No Brasil não é diferente. Em nosso país, os 8 bilionários mais ricos detêm a mesma riqueza que a
metade mais pobre de nossa população – cerca de 100 milhões de pessoas. Enquanto isso, o governo
Temer conduz um ajuste fiscal que prioriza medidas que congelam os investimentos em educação e
saúde, que cortam benefícios sociais e que mudam o sistema das aposentadorias. Em todas essas
propostas, quem paga a conta não são os super-ricos nem as grandes corporações. Somos nós. E isso
não é justo.
Desde 2015, o 1% mais rico detinha mais riqueza que o resto do planeta;
Atualmente, oito homens detêm a mesma riqueza que a metade mais pobre do mundo;
Ao longo dos próximos 20 anos, 500 pessoas passarão mais de US$ 2,1 trilhões para seus
herdeiros – uma soma mais alta que o PIB da Índia, um país que tem 1,2 bilhão de habitantes;
A renda dos 10% mais pobres aumentou em menos de US$ 65 entre 1988 e 2011, enquanto a
dos 10% mais ricos aumentou 11.800 dólares – 182 vezes mais;
Um diretor executivo de qualquer empresa do índice FTSE-100 ganha o mesmo em um ano
que 10.000 pessoas que trabalham em fábricas de vestuário em Bangladesh.
Nos Estados Unidos, uma pesquisa recente realizada pelo economista Thomas Pickety
revela que, nos últimos 30 anos, a renda dos 50% mais pobres permaneceu inalterada, enquanto
a do 1% mais rico aumentou 300%.
No Vietnã, o homem mais rico do país ganha mais em um dia do que a pessoa mais pobre ganha
em dez anos. Uma em cada nove pessoas no mundo ainda dorme com fome;
O Banco Mundial deixou claro que, sem redobrar seus esforços para combater a
desigualdade, as lideranças mundiais não alcançarão seu objetivo de erradicar a pobreza extrema
até 2030.
Os lucros das 10 maiores empresas do mundo somam uma receita superior à dos 180
países mais pobres juntos. O diretor executivo da maior empresa de informática da Índia ganha
416 vezes mais que um funcionário médio da mesma empresa. Na década de 1980,
produtores de cacau ficavam com 18% do valor de uma barra de chocolate – atualmente, ficam
com apenas 6%.;
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 21 milhões de pessoas são
trabalhadores forçados que geram cerca de US$ 150 bilhões em lucros para empresas
anualmente. As maiores empresas de vestuário do mundo têm ligação com fábricas de
fiação de algodão na Índia que usam trabalho forçado de meninas rotineiramente.
Embora as fortunas de alguns bilionários possam ser atribuídas ao seu trabalho duro e
talento, a análise da Oxfam para esse grupo indica que um terço do patrimônio dos
bilionários do mundo tem origem em riqueza herdada, enquanto 43% podem ser atribuídos ao
favorecimento ou nepotismo. Mulheres e jovens são particularmente mais vulneráveis ao trabalho
precário: as atividades profissionais de dois em cada três jovens trabalhadores na maioria dos
países de baixa renda consistem em trabalho vulnerável por conta própria ou trabalho familiar
não remunerado. Nos países da OCDE, cerca de metade de todos os trabalhadores
temporários tem menos de 30 anos de idade e quase 40% dos jovens trabalhadores estão
envolvidos em atividades profissionais fora do padrão, como em trabalho por empreitada ou
temporário ou empregos involuntários em tempo parcial. A edição de 2016/2017 do relatório
anual do Fórum Econômico Mundial sobre as disparidades de gênero revela que a participação
econômica de mulheres ficou ainda mais baixa no ano passado e estima que serão necessários
170 anos para que as mulheres recebam salários equivalentes aos dos homens.
Oligarquia financeira
No mundo, de acordo com Mapa da Desigualdade em 2016, os 10% mais ricos do planeta detêm
atualmente 70% da riqueza mundial. Destes, 0,7% tem US$ 98,7 trilhões e a posse de mais de 65%
da riqueza mundial, maior valor já registrado na História da Humanidade. Com uma enorme soma de
capital em suas mãos, um reduzido grupo de multimilionários, donos de grandes bancos, fundos de
investimentos e monopólios espalhados pelo planeta, controla a indústria, o comércio e a agricultura.
Estudo realizado pelo Instituto Federal de Tecnologia da Suíça enfocando 43 mil empresas multinacionais
concluiu que 174 delas (na maioria bancos) controlam 40% da economia mundial. Nos Estados Unidos,
maior país capitalista do mundo, apenas cinco bancos (JP Morgan, Goldman Sachs, Citigroup, Bank of
América e WeelsFargo) têm ativos de US$ 8,5 trilhões, cerca de 56% do PIB, e 10 empresas controlam
85% dos alimentos de base negociados no mundo.
Não bastasse, desde o início da crise, governos e bancos centrais repassaram mais de US$ 30
trilhões a essa oligarquia financeira, provocando o maior endividamento público da história. Somente o
Tesouro dos EUA, segundo relatório do U.S. GovernmentAccountability Office (U.S. GAO), entregou 16
trilhões de dólares em empréstimos a juros negativos às grandes empresas e bancos do país, embora
tenha demitido milhares de funcionários públicos.
O resultado desses planos de ajuda aos bancos foi o crescimento exponencial das dívidas públicas,
dívidas dos Estados, mas pagas pelos impostos cobrados dos trabalhadores. Em 2007, a dívida pública
dos EUA era de 66,5% do PIB, e pulou para 106,5% em 2012, levando o país a viver em estado
permanente de calote. A dívida pública do Japão é superior a 200% do PIB e a da França, segundo o
próprio governo, chegará a 95,1% do PIB em 2019. Por sua vez, dados do FMI indicam que a dívida do
governo central da China soma 46% de tudo o que o país produz.
Para pagar essas dívidas, a solução dos governos capitalistas são os chamados planos de austeridade, ou
seja, jogar esse endividamento nos ombros dos trabalhadores. Por isso, medidas como redução de
salários dos funcionários públicos, cortes das verbas para a saúde e educação, privatização de empresas
públicas, eliminação de direitos trabalhistas, diminuição das aposentadorias e, consequentemente,
destruição de pequenas e médias empresas.
Ao lado do crescimento da concentração de capital, do aumento de fusões e aquisições entre as
empresasem todo o mundo, temos o aumento exponencial da especulação financeira. Segundo relatório
do Mackinsey Global Institute, em números absolutos, o estoque total de ativos financeiros – depósitos
bancários, financiamentos, títulos de dívida privada e pública, ações de companhia – atingiu US$ 225
trilhões no ano passado. Um volume 10% maior que em 2007, ano de início da crise, e o equivalente a
312% da produção global. Já o montante dos derivativos no mundo atingiu US$ 600 trilhões em 2011,
segundo números do Bank for International Serrlements (BIS).
É esta oligarquia financeira que impõe sua vontade e seus interesses em todos os países e obrigam os
governos e os bancos centrais da Europa, América Latina, África ou da Ásia, a adotarem a mesma política
de ampla proteção ao capital financeiro. Ocorre, assim, uma verdadeira fusão do Estado com o capital
financeiro.
Dessa forma, a globalização da economia nada mais é que a extensão do domínio desse pequeno e
poderoso grupo de bilionários dos países imperialistas em aliança com a grande burguesia dos demais
países, para obter super lucros.
Cada vez mais “taxas de juros mais baixas, melhor saúde e educação, e oportunidade de
influenciar estão sendo dadas não apenas aos ricos, mas também aos filhos deles.” Sem um
esforço concentrado para enfrentar a desigualdade, diz ela, a cascata de privilégios e
desvantagens vai se perpetuar por gerações. “Em breve viveremos num mundo onde a igualdade
de oportunidades não será mais que um sonho".
Essa concentração massiva de recursos nas mãos de pouquíssimas pessoas representa uma
ameaça real a sistemas políticos e econômicos inclusivos, e leva a outras desigualdades, por
exemplo entre mulheres e homens – afirma o estudo. As instituições políticas estão sendo
minadas e os governos servem predominantemente aos interesses das elites econômicas, em
detrimento das pessoas comuns. As leis são feitas para favorecer os ricos, acredita a maioria dos
entrevistados pela pesquisa da Oxfam, em seis países: Brasil, Espanha, Índia, África do Sul, Grã-
Bretanha e Estados Unidos. Na Espanha, oito em cada dez pessoas concordaram que as leis são
enviesadas de modo a favorecer os mais ricos.
PARAÍSOS FISCAIS