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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
CONTRATOS INTERNACIONAIS................................................................................................................ 9
CAPÍTULO 1
TEORIA GERAL E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS INTERNACIONAIS ............................................. 9
CAPÍTULO 2
CONTRATOS INTERNACIONAIS ESPECIAIS................................................................................. 54
CAPÍTULO 3
A OMC, O CADE E OS CONTRATOS INTERNACIONAIS ........................................................... 102
UNIDADE II
REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR........................................................................................... 106
CAPÍTULO 1
A ORGANIZAÇÃO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL ....................... 106
CAPÍTULO 2
A JURISDIÇÃO ADUANEIRA ................................................................................................... 114
CAPÍTULO 3
IMPORTAÇÃO ...................................................................................................................... 127
CAPÍTULO 4
EXPORTAÇÃO....................................................................................................................... 150
CAPÍTULO 5
REGIMES ADUANEIROS.......................................................................................................... 171
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 187
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
5
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
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Introdução
Os contratos envolvendo regras jurídicas de Estados diferentes podem dar ensejo à ideia
de contrato internacional, seja porque há a transferência de dinheiro ou de mercadorias
ou então o envio de materiais para outro país.
Nesse caso, os contratantes devem ter muita atenção na elaboração das cláusulas
contratuais, pois uma regra permitida, em um determinado Estado, pode ser proibida,
estranha ou mesmo inexistente no outro. Outro ponto importante e fundamental
é a escolha adequada do direito aplicado ao contrato, para evitar discussões acerca
da qualificação ou mesmo a situação da aplicação do instituto do reenvio no Direito
Internacional.
Há diversos tipos contratuais importantes que irão ser abordados, tais como o contrato
de franquia internacional, compra e venda mercantil internacional, importação de mão
de obra estrangeira, a questão da contratação pelo meio virtual e a relação entre CADE
e OMC nos contratos internacionais.
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Objetivos
»» Promover o estudo lógico-sistemático e crítico-reflexivo do instituto do
comércio internacional e as repercussões tributárias.
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CONTRATOS UNIDADE I
INTERNACIONAIS
CAPÍTULO 1
Teoria geral e formação dos contratos
internacionais
Por esse motivo, o contrato internacional cada vez mais se integra ao dia a dia
empresarial, tanto das pessoas físicas como das jurídicas de direito público e de privado
interno, passando do domínio antes reservado a alguns especialistas para um número
crescente de pessoas comuns. O que justifica uma pressão pela crescente necessidade
de estruturar um modelo jurídico internacional para o mundo economicamente
semiglobalizado
Já que os modelos que tiveram papel e relevância durante décadas estão claramente em
crise, diante de um contexto internacional substancialmente modificado, em virtude da
maior interligação dos negócios jurídicos e dos extraordinários desenvolvimentos das
tecnologias de comunicação: das transferências de montantes inimagináveis de recursos,
de um ponto a outro do planeta em segundos, combinada com a circulação de dados em
tempo real, tornada efetiva e disponível para o comum dos mortais. Continuam as mesmas
a serem reguladas por diferentes direitos nacionais que tratam de forma diversificada
idênticas situações. Tais procedimentos geram grandes dificuldades ao desenvolvimento
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
A concepção do contrato
O contrato é o instrumento pelo qual se celebra um acordo de vontades acerca de
determinado objeto. Nele, as partes estipulam regras a que ficam subordinadas, criando
direitos e obrigações.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
O art. 421 do CC faz com que o contrato esteja integrado na sociedade, como meio de
realizar os fins sociais, pois determinou que liberdade contratual deve ser “exercida
em razão e nos limites da função social do contrato”. Esse dispositivo legal alarga,
ainda mais, a capacidade do juiz de proteger o mais fraco na contratação, que, por
exemplo, possa estar sofrendo pressão econômica ou os efeitos maléficos ou cláusulas
ou publicidade enganosa. (THEODORO JÚNIOR, 2004, pp. 12-15).
O princípio da pacta sunt servanda tem como padrão que “as estipulações pactuadas
devem ser fielmente cumpridas. Somente nesse contexto, os contratantes atam as suas
vontades, não tendo de se preocupar com o contexto social da época da contratação
e que os colocaram face a face”. (AQUINO, 2003, p. 21). A ideia geral do princípio é
gerar segurança e credibilidade ao pactuado, não sendo absoluto, pois as partes podem
prever no contrato cláusulas que permitem a modificação do contrato ou mesmo por
determinação judicial, no caso de rompimento da base contratual pactuada.
O princípio da rebus sic stantibus permite que o contrato seja modificado quando
ocorrer transformações na base contratual, assim, enquanto as situações contratuais
não sofrerem alterações, perdurará a obrigatoriedade. Porém, no caso de haver
transformações, será permitida uma revisão ou readaptação dos termos contratuais.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Contrato internacional
Parte da doutrina portuguesa que adota o critério econômico para caracterizar o contrato
como internacional. E nesse espectro, deve-se observa a posição de Collaço (1954, p. 28)
que adota esse, afirmando que o contrato será sempre internacional quando ocorrer
uma “[…] transferência de valores de país para país”, observando em particular o caso
da compra e venda.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Já Pinheiro (1998, pp. 379-381) afirma que este critério da transferência de valores não
pode servir de base para caracterizar o contrato como internacional, pois no contrato de
empreendimento comum ocorrem, normalmente, diversas transferências de valores e
bens, entretanto estas transferências podem ser insignificantes ou mesmo inexistentes
em um contrato celebrado entre partes que desenvolvam as suas atividades em países
diferentes e assim mesmo serem considerados internacionais, bem como ministra que
em um contrato de joint venture entre empresas situadas em um mesmo país pode
ser considerado internacional desde que haja a transferência de valores. Afirmando
que por si só o critério de fluxo e refluxo de valores não é suficiente para se classificar
o contrato como internacional. Assim, para esse autor, o contrato será internacional
quando estiver em jogo interesses do comércio internacional.
Jacquet (1983, pp. 255-256) entende que o contrato tem caráter internacional mesmo
quando a relação entre as partes tenha sido submetida à lei do Estado da parte
contratante, pois o pacto continha disposições referentes à lei do Estado onde o contrato
foi cumprido.
Batista (1994, p. 56) disciplina que “há contratos celebrados entre pessoas de diferentes
países que implicam o tráfego de bens e valores entre esses países e que, assim, podem ser
chamados de internacionais, mas há outros, todavia, cujo caráter internacional é falso”.
Aquino (2012, p. 754) afirma que “para caracterizar o contrato como internacional, é
necessária à existência de qualquer elemento de estraneidade; assim, bastará à presença
de um elemento estranho, como, por exemplo, a nacionalidade das partes, o domicílio
dos contratantes ou a localização do objeto”.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
A Lei de Introdução do Código Civil alemão (de 1986) demonstra que as situações que
tenham conexão com o direito de outro Estado será internacional. (Art. 3o).
A Lei Federal suíça disciplina que será internacional a relação jurídica que envolver
matéria internacional ou em situação internacional. (Art. 1o).
O Código Civil de Quebec propõe que será internacional a relação jurídica que envolver
mais de uma ordem jurídica e que será aplicada a lei que tiver conexão mais estreita
com o contrato.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
O Brasil ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre Contratos de Compra e Venda
Internacional de Mercadorias. Não há na Convenção conceito de contrato internacional,
mas a ideia de sua aplicação a partir da existência de domicílios dos contratantes
situados em Países diferentes.
Contrato
Se estiveres contente, dou-te uma maçã; se tiveres medo, torço a tua mão; e se
me deixares, quero apertar-te, sem te fazer mal, contra o coração.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Isto é um contrato, só com dois se faz: venho oferecer-te com desesperada calma,
sendo incerto que estes nossos jogos possam dos amantes expulsar demônios.
Gastão Cruz
Para o contrato ser considerado como comercial, deve ter pelo menos um sujeito como
empresário e que a função econômica do negócio esteja relacionada à exploração de
atividade empresarial.
Forgioni (2009, pp. 55-150) demonstra a função econômica do contrato como norte do
contrato, uma vez que as partes emitem as suas declarações de vontade com a intenção
circular bens ou serviços, manter um cunho associativo ou organizacional.
A função econômica do contrato é referida por Gomes (2008, pp. 23-24) como a:
Isso ocorre porque o contrato é antes de tudo um fenômeno econômico, isso porque
o contrato reflete sempre uma realidade exterior ao conceito jurídico. Roppo (1988,
p. 7) afirma que é imperioso para compreender o contrato adentrar na sua realidade
econômica “que lhe subjaz e da qual ele representa a tradução cientifica-jurídica”.
Logo a função econômica vincula-se estritamente aos interesses particulares das partes
contratantes.
Gomes (2008, p. 22) aponta a variedade de funções econômicas: (a) para promover a
circulação de riquezas; (b) de colaboração; (c) prevenção de riscos; (d) de conservação;
(e) dirimir controvérsia; (f) concessão de crédito e; (g) constitutivo de direitos reais de
gozo e garantia de bens móveis.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
vácuo jurídico ou mesmo subordinada às regras de conflitos dos direitos que podem
ser acionados em caso de inadimplemento de uma das partes. (AQUINO, 2003, p. 46).
A autonomia privada poderá assumir uma dupla dimensão: (a) dimensão material,
entendida como liberdade de modelação pelas partes dos direitos e obrigações
emergentes do contrato; (b) dimensão conflitual, entendida como a possibilidade
reconhecida aos contraentes de escolherem o sistema jurídico que funcionará como
norma reguladora do contrato, e consequentemente, balizará a liberdade contratual
das partes (RAMOS, 1990, p. 453).
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Strenger (1986, pp. 554-557) dispõe que a lex mercatoria procura a sustentação nos
sistemas jurídicos dos Estados para a recognição de suas fontes e a execução das decisões
arbitrais. Vicente (1990, pp. 136-179) preleciona que as bases da lex mercatoria se
encontram estabelecidas nos seguintes fundamentos: (a) usos profissionais; (b)
contratos-tipos; (c) regulamentações profissionais ditadas nos limites de cada profissão
por suas associações representativas e; (d) jurisprudencial arbitral.
Assim, as partes, diante da autonomia privada, podem escolher a lex mercatoria como
regra aplicável para possível resolução de litígios decorrentes do contrato.
Elementos de conexão
O contrato internacional traz em si mesmo um elemento de estraneidade que pode ligá-
lo de forma efetiva ou potencial a dois ou mais sistemas jurídicos. Esses elementos de
estraneidade são denominados de elementos de conexão, constituindo o vínculo que
relaciona um fato relevante a determinado sistema jurídico. Em Direito Internacional
Privado, esses elementos ou pontos de conexão, têm a função de indicar o elemento
estrangeiro ou de estraneidade, ou ainda, fato anormal. De acordo com Castro (2005,
pp. 427-433), não são nada mais que elementos fáticos no qual um determinado sistema
legislativo confere essa valoração no sentido de indicar a norma aplicável.
Pinheiro (1998, pp. 846-857) cita como alguns exemplos de elementos de conexão, a
autonomia privada, o lugar da proposta, da recepção ou, ainda, da aceitação da mesma,
a capacidade das partes, o lugar do cumprimento das obrigações, o lugar da residência
habitual das partes, a sede ou estabelecimento das partes contratantes, a nacionalidade
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
das partes, a lei do foro onde a demanda deve ser julgada, a lei que foi designada pelas
partes no contrato ou, ainda, a ideia de aplicar ao contrato o direito com o qual ele
esteja mais estreitamente vinculado.
Diante das diferenças de sistemas legislativos e das qualificações diversas que estes
emprestam aos vários elementos de conexão é, evidente, a possibilidade de conflitos
de leis. A complexidade do problema, ainda, não foi satisfatoriamente resolvida pela
doutrina, e nem pelas convenções e, tão pouco, pela jurisprudência.
Assim, é difícil determinar uma forma universal e abstrata para todos os contratos
internacionais, que vise estabelecer qual a lei mais conveniente para dirimir o litígio.
Teoria da qualificação
A teoria da qualificação é necessária, pois os sistemas jurídicos possuem regulamentação
distinta para os fatos jurídicos. Assim, os conceitos variam de legislação para legislação,
tanto no que tange o linguajar quanto também na qualificação, ou ainda, quando nas
legislações envolvidas no contrato inexiste uma determinada instituição.
Strenger (2000, p. 392) afirma que “se tivermos uma questão de direito internacional
privado, é preciso determinar a forma pela qual ela se enquadra no sistema jurídico de
determinado país”.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Del’Olmo (2010, p. 35) demonstra que “a qualificação deve anteceder a escolha da lei
aplicável, sendo sempre processual”, pois se qualificam “apenas questões jurídicas e
nunca simples fatos, que não tem qualificação em si mesmos”.
Pela teoria do reenvio ou da devolução, sempre que ocorrer um conflito, será a lei
estrangeira aplicada por disposição da lei nacional. Dessa forma, o reenvio pode ser em
escalas: (a) de primeiro grau, quando o conflito normativo envolver dois Estados; (b) de
segundo grau, se envolver três Estados e assim por diante.
O direito brasileiro exclui de forma peremptória aplicação desse instituto, pois o art. 16
da LINB dispõe que “quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar
a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer
remissão por ela feita a outra lei”.
Riscos contratuais
A expressão risco segundo Alpa (1989, p. 1.146) pode ser, genericamente, dividida entre
o risco de inadimplemento, que se verifica quando uma das prestações não é realizada
por fato voluntário ou culposo do devedor, por intervenção de terceiro, ou por caso
fortuito, e o risco de diminuição da vantagem econômica do negócio por preexistência
ou superveniência de circunstâncias previstas ou previsíveis e que não comportam o
inadimplemento em sentido técnico, mas a perturbação da economia originária do
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Machado (1988, p. 52), em um estudo que tratava sobre o conceito do risco, chegou à
conclusão de que é impossível caracterizá-lo de maneira concreta, pois não se enquadra
na dogmática jurídica, posto que para caracterizá-lo será necessário observar a economia
de cada contrato em concreto a qual, por seu turno, depende da configuração que as
partes deem em às cláusulas deste e das circunstâncias que o rodeiam. Utilizar-se-á
aqui, no essencial, um amplo conceito de risco semelhante ao de Mousseron (1988, pp.
487-490) que “por risco entenderemos, considerando o estado de eventualidade no
dia da conclusão do contrato, qualquer desvio em relação à linha traçada, ao projeto
inicial, econômico ou financeiro em que as partes tinham inicialmente acordado”. O
autor inclui como componente essencial a sua noção de risco, o que designa por riscos
internos, “aqueles que relevam do comportamento de uma das partes, os riscos da
inexecução em primeiro lugar”.
A análise dos riscos de certo contrato devem ser analisados observando o ambiente
que rodeou a sua celebração, tais como, o contexto econômico, político, ambiental,
legislativo, financeiro, social etc. Em virtude disso, poderá haver riscos que devem ser
considerados como próprios do contrato e que em outro caso seriam inimagináveis.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
contratual, não previsto inicialmente no programa contratual. Nesse caso, a guerra não
estava incluída nos riscos assumidos pelas partes e tão pouco é do próprio contrato.
(AQUINO, 2003, p. 118).
A alocação dos riscos representa, por sua vez, a repartição objetiva das áleas entre as
partes. Quando feita de forma clara e eficiente, tem o condão de diminuir as incertezas
quanto ao futuro, proporcionando maior segurança jurídica e reduzindo o custo global
do projeto. (COMISSÃO EUROPEIA, 2003, p. 130).
A ideia de alocação dos riscos deve ser atribuída àquele que tem melhor condição
para administrá-lo, avaliar, controlar e gerenciar ou a parte com melhor acesso a
instrumentos de cobertura, a maior capacidade para diversificar, ou o menor custo
para suportá-los, isso porque dois fatores que devem ser levados em consideração na
alocação dos riscos: primeiro, o grau em que o agente pode influenciar ou controlar
o resultado sujeito a riscos; segundo, a capacidade do agente em suportar o risco.
(IRWIN et. al., 1997, pp. 1-19).
Dessa forma, o risco nos contratos irá depender das relações jurídicas casuísticas e sua
alocação deverá observar parâmetros objetivos, mas respeitado a autonomia privada
dos indivíduos contratantes.
“Tal questão, como vem de ser dito, refere-se à definição de ordem jurídica. Seria
legítimo de perguntá-la a estes que sustentam que a lex mercatoria tem todas
as características de uma ordem jurídica. Na verdade, sua reflexão não parece
portar-se principalmente sobre a questão da definição, no entanto essencial
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Atendo-se aos dois grandes artigos de Goldman de 1964 e de 1979, parece que
a ordem jurídica é percebida principalmente como um conjunto de regras. O
primeiro artigo insiste de fato que “o caráter de regras não pode ser recusado
aos elementos constitutivos da lex mercatoria” e o segundo tenta mostrar
que “a lex mercatoria cumpre a função de um conjunto de regras de direito” .
Convém, portanto, examinar se a lex mercatoria responde a esta concepção de
ordem jurídica (A). Todavia, Goldman, em seu último artigo, parece também
fazer alusão, se bem que de maneira pouco clara, à concepção institucional mais
moderna de ordem jurídica, que deverá ser determinada e a qual deverá ainda
ser confrontada com a lex mercatoria (B).” (LARGARDE, 2014).
A proposta constitui-se pela manifestação de vontade de uma das partes em que declara
o interesse em formalizar determinado contrato. Ela vincula, em regra, o proponente
não podendo se afastar da proposta sem informar o outro contratante.
A carta de intenções serve para a estipulação dos pontos a serem negociados no contrato
internacional, incluindo a determinação dos documentos que serão oportunamente
apresentados, além da designação dos objetivos da relação jurídica contratual. Caso as
partes não concluam o contrato, poderá ser instituído perdas e danos pela não realização
do contrato.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Por fim, deve haver para segurança dos contratantes a análise do documento por
advogados das partes, que podem fazer sugestões ao contrato, apontando riscos às
partes.
O contrato estará firmado após a sua redação pronta e assinado pelas partes e sua
execução poderá se dar no exato momento da celebração ou no futuro.
A questão da formação do contrato no âmbito internacional poderá ter como base a CISG
e os Princípios do Unidroit, isso porque Bonell (1997, pp. 59-76) aborda o papel dos
Princípios do Unidroit e a CISG indagando serem ambos alternativas ou instrumentos
complementares para a uniformização do direito. Podemos afirmar que a edição dos
Princípios do Unidroit é um marco singular no DIPr por sintetizarem os princípios
fundamentais da disciplina mediante algumas regras gerais básicas e a ratificada pelo Brasil
da CISG constitui um marco para as relações contratuais de compra e venda internacional.
A proposta, mesmo que irretratável, poderá ser retirada se a retratação chegar antes
ou ao mesmo tempo em que a proposta será extinta quando a sua rejeição chegar ao
proponente ou, ainda, poderá ser revogada se a revogação chegar ao destinatário antes
de este ter expedido uma aceitação.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
O prazo de aceitação poderá ser fixado pelo proponente, se for por carta ou telegrama
será no momento que for entregue a expedição ou na data que figurar na carta ou,
se a carta não estiver datada, na data que figura no envelope. O prazo de aceitação
que o autor da proposta contratual fixa pelo telefone, telex, ou por outros meios de
comunicação instantâneos, começa a correr no momento em que a proposta chega ao
destinatário.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Aceitação poderá ser retirada se esta chegar antes da aceitação ou no momento que
chegar a aceitação, isso porque uma aceitação tardia produz efeitos, se não houver
qualquer manifestação em contrário ou se os elementos constantes na carta ou telegrama
confirmarem que o atraso não se deu por causa do aceitante.
O contrato de compra e venda não tem de ser concluído por escrito (telegrama e telex)
nem de constar de documento escrito e não está sujeito a nenhum outro requisito de
forma. O contrato pode ser provado por qualquer meio, incluindo a prova testemunhal
(art. 13 da CISG).
Os princípios do Unidroit
A proposta torna-se eficaz logo que chega ao destinatário, mas poderá ocorrer a retratação
se chegar ao destinatário antes ou ao mesmo tempo que a proposta. A proposta ainda
poderá ser revogada até que um contrato seja concluído ou pode ser revogada, se a
revogação alcançar o destinatário antes que ele tenha expedido a aceitação. Contudo,
não poderá ser revogada se ela indicar ser irrevogável, seja pela aposição de um prazo
para sua aceitação, seja por outro modo; ou se era razoável para o destinatário confiar
em que a proposta foi feita como irrevogável e tiver agido sob esta confiança.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
ato, caso em que a aceitação se torna efetiva quando o ato é praticado. (Art. 2.1.6 dos
Princípios do Unidroit).
Uma aceitação pode ser retirada, desde que a retratação chegue ao proponente o mais
tardar no momento em que a aceitação se teria tornado efetiva.
O prazo de aceitação será fixado pelo proponente, ou, se não houver prazo fixado,
dentro de um tempo razoável, consideradas as circunstâncias, inclusive a rapidez dos
meios de comunicação empregados pelo proponente. Uma proposta oral deve ser
aceita imediatamente, a não ser que as circunstâncias indiquem o contrário. O início
da contagem do prazo para aceitação se dá no momento em que a proposta é enviada.
uma aceitação tardia é, não obstante, efetiva como aceitação, se, sem
atraso injustificável, o proponente dela informe o destinatário ou lhe dê
notícia para esse efeito.
Uma resposta a uma proposta reputada constitui uma aceitação, mas que contenha
adições, limitações ou outras modificações, é uma rejeição da proposta e constitui uma
contraproposta.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Entretanto, uma resposta a uma proposta presumida pode ser uma aceitação, mas se
contiver termos adicionais ou diferentes, que, materialmente, não alteram os termos da
proposta, constitui uma aceitação, salvo se o proponente, sem atraso injustificável, argui
a discrepância. O art. 2.1.11 dos Princípios do Unidroit dispõe a “resposta que pretenda
ser uma aceitação, mas contenha elementos complementares ou diferentes que não
alterem substancialmente os termos da proposta, valem como aceitação, salvo se o
proponente, sem atraso injustificado, manifestar o seu desacordo sobre os elementos”.
Se o proponente não objeta, os termos do contrato são os termos da proposta com as
modificações contidas na aceitação. Mas se a modificação for circunstanciada, não será
considerada contraproposta. (Art. 2.1.11 dos Princípios do Unidroit).
O contrato fica concluído quer pela aceitação expressa da proposta quer por uma
conduta que se mostre com suficiente clareza o mútuo consenso. Entretanto, a proposta
será extinta se a resposta da não aceitação chegar ao proponente.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
As cláusulas do contrato internacional podem ser: (a) definições contratuais; (b) cláusula
de interpretação; (c) objeto contratual; (e) obrigações dos contratantes; (f) cláusula de
pagamento; (g) responsabilidade pelos tributos; (h) questões de cunho ambiental; (i)
cláusula de vinculação legal; (j) não ocorrência de inadimplemento; (k) exigibilidade do
contrato; (i) veracidade e integralidade das informações; (l) inexistência de pendências
judiciais; (m) hardship; (n) força maior; (o) aditamentos; (p) não renúncia; (q) notificações;
(r) cessão; (s) independência das disposições; (t) títulos e; (u) lei e eleição do foro.
Questão importante é que todo contrato internacional deve ser elaborado com base na
lei que será regido para se evitar problemas de licitude das partes, objeto e forma. No
Brasil será sempre necessário que o contrato tenha agente capaz, objeto lícito, possível,
determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei (art. 104 do Código
Civil – CC).
A ideia é fundamentar o contrato em um sentido que lhe é inerente, o que significa que é
regido por regras, que não lhes são exteriores, mas antes lhes são próprias e privativas,
que constituem a sua normatividade. (VASCONCELOS, 1995, p. 60).
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Tercier (apud VASCONCELOS, 2004, p. 90) afirma que a “função da tipificação é, pois
de simplificar o processo da contratação, de equilibrar o conteúdo dos contratos por
meio do direito do tipo e de acordo com os critérios de justiça do sistema, e de integrar
as estipulações das partes do modo como o contrato é usual e tipicamente celebrado”.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Preâmbulo ou consideranda
A consideranda tem por objetivo justificar e apontar qual o tipo contratual, bem como
apresentar as intenções, o contexto, as preocupações etc. Segundo Mamede (2013,
p. 492), os considerandos serve para “oferecer ao interprete/aplicador do ajuste,
referências para construir uma adequada hermenêutica das cláusulas estabelecidas”.
Em suma, são as razões apontadas pelas partes como fundamento do contrato.
Exemplo:
Cláusulas específicas
Como já mencionado as cláusulas específicas podem ser: (a) definições contratuais;
(b) cláusula de interpretação; (c) objeto contratual; (e) obrigações dos contratantes;
(f) cláusula de pagamento; (g) responsabilidade pelos tributos; (h) questões de cunho
ambiental; (i) cláusula de vinculação legal; (j) não ocorrência de inadimplemento;
(k) exigibilidade do contrato; (i) veracidade e integralidade das informações; (l)
inexistência de pendências judiciais; (m) hardship; (n) força maior; (o) aditamentos;
(p) não renúncia; (q) notificações; (r) cessão; (s) independência das disposições; (t)
títulos e; (u) lei e eleição do foro.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Cláusula de definição
A definição dos termos nos contratos facilita a interpretação contratual, isso porque os
termos jurídicos usados nos contratos internacionais podem ter significados diferentes
para as partes.
Assim, por exemplo, “dia útil” seria de segunda-feira a sexta-feira, não englobando o
sábado, o domingo ou feriado, mas se tivermos tratando de um contrato internacional
envolvendo uma operação bancaria a expressão “dia útil” abrangeria apenas os dias de
expediente bancário.
A ideia central dessa cláusula é evitar discussão acerca do entendimento dos temos
utilizados e evitar a necessidade de usar a interpretação para descortinar o real sentido
da expressão utilizado à época da contratação.
Cláusula de interpretação
A ideia principal da inserção deste tipo de cláusula é afastar possíveis dúvidas no que se
refere à interpretação dos termos existentes no contrato, dando tratamento homogêneo
e unitário acerca da expressão.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
A interpretação dos contratos é feita de acordo com a vontade comum das partes, sem
que algum litígio ou dificuldade se suscite. Assim, só quando não se encontra um sentido
consensual para o contrato ou para algumas das suas cláusulas, é que as partes, ou o julgador,
interrogam a lei aplicável ao litígio para a solução do caso (AQUINO, 2012, p. 748).
Exemplo: fica entendido e acordado que este seguro não cobre qualquer prejuízo, dano,
destruição, perda ou reclamação de responsabilidade, de qualquer espécie, natureza ou
interesse, desde que devidamente comprovado pela Seguradora, que possa ser, direta
ou indiretamente, originado de, ou consistir em:
A finalidade da inserção desta cláusula é evitar a dúvida que possa gerar no interprete
na leitura do contrato.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
que está sendo celebrado, bem como se objetiva prevenir problemas futuros com o
enquadramento tributário e contábil da transação comercial efetuada.
As obrigações dos contratantes devem estar claras, pois a partir delas é que elas passam
a ter maior segurança, devendo inclusive ser redigidas com extrema cautela e precisão.
A ideia é fazer com que cada um dos envolvidos saiba os procedimentos que devem ser
tomados e em que momento.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Cláusula de pagamento
A elaboração da cláusula de pagamento deve ser realizada com muito cuidado, pois a
indicação precisa da moeda pode facilitar o pagamento, isso porque no direito brasileiro
o pagamento só poderá ser realizado em moeda corrente, mas podendo constar a
respectiva equivalência a uma moeda estrangeira.
Outra questão importante é saber se o pagamento deve ser feito por transferência de
valores ou não, sendo nesse caso interessante conhecer as regras cambiais com os países
envolvidos.
38
CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Cláusula de cessão
A concepção da inserção de cláusula deste tipo é evitar que o ônus de umas das partes
seja transferido a outras empresas, sem o consentimento expresso da outra contratante,
por esse motivo diversos contratos quando não proíbem a cessão a permitem, desde
que, haja previsão da cessão com a expressa notificação e prévia anuência das partes.
39
UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
A inserção da cláusula veda que a qualquer das partes ceda ou transfira a terceiros os
direitos e as obrigações decorrentes do contrato, no todo ou em parte, sem a prévia
autorização por escrito da outra parte.
Cláusula de hardship
Para Batista (1994, pp. 143-144), o conceito de cláusula de hardship, que alguns
doutrinadores traduzem por cláusula de readaptação, assemelha-se à cláusula de força
maior no tocante à imprevisibilidade e à inevitabilidade do evento. Dela se distância
porque o evento gerador de hardship, ou endurecimento das condições, apenas torna
mais onerosa a execução do contrato, desestabilizando, significativamente o equilíbrio
inicial, provocando a renegociação do contrato.
Oppetit (1974, p. 797) define a cláusula de hardship como um meio a ser utilizado,
pelas partes, quando o contrato necessitar de uma readaptação, em virtude de uma
alteração das circunstâncias, inicialmente, pactuadas decorrente de um acontecimento
substancial que resulta em um rigor injusto a uma das partes.
Cedras (1985, pp. 284-285) e Granziera (1993, p. 79) afirmam, entre outras palavras,
que a cláusula de hardship obriga as partes a renegociarem o contrato que teve as suas
circunstâncias desequilibradas.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Qualquer notificação enviada doze (12) meses após a data da ocorrência do evento
alegado pela parte, não terá nenhum efeito.
Assim, ideia básica da cláusula de hardship é permitir que os contratantes, por meio de
acordo, consigam o reequilíbrio do contrato.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Exemplo:
Nenhuma das partes será responsável perante a outra por qualquer falha ou atraso
no cumprimento das obrigações constantes do presente contrato, causados por casos
fortuitos ou força maior.
Assim, é de observar-se a questão da lei aplicável ao contrato, deve ou não ter uma
conexão objetiva com a relação contratual concebida pelas partes. Encarando a ideia
de uma conexão objetiva, a lei aplicável ao contrato será sempre uma norma nacional
possuidora de uma conexão com o mesmo, e o nexo poderia ser tanto de índole especial
como de ordem econômica. Isso faz com que o comércio internacional não escape à
contradição existente entre o caráter internacional das relações comerciais e o caráter
nacional do direito que irá reger essas mesmas relações.
Quando da contratação internacional, as partes podem fazer referência à lei de certo país,
quer seja para que essa lei reja o seu contrato como direito aplicável, ou com o intuito
43
UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
O contrato internacional será regulamentado por uma lei estrangeira indicada como
norma aplicável, e aquele estará submetido a todas as consequências que desta decorrem.
Dessa forma, ao final do contrato, as partes irão dispor qual a lei aplicável ao contrato e
o foro (tribunal competente para dirimir as questões do contrato). Em regras, as partes
indicarão a lei aplicável ao contrato e o tribunal competente para analisar uma possível
demanda.
Nesse ponto, as partes podem escolher uma lei estatal ou a lex mercatoria. O tribunal
pode ser um estatal ou uma Câmara de Arbitral.
Vicente (1990, pp. 110-112) é partidário que a designação pelas partes da lei aplicável aos
contratos internacionais seja fundamentada em uma norma de conflito de um sistema
jurídico, não aceitando para tanto que a escolha para o regulamento contratual se
funde, por exemplo, na lex mercatoria, isto por não existir um preceito legal destinado,
a qualquer regra de conflito de que o árbitro pudesse recorrer. Giardina (1997, pp. 55-
70) é a favor do enquadramento dos Princípios do Unidroit como norma conflitual
aplicável ao contrato internacional.
44
CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
O direito brasileiro não dispõe de regras expressas acerca do assunto, mas também não
proíbe. Assim, o art. 4o da LINB estabelece que “quando a lei for omissa, o juiz decidirá
o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito” e que
poderá surtir efeitos desde que a cláusula seja lícita, pois “em geral, todas as condições
não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições de
defesas, se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem
ao puro arbítrio de uma das partes” não serão válidas. (Art. 122 CC).
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
10% do valor do contrato de base. No caso de concorrência pública, esta garantia está
geralmente combinada com uma Bind Bond.
O montante garantido por uma ligação de pagamento antecipado é muitas vezes o valor
do próprio adiantamento, ou uma grande parte do valor. O valor desse tipo de garantia
é no geral de 5% a 20% do valor do contrato de base.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
De acordo com as regras da CCI trata-se de uma garantia bancária pela qual um banco,
agindo a pedido e de acordo com instruções do ordenador ou em seu próprio interesse,
assegura o pagamento ao vendedor ou ao prestador de serviços mediante a apresentação
de documentação previamente estipulada e a satisfação dos termos e das condições de
crédito.
Crédito documentário
Oliveira (2002, p. 333) assim define o contrato de crédito documentário como sendo
o “contrato financeiro pelo qual a Instituição Financeira emissora em conformidade
com as instruções de seu cliente ordenante se compromete a efetuar o pagamento ao
beneficiário contra a entrega de documentos representativos dos bens objeto de uma
operação comercial internacional”.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Nesse tipo de relação, há três figuras intervenientes: (a) Tomador do crédito; (b)
Beneficiário e; (c) Banqueiro.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Carta de crédito documentário. Análise das regras específicas relacionadas a tal forma
de crédito. “Brochura 500” da Câmara de Comércio Internacional. Limitação da
responsabilidade do banco confirmador à análise formal dos documentos requeridos
para o pagamento ao exportador. Prevalência da interpretação que confere maior
segurança às operações internacionais.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Nos termos da doutrina que trata dessa operação mercantil, a análise a ser realizada
pelo banco, no sentido de verificar se está presente o dever de pagar ao importador,
é limitada ao aspecto formal dos documentos exigidos. Em uma análise estrita, o
certificado de embarque apresentado não contém nenhum vício aparente. A alegada
falsidade na aposição de data pretérita não se confunde com algum defeito formal
perceptível de plano.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
AQUINO, Leonardo Gomes de. Hardship: o mecanismo de alteração contratual. Jus Navigandi,
Teresina, ano 9, no 257, 21 mar. 2004. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/4922>. Acesso
em: 24 mar. 2014.
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CAPÍTULO 2
Contratos internacionais especiais
Para fazer face ao consumo em massa atualmente existente, bem como, para viabilizar
as realizações jurídicas, há a necessidade do surgimento de um direito internacional
mercantil, com especialidades técnicas para sistematizar adequadamente as diversas
formas de contratação no mercado internacional. Essas novas formas de realização
das operações comerciais, que são praticadas com frequência, tornam indispensáveis
a adaptação das normas de direito comum às características especiais dos negócios
mercantis internacionais. (AQUINO, 2012, p. 737).
O Brasil ratificou em 3/4/2013 a sua adesão à Convenção das Nações Unidas sobre
Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias (CISG, na sigla em inglês).
O texto foi aprovado no dia 16 de outubro de 2012, tornando-a norma jurídica. O
Congresso Nacional promulgou, nesse dia, o Decreto Legislativo de no 538/2012, por
meio do qual aprovou o texto da Convenção, mas para fins jurídicos internacionais a
vacatio legis na forma do art. 99 CISG que dispõe:
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
A CISG se encontra redigida em duas partes: a primeira trata de questões gerais acerca
do campo de aplicação e de aspectos de interpretação e a segunda regula a formação
do contrato, obrigações do vendedor e comprador, transferência do risco contratual e
aspectos da formalização, validade e eficácia da CISG.
A CISG também exclui a sua aplicação quando o objeto da venda for de mercadorias
compradas para uso pessoal, familiar ou doméstico, a menos que o vendedor, em
qualquer momento anterior à conclusão do contrato ou na altura da conclusão deste,
não soubesse nem devesse saber que as mercadorias eram compradas para tal uso; (b)
em leilão; (c) em processo executivo; (d) de valores mobiliários, títulos de crédito e
moeda; (e) de navios, barcos, hovercraft e aeronaves; (f) de eletricidade.
Interpretação da CISG
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
podia ignorar tal intenção, se não for possível, deve se ponderar a razoabilidade da
probidade dos contratantes.
Obrigações do vendedor
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
(3) O vendedor não é responsável, nos termos das alíneas (a) a (d) do
parágrafo anterior, por qualquer falta de conformidade das mercadorias
que o comprador conhecia ou não podia ignorar no momento da
conclusão do contrato (art. 35 da CISG).
Obrigações do comprador
Caso não haja previsão, expressa ou implícita, de valor a ser pago pelas mercadorias
compradas, ou sem que exista disposição que permita a sua determinação, deverá ser
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
No entanto, se o preço for fixado em função do peso das mercadorias, deverá tomar
como parâmetro o peso líquido (art. 56 da CISG).
Caso um dos contratantes não cumpra a sua obrigação, terá a outra parte o direito de
perceber juros sobre o valor da dívida, que poderá ser o preço não pago ou valor das
mercadorias não entregues.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Incoterms
Merece uma maior atenção a informação de que em princípio os Incoterms não possuem
força lei estatal, apenas vinculam as partes se inseridos no contrato, pois a CCI, ao
criá-los, objetivava apenas estabelecer parametros a serem seguidos e observados pelas
partes, envolvendo todas as ações inerentes e integradas à transferência da propriedade
e da posse da mercadoria objeto do contrato. Logo, os Incoterms oferecem uma proposta
de adequação e harmonização de conceitos, evidenciando as ações cabíveis a cada uma
das partes contratantes.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
CIF
EXW FAS DAP
CPT
FOB DDP
CIP
a. Cost Plus Freight = C + F (Custo mais Frete) em que o vendedor arca com
os custos e riscos das tarefas no país de exportação, bem como contrata
e paga o transporte internacional convencional. Utilizável em qualquer
modalidade de transporte.
“Ex Works” means that the seller delivers when it places the goods at the disposal
of the buyer at the seller’s premises or at another named place (ie, works, factory,
warehouse etc.). Em uma tradução livre da expressão “Ex Works” o vendedor tem a
sua responsabilidade encerrada quando a mercadoria, devidamente embalada para
o transporte, qualquer que seja o transporte, for disponibilizada nas suas instalações
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
“Free Carrier” means that the seller delivers the goods to the carrier
or another person nominated by the buyer at the seller’s premises
or another named place. Em uma tradução livre da expressão “Free
Carrier” seria o vendedor (exportador) é responsável por entregar,
desembaraçada para a exportação, no país de origem, ao transportador
previamente indicado pelo comprador (importador), responsável pelo
transporte de viagem principal, qualquer que seja o tipo de transporte
(INCOTERMS, 2010).
Nesse caso, o comprador é responsável pelo transporte, mas se encontra livre das
questões alfandegárias. Mas quem é responsável pela transferência da mercadoria, o
importador ou o exportador?
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
“Free Alongside Ship” means that the seller delivers when the goods
are placed alongside the vessel (e.g., on a quay or a barge) nominated
by the buyer at the named port of shipment. Em uma tradução livre
da expressão “Free Alongside Ship” seria: o vendedor tem a sua
responsabilidade encerrada quando a mercadoria, desembaraçada
para a exportação, for colocada ao lado do navio, por exemplo, em um
cais ou uma barcaça, designado pelo comprador, no porto de embarque
nomeado pelo comprador. A partir desse momento, a responsabilidade
passa a ser do importador, por qualquer custo ou risco, envolvendo a
mercadoria, no que tange ao manuseio, transporte, perdas e danos,
inclusive o custo do seguro internacional (INCOTERMS, 2010).
É necessária uma atenção maior à questão que envolva navios que se encontram
ancorados fora do cais do porto, caso em que a mercadoria só poderá ser embarcada em
balsas para a conclusão da entrega ao navio. Assim de que será a responsabilidade pelo
transporte em águas até o navio? A responsabilidade continua sendo do exportador
(vendedor), pois a indicação do porto de embarque possui uma grande relevância para
o transporte.
Importante ressaltar que a cláusula só pode existir se o transporte for aquaviário, seja
marítimo (é aquele realizado por navios em oceanos e mares), fluvial ou hidroviário (é
a interna, ou seja, dá-se dentro do país e/ou continente, pois é a navegação praticada
em rios) ou lacustre (aquela realizada em lagos e tem como característica a ligação de
cidades e países circunvizinhos).
“Free On Board” means that the seller delivers the goods on board
the vessel nominated by the buyer at the named port of shipment
or procures the goods already so delivered. Em uma tradução livre
da expressão “Free On Board” seria: o vendedor é responsável pelo
desembaraço aduaneiro de exportação e pela entrega da mercadoria
a bordo no navio ancorado no porto designado pelo comprador.
Somente é possível a inserção da cláusula contratual se o transporte for
aquaviário. (INCOTERMS, 2010).
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
“Cost and Freight” means that the seller delivers the goods on board the
vessel or procures the goods already so delivered. Em uma tradução
livre da expressão “Cost and Freight” seria: o vendedor é responsável
pelo desembaraço aduaneiro de exportação, pela entrega da mercadoria
a bordo no navio ancorado no porto designado pelo comprador,
momento em que a responsabilidade é transferida para o comprador.
Mas, o exportador continua com a responsabilidade do pagamento
do frete internacional até o destino. Portanto, o frete internacional é
pago na origem (pré-pago). Somente é possível a inserção da cláusula
contratual se o transporte for aquaviário. (INCOTERMS, 2010).
“Cost, Insurance and Freight” means that the seller delivers the goods
on board the vessel or procures the goods already so delivered. Em
uma tradução livre da expressão “Cost, Insurance and Freight” seria:
o vendedor é responsável pelo desembaraço aduaneiro de exportação,
pelo seguro internacional (normalmente de valor mínimo) e pela efetiva
entrega da mercadoria no convés do navio no porto de embarque.
Somente é possível a inserção da cláusula contratual se o transporte for
aquaviário. (INCOTERMS, 2010).
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
“Carriage Paid To” means that the seller delivers the goods to the
carrier or another person nominated by the seller at an agreed place
(if any such place is agreed between parties) and that the seller must
contract for and pay the costs of carriage necessary to bring the goods
to the named place of destination. Em uma tradução livre da expressão
“Carriage Paid To” o vendedor entrega a mercadoria ao transportador ou
outra pessoa nomeada pelo vendedor em um local acordado (se houver
tal lugar é acordado entre as partes) e que o vendedor deve contratar e
pagar os custos de transporte necessários para levar a mercadoria até
o local de destino nomeado. A inserção da cláusula contratual pode ser
feita em qualquer tipo de transporte (INCOTERMS, 2010).
“Carriage and Insurance Paid to” means that the seller delivers the
goods to the carrier or another person nominated by the seller at an
agreed place (if any such place is agreed between parties) and that the
seller must contract for an pay the costs of carriage necessary to bring
the goods to the named place of destination. Em uma tradução livre da
expressão “Carriage and Insurance Paid to” o vendedor é responsável
pelo desembaraço aduaneiro de exportação, contratar o transportador
e é responsável pela contratação do seguro internacional mínimo até o
destino. A inserção da cláusula contratual pode ser feita em qualquer
tipo de transporte. (INCOTERMS, 2010).
“Delivered at Terminal” means that the seller delivers when the goods,
once unloaded from the arriving means of transport, are placed at
the disposal of the buyer at a named terminal at the named port or
place of destination. Em uma tradução livre da expressão “Delivered
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
“Delivered at Place” means that the seller delivers when the goods are
placed at the disposal of the buyer on the arriving means of transport
ready for unloading at the named place of destination. Em uma
tradução livre da expressão “Delivered at Place” o vendedor cumpre as
suas obrigações e encerram as suas responsabilidades quando entrega
no prazo marcado a mercadoria devidamente descarregada no local
designado que não seja um terminal, ficando à disposição do importador,
sem, contudo desembaraçar a importação, que é responsabilidade
do importador. A inserção da cláusula contratual pode ser feita em
qualquer tipo de transporte. (INCOTERMS, 2010).
As partes são livres para pactuarem o local onde as mercadorias serão entregues e será
nesse momento e local que todos os riscos por perdas e danos, bem como todos os
custos que podem ocorrer com a mercadoria serão transferidos ao comprador.
“Delivered Duty Paid” means that the seller delivers the goods when
the goods are placed at the disposal of the buyer, cleared for import
on the arriving means of transport ready for unloading at the named
place of destination. Em uma tradução livre da expressão “Delivered
Duty Paid” as obrigações do vendedor são encerradas quando a
mercadoria é entregue ao importador, no período ou data marcada, no
local designado, sem, contudo, descarregar a mercadoria. O vendedor,
além do desembaraço, assume todos os riscos e custos, inclusive
impostos, taxas e outros encargos incidentes na importação. A inserção
da cláusula contratual pode ser feita em qualquer tipo de transporte.
(INCOTERMS, 2010).
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
De acordo com a Resolução no 21, de 7 de abril de 2011, o termo DDP não poderá ser
utilizado na importação brasileira, pois o vendedor estrangeiro não dispõe de condições
legais para providenciar o desembaraço para entrada de bens do País, devendo ser
escolhido o DAT ou DAP no caso de preferência por condição disciplinada pela ICC.
Know-how (saber fazer algo) é bem material que possui valoração econômica, sendo,
portanto, suscetível de transferência a título oneroso ou gratuito. Por esse motivo,
o know-how é um recurso que torna possível a transformação de conhecimento em
atividade produtiva, encorajando por meio de proteção legal concedida aos titulares de
propriedade industrial, a introdução de nova tecnologia estrangeira, garantindo ainda
soluções técnicas apropriadas.
Assim, cada Estado é legitimo para regulamentar o assunto, que no caso brasileiro pode
ser observado nos tratados internacionais e no direito interno.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Franco (2011, p. 382) aponta que know-how pode ser puro ou misto (conjugada). No
puro, a transferência reside na licença de uso e cessão de tecnologia, devendo, nesse
caso, o contrato prevê de forma clara e perfeita o produto que será concedida a licença.
No misto (ou conjugada) a licença de uso ou cessão de tecnologia vem acompanhada da
utilização da marca, como é o caso da franquia.
O contrato de licença para exploração patente de forma exclusiva ou não exclusiva tem
por escopo autorizar a efetiva exploração, por terceiros de uma patente regularmente
depositada com pedido de exame ou concedida no Brasil. (DINIZ, 2005b, p. 1036).
O contrato de licença para uso da marca e propaganda “visa autorizar o efetivo uso, por
terceiro, de marca ou propaganda regularmente depositada ou registrada no Brasil,
consubstanciando direito de propriedade industrial”. (DINIZ, 2005b, p. 1036).
Para ter eficácia perante terceiros, o contrato deve ser registrado no INPI e terá o prazo
equivalente à concepção do privilegio cedido, no caso de uma patente, pode ser até de
20 anos, no caso do modelo de utilidade, o prazo pode ser de até 15 anos. Após o prazo
estipulado, o licenciado não terá, em regra, nenhum direito a se utilizar da técnica de
forma exclusiva.
É certo que o contrato de licença oneroso realizado entre nacionais não precisa ser
averbado para realizar o pagamento dos royalties (Circular BACEN no 3.491/2010).
No entanto, servirá a averbação para validar a dedutibilidade fiscal dessas despesas
perante a Secretaria da Receita Federal. (MÜLLER, 2002, pp. 50-56).
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Contrato de distribuição
Em um sentido amplo, podemos conceituar distribuição como o contrato pelo qual uma
das partes, denominada distribuidor, se obriga a adquirir da outra parte, denominada
distribuído, mercadorias geralmente de consumo, para sua posterior colocação
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
É uma espécie de contrato de agência, mas dele se distingue, visto que, na distribuição,
o fabricante vende o produto ao distribuidor, para posterior revenda, e na agência, o
fabricante vende o produto diretamente ao consumidor, por intermédio do agente.
70
CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Requisitos
Formais: deverá ser feito por escrito, mediante aceitação do distribuidor, pois o
fabricante deverá submeter às normas todos os distribuidores, sem exceção. O contrato
permanecerá sempre em aberto permitindo ingresso de novas partes. Deverá ainda ser
assentado no Registro de Títulos e Documentos.
Controle do Fabricante
O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o represente na conclusão
dos contratos.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Nesse caso, fica caracterizada representação comercial que é regulada pela lei específica
(Lei no 4.886/1965 e na omissão pelo CC).
72
CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
No entanto, agenciar não é fazer negócio, não é concluir contratos ou outros negócios
jurídicos, mas simplesmente promovê-los, em favor do dono do negócio e o agente deve
ter autonomia econômica e funcional.
Inscrição obrigatória
As pessoas jurídicas deverão fazer prova de sua existência legal, que ocorre com o
respectivo registro na junta comercial do Estado onde estiver sediada.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Diniz (2005e, pp. 43-45) demonstra que, de um lado, o franqueador pode ampliar seus
negócios com baixos investimentos, tornar sua marca mais forte e competitiva. Do outro,
o franqueado tem a possibilidade de abrir um negócio com menos riscos, amparado
por pessoas mais experientes, por uma marca e produtos que já apresentaram um
relativo sucesso. O consumidor, por fim, pode usufruir de produtos com bons padrões
de qualidade e de bom atendimento.
Contudo, a legislação brasileira possui uma cláusula de salvaguarda que dispõe que a
Lei no 8.955/1994 aplica-se aos sistemas de franquia instalados e operados no território
nacional (art. 8o).
74
CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Mas antes da sua celebração, o futuro franqueado interessado em montar uma franquia
pode solicitar ao franqueador uma circular de oferta devendo ser enviada no prazo de
10 dias sem custo algum, e impondo a legislação os fatores mínimos que o documento
necessariamente deve conter.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Sendo assim, o empregado deve ser pessoa física e exercer ele mesmo a atividade
designada. A atividade desenvolvida pelo sujeito deve ser não eventual, de maneira
habitual, continua e permanente, na qual o sujeito passa a fazer parte integrante da
cadeia produtiva da empresa, mesmo que desempenhando uma atividade de meio,
caracterizada o trabalho não eventual. Toda atividade deve ter uma remuneração pelos
serviços executados. A questão da subordinação do empregado resulta de uma análise
jurídica, não técnica ou mesmo econômica, pois o empregado fica sob as ordens do
patrão, caso não as cumpra poderá ocorrer penalidades ao empregado.
A relação de trabalho corresponde a qualquer vínculo jurídico por meio do qual uma
pessoa natural executa obra ou serviços para outrem, mediante o pagamento de uma
contraprestação.
A distinção das relações pode ser encarada da seguinte forma: toda relação de emprego
corresponde a uma relação de trabalho, mas nem toda relação de trabalho é relação de
emprego.
A Lei no 7.064/1982 prevê que esta Lei regulará a situação de trabalhadores contratados
no Brasil ou transferidos por seus empregadores para prestar serviço no exterior. Fica
excluído do regime desta Lei o empregado designado para prestar serviços de natureza
transitória, por período não superior a 90 (noventa) dias, desde que: (a) tenha ciência
expressa dessa transitoriedade; (b) receba, além da passagem de ida e volta, diárias
durante o período de trabalho no exterior, as quais, seja qual for o respectivo valor, não
terão natureza salarial.
Carrion (2006. p. 512) disciplina que se aplica a Consolidação das Leis Trabalhistas
(CLT) por ser mais específica ao caso do que a LINB que dispõe “é competente a
autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil, ou aqui tiver
de ser cumprida a obrigação” (art. 12).
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Para que um estrangeiro possa realizar seu trabalho no Brasil é necessária autorização
que é efetuada por meio do sistema Migranteweb, situado no portal do Ministério
do Trabalho e Emprego, por meio da certificação digital. Com o novo procedimento,
a empresa ou entidade encaminha a documentação digitalizada diretamente pelo
sistema, tornando o processo do pré-cadastro totalmente digital.
77
UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
78
CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
TST. Súmula no 207. Conflitos de Leis Trabalhistas no Espaço. Princípio da Lex Loci
Executionis (cancelada). A relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes
no país da prestação de serviço e não por aquelas do local da contratação.
Contratos eletrônicos
O contrato eletrônico é definido como “o negócio jurídico bilateral que tem no meio
virtual o suporte básico para sua celebração” (ROHRMANN, 2005, p. 58). Nessa
forma de contrato que pode envolver qualquer tipo de contrato, seja compra e venda,
representação comercial, transferência de tecnologia etc. Ele se opera entre o titular
do estabelecimento virtual e o internauta, mediante a transmissão eletrônica de dados.
Para sua formalização, basta o simples acordo de vontade, mas para saber qual o exato
momento da celebração, deve-se observar a questão da contratação entre presente e
ausente. Entre presente (transmissão instantânea de dados), a proposta é obrigatória se
imediatamente aceita, momento em que se conclui o contrato. Sendo uma contratação
entre ausentes (quando não se encontrarem os contratantes interligados e on-line) a
confirmação da aceitação e sua celebração acontecerá depois que a aceitação é expedida
dentro do prazo razoável. (AQUINO, 2009).
Rohrmann (2005, pp. 59-60) afirma que “a determinação do lugar onde se tem por
concluído o contrato é de enorme importância no direito internacional privado, pois
79
UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Assim, o contrato eletrônico será internacional quando a obrigação tiver que ser
adimplida no Brasil, na forma do art. 88 do CPC. A lei aplicada será a lei do país onde a
obrigação tiver que ser executada. (Art. 9o da LINB).
Será nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha
no País a sede de sua administração. Quando a lei exigir que todos ou alguns sócios
sejam brasileiros, as ações da sociedade anônima revestirão, no silêncio da lei, a forma
nominativa. Qualquer que seja o tipo da sociedade, na sua sede, ficará arquivada cópia
autêntica do documento comprobatório da nacionalidade dos sócios. (Art. 1.126 do CC).
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
É certo que o exercício da atividade fica a cargo do sócio ostensivo que administra e
responde em seu próprio nome. O objeto social, segundo o art. 991 do Código Civil
é exercido unicamente pelo empreendedor (sócio ostensivo), que atua econômica e
juridicamente perante terceiros, apresentando-se individualmente e como o único e
exclusivo responsável pelos negócios estabelecidos, não vinculando os demais sócios
investidores (participantes), que ocupam uma posição oculta. (AQUINO, 2010).
Aquino (2010) expõe que a prova de existência e funcionamento por todos os meios
de direitos (art. 992, do Código Civil). Na sociedade em conta de participação, é
formada de duas categorias de sócios: ostensivo e participante. O sócio ostensivo
exerce a atividade constitutiva do objeto social em nome próprio e individual, sob sua
exclusiva responsabilidade (art. 991, do Código Civil). Assim, a sociedade em conta de
participação não responde para com terceiros, pois a obrigação pelos débitos será em
regra de responsabilidade do sócio ostensivo que responderá de forma ilimitada pelas
obrigações independentemente do tipo societário que for isto ocorre por “que o devedor
responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes
e futuros” (art. 591, do CPC) e os bens particulares dos sócios só respondem depois de
exauridos os bens do devedor. (Art. 596, do CPC).
81
UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Não pode haver cooperação interempresarial nos casos em que uma sociedade
empresária coopera economicamente com o Estado ou outro ente coletivo, público ou
privado, a que não corresponda a um sujeito que exerça atividade empresarial. Isso
porque a expressão joint venture é utilizada com respeito a esse tipo de relação, em
particular com respeito às que envolvem empresa multinacional.
A joint venture pode ser constituída com o fim de buscar novas tecnologias, para
assegurar a presença de determinado agente econômico em um setor do mercado.
Assim, este tipo contratual será internacional se o contrato possui laços estreitos com
mais de ordem jurídica.
Holding
Segundo Mamede (2011, p. 2), é “uma sociedade que detém participação societária
em outra ou em outras sociedades, tenha sido constituída exclusivamente para isso
(sociedade de participação) ou não (holding mista)”.
82
CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
os sócios irão responder conforme o tipo de sociedade, mas em regra, poderá ocorrer
a solidariedade em relação às empresas das quais por ventura participe. Assim, com a
blindagem patrimonial pretende-se proteger o patrimônio individual de cada sujeito em
face das inúmeras situações de responsabilidade solidária, ou até mesmo de problemas
envoltos em sua vida pessoal que possam acabar por provocar medidas como sequestro
de bens, busca e apreensão etc. (MAMEDE, 2011, p. 67).
Mamede (2011, p. 82) afirma que as vantagens fiscais de manter uma holding podem
ser vantajosas ou não, pois tudo dependerá da engenharia proposta para a constituição
da holding, uma vez que, a constituição de uma sociedade normalmente gera encargos
fiscais como o PIS e Confins que são tributos próprios da pessoa jurídica.
Mas de uma maneira geral, a holding pode acarretar uma diminuição de tributos como
no caso de: (a) imposto de renda; (b) tributação da venda de bens imóveis. Isso porque
a alíquota do imposto de renda da pessoa física pode chegar ao total de 27,50% e da
pessoa jurídica pode chegar ao total de 12,00%. A tributação da venda de bens imóveis
de pessoa jurídica é de 5,80% enquanto da pessoa física é de 27,50%.
83
UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Assim, a sociedade holding deve necessariamente ser constituída segundo um dos tipos
existentes na legislação brasileira, se a mesma for constituída no Brasil, caso contrário,
deverá observar a lei aplicável a sua constituição.
Contrato de transporte
O contrato de transporte é aquele pelo qual alguém mediante retribuição se obriga a
receber pessoas ou coisas (animadas ou inanimadas) e levá-las até o lugar do destino,
com segurança, presteza e conforto (art. 730, do CC). O contrato celebra-se entre o
transportador ou condutor e a pessoa que vai ser transportada (passageiro ou viajante),
ou a pessoa que entrega o objeto (expedidor ou remetente).
84
CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Transporte rodoviário
A caracterização desse tipo de transporte ocorre pelo meio de veículos automotores via
estrada de rodagem.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Esse tipo de transporte é utilizado para curtas e médias distâncias e para movimentação
de mercadorias de pequeno porte. O seu maior atributo reside no fato da logística a
ele aplicado que envolve procedimentos relativamente simples, no que se refere ao
manuseio da carga, exigindo pouco esforço na operação de carga e descarga.
Transporte ferroviário
O transporte ferroviário é aqueles em que a carga circula por vias férreas. Os veículos
ferroviários podem ser de tração ou rebocáveis que podem ser denominados de vagões
para guarda de mercadorias a granel ou contêiner (plataforma).
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
90
CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
como título de crédito. Assim, como o modal rodoviário internacional pode ser emitido
um TIF e a declaração de trânsito aduaneiro e, um único documento de trânsito.
Transporte aquaviário
A Lei no 9.432/1997, que trata do transporte aquaviário dispõe no art. 1o que esta Lei se
aplica: I – aos armadores, às empresas de navegação e às embarcações brasileiras; II – às
embarcações estrangeiras afretadas por armadores brasileiros; III – aos armadores, às
empresas de navegação e às embarcações estrangeiras, quando amparados por acordos
firmados pela União. Não se aplica, no entanto, aos navios de guerra e de Estado que não
estejam empregados em atividades comerciais; as embarcações de esporte e recreio; as
embarcações de turismo; as embarcações de pesca; as embarcações de pesquisa.
91
UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
sede no País, que tenha por objeto o transporte aquaviário, autorizada a operar pelo
órgão competente; (f) embarcação brasileira: a que tem o direito de arvorar a bandeira
brasileira; (g) navegação de apoio portuário: a realizada exclusivamente nos portos
e terminais aquaviários, para atendimento a embarcações e instalações portuárias;
(h) navegação de apoio marítimo: a realizada para o apoio logístico a embarcações
e instalações em águas territoriais nacionais e na Zona Econômica, que atuem nas
atividades de pesquisa e lavra de minerais e hidrocarbonetos; (i) navegação de
cabotagem: a realizada entre portos ou pontos do território brasileiro, utilizando a via
marítima ou esta e as vias navegáveis interiores; (j) navegação interior: a realizada em
hidrovias interiores, em percurso nacional ou internacional; (k) navegação de longo
curso: a realizada entre portos brasileiros e estrangeiros; (l) suspensão provisória de
bandeira: ato pelo qual o proprietário da embarcação suspende temporariamente o uso
da bandeira de origem, a fim de que a embarcação seja inscrita em registro de outro
país; (m) frete aquaviário internacional: mercadoria invisível do intercâmbio comercial
internacional, produzida por embarcação; (n) navegação de travessia: aquela realizada
(transversalmente aos cursos dos rios e canais; b) entre 2 (dois) pontos das margens
em lagos, lagoas, baías, angras e enseadas; entre ilhas e margens de rios, de lagos, de
lagoas, de baías, de angras e de enseadas, numa extensão inferior a 11 (onze) milhas
náuticas; entre 2 (dois) pontos de uma mesma rodovia ou ferrovia interceptada por
corpo de água (art. 2o).
O transporte lacustre não possui relevância para o Brasil, pois esse tipo de transporte é
realizado em lagos e tem como característica a ligação de cidades e países circunvizinhos.
As principais vias fluviais brasileiras são: (a) hidrovias da bacia Amazônica, especial o
sistema hidrográfico Amazonas/Solimões; (b) sistema hidrográfico Tietê/Paraná e; (c)
Sistema Paraná/ Paraguai.
Transporte marítimo
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Outro contrato utilizado é o contrato marítimo propriamente dito que é aquele celebrado
entre transportador (proprietário, armador ou afretador) que se obriga a transportar
de um lugar de origem a um ponto final de destino determinada varga via marítima,
mediante o pagamento de frete. A finalidade do contrato de transporte efetivo não é
somente a cessão de um espaço no navio, mas também o efetivo transporte da carga de
um ponto de origem ao destino final.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Transporte aéreo
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
O art. 235 da Lei no 7.565/1986 estipula que no contrato de transporte aéreo de carga,
será emitido o respectivo conhecimento, com as seguintes indicações: I - o lugar e data
de emissão; II - os pontos de partida e destino; III - o nome e endereço do expedidor;
IV - o nome e endereço do transportador; V - o nome e endereço do destinatário; VI
- a natureza da carga; VII - o número, acondicionamento, marcas e numeração dos
volumes; VIII - o peso, quantidade e o volume ou dimensão; IX - o preço da mercadoria,
quando a carga for expedida contrapagamento no ato da entrega, e, eventualmente,
a importância das despesas; X - o valor declarado, se houver; XI - o número das vias
do conhecimento; XII - os documentos entregues ao transportador para acompanhar
o conhecimento; XIII - o prazo de transporte, dentro do qual deverá o transportador
entregar a carga no lugar do destino, e o destinatário ou expedidor retirá-la.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Contrato de seguro
O contrato de seguro no comércio internacional é fundamental, uma vez que o
desenvolvimento do comércio sempre esteve atrelado ao contrato de seguro.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Os seguros internacionais irão depender do tipo de negócio que se quer segurar. Assim,
temos o seguro de cargas, o seguro aéreo, seguro fluvial e lacustre, seguro de pessoas
e seguro de crédito à exportação. A cobertura básica pode envolver maior ou menor
amplitude de abrangência, de acordo com o tipo de transporte utilizado e a modelagem
do seguro contratado.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Resseguro internacional
O contrato de resseguro pode ser feito para cobrir um determinado risco isoladamente ou
para garantir todos os riscos assumidos por uma seguradora em relação a uma carteira
ou ramo de seguros. No caso do resseguro internacional há uma internacionalização do
risco, ou seja, o contrato do resseguro será feito com uma empresa estrangeira, com a
intenção de pulverização do risco em outros mercados.
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UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
Caso as partes do contrato de resseguro não fizerem expressa alusão à lei aplicável, nem
ocorrendo a possibilidade de identificar a lei aplicável na omissão das partes, se faz
necessário decidir qual a lei aplicável. Na hipótese deve ser aplicada a lei da ocorrência
do sinistro. (Art. 9o da LINB).
No caso do sinistro ocorrer sob as águas internacionais, onde nenhum país possui
jurisdição, qual seria a lei aplicável? Se a seguradora possuir diversos domicílios, situados
em países distintos, a lei aplicável será a do país onde foi contratada a obrigação, o que,
aliás, vai ao encontro da alínea d, do inciso IV, do art. 100, do Código de Processo Civil
(CPC) e está de acordo com o texto do art. 9o, parágrafo 2o, da LINB.
100
CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
Recurso Extraordinário não Conhecido. (STF - RE: 107748 SP, Relator: Francisco
Rezek, Data de Julgamento: 17/12/1985, Segunda Turma, Data de Publicação: DJ
14/3/1986, p. 03392, Ement Vol-01411-05 p. 00843)?
101
CAPÍTULO 3
A OMC, o CADE e os contratos
internacionais
Coelho (2010, p. 28) afirma que “os contratos entre empresários podem servir de
veículo à prática de infração de ordem econômica ou concorrência desleal. Quando isso
acontece, o contrato é inválido, ineficaz ou gera o dever de indenização”.
102
CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
O CADE deve adentrar na análise das cláusulas contratuais para evitar “a abusividade
da conduta estar relacionada a um poder econômico conferido por patente e a infração
ser considerada de um nível de gravidade tal ou que haja tal interesse público geral que
exija sua imposição”. (BARBOSA, 2005).
Dessa forma, a atuação do CADE nos contratos internacionais deverá se pautar nas
relações jurídicas que possam gerar questões de concorrência desleal, desde que a sua
execução se dê no direito brasileiro, bem como será submetido ao CADE, quando os
pressupostos da Lei no 8. 884/1994 estiverem presentes.
103
UNIDADE I │ CONTRATOS INTERNACIONAIS
São funções da OMC: (a) gerenciar os acordos que compõem o sistema multilateral de
comércio; (b) servir de fórum para comércio nacional; (c) supervisionar a adoção dos
acordos e a implementação dos acordos celebrados pelos membros da organização.
A ideia de recorrer à OMC para análise dos contratos internacionais pauta na concepção
de privilegiar a crescente institucionalização na resolução de conflitos de natureza
comercial e aumentar a segurança jurídica dos negócios contratuais internacionais.
Nina (2003, p. 204) afirma que “os contenciosos deverão ser solucionados com base na
aplicação das regras sobre a solução de controvérsias negociadas na Rodada Uruguai”.
Assim, a ideia do mecanismo para solucionar os conflitos é a sua aplicação em caso de
conflitos gerados pela aplicação dos acordos sobre o comércio internacional entre os
membros da OMC.
Explica Valério, “a carta da OIC previa um sistema de tomada de decisões por voto
paritário entre seus membros, e não proporcional à participação nas relações
de trocas mercantis. Diferenciava-se, destarte, dos sistemas decisórios do FMI
e do Banco Mundial, em que são observadas cotas contributivas desiguais dos
participantes. Essa singularidade não foi vista com bons olhos pelo Congresso
dos EUA, que acreditava se tratar de uma ameaça à soberania e à hegemonia
comercial do país. Por conta disso, o governo do democrata Harry S. Truman sequer
chegou a enviar formalmente a carta de apreciação ao Poder Legislativo, que era
majoritariamente composto, na época, por membros do Partido Republicano.
Sem a ratificação do Congresso Nacional, os estadunidenses ficaram de fora do
tratado da OIC. Uma vez que os EUA, já naquele momento consolidado como
potência econômica, não fariam parte da organização, a constituição desta
tornou-se inviável. Com o arquivamento do projeto, o tripé que sustentaria o
capitalismo mundial projetado em Bretton Woods ficou com uma de suas pernas
mancas.”. VALÉRIO, Marco Aurélio Gumieri. Organização Mundial do Comércio:
novo ator na esfera internacional. Disponível em: <http://www2.senado.gov.br/
bdsf/bitstream/id/194952/1/000881710.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2014.
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CONTRATOS INTERNACIONAIS │ UNIDADE I
BERARDO, José Carlos da Matta. O art. 90, IV, da Lei no 12.529: Contratos
Associativos e Joint Ventures SAUDADES DO ART. 54? Apresentação no
18o Seminário Internacional de Defesa da Concorrência do IBRAC, 10
de novembro de 2012. Disponível em: <http://www.ibrac.org.br/Uploads/
Eventos/18SeminarioConcorrencia/PALESTRAS/Jos%C3%A9%20Carlos%20
da%20Matta%20Berardo.pdf. Acesso em: 2/4/2014>.
105
REGRAMENTO
DO COMÉRCIO UNIDADE II
EXTERIOR
CAPÍTULO 1
A organização e institucionalização do
comércio internacional
O GATT (General Agreement on Tariffs and Trade – Acordo Geral sobre tarifas e
comércio) surgiu do impasse na criação da OIC.
Constitui o GATT, como bem expõe Thorstensen (2001, p. 32), um sistema de regras
que “visa liberalizar as trocas entre as partes contratantes, por meio da prática de
um comércio aberto a todos, bem como a partir de um conjunto de regras que estão
fundamentadas em alguns princípios básicos”.
106
REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE II
Em 1990, foi proposta pelo Canadá, e apoiada pela União Europeia, a criação da
Organização Mundial do Comércio (OMC) para supervisionar o GATT. A OMC possui
personalidade legal e imunidade diplomática em termos semelhantes à ONU, o que
aumenta a sua confiabilidade e efetividade da administração do comércio internacional.
(GONÇALVES, 1998, p. 62).
Assim, em 1995, uma organização intergovernamental com uma base legal começou a
funcionar. Como o próprio GATT, que continua a liberalizar o comércio internacional, a
OMC é regida por uma série de acordos legais. Deve-se deixar claro que as instituições
internacionais do comércio são: Fundo Monetário Internacional (FMI); Banco
Internacional de Reconstrução e Deseenvolvimento (BIRD); Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID); Banco para Ajuste Internacional (BAI); Export-Import Banck
(EXIMBACK) e; Clube de Paris.
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UNIDADE II │ REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
Caso o fisco, no exercício de sua função, deparar com a prática de ilícito criminal, lavrará
o auto de infração correspondente e encaminhará à Policia Federal.
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REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
papéis; (g) Exercer o controle do crédito sob todas as suas formas e; (h) Efetuar o controle
dos capitais estrangeiros, nos termos da lei , entre outros.
110
REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE II
Ministério da Fazenda
Banco do Brasil
O Banco do Brasil é uma empresa privada, constituída pelo regime jurídico da sociedade
de economia mista, vinculada ao Ministério da Fazenda, e se encontra credenciada pelo
governo para auxiliar o desenvolvimento do comércio exterior.
O Banco do Brasil possui as seguintes competências: (a) ser agente pagador e recebedor
fora do País, como representante do Governo Federal; (b) realizar, por conta própria,
operações de compra e venda de moeda estrangeira e, por conta do Banco Central,
nas condições estabelecidas pelo Conselho Nacional e; (c) difundir e orientar o
111
UNIDADE II │ REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
112
REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE II
113
CAPÍTULO 2
A jurisdição aduaneira
Território
O território aduaneiro abrange:
Para a demarcação da zona primária, deverá ser ouvido o órgão ou empresa a que
esteja afeta a administração do local a ser alfandegado. A autoridade aduaneira poderá
exigir que a zona primária, ou parte dela, seja protegida por obstáculos que impeçam o
acesso indiscriminado de veículos, pessoas ou animais. A autoridade aduaneira poderá
estabelecer, em locais e recintos alfandegados, restrições à entrada de pessoas que ali
não exerçam atividades profissionais, e a veículos não utilizados em serviço (art. 3o do
Decreto no 6.759/2009).
114
REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE II
Estação aduaneira
A estação aduaneira de fronteira compreende o terminal instalado na zona primária,
vinculada a um ponto alfandegário de fronteira. O centro logístico e industrial aduaneiro
são os portos secos, que são licenciados pela Secretária da Receita Federal para explorar
serviços de movimentação e armazenamento de mercadorias.
115
UNIDADE II │ REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
Os portos secos são ambientes alfandegados de uso público nos quais são cumpridas
operações de movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias e de
bagagem, sob controle aduaneiro. Os portos secos não são alojados na zona primária
de portos e aeroportos alfandegados.
116
REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE II
Os portos secos poderão ser liberados a operar com carga de importação, de exportação
ou ambas, tendo em vista as necessidades e condições locais.
Cidades fronteiriças
Nas cidades fronteiriças, poderão ser alfandegados pontos de fronteira para o tráfego
local e exclusivo de veículos matriculados nessas cidades. Os pontos de fronteira serão
alfandegados pela autoridade aduaneira regional, que poderá fixar as restrições que
julgar convenientes. As autoridades aduaneiras locais com jurisdição sobre as cidades
fronteiriças poderão instituir, no interesse do controle aduaneiro, cadastros de pessoas
que habitualmente cruzam a fronteira. (Decreto-Lei no 37, de 1966, art. 34, inciso I).
117
UNIDADE II │ REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
118
REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE II
O terminal somente poderá ser instalado em: (a) em área contígua à de porto
alfandegado, que ofereça condições básicas de operacionalidade; (b) quando haja, na
repartição que deva jurisdicioná-los, suficientes recursos humanos para a prestação
dos serviços aduaneiros. O acesso da carga a esses terminais é feito por meio do regime
de trânsito aduaneiro (art. 15 do Decreto no 91.030/1985).
119
UNIDADE II │ REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
O art. 17 do Decreto no 6.759/2009 prevê que nas áreas de portos, aeroportos, pontos
de fronteira e recintos alfandegados, bem como em outras áreas nas quais se autorize
carga e descarga de mercadorias, ou embarque e desembarque de viajante, procedentes
do exterior ou a ele destinados, a autoridade aduaneira tem precedência sobre as demais
que ali exerçam suas atribuições.
120
REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE II
121
UNIDADE II │ REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
O controle aduaneiro nessa situação será prestado pelo transportador, que deverá ser
fiscalizado pela autoridade aduaneira, que procederá a análise de toda a documentação
pertinente ao transporte da mercadoria e das pessoas ali localizadas.
A Visita Aduaneira
A Visita Aduaneira é o ato fiscal pelo qual a autoridade aduaneira recebe, do responsável
pelo transporte, os documentos referentes ao veículo (marítimo, aéreo ou terrestre), à
carga por ele transportada, bem como a outros bens existentes a bordo.
A partir desse momento, a autoridade aduaneira deve proceder às buscas que forem
necessárias para prevenir e reprimir a ocorrência de fraude. A visita aduaneira é ato
imprescindível no despacho aduaneiro.
122
REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE II
Da Busca em Veículos
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UNIDADE II │ REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
O art. 39 do Decreto no 6.759/2009 prevê a livre circulação das unidas de carga e seus
acessórios no território aduaneiro da seguinte forma:
124
REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE II
A Aduaneira poderá segurar o veículo, seja por descumprir as normas, seja por estar
com débito fiscal.
O manifesto de carga
O manifesto poderá ser aditado por meio de uma carta de correção que deverá ser
acompanhada do conhecimento objeto da correção e ser apresentada antes do início do
despacho aduaneiro.
125
UNIDADE II │ REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
BARROS, Andre Ferreira de. Novo direito aduaneiro. Rio de Janeiro: Synergia,
2009.
126
CAPÍTULO 3
Importação
O procedimento de importação comporta três fases: (a) Administrativa; (b) Fiscal e; (c)
Cambial. Na realização das duas primeiras fases a mercadoria é considerada importada
e pode ser liberada para o mercado interno.
Requisitos administrativos
São requisitos adminsitrativos para a realização da importação: (a) o registro do
importador no SISCOMEX; (b) classificação das mercadorias importadas; (c)
apresentação da Fatura Pro Forma; (d) registro da transação no SISCOMEX; (e) licença
de importação conforme o volume das mercadorias; (f) carregamento das mercadorias
no país de origem; (g) emissão de documentos internacionais e desembaraço aduaneiro;
(h) contratação de moeda estrangeira; (i) pagamento dos direitos aplicáveis; (j) emissão
da Declaração de Importação e; (k) liberação da carga no Brasil.
127
UNIDADE II │ REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
O exportador pode ser tanto pessoas naturais (físicas) como as jurídicas. No entanto,
as pessoas físicas somente poderão importar mercadorias em quantidades que não
revelem prática de comércio e desde que não se configure habitualidade. (Art. 1o da
Portaria no 36/2007).
Do credenciamento e da habilitação
A utilização do sistema Siscomex poderá ser realizada pelo próprio importador ou
então, por procurador devidamente habilitado nos termos das regras impostas pela
Receita Federal do Brasil.
Sistema de licenciamento
De forma geral, as importações serão dispensadas de licenciamento, cabendo aos
importadores simplesmente providenciar o registro no Siscomex da declaração de
imposto, a fim de iniciar o processo de despacho aduaneiro de importação junto à
unidade aduaneira competente da Receita Federal do Brasil.
128
REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE II
129
UNIDADE II │ REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
130
REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE II
das Áreas de Livre Comércio, exceto quando o produto estiver sujeito a Tratamento
Administrativo no SISCOMEX que exija o cumprimento da condição prevista no caput;
II - mercadoria ingressada em entreposto aduaneiro ou industrial na importação;
III - importações sujeitas à anuência do CNPq; IV - importações de brinquedos; V
- importações de mercadorias sujeitas à anuência da Agência Nacional do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),
quando previsto na legislação específica e; VI - importações a que se refere o § 1o do art.
43 (art. 17 da Portaria SECEX no 23, de 14/7/2011).
131
UNIDADE II │ REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
132
REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE II
Nos casos em que haja isenção ou redução de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias
e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação (ICMS) vinculada à obrigatoriedade de inexistência de similar nacional,
o importador deverá apontar no registro de licenciamento o Convênio do ICMS
pertinente. Para efeito do que dispõe o art. 199 do Decreto no 6.759, de 2009, a anotação
da inexistência de similar nacional deverá ser realizada somente no licenciamento de
importação. (Art. 39 da Portaria SECEX no 23, de 14/7/2011).
Controle de preços
Tôrres (2001, p. 162) afirma que a transferência do preço ocorre “sempre que uma
empresa vende um bem ou presta um serviço à outra pessoa”, devendo ser fixado um
preço correspondente; e quando as pessoas envolvidas são partes vinculadas, o preço
é denominado de preço de transferência. Assim, no caso das questões aduaneiras irá
gerar questionamentos acerca da tributação, pois poderá haver à redução da base de
133
UNIDADE II │ REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
cálculo do imposto de renda, é comum que os Estados adotem normas que estabeleçam
um mecanismo de controle tributário daqueles.
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REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE II
135
UNIDADE II │ REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
O Método do Preço sob Cotação na Importação (PCI) é definido como os valores médios
diários da cotação de bens ou direitos sujeitos a preços públicos em bolsas de mercadorias
e futuros internacionalmente reconhecidas. Os preços dos bens importados e declarados
por pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no País serão comparados
com os preços de cotação desses bens, constantes em bolsas de mercadorias e futuros
internacionalmente reconhecidas, ajustados para mais ou para menos do prêmio médio
de mercado, na data da transação, nos casos de importação de: I - pessoas físicas ou
jurídicas vinculadas; II - residentes ou domiciliadas em países ou dependências com
tributação favorecida; ou III - pessoas físicas ou jurídicas beneficiadas por regimes
fiscais privilegiados. Não havendo cotação disponível para o dia da transação, deverá
136
REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE II
Requisitos fiscais
Comporta o tratamento aduaneiro de desembaraço propriamente dito, realizado em
locais próprios, que se refere a análise dos dados declarados do importador em relação
às mercadorias importadas, os documentos apresentados e à legislação específica, bem
como o pagamento dos tributos devidos.
Imposto de importação
137
UNIDADE II │ REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
Importa ressaltar que o imposto de importação é uma situação de fato, e tem-se por
ocorrido “desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias
a que produza os efeitos normalmente lhe são próprios”. (Art. 116, I do CTN).
O STJ tem afirmado que não obstante o fato gerador do imposto de importação se dê
com a entrada da mercadoria estrangeira em território nacional, torna-se necessária a
fixação de um critério temporal a que se atribua a exatidão e certeza para se completar
o inteiro desenho do fato gerador. Assim, embora o fato gerador do tributo se dê com a
entrada da mercadoria em território nacional, ele apenas se aperfeiçoa com o registro da
Declaração de Importação no caso de regime comum e, nos termos precisos do parágrafo
único, do artigo 1o, do Decreto-Lei no 37/66 (STJ – REsp: 362910 PR 2001/0129594-6,
Relator: Ministro JOSÉ DELGADO, Data de Julgamento: 16/4/2002, T1 – Primeira
Turma, Data de Publicação: DJ 13/5/2002 p. 161).
138
REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR │ UNIDADE II
Alexandre (2008, p. 529) expõe que “a alíquota ad valorem é aquela que incide sobre o
valor, ou seja, é aquele percentual a ser multiplicado por uma grandeza especificada em
moeda corrente (...) para a obtenção do montante do tributo a ser pago”. Já a “alíquota
especifica é aquela definida por uma quantia determinada de dinheiro por unidade de
quantificação dos bens importados”.
139
UNIDADE II │ REGRAMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
Também ocorrerão as isenções e reduções do Imposto de Importação nos casos de: (a)
importação de livros, jornais, periódicos e do papel destinado à sua reprodução; (b)
amostras e remessas postais internacionais, sem valor comercial; (c) remessas postais e
encomendas aéreas internacionais destinadas à pessoa física; (d) bagagem de viajantes
procedentes do exterior ou da Zona Franca de Manaus; (e) bens adquiridos em Loja
Franca, no País; (f) bens trazidos do exterior, referidos na alínea b do § 2o do art. 1o
do Decreto-Lei no 2.120, de 14 de maio de 1984; (g) bens importados sob o regime
aduaneiro especial de que trata o inciso III, do artigo 78, do Decreto-Lei no 37, de 18
de novembro de 1966; (h) gêneros alimentícios de primeira necessidade, fertilizantes e
defensivos para aplicação na agricultura ou pecuária, bem assim matérias-primas para
sua produção no País, importados ao amparo do art. 4o da Lei no 3.244, de 14 de agosto
de 1957, com a redação dada pelo art. 7o do Decreto-Lei no 63, de 21 de novembro de
1966; (i) bens importados ao amparo da Lei no 7.232, de 29 de outubro de 1984; (j)
partes, peças e componentes destinados ao reparo, revisão e manutenção de aeronaves
e embarcações; (k) importação de medicamentos destinados ao tratamento de aidéticos,
bem como de instrumental científico destinado à pesquisa da Síndrome da Deficiência
Imunológica Adquirida, sem similar nacional, os quais ficarão isentos, também, dos
tributos internos; (l) bens importados pelas áreas de livre comércio; (m) bens adquiridos
para industrialização nas Zonas de Processamento de Exportações (ZPEs).
Interessante afirmar que a Lei no 8.032/1990 prevê no art. 6o que “os bens objeto de
isenção ou redução do Imposto de Importação, em decorrência de acordos internacionais
firmados pelo Brasil, terão o tratamento tributário neles previsto.” E, ainda, o art. 7o
dispõe que “os bens importados com alíquotas zero do Imposto de Importação estão
sujeitos aos tributos internos, nos termos das respectivas legislações”.
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Dessa forma, além, é claro, dos “documentos eletrônicos obtidos via SISCOMEX, ou seja,
a DI, a DSI (quando aplicável), a LI (quando necessária) e o CI, os demais documentos
utilizados nos processos de importação guardam as mesmas características que os seus
congêneres, emitidos por ocasião de uma exportação, observando, no entanto, uma
inversão de papéis entre exportador e o importador”. (FARO, 2012, p. 87).
Controle administrativo
Na importação por conta de terceiro deve seguir as regras estabelecidas pela Instrução
Normativa SRF no 225/2002.
Dessa forma, entende-se por operação de importação por conta e ordem de terceiro
“aquela em que uma pessoa jurídica promove, em seu nome, o despacho aduaneiro
de importação de mercadoria adquirida por outra, em razão de contrato previamente
firmado, que pode compreender, ainda, a prestação de outros serviços relacionados
com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação
comercial” (Instrução Normativa SRF no 225/2002).
O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importadora que opere por
conta e ordem de terceiros é exercido conforme o estabelecido na Instrução Normativa
SRF no 225/2002.
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São modalidades de pagamento: (a) pagamento antecipado; (b) remessa direta; (c)
cobrança a vista; (d) cobrança a prazo; (c) crédito documentário ou carta de crédito e;
(d) cartas de garantia.
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Na cobrança a vista, o “banco cobrador efetua contato com o importador para que ele
compareça àquela instituição financeira a fim de efetuar o pagamento correspondente
a sua compra e receba os documentos essenciais aos trâmites alfandegários para tomar
posse da mercadoria”. (FARO, 2012, p. 97).
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Faro (2012, p. 107) aponta ainda a stand by letter of credit que “é emitida em favor
do exportador que somente a executa na hipótese de o importador não realizar o
pagamento relativo à compra efetuada, e, por esse motivo, diferencia-se dos créditos
documentários convencionais”. Trata-se de garantia emitida pela instituição financeira
ou bancária com aplicação ampla, podendo ser utilizada para garantir operações de
câmbio (comercial, financeiro ou empréstimos), sendo mais usual sua aplicação em
transações financeiras.
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CAPÍTULO 4
Exportação
As exportações livres são aquelas que podem ser processadas sem qualquer procedimento
especial.
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Registro do Exportador
O registro como exportador é automático, no ato da primeira operação sem qualquer
declaração, sendo realizada no ato da primeira operação de exportação em qualquer
ponto conectado ao Siscomex.
Do credenciamento e da habilitação
Do Registro de Exportação
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Art. 191. Poderão ser acolhidos pedidos de alteração para inclusão de ato
concessório e do enquadramento de drawback nas hipóteses previstas
no art. 147, mediante processo administrativo.
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É importante ressaltar que o imposto sobre exportação tem finalidade extrafiscal, que
serve como instrumento da atuação da União no controle do comércio exterior.
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No entanto, o Poder Executivo Federal pode modificar por decreto, sem observância do
princípio da anterioridade e da legalidade, as alíquotas dos impostos de exportação e
importação, isto se dá porque o Poder Executivo necessidade de instrumentos céleres
para regular o comércio internacional, sempre obedecendo aos limites e condições
fixadas em lei complementar. (Art. 153, §1o da CF).
O sistema tributário não permite a surpresa na instituição do tributo, por esse motivo
a União proíbe a União, os Estados e os Municípios de cobrar tributos no mesmo
exercício de sua instituição, ou seja, os impostos só podem ser cobrados no ano seguinte
de sua aprovação em lei. Essa proibição sedimenta o princípio da Anterioridade e
se encontra previsto no art. 150, inc. III da CF. Contudo, é importante ressaltar que
o princípio da anterioridade não se aplica aos impostos de importação, exportação,
Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF), Imposto sobre Produtos
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Industrializados (IPI), imposto extraordinário de guerra (art. 154, II, CF), empréstimo
compulsório destinado a atender a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade
pública, de guerra externa ou sua iminência (art. 148, I, CF).
A CF no art. 150, III proíbe a lei de retroagir, ou seja, não podem ser exigidos tributos
sobre fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que instituiu ou
aumentou algum tributo. Contudo, o princípio da Irretroatividade não é absoluto,
pois há exceções à regra, na forma do art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN)
que dispõe a lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja
expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos
dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: (a)
quando deixe de defini-lo como infração; (b) quando deixe de tratá-lo como contrário
a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não
tenha implicado em falta de pagamento de tributo; (c) quando lhe comine penalidade
menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
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Da mesma forma que imposto de importação, a lei tributária considera como momento
de originário do fato tributário o registro da exportação no SISCOMEX, na forma do
art. 213 do Decreto no 6.759/2009.
Assim, é importante ressaltar que não importa quando o negócio foi fechado, pois o
tributo será calculado com base na legislação vigente na data do registro da exportação.
Base de cálculo
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Lançamento
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No entanto, Machado (2011, p. 313) afirma que o lançamento é por declaração, pois
depende de uma declaração de exportação, momento em que o imposto é cobrado.
Tratamento Aduaneiro
Os produtos sujeitos aos procedimentos especiais, as normas específicas de padronização
e a classificação, aos impostos de exportação ou que tenham a exportação contingenciada
ou suspensa, em virtude da legislação ou em decorrência de compromissos internacionais
assumidos pelo Brasil, estão relacionados no Anexo XVII da Portaria SECEX no 23, de
14/7/2011. (Art. 196).
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A exportação com margem não sacada refere a seguinte regra da Portaria SECEX no 23,
de 14/7/2011:
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embarque, o seu retorno ao País ou, no caso de ocorrer à venda, efetivo recebimento de
moeda estrangeira na forma da regulamentação cambial vigente. (Art. 207 da Portaria
SECEX no 23, de 14/7/2011).
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Os incentivos fiscais estão estabelecidos nas seguintes normas: Lei no 8.402/1992, Lei
no 12.546/2011 e o Decreto no 6.759/2009.
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A CF em seu artigo 153, parágrafo 3o, inciso III estipula que os produtos industrializados
destinados ao exterior são imunes a incidência do IPI.
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CAPÍTULO 5
Regimes Aduaneiros
A concepção de regime aduaneiro reside no fator de que cada Estado possui tratamento
tributário distinto a ser aplicado no comércio exterior, seja na exportação seja na
importação, determinando a cobrança dos direitos aduaneiros, incidentes sobre as
riquezas que ultrapassarem as fronteiras nacionais, na entrada e na saída.
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Trânsito Aduaneiro
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Poderá ser beneficiário do regime: I - o importador, nas modalidades (a) e (d) acima
descrita; o exportador, nas modalidades (b), (c) e (g) acima descrita; o depositante, na
modalidade (d) acima descrita; o representante, no País, de importador ou exportador
domiciliado no exterior, na modalidade (e) acima descrita; o permissionário ou o
concessionário de recinto alfandegado, exceto na modalidade (e) acima descrita e; em
qualquer caso: o operador de transporte multimodal, o transportador, habilitado na
forma da lei, o agente credenciado a efetuar operações de unitização ou desunitização
da carga em recinto alfandegado.
Admissão Temporária
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Drawback
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Entreposto aduaneiro
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Por fim, cabe ressaltar que a autoridade aduaneira poderá exigir, a qualquer tempo, a
apresentação da mercadoria submetida ao regime de entreposto aduaneiro, bem assim
proceder aos inventários que entender necessários.
As mercadorias produzidas na ZFM seja para o consumo interno como também para
outros pontos do País, gozam da isenção do IPI.
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Exportação temporária
Poderão ser admitidos nesses regimes os bens cuja exportação esteja voltada para
atender a interesses esportivos, artísticos, culturais, científicos, comerciais e industriais,
e, dessa forma, a saída do País de tais itens pode ter destinações diversas, tais como
feiras, exposições, congressos etc.
Não se sujeito ao regime os bens compreendidos no termo bagagem que nessa condição
saiam do País.
É o regime que permite “a saída, do País, por tempo determinado, de mercadoria nacional
ou nacionalizada, para ser submetida à operação de transformação, à elaboração,
beneficiamento ou montagem, no exterior, e à posterior reimportação, sob a forma do
produto resultante, com pagamento dos tributos sobre o valor agregado”. Também se
aplica o regime, na saída do país de mercadoria nacional ou nacionalizada para ser
submetida ao processo de conserto, reparo ou restauração. (Art. 93 do Decreto-lei no
37, de 1966).
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Loja franca
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A Portaria SECEX no 23, de 14/7/2011 no art. 208 estipula que “o Depósito Alfandegado
Certificado (DAC) é o regime que admite a permanência, em local alfandegado do
território nacional, de mercadoria já comercializada com o exterior e considerada
exportada, para todos os efeitos fiscais, creditícios e cambiais, devendo, portanto, a
operação ser previamente registrada no SISCOMEX”.
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Esse regime subsiste a partir da admissão, até a sua extinção, que se dará nos casos
em que a mercadoria tenha uma das seguintes informações: (a) aplicação em serviço
de manutenção e reparo de aeronaves; (b) reexportação, inclusive quando integrar
mercadoria destinada a consumo de bordo; (c) destruição, mediante autorização do
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Depósito franco
O prazo de permanência será de até um (01) ano, prorrogável por igual período. Em
situações especiais e mediante anuência expressa do fornecedor estrangeiro, poderá ser
concedida nova e última prorrogação, respeitado o limite máximo de 3 anos. (Portaria
no 720/1992 do Ministério da Fazenda).
Constituem áreas de livre comércio de importação e de exportação “as que, sob regime
fiscal especial, são estabelecidas com a finalidade de promover o desenvolvimento de
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São as seguintes as zonas criadas: Senador Guiomard (AC), Ilhéus (BA), Pecém (CE),
Aracruz (ES), Vila Velha (ES), São Luís (MA), Teófilo Otoni (MG), Uberaba (MG),
Bataguassu (MS), Corumbá (MS), Cáceres (MT), Barcarena (PA), João Pessoa (PB),
Suape (PE), Parnaíba (PI), Itaguaí (RJ), Assú (RN), Macaíba (RN), Boa Vista (RR),
Rio Grande (RS), Imbituba (SC), Barra dos Coqueiros (SE), Fernandópolis (SP) e
Araguaína (TO).
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Para (não) Finalizar
Nesse espectro,, a boa e adequada redação das cláusulas contratuais podem auxiliar o
cumprimento do contrato.
O transporte das mercadorias poderá ser tanto marítimo, aéreo e terrestre, que irá
incidir sempre algum risco pelo transporte. Nessa ideia de risco temos os Incoterms que
são responsáveis pela atribuição de quem assume a responsabilidade pelo transporte, o
importador ou o exportador, o que dependerá do Incoterms adotado.
De outra parte, quando uma mercadoria entra ou sai de um determinado país teremos
a incidência dos tributos de exportação e importação.
E para tanto a legislação brasileira impõe diversas regras acerca do assunto, hora dando
incidência outra excluindo a possibilidade da cobrança do imposto.
186
Referências
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