7) ao ácido sulfúrico (H2SO4). O ácido
crômico é classificado como um ácido ligeiramente
forte, de modo que seu primeiro hidrogênio é

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facilmente perdido. Faz-se uso de uma solução Figura 5. Reação de oxidação de um álcool
sulfocrômica, de modo que a quantidade de hidrônio secundário utilizando como agente oxidante o ácido
é muito grande e de total importância para a reação. crômico.

Figura 3. Reação de oxidação de um álcool


secundário utilizando como agente oxidante o ácido
crômico.

Fonte: Professor Ufop – Química Orgânica Ambiental.

A posterior oxidação do álcool e redução do


cromo se dá pelo fato de que o éster cromato é muito
instável e assim transfere um próton para uma base
e simultaneamente elimina o íon HCrO-3, de modo
Fonte: Professor Ufop – Química Orgânica Ambiental. que o cromo sai com o par de elétrons que pertencia
ao álcool, formando então a cetona.
Devido ao caráter positivo formado no átomo de
cromo, o oxigênio do álcool doa um par de elétrons Figura 6. Reação de oxidação de um álcool
para o íon crômico, o hidrogênio da hidroxila é secundário utilizando como agente oxidante o ácido
abstraído para a formação do hidrônio e uma crômico formando a cetona.
hidroxila do ácido crômico captura um próton do
hidrônio. Nesse momento, a água funciona como
uma base e o álcool é capaz de doar um próton.

Figura 4. Reação de oxidação de um álcool


secundário utilizando como agente oxidante o ácido
crômico. Fonte: Professor Ufop – Química Orgânica Ambiental.

Vale ressaltar que, a oxidação dos álcoois


secundários obtém melhores resultados pois em sua
oxidação irão formar apenas um composto cetona. Já
com os álcoois primários é necessário obter a
primeira oxidação que irá formar aldeído, a após a
Fonte: Professor Ufop – Química Orgânica Ambiental.
oxidação do aldeído a oxidação continua, pois
reagentes para oxidar álcool são mais fortes do que
O oxigênio atrai fortemente o par da ligação
os usados para oxidar um aldeído, produzindo então
cromo-oxigênio, desestabilizando a ligação que é
um ácido carboxílico.
rompida, saindo então como grupo abandonador.
Novamente, o cromo retorna a ter uma carga positiva
que vai ser compensada através de uma nova
ligação com o oxigênio com carga negativa presente
na molécula formando uma dupla ligação.

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Figura 7. Reação de oxidação de álcoois Friedel-Crafts. A ozonólise de alquenos produz


secundários. cetonas, aldeídos ou uma mistura de ambos. É
produzido por hidrólise.

Figura 10. Reação de ozonólise de alquenos.

Fonte: Professor Ufop – Química Orgânica Ambiental.


Fonte: Professor Ufop – Química Orgânica Ambiental.

O 1,4-hexanodiol é oxidado a ácido 4- Também é preciso ressaltar que a hidratação de

oxohexanóico, visto que possui um álcool primário, Markovnikov de um alquino produz inicialmente um

formando um ácido carboxílico e um álcool álcool vinílico que então se rearranja rapidamente

secundário, formando uma cetona. para uma cetona. A adição de água a alquinos em
presença de ácido forte e íons mercúrios Hg2+ forma

Figura 8. Reação de oxidação do 1,4-hexanodiol a como produto um álcool vinílico que se tatutomeriza

ácido 4-oxohexanóico. para uma cetona.

Figura 11. Reação de hidratação de Markovnikov de


um alquino.

Fonte: Professor Ufop – Química Orgânica Ambiental.

Já o ácido 4-hidroxioctanóico possui como


funções um álcool e um ácido carboxílico. O ácido
carboxílico se encontra no seu máximo estado de Fonte: Professor Ufop – Química Orgânica Ambiental.
oxidação, por esse motivo, apenas o álcool
secundário presente será oxidado, formando então o A síntese de Friedel-Crafts é utilizada para a

ácido 4-oxo-octanoico. obtenção de cetonas aromáticas.

Figura 9. Reação de álcool secundário sendo Figura 12. Reação de síntese de Friedel-Crafts.

oxidado, formando o ácido 4-oxo-octanoico.

Fonte: Professor Ufop – Química Orgânica Ambiental.


Fonte: Professor Ufop – Química Orgânica Ambiental.

Ademais, um aldeído (por exemplo, acetaldeído)


É importante ressaltar que existem outros
pode ser usado para destruir o excesso de dicromato
métodos para a preparação de cetonas. Dentre
na reação de oxidação, uma vez que esta, é tida
esses métodos, pode-se citar o método de ozonólise
como branda, o que permite que o aldeído consuma
de alquenos, hidratação de alquinos e síntese de
todo o excesso de dicromato. Excesso de dicromato

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oxida o aldeído a um ácido carboxílico, de modo que Figura 14. Esquema de aparelhagem para obtenção
o aldeído é destilado à medida que forma (volátil). A de cetona a partir de álcool secundário com a
vantagem está relacionada com a retirada de cromo oxidação do hipoclorito de sódio.
do meio (que em seu estado de oxidação VI pode
causar danos) e as desvantagens são
desconhecidas.
Sendo os agentes oxidantes à base de cromo
tóxicos e prejudiciais ao meio ambiente e saúde
humana, conforme descrito, atualmente, propõe-se
novos métodos dentro da química orgânica. Uma das
maneiras mais limpas e práticas de obter-se cetonas
a partir de álcoois secundários é a oxidação com
hipoclorito de sódio, o qual pode ser fornecido a partir
de água sanitária.
A oxidação citada inicia-se com a adição de ácido Fonte: Autoria própria.

acético à água sanitária, esse procedimento, provoca


Figura 15. Esquema de aparelhagem para obtenção
a formação de ácido hipocloroso, HOCl. O cloro,
de cetona a partir de álcool secundário com a
nesse caso, encontra-se em seu estado de oxidação
oxidação do hipoclorito de sódio.
+1. Portanto, a reação origina íons Cl+. Após a
formação desse agente oxidante, o ácido hipocloroso
abstrai um próton da solução ácida, originando a
espécie H2OCl+. O par de elétrons disponível no
oxigênio do ciclohexanol, ataca o átomo de cloro, de
modo que, ocorre a formação de uma molécula de
água. Posteriormente, a água abstrai um próton do
carbono da hidroxila, formando uma ligação dupla e
eliminando o cloreto. O esquema abaixo permite a
melhor compreensão dos mecanismos envolvidos.

Figura 13. Reação de obtenção de cetona a partir de


álcool secundário, através da oxidação com Fonte: Autoria própria.

hipoclorito de sódio (água sanitária).


Após a formação do produto desejado, faz-se
uma lavagem com bissulfito de sódio. A adição desse
composto é realizada a fim de retirar-se os agentes
oxidantes que ainda possam estar presentes na
amostra. O bissulfito é redutor, portanto, permite a
conversão de HOCl em NaCl, caso ainda exista esse
reagente presente.
Por fim, realiza-se uma extração com fase
orgânica (diclorometano), de modo a aproveitar-se
Fonte: Simpósio de Iniciação Científica, Didática e de
Ações Sociais da FEI. ao máximo a distribuição do analito nesse solvente.

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Por
isso, realiza-se duas extrações com volumes iguais Figura 17. Etapa da extração com fase orgânica
em substituição a apenas uma com volume dobrado. (diclorometano).
A extração liquido-liquido baseia-se na distribuição
da amostra desejada em diferentes solventes. No
entanto, existe um limite em que a amostra pode ser
particionada entre as duas fases, relacionado a
constante chamada coeficiente de partição. Essa
constante está intrinsicamente ligada a razão entre a
solubilidade do analito em cada um dos solventes e
permanece constante durante o equilíbrio de
solubilidade. Assim, quando realizamos duas
extrações, a primeira retira apenas uma parte da
amostra, de modo que, a quantidade restante, na
segunda extração, é novamente distribuída entre as
fases. Caso realizássemos apenas uma, a amostra
Fonte: Autoria própria.
ficaria limitada ao coeficiente de partição (ainda que
é possível extrair mais com maior volume), e,
Em seguida, as fases orgânicas foram reunidas
portanto, a quantidade restante não poderia ser
em um erlenmeyer e foi utilizado um agente secante,
aproveitada.
filtrou-se e foi transferido para um balão de fundo
redondo. Secou-se em evaporador rotativo conforme
Figura 16. Etapa da extração com fase orgânica
demonstra a Figura 18.
(diclorometano).

Figura 18. Esquema da aparelhagem do evaporador


rotativo.

Fonte: Autoria própria.


Fonte: Autoria própria.
O produto obtido (descrever o produto) foi
destilado em sistema de destilação fracionada
(Figura 19) para obtenção da ciclohexanona.

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Figura 19. Esquema da aparelhagem para a etapa 𝐻𝑖𝑝𝑜𝑐𝑙𝑜𝑟𝑖𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑠ó𝑑𝑖𝑜: (0,00074 𝑥 130) = 0,096 𝑚𝑜𝑙𝑠
de destilação fracionada. Portanto, como a reação é 1:1, o hipoclorito de
sódio está em excesso, de forma que, são
produzidos 0,070 mols de ácido hipocloroso. Essa
quantidade reage com igual quantia de ciclohexanol,
portanto, espera-se formar 0,070 mols de
ciclohexanona (massa molar = 98,15 g/mol). Sendo
assim:
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑜𝑏𝑡𝑖𝑑𝑎
𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 =
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎
3,7967
= 𝑥 100% = 55,26%
0,070 𝑥 98,15
Urge pautar que, não houve tempo necessário
Fonte: Autoria própria.
para realizar a destilação fracionada até a conclusão
da mesma. Dessa forma, o grupo não pode afirmar
Figura 20. Esquema da aparelhagem para a etapa
que foi realizada a destilação fracionada de maneira
de destilação fracionada.
certeira a se obter somente a ciclohexanona. O valor
da massa obtida, foi o valor da massa pesada sem a
realização da destilação, a mesma foi montada e
iniciada, porém precisou ser interrompida pela falta
de tempo para finalizá-la.
Além disso, sabe-se que, a água sanitária é uma
solução contendo hipoclorito de sódio, hidróxido de
sódio, cloreto de sódio e cloro gasoso. A adição de
ácido acético promove a formação de ácido
hipocloroso e acetato de sódio. Na oxidação de
álcoois utilizando água sanitária e ácido acético, o
agente oxidante é o íon Cl+, gerado a partir de NaOCl,
HOCl ou CI2. Logo, um mecanismo possível para a
oxidação do ciclo-hexanol (formando cicloexanona),
Fonte: Autoria própria. a partir da redução do íon Cl+ (gerando CI-) é
expresso na Figura 21.
A observação dos esquemas representados
acima, permite determinar-se o rendimento da Figura 21. Mecanismo possível para a oxidação do
reação de oxidação. A primeira reação é a formação ciclo-hexanol (formando cicloexanona), a partir da
do ácido hipocloroso através do hipoclorito de sódio redução do íon Cl+.
e ácido acético. Foram adicionados 4,0 mL de ácido
acético glacial, de densidade 1,05 g/mL. Além disso,
130 mL de solução 0,74 mol/L de hipoclorito de sódio.
Desse modo, sabendo-se que a massa molar do
CH3COOH é 60,052 g/mol, têm-se que em moles:
4,0 𝑥 1,05
Á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜: = 0,070 𝑚𝑜𝑙𝑠
60,052
Fonte: Professor Ufop – Química Orgânica Ambiental.

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Ou
Sendo assim, a caracterização do produto obtido
pela reação de oxidação indica que o ciclohexanol
não foi totalmente convertido em ciclohexanona. Isto
é, no produto final ainda existia quantidade
significativa do material de partida, uma vez que a
destilação fracionada foi interrompida. O
procedimento objetivava a produção da
ciclohexanona, no entanto, não se pode obter tal
composto. Um dos motivos para a falha no
procedimento pode ser a temperatura da reação. A
oxidação do ciclohexanol precisa de temperatura
controlada em 40-45°C, de modo que, abaixo de 40
°C, o rendimento da reação é drasticamente
reduzido. Portanto, um controle malsucedido pode
reduzir a oxidação. Além disso, a etapa de
purificação deve ser realizada com extrema precisão,
pois constitui-se de uma destilação fracionada. A
diferença entre as temperaturas de ebulição da
ciclohexanona e ciclohexanol é de apenas 5 °C, logo,
uma destilação malfeita e/ou não realizada de
maneira certeira e completa pode provocar a
contaminação por ciclohexanol. Soma-se a esses
fatores, a possível decomposição da água sanitária,
originando uma solução de menor concentração de
hipoclorito de sódio. Ainda é possível que a amostra
tenha sido contaminada com oxigênio e água
atmosféricos ou outros compostos presentes no ar.

5- Sugira um mecanismo para a oxidação


de um álcool secundário, utilizando-se
Na2Cr2O7/H2SO4 como oxidante:

Conclusão
Dado o exposto, acredita-se que

_________________________________________
1 Zorzanelli, B. C.; Muri, E. M. F. Oxidação de Álcoois em Química Verde. Rev. Virtual
Quim., 2015, 7 (2), 663-683.
2 Correa, A, G, de Oliveiro, K.T.; Paixão, M.W.; Brocksom, T.J. Química Orgânica
Experimental: Uma abordagem de Química Verde, 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016

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Objetivo
Sintetizar a cicloexanona a partir do ciclo-
hexanol, por meio da oxidação de água sanitária
comercial (hipoclorito de sódio) em meio ácido.

Procedimentos Experimentais
Um funil de adição, uma tampa esmerilhada e um
condensador foram adicionados a um balão de 3
bocas de 250 mL.
Ao balão, adicionou-se 8,0 mL de ciclohexanol e
4,0 mL de ácido acético glacial. Ao funil, adicionou-
se 130 mL de solução 0,74 M de hipoclorito de sódio
(água sanitária).
O NaOCl foi adicionado cuidadosamente à
mistura do balão por aproximadamente 20 minutos
gota a gota. A temperatura da reação foi controlada
em 40-45°C. O sistema foi agitado ocasionalmente e
após a adição total de hipoclorito de sódio, a mistura
ficou em repouso por 15 minutos. Após repouso,
adicionou-se 3 mL de solução saturada de bissulfito
de sódio, agitou-se e transferiu-se a mistura para um
funil de separação.
No funil, uma extração foi realizada com duas
porções de diclorometano de 20 mL. A fase orgânica
foi retirada e seca com carbonato de potássio anidro.
Filtrou-se diretamente em um balão e levou-se ao
evaporador rotativo para eliminação do solvente. O
material obtido foi então transferido a um balão
menor e purificou-se o produto final por destilação
fracionada. Por fim, foi pesado o produto final e
calculou-se o rendimento.

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Conclusão
Dado o exposto, acredita-se que o experimento permitiu aos alunos a compreensão e
aplicação de alguns dos princípios de química verde, a qual demonstra-se de grande importância
em sínteses orgânicas. Além disso, atingiu com eficiência o objetivo de auxiliar no entendimento
de alguns mecanismos de oxidação em química orgânica, assim como as condições envolvidas
nesses processos e seus reagentes.
Apesar de atingir os objetivos de ensino, a prática foi incapaz de produzir o composto
desejado por oxidação do ciclohexanol. O procedimento pode ter falhado por três fatores
principais: controle de temperatura, purificação e reagentes. Possivelmente, a temperatura não
foi bem controlada e a purificação mal realizada (destilação fracionada interrompida), não
alcançando a completa oxidação da molécula. O rendimento calculado (de 55%) não é real, visto
que, o produto não era composto por ciclohexanona, logo, possivelmente contaminado com
outras substâncias.
A prática pode ser melhorada com uma padronização da solução de água sanitária comercial,
a qual, eventualmente, não apresenta a concentração informada. Além disso, com um melhor
controle de todos os fatores envolvidos durante o procedimento.

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