Cléo Martins- Chef de alimentação viva e crua, escritora e palestrante
Hoje o tema da minha palestra é microbiota intestinal. Poucas pessoas conhecem sobre esse assunto da microbiota, também conhecida como flora intestinal. De fato, nós somos mais bactérias do que células e nesse slide acima há uma ideia do número que compõe o corpo humano. Ele é composto por 300 trilhões de células e hospeda um quadrilhão de bactérias. Então, segundo os estudos apontam, nós temos muito mais bactérias do que células e há de se ter muito cuidado com a forma como lidamos com essas bactérias, pois elas são muito necessárias, apesar de que existem também as “bactérias do mal”, as quais contribuem para degradar o intestino humano.
Neste próximo slide se percebe alguns fatores que determinam essa
nossa microbiota intestinal. Por exemplo, o antibiótico é a medicina que mata a bactéria ruim mas a boa também. É como se fosse uma “bomba” que cai e destrói tudo, não sobrando nada. Então, destrói sua microbiota, a qual é tão importante porque é essa colônia de bactérias que leva os nutrientes para as nossas células. São elas que fazem esse trabalho se manter o nosso microbioma saudável (são o conjunto dos microrganismos que habitam um ecossistema, principalmente bactérias, mas também alguns protozoários, que geralmente têm funções importantes na decomposição da matéria orgânica e, portanto, na reciclagem dos nutrientes). E além do antibiótico que destrói a flora intestinal o que mais destrói são os alimentos de má qualidade. Então você pensa assim: eu sou saudável, não tomo medicamento, não tomo antibiótico há muitos anos embora eu coma produtos de origem animal de manhã, de tarde e de noite. E os animais da indústria alimentícia recebem uma dose de antibiótico muito grande e quem se alimenta de produtos de origem animal está suscetível a ingerir por tabela essa carga de antibiótico, e assim, o organismo humano se sobrecarrega desses medicamentos nocivos.
“Portanto, se alimentar de vegetais não é uma
questão de gostar ou não. É uma necessidade para manter a microbiota saudável.”
Então se você se alimenta basicamente de produtos de origem animal
sua microbiota abunda em bactérias putrefativas e a única forma de reverter isso é se adaptar e gostar das fibras oriundas dos vegetais. Entretanto, não é o vegetal que você compra dentro de um pacote, o de supermercado. A comida de verdade é encontrada nas feiras. Outro fator determinante para a saúde é a nossa idade: nascemos alcalinos e morremos ácidos. Isso porque, ao longo da vida, nossa microbiota também vai se alterando.
“Precisamos cuidar muito do nosso
intestino porque ele é considerado o segundo cérebro”
Outra coisa que é bastante importante dentro desse conceito da
microbiota intestinal é pensar que a nossa digestão começa na boca, ao se mastigar, para depois passar pelo estômago e, quando chegar lá no intestino, o alimento já está preparado para ser absorvido em seus nutrientes; e o restante é eliminado. Por isso, é fundamental que o intestino funcione diariamente porque se ele não funciona bem, como ouço relatos de pessoas que ficam 15 dias sem evacuar, cedo ou tarde a pessoa vai ter uma patologia. E fazer atividade física também auxilia no processo digestivo, já que precisamos nos movimentar, somos seres de movimento. A lógica é essa: se a pessoa não se movimenta como é que lá dentro irá se movimentar? O mesmo serve em relação à alimentação: se você não come bem como é que vai ter energia para essa movimentação? Dessa forma, é surreal que o intestino não funcione e fique absorvendo esses nutrientes através das bactérias a ponto de não conseguir fazer o descarte, o que vai acarretar na absorção também das toxinas, que deveriam ser eliminadas do organismo. Por consequência, você vai ficando cada vez mais ácido e a doença só se instala em um ambiente ácido, uma vez que em ambiente alcalino não existe doença, porque o PH estará equilibrado. Enfim, são pequenos ajustes que se precisa dar atenção. E não pode haver a desculpa de que não tem tempo para nada, para não se alimentar bem. Porque o que está em jogo é a sua vitalidade, a perda da saúde, que é, sem dúvida, o seu bem maior. Outro fator relevante diz respeito ao biotipo de uma pessoa. Se esta nasceu de parto normal, a chance de ter problemas intestinais são muito menores que uma pessoa que nasce com um parto cesárea, o qual é moda no Brasil, sendo uma “fábrica de cesáreas”. E amamentar bastante também vai garantir uma microbiota intestinal saudável.
Um exemplo de alimentação que ajuda a microbiota a se manter
saudável são os probióticos. Estes são os alimentos fermentados, gerados pelas “bactérias do bem”. Alguns probióticos são: a kombuchá é uma bebida que é ligeiramente fermentada; o Kefir, que se alimenta do açúcar, o chucrute, que é um repolho fermentado e a acelga fermentada. Eles contêm lactobacilos naturais que protegem a microbiota intestinal. Não tome os iogurtes químicos de supermercados, porque não são tão saudáveis quanto pregam, com lactobacilos forjados me laboratório. Depois tem ainda os prebióticos que estão nos vegetais, permeados por fibras que só existem no reino vegetal. E tais fibras são alimentos para as nossas bactérias. Se você conseguir colocar diariamente um alimento fermentado, desenvolvendo na sua casa mesmo, seria o ideal. Para concluir, é importante frisar os casos daquelas pessoas que já têm a flora intestinal bastante comprometida. Por exemplo, uma pessoa que teve que fazer um tratamento longo com antibiótico, ou que passou por quimioterapia. A flora intestinal delas estará muito danificada e, assim, a ajuda de um profissional é essencial: um nutrólogo ou nutricionista que vá receitar probióticos diferentes, os quais vão resgatar as bactérias boas, no intuito de habitar novamente esse intestino doente.