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SEMINÁRIO OTALGIA 1

Isabelle Marques Freire – 142 Grupo D – Otorrino

CASO CLÍNICO 1
Paciente de 18 anos, referindo otalgia intensa em orelha direita após ida à
piscina. Nega sintomas nasais ou aumento de temperatura.

1. Quais são as hipóteses diagnósticas?


As principais hipóteses diagnósticas são Otite Externa Difusa e Otite Externa
Localizada. Devido ao início da dor após ida à piscina, a hipótese mais provável é a Otite
Externa Difusa, também conhecida como “ouvido de nadador”.
2. Quais são os possíveis agentes etiológicos?
Os agentes etiológicos mais comuns são: Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus
aureus. Existem outros agentes possíveis, porém menos comuns, sendo eles: Escherichia
coli, Proteus sp e mais raramente anaeróbios como Peptostreptococcus sp e Bacteroides
sp.
3. Fale sobre os fatores predisponente da doença.
• Lesão involuntária no canal causada por limpeza com cotonetes ou outros
objetos
• Alergias
• Psoríase
• Eczema
• Dermatite seborreica
• Diminuição da acidez do canal (possivelmente devido à presença repetida de
água)
• Irritantes (spray de cabelo, tintura de cabelo...)
Além desses principais fatores predisponentes, existem outros como clima tropical,
banhos de mar e piscina (principalmente as sem tratamento), manipulação, condutos
estreitos, acúmulo de descamações e imunodeficiências.
4. Qual é a sua conduta?
A conduta ideal deve ser realizar uma otoscopia para avaliar o tipo de otite desse
paciente. Deve ser feito uma aspiração sob microscopia para retirada de secreções e
debris. Pode-se iniciar antibioticoterapia tópica (Neomicina, Polimixina b,
Ciprofloxacina, Gentamicina ou Cloranfenicol), corticoterapia tópica (Hidrocortisona),
AINEs, analgésicos e calor local seco. Pode-se também ser feito antibioticoterapia oral
(Ciprofloxacina, Cefalexina, Amoxacilina+ Clavulanato de potássio) e corticoterapia oral,
caso necessário.
Geralmente, pacientes com infecção leve são tratados com gotas otológicas
contendo vinagre e gotas contendo um corticosteroide, como a hidrocortisona ou
dexametasona, várias vezes ao dia por até 1 semana. Em casos de infecções moderadas
ou graves, também são prescritas gotas otológicas de antibióticos. Indivíduos com otite
externa aguda grave (estendendo-se além do canal auricular) podem precisar tomar
antibióticos por via oral, como cefalexina ou ciprofloxacino. Os analgésicos, como o
paracetamol ou o ibuprofeno, podem ajudar a reduzir a dor durante as primeiras 24 ou
48 horas, até a inflamação começar a abrandar.
CASO CLÍNICO 2
Paciente 77 anos, diabética mal controlada, é atendido em clínica de família
apresentando otalgia intensa à esquerda, iniciada há 7 dias. Há 2 dias começou a não
conseguir a fechar o olho esquerdo e a boca entortar para direita. Otoscopia revela
granuloma na parede do conduto auditivo externo esquerdo.

1. Qual ou quais são as principais hipóteses diagnósticas?


A principal hipótese diagnóstica é Otite Externa Necrosante (otite externa invasiva
que se transforma em uma osteomielite do conduto auditivo externo e que pode
progredir para a base do crânio).
2. Como diagnosticamos e tratamos?
O diagnóstico se inicia pela amamnese, por se tratar de uma doença que acomete
principalmente idosos, diabéticos descompensados ou imunodeprimidos. Dentre seus
sintomas, ela cursa com otalgia intensa, persistente e febre. Como a doença é
extremamente invasiva, pode gerar osteomielite do conduto auditivo externo, que pode
progredir para a base do crânio e atingir nervos, como o facial (nervo mais próximo),
levando a paralisia da face. Pode afetar também o IX (glossofaríngeo), X (vago) e XI
(acessório) e, mais raramente, o XII (hipoglosso), V (trigêmeo) e VI (abducente).
Após a coleta da anamnese, o próximo passo é realizar uma otoscopia e analisar se
há otorréia fétida e granuloma na parede do conduto auditivo externo. Outros exames
que podem ser realizados são cultura, onde se identifica a Pseudomonas Aeruginosa
(responsável por 96% dos casos), TC de osso temporal, onde observa-se áreas de
destruição óssea ou uma cintilografia com Tegnécio-99 ou Galium-67, que é útil para o
diagnóstico da osteíte. Se dosarmos o VHS, ele também se encontrará aumentado.
O tratamento pode ser feito antibióticos como Ceftazidime (1g IV 8/8 hs) +
Gentamicina (80mg IV de 8/8hs), Ciprofloxacina (400mg IV 12/12) ou (oral 1.5g/dia),
Imipenem, Ticarcilina + Clavulanato de potássio, com duração de 4 a 8 semanas IV. O
tratamento antibiótico pode ser continuado por via oral. Se não houver resposta ao
tratamento clínico, pode ser feito um debridamento cirúrgico dos tecidos desvitalizados
para remover o tecido de granulação e secreção. Além disso, o controle meticuloso do
diabetes é essencial, sendo os critérios de cura: normalização do VHS, melhora da
otalgia, cicatrização da pele e cintigrafia com Gálio-67.
3. Diferencie paralisia facial periférica da central.
A paralisia facial periférica é aquela que causada por lesão do núcleo do nervo facial
ou, mais comumente, pelo nervo facial (em seu trajeto endocraniano, antes de penetrar
no meato acústico interno), acometendo a hemiface homolateral. Para identifica-la,
deve-se solicitar que o paciente feche os olhos e sorria, devendo haver
comprometimento de toda a hemiface acometida (desvio da comissura labial para o
lado sadio).
A paralisia facial central, por sua vez, é decorrente de lesão acima do núcleo do nervo
facial, localizado na ponte e atinge o nervo facial em seu trajeto endocraniano, antes da
sua penetração no meato acústico interno. Ela gera uma paralisia da extremidade
inferior da face contralateral à lesão, pois o núcleo do nervo facial que inerva a hemiface
inferior recebe fibras do hemisfério contralateral, enquanto que o núcleo do facial que
inerva a extremidade superior da face recebe fibras dos dois hemisférios cerebrais, não
sendo observada paralisia da hemiface superior em lesões do trato corticonuclear. Para
identifica-la, deve-se solicitar que o paciente feche os olhos e sorria, devendo haver
comprometimento apenas da porção inferior da face (poupa o andar superior pela dupla
inervação que a área possui).
4. Cite as principais causas de paralisia facial periférica.
A apresentação mais comum da paralisia facial periférica é a idiopática ou Paralisia
de Bell (primária), que ocorre em 60-80% dos casos e é diagnosticada após a exclusão
de todas as etiologias possíveis. Causas secundárias de PFP são:
• Doenças metabólicas como DM
• Doenças cerebrovasculares
• Doenças infecciosas como herpes simples, varicela zoster (Síndrome de Ramsay-
Hunt), parotidite infecciosa, doença de Lyme, meningite tuberculosa, sífilis
• Tumores como neurinoma do acústico, tumores da Parótida e linfomas
• Traumatismo (TCE)
• Lesão cirúrgica (excisão de tumor do ângulo ponto-cerebelar)
• Doença Imunológica (LES, sarcoidose, síndrome de Guillain-Barré)
• Medicamentosa (Linezolid)

CASO CLÍNICO 3
Paciente de 57 anos refere prurido em ambos ouvidos há longa data. Relata ter
oleosidade e coceira frequente no couro cabeludo.

1. Quais são suas hipóteses diagnósticas?


Existem 2 prinipais hipóteses para o caso desse paciente:
• Otite Externa Eczematosa à suas caracteríristicas são: evolução crônica com
prurido, otorreia não purulenta, plenitude auricular episódica, pele do conduto
brilhante, hiperemiada, com acúmulo de descamações
o Cursa com otalgia quando há infecção bacteriana associada
o Tem relação com dermatite atópica, seborreica e psoríase
• Otite Externa Fúngica à suas características são: presença de prurido intenso e
plenitude auricular
o Cursa com otalgia quando há infecção bacteriana associada (Aspergillus
sp. e Candida albicans)
2. Qual seria sua conduta para estas hipóteses?
• Se for um caso de Otite Externa Eczematosa à corticóide tópico e soluções
acidificantes
• Se for um caso de Otite Externa Fúngica à remoção completa das colônias e
debris e uso de soluções acidificantes (ácido acético ou bórico a 2% + álcool 70%)
e fungicidas (ciclopirox)
3. Pesquise causas de pericondrite da orelha.
A pericondrite da orelha é uma infecção do tecido que recobre a cartilagem da parte
externa do ouvido chamada aurícula (pavilhão auricular). Ela pode ocorrer por um
processo inflamatório difuso, mas não infeccioso. As principais causas são: trauma,
picadas de insetos, perfurações na orelha através da cartilagem, condições inflamatórias
sistêmicas (vasculites) e incisão das infecções superficiais do pavilhão auricular
4. Fale de causas de otalgia que apresentam o exame otoscópico normal.
• Etiologia orofaríngea (tonsilite ou abscesso periamigdaliano)
• Otalgia decorrente de neuralgia à manifestações de dor intensa aguda breves
(episódios < 2 min)
• Disfunções na ATM à dor crônica sem anormalidades no exame físico
• Distúrbios em áreas inervadas por nervos cranianos (V, IX, X) à responsáveis
pela sensibilidade da orelha externa e média, gerando uma dor referida no
ouvido
• Distúrbios em áreas específicas (nariz, seios paranasais, nasofaringe, dentes,
gengiva, ATM, mandíbula, parótidas, língua, tonsilas palatinas, faringe, laringe,
traqueia e esôfago) à dor por aumento da pressão na orelha média
• Causas neoplásicas

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