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A PREGAÇÃO DE JOÃO BATISTA (Mateus 3, 1-10)

Naqueles dias apareceu João Batista, pregando no deserto da


Judéia, e dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino
dos céus.

Porque este é o referido por intermédio do profeta Isaías: Voz


que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas.

Usava João vestes de pelos de camelo, e um cinto de couro; a


sua alimentação era gafanhotos e mel silvestre. Então saíam a
ter com ele Jerusalém, toda a Judéia e toda a circunvizinhança
do Jordão; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando
os seus pecados.

Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao


batismo disse-lhes: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir
da ira vindoura?

Produzi, pois, fruto digno do arrependimento; e não comeceis a


dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu
vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a
Abraão.

Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois,


que não produz bom fruto, é cortada e lançada ao fogo.

"O Senhor chamou-me, quando eu ainda estava no


seio da minha mãe" (Is 49, 1).

Celebramos hoje o nascimento de São João


Baptista. As palavras do profeta Isaías aplicam-se
bem a esta grande figura bíblica que se situa entre
o Antigo e o Novo Testamento. Na longa esteira
dos profetas e dos justos de Israel João, o
"Baptista", foi colocado pela Providência
imediatamente antes do Messias, para lhe aplanar
o caminho com a pregação e o testemunho da
vida.
Entre todos os Santos e Santas, João é o único do
qual a Liturgia celebra o nascimento. Ouvimos na
primeira Leitura que o Senhor chamou o seu Servo
"que estava no seio materno". Esta afirmação
refere-se na sua plenitude a Cristo mas, quase por
reflexo, pode-se aplicar também ao Precursor.
Ambos vem à luz graças a uma intervenção
especial de Deus: o primeiro nasce da Virgem, o
segundo de uma mulher idosa e estéril. Desde o
seio materno João prenuncia Aquele que revelará
ao mundo a iniciativa de amor de Deus.

2. "Chamaste-me quando eu ainda estava no seio


da minha mãe" (Salmo resp.). Hoje, podemos fazer
nossa esta exclamação do Salmista. Deus
conheceu-nos e amou-nos ainda antes que os
nossos olhos pudessem contemplar as maravilhas
da criação. Mas ainda antes, ele possui um nome
divino: o nome com que Deus Pai o conhece e o
ama desde sempre e para sempre. É assim para
todos, sem excluir ninguém. Nenhum homem é
anónimo para Deus!

Aos seus olhos, todos tem o mesmo valor: todos


diferentes, mas todos iguais, todos chamados a
serem filhos no Filho.

"O seu nome é João" (Lc 1, 63). Zacarias confirma


aos parentes admirados o nome do filho,
escrevendo-o numa tábua. O próprio Deus, através
do seu anjo, indicara aquele nome, que em
hebraico significa "Deus é favorável". Deus é
favorável ao homem: quer a sua vida, a sua
salvação. Deus é favorável ao seu povo: quer
fazer dele uma bênção para todas as nações da
terra. Deus é favorável à humanidade: guia o seu
caminho rumo à terra onde reinam paz e justiça.
Tudo isto está inscrito naquele nome: João!

Caríssimos Irmãos e Irmãs! João Baptista era o


mensageiro, o precursor:

São João Baptista é, antes de mais nada, modelo


de fé. Na esteira do grande profeta Elias, para
ouvir melhor a Palavra do único Senhor da sua
vida, ele deixa tudo e retira-se para o deserto, de
onde fará ressoar o convite a aplanar os caminhos
do Senhor (cf. Mt 3, 3 ss.).

É modelo de humildade, porque responde a todos


os que veem nele não só um Profeta, mas até o
Messias: "Eu não sou Quem julgais; mas vem,
depois de mim, Alguém cujas sandálias nao sou
digno de desatar" (Act 13, 25).

É modelo de coerência e de coragem quando


defende a verdade, pela qual está disposto a pagar
pessoalmente, com a prisão e a morte.

Na escola de Cristo, seguindo os passos de São


João Baptista, dos Santos e dos Mártires desta
Terra, tende também vós, caríssimos Irmãos e
Irmãs, a coragem de pur sempre em primeiro lugar
os valores espirituais.

ANGELUS
Domingo, 24 de Junho de 2007Solenidade da
Natividade de São João Baptista

Queridos irmãos e irmãs!


Hoje, 24 de Junho, a liturgia convida-nos a celebrar
a solenidade do Nascimento de São João Baptista,
cuja vida está toda orientada para Cristo, como a
da mãe d'Ele, Maria. João Baptista foi o precursor,
a "voz" enviada para anunciar o Verbo encarnado.
Por isso, comemorar o seu nascimento significa na
realidade celebrar Cristo, cumprimento das
promessas de todos os profetas, dos quais o
Baptista foi o maior, chamado para "preparar o
caminho" diante do Messias (cf. Mt 11, 9-10).

Todos os Evangelhos iniciam a narração da vida


pública de Jesus com a narração do seu baptismo
no rio Jordão por obra de João. São Lucas situa a
entrada em cena do Baptista com uma moldura
histórica solene. Também o meu livro Jesus de
Nazaré se inspira no baptismo de Jesus no Jordão,
acontecimento que teve grande ressonância no
seu tempo. De Jerusalém e de todas as partes da
Judeia o povo acorria para ouvir João Baptista e
fazer-se baptizar por ele no rio, confessando os
próprios pecados (cf. Mc 1, 5). A fama do profeta
baptizador cresceu a tal ponto que muitos
perguntavam se era ele o Messias. Mas ele ressalta
o evangelista negou-o decididamente: "Eu não sou
o Messias" (Jo 1, 20). Contudo, ele permanece a
primeira "testemunha" de Jesus, tendo recebido a
indicação do Céu: "Aquele sobre Quem vires o
Espírito descer e permanecer é que baptiza no
Espírito Santo" (Jo 1, 33). Isto acontece
precisamente quando Jesus, tendo recebido o
baptismo, saiu da água: João viu descer sobre Ele o
Espírito como uma pomba. Foi então que
"conheceu" a plena realidade de Jesus de Nazaré, e
começou a dá-lo a "conhecer a Israel" (Jo 1, 31),
indicando-o como Filho de Deus e redentor do
homem: "Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado
do mundo" (Jo 1, 29).

De profeta autêntico, João deu testemunho da


verdade sem condescendências. Denunciou as
transgressões dos mandamentos de Deus, também
quando os protagonistas eram os poderosos.

Assim, quando acusou de adultério Herodes e


Herodíades, pagou com a vida, selando com o
martírio o seu serviço a Cristo, que é a Verdade em
pessoa. Invoquemos a sua intercessão, juntamente
com a de Maria Santíssima, para que também nos
nossos dias a Igreja saiba manter-se sempre fiel a
Cristo e testemunhar com coragem a sua verdade
e o seu amor a todos.

Angelus 2006

Ontem a liturgia fez-nos celebrar a Natividade de


São João Baptista, o único Santo do qual se
comemora o nascimento, porque marcou o início
do cumprimento das promessas divinas: João é
aquele "profeta", identificado com Elias, que
estava destinado a preceder imediatamente o
Messias para preparar o povo de Israel para a sua
vinda (cf. Mt 11, 14; 17, 10-13). A sua festa
recorda-nos que a nossa vida é inteira e sempre
"relativa" a Cristo e realiza-se acolhendo-O, que é
Palavra, Luz e Esposo, do qual nós somos vozes,
lâmpadas e amigos (cf. Jo 1, 1-13; 1, 7-8; 3, 29).
"Ele é que deve crescer, e eu diminuir" (Jo 3, 30):
esta expressão do Baptista é programática para
cada cristão.

A pregaçao de Sao joao Batista pode ser assim


resumida:
1. Antes de falar de Deus, São João fala com Deus.
Foram muitos anos de intimidade com o mistério
divino, desde que deixou sua casa para morar no
deserto;
2. Sua pregaçao era cheia de convicção: O Senhor
me escolheu desde o ventre materno. Sou a voz
que clama no deserto.
3. Sua pregacão era persuasiva. Ele sabia o que
dizer (Conteúdo), e como dizer (Forma)! Nao
pregava o que queria, mas aquilo que Deus lhe
confiou. Por isso sua pregaçao dava tantos frutos.
4. Sua pregação era coerente. Ele vivia o que
pregava e pregava o que vivia.
5. Sua pregaçao era humilde. Ele sabia que estava
preparando os caminhos do Senhor. Apontava
sempre para o Messias e nunca para si mesmo.
6. Sua pregação era atraente. Ele chamava a
atenção das pessoas. Ele nao ia pregar no templo
ou na sinagoga, mas as multidoes vinham até ele
no deserto.
7. Sua pregação tinha autoridade sobre as
pessoas. Antes de pedir as pessoas que fizessem
qualquer coisa, ele dava o exemplo. Vivendo a
humildade, ele pedia a humildade ao povo e era
atendido.
8. Sua pregaçao era enérgica. A mensagem de
Deus não é brincadeira. Nao posso ficar em cima
do muro. Se Deus me interpela devo responder
imediatamente. João pregava a conversão, ou seja,
a mudança total da vida, aqui e agora.
9. Sua pregação era corajosa. Não pensou duas
vezes em denunciar o adultério do rei, que mais
tarde lhe custou a vida.
10. Sua pregaçao era centrada no Reino de Deus.
O Reino está próximo. Jesus é o Reino, e a terra
fica mais parecida com o céu quando todos se
parecem com Jesus.

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