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APRESENTAÇÃO
Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá estudar a importância das normas gerais e especiais
de tutela do trabalho, os princípios existentes no Direito do Trabalho e a distinção entre relação
de trabalho e relação de emprego.
Bons estudos.
DESAFIO
Alex trabalha há 5 anos na empresa XYZ Construção Civil no cargo de engenheiro civil,
recebendo um salário mensal de R$ 4.000,00. Alex cumpre horário de segunda a quarta, das
8h às 17h, fazendo um intervalo de almoço de 1 hora. Nos demais dias da semana (quinta e
sexta), ele trabalha em casa no sistema home office.
Seu chefe, sempre no primeiro horário da manhã, lhe passa todas as tarefas do dia, pedindo um
feedback ao final do dia.
Em dúvida sobre a sua situação de trabalho diante da Lei da Reforma Trabalhista, Alex procura
você para uma consultoria. Sabendo que Alex vai à empresa somente em três dias na
semana, é possível afirmar que existe uma relação de emprego?
INFOGRÁFICO
Princípios são enunciados amplos, máximas ou assertivas que no seu todo servem como base e
sustentáculo de informação ao legislador na elaboração de uma norma. Os princípios do Direito
do Trabalho têm a função de informar, orientar (auxílio às interpretações) e normatizar (auxílio
à função normativa) tanto os aplicadores do direito quanto os elaboradores de normas.
A CLT, em seu título III, arts. 224 a 351, discorre sobre as Normas Especiais de Tutela do
Trabalho, reunindo regras em alusão às disposições especiais sobre duração e condições de
trabalho. Institui ainda, nas diversas seções desse título, normas sobre a atuação dos empregados
em atividades de conteúdo em outros princípios especiais, variáveis, em função das condições
pessoais do empregado ou da natureza do serviço desenvolvido, a fim de diferenciar as
peculiaridades da execução de seus serviços em relação aos demais trabalhadores.
Boa leitura.
LEGISLAÇÃO E ROTINA
TRABALHISTA E
PREVIDENCIÁRIA
Introdução
A tutela do Direito do Trabalho é o ramo que compreende as regras
concernentes à proteção do indivíduo que trabalha, incluídas as normas
de medicina e segurança do trabalho, limitação da jornada de trabalho,
fixação de intervalos obrigatórios, fiscalização trabalhista etc. Dentre as
normas gerais de tutela do trabalho, encontramos na Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT) regras que disciplinam a duração de trabalho,
os períodos de descanso e intervalos e o trabalho noturno. Já no que
diz respeito às normas especiais de tutela do trabalho, há previsão de
algumas regras específicas de proteção ao trabalhador, como o trabalho
desenvolvido por menores de idade, mulheres, bancários, professores e
jornalistas profissionais.
Neste capítulo, estudaremos basicamente sobre o tratamento dado
às normas gerais e especiais de tutela do trabalho. Nesse sentido, ana-
lisaremos a importância dessas normas, aprenderemos quais são os
princípios do Direito do Trabalho e, por fim, diferenciaremos a relação
de trabalho da relação de emprego, que muitas vezes são entendidas
como sinônimos apesar de não o serem.
2 Normas gerais e especiais de tutela do trabalho
Princípio da proteção
De acordo com Garcia (2017), o princípio de proteção engloba três vertentes:
o in dubio pro operario, a aplicação da norma mais favorável e a condição
mais benéfica.
O polo mais fraco da relação jurídica de emprego merece um tratamento
jurídico superior, por meio de medidas protetoras, para que se alcance a efetiva
igualdade substancial, ou seja, promovendo-se o equilíbrio que falta na relação
de trabalho, pois, na origem, os seus titulares normalmente se apresentam em
posições socioeconômicas desiguais.
Na realidade, o princípio de proteção insere-se na estrutura do Direito do
Trabalho, que surgiu, de acordo com a história, inicialmente, como forma de
impedir a exploração do capital sobre o trabalho humano, em seguida, visando
a melhorar as condições de vida dos trabalhadores e, por fim, possibilitando
aos trabalhadores adquirir status social, noção máxima de cidadania.
De acordo com o in dubio pro operario, na interpretação de uma disposição
jurídica que pode ser entendida de diversos modos, ou seja, havendo dúvida
sobre o seu efetivo alcance, deve-se interpretá-la em favor do empregado. Não
se trata, no entanto, de alterar o significado claro da norma, nem se permite
atribuir sentido que, de modo nenhum, possa ser deduzido da disposição.
Por se tratar de princípio inerente ao Direito (material) do Trabalho, o in dubio
pro operario não apresenta caráter processual, uma vez que o Direito Proces-
sual do Trabalho possui disposições específicas e próprias, como a avaliação
da qualidade das provas produzidas e a aplicação das regras de ônus da prova.
O princípio da aplicação da norma mais favorável é no sentido de que,
havendo diversas normas válidas incidentes sobre a relação de emprego, deve-
-se aplicar aquela mais benéfica ao trabalhador.Isso significa que, existindo
Normas gerais e especiais de tutela do trabalho 5
Princípio da irrenunciabilidade
O princípio da irrenunciabilidade significa não se admitir, em tese, que o
empregado renuncie, ou seja, abra mão dos direitos assegurados pelo sistema
jurídico trabalhista, cujas normas são, em sua grande maioria, de ordem
pública, conforme Garcia (2017).
A natureza cogente das normas de Direito do Trabalho é confirmada ao
se verificar que o Estado, por meio dos órgãos competentes (Ministério do
Trabalho, Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego), tem o dever
6 Normas gerais e especiais de tutela do trabalho
https://goo.gl/aeXD1P
Relação de emprego
A prestação de trabalho por uma pessoa física a outrem pode se concretizar
de formas relativamente diversas entre si. Mesmo no mundo econômico oci-
dental dos últimos 200 anos, essa prestação não se circunscreve à exclusiva
fórmula da relação empregatícia. Assim, a prestação de trabalho pode emergir
como uma obrigação de fazer pessoal, contudo sem subordinação (trabalho
autônomo em geral); como uma obrigação de fazer sem pessoalidade nem
subordinação (também trabalho autônomo); como uma obrigação de fazer
pessoal e subordinada, mas episódica e esporádica (trabalho eventual). Em
todos esses casos, não se configura uma relação de emprego ou contrato de
emprego. Todos esses casos, portanto, consubstanciam relações jurídicas que
não se encontram, em princípio, sob a égide da legislação trabalhista (CLT e leis
esparsas). Até o advento da Emenda Constitucional nº. 45, de 30 de dezembro
de 2004 (novo art. 114 da Constituição Federal), eles sequer se encontravam
sob o manto jurisdicional da Justiça do Trabalho (DELGADO, 2017).
A caracterização da relação empregatícia é, portanto, um procedimento essen-
cial ao Direito do Trabalho, à medida que propicia o encontro da relação jurídica
básica que originou e assegura o desenvolvimento de princípios, regras e institutos
justrabalhistas regulados por esse ramo jurídico especial. É um procedimento
com reflexos no próprio Direito Processual do Trabalho, uma vez que ele abrange
essencialmente as lides principais e conexas em torno da relação de emprego. A
ampliação da competência da Justiça do Trabalho pela Emenda Constitucional
nº. 45/2004 (art. 114, I a IX, da Constituição Federal) não retirou a hegemonia
das lides empregatícias no âmbito da justiça especializada (DELGADO, 2017).
Normas gerais e especiais de tutela do trabalho 13
Relação de trabalho
A relação empregatícia e a figura do empregado surgem como resultado da
combinação dos cinco elementos fático-jurídicos já examinados em certo
contexto sócio jurídico. Há, porém, outras relações de trabalho gestadas na
dinâmica social muito próximas do ponto de vista jurídico e social à relação
empregatícia, mas que não se confundem. Às vezes, a diferenciação pode
motivar uma pesquisa fático-teórica tormentosa (DELGADO, 2017).
Em um primeiro plano, há um vínculo jurídico que, apesar de contar com
os elementos configuradores da relação de emprego do ponto de vista prá-
tico, recebe da ordem jurídica uma excludente legal absoluta, que inviabiliza
o contrato empregatício. Trata-se da natureza pública da relação jurídica
formada. É o que se passa com os servidores administrativos das entidades
estatais de Direito Público.
Em um segundo plano, há outra relação jurídica, de natureza efetivamente
privada, que também pode contar com os elementos integrantes da relação de
emprego sem enquadrar-se no tipo legal da CLT. É o que ocorre com o estágio,
desde que regularmente formado e praticado. Ressaltemos, entretanto, que não
estamos mais diante de excludente legal absoluta como ocorrido acima, senão de
uma presunção legal favorável ao estágio. Nesse plano, há outra relação jurídica
que parece concorrer, do ponto de vista jurídico, com a relação de emprego,
embora a concorrência seja mais aparente que verdadeira. São as situações
relativas aos trabalhadores prestadores de serviço de cooperativas de mão de
obra ou cooperativas de trabalho, segundo a terminologia seguida pela Lei nº.
12.690, de 19 de julho de 2012. Nesse ponto, também não estamos definitiva-
mente perante uma excludente legal da relação de emprego (DELGADO, 2017).
Em outro plano, há diversas outras relações sociojurídicas que se diferenciam
da relação de emprego em vista da falta de um ou mais elementos fático-jurídicos
componentes do tipo legal especificado no caput dos arts. 2º e 3º da CLT. É o
que acontece, para ilustrarmos melhor, com as relações trabalhistas autônomas,
eventuais e avulsas, além de outros vínculos também fronteiriços ao regulado
pela CLT, como nas situações de representante comercial ou agente, motorista
carreteiro proprietário do seu próprio veículo, motorista de táxi etc. Todos esses
casos de relação de trabalho lato sensu são de certa forma próximos à relação
empregatícia, pois todos esses trabalhadores lato sensu tangenciam a figura
jurídica do empregado. Contudo, inquestionavelmente todos eles formam figuras
sociojurídicas distintas da empregatícia para o Direito, com regras, institutos e
princípios jurídicos diferenciados a regerem a situação concreta, desde que lhes
falte pelo menos um dos elementos do vínculo empregatício.
14 Normas gerais e especiais de tutela do trabalho
Nesta Dica do Professor, você vai compreender a diferença existente entre a relação de trabalho
e a relação de emprego.
EXERCÍCIOS
B) Primazia da realidade.
2)
No que diz respeito aos princípios do Direito do Trabalho e ao raciocínio doutrinário
sobre a matéria, é correto dizer que:
A) considera-se empregado toda pessoa física ou jurídica que prestar serviços de natureza
exclusiva e não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
A) princípio da alteridade.
B) princípio da onerosidade.
C) princípio da subordinação.
D) princípio da pessoalidade.
NA PRÁTICA
Na prática, é possível ver como o trabalho de uma pessoa, mesmo autônoma, pode ser
considerada pelo juiz como relação de emprego, tendo em vista que estavam presentes todos os
seus requisitos.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Leia o texto a seguir que reflete sobre as mudanças na lei que impõem novas dimensões nas
relações de trabalho.